22 março 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: AVIVA, Ó SENHOR, A TUA OBRA


Ev. WELIANO PIRES

Com a graça de Deus chegamos ao final de mais um trimestre de estudos, em nossa Escola Bíblica Dominical. Estudamos sobre o avivamento espiritual. Vimos na primeira lição, o conceito de avivamento e as condições para que o avivamento aconteça. Nas lições seguintes vimos os exemplos de avivamento no Antigo e no Novo Testamento. Na sequência, falamos sobre os avivamentos ao longo da história da Igreja. Vimos também o avivamento na vida pessoal do crente, a relação entre o avivamento e a missão da Igreja. Na última lição estudamos o tema "Vivendo no Espírito", discorrendo sobre as obras da carne, o fruto do Espírito e o confronto entre estes dois estilos de vida. 


Esta última lição é uma conclusão dos assuntos estudados no trimestre. Tendo como base na oração do profeta Habacuque, estudaremos preciosas lições das palavras proferidas pelo profeta no capítulo 3 do seu livro. Depois de reclamar com Deus, porque Deus levantou a Babilônia, um povo ímpio para punir Israel pelo pecado, Habacuque ouviu a resposta de Deus no capítulo dois. No capítulo 3, ele inicia dizendo: Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi. Aviva a tua obra, ó Senhor…” (Hc 3.2). No final do capítulo, ele diz que, mesmo que falte tudo em sua vida, do ponto de vista material, ele esperará e se alegrará no Senhor (Hc 3.16-19). Isto nos ensina que todo avivamento genuíno envolve oração, Palavra de Deus, temor e confiança em Deus. 


No primeiro tópico falaremos sobre o clamor pelo avivamento. Veremos a intercessão angustiada do profeta Habacuque, que após ter uma visão sobre os horrores da invasão babilônica e diante da aparente indiferença de Deus, fez uma oração, questionando a Deus, perguntando até quando ele clamaria a não teria resposta. Veremos também a resposta imediata de Deus ao profeta. 


No segundo tópico falaremos sobre o avivamento pela Palavra, com base nas palavras de Habacuque diante da resposta de Deus ao seu clamor. Falaremos da importância de se ouvir a Palavra de Deus. Depois veremos o que significa temer a Deus. Por último, falaremos sobre a necessidade de clamar ao Senhor por avivamento. 


No terceiro e último tópico, veremos que o avivamento, é questão de vida ou morte. O profeta Habacuque sabia que o seu povo havia pecado e que o juízo seria inevitável, por isso apelou para a misericórdia de Deus. Deus é misericordioso e compassivo e bondoso. O profeta Jeremias, em suas lamentações disse que "as misericórdias do Senhor é a causa de não sermos consumidos". (Lm 3.22). Clamemos, pois a Deus pela sua misericórdia e por um avivamento em nossa geração. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. HABACUQUE: Como transformar o desespero em Cântico de vitória. Editora Hagnos. pág. 11-12.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 1119.

O AVIVAMENTO PELO FRUTO DO ESPÍRITO


(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 12: Vivendo no Espírito)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos sobre  o avivamento pelo Fruto do Espírito Santo. Veremos que o Fruto do Espírito Santo e os dons espirituais são características essenciais à vida cristã. Os dons espirituais não são para todos os crentes e são concedidos pelo Espírito Santo a quem Ele quer, para o que for útil. O Fruto do Espírito Santo, no entanto, é indispensável a todos os crentes. Por último, faremos uma breve exposição das nove virtudes do Fruto do Espírito que são inseparáveis e interdependentes. A conclusão que Paulo faz da exposição dessas virtudes é que não há Lei contra o Fruto do Espírito.


1- Fruto do Espírito. O fruto do Espírito, no singular, se opõe frontalmente às obras da carne, vimos no tópico anterior. Muitos não entendem porque o Fruto do Espírito aparece no singular, diferente dos dons que aparecem no plural e são diversos. Isto significa que, as virtudes do Fruto do Espírito são inseparáveis e interdependentes, ou seja, não é possível ter uma e não ter as outras, como acontece com os dons espirituais. Para facilitar o entendimento, os expositores bíblicos comparam o Fruto do Espírito  a uma fruta, como uma laranja, que tem vários gomos, mas é um só fruto. 

