22 março 2022

A BÍBLIA É O LIVRO TEXTO DA ESCOLA DOMINICAL - Parte 2


Parte 2: O currículo adotado

A palavra currículo vem do vocábulo latino "curriculum", que significa "pista de corrida". "Curriculum" era uma trilha com orientações para os corredores até chegarem ao seu objetivo final. A palavra passou a ser usada na educação, em sentido figurado, pois se refere à trajetória a ser percorrida pelo educando durante os seus estudos.


Em todo sistema educacional há um currículo a ser ensinado. O professor não pode chegar na sala de aula e ensinar aquilo que tiver vontade, embora alguns atualmente queiram fazer isso, fazendo política partidária e militância anti-cristã. Há um currículo elaborado previamente, que deve ser ensinado pelo professor aos seus alunos. 


Com a Escola Dominical não é diferente. Temos o nosso livro texto que é a Bíblia Sagrada e temos as revistas para todas as faixas etárias, que formam o currículo para os alunos da Escola Dominical. Todo o currículo produzido pela Casa Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD) é submetido à Consultoria doutrinária e teológica da casa, que hoje está sob a liderança do Pr. Elienai Cabral, e ao Conselho de Doutrina da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB), para avaliar se está de acordo com a ortodoxia bíblica. 


O saudoso pastor Antonio Gilberto estabelece as seguintes considerações sobre o currículo da Escola Dominical:

(1) Deve abranger os principais assuntos bíblicos necessários ao conhecimento e à experiência do crente; 

(2) Deve ser devidamente dosado, visando ao desenvolvimento de uma vida cristã ideal e uma personalidade cristã que em tudo honre a Cristo, perante a Igreja e o mundo; 

(3) Deve ser um currículo graduado, mas também, ao mesmo tempo inter-relacionado, por ser a vida cristã um todo indivisível.


Embora seja semelhante aos currículos das escolas seculares, o currículo da Escola Dominical tem algumas diferenças. Segundo o Pr. Claudionor de Andrade, o currículo da Escola Dominical precisa ser bíblico (ter a Bíblia como livro texto), evangélico (apresentar Jesus como o único Salvador, através do seu sacrifício na Cruz), profético (Proclamar contra o pecado e conduzir as pessoas a Deus) e devocional (levar o aluno à comunhão com Deus). Nenhum pensamento filosófico, científico, ou mesmo teológico pode estar acima ou no mesmo nível da Palavra de Deus em um currículo evangélico. 


A CPAD, de fato, produz um currículo bíblico, evangélico, profético e devocional, conforme vimos no ponto anterior. Entretanto, na minha opinião como professor da Escola Dominical há 21 anos, formado no magistério, a divisão de classes levando em conta apenas a faixa etária não é a mais adequada. Neste modelo podemos ter pessoas na classe de adultos, que têm graus de instrução e teológico absurdamente distantes.


Da mesma forma, nas classes de jovens, juvenis, adolescentes e juniores, podemos ter também jovens e adolescentes na mesma sala, talvez com com o mesmo grau de instrução secular, porém com experiências na fé muito distantes. Um jovem filho de crentes, nascido e criado na Igreja, é muito diferente de um jovem, cujos pais não servem a Deus, que não teve nenhuma convivência na Igreja, chegou há menos de um ano e não conhece nada da Bíblia. 


Outro problema que eu vejo no currículo é que não há uma formação continuada e avaliações periódicas. Isso acontece apenas nas classes de discipulado, primários, juniores e adolescentes. Nas classes de juvenis, jovens e adultos, não há uma continuidade de estudos de acordo com o tempo de permanência do aluno. Recentemente, eu publiquei aqui uma análise sobre os currículos e metodologia de ensino da Escola Dominical em nossas Igrejas. Evidentemente, não é uma análise técnica pois, não sou especialista no assunto. É apenas o meu ponto de vista como professor, baseado na minha experiência e observação.


REFERÊNCIAS: 

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

CETADEB – Centro Educacional Teológico das Assembleias de Deus no Brasil. pág. 13-15.

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Pb. Weliano Pires


A BÍBLIA É O LIVRO TEXTO DA ESCOLA DOMINICAL - Parte 1


A Educação formal e o surgimento da Escola Dominical 


A Educação formal


A educação formal e metódica como a conhecemos hoje é algo recente. Na antiguidade, os pais ensinavam oralmente, os seus valores aos filhos e o índice de analfabetismo era altíssimo. O povo de Israel recebeu de Deus a incumbência de ensinar aos seus filhos a Lei de Senhor e contar-lhes aquilo que Deus fez, libertando-os da escravidão para a terra prometida.

Para se ter uma ideia, até o século XVII a educação em geral ficava restrita aos círculos familiares e religiosos e não a cargo do estado. Não havia escolas e poucas pessoas tinham acesso aos estudos. No Brasil, somente em 1549,  o padre Manoel da Nóbrega iniciou a educação formal para ensinar a religião católica aos índios e ensinava a ler e escrever. Em 1759, o Marquês do Pombal expulsou os jesuítas do país e a educação, então, tornou-se estatal. Entretanto não havia professores qualificados. Pessoas que tinham um pouco de instrução eram admitidas como professores. 


O surgimento da Escola Dominical


Neste contexto da ausência de escolas públicas e um índice altíssimo de analfabetismo, foi que surgiu a Escola Dominical, em 20 de julho de 1780 na cidade de Gloucester, na Inglaterra. O jornalista Robert Raikes. Nessa época, as crianças trabalhavam 12 horas por dia nas fábricas e o único dia livre era o domingo. Raikes ficou incomodado ao ver o comportamento agressivo daquelas crianças nas ruas e decidiu criar uma escola que funcionasse aos domingos, para ensinar àquelas crianças os princípios cristãos, morais e cívicos. O trabalho deu grandes resultados e em pouco tempo havia sete escolas com trinta alunos em média. Após doze anos não havia mais nenhum criminoso para ser julgado naquela cidade.  


