17 julho 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 04: QUANDO A CRIATURA VALE MAIS QUE O CRIADOR

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada vimos  os perigos do ensino progressista à fé cristã bíblica. Fazem parte do ensino progressista: o liberalismo teológico, o teísmo aberto, a teologia da libertação, a teologia feminista, a teologia negra, a teologia queer e muitas outras teologias nefastas que contrariam frontalmente as Escrituras.


No primeiro tópico, falamos sobre a descaracterização do Cristianismo. Vimos três pontos do progressismo que descaracterizam o verdadeiro Cristianismo: a deterioração moral, a erosão da ortodoxia e a corrupção da fé.


No segundo tópico, falamos das teorias progressistas. O comentarista se deteve em apenas três delas, que estão relacionadas ao campo da teologia: a desconstrução da Bíblia, o Teísmo aberto e a Teologia da desmitologização. 


No terceiro tópico, vimos como  refutar o ensino progressista. O comentarista nos apresentou três formas principais de se refutar o progressismo: reafirmando a autoridade bíblica, ensinando as doutrinas bíblicas e enfatizando a santificação. 


Lição 04: Quando a Criatura vale mais que o Criador 


Nesta lição falaremos sobre a supervalorização da criação e desvalorização do Criador. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos disse: “Pois mudaram a verdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém!” (Rm 1.25). A autoexaltação, a autoidolatria, o coração perverso e a escolha pelos prazeres carnais têm colocado a raça humana em inimizade contra Deus. Em muitos casos, até mesmo o ser humano tem sido desvalorizado, em detrimento dos animais, plantas e outras coisas criadas. 


No primeiro tópico, falaremos sobre o desprezo à verdade. Inicialmente, falaremos sobre os termos impiedade e injustiça, usados por Paulo em Romanos 1.18. Estas duas palavras se referem à situação da humanidade sem Deus. Na sequência, falaremos sobre a insensatez humana, que mesmo tendo perfeitas condições de conhecer a Deus através das coisas criadas, não glorificam a Deus. Por último falaremos do culto à criatura. Mesmo conhecendo a Deus, desprezam os fatos e a realidade, preferindo acreditar em narrativas e praticando a idolatria e a perversão moral.


No segundo tópico, falaremos sobre a revolução do pensamento e discorreremos sobre os quatro períodos desta revolução. Primeiro falaremos do Renascentismo, que foi um movimento cultural, intelectual e artístico que surgiu na Itália, entre os séculos XIV e XVII. Depois, falaremos do Humanismo, que é qualquer filosofia ou sistema de pensamento que parte do homem para buscar um significado para a vida. Falaremos também do Iluminismo, que foi um movimento intelectual e filosófico do século XVIII que enfatizava a razão e defendia a separação entre Igreja e estado. Por último, falaremos do pós-modernismo, que é um movimento que teve início após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), no fim do chamado período modernista e permanece até os dias atuais.


No terceiro tópico, abordaremos os tipos de autoidolatria, que se caracteriza pela admiração excessiva da própria imagem, chamada de "Narcisismo"; pelos ídolos do coração, onde a pessoa prioriza a reputação pessoal, o prazer, superstições e apego excessivo aos bens materiais; e pela idolatria sexual, que ocorre quando a pessoa é dominada pelos instintos sexuais pervertidos.


REFERÊNCIAS:

BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição do Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.15.

RENOVATO, Elinaldo. Colossenses. Série Comentário Bíblico. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.90-91.

14 julho 2023

REFUTANDO O ENSINO PROGRESSISTA

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 03: O perigo do ensino progressista)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, veremos a refutação ao ensino progressista. O comentarista nos apresenta pelo menos três formas principais de se refutar o ensino progressista: reafirmar a autoridade bíblica, ensinar as doutrinas bíblicas e enfatizar a santificação. 