O fruto do Espírito Santo é o resultado de uma vida cristã sob a direção e o domínio do Espírito Santo. O amor encabeça esta lista de virtudes e resume as demais, pois não quem ama de verdade tem alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Estas virtudes são produzidas em nosso interior pelo Espírito Santo e estão relacionadas ao nosso caráter. Não podem ser criadas artificialmente ou simuladas. Ou a pessoa anda no Espírito e produz estas virtudes, ou anda segundo a sua própria natureza e produz as obras da carne.


2- Os nove aspectos do Fruto do Espírito (Gl 5.22). O Fruto do Espírito se divide em nove virtudes inseparáveis e interdependentes, como já falamos. O apóstolo Paulo citou estas nove virtudes, escrevendo aos Gálatas. O comentarista fez uma breve exposição de cada delas, citando inclusive, os respectivos termos gregos correspondentes:

a. Amor (gr. ágape). É a mais nobre das virtudes. Somente Deus é capaz de amar com este amor e é Ele que produz em nós este amor sacrificial, capaz de fazer o bem a quem não merece, sem esperar nada em troca. Este não é o amor phileo, que é o amor aos amigos. Também não é o amor storge, que é direcionado aos familiares; nem tampouco, o amor eros, que é a atração sexual. O amor ágape, que é fruto do Espírito Santo, é uma virtudes chamadas de teologais, junto com a fé e a esperança, pois é Deus quem as concede ao ser humano que anda com Ele. Este é o amor de 1 Coríntios 13, que está acima dos dons espirituais.

b. Alegria  (gr. chara). A alegria produzida pelo Espírito Santo no crente, não é a alegria comum, que está relacionada às circunstâncias favoráveis ou a momentos felizes. A alegria como fruto do Espírito transcende às circunstâncias e à própria vida. O crente que tem a alegria do Espírito, alegra-se no Senhor e na esperança que tem nEle (Rm 12.12; Fp 4.4). 

c. Paz (Gr. eirene). A paz que o Espírito Santo produz no crente não é simplesmente ausência de guerra. Não é a paz que o mundo oferece. É a paz com Deus, consigo mesmo e com o próximo, independente das circunstâncias. É a paz que excede a todo entendimento. Infelizmente, em muitos meios ditos evangélicos não há esta paz e as pessoas vivem em disputas pelo poder. 

d. Longanimidade (gr. makrothumia). Longanimidade pode ser dividida em duas palavras: longo e ânimo. Portanto significa manter em paz por muito tempo, mesmo sob ofensas. É a paciência para suportar afrontas e não revidar. 

e. Benignidade (gr. chrestotes). É a disposição para desejar e fazer o bem ao próximo, independente de quem seja. A pessoa benigna jamais faria mal a alguém mesmo que tenha motivos para isso. 

f. Bonda­de (gr. agathosune). É a prática de boas ações. Somente Deus é bom, portanto, só faz coisas boas quem tem Deus no coração, pois as coisas boas vem dele. Quem tem esta virtude do Espírito tem uma boa índole e só pratica o que é bom. 

g. fé / Fidelidade (gr. pistis). Fé neste contexto não se refere apenas à crença na existência de Deus. É a confiança inabalável em Deus, que leva o crente a ser fiel a Deus em todas as coisas, renunciando até a própria vida e praticando boas obras por amor a Deus. Sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). 

h. Mansidão (gr. prautes). É virtude de quem é brando, dócil, amável e manso nas reações. Jesus é o nosso maior exemplo de mansidão e disse para aprendermos com Ele a ser mansos. A mansidão é o oposto de um comportamento explosivo e descontrolado.

i. Temperança (gr. egkrateia). A palavra grega egkrateia traduzida por temperança, na versão Almeida Revista e Corrigida, é formada por dois vocábulos gregos eg (eu) e Kratos (domínio). Significa, portanto, domínio próprio, autocontrole, moderação e equilíbrio em todas as coisas.


3- Contra o Fruto do Espírito, não há lei. Paulo concluiu o seu ensino sobre o Fruto do Espírito dizendo: "contra estas coisas não há lei".  (Gl 5.23). A lei foi dada a Israel para mostrar o pecado e a incapacidade do ser humano de cumprir a Lei. A graça veio por Jesus Cristo, que concede ao ser humano o Espírito Santo, o qual produz nele estas virtudes e o capacitam a vencer a sua natureza pecaminosa. 

