10 abril 2023

A FALHA NO TRATAMENTO DOS FILHOS

(Comentário do 1º tópico da Lição 03: Ciúme, o mal que prejudica a família).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos sobre as consequências do favoritismo no tratamento com um dos filhos, que provoca ciúmes nos filhos preteridos e até tragédias. Tomaremos como base o caso de José, o filho preferido de Jacó. O tratamento diferenciado que ele recebia por parte do seu pai provocou a ira dos seus irmãos contra ele, a ponto de não poderem falar com ele pacificamente, chegando ao cúmulo de venderem-no como escravo. Veremos também que a inveja impede que as pessoas percebam os desígnios de Deus. Os irmãos de José não perceberam, que os sonhos que José teve eram revelações de Deus, porque estavam tomados de inveja e ódio por ele. 


1- A preferência de Jacó. Vimos na lição passada que Jacó foi criado em um lar onde havia preferência dos pais por um dos filhos. Jacó era o filho preferido da sua mãe, Rebeca. O seu irmão, Esaú, era o preferido de Isaque. Estas preferências, como vimos, trouxe o conflito entre os irmãos, a ponto de Esaú decidir matar Jacó, que foi obrigado a fugir de casa para não ser morto. 


Orientado por seu pai, Isaque, Jacó foi para Harã, terra da sua mãe, morar com o seu tio Labão. Chegando lá, à primeira vista, ele se apaixonou por Raquel, a filha mais nova do seu tio, e propôs um acordo de trabalhar sete anos para se casar com ela. Entretanto, passando-se os sete anos, o seu tio lhe enganou e lhe entregou Lia, a filha mais velha, para ser a sua esposa. O tipo de relacionamento conjugal naquela época era tão esquisito, que Jacó só percebeu no outro dia, que não era Raquel. 


Sentindo-se ludibriado, Jacó foi tirar satisfação com o dito e perguntou: 

– Por que me enganaste? Eu não trabalhei por Raquel? Por que me deste Lia como esposa? 

Labão arrumou uma desculpa esfarrapada, para justificar a esperteza e disse: 

– Aqui em nossa terra não se faz assim. A mais nova não pode casar antes da mais velha. Se você quiser casar com ela, terá que trabalhar mais sete anos. 

Jacó amava muito a Raquel e, por isso, aceitou a proposta e trabalhou outros sete anos, para finalmente casar-se com a sua amada. 


Vendo o Senhor que Lia era desprezada, abriu-lhe e ela teve os primeiros quatro filhos de Jacó: Rúben, Simeão, Levi e Judá. Raquel, no entanto, era estéril e isso a deixava angustiada. Os anos foram passando e Raquel, vendo que não gerava filhos, teve a mesma ideia infeliz de Sarai e deu a sua serva Bila a Jacó como concubina e ela teve dois filhos: Dã e Naftali. Lia seguiu a mesma linha e deu a sua serva Zilpa a Jacó, que também teve dois filhos: Gade e Aser. 


Neste contexto, Rúben, o filho mais velho de Lia e Jacó encontrou uma planta chamada Mandrágora, que era considerada afrodisíaca. Raquel pediu à sua irmã que lhe desse um pouco da planta. Lia perguntou se ela achava pouco ter tomado o marido e ainda queria a planta do seu filho. Diante disso, Raquel negociou com a sua irmã para Jacó passar uma noite com ela em troca da planta. Lia acabou engravidando de novo e teve o quinto filho, a quem deu o nome de Issacar. Depois teve mais um filho, cujo era Zebulom e, por último teve a filha Diná. 


Quando Jacó já estava com noventa e um anos de idade, finalmente, Deus abriu a madre de Raquel e ela teve o seu primeiro filho e disse: 

– Deus tirou a minha vergonha.

Nasceu o primeiro filho da esposa amada de Jacó. Raquel deu-lhe o nome de José (heb. Yehosef, que significa Yahweh acrescenta) e disse:

– O Senhor me acrescente outro.


José, portanto, além de ser o filho da esposa amada, foi muito esperado e nasceu na velhice do pai, como um milagre de Deus, semelhante a Isaque. Depois de alguns anos, Raquel engravidou novamente e teve o segundo filho, chamado Benjamin e morreu no parto. Este foi mais um motivo para Jacó se apegar a José, pois ele ficou sem a mãe. 


Além dos fatores citados acima, José era um filho obediente ao pai e temente a Deus, diferente dos seus irmãos que eram homens de má índole. Rubens, o filho mais velho, teve um caso com a concubina do pai. Simeão e Levi, quando descobriram que a irmã foi abusada por Siquém, fizeram uma chacina e mataram todos os homens da cidade. Judá, embriagou-se e teve filho com a nora, achando que era uma prostituta. José era diferente e o seu comportamento correto, contribuiu para que o seu pai o amasse mais do que aos seus irmãos: “E Israel amava a José mais do que a todos os seus filhos”. (Gn 37.3). 


2- O ciúme em meio à preferência. Como vimos acima, Jacó apegou-se mais a José do que aos demais filhos, por várias razões. Entretanto, além de amar a José mais do que aos outros filhos, Jacó não disfarçava isso e José tornou-se o filho favorito. José não era apenas o mais protegido dos filhos, era também o mais favorecido. O seu pai mandou confeccionar uma túnica de várias cores e deu-lhe de presente. Os seus irmãos usavam túnicas comuns de tecido áspero e viram o pai dar um presente especial a José. Segundo o Dicionário bíblico Wycliffe, publicado pela CPAD,  “este presente indicava que Jacó pretendia fazer de José o seu principal herdeiro, e com isso, acirrou a ira de seus irmãos contra ele”. 


