13 novembro 2025

A GESTÃO DOS PENSAMENTOS

(Comentário do 2º tópico da Lição 07: Os pensamentos - a arena de batalha na vida cristã).

No segundo tópico, abordaremos a gestão dos pensamentos. Com base em Filipenses 4.8, veremos que pensar em coisas boas e virtuosas é um imperativo ético e espiritual: “...nisso pensai.” 

Aprenderemos também que “pensar nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3.2) está muito além das técnicas humanas de gestão mental — trata-se de uma prática espiritual profunda.

Falaremos ainda sobre a leitura e meditação nas Escrituras como recursos espirituais eficazes para gerar bons pensamentos e fortalecer a mente.

Por fim, destacaremos a influência de fatores físicos, orgânicos e ambientais em nossa maneira de pensar, tomando como exemplo Jesus, que, embora estivesse frequentemente em meio às multidões e agitações de Jerusalém, também buscava momentos de retiro em Betânia, um lugar de descanso e comunhão.

1. Imperativo ético e espiritual. Neste subtópico, o comentarista faz uma exegese do texto de Filipenses 4.8, onde o apóstolo Paulo faz um apelo aos crentes de Filipos em relação à gestão de seus pensamentos:

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”.

A expressão grega to loipón, traduzida na versão Almeida Revista e Corrigida como “Quanto ao mais”, significa “portanto”, “finalmente” ou “por fim”, indicando uma conclusão sobre o que foi dito anteriormente. Paulo estava encerrando sua epístola e trazendo as últimas recomendações aos Filipenses. Antes disso, ele havia abordado as desavenças entre duas irmãs da igreja em Filipos, Síntique e Evódia, e pediu que elas resolvessem suas diferenças e trabalhassem juntas na obra do Senhor, até mesmo pedindo ajuda de seu cooperador.

Na sequência, o apóstolo aconselhou os irmãos a se alegrarem no Senhor, a serem amáveis uns com os outros, a não andarem ansiosos por coisa alguma, mas a apresentarem suas demandas ao Senhor em oração. E, se fizessem isso, disse Paulo, a paz de Cristo, que excede todo entendimento, guardaria os seus corações e mentes.

Dentro deste contexto, o apóstolo conclui suas recomendações apresentando uma lista de nove qualidades de pensamentos que devem ocupar a nossa mente. Cada uma dessas qualidades é precedida pelo pronome indefinido “tudo” (em grego, hōsos), que abrange a totalidade dessas virtudes.

a) Tudo o que é verdadeiro (alēthē): Deriva de Aletheia (verdade). Jesus disse que Ele é a Verdade (Jo 14.6) e que a Palavra de Deus também é a Verdade (Jo 17.17). Assim, o cristão deve ocupar sua mente apenas com o que é verdadeiro. A mentira é filha do diabo (Jo 8.44).

b) Tudo o que é honesto (semná): Refere-se ao que é respeitável e de caráter honroso.

c) Tudo o que é justo (dikaios): Refere-se ao que está conforme os padrões de justiça de Deus.

d) Tudo o que é puro (hagnos): Refere-se ao que é santo, imaculado e livre de corrupção moral.

e) Tudo o que é amável (prosphiles): Refere-se ao que é agradável, amável e gera afeição.

f) Tudo o que é de boa fama (euphemos): Refere-se ao que gera uma boa reputação e não é vergonhoso de se falar.

g) Tudo o que possui virtude (aretē): Refere-se ao que tem excelência moral, nobreza e virtudes.

h) Tudo o que é louvável (epainos): Refere-se ao que é digno de aprovação e louvor pela comunidade cristã. Não se refere à aprovação do mundo, pois este tem um padrão de moralidade corrompido pelo pecado.

O apóstolo Paulo fez um apelo aos Filipenses para que avaliassem seus pensamentos à luz dessa lista de qualificações morais. O verbo usado por ele – pensai (logizomai) – está no modo imperativo, o que indica uma ordem, pedido ou apelo. Quando algum pensamento surgir em nossa mente, devemos passá-lo por essa “peneira” de Filipenses 4.8. Se não se enquadrar em qualquer um desses requisitos, deve ser imediatamente rejeitado, pois é nocivo à nossa alma.

