23 novembro 2024

A PAZ QUE JESUS PROMETEU

(Comentário do 3º tópico da Lição 08: A promessa de paz)

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos da Paz prometida por Jesus. Veremos que Jesus é o Príncipe da Paz, como falou o profeta Isaías, e somente Ele pode oferecer a verdadeira paz. Na sequência, falaremos da paz como uma promessa redentora. Deus prometeu que nasceria um da descendência da mulher, para redimir o ser humano e restabelecer a Paz com Deus. Por último, veremos que esta paz prometida por Deus excede todo entendimento, acalma o nosso coração e nos fortalece diante dos dissabores desta vida. 

1- O Príncipe da Paz. Segundo a profecia de Isaías 9.6, Deus prometeu enviar o Messias, que teria os seguintes nomes: “Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz”. No versículo seguinte, o profeta afirma que esta paz não terá fim. No Novo Testamento, vemos o cumprimento desta profecia, na Pessoa bendita de Jesus Cristo, que veio trazer a Paz. Conforme diz o Texto Áureo da lição, Jesus disse aos seus discípulos:  “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou…”. 

Esta paz prometida por Deus no Antigo Testamento e cumprida em Jesus no Novo Testamento, acompanha os seus discípulos atualmente não plenamente, mas como uma amostra do que será na eternidade. Quando Jesus enviou os seus discípulos, com a missão de pregar o Evangelho, Ele disse: “E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.” (Mt 10.12,13). Somos, portanto, portadores da paz que o Príncipe da Paz veio trazer. 

Entretanto, esta paz que Jesus veio trazer habita apenas no coração daqueles que nele crerem, pois a paz é fruto do Espírito Santo (Gl 5.22). Certa vez, Jesus disse aos seus discípulos: “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares.” (Mt 10.34-36). Parece haver uma contradição deste texto, onde Jesus disse que “não veio trazer paz”, com o texto de João 14.27, onde Ele disse “Deixo-vos a paz”. É simples de compreender e não há contradição nenhuma. O fato é que Jesus veio trazer paz aos que nele creem, mas os que não crerem odiarão e serão inimigos dos discípulos de Jesus.

2- Uma promessa redentora. Quando Deus criou o primeiro casal, eles tinham paz e comunhão plena com Deus. Todos os dias, Deus visitava o Jardim e conversava com o casal. Entretanto, depois que eles pecaram contra Deus, tornaram-se inimigos de Deus e foram expulsos do Jardim. Deus é absolutamente Santo e não pode coabitar com o pecado. Para haver uma reconciliação entre Deus e o homem pecador, havia a necessidade de um redentor, ou seja, alguém que pagasse o preço do pecado e restabelecesse a paz com Deus. O próprio Deus prometeu enviar, através da descendência da mulher, alguém que derrotaria a serpente, que é o próprio Satanás (Gn 3.15; Ap 12.9).

Esta promessa de um redentor cumpriu-se em Cristo, que veio reconciliar o homem com Deus, mediante o seu sacrifício na cruz do Calvário. Jesus veio trazer a Paz com Deus e esta paz é obtida, unicamente através da justificação pela fé (Rm 5.1). Não pode haver paz entre o homem e Deus, se não houver justificação do pecado. Também não pode haver justificação do pecado por outro meio que não seja a fé em Cristo. Ninguém será justificado pelas obras, sofrimentos, sacrifícios ou merecimento. 

A paz com Deus está disponível a todos os povos. Na cruz, foi derrubada a parede de separação entre judeus e gentios: “Porque Ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. (Ef 2.14,15). Os judeus se vangloriavam de serem o povo de Deus e desprezavam os demais povos. Mas, Cristo veio trazer paz e reconciliar com Deus todos os que nele crerem, de todos os povos. 

3- Uma promessa que excede todo o entendimento. Escrevendo aos Filipenses, o apóstolo Paulo os orientou a não se inquietarem por coisa alguma, mas apresentarem as suas petições a Deus em oração, súplicas e ações de graças (Fp 4.6). Na sequência, ele diz: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” (Fp 4.7). Isso nos mostra que a paz que Jesus oferece não é a ausência de problemas e conflitos. É uma tranquilidade sobrenatural diante das circunstâncias adversas, que está acima da compreensão humana. 

Quando olhamos para a situação dos verdadeiros cristãos ao longo da história, podemos perceber esta paz de Deus em seus corações, diante de grandes tubulações. O apóstolo Pedro, por exemplo, viu o seu colega de ministério, Tiago, ser preso e executado a mando de Herodes. Em seguida, ele também foi preso e sabia que seria o próximo. Mas ele dormia tranquilamente na prisão, enquanto a Igreja fazia contínua oração por ele. Deus não lhe revelou que ele seria liberto da prisão, mas em momento algum ele entrou em desespero. 

Da mesma forma, Paulo e Silas foram açoitados com varas em Filipos e presos. Na prisão, presos com cadeias de bronze, sem poderem sequer sentar, sentindo as dores dos açoites, eles encontraram motivação para orar e cantar louvores a Deus. Eles tinham em seus corações, uma paz sobrenatural vinda de Deus, que excede toda a compreensão humana. Nenhum ser humano, se não estiver cheio de Deus, consegue ter paz em uma situação dessa. No final da carreira, o mesmo Paulo estava preso em Roma, sabendo que seria executado. Mesmo assim, ele escreveu a segunda Epístola a Timóteo, dizendo: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”. (2Tm 4 7). Na sequência deste texto, ele ainda falou para Timóteo trazer a capa, os livros e os pergaminhos. Como pode alguém que está preso em uma masmorra, aguardando o momento da sua execução, pedir livros e as Escrituras para ler? Somente a paz de Deus pode fazer isso. 

21 novembro 2024

A PAZ ILUSÓRIA DO MUNDO

(Comentário do 2° tópico da Lição 8: A promessa de paz)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da paz ilusória deste mundo. Veremos que a paz que o mundo oferece é uma paz enganosa, pois se limita ao que é terreno e humano. Falaremos também da suposta paz que muitos pensam ter, através da prática das obras da carne, que não passa de ilusão. Por último, falaremos da falsa paz que haverá durante a Grande Tribulação, que será superficial, frágil e de aparências. 


1- Uma paz enganosa. Conforme falamos no tópico anterior, segundo o dicionário, paz é a ausência de conflitos, guerras e desarmonia. Com o fim do período medieval, na chamada Modernidade, teve início os ideais igualitários e o racionalismo. Isso deu origem aos primeiros movimentos democráticos nas américas. Esperava-se obter a paz, prosperidade e harmonia entre os povos. Entretanto, ocorreu o contrário, tivemos o surgimento de regimes autoritários e genocidas como o Nazismo, Fascismo e Comunismo, e duas guerras mundiais que resultaram em milhões de mortos. 


No final da Segunda Guerra Mundial foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de “unir todas as nações do mundo em prol da paz e do desenvolvimento, com base nos princípios da justiça, dignidade humana e no bem-estar de todos.” Mas, o que se viu foi o surgimento da Guerra Fria, a corrida armamentista das grandes potências por armas nucleares, aumento de conflitos religiosos, aumento do terrorismo, aumento da fome e desigualdade social, etc.


