20 março 2022

LIÇÃO 13: A LEITURA DA BÍBLIA E A EDUCAÇÃO CRISTÃ

(Texto do Livro de apoio ao trimestre, capítulo 13).

“Persiste em ler, exortar e ensinar, até que eu vá.” (1 Tm 4.13).


A Educação Cristã tem como finalidade a formação espiritual e o desenvolvimento do caráter do cristão. A Escola Dominical (ED), dentre outros, é uma agência educadora no contexto da Igreja. A fonte para o ensino é a Bíblia Sagrada, autoridade suprema de fé e prática para o salvo em Cristo. A leitura e o estudo das Escrituras servem de base para o conteúdo programático da ED a ser observado tanto em sala de aula como fora dela. Seus principais objetivos são ganhar almas, desenvolver o caráter e preparar o salvo para o serviço cristão. Nesse propósito, enfatiza-se que seus alunos são instruídos e motivados à leitura e ao estudo da Bíblia e, sobretudo, a pautar suas vidas na autoridade das Escrituras Sagradas. 


I – A BÍBLIA É O LIVRO TEXTO DA ESCOLA DOMINICAL


1. O Currículo Adotado. O vocábulo curriculum é de origem latina e significa “pista de corrida”. Era um caminho ou uma trilha que orientava o corredor até o seu objetivo final. O renomado teólogo e educador Antonio Gilberto apresenta a seguinte definição para currículo: “É um grupo de assuntos constituindo um curso de estudos, planejado e adaptado às idades e necessidades dos alunos. Em outras palavras, são os meios educacionais adotados, visando aos objetivos do ensino”. Nesse diapasão, o referido autor estabelece as seguintes considerações sobre o currículo da ED: 

(1) Deve abranger os principais assuntos bíblicos necessários ao conhecimento e à experiência do crente; 

(2) Tal currículo deve ser devidamente dosado, visando ao desenvolvimento de uma vida cristã ideal e uma personalidade cristã que em tudo honre a Cristo, perante a Igreja e o mundo;  

(3) Deve ser um currículo graduado, mas também, ao mesmo tempo inter-relacionado, por ser a vida cristã um todo indivisível. 


Nessa concepção, um bom currículo é o resultado de um trabalho organizado e meticulosamente planejado. Na elaboração do currículo da ED, observa-se sua conformidade com as doutrinas bíblicas, um programa completo e abrangente de ensino das Escrituras e atividades de aprendizagem com aplicação das verdades aprendidas. Ao contrário disso, escreve Antonio Gilberto, “um simples conjunto de lições bíblicas sem sequência continuada, sem relacionamento entre si e sem levar em conta os agrupamentos de idade, não pode ser chamado de currículo, e não atingirá o alvo desejado no ensino da Palavra”. 


Visando alcançar tais objetivos, a ED prima pela excelência do “ensino bíblico”. As revistas que integram o currículo são de lições bíblicas. A Bíblia é o livro base para todo o seu ensino-aprendizagem (Jo 5.39). O currículo da ED preserva a autoridade suprema da Palavra de Deus como única regra infalível de fé e prática (2 Tm 3.14-17). Em vista disso, as doutrinas bíblicas reproduzidas no material didático servem como padrão para o viver diário e a formação do caráter cristão (Sl 119.105). O conteúdo expressa a ortodoxia professada pelas Assembleias de Deus, contribui para manter a unidade doutrinária da igreja e atua como antídoto contra as heresias. 


2. A Prática Pedagógica. A prática pedagógica é a expressão das atividades rotineiras que são desenvolvidas no âmbito da ED. É o somatório de todas as atividades planejadas com o intuito de possibilitar o processo educativo. As múltiplas dimensões da prática pedagógica compreendem, entre outros: a gestão, os professores, os alunos, a  metodologia, o material didático, a avaliação e a relação professor-aluno. Destaca-se que uma boa prática pedagógica requer o comprometimento de todos, em especial, a capacitação e o preparo dos professores acerca de seus saberes e deveres. É responsabilidade do corpo docente planejar as aulas de acordo com o currículo estabelecido; dominar o assunto a ser ensinado; despertar e manter o interesse dos alunos. 


Nesse aspecto, convém ressaltar a importância e o papel preponderante do professor da ED. A performance do corpo docente é fundamental para conquistar a atenção, manter a frequência e assiduidade dos alunos. Um professor despreparado ou desmotivado servirá de pedra de tropeço no processo ensino-aprendizagem. Portanto, é da competência da gestão da ED a responsabilidade da escolha e o compromisso da capacitação dos professores. Nesse propósito, recomenda-se a promoção de eventos que possam contribuir na qualificação dos professores, tais como seminários teológicos, cursos de capacitação, congressos e conferências da ED. Nas atividades da igreja local, faz-se necessário conhecer as principais limitações a fim de propiciar atividades pedagógicas que possam equacionar as dificuldades e maximizar o ensino das Escrituras. 


Nessa perspectiva, no contexto da ED, cabe aos gestores priorizar a excelência da prática pedagógica, e aos professores compete o “fazer pedagógico” com qualidade. Dentre outros aspectos, enfatizamos o uso de metodologia adequada às faixas etárias, bem como o objetivo a ser alcançado em cada lição. Desse modo, torna-se indispensável que o texto bíblico seja o referencial permanente da prática pedagógica. Nesse sentido, o ensino não deve ser limitado a “transferência de conhecimento”, mas, sobretudo, o estudo das verdades reveladas deve instruir, expor e corrigir o erro (2 Tm 3.16), a fim de produzir verdadeira transformação na velha natureza humana (Ef 4.22,23). A ED terá cumprido o seu papel educacional cristão quando forem perceptíveis mudanças na vida dos alunos que atestem o novo nascimento e o crescimento espiritual (1 Co 6.10-12). 


