07 novembro 2024

A PROMESSA BÍBLICA DA CURA DIVINA

(Comentário do 1º tópico da Lição 06:  A promessa de cura divina)


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos da promessa bíblica da cura divina. Inicialmente falaremos da promessa messiânica de Isaías, que diz que Jesus tomou sobre si as nossas enfermidades (Is 53.5,5). Na sequência, falaremos do cumprimento desta profecia no ministério de Jesus, quando Ele curou muitas pessoas em Cafarnaum, entre elas a sogra de Pedro (Mt 8.14-17). Por último, veremos que no Novo Testamento, os ministros do Evangelho são chamados a orar pelos enfermos e ungi-los com óleo em Nome do Senhor, para que sejam curados (Tg 5.14,15).


1- A profecia messiânica de Isaías 53. A profecia de Isaías 53 é a continuação da profecia que começa no capítulo 42 e fala sobre “o Servo do Senhor” (heb. “Ebed Yahweh”. O profeta Isaías usou esta expressão para se referir ao Messias como o Servo do Senhor. (Is 42.1-7). Depois do capítulo 42, Isaías abre alguns parênteses para falar sobre outros assuntos: a cegueira espiritual de Israel; a promessa de libertação do cativeiro babilônico, feita 100 anos antes do povo ser levado cativo; advertências contra a idolatria; profecia dirigida a Ciro, cerca de 150 anos antes do seu nascimento; profecia sobre a queda de Babilônia, muito antes dela se tornar um império; e repreensão contra a infidelidade de Israel. 

No capítulo 49, Isaías retoma a profecia do Servo do Senhor, que é o Messias, acrescentando também promessas de restauração de Israel nos capítulos 50 a 52. A partir do versículo 13 do capítulo 52 e em todo o capítulo 53, o profeta fala exclusivamente dos sofrimentos do Messias e mostra detalhes da morte e sepultamento de Jesus. No versículo 4, do capítulo 53, Isaías afirma com os verbos no tempo passado, que o Servo do Senhor “tomou sobre Si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre Si…”. Esta profecia significa que Jesus suportou as nossas dores quando tomou a forma humana e também que Ele tomou o nosso lugar na Cruz, pois nós é que merecíamos o castigo pelo pecado. 

No versículo 5, o profeta diz: Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele e pelas suas pisaduras, fomos sarados”. Isso nos mostra que os sofrimentos de Jesus trazem cura. Jesus Cristo padeceu por nós na Cruz para purificar os nossos pecados e também curar as enfermidades do nosso corpo, que são consequências do pecado. A cura divina faz parte do ministério de Jesus, junto com o perdão dos pecados. 

É preciso esclarecer, no entanto, que este texto de Isaías 53 não diz que Jesus levou todas as enfermidades e que o crente não pode mais adoecer, como ensina a teologia da prosperidade. A redenção do nosso corpo para não mais adoecer, nem morrer, só ocorrerá na glorificação. Isso só acontecerá após a ressurreição ou transformação do nosso corpo (Ap 21.4). Enquanto estivermos neste corpo mortal, estaremos sujeitos a adoecer e morrer. Mesmo crendo que Jesus cura, precisamos ter consciência de que não vai curar todas as enfermidades dos crentes. 


2- O cumprimento profético no ministério de Jesus. A cura divina está relacionada ao processo de salvação. Na mesma profecia de Isaías que fala que Cristo tomou sobre si as nossas iniquidades, diz que Ele tomou sobre si as nossas dores e enfermidades. (Is 53.3,4). Mateus, inspirado pelo Espírito Santo, afirmou que esta profecia de Isaías se cumpriu, quando Jesus curou muitas pessoas e expulsou demônios (Mt 8.16,17). 

No Novo Testamento, as curas divinas são muito mais frequentes. Curar pessoas e realizar milagres fazia parte da rotina do ministério terreno de Jesus. Eis algumas das pessoas que Jesus curou: Curou a sogra de Pedro (Mt 8.14,15); Um paralítico em Cafarnaum (Mt 9.1-8); Um leproso (Mt 8.2-4); Dez leprosos (Lc 17.11-19); O cego de Jericó Mt 10.46-52); Um cego de nascença (Jo 9); Um homem que tinha a mirrada Mt 11.9-13); A mulher que tinha um fluxo de sangue Mc 5.25-34; O paralítico de Betesda (João 5); e fez muitos milagres que não foram registrados na Bíblia (Jo 20.30).

Jesus, depois de ressuscitado, disse aos seus discípulos para irem por todo mundo e pregar o Evangelho a toda criatura. Em seguida, disse que os sinais lhes seguiriam. Entre estes sinais está a cura dos enfermos. Os apóstolos de Jesus deram continuidade ao trabalho iniciado por Ele e também curaram muitas pessoas: Pedro e João, em Nome do Senhor Jesus, curaram um paralítico na porta do Templo (At 3); Pedro foi usado por Deus para curar Enéias (At 9.34) e ressuscitar Tabita (At 9.40); Filipe foi usado por Deus para fazer milagres em Samaria (At 8.6); Paulo também foi muito usado por Deus em curas e milagres (At 19.11,12). 


3- Os ministros são chamados a orar e ungir os enfermos. A cura divina fazia parte da rotina da Igreja Primitiva. Conforme vimos acima, os apóstolos foram usados por Deus para curar muitos enfermos. No Livro de Atos lemos que “muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos.”(At 5.12). As pessoas levavam os enfermos aos apóstolos e eles eram curados. Os endemoninhados também eram libertos da opressão maligna. Chegavam ao ponto de projetar os enfermos sob a sombra de Pedro para serem curados. 

O apóstolo Paulo também foi muito usado por Deus em curas, prodígios e maravilhas. No Livro de Atos vemos estas manifestações do Espírito na vida de Paulo, por onde ele passava. Em Listra, ele foi usado por Deus para curar um coxo de nascença (At 14.8-10); Em Pafos, o mágico Elimas, tentou atrapalhar a evangelização do procônsul e ficou cego, com as palavras de Paulo (At 13.8-11); em Filipos, expulsou o espírito maligno de uma jovem adivinhadora e as portas da prisão foram abertas com um terremoto (At 16.18,26). Deus fazia milagres extraordinários através de Paulo. 

Os ministros do Evangelho são recomendados a orar pelos enfermos e ungi-los com óleo, em Nome do Senhor. Tiago, em suas últimas instruções na sua epístola, escreveu: “Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. A oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E, se houver cometido pecados, ele será perdoado.” (Tg 5.14,15). O ato de ungir os enfermos é simbólico e representa a ação do Espírito Santo na cura divina. A unção com óleo também não deve ser aplicada por qualquer pessoa. A Bíblia diz para “chamar os presbíteros da Igreja e orar, ungindo com óleo em Nome do Senhor.” 

Não é o óleo que cura e ele não tem poder místico ou medicinal. Não deve ser ingerido ou aplicado no local da enfermidade. Deve ser aplicado na testa do enfermo e “a oração da fé salvará (curará) o enfermo.” O ato de ungir no Novo Testamento se aplica única e exclusivamente aos enfermos. Não existe unção para casas, carros, templos, ou qualquer objeto, na Nova Aliança. Também não existe unção de pessoas que não estejam doentes, para prosperar, ser feliz, etc. Lamentavelmente, em algumas Igrejas há um verdadeiro misticismo em relação a este ato, como se o óleo fosse algo milagroso. 

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