15 novembro 2023

A VIDA PROFISSIONAL DE PAULO E SUA VOCAÇÃO MINISTERIAL

(Comentário do 1° tópico da Lição 08: Missionários fazedores de tendas).

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos a respeito da vida profissional e a vocação ministerial do apóstolo Paulo. Falaremos da profissão exercida por Paulo, que era fazedor de tendas. Ao conhecer o casal Priscilla e Áquila, que eram do mesmo ofício, Paulo passou a morar e trabalhar com eles. Depois veremos como ele conciliava a sua profissão com a vida ministerial de missionário transcultural. Por último, falaremos sobre a ética financeira na atividade missionária de Paulo. Embora reconhecesse que o obreiro é digno do seu salário, Paulo não exigia isso das Igrejas para si mesmo, para não sobrecarregá-las. 


1. A profissão do apóstolo Paulo. Saulo era um israelita nascido fora do território de Israel. Ele nasceu na cidade de Tarso, capital da província romana da Cilícia. Os seus pais, provavelmente eram ricos e influentes, pois Paulo era muito culto e foi enviado para Jerusalém para estudar profundamente a lei mosaica. Somente pessoas ricas naquela época poderiam formar os seus filhos. O título de cidadão romano também indica que se tratava de uma família influente. 


O seu nome Saulo é uma variação hebraica do nome de Saul, primeiro rei de Israel. Saulo era descendente da tribo de Benjamim, a mesma de Saul. Paulo era o seu nome romano. O seu nome não foi mudado como muitos imaginam. Após a conversão, ele usava o nome Paulo, provavelmente para se desvincular do seu passado de perseguidor da Igreja, ou porque era conhecido por este nome, fora de Israel. 


Saulo estudou com o rabino Gamaliel, aprofundou-se na teologia judaica e tornou-se fariseu. Os fariseus eram um partido religioso de Israel, que se notabilizavam pela observância rigorosa da Lei, não apenas da lei escrita, mas, também da tradição oral dos anciãos de Israel. Eram extremamente rigorosos quanto ao dízimo, a guarda do sábado e a separação dos gentios. 


Saulo aprendeu desde a juventude o ofício de “fazedor de tendas”. Esta expressão era usada também para se referir aos profissionais que trabalhavam com couro. Estas tendas eram usadas nos alojamentos dos soldados romanos. Como havia muitos soldados em todo o Império Romano e muitos viajantes, certamente era uma profissão rentável. Era suficiente para garantir o sustento daqueles que trabalhavam nesse ofício, em qualquer lugar onde chegassem.


2. Como o apóstolo Paulo conjugava vida profissional e ministerial? Os rabinos fariseus, conforme diz o comentarista, não recebiam ofertas pelo trabalho que realizavam nas sinagogas. Sendo assim, precisam ter uma profissão para bancar o próprio sustento. O trabalho deles nas sinagogas se restringia aos sábados, quando ninguém podia trabalhar. Portanto, podiam perfeitamente exercerem as profissões que quisessem. 


É preciso tomar cuidado para não querer aplicar esta tradição judaica aos dias atuais, para tentar desmerecer os obreiros que recebem salário da Igreja, como algumas pessoas fazem na atualidade. Precisamos lembrar que os rabinos não recebiam por seus trabalhos nas sinagogas, mas eles ensinavam nas sinagogas apenas aos sábados, ou seja uma vez por semana. 


Paulo era um profissional que trabalhava para se manter e procurava não sobrecarregar as Igrejas. Entretanto, ele deixou muito claro que o obreiro é digno do seu salário (1 Tm 5.18). Além disso, Paulo era sozinho e podia perfeitamente viver assim. Ele tinha uma profissão que poderia conciliar com a atividade missionária e não tinha família para sustentar. 


Esta profissão de Paulo e do casal Priscilla e Áquila foi muito importante para o trabalho missionário. Como profissionais liberais, eles podiam viver em qualquer lugar e tinham contato com muitas pessoas, com as quais poderiam compartilhar a mensagem do Evangelho.


Atualmente também, profissionais como cabeleireiros, manicures, taxistas, vendedores, etc. tem grandes oportunidades de anunciar o Evangelho. O meu pai, por exemplo, é cabeleireiro há cerca de 60 anos, sendo 45 deles como evangélico. Ao longo destes anos, muitas pessoas já foram evangelizadas e muitos já se converteram. 