A Escola Dominical no Brasil e na Assembléia de Deus


No Brasil a Escola Bíblica Dominical surgiu em 1855, em Petrópolis (RJ), com o casal de missionários escoceses, Robert e Sarah Kalley, que ao chegarem ao Brasil instalaram uma escola para ensinar a Palavra de Deus às crianças da região. Na Assembleia de Deus, no ano de 1911, dois meses após a fundação da denominação em Belém-PA, foi realizada a primeira Escola Bíblica Dominical, na casa do irmão José Batista de Carvalho. Somente em 1930 é que foi lançada a primeira revista de Lições Bíblicas para adultos, com comentários dos missionários Samuel Nystron e Nils Kastberg, bem antes da fundação da CPAD. Depois, no ano de 1943 foi lançada a primeira revista para crianças. 


A contribuição do Pr. Antonio Gilberto à Escola Dominical


Não há dúvidas de que o grande idealizador, modernizador e motivador da Escola Dominical nas Assembléias de Deus no Brasil foi o saudoso pastor e educador Antônio Gilberto da Silva. No ano de 1974, ele criou na CPAD o Departamento de Escola Dominical, que depois passou a se chamar Setor de Educação Cristã. Foi ele o criador do CAPED (Curso de Aperfeiçoamento de Professores da Escola Dominical) e do primeiro Plano de Revistas da Escola Dominical para Assembléias de Deus, que elaborou revistas exclusivas para cada faixa etária. Escreveu também o best seller Manual da Escola Dominical, que é uma referência para professores e superintendentes da Escola Dominical. 


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Pb. Weliano Pires


21 março 2022

LIÇÕES BÍBLICAS / ADULTOS: RESUMO DO 1⁰ TRIMESTRE DE 2022


Pb. Weliano Pires

Graças a Deus, chegamos  ao final de mais trimestre de estudos em nossa Escola Bíblica Dominical. O tema do nosso estudo foi: A Supremacia das Escrituras: a Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus. Tivemos treze lições sobre a Bíblia Sagrada, a inerrante, infalível, inspirada e eterna Palavra de Deus. 


Na atualidade, muitos crentes desconhecem a história, formação, estrutura,  canonicidade, inspiração, inerrância e outras verdades a respeito do Livro Sagrado e, portanto, são incapazes de defender a supremacia das Escrituras Sagradas, nos tempos pós-modernos, onde tudo é questionado e relativizado. 


A teologia liberal tem encontrado terreno fértil principalmente na internet, ensinando que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas apenas contém a Palavra de Deus e que precisa ser atualizada, para se adaptar aos tempos modernos. 


Segue abaixo, um pequeno resumo de cada uma das lições estudadas neste trimestre:


Lição 1 - A Autoridade da Bíblia


Na primeira lição falamos sobre a autoridade da Bíblia, como nosso único manual de fé e prática. A Bíblia não é um livro humano. Ela tem origem em Deus. Falamos nesta lição sobre as revelações de Deus na história, no universo e na humanidade e, de modo especial, por meio de Cristo e das Escrituras. Vimos ainda nesta lição, a autenticidade da Bíblia. A Bíblia Sagrada autentica-se a si mesma e a sua veracidade é confirmada por fontes e registros históricos. 

Por último, falamos sobre a mensagem da Bíblia. A Palavra de Deus é poderosa e é autoridade infalível em matéria de fé e prática. O seu alvo principal é levar-nos à redenção em Jesus Cristo.


Lição 2 - A Inspiração Divina da Bíblia


Nesta lição, falamos sobre a doutrina da inspiração da Bíblia, que é divina, verbal e plenária. O que diferencia a Bíblia de todos os demais livros do mundo é a sua inspiração divina. Falamos também sobre a relação entre a inspiração divina e os escritores da Bíblia. Eles eram pessoas de culturas e épocas diferentes, que escreveram inspirados pelo Espírito Santo. As limitações humanas, o uso de diferentes gêneros literários e o emprego de linguagem comum não anulam a inspiração divina dos escritores da Bíblia. Por último falamos sobre a ação do Espírito Santo na inspiração da Bíblia no Velho e no Novo Testamento e também na regeneração e iluminação do pecador que lê a Palavra de Deus. A própria Bíblia reivindica a inspiração do Espírito Santo em todas as palavras das Escrituras. 


Lição 3 - A Inerrância da Bíblia


Falamos nesta lição, sobre  inerrância e infalibilidade das Escrituras. A Bíblia é totalmente inspirada por Deus e, portanto, está isenta de qualquer erro.  Falamos também sobre a ação do Espírito Santo na preservação do texto sagrado. O Espírito Santo manteve a revelação divina incorruptível, bem como a exatidão das palavras originalmente inspiradas por Deus. Por último, falamos sobre a Verdade nas Escrituras. Deus é a verdade e a sua Palavra é a extensão dessa verdade. Tudo o que a Bíblia ensina tanto na teologia, história ou ciência é a verdade, pois ela é a Palavra de Deus e Deus não mente. 


Lição 4 - A Estrutura da Bíblia


Nesta lição, vimos como a Bíblia está organizada, a classificação dos seus livros, a canonicidade e as particularidades dos dois Testamentos. A Bíblia está dividida em dois testa­mentos, divinamente inspirados, chamados de Antigo e Novo Testamento. O Antigo Testamento é formado por 39 livros. Na nossa versão em português, seguindo a ordem da versão grega Septuaginta (LXX), estão classificados assim: Lei, história, poesia e profecia. O Novo Testamento, por sua vez, é formado por 27 livros, que são classificados como: Evangelhos, história, epístolas e revelação. 


Lição 5 - Como ler as Escrituras


Não basta ler a Bíblia é preciso saber interpretá-la e entendê-la. As Escrituras Sagradas precisam ser interpretadas para que todos conheçam o verdadeiro significado da mensagem. Falamos nesta lição sobre os pressupostos pentecostais para ler e interpretar as Escrituras. A Bíblia é a autoridade final, o Espírito Santo nos auxilia na sua compreensão e a experiência confirma as verdades bíblicas. Por último, falamos sobre as regras básicas para a interpretação bíblica. A Bíblia interpreta-se a si mesma. Assim sendo, o uso da hermenêutica e a iluminação do Espírito nos auxiliam na correta interpretação dos textos bíblicos.