As virtudes do Espírito Santo não são condenadas pela Lei de Deus nem pelas leis dos homens. Estas virtudes cumprem a Lei de Deus mais do que sacrifícios, ordenanças e rituais. O apóstolo Paulo disse que o cumprimento da Lei é o amor: "Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." (Gl 5.14). 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1182.

WIERSBE. Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Novo Testamento. Vol. I. 1 Ed 2006. Editora Central Gospel. pág. 9

LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS: A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pág. 248.

21 março 2023

O CONFRONTO ENTRE A CARNE E O ESPÍRITO

(Comentário do 2⁰ tópico da lição 12: Vivendo no Espírito).

No segundo tópico, falaremos do confronto que há entre a carne e o Espírito. Esta é a maior luta que o crente enfrenta nesta vida. A carne é a natureza humana corrompida pelo pecado, que se inclina para a prática do pecado. Depois faremos uma breve exposição das obras da carne, descritas por Paulo em Gálatas 5.19-21.  


1- Carne x Espírito. Escrevendo aos crentes da Galácia,  o apóstolo Paulo disse: “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne; e estes opõem-se um ao outro; para que não façais o que quereis” (Gl 5.16-17). Para entendermos este texto bíblico, precisamos buscar o significado de três palavras chaves do texto: carne, Espírito (com "E" maiúsculo) e concupiscência. 

A palavra "carne" que aparece aqui, no grego é "sarx". Segundo o dicionário bíblico Wycliffe, esta palavra é usada em sentido figurado e refere-se à natureza carnal, ou a disposição no homem que é propensa a pecar e que é antagônica a Deus. A natureza humana foi corrompida pelo pecado e tem forte inclinação para o pecado. 

Espírito, por sua vez, é a tradução do grego "pneuma", que significa literalmente "sopro". Neste contexto de Gálatas 5 e em todas as vezes que aparece em nossa Bíblia com "E" maiúsculo, refere-se ao Espírito Santo. Quando recebemos a Jesus como Senhor e Salvador, o Espírito Santo nos é dado para habitar em nós e Ele se opõe frontalmente à natureza pecaminosa do homem (carne). 

A terceira palavra que devemos compreender para entender este texto é "concupiscência". A palavra grega traduzida por concupiscência é “epithymia”, que significa literalmente forte desejo por algo. É o contexto que determina o real significado, pois a palavra era usada em sentido positivo ou negativo. Por exemplo, o Senhor Jesus usou esta palavra em um sentido piedoso, quando se reuniu com os seus discípulos para a última ceia: “E disse-lhes: Desejei [epithymia] muito comer convosco esta páscoa, antes que padeça." (Lc 22.15). Entretanto no contexto de Gálatas 5, a palavra é usada em sentido negativo, para se referir aos desejos da natureza pecaminosa, por práticas ilícitas. 

O apóstolo Paulo explica que em nosso interior há um embate entre a velha natureza, corrompida pelo pecado, e o Espírito Santo, que é absolutamente Santo e se opõe à carne. A seguir veremos as obras da carne descritas por Paulo e, no terceiro tópico discorreremos sobre as virtudes que compõem o fruto do Espírito. 


2- As obras da carne. Conforme mencionado acima, a carne, no contexto de Gálatas 5, não se refere aos órgãos e tecidos do corpo humano e sim, à natureza humana decaída, com forte inclinação ao pecado.  O apóstolo Paulo enumera uma lista de dezesseis obras da carne, mas deixa claro que esta lista não é exaustiva, quando diz "...e coisas semelhantes a estas". Estas obras de dividem em três categorias:

a. Pecados contra o próprio corpo: 

1. Prostituição. (Gr. porneia). Em sentido genérico, refere-se a qualquer tipo de imoralidade sexual, incluindo pornografia, homossexualismo, relacionamento sexual entre solteiros, etc. O adultério, que é o relacionamento sexual entre uma pessoa casada e outra que não é o seu cônjuge, no grego é moichéia, embora em alguns texto em português ambos são traduzidos como prostituição. 