1- Reafirmando a autoridade bíblica. A autoridade da Bíblia fundamenta-se em seu autor, que é Deus. A Bíblia é a revelação escrita de Deus e, portanto, a sua autoridade depende total e exclusivamente do próprio Deus e não dos homens. Por isso, a Igreja não possui outra fonte infalível de autoridade. As doutrinas, costumes, tradições, liturgia e práticas da Igreja, tem que estarem, obrigatoriamente, embasadas na Bíblia Sagrada.


O conteúdo da Bíblia não é de origem humana. O apóstolo Pedro assim escreveu: "Sabendo primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação; Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo." (2 Pe 1.20,21). Isso significa que os escritores eram humanos, mas o conteúdo dos seus escritos veio de Deus. Por ser inspirada ou soprada por Deus, a Bíblia se distingue de qualquer outro livro, pois, Deus é a Verdade e não pode mentir ou falhar. 


É indispensável fortalecer a doutrina da inspiração divina, verbal e plenária da inerrante Palavra de Deus (2 Tm 3.16,17). A palavra grega usada por Paulo, traduzida por “inspirada por Deus” é “theopneustos”. É a junção dos termos “Theos” (Deus) e “pneõ” (soprada), significa literalmente “soprada por Deus”. Quando falamos de inspiração verbal e plenária da Bíblia, significa que cada palavra da Bíblia e todo o seu conteúdo foi inspirado por Deus e não apenas algumas partes, como prega a teologia liberal. Não há um livro ou texto mais inspirado do que outros. Todos foram igualmente inspirados por Deus.


2- Ensinando as doutrinas bíblicas. A segunda forma de refutar o ensino progressista é ensinando constantemente à Igreja as doutrinas bíblicas. Existem duas palavras gregas traduzidas por doutrina: "didaskalia" e "didaquê". Estas palavras aparecem quarenta e oito vezes no Novo Testamento, referindo-se a um conteúdo ensinado ou ao próprio ato de ensinar.


Quando falamos de doutrina, no sentido bíblico, há três tipos de doutrina, de acordo com a origem: Doutrina de Deus, dos homens e dos demônios. Por isso, é importante destacar que não basta ensinar doutrina, tem que ser doutrina bíblica. Isso envolve a evangelização, discipulado, educação cristã e formação teológica de obreiros.


É obrigação dos pastores e mestres da Igreja, ensinar as doutrinas bíblicas à Igreja. Uma das características das Assembleias de Deus no Brasil, desde a sua fundação, são os cultos de ensino ou de doutrina. No início da denominação, não havia cursos teológicos. Por isso, um dos cultos da semana era destinado ao ensino da Palavra de Deus. No culto de ensino, iniciava-se com um período maior de oração, cantava-se um ou dois hinos e durante uma hora ou mais, o pastor trazia um estudo bíblico para a Igreja. 


Outra marca da Assembleia de Deus é a Escola Bíblica Dominical, onde se ensina sistematicamente a Palavra de Deus nas manhãs de domingo. Dois meses após a fundação da Assembléia de Deus, foi realizada a primeira aula da Escola Dominical em Belém-PA e em 1930 foi lançada a Revista Lições Bíblicas pela CPAD. Foram criadas também as Escolas Bíblicas de Obreiros (EBO) para ensinar sistematicamente a Palavra de Deus aos obreiros. Estes trabalhos de ensino sempre foram muito bem frequentados. Era uma exigência para os candidatos ao ministério, a participação nos cultos de ensino e na Escola Dominical. Um crente que frequenta assiduamente os cultos de ensino e a Escola Dominical é bem instruído nas doutrinas bíblicas. 


Infelizmente, nos últimos anos, esta realidade vem mudando. Tanto os cultos de ensino como a Escola Dominical estão cada vez mais vazias. Em muitos lugares, até mesmo obreiros não frequentam os trabalhos de ensino da Palavra de Deus. O resultado é que temos crentes raquíticos, sem firmeza espiritual e que abraçam ventos de doutrinas e inovações teológicas.