2. Acima da técnica.

Atualmente, há uma infinidade de técnicas e estratégias para observar, influenciar, controlar e direcionar os pensamentos, de forma que estes se tornem mais saudáveis e produtivos. Essas técnicas, desenvolvidas pela mente humana, visam treinar o cérebro para gerir os pensamentos de maneira eficaz.

Embora possuam certa importância do ponto de vista psicológico, elas são limitadas quando se trata da gestão dos pensamentos do ponto de vista espiritual e emocional. A prova disso é o aumento do número de pessoas que buscam ajuda nas clínicas psicológicas, enquanto os problemas emocionais parecem se intensificar.

Em sua carta aos Colossenses, o apóstolo Paulo fez a seguinte recomendação aos crentes da Igreja de Colossos:

Pensai nas coisas lá do alto, e não nas que são aqui da terra.” (Cl 3.2)

No versículo anterior, ele escreveu:

Portanto, se fostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as coisas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus.” (Cl 3.1)

Isso significa que, para ter uma mentalidade sadia, o cristão deve direcionar seus pensamentos para as coisas eternas, lembrando-se sempre de que somos peregrinos e forasteiros neste mundo. Esse foco nas coisas celestiais ajuda a evitar frustrações e a ansiedade em relação às coisas efêmeras. Já estamos mortos para este mundo, e nossa verdadeira vida está escondida em Deus.

3. Recursos espirituais.

A forma mais eficiente de gerir nossos pensamentos é utilizar os recursos espirituais que a Palavra de Deus nos oferece, praticando as disciplinas da vida cristã. O primeiro e mais importante recurso espiritual para termos pensamentos saudáveis, sem dúvida, é a leitura e meditação na Palavra de Deus. O Salmo 1 nos mostra esta verdade:

“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores. Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite.” (Sl 1.1-2)

O Salmo 119, conhecido como o "Salmo da Palavra de Deus", é uma belíssima poesia acróstica que contém 22 estrofes. Cada estrofe possui 8 versos, e cada um começa com uma letra do alfabeto hebraico, seguindo uma ordem sequencial. Em cada verso, há uma referência à Palavra de Deus, usando palavras sinônimas como: Lei do Senhor, Testemunhos, Mandamentos, Estatutos, etc. No texto em português, essa beleza estrutural se perde, pois as sequências das letras acontecem apenas no texto hebraico.

Em todos os 176 versos deste Salmo, encontramos uma referência positiva à Palavra de Deus. Ela purifica os nossos caminhos (Sl 119.9), nos dá condições de não pecar contra Deus (Sl 119.11), alegra o coração de quem se lembra dela (Sl 119.16), vivifica os corações (Sl 119.25), fortalece a alma (Sl 119.28), traz salvação (Sl 119.41), produz piedade (Sl 119.58), consola o aflito (Sl 119.76), permanece para sempre no céu (Sl 119.89), é lâmpada e luz para o nosso caminho (Sl 119.105), nos sustenta (Sl 119.116), ordena os nossos passos (Sl 119.133), é muito pura (Sl 119.140), é a verdade desde o princípio (Sl 119.160) e nos dá entendimento (Sl 119.169), entre outras bênçãos.

Quem lê e medita constantemente na Palavra de Deus, naturalmente terá pensamentos verdadeiros, honestos, justos, santos, amáveis e louváveis, conforme vimos em Filipenses 4.8. Porém, não basta apenas ler a Palavra de Deus; é preciso entender o seu conteúdo e meditar nela, para que ela produza em nós a mente de Cristo. A única maneira de conhecermos a mente de Cristo é através da Bíblia (Jo 5.39). Quando estudamos a Palavra de Deus com oração e temor, somos transformados pela renovação da nossa mente (Rm 12.2).

Além da leitura e meditação na Palavra, existem outros recursos espirituais que nos ajudam a alinhar nossos pensamentos ao caráter de Deus, como a prática da oração e do jejum. Esses dois recursos nos aproximam de Deus e nos ajudam a ter pensamentos que refletem a Sua vontade.

Na oração, o crente abre seu coração diante de Deus, lançando sobre Ele suas petições, intercessões e agradecimentos, aguardando a resposta divina em tempo oportuno, conforme a soberana vontade de Deus. A oração é um meio poderoso de renovar nossa mente e nos alinharmos com a vontade de Deus.