2. Impureza. (Gr. Akatharsia). Refere-se aos desejos sexuais e pensamentos por pessoas que não sejam o seu cônjuge. Jesus disse que aquele que alimentar esse tipo de pensamento já cometeu adultério em seu coração (Mt 5.28). 

3. Lascívia (Gr. Aselgeia). Refere-se à sensualidade despudorada, para atrair o desejo sexual de outras pessoas. Por exemplo, exibir o próprio corpo, usando roupas minúsculas. Isso alimenta o pecado da impureza. Portanto, pecam aqueles que mostram o corpo e os que olham e desejam. 

4. Bebedices (Gr. methe). Descontrole físico e mental oriundo do consumo de substâncias inebriantes.

5. Glutonaria (Gr. Komos). Descontrole total em relação aos alimentos, bebidas, sexo, festas e diversões.

b. Pecados contra a religião:

1. Idolatria (Gr. Eidolatria). Vem da junção de dois termos gregos: eidolos (ídolos) e latreuo (adoração). Portanto, é a adoração a qualquer pessoa, espírito, instituição, pessoas ou objeto em lugar de Deus. 

2. Feitiçarias (Gr. Pharmakeia). Refere-se a todo tipo de espiritismo: magia negra, necromancia, invocação aos espíritos e uso de drogas na prática de feitiçarias.

c. Pecados contra o próximo.

1. Porfias (Gr. Eris). Brigas de disputas por posições superiores. 

2. Emulações (Gr. Zelos). Refere-se ao ressentimento e amargura pela prosperidade dos outros. 

3. Iras (Gr thumos). Explosão de fúria que resulta em palavras e atos violentos contra o próximo. Esta palavra deu origem à palavra portuguesa tumor.

4. Pelejas (Gr. Eriteia). Disputa ambiciosa pelo poder. 

5. Dissensões (Gr. Dichostasia). Ensinos exclusisvistas, sem nenhum respaldo bíblico. 

6. Heresias (Gr. Hairesis). Formação de grupos dentro da congregação, que destroem a unidade da congregação. 

7. Homicídios (Gr. Phonos). Assassinato doloso, por pura maldade. Jesus comparou o ódio aos irmãos com o assassinato. O apóstolo João também disse que aquele que odeia o seu irmão é assassino (1 Jo 3.15).


Estas e outras obras originam-se na natureza humana decaída e distante de Deus. No final, apóstolo Paulo diz que aqueles que praticam estas coisas não herdarão o Reino de Deus. Muitos crentes, equivocadamente, tentam repreender o demônio das pessoas que praticam estas coisas. Mas, embora o inimigo use estas coisas para escravizar as pessoas no pecado e afastá-las de Deus, estas pessoas não estão possessão por demônios. O que elas precisam fazer é buscar a Deus e andar segundo a direção do Espírito Santo. Somente assim, poderão vencer a carne e as suas concupiscências.


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1180-1182.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 295-296.

17 março 2023

A VIDA NO ESPÍRITO


(Comentário do 1⁰ tópico da lição 12: Vivendo no Espírito).

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos sobre a vida no Espírito. Discorreremos sobre o significado bíblico da expressão andar no Espírito. Depois, falaremos sobre as razões pelas quais o crente deve andar no Espírito. Por último, veremos como e o que é preciso, para andar no Espírito.

1- Andando em Espírito. A palavra andar é usada em sentido figurado em vários textos, para se referir ao estilo de vida que as pessoas adotam, seja para andar de com Deus, ou na prática do pecado  No Livro do Gênesis, após a queda do homem, o primeiro homem a andar com Deus foi Enoque. Após os sessenta e cinco anos dele, a Bíblia que Enoque andou com Deus por trezentos anos e Deus o tomou para Sl. (Gn 5.22). 

Antes de Enoque temos os relatos sobre os antepassados dele, que viveram vários anos e morreram. Quando chegam em Enoque, o sétimo depois de Adão, o texto diz que ele andou com Deus por trezentos anos e não diz que ele morreu, mas que Deus o tomou (Gn 5.24). No Novo Testamento temos a informação de que ele foi trasladado para não ver a morte (Hb 11.5). 

