01 novembro 2023

ORANDO PELA CAUSA DE MISSÕES

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 06: Orando, contribuindo e fazendo missões)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre a oração pela causa de missões. Falaremos da importância da oração para a obra missionária, tomando como exemplo o apóstolo Paulo, que mesmo sendo grande missionário, sempre rogava a oração das Igrejas por ele. Falaremos da oração pela obra missionária com duas finalidades principais: Primeiro, a intercessão para que os corações dos pecadores se abram para o Evangelho e pelos missionários, para que tenham ousadia na pregação e proteção de Deus; segundo, a intercessão pelo despertamento da Igreja local, para que se envolva com as missões. 


1- A importância da oração na obra missionária. Desde os primórdios, no Antigo Testamento, vemos homens e mulheres de Deus orando e conversando com Deus. Jó intercedia a Deus por seus filhos e, posteriormente, por seus amigos (Jó 1.5; 42.10); Abraão orava e conversava com Deus com frequência (Gn 15; 18); Isaque estava orando, quando Eliezer lhe trouxe a sua esposa Rebeca e, depois, orou ao Senhor pela esterilidade dela (Gn 24.63; 25.21); Jacó, Moisés, Josué, Samuel, Davi, Salomão, Elias, Josafá, Esdras, Neemias, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e muitos outros são exemplos de servos de Deus que oravam, por si mesmos e pelos outros, e Deus lhes respondia. Mulheres de Deus como Débora, Ana, Ester, Maria a mãe de Jesus e outras, também foram servas de Deus, que viviam em oração. 


A Igreja Primitiva seguiu este exemplo e perseverava na oração. Temos vários exemplos no Livro de Atos da oração da Igreja: Oraram antes de escolher Matias como apóstolo; perseveram na oração até serem revestidos de poder; oraram agradecendo a Deus pelas perseguições; oraram quando Pedro foi preso por Herodes, até que ele foi liberto pelo Anjo do Senhor; a Igreja de Antioquia também estava em oração, quando o Espírito Santo chamou Barnabé e Saulo para a obra missionária; Paulo e Silas também oraram na prisão em Filipos e foram libertos milagrosamente.


Ao longo da história da Igreja também houve inúmeros homens e mulheres de Deus, que tiveram profunda comunhão com Deus através da oração. Os chamados heróis da fé revolucionaram o mundo com a pregação do Evangelho e milagres. Mas, por trás destes feitos havia piedosos servos de Deus, que viviam em constante oração. Muitas mulheres também ao longo da história da Igreja, mantinham profunda comunhão com Deus na oração. Enquanto pastores e missionários proclamavam a Palavra de Deus pelo mundo, mulheres de Deus lhes davam amparo na oração. 


O nosso maior exemplo de vida de oração, certamente é o Senhor Jesus. Mesmo sendo o Filho de Deus, Ele passava noites em oração e quando a multidão o cercava, ele fugia para lugares desertos a fim de orar. Jesus orou antes de tomar decisões importantes, como escolher os doze apóstolos. Fez a chamada oração sacerdotal, em favor dos seus discípulos. Orou também quando se aproximava o momento da crucificação. E, por fim, quando estava na Cruz, orou pelos seus algozes. 


A oração, portanto, é uma prática inerente à vida cristã. Considerando que Deus é um ser pessoal e que se comunica com o seu povo, não é possível haver relacionamento com Ele sem oração. Na obra missionária, que é o nosso assunto aqui, não pode ser diferente. O primeiro passo na obra missionária tem que ser a oração, pois como vimos na lição passada, é o Espírito Santo quem dirige a missão e a Igreja precisa falar com Deus antes de iniciar qualquer trabalho missionário. Falaremos abaixo sobre as finalidades da oração na obra missionária. 


2- Interceder. Quando falamos de oração, precisamos ter em mente que há vários tipos de oração: oração de gratidão, oração em forma de louvor e adoração a Deus, oração por uma causa específica, oração de confissão de pecados, entre  outras. No caso da obra missionária, trata-se de oração intercessória, na qual devemos clamar a Deus pelas missões. Nesta oração intercessória pela obra missionária temos várias causas, que devemos apresentar diante de Deus em oração. O comentarista colocou algumas delas, mas a lista é enorme. Destacaremos as três principais. 