O jejum, juntamente com a oração, é um ato de disciplina, autonegação e humilhação, demonstrando total dependência de Deus. Na Bíblia, o jejum é frequentemente associado à oração e está relacionado à confissão de pecados (Dt 9.18; Jn 3.5), bem como à lamentação por calamidades ou derrotas (Jz 20.26; Ne 1.4; Et 4.3). O jejum cristão é uma abstinência voluntária de alimentos por um período determinado, com o objetivo de aumentar o autocontrole, sujeitar o corpo ao espírito e dedicar-se às coisas espirituais.

4. Jerusalém e Betânia.

Neste trecho, o comentarista nos chama a atenção para a influência dos fatores físicos, orgânicos e ambientais em nossa maneira de pensar. Ele usa o exemplo de Jesus, que, durante seu ministério terreno, viveu uma vida agitada, percorrendo cidades e aldeias, pregando o Evangelho, ensinando e curando os enfermos.

Além dessa rotina atribulada, Jesus ainda precisava fugir das multidões que queriam fazê-lo rei para libertar Israel do domínio romano, e, por outro lado, dos líderes religiosos que procuravam matá-lo. Onde as multidões sabiam que Ele estava, iam atrás com motivações diversas.

Alguns o procuravam em busca de milagres. Outros, queriam apenas ouvir os seus ensinamentos, que eram bem diferentes dos ensinamentos dos escribas e fariseus. Havia também os revolucionários, que viam em Jesus um líder para uma possível revolução contra Roma. Já os líderes religiosos, que eram hipócritas e avarentos, temiam perder suas posições no templo e tentavam apanhá-lo em alguma falha, a fim de condená-lo à morte.

No meio dessas agitações, o Senhor Jesus se retirava com seus discípulos para a aldeia de Betânia, onde era acolhido pela família de seus amigos queridos: Lázaro e suas irmãs Marta e Maria. Após o episódio da purificação do templo, quando Jesus expulsou os vendedores e cambistas, o texto de Mateus nos relata que Ele se retirou para Betânia: “E, deixando-os, saiu da cidade para Betânia, e ali passou a noite.” (Mt 21.17).

A aldeia de Betânia ficava a leste de Jerusalém, perto do Monte das Oliveiras. A distância entre Jerusalém e Betânia era de oito estádios (Jo. 11.18), o que equivale a aproximadamente três quilômetros. Em Betânia, Jesus encontrou, além de um lugar aconchegante e um pouco afastado das multidões, uma família de amigos que eram tementes a Deus e o amavam. Marta, Maria e Lázaro hospedaram Jesus em sua casa e desfrutavam de sua agradável companhia.

Com Jesus, aprendemos que devemos dedicar tempo para fazer a obra de Deus, mas também é necessário reservar momentos para descansar, incluindo o descanso da mente. Infelizmente, muitos cristãos se entregam ao ativismo religioso e buscam dedicar dia e noite aos trabalhos da Igreja. Como resultado, acabam não tendo tempo para trabalhar, para cuidar da família, para descansar ou para zelar pela saúde. O reflexo disso é o estresse, a destruição da família ou o viver de aparências, o adoecimento e, em casos mais graves, até a morte prematura.

Ev. WELIANO PIRES

UMA VISÃO INTRODUTÓRIA

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 7: Os pensamentos – a arena de batalha na vida cristã).

Neste primeiro tópico, apresentaremos uma visão introdutória sobre o tema dos pensamentos. 

Como é de praxe nas lições deste trimestre, o comentarista nos conduz ao relato da criação, destacando a experiência de Adão e Eva no uso de seu intelecto — raciocinando, elaborando pensamentos e tomando decisões.

Em seguida, trataremos do conceito e das origens dos pensamentos, que podem surgir de fatores internos, externos ou da combinação de ambos. Contudo, independentemente da origem, cabe ao ser humano decidir se aceita ou rejeita os pensamentos que lhe sobrevierem.

Por fim, veremos as características dos pensamentos humanos, que podem ser bons ou maus, dependendo de sua natureza e motivação.