Esta preferência escancarada do seu pai por José, demonstrada na atitude de dar-lhe este presente especial, provou o ciúme dos seus irmãos, que passaram a odiá-lo. Para piorar a situação e acirrar ainda mais o ódio deles, Jacó mandava que José fiscalizasse o trabalho deles no campo. José os observava, trazia o relatório completo das más ações deles ao pai e eles ficavam sabendo. O bom comportamento de José, já irritava os seus irmãos, pois isso denunciava a má conduta deles. Com as delações que ele fazia ao pai, tornava-se insuportável perante eles, a ponto de conseguirem conversar com ele pacificamente. 


Não queremos aqui justificar o ciúme e o ódio dos irmãos de José por ele, até porque José não era culpado de ser o preferido do seu pai. Entretanto, as atitudes de Jacó para com José causaram o ciúme e o ódio dos seus irmãos. Como pais, precisamos saber que os nossos filhos são diferentes uns dos outros. Uns são mais calmos, outros mais nervosos; uns são mais inteligentes, outros têm mais dificuldades de aprender as coisas; uns são mais obedientes, outros mais rebeldes; etc. Entretanto, não podemos agir com favoritismo para com aqueles que têm mais afinidade conosco. Isso provoca nos demais filhos, a sensação de rejeição, interfere na formação da personalidade da criança e pode trazer sérios problemas na idade adulta, como vimos na lição passada. 


3- A inveja não permite compreender os desígnios de Deus. Nesse clima de favoritismo, que causou o ódio mortal dos irmãos de José por ele, teve mais um fator que agravou ainda mais a situação. José teve dois sonhos e contou-os ao seu pai, na presença dos seus irmãos. No primeiro sonho, José sonhou que ele e os seus irmãos estavam no campo atando molhos de trigo. De repente, o molho dele ficava em pé e os molhos dos seus irmãos se curvaram perante o dele. No segundo sonho, José o sol, a lua e onze estrelas se inclinavam diante dele (Gn 37.9). 


Imediatamente, os irmãos de José interpretaram os sonhos e entenderam que aquilo significava que José dominaria sobre eles. Entretanto, eles pensaram que fosse presunção de José e não uma revelação de Deus. Jacó também entendeu o significado do sonho e perguntou: Que sonho é este que tiveste? Porventura viremos, eu e tua mãe, e teus irmãos, a inclinar-nos perante ti em terra? (Gn 37.10). Jacó, ouvindo estes sonhos, guardava estas coisas em seu coração. Certamente, ele percebia que Deus tinha algo especial com ele. 


Os irmãos de José, no entanto, passaram a odiá-lo ainda mais e, dominados pela inveja e pelo ódio, não enxergavam o plano de Deus. Eles não imaginaram que anos depois aqueles sonhos se cumpririam em detalhes no Egito. Quando José se tornou governador e eles foram lá comprar comida, se prostraram diante dele, sem o reconhecer. Mas, José os reconheceu e lembrou-se dos sonhos (Gn 42.7,8). Depois da morte de Jacó, os irmãos de José, com receio de que ele quisesse se vingar deles, foram a José e disseram que o pai deles havia dito para eles pedirem perdão. José os perdoou, dizendo: Não temais; porventura estou eu em lugar de Deus? Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida. Agora, pois, não temais; eu vos sustentarei a vós e a vossos filhos. Assim os consolou, e falou segundo o coração deles. (Gn 50.19-21). José entendeu perfeitamente, que todo o sofrimento que ele passou fazia parte do plano de Deus e não guardou ressentimentos. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 50-53.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 235, 236.

LOPES, Hernandes Dias. Gênesis: O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1ª Ed. 2021.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pág. 182.


09 abril 2023

INTRODUÇÃO A LIÇÃO 3 - CIÚME, O MAL QUE PREJUDICA A FAMÍLIA.


Ev. WELIANO PIRES

Na lição passada estudamos sobre a predileção dos pais por um dos filhos. Vimos que o casal Isaque e Rebeca tinha preferências por um dos filhos. Isaque preferia Esaú e Rebeca, preferia Jacó. Este comportamento dos pais gerou intermináveis conflitos entre os filhos e trouxe graves consequências para a família e para as futuras gerações. Este comportamento de preferência por um dos filhos também se repetiu em Jacó, na criação dos seus filhos. 


O assunto da lição desta semana é uma consequência do tema estudado na lição passada. Estudaremos sobre o ciúme e os males que ele causa na família e nos demais relacionamentos humanos. No caso dos filhos de Jacó, a preferência que ele tinha pelo seu filho José, sem esconder isso de ninguém, provocou  os ciúmes e, consequentemente, o ódio dos irmãos por José. 


Muitas pessoas pensam que ciúmes acontece apenas entre casais, mas ele está presente em todos os relacionamentos humanos: pais e filhos, amigos, membros de Igrejas e até entre obreiros. O ciúme gera conflitos e traz terríveis consequências, que muitas vezes, são trágicas. Por causa de ciúmes, pessoas são perseguidas, agredidas e até assassinadas. 