3. O Padrão Ético e Moral. Historicamente o conceito de ética surgiu na Grécia antiga (IV século a.C.). Quando os códigos ainda não estavam escritos e positivados, a própria consciência estabelecia a ética a ser observada (Rm 2.14-15). A palavra “ética” possui origem no vocábulo grego ethos (costumes ou hábitos). No latim é usado o termo correspondente mos (moral), com o sentido de “normas” ou “regras”. Assim, “ética e moral referem-se ao conjunto de costumes tradicionais de uma sociedade e que, como tais, são considerados valores e obrigações para a conduta de seus membros”.  Esses termos são muito próximos e na práxis diária são confundidos como sinônimos. Porém, didaticamente é possível defini-los separadamente:


A ética trata dos princípios e valores que orientam a conduta de uma pessoa. A moral é a prática dessa conduta ética. A ética trata dos princípios e a moral da prática baseada nesses princípios. Sendo assim, ética e moral não são a mesma coisa, mas estão conectadas – ética e moral são como a teoria e a prática. Por exemplo, se eu tenho um princípio ético que me orienta a dizer a verdade, minha conduta moral será mentir ou não.


Nesse enfoque, a ética cristã tem como objetivo indicar a conduta ideal para a retidão do comportamento humano. O fundamento da ética e da moral cristã são as Escrituras Sagradas. Desse modo, a ética cristã não pode ser desassociada da moral e dos bons costumes preconizados nas doutrinas bíblicas. É verdade que não se pode desprezar a tradição da Igreja, as leis civis e criminais, as variadas literaturas e nem tampouco os bons costumes adotados pela sociedade, entretanto, para o cristão, toda e qualquer prática e conduta precisa passar pelo crivo e pelo aval da Palavra de Deus (Hb 4.12). 


Por conseguinte, o texto bíblico é divinamente inspirado e, portanto, permanece inalterado (Mt 24.35). Os valores cristãos são permanentes, pois sua fonte de autoridade é imutável (1 Pe 1.25). Em suma, a Palavra de Deus não pode ser relativizada, revogada ou ajustada aos interesses humanos (Is 40.8). Assim, no propósito de cumprir o seu papel de instituição educadora, a ED também atua como multiplicadora dos princípios éticos e dos valores morais da fé cristã. A Igreja que zela pelo ensino sólido das lições bíblicas não é influenciada pelo erro, mas estabelece o padrão  moral e ético a ser observado pelos cristãos (1 Tm 4.6; 2 Tm 3.10).


II – A EDUCAÇÃO CRISTÃ E A FORMAÇÃO DE LEITORES DA BÍBLIA


1. Conceito de Educação Cristã. As palavras “educação” e “educar” vêm do latim educare, que significa literalmente “guiar”, “levar”, “tirar de”, “retirar”, “conduzir para fora”. No texto do Novo Testamento, entre outros, destaca-se o emprego da palavra grega paideia, com o sentido de “instruir”, “formar”, “ensinar” e “educar”. Na Grécia Antiga, a paideia referia-se tanto ao modo como à meta da educação. O Dicionário Bíblico Wycliffe assegura que, quando aplicada às crianças, “abrange todo o cultivo da mente e da moral e o emprego de ordens, admoestações e censuras com o objetivo de treinamento e correção” (Hb 12.5-11); e, no caso de adultos, “se refere aquilo que desenvolve a alma, corrigindo erros e controlando as paixões (2 Tm 3.16)”. 


Em termos gerais, a educação é um processo contínuo de desenvolvimento e aperfeiçoamento do ser humano. No sentido formal, designa o ensino como um sistema que compreende tanto a teoria quanto a prática. No aspecto da Educação Cristã, entendemos que ela começa por Deus: “É Ele quem prescreve o que deseja que saibamos e nos ensina por meio de sua Palavra, a fim de vivermos, por graça, à altura do privilégio de nossa filiação”. O Dicionário Teológico corrobora com essa definição nos seguintes termos: “programa pedagógico que, tendo por base a Bíblia Sagrada, visa ao aperfeiçoamento espiritual e moral dos que se declaram cristãos e daqueles que venham a entender o chamado do Evangelho de Cristo”. Em suma, a Educação Cristã molda o nosso viver segundo as Escrituras e produz crescimento e amadurecimento espiritual. 


Nesse entendimento, reiteramos que o ensino-aprendizagem da Educação Cristã se fundamenta na revelação divina, cujo livro texto é a Palavra de Deus. No âmbito eclesiástico, especialmente na ED e no culto de doutrina, sua ocupação é o ensino sistemático e contínuo das doutrinas bíblicas (Mt 28.20; At 15.35; Cl 1.28, 2 Tm 2.2). Na esfera da sociedade civil, dedica-se à educação formal, como, por exemplo, colégios confessionais e instituições de ensino superior que oferecem formação acadêmica e intelectual com o embasamento e a práxis dos princípios cristãos (Mt 5.13-14; Rm 12.1-2). 