As pessoas buscam paz também naquilo que lhes oferece momentos de prazer e sensação de bem estar, como os vícios, drogas e bailes, e nos discursos das falsas religiões. Os vícios, drogas e baladas, podem trazer a sensação de paz momentânea, especialmente à juventude, que procura preencher o seu vazio existencial. Mas esta paz é enganosa e passageira. Quando estes momentos passam, o interior da pessoa continua cheio de tensões e conflitos internos. Muitos jovens, inclusive, brigam e até morrem, por causa do envolvimento com estes prazeres que o mundo oferece. 


As falsas religiões também propagam discursos enganosos de paz sem Jesus, através de meditações, sacrifícios, incensos, boas obras, comunicação com espíritos e guias, objetos supostamente sagrados, etc. Mas, estas coisas, em vez de trazer paz, trazem mais perturbação aos corações das pessoas que as praticam. Por isso, Jesus disse que não dá a sua paz como o mundo a dá. A paz que Jesus oferece é verdadeira, eterna e oferece descanso e tranquilidade aos que nele confiam. Esta paz fez com que Paulo e Silas tivessem motivação para orar e cantar louvores na prisão, após terem sido barbaramente açoitados, sem terem cometido crime algum. 


2- A “paz” das obras da carne. Aqui, o comentarista faz menção às obras da carne, que oferecem uma paz ilusória aos que praticam tais obras. No capítulo 5, da Epístola aos Gálatas, o apóstolo Paulo fala sobre a liberdade cristã, que é uma referência a não viver sob o jugo das ordenanças da Lei. Entretanto, Paulo faz uma ressalva e diz aos gálatas que o fato de não estarem mais sujeitos à lei, não deve servir de justificativa para continuarem na prática do pecado. 


A partir do versículo 16, Paulo faz um contraste entre as obras da carne e o Fruto do Espírito e cita uma lista de 16 obras que são incompatíveis com a vida cristã. A palavra carne neste texto, no grego é sarx, e tem vários significados na Bíblia, principalmente nas epístolas. Pode significar fraqueza física (GI 4.13); o corpo ou o ser humano (Rm 1.3) o pecado (Gl 5.24), os desejos реcaminos (Rm 8.8). No texto  de Gálatas 5.19-21, carne significa a natureza ресаminоsa do ser humano. 


As obras da carne mencionadas por Paulo, se dividem em três grupos: 

a. Pecados contra a moral: Prostituição, impureza e lascívia;

b. Pecados contra a fé: Idolatria e feitiçaria;

c. Pecados contra o próximo: Inimizades, porfias, emulações/ciúmes, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices e glutonarias. 


Paulo deixa claro que aqueles que se dizem cristãos e participam destas coisas não herdarão o Reino de Deus (Gl 5.21). Esta lista não é exaustiva, pois ele fala de “coisas semelhantes a estas”. As pessoas que vivem sem Deus, ou os falsos cristãos, praticam estas coisas buscando satisfação, felicidade e paz. Mas estas coisas, além de afrontarem a Deus, escravizam o ser humano e deixam um rastro de infelicidade onde são praticadas.


3- Uma falsa paz. Aqui, o comentarista usa a expressão “falsa paz”, referindo-se ao texto de 1 Tessalonicenses 5.3, onde o apóstolo Paulo fala sobre a falsa paz que será prometida na Grande Tribulação, que ocorrerá logo após o arrebatamento da Igreja. O governo do Anticristo assumirá o governo mundial, prometendo paz e segurança para o mundo. Mas, o que virá será exatamente o contrário, repentina destruição. 


Neste período, o mundo experimentará o aumento exponencial das guerras, fomes, desastres ambientais, doenças incuráveis e mortes. Estes acontecimentos foram profetizados por João no Apocalipse, representados por quatro cavaleiros, montados em cavalos das cores branca, vermelha, preta e amarela. Estas cores simbolizam, respectivamente: a falsa paz do Anticristo (branco), as guerras (vermelha),  os problemas econômicos  e a fome (preta) e as pestes e mortes (amarela). 


Não apenas na Grande Tribulação, mas em qualquer época, a paz que exclui Jesus, prometida por tratados internacionais, governos, ciência, religiões, ecumenismo, etc. será sempre uma falsa paz. Não pode haver paz sem Jesus, pois Ele é o Príncipe da Paz. Somente Ele pode nos conceder a verdadeira Paz. Portanto, a paz que o mundo oferece é enganosa e ilusória. Tem um hino antigo do Trio Alexandre que diz: 


Paz, paz, perfeita paz

Tem quem aceita a mensagem da cruz

Aceita a Cristo autor que dá paz,

Paz só se tem em Jesus.


20 novembro 2024

A PAZ NO PLANO DE DEUS

(Comentário do 1º tópico da Lição 08:  A promessa de paz)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos da paz no plano de Deus. Inicialmente, mostraremos o conceito de paz no dicionário, no Antigo Testamento e no Novo Testamento. Na sequência, falaremos da paz na bênção sacerdotal, que é um estado de plena satisfação em Deus. Por último, falaremos da Paz do Senhor Jesus, que traz quietude e tranquilidade ao nosso coração diante das aflições desta vida. 

1- O significado de paz. A palavra portuguesa “paz” vem do latim “pax” que significa “ausência de guerras e conflitos”. O dicionário de língua portuguesa traz as seguintes definições para a palavra paz: “estado de calmaria, de harmonia, de concórdia e de tranquilidade; calma; ausência de guerras e conflitos; anulação de hostilidades entre nações, mediante acordos de amizade”.

A palavra hebraica traduzida por paz no Antigo Testamento é Shalom, formada pelas letras hebraicas Shin, Lâmede e Men. Significa o estado de integridade e completude, advindos da comunhão com Deus, que faz o ser humano desfrutar das suas bênçãos, como veremos abaixo, na paz expressa na bênção sacerdotal de Números 6.24-26. Shalom é a saudação usada pelos israelitas ao longo dos séculos. 

O Novo Testamento usa a palavra grega “eirene”, traduzida por paz. O nome próprio “Irene” vem desta palavra. Na cultura grega, a paz significava a ausência de conflitos e disputas. Nos jogos olímpicos, os gregos suspendiam as guerras e disputas. Por isso, até hoje as olimpíadas trazem a ideia de harmonia entre os povos. Esta é a ideia de paz que existe no mundo. Entretanto, a ideia de paz na Bíblia não é sinônimo de ausência de conflitos e guerras. No Novo Testamento há pelo menos três tipos de paz: a paz com Deus, a paz de Deus e a paz com o próximo. Ao longo desta lição, discorreremos sobre estes tipos de paz. 

2- A Paz na bênção sacerdotal. No texto de Números 6.24-26, Deus falou para Aarão e seus filhos, como eles deveriam abençoar o povo de Israel: “O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz”. No deserto, o povo de Israel dependia exclusivamente de Deus. Sendo assim, os sacerdotes proferiam estas palavras, rogando ao Senhor que os abençoasse, dando-lhes proteção, misericórdia e paz.