A primeira delas é para que as portas se abram para a pregação do Evangelho. O apóstolo Paulo também fez este pedido aos colossenses (Cl 4. 2,3). Existem regiões que são verdadeiros quartéis generais do inimigo e são extremamente fechadas ao Evangelho. Somente com a oração intercessória da Igreja, o Senhor derruba muralhas e abre as portas para que a sua Palavra seja pregada. Foi assim com a chamada cortina de ferro, na extinta União Soviética, China, Cuba, Iraque e em vários países cujos governos eram hostis ao Cristianismo. 


A segunda causa que devemos orar é para que o Espírito Santo trabalhe no interior dos ouvintes, para que dêem ouvidos à pregação do Evangelho, entendam e creiam. Nenhum pregador consegue fazer isso, por mais habilidoso e eloquente que seja. Os missionários são apenas instrumentos usados por Deus para proclamar a Sua Palavra. Mas, quem convence o pecador a deixar o pecado e receber a Cristo, é o Espírito Santo. 


Em terceiro lugar, devemos orar para que Deus conceda mensagens e ousadia aos missionários, para que eles proclamem o Evangelho no poder do Espírito Santo. Conforme vimos na lição passada, não se faz missões com estratégias e discursos humanos e sim, com palavras e ações poderosas dirigidas pelo Espírito Santo. Por isso, a missão feita pelos pentecostais é eficiente, pois temos completa dependência do Espírito Santo para fazer missões. Ainda sobre os missionários, devemos orar pela proteção deles, pela família, pela saúde e vida espiritual. 


3- Despertar a igreja local para a obra missionária. Falamos acima sobre a oração por missões no campo missionário, para que as portas se abram, para que os corações se abram ao Evangelho e para que os missionários recebam de Deus a mensagem e a ousadia. Neste subtópico trataremos da oração por missões no âmbito da Igreja local. 


Devemos orar para que Deus mande mais ceifeiros para a sua seara, como disse Jesus. A seara é grande e os campos estão brancos, mas os obreiros são poucos. Não basta querer ir ao campo missionário, precisa ser chamado e enviado por Deus. O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos, perguntou: "Como pregarão, se não forem enviados?..." (Rm 10.15a). 


Por outro lado, devemos orar para que mais crentes se despertem para atender o chamado do Mestre. Em muitos casos, o Senhor está buscando pessoas para enviar ao campo missionário dizendo: A quem enviarei e quem há de ir por nós? Precisamos orar para que se levantem servos de Deus, como Isaías, e digam: Eis-me aqui, envia a mim, Senhor. 


Se a Igreja se prostrar diante de Deus em oração, a chama missionária acenderá nos corações e ela terá pessoas dispostas a cumprir o ide de Jesus. Isso não significa que todos irão ao campo como missionários, mas que estarão envolvidos com missões, seja orando, contribuindo financeiramente ou indo ao campo, como veremos nos próximos tópicos.


REFERÊNCIAS:


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 51-63.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.39. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

ALVES, José. Missão Urbana: Estratégias para a Conquista de Cidades. 1.ed. Rio de Janeiro: 2020, p.63

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: 2004, pp.1495


30 outubro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 06: ORANDO, CONTRIBUINDO E FAZENDO MISSÕES

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição, estudamos sobre missões na perspectiva pentecostal. Vimos a relação intrínseca que há entre a obra missionária e o poder do Espírito Santo. O Senhor Jesus deixou claro para os seus discípulos que eles precisavam ser revestidos de poder, antes de iniciar a missão da Igreja em Jerusalém (Lc 24.49; At 1.4). Os discípulos aguardaram a promessa e, após serem cheios do Espírito Santo, eles nunca mais foram os mesmos. Passaram a pregar ousadamente o Evangelho, sem nenhum temor. 

No primeiro tópico, falamos sobre a Perspectiva Pentecostal de missões. Falamos sobre o significado de ser evangélico, que é uma designação para os adeptos das teses da Reforma Protestante. Depois, falamos sobre o que é ser pentecostal, que é uma referência aos evangélicos que crêem na atualidade do batismo no Espírito Santo e dos dons espirituais. Por último, falamos das contribuições pentecostais para a obra missionária. 