3- Enfatizando a santificação. O fortalecimento da autoridade bíblica e o aprendizado das doutrinas cristãs precisam estar atrelados, obrigatoriamente, a uma vida de santidade (1 Pe 1.16). O Cristianismo não é uma religião de discursos corretos, distanciados da prática. Precisamos viver aquilo que pregamos e mostrar ao mundo a santidade bíblica em nossa própria vida, em todas as áreas. A santificação é a operação do Espírito Santo para manter o salvo separado do pecado (Rm 12.1,2).


Muitas pessoas tem uma ideia equivocada do que é  ser santo. Os católicos, por exemplo, acham que santo é uma pessoa que não tem pecado ou alguém que tem poderes especiais para realizar milagres e por isso, foi canonizado pelo Papa. Quando falamos de santidade, precisamos ter em mente, que somente Deus é santo em si mesmo, na sua essência e natureza. Portanto, ninguém pode ser santo por si mesmo, ou na mesma proporção que Deus é. Se andarmos no Espírito, Ele nos santifica e assim, refletiremos a Sua santidade em nosso modo de viver. 


No Antigo Testamento, Deus faz questão de separar o seu povo das nações idólatras e os objetos e pessoas usadas no culto ao Senhor, das coisas imundas. No Novo Testamento inexiste o conceito de consagração e pureza rituais ou lugares e objetos sagrados. Entretanto, há também a exigência da santificação, como condição indispensável para se ver a Deus (Hb 12.14). É importante esclarecer que a santificação não é uma obra humana. O Espírito Santo é quem produz santidade no crente. O nosso padrão de santidade é o Senhor Jesus. O Espírito Santo nos molda, tornando-nos parecidos com Cristo. 


REFERÊNCIAS:


BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: A inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.     

BÍBLIA DE ESTUDO APOLOGÉTICA. 1 Ed. 2000. ICP- Instituto Cristão de Pesquisas.

REVISTA LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD, 1º Trimestre 2021.  

13 julho 2023

AS TEORIAS PROGRESSISTAS

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 03: O perigo do ensino progressista)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos das teorias progressistas. O movimento progressista é muito amplo e envolve várias teorias, que não seria possível estudar todas em uma única lição. O comentarista se deteve em apenas três delas, que estão relacionadas ao campo da teologia. Falaremos neste tópico sobre a desconstrução da Bíblia, sobre o Teísmo aberto e sobre a Teologia da desmitologização. 


1- A desconstrução da Bíblia. O maior obstáculo às ideias progressistas é exatamente a Bíblia Sagrada. Tudo aquilo que eles ensinam vai na contramão das Escrituras. Por isso, eles lutam com todas as forças para desconstruir a Bíblia. O ensino progressista nega a inerrância, inspiração e infalibilidade das Escrituras. O primeiro argumento dos progressistas para desconstruir a Bíblia é negar a sua inerrância, alegando que há erros e contradições nos textos bíblicos. Entretanto, apesar de ser o livro mais investigado e mais atacado de toda a história da humanidade, não há comprovação de nenhum erro ou contradição nos textos originais da Bíblia. Os manuscritos originais são absolutamente isentos de erros ou falhas, pois foram inspirados por Deus.


É verdade que não existem mais os manuscritos autógrafos, que são aqueles que foram escritos diretamente pelos escritores bíblicos. Entretanto existem os manuscritos apógrafos, que são aqueles que foram copiados diretamente dos manuscritos autógrafos, ou seja, os copistas leram o manuscrito original e o copiaram manualmente, pois, não havia impressão. Existem atualmente cerca de 25.000 manuscritos apógrafos. Os copistas judeus eram muito rigorosos quanto a isso. Se errassem em um mínimo detalhe, inutilizavam a cópia imediatamente e começavam outra, para preservar a exatidão do texto sagrado.