Para o povo israelita, ter paz não significava viver sem conflitos, pois, ao longo da sua história, eles enfrentaram muitas guerras, muitas delas ordenadas por Deus. Desfrutar de Shalom significava estar em perfeita comunhão com Deus, tendo a aprovação dele, e alcançar a sua proteção, misericórdia, saúde física e espiritual e plena satisfação. Deus é chamado na Bíblia de “O Deus de Paz” (1Ts 5.23). Um dos Nomes de Deus é Yahweh Shalom (O SENHOR é Paz) (Jz 6.24).

3- A Paz do Senhor. Nas suas últimas instruções aos seus discípulos, antes da crucificação, o Senhor Jesus lhes disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. Não vo-la dou, como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (Jo 14.27). Jesus não ofereceu uma paz que consiste em ausência de conflitos, pois no mesmo discurso, Ele falou que o mundo os odiaria e os mataria por causa do Seu Nome. 

A Paz que o Senhor Jesus dá é o resultado da paz com Deus que é a restauração da comunhão com Deus, mediante a justificação pela fé. Quando o ser humano vive no pecado, ele é inimigo de Deus e não tem paz, pois o Príncipe da Paz é Jesus. Ao receber Jesus como Senhor e Salvador, a comunhão com Deus é restabelecida e o ser humano passa a ser filho de Deus e ter paz com Ele. 

Tendo paz com Deus, o homem passa a viver num estado de calmaria e contentamento, independente das circunstâncias adversas que porventura tenha que atravessar. Jesus disse aos seus discípulos: “Tenho vos dito estas coisas para que em mim tenhais paz. No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo”. (Jo 16.33). Observe que Jesus disse “em mim tenhais paz”, ou seja esta paz vem dele e não das circunstâncias que estamos vivendo. Quem está em Cristo, tem paz interior e com o próximo.

18 novembro 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 08: A PROMESSA DE PAZ

Ev. WELIANO PIRES

Nesta lição falaremos da promessa de paz contida na Palavra de Deus. Jesus Cristo é descrito na profecia de Isaías como “Príncipe da Paz”. Após a Queda, o ser humano tornou-se inimigo de Deus e não tem paz com Deus, nem com os seus semelhantes. Jesus prometeu aos seus discípulos, deixar-lhes a paz, não a paz do mundo, mas a paz de Deus, que excede todo entendimento.


No primeiro tópico, falaremos da paz no plano de Deus. Inicialmente, mostraremos o conceito de paz no dicionário, no Antigo Testamento e no Novo Testamento. Na sequência, falaremos da paz na bênção sacerdotal, que é um estado de plena satisfação em Deus. Por último, falaremos da Paz do Senhor Jesus, que traz quietude e tranquilidade ao nosso coração diante das aflições desta vida.


No segundo tópico, falaremos da paz ilusória deste mundo. Veremos que a paz que o mundo oferece é uma paz enganosa, pois se limita ao que é terreno e humano. Falaremos também da suposta paz que muitos pensam ter, através da prática das obras da carne, que não passa de ilusão. Por último, falaremos da falsa paz que haverá durante a Grande Tribulação, que será superficial, frágil e de aparências.


No terceiro tópico, falaremos da Paz prometida por Jesus. Veremos que Jesus é o Príncipe da Paz, como falou o profeta Isaías e somente Ele pode oferecer a verdadeira paz. Na sequência, falaremos da paz como uma promessa redentora. Com a entrada do pecado no mundo, o relacionamento do homem com o Seu Criador foi interrompido. Mas Deus prometeu que nasceria um da descendência da mulher, para redimir o ser humano e restabelecer a Paz com Deus. Por último, veremos que esta paz prometida por Deus excede todo entendimento, acalma o nosso coração e nos fortalece diante dos dissabores desta vida.

16 novembro 2024

PROMESSAS PARA O CORAÇÃO

(Comentário do 3° tópico da Lição 07: A promessa de um coração novo)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos das promessas de Deus para o coração. A primeira delas é a promessa de um coração feliz. Uma pessoa que nasceu de novo tem a alegria do Senhor. A segunda promessa é a de um coração cheio de amor, pois o amor de Deus é derramado em seu coração. A terceira promessa é o penhor do Espírito no coração. Este penhor é a garantia da nossa salvação por Deus. 

1- Um coração feliz. Há promessa na Bíblia para aqueles que foram regenerados pelo Espírito Santo. Quem foi salvo por Jesus vive um estado de plena satisfação e felicidade, não por seus próprios méritos e esforços, mas porque nasceu de novo e o seu caráter foi transformado pelo Espírito Santo. No conhecido Sermão da Montanha, quando o Senhor Jesus proferiu as Bem -aventuranças, Ele disse: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mt 5.8). 

A palavra “bem-aventurado” no grego é "makarios" e significa um estado de plenitude e de felicidade profunda, resultante da presença de Deus e da certeza da vida eterna. Para o cristão, a felicidade não está em si mesmo e não depende dos próprios esforços ou circunstâncias em que ele vive. A felicidade na vida do cristão é resultado da sua comunhão com Deus e fidelidade à Sua Palavra. 

Quando o homem dá ouvidos à Palavra de Deus, o Espírito Santo produz uma profunda transformação em seu interior, que o torna feliz em quaisquer circunstâncias, seja favorável ou adversa. Foi isso que Paulo expressou aos Filipenses: “Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.” (Fp 4.12,13). 

Infelizmente, as pessoas lêem apenas o versículo 13 e deturpam o seu significado, achando que Paulo estaria dizendo que pode tudo, no sentido de conquistar tudo. O contexto mostra que o apóstolo estava dizendo que ele sabia se contentar em qualquer circunstância, pois Cristo o fortalecia. A nossa felicidade não consiste naquilo que temos, nem tampouco em circunstâncias que nos são favoráveis. Somos felizes porque Cristo nos salvou da condenação eterna e nos reconciliou com Deus. 

2- Um coração cheio de amor.  Há promessa de Deus de derramar o seu amor nos corações regenerados. O Senhor Jesus, nas suas últimas instruções aos seus discípulos disse: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor.” O amor procede de Deus e é a essência do Cristianismo. O apóstolo João assim escreveu: “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.” (1 Jo 4.7). O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, disse: “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5).

O amor é a maior das virtudes e é superior a todos os dons espirituais. Nas virtudes do Fruto do Espírito, o amor encabeça a lista (Gl 5.22). Paulo demonstrou em seus escritos que a expressão máxima de amor foi manifestada por Deus, através do seu Filho Jesus Cristo. “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nos ainda pecadores” (Rm 5.8). Jesus também já havia dito isso aos seus discípulos, em outras palavras: "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16) “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.” (Jo 15.13). 

Sendo o amor uma virtude que procede de Deus, todo aquele que teve o seu coração regenerado pelo Espírito Santo, evidentemente, estará cheio do amor de Deus. É importante esclarecer que o amor de Deus é muito diferente daquilo que o mundo chama de amor. O amor na Bíblia tem conotação prática e não é um mero sentimento. É uma entrega voluntária e sem interesses, em favor do próximo, inclusive daqueles que nos têm como inimigos. Este é o amor que Deus nos ofereceu e é isso que Ele derrama em nosso coração. É impossível ao homem, por sua própria natureza, produzir um amor com estas características. Em um coração regenerado não há espaço para ódio, rancor, inveja, sentimento faccioso e outros sentimentos carnais. Somente Deus pode fazer isso em nosso interior. 