Lição 6 - A Bíblia como um guia para a vida


Nesta lição, vimos que a Escritura é um alicerce constituído de sabedoria e prudência para a vida do crente. A nossa vida está alicerçada na imutável Palavra de Deus, que é lâmpada para os nossos pés e luz para o nosso caminho (Sl 119.105). Vimos também que a Bíblia nos torna sábios. Deus é a fonte de toda sabedoria. Por isso, o temor do Senhor é o princípio de toda a sabedoria (Pv 1.7). Logo, meditar e aplicar a Bíblia em nossa vida nos torna pessoas sábias. Por último, vimos que a Bíblia nos ensina a viver com prudentemente. A prudência é a sabedoria na prática. Ela nos leva a agir corretamente e sem precipitações, segundo a vontade de Deus. 


Lição 7 - A Bíblia transforma as pessoas


Nesta lição, vimos que a Bíblia é viva e eficaz. A Palavra de Deus transpassa o interior do ser humano, como uma espada de dois gumes. Vimos também que a Bíblia anula os conselhos do mundo e nos capacita a viver em humildade diante de Deus. A Palavra de Deus é viva, eficaz e apta para discernir o interior do ser humano (Hb 4.12). As nossas armas são poderosas em Deus para derrubar as fortalezas do Diabo, os falsos argumentos e toda a altivez humana. Vimos por último, que a Bíblia nos ensina a viver em humildade. Deus resiste aos soberbos e concede verdadeira sabedoria aos humildes que são transformados pela sua Palavra.


Lição 8 - A Lei e os Evangelhos revelam Jesus


Nesta lição estudamos sobre a relação entre o Pentateuco e a Mensagem de Cristo. A Lei aponta para o plano da redenção em Cristo. Pelos méritos da cruz de Cristo, nós fomos resgatados da maldição da Lei. Falamos também do Evangelho relatado pelos quatro evangelistas, como as Boas-Novas que proclamam o Reino de Deus e a mensagem de salvação em Jesus Cristo. Por último, falamos sobre a mensagem transformadora do Evangelho. A observância dos preceitos da Lei não salva ninguém. Entretanto, por meio da ação do Espírito, a obediência ao Evangelho muda as vidas.


Lição 9 - As histórias e as poesias falam ao coração


Nesta lição, apresentamos uma visão panorâmica dos livros históricos e poéticos da Bíblia. As histórias presentes na Bíblia são verdadeiras e dão testemunho da fidelidade e misericórdia divinas. Fizemos também uma descrição dos livros poéticos da Bíblia. Os livros poéticos e de sabedoria expressam de forma bela, singela e prática a verdade e a sabedoria de Deus. Por último, falamos sobre os sentimentos do coração, que estão impressos na história e na poesia bíblica e nos ensinam a respeito da verdadeira adoração.


Lição 10 - As profecias despertam e trazem esperança 


Nesta lição estudamos a profecia bíblica, no Antigo e no Novo Testamento. Falamos dos livros proféticos do Antigo Testamento, que se dividem em profetas maiores e profetas menores. Esta classificação serve para diferenciar o tamanho dos livros e não o grau de importância de seus autores. Os profetas maiores tiveram uma atuação proeminente tanto no reino de Judá como na Babilônia. Já os doze profetas menores foram usados por Deus antes e depois do exílio do povo escolhido. Falamos por último, sobre o único livro profético do Novo Testamento que é o Apocalipse. O livro do Apocalipse foi escrito originalmente às sete Igrejas da Ásia Menor. Entretanto, o seu conteúdo traz uma mensagem de esperança e fortalecimento da fé para os cristãos em todas as épocas. Este livro encerra o cânon do Novo Testamento, e revela a vitória final do Reino de Deus.


Lição 11 - Lucas-Atos: O modelo pentecostal para hoje


Nesta lição, estudamos sobre a ação do Espírito Santo na vida de Jesus, no Evangelho segundo Lucas, e na Igreja Primitiva, em Atos dos Apóstolos. Nos relatos de Lucas, podemos perceber que a unção do Espírito Santo esteve presente na vida e no ministério do Senhor Jesus, capacitando-o a cumprir a missão para a qual Deus Pai o havia enviado. Na segunda narrativa de Lucas, em Atos dos Apóstolos, podemos ver a manifestação do Espírito Santo revelando o início da Igreja como agência de Cristo. Por último, vimos que a experiência pentecostal descrita por Lucas, permanece atual na igreja, evidenciando-se na manifestação dos dons espirituais. 


Lição 12 - As Epístolas instruem e formam os cristãos


Nesta lição apresentamos o conjunto de doutrinas entregue à Igreja do Senhor por intermédio dos autores das epístolas do Novo Testamento. Estudamos as Epístolas, agrupadas por temas e autoria, destacando alguns dos seus aspectos doutrinários. Vimos como as epístolas paulinas nos instruem a respeito de Cristo, sobre as últimas coisas e trazem instruções pastorais e pessoais. Depois, vimos que as epístolas gerais advertem o crente a respeito da santificação e dos falsos ensinos, e enfatizam a supremacia de Cristo e a esperança da vida eterna. Por último, vimos que a mensagem das epístolas permanece atual. Esta mensagem ressalta a justificação, santificação e glorificação do crente.


Lição 13 - A leitura da Bíblia e a educação cristã


Nesta última lição falamos sobre a importância da Bíblia como uma ferramenta de ensino-aprendizagem para a vida cristã. Vimos que a Bíblia é o livro texto da Escola Dominical. Sendo um espaço de incentivo ao estudo e prática das Sagradas Escrituras, a Escola Dominical é um local de crescimento espiritual, tanto individual quanto coletivo e atua como multiplicadora dos princípios éticos e dos valores morais da fé cristã. Falamos também sobre a educação cristã e a formação de leitores da Bíblia. No Novo Testamento, Jesus Cristo é chamado por mais de dez vezes de Rabi. Nosso Mestre nos ensina continuamente sobre a importância da educação, exortação e instrução na Palavra de Deus. Por último, falamos da necessidade de se ler diariamente a Bíblia. Quem deseja ter Jesus como Mestre, precisa se portar como um disciplinado aluno. A prática diária da leitura bíblica é uma disciplina primordial ao genuíno discípulo de Cristo. 


Conclusão


Esperamos que ao final deste trimestre, você tenha conhecido mais profundamente a palavra de Deus e esteja preparado para responder aos ataques dos inimigos da Palavra de Deus. Devemos manejar bem a Palavra da Verdade, pregando-a com fidelidade e, sobretudo, vivendo aquilo que pregamos. 