Os críticos da Bíblia e teólogos liberais, tentam desacreditar a inerrância da Bíblia, argumentando que os manuscritos originais não existem mais. Eles ignoram a rigidez do trabalho feito no campo da crítica textual, que é a ciência que procura reconstruir um texto original por meio de uma análise cuidadosa e um exame dos manuscritos que possuímos agora. Para se ter uma idéia da confiabilidade dos manuscritos apógrafos da Bíblia, em mais de 95% dos casos, os originais podem ser reconstruídos com uma certeza prática. Nas poucas divergências que há entre as cópias, que a crítica textual não tem sido capaz de determinar com toda a certeza a redação original, nenhum ensino essencial da fé cristã foi afetado.


Outro fator importante é que as primeiras cópias surgiram apenas cem anos após a escrita dos originais. Para efeitos de comparação, na maioria dos livros antigos da humanidade, existem de dez a vinte manuscritos, que surgiram com distância aproximada de mil anos após a escrita do original. Mas, ninguém questiona a autenticidade destes documentos. 


O segundo artifício usado pelos progressistas para desconstruir a Bíblia é a interpretação de acordo com as suas conveniências. Relativizam a interpretação da Bíblia e dizem que cada um pode dar a um texto bíblico o sentido que lhe convier, de acordo com a necessidade do momento. Há várias Igrejas que se dizem evangélicas, principalmente no meio pentecostal e neopentecostal que adotam esse tipo de interpretação bíblica. O resultado é desastroso, pois leva as pessoas a práticas antibíblicas, usando o seu próprio entendimento do texto bíblico, fora do seu respectivo contexto.  Com isso, procuram reinterpretar e ressignificar as Escrituras, para adaptá-las à concupiscência humana. Deturpam o conceito de pecado, como vimos na lição passada, distorcem também os atributos de Deus e retiram o aspecto sobrenatural da Bíblia, como veremos a seguir. 


2- O Teísmo aberto. Teísmo é a crença na existência de Deus como um ser pessoal. Dentro do Teísmo há vários tipos de crenças. As principais são: 

  • Monoteísmo, que acredita em um Único Deus pessoal; 

  • Politeísmo, que acredita na existência de vários deuses pessoais; 

  • Henoteísmo, que é a crença em vários deuses, sendo que um é superior a todos; 

  • Teísmo aberto, que crê em um Único Deus pessoal, mas retira os seus principais atributos incomunicáveis: onipotência, onisciência, onipresença e soberania. 


O Teísmo aberto diz que Deus é limitado, não conhece o futuro e não exerce controle sobre o Universo e a vida humana. Chegam ao cúmulo de dizer que “Deus foi surpreendido pelo pecado no Éden e forçado a redesenhar a história.” Esta teologia aparece de forma sutil, pois, os seus adeptos não admitem publicamente que crêem em um Deus limitado. Mas os seus ensinos trazem exatamente isso. 


Este não é o Deus da Bíblia. Deus é o criador e sustentador de todas as coisas. Ele é  transcendente, pois é infinitamente superior a tudo o que nós podemos imaginar. Entretanto, Ele é também imanente, ou seja, Deus se interessa e se envolve com a sua criação. Deus é onisciente, pois conhece todos os mistérios. Ele conhece o futuro antes que ele aconteça e nunca é pego de surpresa. Deus é também onipotente e soberano. Ele tem todo o poder e cria as próprias leis, sem ter que dar satisfação a ninguém. Infelizmente, muitos teólogos que outrora eram ortodoxos, se envolveram com o ensino progressista, se enveredaram pelo Teísmo aberto e se tornaram apóstatas.


3- A Teologia da Desmitologização. A terceira teoria progressista apresentada pelo comentarista é a teoria da desmitologização. Esta teoria iniciou-se em 1958, com o teólogo alemão, Rudolph Bultmann, que propôs analisar o significado real da linguagem usada na Bíblia. Para Bultmann, havia mitos na Bíblia e era preciso separá-los da verdade. Nessa perspectiva, Céu, Inferno, tentação, demônios e possessões, a doutrina da concepção e do nascimento virginal e até mesmo a promessa da vinda de Cristo são apenas mitos. Para os progressistas, portanto, a Bíblia só seria um livro crível, se fossem retirados dela os milagres, prodígios, as revelações e tudo o que é sobrenatural. 


