(Comentário do 3° tópico da Lição 07: A promessa de um coração novo)
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, falaremos
das promessas de Deus para o coração. A primeira delas é a promessa de um
coração feliz. Uma pessoa que nasceu de novo tem a alegria do Senhor. A segunda
promessa é a de um coração cheio de amor, pois o amor de Deus é derramado em
seu coração. A terceira promessa é o penhor do Espírito no coração. Este penhor
é a garantia da nossa salvação por Deus.
1- Um coração feliz. Há
promessa na Bíblia para aqueles que foram regenerados pelo Espírito Santo. Quem
foi salvo por Jesus vive um estado de plena satisfação e felicidade, não por
seus próprios méritos e esforços, mas porque nasceu de novo e o seu caráter foi
transformado pelo Espírito Santo. No conhecido Sermão da Montanha, quando o
Senhor Jesus proferiu as Bem -aventuranças, Ele disse: “Bem-aventurados os
limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mt 5.8).
A palavra
“bem-aventurado” no grego é "makarios" e significa um estado
de plenitude e de felicidade profunda, resultante da presença de Deus e da
certeza da vida eterna. Para o cristão, a felicidade não está em si mesmo e não
depende dos próprios esforços ou circunstâncias em que ele vive. A felicidade
na vida do cristão é resultado da sua comunhão com Deus e fidelidade à Sua
Palavra.
Quando o homem dá ouvidos
à Palavra de Deus, o Espírito Santo produz uma profunda transformação em seu
interior, que o torna feliz em quaisquer circunstâncias, seja favorável ou
adversa. Foi isso que Paulo expressou aos Filipenses: “Sei estar abatido e
sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou
instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a
padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.” (Fp
4.12,13).
Infelizmente, as pessoas
lêem apenas o versículo 13 e deturpam o seu significado, achando que Paulo
estaria dizendo que pode tudo, no sentido de conquistar tudo. O contexto mostra
que o apóstolo estava dizendo que ele sabia se contentar em qualquer circunstância,
pois Cristo o fortalecia. A nossa felicidade não consiste naquilo que temos,
nem tampouco em circunstâncias que nos são favoráveis. Somos felizes porque
Cristo nos salvou da condenação eterna e nos reconciliou com Deus.
2- Um coração cheio de
amor. Há promessa de Deus de derramar o seu amor nos
corações regenerados. O Senhor Jesus, nas suas últimas instruções aos seus
discípulos disse: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu
amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço
no seu amor.” O amor procede de Deus e é a essência do Cristianismo. O
apóstolo João assim escreveu: “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor
procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.” (1 Jo
4.7). O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, disse: “E a esperança não
traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo
Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5).
O amor é a maior das
virtudes e é superior a todos os dons espirituais. Nas virtudes do Fruto do
Espírito, o amor encabeça a lista (Gl 5.22). Paulo demonstrou em seus escritos
que a expressão máxima de amor foi manifestada por Deus, através do seu Filho Jesus
Cristo. “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por
nós, sendo nos ainda pecadores” (Rm 5.8). Jesus também já havia dito isso
aos seus discípulos, em outras palavras: "Porque Deus tanto amou o
mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça,
mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16) “Ninguém tem maior amor do que
aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.” (Jo 15.13).
Sendo o amor uma virtude
que procede de Deus, todo aquele que teve o seu coração regenerado pelo
Espírito Santo, evidentemente, estará cheio do amor de Deus. É importante
esclarecer que o amor de Deus é muito diferente daquilo que o mundo chama de
amor. O amor na Bíblia tem conotação prática e não é um mero sentimento. É uma
entrega voluntária e sem interesses, em favor do próximo, inclusive daqueles
que nos têm como inimigos. Este é o amor que Deus nos ofereceu e é isso que Ele
derrama em nosso coração. É impossível ao homem, por sua própria natureza,
produzir um amor com estas características. Em um coração regenerado não há
espaço para ódio, rancor, inveja, sentimento faccioso e outros sentimentos
carnais. Somente Deus pode fazer isso em nosso interior.
3- O penhor do Espírito
no coração. Quando o homem crê em Jesus, Deus
lhe concede o Espírito Santo, como garantia de que aquela pessoa pertence a
Deus: “Mas o que nos confirma convosco em Cristo e o que nos ungiu é Deus, o
qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações” (2 Co
1.21-22). Era comum naqueles tempos, os comerciantes realizarem uma transação
comercial e deixarem uma parte do pagamento como garantia de que haviam
comprado uma mercadoria e depois voltariam para buscá-la. O apóstolo Paulo usou
esta analogia para se referir ao Espírito Santo que Deus concedeu para habitar
naqueles que creram em Cristo, como uma garantia de que aquela pessoa agora
pertence a Deus. O coração que foi regenerado tem o Espírito Santo morando
nele, como penhor ou garantia de que Deus cumprirá nele as suas promessas.
Paulo escreveu aos Romanos dizendo: “Se alguém não tem o Espírito de Cristo,
esse tal não é dele”. (Rm 8.9).
Jesus já havia prometido
aos seus discípulos que iria para o Pai, mas não os deixaria órfãos, pois
enviaria “outro Consolador”, para ficar para sempre com eles (Jo
14.16-18). A expressão grega traduzida por “outro consolador”, é “Allos
parakletos”. Allos, significa “outro da mesma espécie”. É diferente
de “heteros”, que significa “outro diferente”. “Parakletos”,
por sua vez, é uma palavra formada por dois termos gregos “pará” (ao
lado de) e “Kaleo” (chamar, convocar). Portanto, esta palavra significa
um defensor, advogado, intercessor ou ajudador, que foi chamado para
representar outra pessoa no tribunal.
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 39.
LONGMAN III, Tremper. Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p. 407
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, Vol. 1. pp. 501, 502
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