É muito importante esclarecer o significado da palavra ciúme na Bíblia e estabelecer a diferença entre ciúme e zelo. O contexto do texto bíblico mostrará a diferença. Por isso, é muito importante ler todo o contexto e consultar mais de uma versão bíblica, pois algumas traduções deixam mais claro o sentido da palavra no contexto. 


O teólogo Russell Norman Champlin explica que a palavra hebraica “qinah”, traduzida por ‘ciúme’ ou ‘zelo’ aparece quarenta e um vezes no Antigo Testamento. O correspondente grego é “parazelóo”, traduzida por ‘ter muito ciúme’ e aparece quatro vezes no Novo Testamento. 


O ciúme na Bíblia aparece em sentido positivo, com o sentido de zelo ou cuidado, para que a pessoa amada não se perca. É nesse sentido que a Bíblia diz que o Espírito de Deus tem ciúmes (Tg 4.5). No sentido negativo, o ciúme aparece como egoísmo e obra da carne. Para saber a diferença, Champlin sugere que façamos a seguinte pergunta: “sinto ciúmes porque temo que algo venha a prejudicar alguém a quem estimo, ou sinto ciúmes simplesmente porque não quero perder aquela pessoa ou coisa, com base em minha possessividade e egoísmo?” A primeira opção é o ciúme positivo, que é sinônimo de zelo. A segunda é o ciúme negativo, que é egoísta e pensa apenas na satisfação pessoal. É deste segundo caso que vamos tratar nesta lição.


No primeiro tópico, falaremos sobre as consequências do favoritismo no tratamento com um dos filhos, que provoca ciúmes nos filhos preteridos e até tragédias. Tomaremos como base o caso de José, o filho preferido de Jacó. O tratamento diferenciado que ele recebia por parte do seu pai provocou a ira dos seus irmãos contra ele, a ponto de não poderem falar com ele pacificamente, chegando ao cúmulo de venderem-no como escravo. Veremos também que a inveja impede que as pessoas percebam os desígnios de Jesus. Os irmãos de José não perceberam, que os sonhos que José teve eram revelações de Deus, porque estavam tomados de inveja e ódio por ele. 


No segundo tópico, veremos que o ciúme é a causa de muitos conflitos nos relacionamentos. Falaremos sobre a túnica de várias cores, que José ganhou do seu pai, que o colocava em posição de destaque em relação aos demais filhos, gerando neles o sentimento de que eram desprezados pelo pai. Falaremos do ciúme como o agente dos conflitos familiares e também em outros relacionamentos humanos, como as amizades, o trabalho e até na Igreja. 


No terceiro tópico falaremos sobre alguns males que podem ser provocados pelo ciúme. Veremos que o ciúme pode causar tragédias familiares, como agressões e até assassinato, como aconteceu com José, que foi vendido por seus irmãos. A intenção inicial era matá-lo, mas Judá conseguiu demover os demais irmãos da ideia. Muitos maridos também espancam e até matam a esposa por ciúmes doentios. Falaremos também neste tópico sobre os casos lamentáveis de ciúmes no meio da Igreja, inclusive entre os colegas de ministério. Por último, veremos algumas recomendações bíblicas para vencer o ciúme. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 49-50.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. 11 ed. 2013. pág. 756.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 235.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. I. Editora Central Gospel. pág. 182.

 

06 abril 2023

O PROBLEMA DA PREDILEÇÃO POR FILHOS NA FAMÍLIA

Foto: Bigstock

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 02: A predileção por um dos filhos)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico falaremos sobre o problema da predileção por filhos na família. O casal Isaque e Rebeca tinha preferências por um dos filhos. Isaque amava a Esaú, que era o primogênito e, como habilidoso caçador, lhe fazia pratos saborosos. Rebeca, por sua vez, preferia Jacó e arquitetou um plano maquiavélico, para que Isaque desse a Jacó a bênção da primogenitura. Quando o casal não respeita a personalidade dos filhos, tratando-os com predileção, infelizmente, o resultado é o conflito entre os membros da família.


1- Esaú, o filho predileto de Isaque. Conforme descrito no texto áureo desta lição, a preferência de filhos dentro do lar gera divisão e promove o egoísmo na formação deles. Foi exatamente isso que aconteceu no lar de Rebeca e Isaque. O casal demorou 20 anos para ter filhos e Rebeca engravidou de gêmeos. Por ter nascido primeiro, Esaú é considerado o primogênito. Ele nasceu ruivo e peludo, por isso, recebeu este nome, que significa “cabeludo”. 


O filho primogênito nos tempos do Antigo Testamento tinha direitos e obrigações diferenciados dos demais (Gn 43.33), como o direito de sucessão (2 Cr 21.3) e porção dobrada da herança paterna (Dt 21.17). A Lei mosaica, diz que todos os primogênitos dos homens e dos animais deveriam ser consagrados a Deus: “Porque todo o primogênito é meu; desde o dia em que tenho ferido a todo o primogênito na terra do Egito, santifiquei para mim todo o primogênito em Israel, desde o homem até ao animal: meus serão; Eu sou o Senhor.” (Nm 3.13). O primogênito também era sinônimo de honra, tanto que Deus chama o povo de Israel de o seu primogênito: “Então dirás a Faraó: Assim diz o Senhor: Israel é meu filho, meu primogênito.” (Êx 4.22). Esta primazia do filho primogênito já existia na Mesopotâmia, nos tempos de Isaque e Rebeca. Porém, lá havia também o “jeitinho”, para se transferir o direito da primogenitura para outro, através de negociação. 