3- O penhor do Espírito no coração.  Quando o homem crê em Jesus, Deus lhe concede o Espírito Santo, como garantia de que aquela pessoa pertence a Deus: “Mas o que nos confirma convosco em Cristo e o que nos ungiu é Deus, o qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações” (2 Co 1.21-22). Era comum naqueles tempos, os comerciantes realizarem uma transação comercial e deixarem uma parte do pagamento como garantia de que haviam comprado uma mercadoria e depois voltariam para buscá-la. O apóstolo Paulo usou esta analogia para se referir ao Espírito Santo que Deus concedeu para habitar naqueles que creram em Cristo, como uma garantia de que aquela pessoa agora pertence a Deus. O coração que foi regenerado tem o Espírito Santo morando nele, como penhor ou garantia de que Deus cumprirá nele as suas promessas. Paulo escreveu aos Romanos dizendo: “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”. (Rm 8.9).

Jesus já havia prometido aos seus discípulos que iria para o Pai, mas não os deixaria órfãos, pois enviaria “outro Consolador”, para ficar para sempre com eles (Jo 14.16-18). A expressão grega traduzida por “outro consolador”, é “Allos parakletos”. Allos, significa “outro da mesma espécie”. É diferente de “heteros”, que significa “outro diferente”.  “Parakletos”, por sua vez, é uma palavra formada por dois termos gregos “pará” (ao lado de) e “Kaleo” (chamar, convocar). Portanto, esta palavra significa um defensor, advogado, intercessor ou ajudador, que foi chamado para representar outra pessoa no tribunal. 

REFERÊNCIAS:
 
RENOVATO, Elinaldo. As promessas de Deus: Confie e viva as bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 39.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave: Hebraico e Grego. RIO DE JANEIRO, CPAD, 2015, p.2252.
Pentecostalismo com Inteligência: pentecostalismo.com
LONGMAN III, Tremper. Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p. 407
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, Vol. 1. pp. 501, 502

15 novembro 2024

O CORAÇÃO DE QUEM ESTÁ EM DEUS

(Comentário do 2° tópico da Lição 06: A promessa de um coração novo)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos do coração de quem está em Deus. Veremos que uma pessoa que está em Cristo, tem um coração inclinado para Deus, pois passa pelo processo do novo nascimento. Na sequência, veremos que a pessoa que nasce de novo tem um coração consciente e procura fazer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Por último, veremos que Deus contempla o coração humano, que é o lugar mais escondido da pessoa humana. O nosso Deus é onisciente e vê todas as coisas. 

1- Um coração inclinado a Deus. Conforme estudamos na lição 05, um dos aspectos da Salvação é a regeneração, que também é chamada de novo nascimento. Neste processo de regeneração, o Espírito Santo produz uma mudança radical no interior da pessoa que recebe a Cristo como Senhor e Salvador. Com esta transformação a pessoa passa a ter a mente de Cristo e um coração inclinado para Deus. Quem não passa por este processo não pode ver, nem entrar no Reino de Deus (Jo 3.3-5). 

Falando sobre isso, no capítulo 8 da Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo disse que “os que são segundo a carne, inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, inclinam-se para as coisas do Espírito”. (Rm 8.5). Quem teve o coração regenerado pelo Espírito Santo, busca as coisas que são do alto e procura agradar a Deus em tudo o que faz, apesar das suas falhas e limitações. O pecado na vida de quem foi regenerado será sempre algo a ser evitado e, se acontecer, a pessoa se entristece e busca o perdão de Deus. Os que andam na carne não são assim. Praticam as obras da carne sem nenhum constrangimento e sentem prazer no pecado. Quando são confrontados, se defendem e colocam a culpa nos outros. 

2- Um coração consciente. Quem recebeu um novo coração, tem a sua consciência cativa à Palavra de Deus. Sendo assim, o seu coração é consciente das verdades eternas da Palavra de Deus, que estão guardadas em seu interior. O salmista diz no Salmo 119.11: “Escondi a tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti”. Quem tem um coração consciente confronta diariamente os próprios pensamentos, palavras e obras com a Palavra de Deus e molda a sua vida por ela. Esta convicção está acima da sua própria vida, vontades e interesses pessoais. 

O reformador Martinho Lutero, quando teve as suas convicções confrontadas pelo alto clero de Roma e foi instado a renegar os seus escritos, declarou corajosamente: “A menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém.”

3- Deus vê o coração. Ninguém é capaz de conhecer o coração humano. Nem a própria pessoa conhece a si mesmo em sua plenitude. Há aspectos da nossa personalidade que se revelam em determinadas circunstâncias, como em situações de perigo, por exemplo. Há pessoas que dizem que jamais fariam certas coisas. Mas, no momento de ira, ou para se defender, acabam fazendo. Pedro, por exemplo, insistiu com Jesus que morreria com Ele e jamais o negaria. Entretanto, pouco tempo depois negou o Mestre por três vezes. 

Neste subtópico, o comentarista abre um parêntese para falar que Deus vê o coração humano e sabe se ele realmente foi regenerado. Em Sua Onisciência, Deus conhece todos os segredos e ninguém pode esconder nada dele. Sendo assim, Ele conhece o nosso interior, sonda o nosso coração e sabe não apenas as nossas ações, mas também as nossas intenções. As aparências, palavras e fingimentos enganam aos seres humanos, mas não a Deus. 

No Salmo 139, o salmista fala da Onisciência de Deus e diz que Ele conhece tudo, inclusive o seu pensamento. No final, ele faz um apelo a Deus para que sonde o seu coração, prove os seus pensamentos, veja se há algum caminho mau e o guie pelo caminho eterno (Sl 139.23,24). Em vez de argumentar com Deus e questionar alguma coisa, devemos pedir humildemente que Ele sonde o nosso coração e diga o que precisa ser mudado. 

14 novembro 2024

O CORAÇÃO NA PERSPECTIVA BÍBLICA

(Comentário do 1º tópico da Lição 07:  A promessa de um coração novo)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos do coração na perspectiva bíblica. Inicialmente, falaremos dos significados da palavra coração na Bíblia, que varia de acordo com o contexto. Na sequência, falaremos da expressão “circuncisão do coração”, usada pelo apóstolo Paulo. Por último, falaremos da promessa de um coração novo, mencionada pelo apóstolo Paulo, que remonta a uma profecia de Jeremias, na qual Deus promete escrever as suas palavras no coração do seu povo. 

1- O coração na Bíblia. As palavras traduzidas por coração na Bíblia tem vários significados e variam de acordo com o contexto. Conforme disse o comentarista, raramente a palavra coração se refere ao órgão físico. Em 2 Sm 18.14, a palavra coração se refere ao órgão físico, quando Joabe feriu a Absalão e “traspassou-lhe o coração”. O mesmo ocorre em 2 Rs 9.24, quando Jeú feriu o rei Jorão entre os braços e a flecha saiu no coração. Nestas duas referências, a palavra coração é uma alusão ao órgão físico. Entretanto, na maioria das vezes, a palavra coração tem outros significados. 