A Bíblia não é apenas um livro de história, ou de mitos religiosos, como os escritos sagrados de outras religiões. A Bíblia é a infalível, inerrante, perfeita, completa e inspirada Palavra de Deus. Os seus milagres, podem não ser explicados pela ciência, mas são confirmados por testemunhos e pela arqueologia bíblica. A mensagem bíblica produz transformação de vidas e de nações inteiras que seguirem os seus ensinos.


REFERÊNCIAS:

BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023.

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: A inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.     

BÍBLIA DE ESTUDO APOLOGÉTICA. 1 Ed. 2000. ICP- Instituto Cristão de Pesquisas

12 julho 2023

A DESCARACTERIZAÇÃO DO CRISTIANISMO

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(Comentário do primeiro tópico da Lição 03: O perigo do ensino progressista) 

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos sobre a descaracterização do Cristianismo. O ensino progressista é diametralmente oposto ao Cristianismo, embora muitos dos seus adeptos façam muitos esforços para conciliá-los. O ensino progressista procura descaracterizar o verdadeiro Cristianismo, através da destruição da ortodoxia bíblica e corrupção da fé, para que as pessoas se tornem escravas do pecado, tendo a consciência cauterizada. O resultado disso é a deterioração moral generalizada, pois, não admitem que haja padrões de moralidade. 

1- A deterioração moral. Os dias que antecedem a vinda de Jesus foram descritos por Jesus e pelos seus apóstolos como tempos de apostasia, ódio aos cristãos, aumento da iniquidade e esfriamento do amor. (Mt 24.9-12; 1 Tm 4.1-3; 2 Pe 2; Jd 1). O apóstolo Paulo, em sua segunda Epístola a Timóteo, descreveu as características dos últimos dias: "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos; porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te." (2Tm 3.1-5).

A expressão "últimos dias", usada pelo apóstolo Paulo, pelo profeta Joel e por outros, não se refere apenas aos dias imediatamente anteriores à vinda de Jesus, mas a todo o período desta dispensação, que vai desde a ascensão de Jesus até o arrebatamento da Igreja (Jl 2.28; At 2.16-21; 1Tm 3.1; Hb 1.2). O fato de Paulo recomendar a Timóteo que se afastasse das pessoas que vivem nas práticas pecaminosas por ele citadas, indica que isso já estava acontecendo em seus dias. 

Paulo elaborou uma lista com dezoito práticas pecaminosas, que demonstram o aumento assustador da iniquidade, como consequência do afastamento de Deus. O primeiro pecado desta lista é o egoísmo (homens amantes de si mesmos). De fato vivemos uma época de egoísmo extremo, onde as pessoas só pensam em si mesmas e são indiferentes ao sofrimento alheio. O mais triste é saber que este comportamento está presente também no meio da Igreja. 

Na sequência, o apóstolo cita o materialismo (pessoas avarentas). Escrevendo aos Efésios, Paulo disse que a avareza é uma espécie de idolatria (Ef 5.5). De fato, quem ama o dinheiro é capaz de fazer qualquer coisa para obtê-lo: mata, rouba, sequestra, trai, nega a Deus, etc. Paulo escreveu também que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males (1Tm 6.10). 

Em terceiro lugar vem a presunção (presunçosos). A presunção consiste em superestimar a si mesmo e aos próprios feitos. É uma opinião demasiadamente boa e lisonjeira sobre si mesmo. Os presunçosos são narcisistas, pois sentem necessidades constantes de serem elogiados, reconhecidos e recompensados pelo que supostamente fazem. É um sentimento antagônico ao Cristianismo. 