2. Objetivos da Educação Cristã. O Senhor Jesus confiou à Igreja a tarefa da Grande Comissão (Mt 28.19-20; Mc 16.15). Nesse aspecto, o ensino cristão sempre esteve relacionado ao IDE estabelecido por Jesus. A incumbência é tanto de formação de indivíduos como de transformação da sociedade. Trata-se de uma ordenança proclamadora e de um mandato educacional. É responsabilidade dos discípulos de Cristo evangelizar e ensinar as doutrinas bíblicas (1 Tm 4.13; 2 Tm 4.2). Em vista disso, Paulo enfatiza a necessidade da dedicação ao ensino (Rm 12.7). O apóstolo aponta para o indispensável “esmero” e “diligência” da Igreja no exercício do dom de ensinar. 


Desse modo, o ministério da Educação Cristã se reveste de notável importância, uma vez que, bem estruturado, pode cabalmente cumprir a missão ordenada à Igreja. Sua atividade é imprescindível no propósito de evangelizar e ensinar. Os agentes da Educação Cristã nas Assembleias de Deus são diversificados e possuem áreas de abrangência variadas, entre eles, ratifica-se o culto de ensino e a ED, e, ainda, acrescenta-se a obra evangelística e missionária, a formação teológica, bem como, já citado, a atuação  por meio de uma escola de cunho confessional da educação básica ou de nível superior. 


Nessa estrutura, destaca-se o papel de excelência da ED como maior agência de Educação Cristã, porque evangeliza enquanto ensina, atendendo os dois lados da ordem de Jesus: fazer discípulos e ensinar (Mt 28.19,20). Ao contrário do culto de doutrina, que reúne em um único auditório todas as faixas etárias, o currículo da ED merece destaque pela sua abrangência específica. Nesse mister, Antonio Gilberto enfatiza três principais objetivos da ED, a saber: (a) Ganhar almas para Jesus, o que requer dedicação para conduzir o aluno a aceitar a Cristo (2 Co 12.15); (b) Desenvolver a espiritualidade e o caráter cristão, o que engloba empenho na formação dos hábitos cristãos (Gl 5.22); e, (c) Treinar o cristão para o serviço do Mestre, o que demanda propiciar oportunidades para a capacitação de obreiros (2 Tm 2.2,15). 


3. A Capacitação dos Alunos. Os processos educativos, seus currículos e metodologias, como já observado, integram a prática pedagógica adotada em uma instituição de ensino. O objetivo é fazer com que as pessoas aprendam e modifiquem seu comportamento. Na Educação Cristã, o procedimento não é diferente. Contudo, na esfera eclesiástica, a diferença se fundamenta no livro texto adotado: a Palavra de Deus. Não obstante, o processo da aprendizagem é o mesmo. O Manual  da Escola Dominical define aprendizagem como “a mudança de conduta do educando, pelo conhecimento adquirido, pela prática, e pela experiência resultante de seu aprendizado. Não havendo mudança de comportamento de quem está a aprender, não houve real aprendizagem”. 


Em busca dessa excelência, a Educação Cristã esmera-se em capacitar seus alunos. A capacitação é um processo permanente e deliberado de aprendizagem com a finalidade de “tornar capaz”, “preparar” e “qualificar” pessoas. O aprendizado cristão se alicerça nas Escrituras Sagradas; por conseguinte, o aluno é orientado e incentivado à leitura da Bíblia. Entretanto, a leitura bíblica não pode ter intenção meramente intelectual de acúmulo de conhecimento. Nesse quesito, o Guia Cristão de Leitura da Bíblia apresenta um triplo propósito: “descobrir os conteúdos; compreender as verdades; e aplicar as mensagens”. Dessa forma, a formação continuada de leitores da Bíblia se concentra em capacitar os alunos a “conhecer, entender e viver a Palavra de Deus”. 


Isso posto, reiteramos que, na Educação Cristã, o processo de desenvolvimento do caráter e habilitação do cristão para servir no Reino de Deus acontece por meio do estudo acurado da Bíblia. Assim sendo, os alunos são formados não apenas como leitores do texto bíblico, mas qualificados ao exame minucioso das Escrituras e habilitados para ensinar a outros (At 17.10,11; 2 Tm 2.2). Essa meta somente pode ser atingida por meio da leitura diária das Escrituras Sagradas (Sl 1.1,2), sob a iluminação do Espírito Santo (Ef 1.17,18), e da aplicação dos princípios hermenêuticos, tais como as regras gramaticais e o contexto histórico e literário (1 Ts 5.21). Para tanto, é imprescindível manter a disciplina na leitura bíblica, no aprendizado e no exercício  do devocional diário.


III – É PRECISO LER A BÍBLIA DIARIAMENTE


1. A Leitura e a Disciplina Cristã. A disciplina tem relação com “castigo” e “punição”, mas também significa “ordem” e “obediência às regras”. O conceito se relaciona com a prática regular de certos princípios que pautam a atividade diária e as metas de uma pessoa. Com esse sentido, encontramos três símbolos na Bíblia que exemplificam a vida disciplinada: (a) o Soldado — a disciplina na aflição: “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo” (2 Tm 2.3); (b) o Lavrador — a disciplina da paciência: “porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante” (1 Co 9.10); (c) o Atleta — a disciplina no treinamento: “os que correm no estádio, todos, na verdade, correm, mas um só leva o prêmio” (1 Co 9.24). 