1. A experiência de Adão e Eva. Nas lições anteriores, quando estudamos sobre o corpo e, em outras lições, sobre a alma humana, o comentarista trouxe as informações do livro de Gênesis, no período da criação, com o objetivo de fundamentar nossa compreensão sobre a Antropologia Teológica. Nesta lição, seguindo o mesmo padrão, ele nos apresenta como o pensamento se manifestou no primeiro casal, Adão e Eva.

Deus criou o ser humano à Sua imagem, conforme a Sua semelhança, dotado da capacidade de raciocinar e de dominar sobre as coisas criadas. Portanto, o ser humano é distinto de todas as outras criaturas:

 “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.” (Gn 1.26).

Mesmo após o advento do pecado, o ser humano manteve sua atividade intelectual, embora não mais de forma pura e inocente, como no princípio. As primeiras gerações após Adão e Eva realizaram grandes descobertas e invenções, mesmo sem os recursos tecnológicos de hoje. Os descendentes de Caim, por exemplo, sendo maus, foram grandes inventores:

“E Ada deu à luz a Jabal; este foi o pai dos que habitam em tendas e têm gado. E o nome do seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e órgão. E Zilá também deu à luz a Tubalcaim, mestre de toda a obra de cobre e ferro; e a irmã de Tubalcaim foi Noema.” (Gn 4.20-22).

Da mesma forma, a geração que surgiu após o dilúvio, desenvolveu a engenharia civil e tentou construir uma cidade e uma torre que chegasse aos céus, para que os seus descendentes não se espalhassem. Alguns estudiosos sugerem que eles pretendiam com isso, fugir de eventuais dilúvios futuros: 

“E aconteceu que, partindo eles do oriente, acharam um vale na terra de Sinar; e habitaram ali. E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o betume por cal. E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra”. (Gn 11.2-4).

As ideias apresentadas pela falaciosa teoria da evolução, que afirma que os seres humanos evoluíram de outras espécies de animais até chegar ao estágio atual, não encontram amparo nas Escrituras nem na verdadeira ciência. Nossos ancestrais nunca foram uma espécie selvagem do tipo "uga, uga". Ao contrário, no Jardim do Éden, o homem era puro e sem maldade, tendo recebido de Deus a capacidade de nomear os seres criados e governar a terra. 

Entretanto, em sua inocência, eles não administraram bem a capacidade de pensar. Eva se deixou enganar pelo inimigo, que se apoderou da serpente e distorceu as palavras de Deus. Adão, por sua vez, foi seduzido por Eva e também desobedeceu a Deus. A partir desse momento, seus pensamentos foram corrompidos, e eles passaram a ter também maus pensamentos.

2. Conceito e origens. O que são pensamentos? O comentarista nos apresentou uma definição resumida para pensamento: "Pensamentos são processos mentais constituídos de informações, reflexões, lembranças, sentimentos, sons e imagens". No Jardim do Éden, conforme já mencionamos, os pensamentos do ser humano eram puros, pois se originavam da comunhão plena com Deus e não sofriam influências externas.

Após a queda, no entanto, a mente humana passou a estar sujeita às influências biológicas, psicológicas e espirituais. Estes fatores, individual ou coletivamente, dão origem aos pensamentos. Entretanto, o ser humano é dotado de livre-arbítrio e pode escolher com o que vai ocupar a sua mente e quais pensamentos serão alimentados e transformados em ações.

Alguém já disse sabiamente que "mente vazia é oficina do Diabo". Portanto, a construção dos nossos pensamentos depende daquilo que ocupamos em nossa mente. Se a ocupamos com as coisas de Deus, ela produzirá pensamentos bons, pois Deus é bom. Uma pessoa que ocupa a sua mente com violência, ódio, imoralidade e outras coisas más, evidentemente terá maus pensamentos e, consequentemente, praticará o mal. Falaremos mais sobre isso no próximo tópico. 

3. Características dos pensamentos. A mente humana é extremamente complexa e possui a capacidade de produzir uma infinidade de pensamentos de naturezas diversas. Neste ponto, o comentarista discorre sobre as características dos nossos pensamentos e nos mostra que eles podem ser bons ou maus; puros ou impuros; verdadeiros ou falsos. O tipo de pensamento gerado em nossa mente está diretamente relacionado à sua origem.