No segundo tópico, falamos da obra missionária depois do pentecostes. A causa da obra missionária da primeira igreja foi a descida do Espírito Santo. Falamos do avanço missionário da Igreja Primitiva após o Pentecostes, destacando principalmente os trabalhos de Filipe, Pedro, Barnabé e Paulo. Por último, vimos que Deus não faz acepção de pessoas, citando como exemplo a pregação do apóstolo Pedro na casa do centurião Cornélio.

No terceiro tópico falamos da relação entre a ação do Espírito Santo e a Obra Missionária.  Discorremos sobre a função do Espírito na obra missionária, como por exemplo, ungir, inspirar, separar e enviar missionários ao campo. Vimos também que o Espírito Santo capacita os seus servos para a obra. Por último, vimos que Deus age por meio do Espírito Santo. O Deus dos pentecostais não é como o deus dos deístas, que criou o universo e se afastou deles. Deus não apenas criou todas as coisas, mas as sustenta e intervém nas coisas criadas


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 06: ORANDO, CONTRIBUINDO E INDO FAZENDO MISSÕES


Nesta lição mudaremos o foco para o aspecto prático da obra missionária. Estudaremos o tripé da responsabilidade da Igreja na missão: orar, contribuir e ir. A missão é uma responsabilidade de todos os crentes, sem dúvida nenhuma. Porém, nem todos são chamados para ir ao campo missionário. Alguns são chamados para ficar na Igreja local e dar suporte aos que são enviados ao campo em oração e no sustento. Nas próximas três lições falaremos mais detalhadamente sobre isso.


Deus convoca a todos para fazer missões, mas cada um tem a sua participação específica na missão. A Igreja de Antioquia estava em uma reunião de oração e jejum e o Espírito Santo mandou separar Barnabé e Saulo para uma obra especial, que era a missão transcultural. Os demais irmãos ficaram em Antioquia, orando, fazendo missão local e enviando recursos, como veremos na lição 12.


No primeiro tópico, falaremos sobre a oração pela causa de missões. Falaremos da importância da oração para a obra missionária, tomando como exemplo o apóstolo Paulo, que mesmo sendo grande missionário, sempre rogava a oração das Igrejas por ele. Falaremos da oração pela obra missionária com duas finalidades: Primeiro, a intercessão para que os corações dos pecadores se abram para o Evangelho e pelos missionários, para que tenham ousadia na pregação e proteção de Deus; segundo, a intercessão pelo despertamento da Igreja local, para que se envolva com as missões. 


No segundo tópico, falaremos das contribuições para as missões. Primeiro trataremos da questão do sustento dos missionários, apresentando o fundamento bem bíblico tanto do Antigo, quanto do Novo Testamento de que o obreiro é digno do seu salário. Depois, veremos que contribuir para a missão é ajuntar tesouros no céu. Os frutos da obra missionária serão revelados e recompensados na eternidade. Aqueles que contribuíram também receberão o seu galardão. Por último, veremos que contribuir para missões é um privilégio. É gratificante para um crente fiel, saber que as suas contribuições financeiras foram usadas para distribuir Bíblias, plantar Igrejas e salvar almas pelo mundo. 


No terceiro tópico, falaremos do chamado para ir ao campo missionário. Veremos que Deus quer usar cada crente na obra missionária e todos nós devemos estar prontos para ir onde Ele nos mandar. Há campos específicos para todos e não é necessário mudar de país para fazer missões. Na sequência, falaremos da chama missionária, citando exemplos de profetas e do apóstolo Paulo, que foram chamados diretamente pelo Senhor para uma missão específica. Falaremos também do caráter e testemunho do missionário. Não basta ser chamado por Deus, é preciso fazer a diferença no campo missionário como sal da terra e luz do mundo. Por último, falaremos do perfil do vocacionado. Além de ser chamado por Deus, o missionário precisa cumprir outros requisitos como ser cheio do Espírito Santo, não ser neófito, ser aprovado pela Igreja e ter preparo. 


REFERÊNCIAS:


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 51-63.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.39. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

ALVES, José. Missão Urbana: Estratégias para a Conquista de Cidades. 1.ed. Rio de Janeiro: 2020, p.63

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: 2004, pp.1495

27 outubro 2023

A AÇÃO DO ESPÍRITO SANTO E A OBRA MISSIONÁRIA

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 05: Uma perspectiva pentecostal de missões)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos da ação do Espírito santo e a obra missionária. Discorreremos sobre a função do Espírito na obra missionária, como por exemplo, ungir, inspirar, separar e enviar missionários ao campo. 