Em resumo, a “disciplina” compreende abnegação, regularidade, prioridade, metas e perseverança. Essas ações reivindicam renúncia e compromisso. Dentre as “disciplinas cristãs”, citamos a oração, a leitura da Bíblia e o jejum. Contudo, não podemos alcançar ou merecer o favor e a justiça do Reino de Deus meramente observando as disciplinas cristãs. Quem incorre nesse erro embarca no legalismo do qual Cristo já nos libertou (Rm 7.6). A disciplina cristã é um meio de nos aproximar de Deus. Paulo disse: “Quem semeia para a sua própria carne, da carne colherá corrupção; mas quem semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.8). Richard Foster escreveu que “o mesmo acontece com as Disciplinas Espirituais — elas são um meio de semear para o Espírito”. 


Nesse sentido, o objetivo da disciplina cristã é propiciar intimidade singular com Deus por meio da “oração incessante” (1 Ts 5.17); “exame das Escrituras” (Jo 5.39); e a “prática do jejum” (1 Co 7.5). Em vista disso, o autêntico discípulo observa os exercícios espirituais. O termo “discípulo” está relacionado com a “disciplina” e, por isso, todo o discípulo é disciplinado. Em termos gerais, o zelo espiritual de um discípulo de Cristo repousa na prática das disciplinas cristãs. Repete-se que a disciplina não é um meio de salvação, mas por meio dela conhecemos a perfeita vontade de Deus (Rm 12.1,2). A disciplina cristã, ratifica-se, requer regularidade e prioridade na busca da santificação (Rm 6.22). Portanto, a leitura bíblica, por exemplo, deve ser diária (Sl 119.97; 1 Tm 4.13). 


2. A Leitura e o Aprendizado. Como já argumentado, a leitura bíblica é uma disciplina cristã. E, como todo o ato disciplinado, a leitura requer dedicação. Como já afirmado, o termo “dedicação” tem o sentido de “esmero” e “diligência” no exercício de alguma atividade. Para bem trilhar esse caminho de crescimento e aprendizado, os objetivos do leitor da Bíblia devem ser bem definidos e obedecidos à risca. Nesse diapasão, corroboram-se as palavras do salmista que nos exorta ao exercício diário de leitura e meditação da Bíblia: “Antes, tem o seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2); “Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia!” (Sl 119.97). 


Na busca desse objetivo, se faz necessário: planejamento, adoção de um cronograma de leitura e estabelecimento de metas. Por exemplo: (a) definição do horário diário da leitura. Deve ser o horário em que a pessoa se encontra mais bem disposta; (b) tempo destinado à leitura. Deve ser um tempo adequado para ao menos a leitura de um capítulo das Escrituras; e metas a serem alcançadas. A meta é um importante fator motivador, tais como ler a Bíblia toda dentro de um determinado prazo que seja exequível. Não obstante, a leitura não pode ser superficial ou centrada em um amontoado de informações. A leitura deve promover acima de tudo o aprendizado. 


O aprendizado é parte intrínseca de um discípulo. Isso porque “discípulo” significa literalmente “aprendiz”. Uma máxima pedagógica afirma que “ler é aprender”. Desse modo, por meio da leitura da Bíblia, aprendemos acerca de Deus e de seu plano de salvação (Rm 1.2-4). Esse aprendizado orienta o discípulo a tornar-se parecido com Cristo (Ef 4.13). Por isso, o aprendizado deve ultrapassar a teoria e ser aplicado na vida diária. Paulo repreende os “que aprendem sempre e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade” (2 Tm 3.7). Por essa razão, o apóstolo adverte Timóteo a observar o aprendizado bíblico que o faria sábio para a salvação, pela fé em Cristo Jesus (2 Tm 3.14,15). 


3. A Leitura e o Devocional. A plena comunhão com Deus é o aspecto mais importante para uma vida cristã espiritualmente frutífera e bem-sucedida. Em vista disso, reforçamos que a leitura e o estudo sistemático das Escrituras Sagradas nos auxiliam a manter a necessária intimidade com Deus e a sua Palavra. Como afirmou o salmista, é possível guardar a Palavra no coração e, dessa forma, não pecar contra Deus (Sl 119.11). Significa que “ela deve ocupar os sentimentos, assim como o entendimento; toda a mente precisa estar impregnada com a Palavra de Deus”. Por conseguinte, o correto aprendizado bíblico conduz o crente à plena adoração. Aquele que se dedica em aprender a Bíblia descobre que a verdadeira adoração é praticada “em espírito e em verdade” (Jo 4.23). 


Apesar de todo genuíno cristão concordar com essas afirmações, nem sempre o dia a dia do crente reflete a prática do devocional e da adoração devida. A falta de tempo, em virtude da agenda cheia e os mais variados compromissos são o pretexto mais comuns apresentados por boa parte dos evangélicos. No entanto, nenhuma atividade, seja eclesiástica, seja secular, pode ser mais importante que nosso devocional com Deus. Não é salvo aquele que conhece e até ensina a Bíblia, mas não mantém comunhão com o seu autor. É preciso ter em mente a mesma preocupação paulina: “Antes, subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de alguma maneira a ficar reprovado” (1 Co 9.27). 