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: A LEITURA DA BÍBLIA E A EDUCAÇÃO CRISTÃ


Com a graça de Deus, chegamos ao final do primeiro trimestre de estudos, em nossa Escola Bíblica Dominical. Estudamos neste trimestre sobre "A Supremacia das Escrituras: a Inspirada, Inerrante e Infalível Palavra de Deus." Foram treze lições dentro da matéria de Bibliologia. É um assunto muito amplo para ser abordado em apenas um trimestre, com uma aula por semana. Entretanto, abordamos os principais temas desta tão importante matéria, que é o estudo da Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. 


Nesta última lição falaremos sobre a importância da Bíblia como uma ferramenta de ensino - aprendizagem para a vida cristã. O nosso objetivo nesta lição é mostrar a importância da Bíblia como uma ferramenta de ensino-aprendizagem para a vida.  


Veremos que a Bíblia é o livro texto da Escola Dominical. Sendo um espaço de incentivo ao estudo e prática das Sagradas Escrituras, a Escola Dominical é um local de crescimento espiritual, tanto individual quanto coletivo e atua como multiplicadora dos princípios éticos e dos valores morais da fé cristã. 


Falaremos também sobre a educação cristã e a formação de leitores da Bíblia. No Novo Testamento, Jesus Cristo é chamado por mais de dez vezes de Rabi, que significa Mestre. Nosso Mestre por excelência nos ensina continuamente sobre a importância da educação, exortação e instrução na Palavra de Deus. 


Por último, falaremos a respeito da necessidade de leitura diária da Bíblia. Quem deseja ter Jesus como Mestre, precisa se portar como um disciplinado aluno. A prática diária da leitura bíblica é uma disciplina primordial ao genuíno discípulo de Cristo. Como praticar a Palavra de Deus sem antes compreendê-la? Mais do que ler, é vital estudar as Sagradas Escrituras, que é apta para ensinar, para redarguir, para corrigir e para nos instruir em toda a justiça (Cf. 2 Tm 3.16).


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Pb. Weliano Pires

20 março 2022

LIÇÃO 13: A LEITURA DA BÍBLIA E A EDUCAÇÃO CRISTÃ

(Texto do Livro de apoio ao trimestre, capítulo 13).

“Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.” (1 Tm 4.13).


A Educação Cristã tem como finalidade a formação espiritual e o desenvolvimento do caráter do cristão. A Escola Dominical (ED), dentre outros, é uma agência educadora no contexto da Igreja. A fonte para o ensino é a Bíblia Sagrada, autoridade suprema de fé e prática para o salvo em Cristo. A leitura e o estudo das Escrituras servem de base para o conteúdo programático da ED a ser observado tanto em sala de aula como fora dela. Seus principais objetivos são ganhar almas, desenvolver o caráter e preparar o salvo para o serviço cristão. Nesse propósito, enfatiza-se que seus alunos são instruídos e motivados à leitura e ao estudo da Bíblia e, sobretudo, a pautar suas vidas na autoridade das Escrituras Sagradas. 


I – A BÍBLIA É O LIVRO TEXTO DA ESCOLA DOMINICAL


1. O Currículo Adotado. O vocábulo curriculum é de origem latina e significa “pista de corrida”. Era um caminho ou uma trilha que orientava o corredor até o seu objetivo final. O renomado teólogo e educador Antonio Gilberto apresenta a seguinte definição para currículo: “É um grupo de assuntos constituindo um curso de estudos, planejado e adaptado às idades e necessidades dos alunos. Em outras palavras, são os meios educacionais adotados, visando aos objetivos do ensino”. Nesse diapasão, o referido autor estabelece as seguintes considerações sobre o currículo da ED: 

(1) Deve abranger os principais assuntos bíblicos necessários ao conhecimento e à experiência do crente; 

(2) Tal currículo deve ser devidamente dosado, visando ao desenvolvimento de uma vida cristã ideal e uma personalidade cristã que em tudo honre a Cristo, perante a Igreja e o mundo;  

(3) Deve ser um currículo graduado, mas também, ao mesmo tempo inter-relacionado, por ser a vida cristã um todo indivisível. 


Nessa concepção, um bom currículo é o resultado de um trabalho organizado e meticulosamente planejado. Na elaboração do currículo da ED, observa-se sua conformidade com as doutrinas bíblicas, um programa completo e abrangente de ensino das Escrituras e atividades de aprendizagem com aplicação das verdades aprendidas. Ao contrário disso, escreve Antonio Gilberto, “um simples conjunto de lições bíblicas sem sequência continuada, sem relacionamento entre si e sem levar em conta os agrupamentos de idade, não pode ser chamado de currículo, e não atingirá o alvo desejado no ensino da Palavra”. 


Visando alcançar tais objetivos, a ED prima pela excelência do “ensino bíblico”. As revistas que integram o currículo são de lições bíblicas. A Bíblia é o livro base para todo o seu ensino-aprendizagem (Jo 5.39). O currículo da ED preserva a autoridade suprema da Palavra de Deus como única regra infalível de fé e prática (2 Tm 3.14-17). Em vista disso, as doutrinas bíblicas reproduzidas no material didático servem como padrão para o viver diário e a formação do caráter cristão (Sl 119.105). O conteúdo expressa a ortodoxia professada pelas Assembleias de Deus, contribui para manter a unidade doutrinária da igreja e atua como antídoto contra as heresias. 


2. A Prática Pedagógica. A prática pedagógica é a expressão das atividades rotineiras que são desenvolvidas no âmbito da ED. É o somatório de todas as atividades planejadas com o intuito de possibilitar o processo educativo. As múltiplas dimensões da prática pedagógica compreendem, entre outros: a gestão, os professores, os alunos, a  metodologia, o material didático, a avaliação e a relação professor-aluno. Destaca-se que uma boa prática pedagógica requer o comprometimento de todos, em especial, a capacitação e o preparo dos professores acerca de seus saberes e deveres. É responsabilidade do corpo docente planejar as aulas de acordo com o currículo estabelecido; dominar o assunto a ser ensinado; despertar e manter o interesse dos alunos. 