Depois, veremos que o Espírito Santo capacita para a obra. Nós os pentecostais não fazemos missões com base em méritos humanos, mas cremos que o Espírito Santo nos dirige e nos capacita para fazer missões. 

Por último, veremos que Deus age por meio do Espírito Santo. O Deus dos pentecostais não é como o deus dos deístas, que criou o universo e se afastou deles. Nós cremos no Deus que criou todas as as coisas, mas também sustenta todas as coisas e intervém nas coisas criadas, principalmente na humanidade. 


1. A função do Espírito na obra missionária. Vimos no tópico anterior como foi a dinâmica da obra missionária na Igreja Primitiva, após o Pentecostes. Após o revestimento de poder, os discípulos que outrora eram tímidos e cheios de dúvidas, agora pregavam ousadamente a Palavra de Deus e realizavam milagres, sem nada temer. 


Isso aconteceu porque o Espírito Santo era o protagonista, ou seja, Ele conduzia a missão da Igreja. Os discípulos eram apenas os coadjuvantes, que buscavam a Deus em oração e se submetiam à orientação do Espírito Santo, em tudo o que faziam. Vemos no Livro de Atos dos Apóstolos, o Espírito Santo chamando pessoas para a obra missionária (At 13.1-3), guiando missionário para falar com uma pessoa (At 8.29), proibindo missionário de ir a uma cidade (At 16.7), etc.


O Espírito Santo tem inúmeras funções na obra missionária, pois é Ele quem a dirige. O comentarista destaca que o Espírito Santo unge, separa, inspira e envia missionários. Falaremos um pouco agora sobre a unção do Espírito Santo e no próximo subtópico falaremos sobre a inspiração, separação e envio de missionários pelo Espírito Santo. 


Quando falamos de ungir, precisamos entender o significado de unção na Bíblia. Em sentido literal, ungir significa derramar óleo em uma pessoa ou objeto, consagrando-o para um serviço ou finalidade específica. Por isso a expressão "óleo ungido" é descabida. Seria o mesmo que dizer "água molhada". No Antigo Testamento, quando se tratava de unção de pessoas, através deste ato simbólico, a autoridade de Deus era conferida à pessoa ungida. Esta autoridade conferida é chamada de unção. 


No Novo Testamento, o Espírito Santo unge ou concede autoridade às pessoas para executarem a obra de Deus. Jesus, por exemplo, é “o Ungido” (Hb. Mashiach; Gr. Christos) de Deus. Um missionário ungido pelo Espírito Santo é alguém que recebeu de Deus a autoridade para realizar esta obra. No Novo Testamento não há o uso de óleo como no Antigo Testamento, pois era simbólico. O único caso em que se usa óleo no Novo Testamento é para ungir os enfermos e deve ser feito pelos presbíteros da Igreja (Tg 5.14,25). À luz do Novo Testamento, não é correto derramar óleo para ordenar obreiros, distribuir óleo ou sair por aí ungindo objetos e imóveis, como se o óleo fosse algo milagroso. Isso é chamado de animismo, que é a idéia de atribuir poderes a objetos inanimados, crendo que um espírito se conecta a eles. 


2. O Espírito Santo capacita para a obra. A obra missionária é conduzida totalmente pelo Espírito Santo. Portanto, ele escolhe, envia e capacita missionários para realizarem esta obra. O envio de missionários pelo Espírito Santo é indispensável. A Igreja apenas reconhece o chamado do Espírito Santo e, sob a orientação dele, ordena ao ministério e envia ao campo. 


A Igreja de Antioquia estava em uma reunião de oração e jejum e o Espírito Santo ordenou que eles separassem Barnabé e Saulo para a obra missionária. A Igreja não escolheu, ela apenas cumpriu a ordem de enviar os escolhidos. É lamentável ver Igrejas oferecendo ministérios e cargos para atrair pessoas. 