Talvez por Esaú ser o seu filho primogênito, Isaque desenvolveu a sua admiração por ele. Para completar, Esaú se tornou um habilidoso caçador e trazia carnes das suas caças para o pai. Percebendo que estava velho e que não duraria muito, Isaque resolveu ministrar a bênção da primogenitura para o seu filho mais velho. Para isso, pediu que Esaú lhe providenciasse o prato preferido dele, para esta ocasião. Esaú saiu à procura da caça para trazê-la ao pai (Gn 27.1-4). Enquanto isso, Rebeca ouviu a conversa e tramou um plano maquiavélico para enganar Isaque e fazê-lo abençoar Jacó, em vez de Esaú (Gn 27.5-10). Rebeca mandou, então, que Jacó lhe trouxesse um cabrito, para que ela o preparasse para Isaque. Em seguida, vestiu Jacó com um couro peludo de animais para ficar parecido com Esaú. Assim, ambos enganaram Isaque. 


Por direito, a primogenitura pertencia a Esaú, porém, ele a havia desprezado e vendido ao seu irmão por um prato de lentilhas. Neste aspecto, Esaú errou por desprezar e vender a sua primogenitura, mas, Jacó também errou ao se aproveitar da fome do seu irmão para tirar proveito. Do ponto de vista cultural, Jacó estava certo. Mas, o que ele fez é moralmente reprovável diante de Deus. A questão da também primogenitura não deve ser confundida com a escolha de Jacó por Deus, para ser o pai da nação de Israel. 


Deus não prometeu a primogenitura a Jacó, mas revelou a Rebeca que, “o maior serviria ao menor” (Gn 25.23), ou seja, Jacó seria mais poderoso do que Esaú. Sabendo desta revelação, Rebeca tentou interferir nos planos de Deus e impedir que Isaque proferisse a bênção sobre Esaú. Isaque também, certamente, sabia desta revelação de Deus em relação ao futuro dos filhos. Mas, por conveniência pessoal, tinha predileção por Esaú. 


2- Jacó, o filho predileto de Rebeca. O segundo filho de Isaque e Rebeca nasceu na sequência do primeiro, agarrado ao calcanhar do seu irmão, por isso, recebeu o nome de Jacó, que significa literalmente “agarrou ao calcanhar”. Alguns dizem que o nome Jacó significa enganador, ou suplantador. Isto acontece porque as consoantes hebraicas das palavras “עקב” (calcanhar) (aqev) e “עקב” (enganar) “'aqav”, são as mesmas. Mas, pelo contexto em que se deu o nome Jacó, está claro que o nome significa “aquele que segura o calcanhar”.


Antes de Jacó nascer, Rebeca soube do futuro dele, pois eles lutavam em seu ventre e ela perguntou ao Senhor, o que isso significava. A resposta de Deus, como vimos acima, foi: “dois povos se dividiriam nas entranhas dela, e um povo seria mais forte do que o outro povo, e o maior seria servo do menor.” (Gn 25.13). Esta revelação deve ter deixado Rebeca confusa, pois, naquela cultura, o filho primogênito era o mais importante e assumia a liderança da família, após a morte do pai. 


Com a informação dada por Deus de que Jacó seria o escolhido para ser o pai da nação mais forte, Rebeca passou a ter preferência por ele. Além disso, Jacó cresceu sempre perto de casa, dando atenção às necessidades da mãe, ao contrário de Esaú, que se dedicava à caça e vivia ausente. Assim como Isaque, por conveniência pessoal preferia Esaú e demonstrava isso, Rebeca preferia Jacó e também não escondia. Evidentemente, há filhos que amam e ajudam mais aos pais do que outros e estão sempre mais perto deles. Isso cria vínculo e afinidades maiores. Entretanto, isso não deve ser motivo para tratamento diferenciado, ou demonstração de preferência dos pais por um dos filhos em detrimento de outros. 


3- O problema da predileção pelos filhos. Todos os nossos filhos são herança do Senhor (Sl 127.3) e devem ser amados por nós. Se por um lado, a Palavra de Deus ordena que os filhos honrem e obedeçam aos pais, por lado, há a recomendação para os pais criarem os seus filhos no temor do Senhor, instruí-los no caminho em que deve andar e não provocar-lhes a ira (Dt 6.7; Pv 22.5; Ef 6.4). Portanto, os pais têm a obrigação de amar aos seus filhos e o amor não busca os seus próprios interesses e não faz acepção de pessoas. Quem dá preferência a um filho em detrimento de outro, por razões pessoais, está sendo egoísta e interesseiro. Esse tipo de atitude é incompatível  com o amor.


A preferência por um dos filhos interfere também na formação da personalidade da criança e pode trazer-lhe sérios problemas. Os filhos preteridos se sentem desprezados e podem desenvolver sentimentos de inveja e ódio pelos que são preferidos pelos pais. Isso os torna rivais e inimigos irreconciliáveis. Jacó, na idade adulta continuou com o mesmo comportamento da sua mãe e demonstrava para os seus filhos que amava a José mais do que aos seus irmãos. Isto despertou a fúria deles contra José, a ponto de não poderem conviver com ele pacificamente (Gn 37.3,4). 