Nesse aspecto, convém ressaltar a importância e o papel preponderante do professor da ED. A performance do corpo docente é fundamental para conquistar a atenção, manter a frequência e assiduidade dos alunos. Um professor despreparado ou desmotivado servirá de pedra de tropeço no processo ensino-aprendizagem. Portanto, é da competência da gestão da ED a responsabilidade da escolha e o compromisso da capacitação dos professores. Nesse propósito, recomenda-se a promoção de eventos que possam contribuir na qualificação dos professores, tais como seminários teológicos, cursos de capacitação, congressos e conferências da ED. Nas atividades da igreja local, faz-se necessário conhecer as principais limitações a fim de propiciar atividades pedagógicas que possam equacionar as dificuldades e maximizar o ensino das Escrituras. 


Nessa perspectiva, no contexto da ED, cabe aos gestores priorizar a excelência da prática pedagógica, e aos professores compete o “fazer pedagógico” com qualidade. Dentre outros aspectos, enfatizamos o uso de metodologia adequada às faixas etárias, bem como o objetivo a ser alcançado em cada lição. Desse modo, torna-se indispensável que o texto bíblico seja o referencial permanente da prática pedagógica. Nesse sentido, o ensino não deve ser limitado a “transferência de conhecimento”, mas, sobretudo, o estudo das verdades reveladas deve instruir, expor e corrigir o erro (2 Tm 3.16), a fim de produzir verdadeira transformação na velha natureza humana (Ef 4.22,23). A ED terá cumprido o seu papel educacional cristão quando forem perceptíveis mudanças na vida dos alunos que atestem o novo nascimento e o crescimento espiritual (1 Co 6.10-12). 


3. O Padrão Ético e Moral. Historicamente o conceito de ética surgiu na Grécia antiga (IV século a.C.). Quando os códigos ainda não estavam escritos e positivados, a própria consciência estabelecia a ética a ser observada (Rm 2.14-15). A palavra “ética” possui origem no vocábulo grego ethos (costumes ou hábitos). No latim é usado o termo correspondente mos (moral), com o sentido de “normas” ou “regras”. Assim, “ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros”.  Esses termos são muito próximos e na práxis diária são confundidos como sinônimos. Porém, didaticamente é possível defini-los separadamente:


A ética trata dos princípios e valores que orientam a conduta de uma pessoa. A moral é a prática dessa conduta ética. A ética trata dos princípios e a moral da prática baseada nesses princípios. Sendo assim, ética e moral não são a mesma coisa, mas estão conectadas – ética e moral são como a teoria e a prática. Por exemplo, se eu tenho um princípio ético que me orienta a dizer a verdade, minha conduta moral será mentir ou não.


Nesse enfoque, a ética cristã tem como objetivo indicar a conduta ideal para a retidão do comportamento humano. O fundamento da ética e da moral cristã são as Escrituras Sagradas. Desse modo, a ética cristã não pode ser desassociada da moral e dos bons costumes preconizados nas doutrinas bíblicas. É verdade que não se pode desprezar a tradição da Igreja, as leis civis e criminais, as variadas literaturas e nem tampouco os bons costumes adotados pela sociedade, entretanto, para o cristão, toda e qualquer prática e conduta precisa passar pelo crivo e pelo aval da Palavra de Deus (Hb 4.12). 


Por conseguinte, o texto bíblico é divinamente inspirado e, portanto, permanece inalterado (Mt 24.35). Os valores cristãos são permanentes, pois sua fonte de autoridade é imutável (1 Pe 1.25). Em suma, a Palavra de Deus não pode ser relativizada, revogada ou ajustada aos interesses humanos (Is 40.8). Assim, no propósito de cumprir o seu papel de instituição educadora, a ED também atua como multiplicadora dos princípios éticos e dos valores morais da fé cristã. A Igreja que zela pelo ensino sólido das lições bíblicas não é influenciada pelo erro, mas estabelece o padrão  moral e ético a ser observado pelos cristãos (1 Tm 4.6; 2 Tm 3.10).


II – A EDUCAÇÃO CRISTÃ E A FORMAÇÃO DE LEITORES DA BÍBLIA


1. Conceito de Educação Cristã. As palavras “educação” e “educar” vêm do latim educare, que significa literalmente “guiar”, “levar”, “tirar de”, “retirar”, “conduzir para fora”. No texto do Novo Testamento, entre outros, destaca-se o emprego da palavra grega paideia, com o sentido de “instruir”, “formar”, “ensinar” e “educar”. Na Grécia Antiga, a paideia referia-se tanto ao modo como à meta da educação. O Dicionário Bíblico Wycliffe assegura que, quando aplicada às crianças, “abrange todo o cultivo da mente e da moral e o emprego de ordens, admoestações e censuras com o objetivo de treinamento e correção” (Hb 12.5-11); e, no caso de adultos, “se refere aquilo que desenvolve a alma, corrigindo erros e controlando as paixões (2 Tm 3.16)”. 


Em termos gerais, a educação é um processo contínuo de desenvolvimento e aperfeiçoamento do ser humano. No sentido formal, designa o ensino como um sistema que compreende tanto a teoria quanto a prática. No aspecto da Educação Cristã, entendemos que ela começa por Deus: “É Ele quem prescreve o que deseja que saibamos e nos ensina por meio de sua Palavra, a fim de vivermos, por graça, à altura do privilégio de nossa filiação”. O Dicionário Teológico corrobora com essa definição nos seguintes termos: “programa pedagógico que, tendo por base a Bíblia Sagrada, visa ao aperfeiçoamento espiritual e moral dos que se declaram cristãos e daqueles que venham a entender o chamado do Evangelho de Cristo”. Em suma, a Educação Cristã molda o nosso viver segundo as Escrituras e produz crescimento e amadurecimento espiritual. 


Nesse entendimento, reiteramos que o ensino-aprendizagem da Educação Cristã se fundamenta na revelação divina, cujo livro texto é a Palavra de Deus. No âmbito eclesiástico, especialmente na ED e no culto de doutrina, sua ocupação é o ensino sistemático e contínuo das doutrinas bíblicas (Mt 28.20; At 15.35; Cl 1.28, 2 Tm 2.2). Na esfera da sociedade civil, dedica-se à educação formal, como, por exemplo, colégios confessionais e instituições de ensino superior que oferecem formação acadêmica e intelectual com o embasamento e a práxis dos princípios cristãos (Mt 5.13-14; Rm 12.1-2). 