Os pensamentos podem surgir a partir dos cinco sentidos do nosso corpo: visão, audição, olfato, paladar e tato. Por meio dessas janelas, a nossa alma entra em contato com o mundo exterior e pode sofrer influências boas ou más. Por isso, não devemos contaminar nossos sentidos com coisas más, pois isso produzirá pensamentos e ações pecaminosas. No Salmo 101.3, o salmista fez o seguinte compromisso:

“Não porei coisa má diante dos meus olhos; odeio a obra daqueles que se desviam; não se me pegará a mim.”

Os pensamentos também podem ser gerados em nosso interior, por meio da nossa própria natureza humana corrompida pelo pecado. O primeiro casal, antes do advento do pecado, não possuía natureza corrompida e, portanto, não estava sujeito a gerar maus pensamentos. Nós, porém, mesmo após a conversão, continuamos com a natureza carnal e precisamos lutar contra ela, para não cedermos às suas concupiscências.

Há ainda outra forma de surgirem maus pensamentos: as setas malignas plantadas em nossa mente pelo inimigo das nossas almas. O apóstolo Pedro escreveu que “o diabo, nosso adversário anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”. (1Pe 5.8). Ele sabe perfeitamente que todas as ações humanas, antes de se concretizarem, são geradas na mente. Por isso, procura influenciar os pensamentos, levando as pessoas a pensar o mal. Cabe a nós discernir a origem dos pensamentos e rejeitar aquilo que é mau.

Os pensamentos verdadeiros, bons e puros procedem de Deus, pois essas qualidades fazem parte de Sua essência. Da nossa própria natureza não surgirão bons pensamentos, uma vez que ela foi corrompida pelo pecado. A Bíblia declara:

“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17.9).

Quem tem a mente preenchida pela presença de Deus e por Sua Palavra naturalmente refletirá isso em seus pensamentos e ações.

Ev. WELIANO PIRES 

10 novembro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 7 – OS PENSAMENTOS: A ARENA DE BATALHA NA VIDA CRISTÃ

 TEXTO ÁUREO:

“Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fp 4.8).


VERDADE PRÁTICA:

O cristão sábio e prudente preserva sua mente, tornando seus pensamentos obedientes a Cristo.


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE:

Filipenses 4.8,9; 2 Coríntios 10.3-5.


OBJETIVOS DA LIÇÃO:

I) Levar o aluno a compreender que o pensamento é uma faculdade presente desde a criação, sendo essencial nas decisões humanas; 

II) Encorajar os alunos a assumirem responsabilidade ativa sobre seus pensamentos, conforme a instrução bíblica de Filipenses 4.8; 

III) Conscientizar os alunos sobre a realidade da batalha espiritual travada na mente e a necessidade de vigilância contra pensamentos malignos e destrutivos.


PALAVRA-CHAVE:

PENSAMENTOS

A palavra “pensamento” vem do latim pensamentum, que, por sua vez, deriva do verbo pensare, cujo sentido original era “pendurar um objeto em uma balança para descobrir o seu peso”. Com o tempo, essa ideia passou a ser usada de forma figurada, significando “pesar com a mente”, isto é, avaliar, refletir e considerar algo com atenção e cuidado.

Quando pensamos dessa forma, percebemos que o ato de pensar envolve mais do que simplesmente formar ideias — trata-se de discernir, avaliar e refletir sobre aquilo que ocupa o nosso coração e a nossa mente.

No Antigo Testamento, encontramos diferentes palavras hebraicas que expressam essa riqueza de significado. A palavra machăshâbâh (Jr 29.11) vem do verbo châshab, que quer dizer “pensar, planejar, imaginar, calcular”. Deus, em Sua sabedoria, declara: “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito” (Jr 29.11). Esses pensamentos não são apenas ideias, mas planos de amor e propósito para cada um de nós.

Outra palavra usada é rayah, que se refere a propósito ou intenção (Sl 139.2,17). Isso nos lembra que Deus conhece não só o que pensamos, mas também as intenções mais profundas do nosso coração. Há ainda o verbo zâmam, que significa “planejar” ou “propor uma ação”, e o termo mezimmah (Jó 42.2), traduzido como “pensamentos” ou “planos”, mostrando que nada pode frustrar os desígnios do Senhor.