A predileção por um dos filhos traz problemas tanto para o filho preferido, quanto para os demais. O filho criado com superproteção e privilégio dos pais, torna-se medroso, inseguro, não aprende que precisa de limites e encontra dificuldade para criar a própria identidade. Por outro lado, os filhos preteridos pelos pais, podem podem ter problemas de autoestima, tornar-se amargurados, agressivos e desenvolver complexo de inferioridade e depressão. Portanto, os pais devem conhecer cada um dos seus filhos, identificar as suas diferenças de temperamento e comportamento, amá-los, respeitá-los e protegê-los indistintamente. Somente assim, proporcionarão um ambiente saudável para o crescimento e desenvolvimento deles. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 39-40.

LOPES, Hernandes Dias. Gênesis, o Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 175.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry: Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pág. 134. 


05 abril 2023

O CONFLITO FAMILIAR


(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 02: A predileção por um dos filhos)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico falaremos sobre o conflito familiar no lar de Isaque e Rebeca. Isaque casou-se com Rebeca aos 40 anos. Após o casamento, no entanto, Isaque descobriu que Rebeca era estéril. Naquela sociedade, aquilo era considerado uma maldição. Além disso, isso inviabilizaria o cumprimento da promessa de Deus a Isaque. Diferente de Abrão e Sarai, que colocaram em prática um plano para ajudar a Deus, Isaque foi orar e Deus ouviu. Falaremos também neste tópico sobre o significado da luta dos filhos no ventre de Rebeca. Por último, falaremos sobre o favoritismo de Isaque e Rebeca por um dos filhos. 


1- A esterilidade de Rebeca. É considerado esterilidade ou infertilidade feminina, a dificuldade da mulher engravidar mesmo fazendo várias tentativas e sem ter usado contraceptivos, durante um ano. As causas da infertilidade são diversas: estresse, alcoolismo, tabagismo, uso de drogas, má alimentação, doenças metabólicas, doenças cardíacas, doenças vasculares, síndrome de ovários policísticos, endometriose (crescimento do tecido que reveste internamente o útero), problemas nas trompas, etc. Hoje, com o avanço da medicina, há tratamentos e muitos destes casos podem ser revertidos. 


Na atualidade, além de haver tratamentos para a esterilidade, não há desprezo ou preconceito por mulheres que não têm filhos. Ao contrário, muitas mulheres optam por não ter filhos e outras, chegam ao cúmulo do absurdo de provocar o aborto, ou abandonar a criança depois que nasce. Na época em que viveram Sara e Rebeca, porém, não era assim. A esterilidade feminina era considerada uma maldição e não um problema de saúde. Naqueles tempos, uma mulher que não tivesse filhos era desprezada e o marido poderia repudiá-la por este motivo. 


Isso, no entanto, não é um problema para Deus cumprir as suas promessas, pois, Ele pode resolver problemas que não teriam nenhuma solução, do ponto de vista humano. Além dos casos de Sara e Rebeca, temos também os casos de Raquel, da mãe de Sansão, de Ana, mãe de Samuel e de Isabel, mãe de João Batista, que eram estéreis e Deus lhes concedeu filhos. 


Eu também sou uma testemunha de que a esterilidade não é um problema para Deus. Eu casei e a minha esposa tinha dificuldades para engravidar. Nós fomos orar e depois de quatro anos de casamento, sem nenhum tratamento, ela engravidou. A gravidez era de risco, pois ela tinha anemia e, mesmo assim, a nossa filha nasceu saudável, grande e extremamente ativa. Louvado seja Deus!  


2- O conflito: Diferente do que aconteceu com os seus pais, Abrão e Sarai, Isaque quando descobriu que a sua esposa era estéril, não duvidou da promessa de Deus e não tentou subterfúgios humanos para "ajudar Deus" a cumprir a promessa. Ele resolveu orar insistentemente por sua esposa. Mesmo orando, a esterilidade de Rebeca durou 20 anos. 


Deus ouviu a oração de Isaque e Rebeca engravidou dos gêmeos, Esaú e Jacó. Próximo ao nascimento, ela percebeu que os bebês "lutavam" (a palavra hebraica significa esmagavam) dentro dela. Sem entender o significado desta luta de bebês, Rebeca foi perguntar ao Senhor. A resposta de Deus foi:  “Duas nações há no teu ventre, e dois povos se dividirão das tuas entranhas: um povo será mais forte do que o outro povo, e o maior servirá ao menor”. (Gn 25.23). Deus revelou a Rebeca, o futuro dos seus filhos, que seriam os conflitos entre os descendentes de Esaú e Jacó. Os edomitas eram descendentes de Esaú e eram ferrenhos de Israel, os descendentes de Jacó. Amaleque, o primeiro grande inimigo de Israel, após a saída do Egito, era neto de Esaú (Gn 36.12). Além disso, Esaú casou-se com uma das filhas de Ismael (Gn 36.3) e alguns povos árabes são descendentes dele. Alguns dizem que os atuais palestinos também são descendentes de Esaú. Sendo assim, historicamente, os conflitos entre os descendentes de Esaú e Jacó são muitos. 