A inspiração do Espírito Santo, mencionada pelo comentarista, é uma referência ao sopro na mente dos escritores bíblicos para escrever as Escrituras. Neste aspecto, não existe mais inspiração, pois a Palavra de Deus está completa e ninguém recebe inspiração para escrever ou falar algo que possa ser considerado Palavra de Deus, inerrante, infalível e perfeita. 


Entretanto, o Espírito Santo ilumina a nossa mente para compreendermos a palavra de Deus e nos capacita a transmiti-la com sabedoria e graça. O Espírito Santo tem a mensagem certa para cada pessoa. Portanto, o missionário deve buscar a Deus em oração e pedir que Ele lhe conceda a mensagem a ser pregada. Não se faz missões com palavras persuasivas de sabedoria humana, mas com aquelas que o Espírito Santo concede (1 Co 1.1,13). Por outro lado, o Espírito Santo atua também no coração dos ouvintes para que entendam e creiam mensagem pregada. 


3. Deus age por meio do Espírito Santo. Aqui, o comentarista cita a obra Verdades Pentecostais, do saudoso pastor Antonio Gilberto, para descrever a assistência do Espírito Santo na obra missionária. Na sequência, ele repete o que falamos acima, dizendo que o Espírito Santo “escolhe, envia, capacita e direciona os evangelizadores". Esta assistência contínua e direcionamento do Espírito Santo na Igreja Primitiva está bem patente no Livro de Atos. Vemos a ação contínua do Espírito Santo em todos os momentos da Igreja, seja no chamamento, no direcionamento, nas revelações e até no consolo aos cristãos nas prisões e tribulações. 


Por causa desta ação contínua do Espírito Santo descrita no Livro de Atos dos Apóstolos, alguns estudiosos sugerem que o título deste livro deveria ser Atos do Espírito Santo e não dos apóstolos. De fato, é bem provável que o livro originalmente não tivesse título. Alguns manuscritos o intitulam apenas como “Atos” (Gr. praxeis, que descreve as realizações de grandes homens). Considerando que o Livro traz os relatos dos primeiros passos da Igreja Cristã, liderada pelos apóstolos, foi acrescentado ao título a expressão “dos apóstolos”. O título mais apropriado seria realmente “Atos do Espírito Santo”, pois o Livro registra uma Igreja dirigida pelo Espírito Santo, que por meio dos apóstolos operou sinais e maravilhas e possibilitou a expansão do Cristianismo por todo o mundo conhecido da época. 


O comentarista acrescenta ainda que o Deus da Bíblia não é “deísta”. O  Deísmo acredita que Deus criou o Universo deu-lhe as suas leis de funcionamento e se afastou dele. O Deísmo também endeusa a razão. O Deus da Bíblia é “teísta”, ou seja, é um Deus pessoal, que se importa e se relaciona com o ser humano. Sendo Deus, o Espírito Santo habita em nós e age no meio da Igreja, conduzindo e dirigindo a sua ação. 


Uma Igreja sem a atuação do Espírito Santo é como um corpo humano sem  o espírito. Num primeiro momento, esfria totalmente. Depois, é tomado por vermes e bactérias. Depois, entra em estado de decomposição. A Igreja sem a ação do Espírito Santo cai na frieza ou indiferença espiritual. Depois se torna alvo dos falsos mestres com as suas heresias destrutivas. Com isso, acaba morrendo espiritualmente, como a Igreja de Sardes (Ap 3.1). 


REFERÊNCIAS: 

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 40-52.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.38. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp. 30-41.

POMERVILLE, Paul A. A Força Pentecostal em Missões: Entendendo a Contribuição dos Pentecostais na Teologia Missionária Contemporânea. 1ª. Ed. Rio de Janeiro: 2020, pp.122-23).

25 outubro 2023

A OBRA MISSIONÁRIA DEPOIS DO PENTECOSTES

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 05: Uma perspectiva pentecostal de missões)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da obra missionária depois do pentecostes. Veremos que a causa da obra missionária da primeira igreja foi, sem dúvida nenhuma, a descida do Espírito Santo. Após o ocorrido no Dia de Pentecostes, a Igreja “encheu Jerusalém” com a mensagem do Evangelho (At 5.28), mesmo sob grandes perseguições e ameaças. 

Depois, falaremos da expansão missionária da primeira igreja. O Livro de Atos dos Apóstolos descreve uma Igreja atuante tanto no âmbito local, orando e pregando o Evangelho em Jerusalém, como nas missões na terra de Israel e por todo o mundo. 