2. Objetivos da Educação Cristã. O Senhor Jesus confiou à Igreja a tarefa da Grande Comissão (Mt 28.19-20; Mc 16.15). Nesse aspecto, o ensino cristão sempre esteve relacionado ao IDE estabelecido por Jesus. A incumbência é tanto de formação de indivíduos como de transformação da sociedade. Trata-se de uma ordenança proclamadora e de um mandato educacional. É responsabilidade dos discípulos de Cristo evangelizar e ensinar as doutrinas bíblicas (1 Tm 4.13; 2 Tm 4.2). Em vista disso, Paulo enfatiza a necessidade da dedicação ao ensino (Rm 12.7). O apóstolo aponta para o indispensável “esmero” e “diligência” da Igreja no exercício do dom de ensinar. 


Desse modo, o ministério da Educação Cristã se reveste de notável importância, uma vez que, bem estruturado, pode cabalmente cumprir a missão ordenada à Igreja. Sua atividade é imprescindível no propósito de evangelizar e ensinar. Os agentes da Educação Cristã nas Assembleias de Deus são diversificados e possuem áreas de abrangência variadas, entre eles, ratifica-se o culto de ensino e a ED, e, ainda, acrescenta-se a obra evangelística e missionária, a formação teológica, bem como, já citado, a atuação  por meio de uma escola de cunho confessional da educação básica ou de nível superior. 


Nessa estrutura, destaca-se o papel de excelência da ED como maior agência de Educação Cristã, porque evangeliza enquanto ensina, atendendo os dois lados da ordem de Jesus: fazer discípulos e ensinar (Mt 28.19,20). Ao contrário do culto de doutrina, que reúne em um único auditório todas as faixas etárias, o currículo da ED merece destaque pela sua abrangência específica. Nesse mister, Antonio Gilberto enfatiza três principais objetivos da ED, a saber: (a) Ganhar almas para Jesus, o que requer dedicação para conduzir o aluno a aceitar a Cristo (2 Co 12.15); (b) Desenvolver a espiritualidade e o caráter cristão, o que engloba empenho na formação dos hábitos cristãos (Gl 5.22); e, (c) Treinar o cristão para o serviço do Mestre, o que demanda propiciar oportunidades para a capacitação de obreiros (2 Tm 2.2,15). 


3. A Capacitação dos Alunos. Os processos educativos, seus currículos e metodologias, como já observado, integram a prática pedagógica adotada em uma instituição de ensino. O objetivo é fazer com que as pessoas aprendam e modifiquem seu comportamento. Na Educação Cristã, o procedimento não é diferente. Contudo, na esfera eclesiástica, a diferença se fundamenta no livro texto adotado: a Palavra de Deus. Não obstante, o processo da aprendizagem é o mesmo. O Manual  da Escola Dominical define aprendizagem como “a mudança de conduta do educando, pelo conhecimento adquirido, pela prática, e pela experiência resultante de seu aprendizado. Não havendo mudança de comportamento de quem está a aprender, não houve real aprendizagem”. 


Em busca dessa excelência, a Educação Cristã esmera-se em capacitar seus alunos. A capacitação é um processo permanente e deliberado de aprendizagem com a finalidade de “tornar capaz”, “preparar” e “qualificar” pessoas. O aprendizado cristão se alicerça nas Escrituras Sagradas; por conseguinte, o aluno é orientado e incentivado à leitura da Bíblia. Entretanto, a leitura bíblica não pode ter intenção meramente intelectual de acúmulo de conhecimento. Nesse quesito, o Guia Cristão de Leitura da Bíblia apresenta um triplo propósito: “descobrir os conteúdos; compreender as verdades; e aplicar as mensagens”. Dessa forma, a formação continuada de leitores da Bíblia se concentra em capacitar os alunos a “conhecer, entender e viver a Palavra de Deus”. 


Isso posto, reiteramos que, na Educação Cristã, o processo de desenvolvimento do caráter e habilitação do cristão para servir no Reino de Deus acontece por meio do estudo acurado da Bíblia. Assim sendo, os alunos são formados não apenas como leitores do texto bíblico, mas qualificados ao exame minucioso das Escrituras e habilitados para ensinar a outros (At 17.10,11; 2 Tm 2.2). Essa meta somente pode ser atingida por meio da leitura diária das Escrituras Sagradas (Sl 1.1,2), sob a iluminação do Espírito Santo (Ef 1.17,18), e da aplicação dos princípios hermenêuticos, tais como as regras gramaticais e o contexto histórico e literário (1 Ts 5.21). Para tanto, é imprescindível manter a disciplina na leitura bíblica, no aprendizado e no exercício  do devocional diário.


III – É PRECISO LER A BÍBLIA DIARIAMENTE


1. A Leitura e a Disciplina Cristã. A disciplina tem relação com “castigo” e “punição”, mas também significa “ordem” e “obediência às regras”. O conceito se relaciona com a prática regular de certos princípios que pautam a atividade diária e as metas de uma pessoa. Com esse sentido, encontramos três símbolos na Bíblia que exemplificam a vida disciplinada: (a) o Soldado — a disciplina na aflição: “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo” (2 Tm 2.3); (b) o Lavrador — a disciplina da paciência: “porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante” (1 Co 9.10); (c) o Atleta — a disciplina no treinamento: “os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio” (1 Co 9.24). 


Em resumo, a “disciplina” compreende abnegação, regularidade, prioridade, metas e perseverança. Essas ações reivindicam renúncia e compromisso. Dentre as “disciplinas cristãs”, citamos a oração, a leitura da Bíblia e o jejum. Contudo, não podemos alcançar ou merecer o favor e a justiça do Reino de Deus meramente observando as disciplinas cristãs. Quem incorre nesse erro embarca no legalismo do qual Cristo já nos libertou (Rm 7.6). A disciplina cristã é um meio de nos aproximar de Deus. Paulo disse: “Quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.8). Richard Foster escreveu que “o mesmo acontece com as Disciplinas Espirituais — elas são um meio de semear para o Espírito”. 