3. A ética financeira na atividade missionária de Paulo. Desde os tempos do Antigo Testamento, os ministros do tabernáculo e do templo que se dedicavam exclusivamente a esse serviço, eram remunerados pelo trabalho que faziam para Deus. O apóstolo Paulo, que era um profundo conhecedor da Lei Mosaica, incorporou ao Cristianismo esta prática. 


Mesmo quando ele abria mão de receber ofertas, ele deixava claro que aquilo era um “direito” daqueles que trabalham integralmente na obra do Senhor: “Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito que de vós recolhamos as carnais? Se outros participam deste poder sobre vós, por que não, e mais justamente, nós? Mas nós não usamos deste direito; antes suportamos tudo, para não pormos impedimento algum ao evangelho de Cristo.” (1 Co 9.11,12).


Posteriormente, como disse o comentarista, ele reconheceu que não havia ensinado adequadamente aos novos convertidos, sobre a necessidade de sustentar a obra  (2 Co 12.13; Gl 6.6). Infelizmente, muitos plantadores de Igrejas também cometem este erro no início do trabalho, preocupados em não afastar as pessoas do Evangelho. Isso acaba gerando problemas futuros para os seus sucessores. A obra de Deus necessita de contribuições para se manter e não há nada de errado em ensinar os novos crentes a contribuírem. Ao contrário, o erro é não ensinar, pois eles serão privados das bênçãos prometidas por Deus aos que contribuem.


REFERÊNCIAS: 


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 74-84. 

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.40. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1526,1690.

13 novembro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 08: MISSIONÁRIOS FAZEDORES DE TENDAS

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada estudamos sobre a responsabilidade da Igreja local para com os missionários enviados. Vimos que a Igreja que envia o missionário deve ter um sistema de apoio ao missionário, que o assista em todos os aspectos: financeiro, emocional,  físico, legal, espiritual, teológico e familiar. Este apoio não deve se restringir ao período em que ele está no campo, mas deve contemplar também o retorno à sua pátria e a sua vida na velhice. 


No primeiro tópico, falamos do sistema de apoio da Igreja aos missionários. Falamos da responsabilidade da Igreja para com os missionários que ela envia. Depois, falamos sobre o sistema de apoio e a obra de fé. Por último, falamos sobre o objetivo de missões, que é fazer com que o Evangelho de Cristo seja proclamado a todos os povos e o Seu Nome seja glorificado. 


No segundo tópico, falamos do cuidado integral para com os missionários. Este cuidado deve abranger todos os aspectos da vida do missionário: espiritual, emocional, física e social. Na sequência, falamos da agenda em relação à volta do missionário. A Igreja deve se preocupar com férias, tratamento de saúde, visitas ao país de origem e aos familiares, bem como proporcionar períodos de lazer e descanso. 


No terceiro tópico, vimos algumas maneiras práticas de se comprometer com os missionários. A primeira delas é tomar parte nas necessidades do missionário, mantendo a comunicação com o campo missionário. A segunda maneira de comprometimento é doar para suprir as necessidades. Não basta saber o que o missionário precisa. É preciso agir e levantar recursos para socorrê-lo. A terceira forma de se comprometer com o missionário é orar e jejuar pela causa missionária. A oração e o jejum são dois elementos indispensáveis para a vitória na batalha espiritual. 


LIÇÃO 8: MISSIONÁRIOS FAZEDORES DE TENDAS


Na lição desta semana falaremos a respeito de outro tipo de missionário, que são os “fazedores de tendas”. A lição traz os exemplos do apóstolo Paulo e do casal de missionários, Priscila e Áquila, que trabalhavam no mesmo ofício de construir tendas. Todo menino judeu aprendia desde cedo uma profissão, para obter o seu sustento. Na maioria dos casos, era o mesmo ofício do pai. Jesus, por exemplo, era carpinteiro, assim como José, o seu pai terreno. 


A proposta desta lição é apresentar a profissão de alguns cristãos, como estratégias missionárias para entrar em alguns países, nos quais, um missionário enviado pela Igreja exclusivamente para pregar o Evangelho, jamais entraria. Existem países que são extremamente hostis ao Cristianismo e não permitem o proselitismo religioso. Entretanto, aceitam engenheiros, arquitetos, médicos, enfermeiros, pedreiros, marceneiros, professores e outros profissionais vindos de outros países. 