Por último,  veremos que Deus não faz acepção de pessoas, citando como exemplo o envio do apóstolo Pedro à casa do centurião Cornélio, onde ele pregou para os gentios, depois de receber uma visão ilustrativa do Senhor, mostrando que Deus não faz acepção de pessoas.

1. A causa da obra missionária da primeira igreja. Hoje no meio pentecostal fala-se muito em avivamento, poder do Espírito Santo, ser cheio do Espírito Santo e outras expressões relacionadas ao revestimento de poder. Usam-se, inclusive, algumas expressões que não tem nada a ver com a Bíblia ou com a teologia cristã como reteté, canela de fogo, sapato de fogo, etc. Para estas pessoas, o revestimento do poder do Espírito Santo é algo relacionado ao barulho ou aos malabarismos que se fazem em um culto. 


Entretanto, do ponto de vista bíblico, isso não tem nada a ver com o revestimento de poder prometido por Jesus aos seus discípulos em Lucas 24.49 e Atos 1.8, que se cumpriu no Dia de Pentecostes, como uma inauguração da Igreja. Segundo o apóstolo Pedro falou em seu discurso, a promessa não se restringiu àqueles dias, mas está disponível para todas as épocas da Igreja, enquanto ela estiver neste mundo (At 2.39). 

Em todas as promessas relacionadas ao derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja, o objetivo é capacitá-la para dar continuidade ao trabalho iniciado por Jesus. Em Atos 1.8, pouco antes de subir ao Céu, o Senhor Jesus disse aos seus discípulos: "Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra." Vê-se, portanto, que o poder (Gr. dynamis, que significa energia constante) do Espírito Santo prometido aos discípulos tinha como finalidade capacitá-los para a obra missionária, no âmbito local, regional e global. Isso não significa que seria feito um e depois os outros, mas simultaneamente. 

A evidência ou sinal visível do recebimento do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas, conforme vemos no Livro de Atos (At 2.4; 10.46; 19.6. Mas este não é o seu objetivo. Jesus não batiza os crentes com no Espírito Santo para eles ficarem nos templos disputando quem fala mais línguas estranhas, ou quem grita mais alto. Fomos revestidos de poder para sermos testemunhas (mártires) ousados do Senhor Jesus, proclamando o Seu Evangelho aos perdidos. 

2. A expansão missionária da primeira igreja. No capítulo 2 de Atos dos Apóstolos, encontramos o cumprimento tanto da profecia de Joel 2.28, quanto da promessa de Jesus aos seus discípulos, de que eles seriam “batizados com o Espírito Santo, não muito depois daqueles dias.” (At 1.5). Os discípulos estavam reunidos em um cenáculo, em oração, num total de 120 pessoas. “De repente, veio do Céu um som como de um vento forte e impetuoso e encheu todo o ambiente. Foram vistas por eles, línguas repartidas como que como de fogo, pousando sobre cada um deles. Todos foram cheios do Espírito Santo e falavam em línguas e profetizavam.” (At 2.1-4). 

O derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecostes não foi um movimento produzido pela ação humana. Os discípulos estavam reunidos em oração, aguardando a promessa de Jesus. De repente, veio um som do Céu, como de um vento forte e impetuoso e eles foram cheios do Espírito Santo. Não houve forçação de barra, manipulação, "transferência de unção" e outras inovações que se vê atualmente. 

O resultado desse derramamento do Espírito foi extraordinário! Os discípulos nunca mais foram os mesmos, depois deste revestimento de poder. O apóstolo Pedro, que há menos de dois meses havia negado a Cristo, pregou um sermão bíblico, ousado e fervoroso, levando quase três mil almas à conversão. 

Poucos dias depois, ele e João ordenaram a cura de um coxo, em Nome do Senhor Jesus e o milagre aconteceu. Após esta cura, Pedro fez outro discurso e o número de conversões chegou a 5 mil pessoas. Muitas outras maravilhas também foram feitas pelos apóstolos após a descida do Espírito Santo. Diante dos sacerdotes e autoridades do templo, Pedro discursou novamente, reafirmando que Jesus é o Messias prometido a Israel e que, em nome dele, o coxo fora curado. 