Esta resposta de Deus a Rebeca mostra mais uma vez, a presciência de Deus e a sua soberania. Neste caso, Deus não apenas conhecia o futuro antecipadamente, mas também escolheu Jacó, antes do seu nascimento, para dele formar a nação de Israel, pela qual viria o Messias, o Salvador do mundo. 


Numa gravidez, os abortistas vêem apenas um amontoado de células e defendem que a mulher deve ter o direito de eliminar a criança que ainda não nasceu, como se fosse uma parte indesejada do seu corpo. Entretanto, Deus que é presciente e soberano, vê ali nações que se formarão, profetas, reis, pastores e até o Salvador do mundo, que foi também um embrião e um feto. Por estas e por outras razões, nós, os cristãos somos radicalmente contrários ao aborto. 


3- O favoritismo do casal pelos filhos. Neste subtópico chegamos finalmente ao assunto principal desta lição, que é a preferência ou predileção por um dos filhos. Abordaremos com mais detalhes este assunto no próximo tópico. Esaú e Jacó, apesar de serem gêmeos, eram muito diferentes, tanto no aspecto físico, como no temperamento, nas habilidades profissionais e no comportamento: Esaú era peludo e Jacó era liso; Esaú tinha um temperamento explosivo e Jacó era mais calmo; Esaú era um valente caçador e Jacó preferia viver mais em casa e cuidar de pequenos rebanhos. 


Não há nada de errado nas diferenças que há entre os filhos. Evidentemente, todos nós somos diferentes e com os nossos filhos acontece a mesma coisa. Mesmo sendo filhos do mesmo casal e trazendo algumas características genéticas do pai, da mãe e de outros ancestrais, além de reproduzirem alguns comportamentos dos pais, os filhos nunca serão iguais. Cabe aos pais ouvir, observar, conhecer a cada um dos seus filhos, entender as diferenças, amar e proteger a todos. 


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 33-34.

CHAMPLIN, Russell Norman.

O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 174.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthehw Henry: Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pág. 133.

MESQUITA, Antonio Neves de. Livro de Gênesis. Editora JUERP.

04 abril 2023

O PLANO DE DEUS PARA A FAMÍLIA E SUA PRESCIÊNCIA


(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 02: A predileção por um dos filhos).


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos do plano de Deus para a família de Isaque e Rebeca e a sua presciência. Assim como aconteceu com Abraão, Isaque também tinha a promessa de ser pai de muitos descendentes, mas a esposa era estéril. Isso, no entanto, não impediu o agir de Deus, pois, ambas milagrosamente foram mães, apesar de serem estéreis e avançadas na idade. Falaremos também do propósito presciente de Deus, ou seja, conhecendo o futuro por antecipação, Deus não é pego de surpresa e nada pode impedir que os seus desígnios sejam realizados. Entretanto, não podemos confundir presciência com determinismo.


1- O Plano divino para a família de Isaque e Rebeca.  Isaque era o filho da promessa de Abraão e Sara. O seu nascimento, como vimos na lição passada, foi um milagre, pois o seu pai tinha 100 anos e a sua mãe, além de ser estéril, tinha 90 anos. O casamento de Isaque também ocorreu de forma atípica. Abraão já estava com 140 anos e chamou Eliezer, o mordomo da sua casa, e o fez jurar que não escolheria uma mulher para Isaque entre as filhas dos cananeus, mas iria aos seus parentes na Mesopotâmia.


O servo jurou e foi buscar uma noiva para Isaque, sem conhecer ninguém lá. Tomou dez camelos e alguns presentes e seguiu viagem. Chegando junto à fonte, onde as mulheres vinham buscar água, ele fez ajoelhar os camelos, ajoelhou-se também e fez um voto com Deus, para que mandasse a pessoa escolhida, combinando com Deus, inclusive o que ele e a moça iriam falar. Assim aconteceu e ele encontrou Rebeca, filha de Betuel, sobrinho de Abraão. A moça se dispôs a ir ao encontro de Isaque, sem o conhecer e se casaram, tendo Isaque 40 anos. Deus sabia quem era Rebeca e a escolheu para cumprir o seu propósito. 


Assim como o seu pai Abraão, Isaque tinha a promessa de Deus de ser pai de uma grande nação. Entretanto, depois do casamento com Rebeca, ele descobriu que ela era estéril. Diferente do que fizeram os seus pais, Isaque não se precipitou e não tentou ajudar a Deus. Isaque esperou em Deus e orou por sua esposa durante 20 anos. Deus ouviu as orações de Isaque e a sua esposa engravidou dos gêmeos Esaú e Jacó. 


Ainda no ventre da mãe, os bebês lutavam dentro dela. Sem entender o que isso significava, Rebeca foi consultar o Senhor. Deus respondeu que havia duas nações em seu ventre e o maior serviria ao menor. Esaú nasceu primeiro e Jacó nasceu agarrado ao calcanhar do seu irmão. 


2- O propósito presciente de Deus. Em todos estes acontecimentos podemos ver a presciência de Deus. A presciência de Deus é parte da onisciência de Deus, que é o atributo incomunicável de Deus, pelo qual Ele conhece tudo. Quando dizemos que Deus é presciente, significa que Ele conhece o futuro antecipadamente e baseado nesse conhecimento, Ele faz os seus planos. É preciso ter cuidado, porém, para não confundir presciência com pré-determinismo que diz que Deus determina tudo o que vai acontecer, inclusive as coisas ruins. Deus conhece tudo antecipadamente e nada escapa do conhecimento dele. Entretanto, isso não significa que Ele anula a liberdade de escolha do ser humano que Ele mesmo concedeu. 