Antigamente, a ideia de fazer missões estava relacionada ao abandono da vida profissional, para se dedicar exclusivamente à obra missionária. Este conceito, no entanto, vem mudando de uns anos para cá. Hoje em dia, entende-se que é perfeitamente possível, e até recomendável em muitos casos, que haja uma conciliação entre a vida profissional e a vocação ministerial. 


No primeiro tópico, falaremos a respeito da vida profissional e a vocação ministerial do apóstolo Paulo. Falaremos da profissão exercida por Paulo, que era fazedor de tendas. Ao conhecer o casal Priscilla e Áquila, que eram do mesmo ofício, Paulo passou a morar e trabalhar com eles. Depois veremos como ele conciliava a sua profissão com a vida ministerial de missionário transcultural. Por último, falaremos sobre a ética financeira na atividade missionária de Paulo. Embora reconhecesse que o obreiro é digno do seu salário, Paulo não exigia isso das Igrejas para si mesmo, para não sobrecarregá-las. 


No segundo tópico, falaremos sobre os missionários fazedores de tendas. Traremos o significado do uso da expressão “fazedores de tendas” no contexto da obra missionária. Depois falaremos da força missionária no mundo, através dos cristãos que transitam livremente em vários países, usando as suas profissões. Por último, falaremos do preparo dos fazedores de tendas. O fato de não serem missionários que se dedicam exclusivamente à missionária, não exclui a necessidade de se prepararem para fazer missões transculturais.

 

No terceiro tópico, falaremos sobre a relação entre vocação, profissão e missões. Veremos que Deus é quem chama e capacita os missionários para as suas respectivas missões. Depois veremos que cada cristão deve se dispor a exercer a vocação para a qual foi chamado pelo Senhor. Por último veremos que a nossa profissão pode ser o nosso campo missionário. 


REFERÊNCIAS: 

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 74-84. 

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.40. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1526,1690.


10 novembro 2023

MANEIRAS PRÁTICAS DE SE COMPROMETER COM OS MISSIONÁRIOS

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: A responsabilidade da Igreja com os missionários).

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, mostraremos três maneiras práticas de se comprometer com os missionários: 

A primeira delas é tomar parte nas necessidades do missionário. Cabe à Igreja local manter contato regular com o campo missionário, para saber dos problemas que o missionário está atravessando e buscar soluções. 

A segunda maneira de comprometimento é doar para suprir as necessidades. Não basta saber o que o missionário precisa. É preciso agir e levantar recursos para socorrê-lo. 

A terceira forma de se comprometer com o missionário é orar e jejuar pela causa missionária. Aquilo que não podemos fazer com as nossas próprias forças e recursos, devemos colocar diante de Deus em oração e Ele entrará com providências. 

1- Comunicar as necessidades. Tem uma frase antiga muito conhecida, que era um jargão do ex-apresentador de televisão Abelardo Barbosa, o famoso Chacrinha, que diz: “Quem não se comunica, se estrumbica”. A palavra “estrumbica” não aparece no dicionário. O que aparece em alguns dicionários informais é “trumbica”, um regionalismo brasileiro, que tem o sentido de “não se dar bem; ser mal-sucedido no que se propõe fazer; malograr, fracassar”. O que o apresentador queria transmitir era a importância da comunicação. 

Em todas as áreas da nossa vida, a comunicação é fundamental. A palavra comunicar tem origem no latim “communicare” e significa tornar algo comum a alguém. Comunicar-se com outras pessoas é uma atividade essencial para o ser humano. Os bebês quando nascem, não falam, mas se comunicam com a sua mãe através do choro. Quando vão crescendo, aprendem os primeiros gestos e palavras, para expressarem as suas necessidades. Os mudos não falam, mas aprendem a linguagem dos sinais para se comunicar com as outras pessoas. 

Nas relações familiares, na escola, no trabalho e nas mais diversas relações sociais, o ser humano precisa se comunicar para sobreviver. Na obra missionária não poderia ser diferente. É de suma importância manter a comunicação entre o campo missionário e a Igreja local, à qual o missionário está vinculado. A Igreja precisa ser comunicada sobre o andamento da obra missionária, as atividades e as necessidades do missionário. Esta comunicação serve para motivar os membros a contribuírem com a missão. Serve também para que o missionário não se sinta abandonado. 