Ainda no Gênesis temos o exemplo de Noé, outro homem que andou com Deus, vivendo em uma sociedade ímpia e corrompida: "Noé era homem justo e perfeito em suas gerações; Noé andava com Deus". (Gn 6:9). Como podemos notar neste texto, andar com Deus é sinônimo de justiça e integridade. 

Nos Salmos também temos várias referências à "andar", em sentido figurado para se referir ao estilo de vida de alguém: "...o homem que não anda segundo o conselho do ímpios" (Sl 1.1); "...o homem que tem ao Senhor e anda nos seus caminhos" (Sl 128.1). "... o que anda num caminho reto" (Sl 101.6). 

No Novo Testamento, o apóstolo Paulo usa a palavra "andar" para se referir a um estilo de vida de acordo com a vontade do Espírito Santo e totalmente controlado por Ele: (Ef 2.10; 5.2, 8; Cl 2.6; 1Ts 2.12; 4.1). Em todas estas referências, na versão Nova Almeida Atualizada aparece a palavra viver e seus respectivos derivados.


2- Por que andar em Espírito? A vida espiritual é comparada a uma corrida, que exige muito treinamento, renúncia, esforço e disciplina. Após a conversão, há uma luta constante entre a velha natureza carnal, corrompida pelo pecado, e a nova natureza regenerada pelo Espírito Santo. O apóstolo Paulo recomendou aos crentes da Galácia: "Andai em Espírito e não cumprireis as concupiscências da carne". (Gl 5.16). Quem vencerá esta batalha? Aquele a quem o ser humano alimentar mais. 

O padrão moral de Deus é altíssimo, pois Ele é absolutamente santo e não pode conviver com o pecado. Por si mesmo, nenhum ser humano conseguiria atingi-lo. Por outro lado, a natureza humana decaída tem a tendência natural de praticar o pecado. O viver no Espírito é o único antídoto capaz de mortificar a carne com as suas concupiscências (Forte anelo por prazeres carnais e materiais). 


3- Como andar em Espírito? Vimos acima o que é andar no Espírito e as razões pelas quais o crente deve andar no Espírito. Agora veremos como andar no Espírito. O que é necessário o crente fazer para andar no Espírito? A primeira coisa que devemos fazer é crer em Jesus e recebê-lo como Senhor e Salvador. Sem isso, é impossível andar no Espírito. Quando o Senhor Jesus prometeu aos seus discípulos que lhes enviaria o Espírito Santo, Ele disse: "...O Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber". (Jo 14.17). Então, para andar no Espírito é preciso ter o Espírito Santo habitando em nós e só quem pode conceder isso é Jesus Cristo, o Filho de Deus. 

Em segundo lugar, é preciso dar ouvidos à voz do Espírito Santo e ser guiado por Ele. Paulo, escrevendo aos Romanos disse: "...todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus." (8.14). Há muitas pessoas equivocadas, que querem seguir os seus próprios sentimentos e intuições. Mas a Bíblia diz que "enganoso é o coração humano." (Jr 17.9). Quem segue o pensamento humano, segue a natureza carnal, acaba praticando as obras da carne e não herdará o Reino de Deus. Mas aquele que é guiado pelo Espírito Santo, anda em novidade de vida e vence a inclinação natural que tem para as coisas da carne.

Em terceiro lugar, para andar no Espírito, precisamos buscar ser cheios do Espírito. Paulo escrevendo aos Efésios disse: "Não vos embriagueis com vinho em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito". (Ef 5.18). Em outros textos, eles diz: "...Revesti-vos do Senhor e da força do seu poder". Nestes dois textos o apóstolo coloca sobre o crente a responsabilidade de se manter cheio do Espírito Santo. Isso significa que é preciso estar sempre em contato com Deus através da oração e meditação na Palavra de Deus para se manter cheio do Espírito e viver segundo na sua orientação. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1180.

LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS: A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pág. 238-240.

13 março 2023

Introdução à Lição 12: Vivendo no Espírito


Ev. WELIANO PIRES


Nesta penúltima lição, falaremos sobre dois estilos de vida que são antagônicos e que combatem um contra o outro: O Fruto do Espírito e as obras da carne. Mesmo tendo recebido a Cristo como Senhor e Salvador e, portanto, tendo o Espírito Santo morando em nós, ainda temos a velha natureza, sujeita ao pecado, que precisa ser mortificada diariamente. 