Portanto, recordamos que um dos aspectos da adoração é o culto devocional (Jo 4.23,24). Não se refere ao culto público que prestamos a Deus no templo, nem ao culto doméstico em família, mas aquele praticado de forma individual e constante (Sl 55.17). Inclui a oração, o louvor, o jejum e a leitura bíblica. Essa atividade fortalece a comunhão com Deus (Sl 119.11,15,24). O devocional é também uma oportunidade para o estudo sistemático/indutivo das Escrituras, que, por ação do Espírito Santo, abre o nosso entendimento (Jo 14.26). A intimidade com as Escrituras acontece, em primeiro lugar, com a leitura diária dos textos sagrados. Depois, pela leitura de bons comentários da Bíblia. Dicionários e tratados de teologia enriquecem o nosso conhecimento bíblico tal como a nossa Declaração de Fé, que expressa a ortodoxia pentecostal (Jd 1.3).   


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021. Págs. 245-249.


19 março 2022

COMO AS EPÍSTOLAS GERAIS NOS FORMAM Parte 3

Parte 3- As outras Epístolas Gerais. 

Neste grupo falaremos sobre as três epístolas restantes que são a Epístola aos Hebreus, a Epístola de Tiago e a Epístola de Judas. 


a. Epístola aos Hebreus. Esta Epístola não nos fornece informações sobre a sua autoria, destinatários ou data da redação. Os próprios pais da Igreja, que tiveram contato com os escritores do Novo Testamento, não chegaram a um consenso sobre isso. Clemente de Alexandria e Orígenes atribuíram a sua autoria ao apóstolo Paulo. Entretanto, Tertúlia, que viveu no século II atribuía a autoria a Barnabé. Agostinho, por sua vez, pensava inicialmente que Paulo fora o escritor de Hebreus. Depois, passou a defender que somente o Espírito Santo sabia. Já Lutero acreditava que foi Apolo. 

Os estudiosos acreditam que a Epístola aos Hebreus foi escrita aos judeus helenistas, convertidos ao Cristianismo. A data da redação seria entre 68 e 70 d.C., antes da destruição de Jerusalém, pois há referências ao templo como se ele ainda existisse. Há alguns que sugerem que Hebreus não seria uma epístola, pois não há menção ao remetente e destinatários e o texto não tem o formato de Epístola. Por isso há quem acredite que se trata de um tratado teológico e doutrinário. 

A Epístola aos Hebreus, maior parte do seu conteúdo, gira em torno de uma comparação entre Cristo e os elementos do Antigo Testamento. O objetivo desta comparação é estabelecer a superioridade de Cristo: Cristo é superior aos anjos, Melquisedeque, a Moisés, ao sacerdócio levítico, aos profetas, aos sacrifícios, etc. Logo no primeiro versículo, o autor inicia dizendo que Deus antigamente falou de muitas maneiras aos pais pelos profetas, mas neste últimos dias falou-nos pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo (Hb 1.1). 

Sendo Cristo mediador de uma Eterna Aliança, superior ao Antigo Pacto, a qual Ele selou com o Seu próprio sangue, o autor de Hebreus alerta os seus leitores sobre o perigo da apostasia e de profanar esta Nova Aliança, pois se Deus não poupou aqueles que pecaram na Antiga Aliança, o castigo será muito mais severo para os que pisarem o Filho de Deus e profanarem o Sangue da Aliança. "Horrenda coisa é cair nas mãos do Deus Vivo". (Hb 10.31).


b. Epístola de Tiago. A epístola de Tiago foi escrita por Tiago, o irmão do Senhor, por volta do ano 62 d.C. O autor identifica-se como “Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” (Tg 1.1). Tiago foi um importante líder da Igreja de Jerusalém (Atos 12.17; 15.13; 21.18). Os destinatários são identificados como “as doze tribos que andam dispersas”, uma referência aos judeus da diáspora. 

No primeiro capítulo, Tiago discorre sobre provações e tentações (1.2-18). Ele recomenda aos seus leitores que tenham alegria quando forem forem provados, pois a prova da fé produz a paciência. Entretanto, Tiago faz questão de estabelecer a diferença entre prova da fé e tentação. Ele esclarece que Deus prova a nossa fé, mas, não nos tenta. Cada um é tentado e atraído pela própria concupiscência (Tg 1.13). Ainda neste primeiro capítulo, Tiago diz aos seus leitores que se tiverem falta de sabedoria, peçam-na a Deus, pois Ele a concede liberalmente a todos (Tg 1.5-7). No final do primeiro capítulo, Tiago fala a respeito da prática da Palavra de Deus e a necessidade de ser praticante e não apenas ouvinte. (Tg 1.22-25). Por último, ele ensina sobre a necessidade de refrear a língua. (Tg 1.26,17). 

No capítulo 2, Tiago trata de um tema muito importante que é a acepção de pessoas (2.1-13). Ele fala sobre a situação de entrar alguém rico ou bem trajado e ser tratado com favoritismo pela Igreja, em detrimento dos pobres e maltrapilhos. Tiago diz que a acepção de pessoas é pecado (Tg 2.9). Na sequência, no capítulo 2, ele fala sobre o cumprimento da lei e a relação entre fé e obras. Tiago deixa claro que fé e obras precisam andar juntas, pois a fé sem as obras é morta (2.14-26). 