O comentarista colocou aqui o texto de Romanos 12.13, para falar de comunicação com os santos. Entretanto, este é um entendimento antigo, que distorce o sentido original deste versículo. Embora seja indispensável a comunicação entre os santos, este texto não fala de comunicação, no sentido de contar aos outros as nossas necessidades. O sentido de comunicar nesse texto é ajudar ao próximo nas necessidades deles, como está na Nova Almeida Atualizada: “Ajudem a suprir as necessidades dos santos.” Neste sentido, a Igreja deve comunicar as necessidades do missionário no sentido de tomar parte nelas e supri-las, como veremos a seguir. 

2- Doar para suprir necessidades. Conforme vimos no tópico anterior, o trabalho do missionário no campo é árduo e ele acaba se esgotando. Cabe à Igreja local ter o cuidado integral com o missionário e sua família. Por meio da comunicação, a Igreja local toma conhecimento das dificuldades e necessidades que o missionário enfrenta no campo. A partir daí, deve se mobilizar para arrecadar recursos e enviar ao campo. 

Segundo a ONG Stewardship, uma instituição que dá apoio a cerca de 3 mil missionários, cerca de 99% dos cristãos que estão em projetos missionários ao redor do mundo, não têm o básico para se manter e vivem abaixo do custo de vida recomendado. Outros têm apenas o suficiente para sobreviver, mas quando aparecem despesas maiores como aumento dos aluguéis, manutenção do carro, ou gastos com doenças onde não há sistema de saúde estatal, não recebem nenhum valor adicional por parte da Igreja que os enviou. Muitos deles não pedem ajuda porque entendem que isso seria “falta de fé na provisão de Deus”. 

Diante deste quadro a Igreja deve se mobilizar para se inteirar das necessidades não apenas do trabalho missionário, mas também da vida pessoal e familiar dos seus missionários e providenciar o suficiente para que eles tenham uma vida digna, pois “Digno é o obreiro do seu salário.” (1 Tm 5.18). Se nós temos queremos ter uma casa confortável que antena as necessidades da nossa família, um carro para o nosso transporte, uma boa alimentação, viagens e férias para lazer e descanso, previdência social, roupas e calçados adequados, etc., é justo que a Igreja também proporcione isso aos seus missionários que abriram mão da sua vida profissional para trabalhar exclusivamente na obra missionária. 

3- Orar e jejuar pela causa. No primeiro tópico da lição passada falamos exclusivamente sobre a necessidade da oração intercessória em prol da obra missionária. Apresentamos, inclusive, as finalidades dessa oração: pelos missionários, para que tenha ousadia na pregação e por sua proteção; pelos ouvintes, para que abram o coração ao Evangelho; e pela Igreja local, para que haja um despertamento para missões. 

Neste subtópico, o comentarista acrescenta à oração, a prática do jejum pela obra missionária. O Jejum e a oração são atos de disciplina, autonegação e humilhação, que demonstram total dependência de Deus. Estas duas práticas servem para quebrantar o nosso coração e submeter-nos a Cristo. É dele que vem a nossa vitória. Jejum e oração sem arrependimento, fé e submissão a Deus não passam de religiosidade vazia.

Na Bíblia o jejum sempre aparece junto com a oração.  Quando o profeta Samuel iniciou o seu ministério como profeta, sacerdote e juiz de Israel, a Arca da Aliança havia sido levada pelos filisteus para a sua terra, durante a guerra e a colocaram no templo do seu deus Dagom. (1 Sm 5.2). No dia seguinte, a estátua de Dagom estava caída e prostrada diante da Arca. Eles insistiram e colocaram novamente a estátua em seu lugar. No dia seguinte, a cabeça e as mãos de Dagom estavam cortadas. Aqui, o jejum veio acompanhado de arrependimento e oração.

Nos dias do rei Josafá, os moabitas, os amonitas e os habitantes da montanha de Seir, se levantaram contra Judá. Quando avisaram a Josafá desta emboscada contra ele e o seu povo, Josafá apregoou um jejum para todo o povo de Judá e orou ao Senhor. (2 Cr 20.1-13). O Espírito de Deus, então, tomou o profeta Jaaziel, filho de Zacarias e falou a Josafá e a todo o povo que não temessem, pois, naquela peleja eles não precisariam pelejar, pois a peleja era de Deus. (2 Cr 20.14-17).