Paulo escrevendo aos Gálatas disse: “Andai em Espírito e não cumprireis as concupiscências da carne”. (Gl 5.16). Na sequência desse texto, ele faz uma lista de pecados, que ele chama de obras da carne, e alerta que aqueles que os praticarem, não herdarão o Reino de Deus. Por último, o apóstolo cita nove virtudes que formam o Fruto do Espírito Santo. São nove virtudes e não são nove frutos, pois elas são inseparáveis. Não é possível alguém andar no Espírito, ter uma ou mais destas virtudes e outras não.

No primeiro tópico, falaremos sobre a vida no Espírito. Discorreremos sobre o significado bíblico da expressão andar no Espírito. Depois, falaremos sobre as razões pelas quais, o crente deve andar no Espírito. Por último, veremos como e o que é preciso, para andar no Espírito 

No segundo tópico, falaremos do confronto que há entre a carne e o Espírito. Esta é a maior luta que o crente enfrenta nesta vida. A carne é a natureza humana corrompida pelo pecado, que se inclina para a prática do pecado. Depois faremos uma breve exposição das obras da carne, descritas por Paulo em Gálatas 5.19-21.  

No terceiro tópico, falaremos sobre  o avivamento pelo Fruto do Espírito Santo. Veremos que o Fruto do Espírito Santo e os dons espirituais são características essenciais à vida cristã. Os dons espirituais não são para todos os crentes e são concedidos pelo Espírito Santo a quem Ele quer, para o que for útil. O Fruto do Espírito, no entanto, é indispensável a todos os crentes. Por último, faremos uma breve exposição das nove virtudes do Fruto do Espírito que são inseparáveis e interdependentes. A conclusão que Paulo faz da exposição dessas virtudes é que não há Lei contra o Fruto do Espírito.


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

STAMPS. Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

PFEIFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody: Gálatas. Editora Batista Regular. pág. 32.

09 março 2023

O AVIVAMENTO E AS MISSÕES TRANSCULTURAIS


(Comentário do 3º tópico da Lição 11: O avivamento e a missão da Igreja)

No terceiro e último tópico falaremos do avivamento nas missões transculturais. A última parte da ordem de Jesus fala das missões até aos confins da terra. É o que hoje conhecemos como missões transculturais. Nos primeiros anos da Igreja Primitiva, os discípulos pregavam o Evangelho apenas aos Judeus. Após a grande perseguição que se deu após o apedrejamento de Estêvão, eles foram obrigados a sair de Jerusalém e se espalharam por várias regiões. Mas onde chegavam anunciavam o Evangelho. 

A evangelização chegou à cidade de Antioquia da Síria e lá, em um culto de oração e jejum, o Espírito Santo chamou Barnabé e Saulo para a missão transcultural. Antioquia, então, se tornou a primeira igreja a fazer missões. Falaremos ainda neste tópico sobre a evangelização da Europa, que teve início com o apóstolo Paulo. Depois veremos que este continente que foi responsável por enviar missionários para vários países do mundo, entrou em decadência espiritual e hoje é considerado um continente pós-cristão. Precisamos clamar a Deus por um avivamento espiritual, que venha despertar a Igreja em todo o mundo para levar o Evangelho aos perdidos. 


1- Primeira igreja missionária. Há duas cidades mencionadas na Bíblia com o nome de Antioquia: Antioquia da Síria e Antioquia da Pisídia. Além disso, há outras cidades com este nome no mundo greco-romano, que não foram mencionadas na Bíblia. Estas cidades chamadas de Antioquia foram construídas pelo general Seleuco Nicátor, filho de Antíoco e fundador do reino dos Selêucidas na Síria. 


A cidade de Antioquia, que se tornou a base missionária de Barnabé e Saulo, é Antioquia da Síria. Nos tempos do Novo Testamento, Antioquia da Síria era uma das maiores cidades do Império Romano, com uma população de aproximadamente quinhentos mil habitantes. Bem estruturada e com belas construções, ficou conhecida como “a bela e dourada”. Tinha também uma localização privilegiada, que lhe rendeu o apelido de "rainha do Oriente”. 