No capítulo 3, Tiago volta ao tema do domínio sobre a língua (3.1-12) e diz que aquele que domina a língua é perfeito e capaz de dominar o restante do corpo. Ele usa duas figuras para mostrar a importância de controlar a língua: o freio na boca dos cavalos, que é capaz de dominar um animal que tem muita força; e os lemes que controlam grandes embarcações. Na sequência, no capítulo 3, Tiago fala sobre dois tipos de sabedoria: a sabedoria que vem do alto e a sabedoria humana. Ele ensina que a sabedoria não se mede pelo conhecimento e sim pelas virtudes.  (3.13-18)

No capítulo 4, há advertência contra o mundanismo. Tiago fala sobre as guerras interiores que causam contendas, infidelidade espiritual, orgulho, calúnia. Ele esclarece que amizade com o mundo é inimizade contra Deus. Na continuação, faz várias exortações para que se chegue a Deus, sejam humildes, puros, não falem mal dos outros, não julguem, façam o bem e não prometam nada para o futuro, sem colocar Deus na frente (Tg 4.7-17). 

No capítulo 5, ele  faz advertência aos opressores ricos (5.1-6), que oprimem os trabalhadores, não lhes pagando o que é justo. Tiago alerta que eles clamam ao Senhor dos Exércitos e que, por isso, as suas riquezas estão apodrecidas. Ainda no capítulo 5 há diversas exortações sobre a paciência nos sofrimentos, os juramentos, a oração da fé e os que se desviam da verdade (5.19,20).


c. Epístola de Judas. O autor da Epístola de Judas se identifica como "Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago". (Jd 1.1). Estes dois nomes são, respectivamente, variações dos nomes Judá e Jacó e eram muito comuns nos tempos em que o Novo Testamento foi escrito. Entretanto, o mais aceito entre os exegetas é que seja Judas, irmão de Jesus, que era também irmão de Tiago. Não há informações sobre os destinatários. Judas escreve aos "chamados santificados em Deus Pai e conservados por Jesus Cristo". 

O tema do livro é a defesa da fé contra os falsos mestre, conforme está escrito no versículo 3: "Batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos". O assunto principal da Epístola é o alerta contra os falsos mestres que transformam a graça de Deus em libertinagem e negam a Deus, o único Dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo. 

Nesta perspectiva, Judas cita vários exemplos de pessoas que foram rebeldes e no passado e sofreram o Juízo de Deus: os anjos caídos, Sodoma e Gomorra, Caim, Coré e Balaão. Ele cita a profecia de Enoque contra os rebeldes da sua época e das palavras do Senhor Jesus e dos seus apóstolos, que predisseram a vinda de falsos mestres. Por último, Judas exorta os seus leitores a se edificarem mutuamente e se conservarem no amor de Deus. 


REFERÊNCIAS:

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

Bíblia de Estudo Apologética, Instituto Cristão de Pesquisas, 2000.

ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. Editora CPAD. pág. 442-443; 471-474; 508.

LIMA, Elinaldo Renovato de. LIÇÕES BÍBLICAS, 3º Trimestre 2001. Hebreus — “… os quais ministram em figura e sombra das coisas celestes”.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2001.


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Pb. Weliano Pires




COMO AS EPÍSTOLAS GERAIS NOS FORMAM - Parte 2


Parte 2: As Epístolas de João

O apóstolo João, filho de Zebedeu e irmão de Tiago, era conhecido como o discípulo a quem Jesus amava, por ser muito próximo do Senhor. Ele escreveu o Evangelho que leva o seu nome, três epístolas e o livro do Apocalipse. 

a. 1 João. A primeira Epístola de João foi escrita entre 85 e 95 d.C. Diferente de outras Epístolas, João não se identifica como remetente, não identifica os destinatários e não há saudações. João inicia a sua primeira Epístola testificando sobre o que viu e ouviu de Jesus, a Palavra da Vida. Neste primeiro capítulo, ele fala que Deus é luz e nEle não há trevas. João fala também da universalidade do pecado e que se confessarmos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar e nos purificar. 

No capítulo 2, o apóstolo fala de Jesus como o Advogado (Gr. Parakletos), que nos defende diante do Pai. Em seguida fala que aquele que diz que conhece a Deus, mas não guarda os seus mandamentos é mentiroso. João traz um alerta sobre aquele que odeia seu irmão. Este continua nas trevas. Em seguida, traz conselhos aos pais, aos filhos e aos jovens. Faz também um alerta sobre os últimos dias, dizendo que é já a última hora e muitos anticristos se manifestarão. João alerta que todo aquele que nega que Jesus é o Cristo é mentiroso e aquele que nega o Pai e o Filho é anticristo. 

No capítulo 3, João inicia falando sobre o grande amor de Deus que nos concedeu o direito de sermos chamados “filhos de Deus”. Entretanto, João esclarece que aquele que é nascido de Deus não vive na prática do pecado, pois quem vive no pecado é do diabo. Neste capítulo, João dá ênfase ao amor aos irmãos. Ele explica que sabemos que passamos da morte para a vida se amarmos uns aos outros. Quem não ama, disse ele, permanece na morte. 

No capítulo 4, o apóstolo recomenda aos seus leitores que não creiam em qualquer espírito, mas provem antes se o tal espírito provém de Deus. Ele oferece um critério importante para aquela época: todo espírito que nega a humanidade de Jesus não é de Deus. Era uma referência clara aos gnósticos que negavam que Jesus tivesse vindo como homem. Na sequência João fala novamente sobre o amor a Deus e aos irmãos, relacionando uma coisa à outra. Ou seja, quem não ama aos irmãos também não ama a Deus. 