O Antigo Testamento usa as palavras hebraicas “lev” e “levav”, outra forma alternativa, traduzidas por coração, com vários significados, além do órgão físico. Estas palavras são usadas para se referir ao centro das emoções, dos pensamentos, ou da vontade humana. Em Deuteronômio 6.5, no Shemá Israel, o povo de Israel é recomendado a “amar o Senhor Deus de todo o coração”. O coração aqui representa o centro da vida emocional e espiritual do ser humano. No Livro de Provérbios, o coração está ligado à moralidade, ética, sabedoria e entendimento do ser humano. 

No Novo Testamento a palavra grega traduzida por coração é “kardia”, que deu origem às palavras portuguesas: cardiologia, cardíaco, taquicardia, cardiovascular, eletrocardiograma, etc. O termo grego “kardia” é usado para se referir tanto ao órgão físico, quanto em sentido figurado, para se referir ao centro das emoções humanas, ou à vida espiritual. Assim como acontece no Antigo Testamento, o coração no Novo Testamento pode ser uma referência ao centro das emoções, pensamentos e vontades do ser humano. Neste sentido, Jesus afirmou: “Bem aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”. (Mt 5.8). O coração também é mencionado como o local onde se crê em Deus (Rm 10.9-10). Neste sentido, é uma referência ao espírito humano, pois a fé é uma faculdade do Espírito. Em Hb 4.12, o coração aparece como o centro das intenções e vontades humanas. Neste sentido é uma referência à alma humana. Jesus também falou do coração como o centro do pensamento e do intelecto humano (Mt 13.15).

2- A circuncisão do coração. No primeiro texto da Leitura Bíblica em Classe, em Romanos 2.25-29, o apóstolo Paulo critica os judaizantes que insistiam na ideia de que os cristãos deveriam praticar a circuncisão. O apóstolo explica o sentido da verdadeira circuncisão na Nova Aliança. A circuncisão era uma cirurgia feita no órgão sexual dos meninos descendentes de Abraão, no oitavo dia de nascimento. Esta cirurgia era feita com facas de pedra e cortava a pele que cobria o prepúcio. Era um sinal físico do pacto de Deus com Abraão. A circuncisão também era praticada por outras culturas da época, mas não era para todos como em Israel. Deus ordenou que todos os descendentes de Abraão do sexo masculino e os escravos nascidos em suas casas deveriam ser circuncidados. 

Os judeus se orgulhavam da circuncisão e se achavam superiores aos incircuncisos, que eram os povos não israelitas. Paulo explica que na Nova Aliança, a circuncisão não é física mas espiritual, feita pelo Espírito Santo nos corações. É uma referência ao novo nascimento ou regeneração que é na transformação do nosso homem interior. Na Antiga Aliança, quem não era circuncidado fisicamente não fazia parte do pacto de Deus com Israel. Da mesma forma, na Nova Aliança, aquele que não nascer de novo, ou não tiver o coração circuncidado, não pode entrar no Reino de Deus. 

3- Um coração novo. Este ensino do apóstolo Paulo está em perfeita sintonia com a profecia de Jeremias 31.31-34, que é a segunda parte da Leitura Bíblica em Classe. Nesta profecia, o profeta Jeremias diz que Deus estabelecerá um novo pacto com o seu povo e escreverá a sua lei nos corações e não mais em pedras. O Senhor diz que não haverá mais a necessidade de que um israelita ensine ao seu companheiro, dizendo que ele deve conhecer ao Senhor, pois todos o conhecerão e serão perdoados por Deus. 

Entretanto, vale lembrar que esta profecia de Jeremias não se refere ao novo nascimento na Nova Aliança, conforme o ensino de Paulo. A profecia de Jeremias se refere à restauração nacional, espiritual e geográfica de Israel que ocorrerá no Milênio, quando todo o Israel será salvo. Neste período, Deus cumprirá em sua plenitude a promessa feita a Abraão de dar toda aquela terra aos seus descendentes. Haverá também a restauração geográfica na região do Mar Morto. Segundo a profecia de Ezequiel, haverá vida e prosperidade naquela região, que hoje é desértica e cheia de sal. A Bíblia nos mostra que Deus não rejeitou o seu povo e voltará a tratar com Israel, após o arrebatamento da Igreja. Por isso, não podemos admitir a teologia da substituição, que ensina que a Igreja substituiu Israel no Plano de Deus. 

REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. As promessas de Deus: Confie e viva as bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 39.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave: Hebraico e Grego. RIO DE JANEIRO, CPAD, 2015, p.2252.
Pentecostalismo com Inteligência: pentecostalismo.com
LONGMAN III, Tremper. Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p. 407. 
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, Vol. 1. pp. 501, 502.

11 novembro 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 07 – A PROMESSA DE UM CORAÇÃO NOVO

Ev. WELIANO PIRES 
AD-BELÉM/São Carlos-SP 

Nesta lição, estudaremos sobre a promessa de Deus de conceder ao seu povo um coração novo. Evidentemente, não é uma referência ao músculo cardíaco, pois neste caso, bastaria a medicina efetuar um transplante de coração. A palavra coração aqui é usada em sentido figurado, para se referir ao centro da razão e das emoções humanas. Desde a Queda, o coração humano se tornou mau e enganoso. Sendo assim, é preciso passar por um novo nascimento que somente Deus pode realizar. 

No primeiro tópico, falaremos do coração na perspectiva bíblica. Inicialmente, falaremos dos significados da palavra coração na Bíblia, que varia de acordo com o contexto. Na sequência, falaremos da expressão “circuncisão do coração”, usada pelo apóstolo Paulo. Por último, falaremos da promessa de um coração novo, mencionada pelo apóstolo Paulo, que remonta uma profecia de Jeremias, na qual Deus promete escrever as suas palavras no coração humano. 

No segundo tópico, falaremos do coração de quem está em Deus. Veremos que uma pessoa que está em Cristo, tem um coração inclinado para Deus, pois passa pelo processo do novo nascimento. Na sequência, veremos que a pessoa que nasce de novo tem um coração consciente e procura fazer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Por último, veremos que Deus contempla o coração humano, que é o lugar mais escondido da pessoa humana. Mas o nosso Deus é onisciente e vê todas as coisas. 

No terceiro tópico, falaremos das promessas de Deus para o coração. A primeira delas é a promessa de um coração feliz. Uma pessoa que nasceu de novo tem a alegria do Senhor. A segunda promessa é a de um coração cheio de amor, pois o amor de Deus é derramado em seu coração. A terceira promessa é o penhor do Espírito no coração. Este penhor é a garantia da nossa salvação por Deus. 

REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. As promessas de Deus: Confie e viva as bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 39.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave: Hebraico e Grego. RIO DE JANEIRO, CPAD, 2015, p.2252.
LONGMAN III, Tremper. Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p. 407
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, Vol. 1. pp. 501, 502


09 novembro 2024

JESUS CRISTO CURA SIM

(Comentário do 3º tópico da Lição 06: A promessa de cura divina) 

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, veremos que Jesus Cristo cura sim. A cura divina faz parte do plano de Deus, pois Ele se identificou aos Israelitas, quando eles saíram do Egito, como “o SENHOR que te sara”. Veremos também que Jesus continua curando, pois Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Por último, veremos o que podemos fazer para alcançar a cura divina. Há alguns princípios bíblicos que devemos observar.