O Evangelho chegou a Antioquia na ocasião da grande perseguição contra a Igreja de Jerusalém, que se deu após a morte de Estêvão. Alguns cristãos foram dispersos por vários lugares e anunciavam o Evangelho por onde passavam. Alguns deles passaram pela Fenícia, Chipre e Antioquia da Síria e anunciavam o Evangelho, somente aos judeus (At 11.19-21). Mas alguns homens chíprios e de Cirene, anunciaram o Evangelho também aos gentios (At 11.20). A mão do Senhor era com eles e um grande número de pessoas se converteram em Antioquia. 

Esta notícia chegou à Igreja de Jerusalém e Barnabé, que era natural de Chipre, foi enviado a Antioquia. Chegando lá, Barnabé viu o crescimento do Evangelho na cidade e exortou os novos convertidos para que permanecessem na fé. Em seguida, partiu para Tarso, em busca de Saulo. Durante um ano, Barnabé e Saulo ensinaram a palavra de Deus nesta Igreja e ela se tornou uma Igreja rica em líderes, com vários profetas e doutores. Em uma reunião de oração e jejum, o Espírito Santo mandou que a Igreja separasse Barnabé e Saulo para a obra missionária. A partir daí. Antioquia tornou-se, então, a primeira Igreja a fazer missões transculturais, ou seja, em outras culturas totalmente diferentes da cultura dos missionários.

A Igreja de Antioquia já era uma Igreja fervorosa e bem estruturada. Tinham o hábito de orar e jejuar e possuía em seu corpo de obreiros, ensinadores de excelência, como Barnabé e Saulo. Esta Igreja fazia missões locais em seu próprio reduto e muitas pessoas se converteram lá. Havia também o discipulado e o ensino da Palavra de Deus. Mas, o Espírito Santo chamou dois obreiros desta Igreja, Barnabé e Saulo, para levar a mensagem do Evangelho aos confins da terra: “Na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé, e Simeão, chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes, o tetrarca, e Saulo. E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.” (At 13.1-3). 

Aprendemos com a Igreja de Antioquia que uma Igreja não pode continuar trabalhando somente em seu próprio campo, por mais eficiente que seja o trabalho que está fazendo. Antioquia era uma Igreja espiritual, que tinha comunhão com Deus. Com esta Igreja aprendemos também que a Igreja deve ser dirigida pelo Espírito Santo, inclusive na ordenação de obreiros e envio de missionários. Barnabé e Saulo já eram obreiros ali e, certamente, já sabiam que Deus os havia chamado para a missão. Mas aguardaram as orientações do Senhor. Depois que o Espírito Santo mandou que a Igreja os enviasse, eles fizeram a primeira viagem missionária pelo mundo. 


2- Evangelização e decadência espiritual da Europa. Na segunda viagem de Paulo, aconteceu uma divergência entre Paulo e Barnabé, por causa de João Marcos. Barnabé, que era primo dele, queria levá-lo consigo, mas Paulo discordou, porque ele havia abandonado a equipe na primeira viagem. Por causa disso, a equipe se dividiu. Barnabé navegou para Chipre com João Marcos e Paulo partiu com Silas, da Síria e Cilícia. Paulo e Silas iniciaram esta viagem missionária, visitando as cidades onde Paulo já havia pregado, até que chegou ao porto de Trôade. Ali, Paulo teve uma visão, na qual lhe apareceu um homem da Macedônia, que lhe rogava dizendo: 

- Passa à Macedônia e ajuda-nos!

Paulo, então, concluiu que o Senhor os chamava para anunciar o Evangelho naquela região. De Trôade, a equipe navegou em direção a Filipos, que era uma colônia romana e a primeira cidade da Europa, para quem vinha da Ásia. Ali, havia uma comerciante chamada Lídia, que temia a Deus e se converteu ao Evangelho com a pregação de Paulo. Após o batismo nas águas, Lídia ofereceu a sua casa como um ponto de pregação e ali teve início a Igreja de Filipos e o Cristianismo entrou na Europa.

O Cristianismo na Europa passou por vários períodos. Primeiro, a perseguição cruel do Império Romano, por cerca de duzentos anos, praticando as piores atrocidades contra os cristãos. Depois, com a conversão do imperador Constantino, teve fim a perseguição aos cristãos, com o édito de Milão em 313 d.C. e, em 390.d.C., Cristianismo foi declarado a religião oficial do império. 