Nesse sentido, o objetivo da disciplina cristã é propiciar intimidade singular com Deus por meio da “oração incessante” (1 Ts 5.17); “exame das Escrituras” (Jo 5.39); e a “prática do jejum” (1 Co 7.5). Em vista disso, o autêntico discípulo observa os exercícios espirituais. O termo “discípulo” está relacionado com a “disciplina” e, por isso, todo o discípulo é disciplinado. Em termos gerais, o zelo espiritual de um discípulo de Cristo repousa na prática das disciplinas cristãs. Repete-se que a disciplina não é um meio de salvação, mas por meio dela conhecemos a perfeita vontade de Deus (Rm 12.1,2). A disciplina cristã, ratifica-se, requer regularidade e prioridade na busca da santificação (Rm 6.22). Portanto, a leitura bíblica, por exemplo, deve ser diária (Sl 119.97; 1 Tm 4.13). 


2. A Leitura e o Aprendizado. Como já argumentado, a leitura bíblica é uma disciplina cristã. E, como todo o ato disciplinado, a leitura requer dedicação. Como já afirmado, o termo “dedicação” tem o sentido de “esmero” e “diligência” no exercício de alguma atividade. Para bem trilhar esse caminho de crescimento e aprendizado, os objetivos do leitor da Bíblia devem ser bem definidos e obedecidos à risca. Nesse diapasão, corroboram-se as palavras do salmista que nos exorta ao exercício diário de leitura e meditação da Bíblia: “Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2); “Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia!” (Sl 119.97). 


Na busca desse objetivo, se faz necessário: planejamento, adoção de um cronograma de leitura e estabelecimento de metas. Por exemplo: (a) definição do horário diário da leitura. Deve ser o horário em que a pessoa se encontra mais bem disposta; (b) tempo destinado à leitura. Deve ser um tempo adequado para ao menos a leitura de um capítulo das Escrituras; e metas a serem alcançadas. A meta é um importante fator motivador, tais como ler a Bíblia toda dentro de um determinado prazo que seja exequível. Não obstante, a leitura não pode ser superficial ou centrada em um amontoado de informações. A leitura deve promover acima de tudo o aprendizado. 


O aprendizado é parte intrínseca de um discípulo. Isso porque “discípulo” significa literalmente “aprendiz”. Uma máxima pedagógica afirma que “ler é aprender”. Desse modo, por meio da leitura da Bíblia, aprendemos acerca de Deus e de seu plano de salvação (Rm 1.2-4). Esse aprendizado orienta o discípulo a tornar-se parecido com Cristo (Ef 4.13). Por isso, o aprendizado deve ultrapassar a teoria e ser aplicado na vida diária. Paulo repreende os “que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade” (2 Tm 3.7). Por essa razão, o apóstolo adverte Timóteo a observar o aprendizado bíblico que o faria sábio para a salvação, pela fé em Cristo Jesus (2 Tm 3.14,15). 


3. A Leitura e o Devocional. A plena comunhão com Deus é o aspecto mais importante para uma vida cristã espiritualmente frutífera e bem-sucedida. Em vista disso, reforçamos que a leitura e o estudo sistemático das Escrituras Sagradas nos auxiliam a manter a necessária intimidade com Deus e a sua Palavra. Como afirmou o salmista, é possível guardar a Palavra no coração e, dessa forma, não pecar contra Deus (Sl 119.11). Significa que “ela deve ocupar os sentimentos, assim como o entendimento; toda a mente precisa estar impregnada com a Palavra de Deus”. Por conseguinte, o correto aprendizado bíblico conduz o crente à plena adoração. Aquele que se dedica em aprender a Bíblia descobre que a verdadeira adoração é praticada “em espírito e em verdade” (Jo 4.23). 


Apesar de todo genuíno cristão concordar com essas afirmações, nem sempre o dia a dia do crente reflete a prática do devocional e da adoração devida. A falta de tempo, em virtude da agenda cheia e os mais variados compromissos são o pretexto mais comuns apresentados por boa parte dos evangélicos. No entanto, nenhuma atividade, seja eclesiástica, seja secular, pode ser mais importante que nosso devocional com Deus. Não é salvo aquele que conhece e até ensina a Bíblia, mas não mantém comunhão com o seu autor. É preciso ter em mente a mesma preocupação paulina: “Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Co 9.27). 


Portanto, recordamos que um dos aspectos da adoração é o culto devocional (Jo 4.23,24). Não se refere ao culto público que prestamos a Deus no templo, nem ao culto doméstico em família, mas aquele praticado de forma individual e constante (Sl 55.17). Inclui a oração, o louvor, o jejum e a leitura bíblica. Essa atividade fortalece a comunhão com Deus (Sl 119.11,15,24). O devocional é também uma oportunidade para o estudo sistemático/indutivo das Escrituras, que, por ação do Espírito Santo, abre o nosso entendimento (Jo 14.26). A intimidade com as Escrituras acontece, em primeiro lugar, com a leitura diária dos textos sagrados. Depois, pela leitura de bons comentários da Bíblia. Dicionários e tratados de teologia enriquecem o nosso conhecimento bíblico tal como a nossa Declaração de Fé, que expressa a ortodoxia pentecostal (Jd 1.3).   


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021. Págs. 245-249.


19 março 2022

COMO AS EPÍSTOLAS GERAIS NOS FORMAM Parte 3

Parte 3- As outras Epístolas Gerais. 

Neste grupo falaremos sobre as três epístolas restantes que são a Epístola aos Hebreus, a Epístola de Tiago e a Epístola de Judas. 


a. Epístola aos Hebreus. Esta Epístola não nos fornece informações sobre a sua autoria, destinatários ou data da redação. Os próprios pais da Igreja, que tiveram contato com os escritores do Novo Testamento, não chegaram a um consenso sobre isso. Clemente de Alexandria e Orígenes atribuíram a sua autoria ao apóstolo Paulo. Entretanto, Tertúlia, que viveu no século II atribuía a autoria a Barnabé. Agostinho, por sua vez, pensava inicialmente que Paulo fora o escritor de Hebreus. Depois, passou a defender que somente o Espírito Santo sabia. Já Lutero acreditava que foi Apolo. 

Os estudiosos acreditam que a Epístola aos Hebreus foi escrita aos judeus helenistas, convertidos ao Cristianismo. A data da redação seria entre 68 e 70 d.C., antes da destruição de Jerusalém, pois há referências ao templo como se ele ainda existisse. Há alguns que sugerem que Hebreus não seria uma epístola, pois não há menção ao remetente e destinatários e o texto não tem o formato de Epístola. Por isso há quem acredite que se trata de um tratado teológico e doutrinário. 