Sem saber o que fazer, pois, o milagre era incontestável diante da multidão, resolveram soltar os apóstolos, alertando-os de que não mais falassem, nem ensinassem em nome de Jesus. Com a autoridade do Espírito Santo, Pedro respondeu a eles, que era mais importante obedecer a Deus do que aos homens, pois não poderiam deixar de falar daquilo que viram e ouviram (At 4.20; 5.29).

No capítulo 5 temos o episódio envolvendo Ananias e sua esposa Safira, que mentiram aos apóstolos, escondendo parte do valor da venda de uma propriedade, para parecer que estavam entregando todo o dinheiro, quando na verdade era só uma parte. O Espírito Santo revelou tudo a Pedro e a farsa foi desmontada. Ambos foram mortos, um após o outro. Este acontecimento trouxe grande temor a todos. 

Depois disto, no capítulo 6 de Atos, temos a instituição dos diáconos. Com o crescimento rápido e intenso do número de convertidos, a assistência social às viúvas estava deixando a desejar e houve murmuração por parte dos cristãos de fala grega. Os apóstolos, então, resolveram escolher sete homens para cuidar desta área. Um dos requisitos era que o candidato fosse cheio do Espírito Santo.

Dois dos diáconos escolhidos, Estêvão e Filipe, se destacaram na evangelização e foram usados pelo Espírito Santo em sinais e prodígios entre o povo. Estêvão pregou ousadamente em Jerusalém e foi apedrejado até à morte. Depois da morte de Estêvão, grande perseguição se levantou e os discípulos tiveram que sair de Jerusalém. Filipe foi a Samaria e foi usado pelo Espírito Santo para pregar o Evangelho e realizar milagres. Uma multidão se converteu. Até um mágico antigo que havia na cidade se converteu. 

No capítulo 9, temos a conversão de Saulo, em um encontro pessoal com o Senhor Jesus, no caminho de Damasco. Nos capítulo 11 temos a conversão de Cornélio. O Espírito Santo concedeu visões a Pedro para que ele se desvencilhasse do preconceito contra os gentios. Na casa de Cornélio, enquanto Pedro pregava, o Espírito Santo desceu e as pessoas foram batizadas no Espírito Santo. 

No capítulo 12, Lucas relata a perseguição de Herodes à Igreja, mandando matar Tiago e prender Pedro. A Igreja fez contínua oração e Pedro foi milagrosamente liberto da prisão. Quando Herodes procurou Pedro e não o achou, mandou executar os guardas. Na mesma noite, Herodes sentiu-se um deus e morreu comido de bichos. 

A partir do capítulo 13 todo o protagonismo passa a ser do apóstolo Paulo, conduzido pelo Espírito Santo, é claro. Inicialmente, Saulo foi chamado por Barnabé para ensinar a Palavra de Deus aos novos crentes em Antioquia. Em uma reunião de oração e jejum, o Espírito Santo falou àquela Igreja que separassem Barnabé e Saulo para a obra missionária. A partir daí, eles navegaram pelo mundo, sob a direção do Espírito Santo, levando o Evangelho aos gentios e plantando Igrejas. 

3. “Deus não faz acepção de pessoas”. Deus não discrimina, não tem prediletos e não faz nenhuma espécie de acepção de pessoas. O apóstolo Pedro, um dos principais líderes da Igreja Primitiva, demorou a entender isso. Inicialmente, a Igreja estava pregando o Evangelho apenas aos israelitas. Após a morte do diácono Estêvão, primeiro mártir do Cristianismo, Deus permitiu que viesse sobre eles uma grande perseguição e eles tiveram que fugir de Jerusalém. Mesmo assim, onde chegavam, pregavam apenas aos judeus. 

Foi necessário o Senhor, em uma visão ilustrativa, ensinar ao apóstolo Pedro que ele não deveria considerar comum ou imundo, aquilo que Deus havia purificado. Este episódio aconteceu pouco tempo antes de Pedro ser chamado para pregar na casa do centurião Cornélio, em Cesaréia. Depois da visão, o Senhor falou para Pedro, que algumas pessoas iriam procurá-lo e que ele deveria ir com elas sem questionar. 