No Novo Testamento, o texto grego traz ainda mais nuances sobre o tema. A palavra nóēma fala de pensamento, razão e julgamento; já nous se refere à mente, ao entendimento e à capacidade de discernir com sobriedade e justiça. A palavra diánoia, derivada de nous, aparece em Mateus 22.37, quando Jesus ensina que devemos amar a Deus “de todo o nosso entendimento”. Ela aponta para a mente como o centro das nossas faculdades — intelecto, emoções e vontade — onde se formam tanto pensamentos bons quanto maus.

Em Filipenses 4.8, o apóstolo Paulo nos convida a encher a mente com tudo o que é verdadeiro, justo e puro. O verbo usado ali é logizomai, que significa “considerar, refletir, avaliar com cuidado”. Ou seja, não basta ter pensamentos; é preciso deliberar sobre eles à luz de Deus, escolhendo o que edifica e traz paz.

Outra palavra significativa é enthýmēsis (Mt 9.4), que se refere não apenas ao ato de pensar, mas também à motivação moral e à intenção do coração. Jesus, ao perceber os pensamentos dos fariseus, mostrou que Ele não vê apenas o que pensamos, mas também o porquê pensamos.

Assim, ao estudarmos a origem e o sentido das palavras relacionadas ao pensamento, aprendemos uma lição preciosa: Deus se importa com o que habita em nossa mente. Pensar, no sentido bíblico, é um ato espiritual — é pesar com a alma, é discernir à luz da verdade divina. Que, como filhos e filhas de Deus, possamos permitir que nossos pensamentos sejam guiados e purificados pelo Espírito Santo, para que tudo o que refletirmos e planejarmos esteja alinhado com a boa, perfeita e agradável vontade do Senhor.

INTRODUÇÃO

Esta é a terceira lição sobre a alma humana. Na Lição 5, estudamos o tema “A Alma — A Natureza Imaterial do Ser Humano”, quando abordamos a natureza imaterial e imortal da alma, bem como seus principais atributos. Vimos também que a alma humana possui três faculdades: a emoção ou sentimento, a razão ou intelecto e a volição ou vontade.

Nas próximas três lições, estudaremos cada uma dessas faculdades. Na presente lição, trataremos da razão ou intelecto do ser humano — a parte cognitiva da alma, responsável por raciocinar, ponderar, examinar, avaliar e refletir sobre o mundo ao redor e sobre as próprias ações.

No Jardim do Éden, o ser humano não conhecia o mal; por isso, seus pensamentos eram puros. Entretanto, após a Queda, o intelecto humano se tornou um campo de batalha entre bons e maus pensamentos.

Com base nas orientações do apóstolo Paulo em Filipenses 4.8 e 2 Coríntios 10.3-5, esta lição nos mostra a importância de pensar corretamente, tendo a mente renovada e alinhada à vontade de Deus. Para isso, é necessário examinar diariamente os nossos pensamentos, comparando-os com o ensino da Palavra de Deus, enchendo a mente com o que é bom e rejeitando tudo o que é nocivo.

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. UMA VISÃO INTRODUTÓRIA

Neste primeiro tópico, apresentaremos uma visão introdutória sobre o tema dos pensamentos.
Como é de praxe nas lições deste trimestre, o comentarista nos conduz ao relato da criação, destacando a experiência de Adão e Eva no uso de seu intelecto — raciocinando, elaborando pensamentos e tomando decisões.

Em seguida, trataremos do conceito e das origens dos pensamentos, que podem surgir de fatores internos, externos ou da combinação de ambos. Contudo, independentemente da origem, cabe ao ser humano decidir se aceita ou rejeita os pensamentos que lhe sobrevierem.

Por fim, veremos as características dos pensamentos humanos, que podem ser bons ou maus, dependendo de sua natureza e motivação.

II. A GESTÃO DOS PENSAMENTOS

No segundo tópico, abordaremos a gestão dos pensamentos. Com base em Filipenses 4.8, veremos que pensar em coisas boas e virtuosas é um imperativo ético e espiritual: “...nisso pensai.” 

Aprenderemos também que “pensar nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3.2) está muito além das técnicas humanas de gestão mental — trata-se de uma prática espiritual profunda.

Falaremos ainda sobre a leitura e meditação nas Escrituras como recursos espirituais eficazes para gerar bons pensamentos e fortalecer a mente.