A Epístola aos Hebreus, maior parte do seu conteúdo, gira em torno de uma comparação entre Cristo e os elementos do Antigo Testamento. O objetivo desta comparação é estabelecer a superioridade de Cristo: Cristo é superior aos anjos, Melquisedeque, a Moisés, ao sacerdócio levítico, aos profetas, aos sacrifícios, etc. Logo no primeiro versículo, o autor inicia dizendo que Deus antigamente falou de muitas maneiras aos pais pelos profetas, mas neste últimos dias falou-nos pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo (Hb 1.1). 

Sendo Cristo mediador de uma Eterna Aliança, superior ao Antigo Pacto, a qual Ele selou com o Seu próprio sangue, o autor de Hebreus alerta os seus leitores sobre o perigo da apostasia e de profanar esta Nova Aliança, pois se Deus não poupou aqueles que pecaram na Antiga Aliança, o castigo será muito mais severo para os que pisarem o Filho de Deus e profanarem o Sangue da Aliança. "Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus Vivo". (Hb 10.31).


b. Epístola de Tiago. A epístola de Tiago foi escrita por Tiago, o irmão do Senhor, por volta do ano 62 d.C. O autor identifica-se como “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Tg 1.1). Tiago foi um importante líder da Igreja de Jerusalém (Atos 12.17; 15.13; 21.18). Os destinatários são identificados como “as doze tribos que andam dispersas”, uma referência aos judeus da diáspora. 

No primeiro capítulo, Tiago discorre sobre provações e tentações (1.2-18). Ele recomenda aos seus leitores que tenham alegria quando forem forem provados, pois a prova da fé produz a paciência. Entretanto, Tiago faz questão de estabelecer a diferença entre prova da fé e tentação. Ele esclarece que Deus prova a nossa fé, mas, não nos tenta. Cada um é tentado e atraído pela própria concupiscência (Tg 1.13). Ainda neste primeiro capítulo, Tiago diz aos seus leitores que se tiverem falta de sabedoria, peçam-na a Deus, pois Ele a concede liberalmente a todos (Tg 1.5-7). No final do primeiro capítulo, Tiago fala a respeito da prática da Palavra de Deus e a necessidade de ser praticante e não apenas ouvinte. (Tg 1.22-25). Por último, ele ensina sobre a necessidade de refrear a língua. (Tg 1.26,17). 

No capítulo 2, Tiago trata de um tema muito importante que é a acepção de pessoas (2.1-13). Ele fala sobre a situação de entrar alguém rico ou bem trajado e ser tratado com favoritismo pela Igreja, em detrimento dos pobres e maltrapilhos. Tiago diz que a acepção de pessoas é pecado (Tg 2.9). Na sequência, no capítulo 2, ele fala sobre o cumprimento da lei e a relação entre fé e obras. Tiago deixa claro que fé e obras precisam andar juntas, pois a fé sem as obras é morta (2.14-26). 

No capítulo 3, Tiago volta ao tema do domínio sobre a língua (3.1-12) e diz que aquele que domina a língua é perfeito e capaz de dominar o restante do corpo. Ele usa duas figuras para mostrar a importância de controlar a língua: o freio na boca dos cavalos, que é capaz de dominar um animal que tem muita força; e os lemes que controlam grandes embarcações. Na sequência, no capítulo 3, Tiago fala sobre dois tipos de sabedoria: a sabedoria que vem do alto e a sabedoria humana. Ele ensina que a sabedoria não se mede pelo conhecimento e sim pelas virtudes.  (3.13-18)

No capítulo 4, há advertência contra o mundanismo. Tiago fala sobre as guerras interiores que causam contendas, infidelidade espiritual, orgulho, calúnia. Ele esclarece que amizade com o mundo é inimizade contra Deus. Na continuação, faz várias exortações para que se chegue a Deus, sejam humildes, puros, não falem mal dos outros, não julguem, façam o bem e não prometam nada para o futuro, sem colocar Deus na frente (Tg 4.7-17). 

No capítulo 5, ele  faz advertência aos opressores ricos (5.1-6), que oprimem os trabalhadores, não lhes pagando o que é justo. Tiago alerta que eles clamam ao Senhor dos Exércitos e que, por isso, as suas riquezas estão apodrecidas. Ainda no capítulo 5 há diversas exortações sobre a paciência nos sofrimentos, os juramentos, a oração da fé e os que se desviam da verdade (5.19,20).


c. Epístola de Judas. O autor da Epístola de Judas se identifica como "Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago". (Jd 1.1). Estes dois nomes são, respectivamente, variações dos nomes Judá e Jacó e eram muito comuns nos tempos em que o Novo Testamento foi escrito. Entretanto, o mais aceito entre os exegetas é que seja Judas, irmão de Jesus, que era também irmão de Tiago. Não há informações sobre os destinatários. Judas escreve aos "chamados santificados em Deus Pai e conservados por Jesus Cristo". 

O tema do livro é a defesa da fé contra os falsos mestre, conforme está escrito no versículo 3: "Batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos". O assunto principal da Epístola é o alerta contra os falsos mestres que transformam a graça de Deus em libertinagem e negam a Deus, o único Dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. 

Nesta perspectiva, Judas cita vários exemplos de pessoas que foram rebeldes e no passado e sofreram o Juízo de Deus: os anjos caídos, Sodoma e Gomorra, Caim, Coré e Balaão. Ele cita a profecia de Enoque contra os rebeldes da sua época e das palavras do Senhor Jesus e dos seus apóstolos, que predisseram a vinda de falsos mestres. Por último, Judas exorta os seus leitores a se edificarem mutuamente e se conservarem no amor de Deus. 


REFERÊNCIAS:

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

Bíblia de Estudo Apologética, Instituto Cristão de Pesquisas, 2000.

ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. Editora CPAD. pág. 442-443; 471-474; 508.

LIMA, Elinaldo Renovato de. LIÇÕES BÍBLICAS, 3º Trimestre 2001. Hebreus — “… os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes”.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2001.


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Pb. Weliano Pires




AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

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