Quando chegou na residência de Cornélio, este havia convidado todos os seus parentes e conhecidos para ouvirem a pregação de Pedro. Quando Cornélio viu Pedro chegar, prostrou-se e o adorou (At 10.25). Pedro fez o que todo líder religioso deveria fazer: mandou que ele se levantasse, pois ele também era um ser humano (At 10.26). 

Pedro iniciou a sua fala, mencionando o separatismo judaico: “Vós bem sabeis que não é lícito a um homem judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo.” (At 10.28). Em seguida perguntou por que Cornélio o havia chamado. Cornélio contou que estava orando e jejuando, quando um anjo lhe apareceu e mandou que chamasse a Pedro, que estava em Jope. 

A partir daí, Pedro iniciou a sua pregação dizendo: “Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; Mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e faz o que é justo.” (At 10.:34,35). Na sequência fez uma exposição do ministério de Jesus, tomando como base os profetas do Antigo Testamento e o cumprimento destas profecias em Jesus. Enquanto ele falava, o Espírito Santo desceu sobre os seus ouvintes e eles foram batizados no Espírito Santo, falaram em línguas e glorificaram a Deus (At 10.34-48). 


REFERÊNCIAS: 


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 40-52.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.38. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp. 30-41.

STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD. pág. 1291-1292.

PALMA, Anthony. O Batismo no Espírito Santo e Com Fogo. Editora CPAD. pág. 14-17.


UMA PERSPECTIVA PENTECOSTAL DE MISSÕES (SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO)

A lição desta semana destaca a relevância do Movimento Pentecostal para o desenvolvimento da obra missionária em todo o mundo. O avivamento espiritual provocado pela crença na experiência do batismo no Espírito Santo trouxe dinamismo e eficácia à evangelização já realizada pela igreja nos séculos precedentes. Isso ocorreu em razão de que o poder do Espírito é uma marca muito presente na Igreja Primitiva e que, diga-se de passagem, justifica o impacto da pregação do Evangelho no mundo antigo.

Após o advento do Movimento Pentecostal no início do século XX, a Igreja pôde contar novamente com o entendimento de que o poder do Espírito nos moldes do que ocorreu com os primeiros crentes é indispensável também para a igreja atual. Logo, a experiência do Pentecostes está intrinsecamente ligada à missão da igreja, bem como relacionada à sua existência enquanto representante do Reino sacerdotal divino.

Para o missiólogo Paul A. Pomerville, em sua obra A Força Pentecostal em Missões (CPAD, 2020), “o Pentecostes representou a renovação do Espírito de profecia, um tremendo fluxo do Espírito após o seu refluxo na história da salvação” (p.222). Em seguida, Pomerville cita Boer, que diz que “a tarefa é testemunhar das grandes obras de Deus no poder do Espírito nos ‘últimos dias’. Boer vê a proclamação do evangelho e o derramamento do Espírito como sinais do fim (1961, p.103). Portanto, tanto a pregação do evangelho quanto o derramamento do Espírito são ‘sinais do Reino’. Eles representam duas grandes dimensões do ministério do Espírito Santo na era do Espírito: seu ministério vivificador pela palavra e seu ministério carismático em relação com essa palavra” (p.223).

A experiência do batismo no Espírito Santo, mais do que uma marca do pentecostalismo, é, na sua essência, o poder que capacita a igreja a impactar as camadas mais profundas da sociedade com a sua simplicidade e acessibilidade ao Espírito. Para vivenciá-lo, não há distinção étnica-social ou quaisquer critérios rigorosamente religiosos que o tornem inalcançável. Basta ao crente fervoroso pedi-lo com fé, sem que haja dúvida, pois o que dúvida é como a onda do mar, que é lançada pelo vento de uma parte à outra (Tg 1.6). Todavia, é prazeroso ao coração de Deus que seus servos desejem ansiosamente buscar maior intimidade com o Seu Santo Espírito a fim de servi-lo melhor. Que o compromisso com Missões, alimentado pelas chamas do pentecostalismo, possam nutrir em nossos corações o amor por almas para o Reino de Deus.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.38. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, pp. 30-41.

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: RENOVAÇÃO DA ESPERANÇA

Ev. WELIANO PIRES Nesta última lição, como conclusão do estudo do Evangelho segundo João, falaremos da ressurreição de Jesus como a força mo...