Constantino também restituiu várias propriedades dos cristãos que haviam sido confiscadas e passou a oferecer benesses aos cristãos. Isso acabou atraindo para o Cristianismo, pessoas que não eram convertidas de verdade, as quais trouxeram práticas e doutrinas de outras religiões para dentro da Igreja. Esta mistura entre Igreja e estado trouxe muitos problemas, afastando a Igreja cada vez mais da Bíblia. Entretanto sempre houve os remanescentes fiéis. 

Somente no século XVI, com a Reforma Protestante, muitos cristãos retornaram aos princípios bíblicos, liderados por Martinho Lutero, João Calvino, Ulrico Zwinglio e outros. Antes deles houve também os precursores da Reforma Protestante como  Pedro Valdo, John Tauler, John Wycliffe, John Huss, Jerônimo Savonarola e outros, que se levantaram contra as heresias e desmandos do clero católico. Por isso, foram excomungados, presos e mortos pela Inquisição católica. 

A Reforma Protestante, conforme vimos em lições anteriores, deu bastante ênfase ao retorno às Escrituras e combateu muito a ideia de salvação pelas obras, compra de bençãos divinas e mediadores entre Deus e os homens, além de Jesus. Entretanto, não se aprofundou na Doutrina do Espírito Santo. Isso acabou levando muitas Igrejas ao formalismo, ao comodismo e à teologia liberal. Deixaram o primeiro amor,  pararam os cultos domésticos, deixaram de evangelizar e se entregaram à secularização. 

O resultado disso foi trágico! O materialismo e o ateísmo tomou conta das universidades e as novas gerações foram abandonando a fé cristã. Deus orientou Moisés, para alertar o povo a ensinar a Palavra de Deus aos filhos, quando estivessem na mesa com eles, andando pelo caminho e ao deitar e levantar. (Dt 11.18-21). Está orientação divina não pode ser negligenciada, pois se os pais não passarem para as próximas gerações a Palavra de Deus, os jovens não irão conhecer a Deus e se desviarão completamente. Não podemos deixar a educação dos nossos filhos a cargo da escola, da televisão e da internet. Eles precisam aprender desde cedo a amar a Deus e ter um relacionamento pessoal com Ele. Se isto acontecer, as ideologias malignas não conseguirão espaço em seus corações. 


3- Clamor pelo avivamento espiritual. É urgente clamarmos por um reavivamento espiritual na Europa e Estados Unidos, que no passado foram celeiros de muitos missionários e fizeram muitas missões transculturais, inclusive no Brasil. Nós somos frutos das missões transculturais iniciadas por dois corajosos e abnegados missionários suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren. Estes dois homens de Deus, foram revestidos de poder e deixaram os Estados Unidos, onde viviam, obedeceram à voz do Espírito Santo e vieram ao Brasil pregar o Evangelho, conforme estudamos na Lição 9.

Depois deles, outros missionários suecos e americanos, como Samuel Nystron, Frida Strandberg (que depois casou-se com Gunnar Vingren), Joel Carlson, Otto Nelson, Nils Kastberg, Eurico Bergstén, Orlando Boyer, Bernhard Johnson, John Kolenda Lemos e muitos outros,  também desembarcaram em terras brasileiras para dar apoio evangelístico e doutrinário a esta missão transcultural no Brasil. 

Hoje, precisamos nos voltar para os países de origem deles, clamando a Deus por um avivamento, contribuindo com as missões nestes países e, se for o caso, atender a chamada do Mestre para ir ao campo missionário. Oremos como Habacuque: “Ouvi, Senhor, a tua palavra e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia” (Hc 3.2). Estudaremos mais sobre este assunto na última lição deste trimestre, cujo tema é: Aviva, ó Senhor, a tua obra. 


REFERÊNCIAS: 


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 674; 680.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: ATOS A APOCALIPSE. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 133-134.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. III. Editora Central Gospel. pág. 220-221.

VAILATTI, Carlos Augusto. Habacuque: Introdução, Tradução e Comentário. Editora Reflexão, Ed. 2020. pág. 233-238.


AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...