1- A Cura Divina faz parte do Plano de Deus. Conforme vimos no tópico anterior, as enfermidades são consequências da Queda do ser humano. Logo após a desobediência do primeiro casal, Deus os expulsou do Jardim, mas fez também a primeira promessa de Salvação em Gênesis 3.15, que é chamada de “Proto Evangelho”, por ser o primeiro anúncio da vinda do Salvador para salvar o ser humano do pecado. Esta salvação prometida por Deus em todo o Antigo Testamento não contempla apenas o perdão dos pecados, inclui também o cancelamento das consequências do pecado, que são as doenças e a morte.

Após a libertação do povo de Israel da escravidão no Egito, Deus lhes prometeu que se eles obedecessem às Leis de Deus, não serim atingidos pelas enfermidades que Deus havia mandado aos egípcios. Deus se apresentou a eles com o título “Yahweh Raphah” que significa “O SENHOR que te sara” (Êx 15.26). Em vários momentos no Antigo Testamento vemos Deus curando o seu povo de enfermidades como nos dias de Elias e Eliseu, e no caso do rei Ezequias. No conhecido Salmo 103 lemos que é o Senhor que perdoa as nossas iniquidades e sara as nossas enfermidades (Sl 103.3). 

Em Israel, nos tempos do Antigo Testamento, a cura das enfermidades era milagrosa e vinha do Senhor. O remédio para as doenças não estava nos médicos ou em outras nações, mas em Deus. O rei Asa, por exemplo, é citado negativamente porque teve uma enfermidade grave e “na sua enfermidade, não buscou ao Senhor, mas antes os médicos”. (2 Cr 16.12). Na promessa de retorno do cativeiro, o Senhor falou através do profeta Jeremias: “Porque te restaurarei a saúde, e te curarei as tuas chagas, diz o Senhor…” (Jr 30.17). 

No Novo Testamento, a cura de várias enfermidades fez parte do ministério do Senhor Jesus. O Mestre não curava para aparecer ou fazer propaganda de curas, como muitos querem fazer hoje. Ao contrário, quando Ele curava dizia para as pessoas curadas não falarem para ninguém. Jesus curava movido de íntima compaixão pelas pessoas que sofriam com as doenças. “Então Jesus, movido de íntima compaixão, tocou-lhes nos olhos, e logo seus olhos viram; e eles o seguiram”. (Mt 20.34). Quando enviou os seus discípulos em missões, Ele ordenou-lhes que curassem os enfermos: “Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.” (Mt 10.8). 

2- Jesus cura. A cura divina é uma importante doutrina bíblica pregada pelos pentecostais. Nós cremos que o mesmo Jesus que curou no passado continua curando hoje, pois o seu poder não mudou. Ele é o mesmo ontem, e hoje e eternamente” (Hb 13.8). O Espírito Santo deu dons de curar à Igreja (1 Co 12.9,28). Na Igreja Primitiva, muitas curas e milagres aconteceram e não há nada na Bíblia dizendo que estes sinais iriam cessar. Ao contrário, o Senhor Jesus disse que estes sinais seguiriam aos que crerem (Mc 16.17). 

Que Jesus Cristo curou muitos enfermos durante os três anos do seu ministério terreno, não há nenhuma dúvida, pois está registrado abundantemente nos Evangelhos. Ainda há, segundo João falou, muitos milagres que Jesus realizou, que não estão registrados na Bíblia. Jesus deu também este poder aos seus discípulos para curarem os enfermos. O Livro de Atos dos Apóstolos registra inúmeros casos de curas divinas, realizadas por Pedro, João, Estevão, Filipe, Barnabé e Paulo. 

Nenhum cristão que possa ser levado a sério, negaria os milagres realizados por Jesus ou pela Igreja Primitiva. Entretanto, há muitos cristãos na atualidade que negam que a cura divina seja realizada nos dias atuais. Mas, como já falamos anteriormente, não há nenhum texto bíblico que diga que os dons espirituais tenham cessado. A obra expiatória de Cristo não se limita apenas à salvação do pecado, mas também à restauração do corpo. Entretanto, o que vemos hoje é apenas uma amostra do que ocorrerá na ressurreição, na glorificação do nosso corpo, quando teremos um corpo imortal e incorruptível, não mais sujeito a enfermidades. Há dois extremos que devemos evitar: Primeiro a posição dos cessacionistas que dizem que as curas cessaram; segundo, a posição dos neopentecostais que dizem que todas as enfermidades terão que ser curadas. 

3- O que podemos fazer para receber a Cura Divina? Diante de tudo que já foi exposto nesta lição, fica a pergunta: o que precisamos fazer para receber a cura divina? Como resposta a esta pergunta, o comentarista apresenta alguns princípios que devemos seguir para alcançar a cura das enfermidades nos afligem:

a) Crer que Jesus pode curar e confiar no seu poder. Isso é algo que parece óbvio, pois sem fé é impossível agradar a Deus, ou receber coisa alguma dele. Com a cura, não é diferente. Quem não crer que Jesus cura hoje não pode ser curado. Em vários textos que registram curas de Jesus, vemos Ele dizer: a tua fé te salvou (Mt 9.22), ou seja feito isso conforme a tua fé (Mt 9.29). Por outro lado, lemos que Ele não fez muitos milagres em alguns lugares, por causa da incredulidade (Mt 13.58).

b) Chamar os presbíteros da Igreja para ungir com óleo. Conforme vimos no primeiro tópico, Tiago recomendou que se alguém estiver doente, deve chamar os presbíteros da Igreja, para ungir com óleo em nome do Senhor e a oração da fé salvará (sarará) o doente. Se houver cometido pecados, estes serão perdoados. O óleo aqui não é um remédio para ser administrado no lugar da enfermidade, como no caso do bom samaritano que colocou azeite nas feridas do homem que fora espancado pelos ladrões. Aqui, a unção com óleo é um símbolo da ação do Espírito Santo e deve ser ministrado exclusivamente pelos presbíteros/pastores da Igreja. Não é o óleo que cura e sim a oração da fé. Se houver pecado como causa da enfermidade, deve haver confissão de culpas uns aos outros, para que haja a cura (Tg 5.14-16).

c) Não deixar de ir ao médico. O fato de crermos na cura divina, não deve nos impedir de ir ao médico preventivamente e para tratamento de enfermidades. Deus pode nos curar instantaneamente de forma milagrosa, mas Ele pode também usar os médicos para fazer isso. Se Deus curar a enfermidade de forma sobrenatural, os médicos irão constatar o milagre. Há muitos testemunhos de pessoas que receberam diagnósticos de doenças incuráveis e os médicos lhe deram pouco tempo de vida. Depois que foram curadas, voltaram aos médicos e isso causou espanto, pois eles não entenderam como a doença desapareceu. 

REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. As promessas de Deus: Confie e viva as bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 39.
FERNANDO, Ajith. Ministério Dirigido por Jesus. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, pp. 212,213. 
HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 519. 