Por fim, destacaremos a influência de fatores físicos, orgânicos e ambientais em nossa Maneira de pensar, tomando como exemplo Jesus, que, embora estivesse frequentemente em meio às multidões e agitações de Jerusalém, também buscava momentos de retiro em Betânia, um lugar de descanso e comunhão.

III. A BATALHA NA ARENA DOS PENSAMENTOS

No terceiro tópico, trataremos da batalha espiritual que ocorre na mente. Primeiramente, falaremos sobre as influências espirituais nos pensamentos humanos, destacando os exemplos de Judas Iscariotes e Ananias, esposo de Safira, ambos influenciados por Satanás em seus pensamentos — e, por isso, tiveram fins trágicos.

Abordaremos também cuidados práticos que devemos adotar para proteger a mente de maus pensamentos e manter a saúde mental e espiritual.

A mente é o campo onde se trava a principal batalha da vida cristã, e somente pela ação do Espírito Santo e pela renovação contínua da mente pela Palavra (Rm 12.2) é possível experimentar a verdadeira vitória interior.

Bons estudos!

Ev. WELIANO PIRES
AD-BELÉM / SÃO CARLOS-SP
Notas:

Dicionários Etimológicos Online: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa e Infopédia apresentam consistentemente a derivação de "pensar" e "pensamento" a partir do latim pensare, com o sentido original de "pesar" ou "avaliar o peso".


REFERÊNCIAS:

STRONG, James. Concordância de Strong: dicionário bíblico hebraico e grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2010.

QUEIROZ, Silas. Corpo, Alma e Espírito: A restauração integral do ser humano para chegar à estatura completa de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 103, p.39.

09 novembro 2025

OS PENSAMENTOS — A ARENA DA BATALHA NA VIDA CRISTÃ


SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD

A aula desta semana traz a explicação de um conceito importante dentro da tricotomia humana: o pensamento. O cuidado com os pensamentos trata-se de uma disciplina pouco explorada desde a nossa infância. Aprendemos conhecimentos gerais, somos disciplinados a respeitar regras e ao preparo quanto à vida profissional. No entanto, há pouco aprendizado em relação a lidar com os pensamentos e as emoções. Isso tem resultado em adultos ansiosos, instáveis emocionalmente e com baixa autoestima. A Palavra de Deus destaca a importância de cuidar da mente, não se permitir ser enganado pelas emoções ou pelos pensamentos invasivos que se opõem aos princípios divinos. Por essa razão, o crente deve atentar para a forma como lida com seus pensamentos, não permitindo que o medo controle suas emoções de tal forma que a suas ações sejam comprometidas.

A respeito deste assunto, Leslie Parrot, em sua obra A Batalha Pela Sua Mente (CPAD), discorre que no contexto cristão, a infelicidade em lidar com a batalha na mente é resultado da imaturidade: “Tiago descreve os quatro fatores normalmente presentes nos cristãos que são vítimas da sua própria imaturidade: 1. Na vida de cada cristão imaturo, existe a falta de sabedoria, que é um nível baixo de bom senso. 2. Na vida de cada cristão imaturo há uma fé hesitante, que oscila pelos ventos do desapontamento. Sempre imerso em boatos até os joelhos, o cristão hesitante é sempre ansioso e amedrontado. 3. Na vida de cada cristão imaturo há muita dependência de algum milagre que compense toda a falta de bom senso e toda a fé hesitante. E 4. Na vida de cada cristão imaturo, existe o problema da instabilidade. As pessoas imaturas desistem facilmente, se sentem desencorajadas pela falta de aprovação de outros, e frequentemente vivem duas vidas, uma na igreja e a outra no mundo. A indecisão faz com que o possível cristão seja inútil para Deus, para si mesmo, e certamente para qualquer outra pessoa”. (2010, p.79).

O cristão precisa se habilitar para lidar com a batalha que ocorre no campo mental. Como aconselha o apóstolo Paulo escrevendo aos Coríntios, as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus para destruição das fortalezas (2Co 10.4). Com as armas que Deus nos concede, podemos destruir todo conselho e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus e levar cativo todo entendimento à obediência de Cristo (v.5). Agindo assim, nosso pensamento estará continuamente preenchido com as virtudes que “vêm do Alto” e estaremos preparados para lidar com as intempéries da batalha que ocorre no campo da mente.