O jejum, acompanhado da oração são dois aliados fortes para se obter sucesso na vida espiritual. A oração e o jejum são dois elementos indispensáveis para a vitória na batalha espiritual. São armas poderosas na batalha contra as forças do mal. Em Mateus 17.21, Jesus disse: “Esta casta de demônios não se expulsa senão pela oração e pelo jejum.” (Mt 17.21).

REFERÊNCIAS:

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 66-75
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO.
Ed. 95, p.39. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.
GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 173-179.

09 novembro 2023

O CUIDADO INTEGRAL DOS MISSIONÁRIOS

(Comentário do 2º tópico da Lição 07: A responsabilidade da Igreja com os missionários).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos do cuidado integral para com os missionários. É responsabilidade da Igreja local não apenas enviar o missionário e sustentá-lo financeiramente. Este cuidado deve abranger todos os aspectos da vida do missionário: espiritual, emocional, físico, familiar e financeiro. Na sequência, falaremos da agenda da Igreja em relação à volta do missionário. A Igreja deve se preocupar com férias, tratamento de saúde, visitas ao país de origem e aos familiares, proporcionar períodos de lazer e descanso e cuidar da aposentadoria do missionário. 

1- O cuidado integral. Conforme vimos no tópico anterior, a igreja local precisa ter um sistema de apoio organizado, para que o missionário possa desempenhar a sua missão. Não restam dúvidas, portanto, de que a igreja deve cuidar dos missionários que ela envia ao campo. Entretanto, este cuidado vai muito além da ajuda financeira. O próprio Jesus disse que "nem só de pão viverá o homem…". 


O missionário não é um anjo ou ser extraterrestre, que  não se cansa. Tanto o missionário como a sua família são seres humanos mortais, falhos, limitados e com sentimentos. No campo missionário, eles sentem tristeza, solidão, adoecem e se cansam física e emocionalmente. Além disso, enfrentam grandes batalhas espirituais e necessitam de oração, de uma palavra pastoral e de companheiros que o ajudem no trabalho. 


Por isso, é muito importante que o sistema de apoio da igreja local acompanhe atentamente as dificuldades do campo missionário, para que possa providenciar este cuidado integral ao missionário e à sua família. A igreja local deve enviar periodicamente, outros obreiros para fazer visitas ao campo missionário, observando atentamente a situação física, emocional e espiritual do missionário. 


2- Uma agenda quanto à volta do missionário. O trabalho missionário é árduo e esgota o missionário física, emocional e espiritualmente. Portanto, assim como acontece em outros trabalhos, é muito importante que o missionário tenha férias anuais. Estas férias não devem ser usadas para sair pregando pelas Igrejas, pois nesse caso, ele estaria se esgotando mais ainda. O missionário deve desfrutar de férias com a sua família, para descanso e lazer, pois o nosso corpo e a nossa alma necessitam de descanso e descontração.


Infelizmente, muitos crentes lêem o texto de Miquéias 2.10 fora de contexto e dizem que "o nosso descanso não é aqui". Ora, o descanso, o lazer e o trabalho fazem parte desta vida. Um não pode sobrepujar os outros, senão haverá esgotamento. Se não houver trabalho, não haverá recursos para nos mantermos. Mas se não houver lazer e descanso, haverá esgotamento, adoecimento e até morte prematura. O ser humano é uma tricotomia, ou seja, é formado de espírito, alma e corpo. Não podemos viver neste mundo, cuidando apenas do espírito e abandonar os outros dois. 


Outra coisa muito importante que a Igreja deve se preocupar em relação ao missionário e sua família é o retorno à sua pátria, em caráter definitivo, seja por problemas de saúde ou por aposentadoria e jubilação. Há pessoas que espiritualizam tudo e pensam que um missionário não pode se aposentar e deve permanecer na atividade missionária até os dias da sua vida. Mas não é bem assim. Conforme já falamos, o trabalho missionário é muito árduo e exige muito do obreiro. Portanto, um missionário idoso ou com problemas de saúde não tem condições de continuar no campo missionário. Deve retornar à Igreja local e contribuir de outra forma, usando a sua experiência, para treinar outros missionários mais jovens. 


REFERÊNCIAS: 

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 51-63.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.39. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.274-75.


MURMURAÇÃO: UM PECADO QUE NOS IMPEDE DE ENTRAR NA CANAÃ CELESTIAL

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: O perigo da murmuração) Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos que a murmuração também nos impe...