Na mesma linha dos presunçosos, vem os soberbos, que se consideram superiores aos demais e acham que não precisam de ninguém, nem de Deus. Este foi o pecado do querubim ungido, que estava no Céu, se rebelou contra Deus, foi expulso e transformou-se em Satanás. Sendo criatura de Deus, devido à beleza e importância que ele achava que possuía, quis ser igual a Deus (Is 14.12-15; Ez 28.13-19). 

Em quinto lugar está o pecado da blasfêmia. O termo grego "blasfêmia" significa linguagem injuriosa, difamatória ou ultrajante, não apenas contra Deus, mas também contra o nosso próximo. Portanto, "blasfemos" neste texto não são apenas os que proferem insultos contra Deus, são também os que agridem com palavras, caluniam e difamam outras pessoas. Atualmente, esta prática é muito abundante, principalmente nas redes sociais. 

Neste mesmo grau estão os caluniadores, que inventam mentiras contra o próximo; os irreconciliáveis, que são implacáveis e rejeitam a conciliação; os traidores, que não cumprem o que prometeram e abandonam pessoas que estão em perigos; os cruéis, que são desprovidos de qual civilidade e indomáveis como animais selvagens; os obstinados, que não medem as consequências para atingir os seus objetivos; os ingratos, que não tem nenhum sentimento de gratidão a Deus ou ao próximo, pois acham que são merecedores e todos tem a obrigação de ajudá-los; os que são inimigos dos bons, que são pessoas que preferem os maus e prejudica as pessoas que fazem o bem; os profanos, que desprezam ou consideram comuns às coisas sagradas. 

A lista de pecados cita também os incontinentes, que são aqueles que nunca se satisfazem e cometem o pecado da glutonaria, que é uma das obras da carne (Gl 5.19-21). Este pecado não se refere apenas à comida, como muitos imaginam, mas a todo tipo de apetite descontrolado. Nesta mesma categoria estão os que são mais amigos dos prazeres que de Deus. São pessoas que se tiverem que escolher entre a Palavra de Deus e os prazeres da carne, ficam com a segunda opção. Infelizmente, há muitas pessoas nestas condições, pensando em “aproveitar a vida” e somente quando envelhecer, buscar a Deus. 

Temos ainda nesta lista os que não têm afeto natural e os que são desobedientes aos pais. São pessoas que desprezam os vínculos familiares e a autoridade dos pais. A obediência e honra aos pais é o primeiro mandamento com promessa, que é a promessa de viver bem e ter longevidade. Infelizmente em nossos dias, as relações familiares têm sido banalizadas, até por aqueles que deveriam defendê-las. Muitos jovens têm perdido a vida muito cedo, por desprezar e desonrar os pais. 

2- A erosão da ortodoxia. No terceiro tópico da lição 01, quando falamos sobre a posição da Igreja diante do espírito da Babilônia, vimos três pontos fundamentais, para a Igreja não sucumbir diante deste império maligno. O primeiro deles é não negociar a ortodoxia bíblica. Vimos que a palavra ortodoxia deriva de dois termos gregos: "orthos", que significa "correto" e "doxa", que significa "crença". Portanto, ortodoxia significa "crença correta" ou "conforme o padrão".  

As teses do ensino progressista são incompatíveis com a ortodoxia bíblica. Embora alguns progressistas, que se dizem cristãos, se esforcem para conciliar progressismo e teologia bíblica, os dois são completamente opostos e, inevitavelmente, entrarão em choque. Por isso, o progressismo tenta, a todo o custo, destruir a ortodoxia bíblica e reduzir a Bíblia a um aglomerado de experiências religiosas e mitológicas. 

A Bíblia, no entanto, não é um livro histórico ou mitológico como os progressistas querem que seja. A Bíblia é a inerrante, infalível, eterna, completa, inspirada e perfeita Palavra de Deus. A Bíblia autentica-se a si mesma e a sua veracidade pode ser confirmada por evidências internas e externas. As evidências internas são percebidas através da sua unidade, consistência, ação do Espírito Santo na vida dos seus leitores e através das profecias que já se cumpriram. As evidências externas, por sua vez, são as confirmações das suas narrativas históricas e as descobertas arqueológicas. 