08 novembro 2024

ORIGEM E CONSEQUÊNCIAS DAS DOENÇAS NO MUNDO

(Comentário do 2° tópico da Lição 06: A promessa de cura divina)


Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da origem e consequências das doenças no mundo. Inicialmente, veremos que a origem geral das doenças foi a entrada do pecado no mundo. Na sequência, falaremos da consequência do advento das doenças, que foi a diminuição paulatina do tempo de vida dos seres humanos. Por último, falaremos da proliferação das doenças, que podem ser de ordem física e mental.  Há também doenças de ordem espiritual e outras que acontecem por falta de cuidados e consequências do pecado da própria pessoa. 


1- A origem das doenças no Éden. Deus criou o ser humano perfeito, física, moral e espiritualmente. O corpo humano não foi criado para adoecer ou morrer. Depois de criar o primeiro casal, Deus os advertiu para que não comessem do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, que estava no centro do Jardim do Éden, pois no dia em que comessem, certamente morreriam. O casal, no entanto, se deixou levar pelo engano do adversário e desobedeceu à ordem de Deus, comendo do fruto proibido. 

Com a entrada do pecado no mundo, o corpo humano passou a ser mortal em todos os aspectos. Primeiro veio a morte espiritual, que é a perda da comunhão com Deus. Fisicamente também, o ser humano se tornou mortal e, como tal, está sujeito às doenças e à morte. O corpo humano, antes do pecado era imortal e não adoecia, pois foi criado para viver eternamente. Com o advento do pecado, o corpo humano perdeu a imortalidade e deixou de ser imune às doenças. 

Quando nasce, o ser humano começa a morrer. É como se ligasse um cronômetro com contagem regressiva. Cada dia vivido é um dia a menos no tempo de vida. Primeiro, vem a fase do crescimento, até chegar a vida adulta. Depois, vem a fase do envelhecimento, até finalmente chegar a morte. Em cada fase da vida, há riscos de várias doenças no nosso corpo e, consequentemente, o risco de morte. Tudo isso é consequência do pecado, não necessariamente da pessoa que está doente, mas do pecado do ser humano em geral. 


2- A consequência do advento da doença. Após a Queda, o primeiro casal foi expulso do Paraíso e os seus corpos se tornaram mortais. Antes do dilúvio, o ser humano tinha longevidade média de 900 anos. Adão, por exemplo, viveu 930 anos (Gn 5.4). Matusalém, o homem que viveu mais tempo na terra, viveu 969 anos (Gn 5.27). Com a multiplicação da maldade humana, o Senhor diminuiu o tempo de vida do ser humano, reduzindo-o a 120 anos. 

Assim, aos poucos o tempo da vida humana foi sendo reduzido. O último a viver mais de novecentos anos foi Noé, que viveu 950 anos (Gn 9.29). Sem, filho de Noé, viveu 600 anos (Gn 13.10,11). Abraão viveu 175 anos (Gn 25.7). Isaque viveu 180 anos (Gn 35.28). José viveu 110 anos (Gn 50.26) e Moisés viveu 120 anos (Dt 34.7). No Salmo 90, Moisés escreveu que o tempo da vida humana é de 70 anos e se alguém, pela sua robustez chegar aos 80, o seu orgulho é canseira e enfado (Sl 90.10).

Com o passar dos anos, o aumento da violência e a contaminação dos recursos naturais, a expectativa de vida foi diminuindo mais ainda. Nos dias em que Jesus viveu neste mundo, segundo historiadores, a expectativa de vida era em torno de 40 anos. Não havia medicina e antibióticos como hoje. As condições de higiene e saneamento eram precárias. Um simples ferimento ou uma infecção poderiam facilmente levar alguém à morte. 


3- A proliferação de doenças. Com o passar dos anos, as doenças foram se proliferando por vários motivos. Um dos sinais que antecedem a vinda de Jesus é a multiplicação de doenças incuráveis, chamadas na Bíblia de “pestes”: “...E haverá fomes, pestes e terremotos em vários lugares”. (Mt 24.7). Não obstante o avanço da ciência, nas áreas da medicina e da indústria farmacêutica, surgem a cada dia doenças que levam milhões de pessoas à morte em todo o mundo, como o câncer, a peste bubônica, a meningite, a AIDS, a Covid-19 e muitas outras. 

Conforme colocou o comentarista, as doenças podem ser de ordem física ou mental. As doenças físicas são o adoecimento ou contaminação das nossas células, órgãos e tecidos. Em alguns casos, podem ser problemas hereditários e anomalias biológicas de nascimento. Mas há doenças físicas que são adquiridas por falta de cuidados com o corpo e má alimentação. As doenças mentais, por sua vez, são disfunções na atividade cerebral, que trazem vários problemas como Alzheimer, depressão, ansiedade, anorexia, bipolaridade, esquizofrenia e muitos outros. Há também as doenças psicossomáticas que são problemas físicos causados por sofrimentos emocionais.

O comentarista não citou, mas há também as doenças de ordem espiritual. Há doenças que não têm origem física ou mental. São doenças de natureza demoníaca. Em Marcos 9.25, Jesus repreendeu um espírito mudo e surdo, que deixava um jovem enfermo. Não podemos ser irresponsáveis como os teólogos da prosperidade que dizem que todas as doenças são manifestações demoníacas, mas há casos que são. Nesse caso, é preciso repreender o demônio e o paciente será curado. 

Há também casos em que as doenças são consequências do pecado da própria pessoa. Após curar o paralítico de Betesda, Jesus o alertou para que não pecasse mais, para não lhe acontecer coisa pior (Jo 5.14). Subtende-se, portanto, que a origem daquela enfermidade era o pecado. O apóstolo Paulo também alertou os coríntios, nas instruções a respeito da Ceia do Senhor, que por participarem da Ceia indignamente, havia entre eles muitos fracos e doentes. Ou seja, participar da Ceia sem discernir o seu real significado e sem comunhão com os irmãos, pode trazer doenças físicas e espirituais. Da mesma forma, Tiago alertou os crentes que se alguém estiver doente, chamassem os presbíteros para orar e ungir os enfermos, “confessando as culpas uns aos outros” para que sarassem. Ou seja, há doenças que necessitam de reconciliação para serem curadas. 

Por fim, há muitas doenças que são oriundas da imprudência e negligência da própria pessoa em relação ao corpo. Há muitos casos de pessoas que ficam doentes porque não tomam os devidos cuidados com a saúde, ou fazem coisas que os médicos proíbem. Por exemplo: diabéticos que abusam de açúcar, pessoas que abusam de massas e gorduras, falta de exercícios, falta de exames preventivos, uso de drogas, álcool e tabagismo, excesso de trabalho, falta de descanso e lazer, etc. Infelizmente, há um pensamento equivocado por parte de alguns crentes de que devemos cuidar apenas da parte espiritual, pois o nosso corpo é matéria perecível. Ora, isto é uma heresia gnóstica. O nosso corpo é o templo do Espírito Santo e devemos cuidar dele. 

07 novembro 2024

A PROMESSA BÍBLICA DA CURA DIVINA

(Comentário do 1º tópico da Lição 06:  A promessa de cura divina)


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos da promessa bíblica da cura divina. Inicialmente falaremos da promessa messiânica de Isaías, que diz que Jesus tomou sobre si as nossas enfermidades (Is 53.5,5). Na sequência, falaremos do cumprimento desta profecia no ministério de Jesus, quando Ele curou muitas pessoas em Cafarnaum, entre elas a sogra de Pedro (Mt 8.14-17). Por último, veremos que no Novo Testamento, os ministros do Evangelho são chamados a orar pelos enfermos e ungi-los com óleo em Nome do Senhor, para que sejam curados (Tg 5.14,15).