Por fim, no capítulo 5, João continua falando do amor a Deus e o relaciona à fé em Cristo como Filho de Deus. O apóstolo nos mostra que não crer em Cristo não ama a Deus. Neste capítulo, o apóstolo faz uma referência à Santíssima Trindade, dizendo que três são os que testificam no Céu e os três são um: O Pai, a Palavra e o Espírito Santo. Ele fala também sobre a Vida Eterna que está em Jesus Cristo, o Filho de Deus. 

b. 2 João. A segunda epístola de João foi escrita por volta de 90 d.C. Contém apenas um capítulo com 13 versículos. No prefácio João se identifica com o Ancião (Gr. presbyteros) e identifica os destinatários como “a senhora eleita e seus filhos”. Alguns interpretam esta expressão como uma referência à Igreja. Entretanto o mais provável é que seja mesmo uma carta pessoal do apóstolo a uma mulher cristã e seus filhos, provavelmente uma viúva, cujos filhos João teve notícia de que andavam na verdade: “Muito me alegro por achar que alguns de teus filhos andam na verdade, assim como temos recebido o mandamento do Pai.” (2 Jo 1.4). 

Os temas principais da Epístola são a exortação à prática do amor fraternal e a advertência contra os falsos mestres. Como fizera na primeira epístola, João associa à obediência aos mandamentos do Senhor. O apóstolo alerta também a respeito das heresias dos gnósticos que negavam a humanidade de Jesus. Alerta também para não nos associarmos com pessoas que não trazem a Sã doutrina, nem os receber em casa pois, quem os recebe se faz participante das suas más obras. 

c. 3 João. A terceira Epístola de João é uma carta pessoal do apóstolo a um cristão chamado “o amado Gaio”, do qual não temos informações precisas, pois este era um nome comum naquela época. O Novo Testamento menciona pelo menos três pessoas com este nome, sendo um em Corinto (Rm 16.23); outro na Macedônia (At 16.29); e outro em Derbe (At 20.4). Não temos como associar o Gaio de 3 João com algum destes. Pelo contexto da epístola podemos deduzir que se tratava de um líder da Igreja. 

Nos primeiros versículos, o apóstolo faz vários elogios a Gaio, com base nos testemunhos que ouviu da sua fidelidade. Na sequência, João queixa-se de Diótrefes, que busca ter a primazia nas Igrejas e não recebe o apóstolo e espalha palavras maliciosas contra ele nas Igrejas. Por último, João elogia a postura de Demétrio, que também tinha bom testemunho das Igrejas. 


REFERÊNCIAS:

BATISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

LOPES, Hernandes Dias. 1, 2, 3 JOÃO Como ter garantia da salvação. Editora Hagnos. pág. 7-9.

STOTT, John R. W. AS EPÍSTOLAS DE JOÃO Introdução e comentário. Editora Cultura Cristã. pág. 44-48.


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Pb. Weliano Pires


18 março 2022

COMO AS EPÍSTOLAS GERAIS NOS FORMAM - Parte 1


Parte 1 - As duas Epístolas de Pedro

Depois de estudar as Epístolas Paulinas, neste tópico veremos as Epístolas Gerais, cujas instruções devem para a formação do caráter cristão. Neste grupo estão as duas Epístolas de Pedro, as três Epístolas de João, a Epístola de Tiago, a Epístola aos Hebreus e a Epístola de Judas. Estas Epístolas não foram destinadas a uma única Igreja ou pessoa em particular. Foram escritas como instruções apostólicas para várias Igrejas. Destas, apenas a Epístola aos Hebreus é de autoria desconhecida. 


a. 1 Pedro. A primeira Epístola do apóstolo Pedro foi escrita entre 60 e 63 d.C. O autor se identifica como Pedro, apóstolo de Jesus Cristo. Em seguida identifica os destinatários, que são os cristãos estrangeiros de cinco províncias romanas da Ásia Menor: Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia. Os destinatários eram formados por judeus convertidos ao Cristianismo e por cristãos de origem gentílica. 

Logo após a saudação inicial, Pedro chama os seus destinatários de "eleitos segundo a presciência de Deus Pai". Isto significa que Deus conhece de antemão todos aqueles a quem Ele chama. Em seguida o apóstolo faz uma longa explanação sobre o novo nascimento e a santificação. Ele explica que o preço da nossa redenção não foram coisas corruptíveis, mas foi o precioso sangue imaculado de Cristo. 

No capítulo 2, Pedro alerta os irmãos a deixarem todo o engano, malícia, fingimento, inveja e murmurações e crescerem espiritualmente. Pedro fala de Cristo como a Pedra Viva, rejeitada pelos homens, mas aprovada por Deus, e recomenda que os crentes como pedras vivas sejam edificados sobre Ele, a Pedra angular. O apóstolo os chama de geração eleita, sacerdócio real e nação santa, e os recomenda a viverem uma vida honesta e irrepreensível diante dos gentios e das autoridades. 

No capítulo 3, Pedro recomenda às mulheres a submissão aos maridos, inclusive os que não servem a Deus, para que possam ganhá-los sem palavras, apenas com o seu procedimento. Fala também dos adornos que não devem ser exteriores, mas no coração. Em seguida, o apóstolo orienta os maridos a coabitarem com as suas esposas com entendimento, dando-lhes honras para que as suas orações não sejam impedidas. Ainda neste capítulo, ele recomenda aos cristãos que não retribuam o mal com o mal e que se forem perseguidos por sua fé, isso é motivo para se alegrarem. 