A Bíblia foi escrita num período de aproximadamente mil e seiscentos anos, por cerca de quarenta escritores diferentes, que viveram em épocas muito diferentes, que tinham culturas diferentes. A maioria deles não se conheceram e não sabiam o que os outros haviam escrito. Outros foram contemporâneos, mas viveram em locais diferentes e não tiveram acesso ao que os outros escreveram. Eles também não sabiam que, aquilo estavam escrevendo, por inspiração do Espírito Santo, seria juntado a outros livros, que juntos formariam a revelação escrita de Deus. Um livro escrito nestas circunstâncias, é de se esperar que seja totalmente desconexo, inconsistente e contraditório. Entretanto, ao ler a Bíblia, podemos perceber que há uma unidade incrível e coerência entre os seus livros. Só há uma explicação para isso: Deus é o seu autor. 

Muitas seitas dizem que crêem na Bíblia, mas negam a sua autoridade e inerrância. Outras colocam no mesmo patamar da Bíblia, a palavra dos seus líderes, as publicações da sua religião, a tradição ou visões e revelações. Os reformadores, acertadamente, estabeleceram o princípio fundamental "Sola Scriptura", que afirma que somente as Escrituras têm autoridade inquestionável para estabelecer doutrinas para a Igreja. Jesus afirmou que a Palavra de Deus é a Verdade (Jo 17.17) e que são as Escrituras que testificam dele (Jo 5.39). Portanto, a Bíblia é o nosso único manual de fé e prática. Não podemos admitir nenhum outro manual de doutrina além da Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. 

3- A corrupção da fé. Após a desconstrução da ortodoxia bíblica e, consequentemente, a deterioração moral  promovidos pelo ensino progressista, acontece a corrupção da fé. As pessoas passam a relativizar tudo, pois para elas não existem parâmetros ou padrões de conduta. Sendo assim, entregam-se a todo tipo de imoralidade e condutas reprováveis, pois, como vimos na lição passada, distorcem a doutrina do pecado. A consciência daqueles que se enveredam por estes enganos, se torna cauterizada, a ponto de não se sentirem culpadas. 

É importante destacar que não estamos nos referindo a pessoas que não conhecem a Bíblia, ou o Cristianismo. A referência aqui é àqueles que conhecem a Bíblia, mas, não querem se submeter aos seus ensinos, relativizando a verdade e selecionando aquilo que devem seguir. Estas pessoas valorizam excessivamente o amor de Deus e ignoram a sua Santidade e Justiça. O amor não pode ser dissociado da verdade. 

Infelizmente, em nossas Igrejas, há pessoas que adotam condutas imorais como o adultério, a prostituição, a corrupção, a mentira, etc., e acham que está tudo bem. Alguns trocam a esposa por outra mais nova, ignorando a verdade bíblica que diz que aquele que se divorcia da sua esposa e casa com outra, não sendo por causa de infidelidade conjugal, e casa com outra, comete adultério (Mt 19.9). O pior é que há pastores que não querem que falem nestes assuntos na Igreja, para não atingir pessoas que não querem abandonar o pecado e o relativizam. Mas a Igreja é a coluna e firmeza da verdade e, como tal, tem a obrigação de pregar a verdade bíblica, doa a quem doer. 

REFERÊNCIAS:

BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023. 
BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras: A inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021. 
COMFORT, Philip Wesley. A Origem da Bíblia. Editora CPAD. pág. 62-63.
GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. 
RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.
Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. CPAD, pp.94-98.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. págs. 1260; 1497-1498.

MURMURAÇÃO: UM PECADO QUE NOS IMPEDE DE ENTRAR NA CANAÃ CELESTIAL

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