Deus sabia de antemão tudo o que iria acontecer com Esaú e Jacó. Em sua presciência, Deus conhecia o temperamento de cada um deles e as diferenças. Para o seu propósito de formar a nação de Israel, através da qual o Messias viria ao mundo, Deus escolheu Jacó. Isso não tem nada a ver com merecimento, nem tampouco com a Salvação. Deus escolheu Jacó para cumprir este propósito específico, sabendo de antemão tudo o que iria acontecer. Isto não significa que Deus predeterminou tudo o que iria acontecer, inclusive os erros de Jacó e de Israel, como afirmam os monergistas. 


Quando falamos da presciência de Deus há dois extremos que devemos rejeitar. O primeiro é o determinismo que afirma que Deus determinou tudo o que iria acontecer, inclusive o pecado e as coisas ruins. Segundo os adeptos desse pensamento, tudo o que acontece no universo é porque Deus determina que aconteça. O outro extremo é o deísmo que afirma que Deus criou o universo com leis próprias de funcionamento, se afastou dele e não interfere em nada. Também não é assim. Deus é um Ser transcendente e está muitíssimo acima das nossas limitações. Mas, Ele é também um Ser Imanente, ou seja, Ele se envolve com as suas criaturas e usa ou muda circunstâncias, para realizar os seus desígnios.


REFERÊNCIAS:

CABRAL,  Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 29-30.

KIDNER, Derek. Gênesis: Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pág. 140, 141

03 abril 2023

INTRODUÇÃO À LICÃO 02: A PREDILEÇÃO POR UM DOS FILHOS


Ev. WELIANO PIRES


Estudaremos nesta lição, sobre a predileção de filhos pelo casal Isaque e Rebeca. Este preferencialismo no meio da família por parte dos pais produziu um conflito interminável, não apenas no relacionamento entre os filhos Esaú e Jacó, mas também no relacionamento entre o casal, trazendo consequências para as gerações futuras: Os edomitas, que são descendentes de Esaú, e os Israelitas, que são descendentes de Jacó. Este conflito continua na atualidade, com os palestinos, que são descendentes de Esaú, e os israelenses, descendentes de Jacó. 

O comentarista inicia o seu comentário dizendo que a história de Isaque e Rebeca parece uma infeliz repetição da história de Abraão e Sara. Entretanto, há apenas duas semelhanças entre os dois casais: a primeira é a esterilidade de Sara e Rebeca, que esperaram 25 e 20 anos, respectivamente, para gerar filhos. A segunda é a falta de habilidade de Abraão e Isaque para lidar com os conflitos no lar. Tanto Abraão como Isaque não souberam administrar os conflitos no lar.

Vimos na lição passada que Abrão e Sarai agiram por conta própria, de forma precipitada, tentando “ajudar a Deus”, adotando um costume da época de ter filhos de uma escrava com o marido da mulher estéril. Neste aspecto, Isaque e Rebeca, se comportaram de forma muito diferente. Isaque casou-se com Rebeca aos 40 anos. Após o casamento, descobriu que ela era estéril e orou, insistentemente por ela durante 20 anos, até o Senhor lhe abrir a madre. Não vemos este comportamento em Abraão. Embora ambos tivessem a promessa de serem pais de uma grande nação e terem esposa estéril, apenas Isaque orou ao Senhor pela esposa. Outra diferença, é que não vemos em momento algum, Isaque e Rebeca, duvidando ou rindo da promessa de Deus como Sara fez. Quando Rebeca engravidou e os gêmeos lutavam dentro dela, ela perguntou ao Senhor qual era o significado disso. 

No primeiro tópico, falaremos do plano de Deus para a família de Isaque e Rebeca e a sua presciência. Assim como aconteceu com Abraão, Isaque também tinha a promessa de ser pai de muitos descendentes, mas a esposa era estéril. Isso, no entanto, não impediu o agir de Deus, pois, ambas milagrosamente foram mães, apesar de serem estéreis e avançadas na idade. Falaremos também do propósito presciente de Deus, ou seja, conhecendo o futuro por antecipação, Deus não é pego de surpresa e nada pode impedir que os seus desígnios sejam realizados. Entretanto, não podemos confundir presciência com determinismo. 

No segundo tópico falaremos sobre o conflito familiar no lar de Isaque e Rebeca. Isaque casou-se com Rebeca aos 40 anos. Após o casamento, no entanto, Isaque descobriu que Rebeca era estéril. Naquela sociedade, aquilo era considerado uma maldição. Além disso, isso inviabilizaria o cumprimento da promessa de Deus a Isaque. Diferente de Abrão e Sarai, que colocaram em prática um plano para ajudar a Deus, Isaque foi orar e Deus ouviu. Falaremos também neste tópico sobre o significado da luta dos filhos no ventre de Rebeca. Por último, falaremos sobre o favoritismo de Isaque e Rebeca por um dos filhos. 