1- A profecia messiânica de Isaías 53. A profecia de Isaías 53 é a continuação da profecia que começa no capítulo 42 e fala sobre “o Servo do Senhor” (heb. “Ebed Yahweh”. O profeta Isaías usou esta expressão para se referir ao Messias como o Servo do Senhor. (Is 42.1-7). Depois do capítulo 42, Isaías abre alguns parênteses para falar sobre outros assuntos: a cegueira espiritual de Israel; a promessa de libertação do cativeiro babilônico, feita 100 anos antes do povo ser levado cativo; advertências contra a idolatria; profecia dirigida a Ciro, cerca de 150 anos antes do seu nascimento; profecia sobre a queda de Babilônia, muito antes dela se tornar um império; e repreensão contra a infidelidade de Israel. 

No capítulo 49, Isaías retoma a profecia do Servo do Senhor, que é o Messias, acrescentando também promessas de restauração de Israel nos capítulos 50 a 52. A partir do versículo 13 do capítulo 52 e em todo o capítulo 53, o profeta fala exclusivamente dos sofrimentos do Messias e mostra detalhes da morte e sepultamento de Jesus. No versículo 4, do capítulo 53, Isaías afirma com os verbos no tempo passado, que o Servo do Senhor “tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si…”. Esta profecia significa que Jesus suportou as nossas dores quando tomou a forma humana e também que Ele tomou o nosso lugar na Cruz, pois nós é que merecíamos o castigo pelo pecado. 

No versículo 5, o profeta diz: Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e pelas suas pisaduras, fomos sarados”. Isso nos mostra que os sofrimentos de Jesus trazem cura. Jesus Cristo padeceu por nós na Cruz para purificar os nossos pecados e também curar as enfermidades do nosso corpo, que são consequências do pecado. A cura divina faz parte do ministério de Jesus, junto com o perdão dos pecados. 

É preciso esclarecer, no entanto, que este texto de Isaías 53 não diz que Jesus levou todas as enfermidades e que o crente não pode mais adoecer, como ensina a teologia da prosperidade. A redenção do nosso corpo para não mais adoecer, nem morrer, só ocorrerá na glorificação. Isso só acontecerá após a ressurreição ou transformação do nosso corpo (Ap 21.4). Enquanto estivermos neste corpo mortal, estaremos sujeitos a adoecer e morrer. Mesmo crendo que Jesus cura, precisamos ter consciência de que não vai curar todas as enfermidades dos crentes. 


2- O cumprimento profético no ministério de Jesus. A cura divina está relacionada ao processo de salvação. Na mesma profecia de Isaías que fala que Cristo tomou sobre si as nossas iniquidades, diz que Ele tomou sobre si as nossas dores e enfermidades. (Is 53.3,4). Mateus, inspirado pelo Espírito Santo, afirmou que esta profecia de Isaías se cumpriu, quando Jesus curou muitas pessoas e expulsou demônios (Mt 8.16,17). 

No Novo Testamento, as curas divinas são muito mais frequentes. Curar pessoas e realizar milagres fazia parte da rotina do ministério terreno de Jesus. Eis algumas das pessoas que Jesus curou: Curou a sogra de Pedro (Mt 8.14,15); Um paralítico em Cafarnaum (Mt 9.1-8); Um leproso (Mt 8.2-4); Dez leprosos (Lc 17.11-19); O cego de Jericó Mt 10.46-52); Um cego de nascença (Jo 9); Um homem que tinha a mirrada Mt 11.9-13); A mulher que tinha um fluxo de sangue Mc 5.25-34; O paralítico de Betesda (João 5); e fez muitos milagres que não foram registrados na Bíblia (Jo 20.30).

Jesus, depois de ressuscitado, disse aos seus discípulos para irem por todo mundo e pregar o Evangelho a toda criatura. Em seguida, disse que os sinais lhes seguiriam. Entre estes sinais está a cura dos enfermos. Os apóstolos de Jesus deram continuidade ao trabalho iniciado por Ele e também curaram muitas pessoas: Pedro e João, em Nome do Senhor Jesus, curaram um paralítico na porta do Templo (At 3); Pedro foi usado por Deus para curar Enéias (At 9.34) e ressuscitar Tabita (At 9.40); Filipe foi usado por Deus para fazer milagres em Samaria (At 8.6); Paulo também foi muito usado por Deus em curas e milagres (At 19.11,12). 


3- Os ministros são chamados a orar e ungir os enfermos. A cura divina fazia parte da rotina da Igreja Primitiva. Conforme vimos acima, os apóstolos foram usados por Deus para curar muitos enfermos. No Livro de Atos lemos que “muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos.”(At 5.12). As pessoas levavam os enfermos aos apóstolos e eles eram curados. Os endemoninhados também eram libertos da opressão maligna. Chegavam ao ponto de projetar os enfermos sob a sombra de Pedro para serem curados. 

O apóstolo Paulo também foi muito usado por Deus em curas, prodígios e maravilhas. No Livro de Atos vemos estas manifestações do Espírito na vida de Paulo, por onde ele passava. Em Listra, ele foi usado por Deus para curar um coxo de nascença (At 14.8-10); Em Pafos, o mágico Elimas, tentou atrapalhar a evangelização do procônsul e ficou cego, com as palavras de Paulo (At 13.8-11); em Filipos, expulsou o espírito maligno de uma jovem adivinhadora e as portas da prisão foram abertas com um terremoto (At 16.18,26). Deus fazia milagres extraordinários através de Paulo. 

Os ministros do Evangelho são recomendados a orar pelos enfermos e ungi-los com óleo, em Nome do Senhor. Tiago, em suas últimas instruções na sua epístola, escreveu: “Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E, se houver cometido pecados, ele será perdoado.” (Tg 5.14,15). O ato de ungir os enfermos é simbólico e representa a ação do Espírito Santo na cura divina. A unção com óleo também não deve ser aplicada por qualquer pessoa. A Bíblia diz para “chamar os presbíteros da Igreja e orar, ungindo com óleo em Nome do Senhor.” 

Não é o óleo que cura e ele não tem poder místico ou medicinal. Não deve ser ingerido ou aplicado no local da enfermidade. Deve ser aplicado na testa do enfermo e “a oração da fé salvará (curará) o enfermo.” O ato de ungir no Novo Testamento se aplica única e exclusivamente aos enfermos. Não existe unção para casas, carros, templos, ou qualquer objeto, na Nova Aliança. Também não existe unção de pessoas que não estejam doentes, para prosperar, ser feliz, etc. Lamentavelmente, em algumas Igrejas há um verdadeiro misticismo em relação a este ato, como se o óleo fosse algo milagroso. 

A DISTINÇÃO ENTRE O BOM PASTOR E O MERCENÁRIO

(Comentário do 3º tópico da Lição 06: O Bom Pastor e suas ovelhas)  Ev. WELIANO PIRES  No Terceiro tópico, veremos a distinção entre o Bom P...