Fonte: 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 103, p.39.
PARROT, Leslie. A Batalha Pela Sua Mente: Entendendo a personalidade santificada. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2010, p.79.

06 novembro 2025

A CONSCIÊNCIA É FALÍVEL

(Comentário do 3º tópico da Lição 6: A consciência - O tribunal interior)

No terceiro tópico, veremos que a consciência humana é falível. Primeiramente, analisaremos os defeitos da consciência mencionados na Bíblia: a consciência cauterizada, fraca e corrompida. Em seguida, refletiremos sobre o fato de que Deus é o Supremo Juiz, que sonda o mais profundo do nosso ser, conhece todos os desígnios — até os ocultos — e julga com absoluta justiça.

1. Defeitos da consciência

Não podemos avaliar nossos próprios atos unicamente pela consciência, presumindo que, se ela não nos condena, estamos em plena conformidade com a vontade divina. Tal presunção é incorreta, visto que a consciência humana foi igualmente afetada pela corrupção do pecado.

A Bíblia descreve situações em que o indivíduo endurece o coração a ponto de “perder a sensibilidade”; em outras palavras, sua consciência torna-se cauterizada (Ef 4.19). Há também casos em que a consciência se encontra aprisionada ao legalismo, acreditando que a justificação se dá pelas obras; tal consciência é denominada fraca (1Co 8.7-12). Por fim, existem aqueles cuja consciência se encontra corrompida, a ponto de considerarem que nada constitui pecado (Tt 1.15).

Diante disso, pergunta-se: o que fazer para que a consciência funcione adequadamente? O apóstolo Paulo nos oferece a resposta: é necessário educá-la por meio da Palavra de Deus e mantê-la submissa ao Espírito Santo. A mente humana pode ser comparada a um computador, que opera conforme as informações nele armazenadas. Um computador novo e bem configurado pode ser comprometido se acessarmos conteúdos impróprios ou instalarmos programas corrompidos.

Da mesma forma, quando a mente é alimentada pelo pecado, a consciência se contamina e perde sua capacidade de discernimento moral. Portanto, é imprescindível nutrir a mente com a Palavra de Deus e cultivar constante comunhão com o Espírito Santo, a fim de preservar uma consciência pura e sensível à direção divina.

2. Deus, o Supremo Juiz

Como vimos, a consciência atua como um tribunal interior, exercendo importante papel na avaliação de nossas ações — seja para nos acusar, seja para nos defender quando injustamente acusados. Contudo, como afirma o comentarista, a consciência é falível e, portanto, o seu juízo não é definitivo.

O simples fato de a consciência não nos acusar não significa que sejamos inocentes diante de Deus. Do mesmo modo, se ela nos absolve de determinada acusação, isso não implica necessariamente que a acusação seja injusta. É possível que a própria consciência esteja defeituosa, conforme já mencionamos. Por essa razão, devemos submetê-la constantemente ao crivo da Palavra de Deus, a qual é fiel, verdadeira e digna de toda aceitação.

Devemos rogar continuamente ao Senhor que examine o nosso coração e revele qualquer erro oculto, pois Ele é onisciente e conhece as profundezas do nosso ser. Somente Deus conhece plenamente as nossas intenções — mais do que nós mesmos. Ele é o Justo e Supremo Juiz, que julga com retidão absoluta. O ser humano pode enganar os outros e até a si próprio, mas jamais conseguirá enganar a Deus.

Com frequência, julgamos que tudo vai bem conosco, até que o Senhor nos confronta, nos repreende e nos mostra o caminho correto. A Igreja de Éfeso, por exemplo, era doutrinariamente sólida e acreditava estar em conformidade com a vontade divina. Contudo, Jesus, embora tenha reconhecido seus acertos, apontou que ela havia abandonado o primeiro amor e a exortou ao arrependimento, recomendando que voltasse a praticar as primeiras obras (Ap 2.1-7).

Ev. WELIANO PIRES

PREPARANDO O CORPO, A ALMA E O ESPÍRITO PARA A ETERNIDADE

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD) Estamos concluindo mais um trimestre. Nesta última lição, estudaremos sobre o preparo do crente...