No terceiro tópico falaremos sobre o problema da predileção por filhos na família. O casal Isaque e Rebeca tinha preferências por um dos filhos. Isaque amava a Esaú, que era o primogênito e, como habilidoso caçador, lhe fazia pratos saborosos. Rebeca, por sua vez, preferia Jacó e arquitetou um plano maquiavélico, para que Isaque desse a Jacó a bênção da primogenitura. Quando o casal não respeita a personalidade dos filhos, tratando-os com predileção, infelizmente, o resultado é o conflito entre os membros da família.


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 29-30.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 174.

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 29-30.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 174.

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01 abril 2023

AS CONSEQUÊNCIAS DE UMA DECISÃO PRECIPITADA


(Comentário do 3º tópico da Lição 01: Quando a família age por conta própria)

Ev. WELIANO PIRES


Neste terceiro e último tópico analisaremos as consequências de uma decisão precipitada, tomando como exemplo o caso de Abrão e Sarai. Em primeiro lugar, esta decisão precipitada deles de querer ajudar a Deus trouxe conflito e desarmonia ao lar, antes e depois do nascimento de Ismael. Depois falaremos da fraqueza de Abrão, que depois de tantas experiências com Deus, não teve discernimento e pulso firme para convencer a esposa a abandonar esta idéia estapafúrdia. Por último, falaremos das opiniões equivocadas de Sarai e Abrão, a respeito de Deus. Sarai, deixou o lugar de dependência e submissão à vontade de Deus. Abrão, por sua vez, não instruiu a sua esposa a confiar em Deus e esperar nEle, e também, por aceitar sem questionar, esta decisão que contrariava os propósitos de Deus.


1. O conflito na família de Abrão. Na cultura em que viviam Abrão e Sarai, não ter filhos era considerado uma maldição e uma vergonha para a mulher. Por outro lado, a mulher que tinha muitos filhos era considerada abençoada. Sendo assim, Sarai, já vivia amargurada por ser estéril. Os anos se passaram e ela não via a promessa de Deus de que o seu marido seria pai de uma grande nação, se cumprir. A decisão precipitada dela de entregar a sua escrava Agar para ao seu esposo para gerar um filho, tornou a situação ainda pior, pois a escrava depois que engravidou passou a sentir-se privilegiada, recebendo atenção especial de Abrão por causa da gravidez e desprezou a sua senhora.


A partir de então, Sarai enciumada, passou a afligir e maltratar a sua escrava. A palavra hebraica traduzida por “afligiu” é a mesma palavra usada para se referir à aflição de Israel no Egito, por causa da escravidão. Essa aflição não era apenas verbal, mas também emocional e física (Gn 16.5,6). Com esta aflição provocada por sua senhora, Agar fugiu de casa para o deserto. Mas, o Anjo do Senhor a encontrou, fez-lhe promessas a respeito da criança que iria nascer e orientou que ela voltasse e se humilhasse perante a sua senhora. Ela obedeceu e voltou para casa e o menino nasceu, quando Abrão tinha 86 anos de idade.


Treze anos depois, o Senhor apareceu a Abrão, identificando-se como “Deus Todo-poderoso” (heb. El Shadday) e reafirmou a promessa de que que ele teria um filho, mas deixou claro que seria também filho da sua esposa. Em seguida, mudou o seu nome de “Abrão” que significa “pai da altura”, para Abraão, que significa “pai de uma multidão”. Mudou também o nome de Sarai, que significa “dominante”, para Sara que significa “princesa”. O nome Isaque (riso), se deu porque ela riu da promessa de ser mãe aos 90 anos. Abraão continuou cético, riu em seu coração em relação a esta promessa e respondeu a Deus: “Quem dera, que viva Ismael diante da tua face!”. (Gn 17.8). Deus esclareceu que não estava falando de Ismael, mas de um filho que nasceria da sua esposa e se chamaria Isaque. Após o nascimento de Isaque, o filho da promessa, veio mais um conflito ao lar, por conta do filho da escrava, que agora zombava de Isaque. Por causa disso, Sara exigiu que Abraão expulsasse Agar e o seu filho de casa.


2. A fraqueza de Abrão. Em todo este episódio envolvendo o nascimento de Ismael, podemos notar não apenas os erros de Sara, conforme já falamos, mas também a fraqueza e passividade de Abrão diante de uma situação tão grave. Ora, ele era o líder da família e como já vimos no tópico anterior, naquela sociedade patriarcal, o pai de família tinha autoridade total sobre a sua família. As suas decisões tinham peso de uma lei. Foi a Abrão que o Senhor apareceu e foi a ele que Deus fez as promessas. Cabia a ele, portanto, instruir a sua esposa sobre como deveria proceder. Desde o momento em que a sua esposa veio com esta proposta, de imediato ele deveria rechaçar esta idéia e exortá-la a esperar em Deus. Depois, quando Sarai reclamou de Agar, ele simplesmente lavou as mãos e disse: “A tua serva está nas tuas mãos, procede segundo melhor te parecer.” (Gn 16.6). Isso não é atitude de um líder e muito menos de um homem de Deus. Não podemos ficar em cima do muro, diante de situações complexas da nossa e fazer de conta que não temos nada a ver. O problema teve início com Sarai, mas Abrão também concordou e permitiu aquela situação. Logo, ele também foi responsável por isso.


REFERÊNCIAS: 
CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 15-16.
LOPES, Hernandes Dias. Gênesis. O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 123.

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...