Na sequência, no capítulo 4, Pedro recomenda aos seus leitores que não andem mais nos pecados dos gentios que eles andaram no passado. Em seguida, alerta-os de que o fim de todas as coisas está próximo e, portanto, os cristãos devem amar uns aos outros, ser hospitaleiros e administrar aos outros, os dons que receberam como bons despenseiros da multiforme Graça de Deus.  O apóstolo alerta ainda para que os cristãos estejam preparados para as perseguições que viriam e que ninguém padeça como malfeitor e sim, por causa da sua fé. 

No capítulo 5, o apóstolo traz várias orientações aos presbíteros e se apresenta como um deles. A recomendação é para que pastoreiem o rebanho de Deus, não como dominadores, mas sendo exemplos para os seus liderados. Se fizerem assim, quando aparecer o Sumo pastor, serão recompensados. 

O apóstolo recomenda também aos jovens que sejam submissos aos anciãos. Por último, o apóstolo esclarece que Silvano (Silas) foi o redator da Epístola sob a sua supervisão. Em seguida, envia saudações e se despede.

b. 2 Pedro. Considerando que o imperador Nero, que empreendeu grande perseguição aos cristãos e foi o executor do apóstolo Pedro, morreu em 68 d.C, a maioria dos estudiosos colocam a data de 2 Pedro entre 65-67 d.C. Na saudação inicial desta segunda epístola, o apóstolo identifica-se como “Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo” (2 Pe 1.1). Pedro não identifica os destinatários da segunda carta, entretanto, no capítulo 3 ele diz: "escrevo-vos esta segunda carta”. Isto indica que os destinatários seriam os mesmos que receberam a primeira.

Pedro inicia esta segunda Epístola recomendando aos seus leitores que, já que Deus nos deu tudo, em relação à vida e à piedade e nos fez grandiosas promessas, eles devem acrescentar várias virtudes àquelas que eles já possuem, ou seja, crescer espiritualmente. No final do primeiro capítulo, o apóstolo faz menção às Escrituras do Antigo Testamento e diz que elas não foram produzidas por vontade de homem algum, mas os homens santos falaram inspirados pelo Espírito Santo (2 Pe 1.19-21). 

O apóstolo dedica o capítulo dois para alertar os seus leitores acerca dos falsos mestres que iriam surgir entre eles. Pedro usa como exemplo os falsos profetas de Israel e diz que da mesma forma, surgiriam falsos mestres dentro da Igreja. Pedro cita algumas características dos falsos mestres, para possibilitar a identificação deles, quando surgirem: serão dissimulados, negarão o Senhor que os resgatou, serão avarentos e, com palavras fingidas, farão da Igreja um negócio. Pedro diz que a sentença deles não tardará e cita vários exemplos de rebeldia que foram condenados por Deus no passado: Os anjos que pecaram, os ímpios dos dias de Noé, Sodoma e Gomorra e os que seguiram o caminho de Balaão. 

No terceiro capítulo, o apóstolo faz um alerta sobre os escarnecedores que surgiriam para desdenhar da promessa da vinda do Senhor. Pedro diz que eles questionariam o fato de que desde que os pais morreram, as coisas permanecem como estão. O apóstolo esclarece que a vinda do Senhor não está demorando. É que Deus é longânimo e não quer que alguns se percam. Além disso, um dia para o Senhor é como mil anos e vice versa. Pedro recomenda os seus leitores a se prepararem para a Vinda do Senhor, procurando ser achados imaculados e irrepreensíveis em paz. Em seguida fala sobre a longanimidade de Deus, citando as Epístolas Paulinas, onde segundo ele há pontos difíceis de entender, que alguns distorcem para a sua própria condenação. Aqui, Pedro equipara os escritos de Paulo às demais Escrituras (2 Pe 3.16).  Por fim, recomenda que os cristãos cresçam na graça e conhecimento do Senhor. 


REFERÊNCIAS: 


BATISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

HORTON, Stanley M. Serie Comentário Bíblico I e II Pedro. A razão da nossa fé. Editora CPAD. pág. 47-50; 91-95.

LOPES, Hernandes Dias. 2 Pedro e Judas. Quando os falsos profetas atacam a Igreja. Editora Hagnos. pág. 18-19.

NASCIMENTO, Valmir. A Razão da Nossa Esperança: Alegria, Crescimento e Firmeza nas Cartas de Pedro. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.


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Pb. Weliano Pires


17 março 2022

COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM - Parte 4


Parte 4 - Instruções pastorais e pessoais. 


Neste quarto bloco das Epístolas Paulinas, falaremos das Epístolas pastorais, que são as 1 e 2 Epístolas a Timóteo e a Epístola a Tito, que são epístolas do apóstolo Paulo a dois jovens pastores, companheiros de missão do apóstolo. Nestas epístolas, o apóstolo orienta os seus filhos na fé sobre o ministério pastoral, com instruções de combate aos falsos ensinos (1 Tm 1.3,9,10; (Tt 1.5,10,11); requisitos para a ordenação de bispos, presbíteros e diáconos  (1 Tm 3; Tt 1.5-16); e sobre a conduta pessoal deles próprios como obreiros (1 Tm 4.6-16). 

Estudaremos também a Epístola a Filemon, que é uma carta pessoal do apóstolo Paulo ao seu cooperador e amigo Filemon, que pertencia à Igreja de Colossos. Paulo escreveu-lhe esta carta para interceder pelo escravo fugitivo de Filemom, Onésimo, que se converteu na prisão. 


a. 1 Timóteo. A primeira Epístola a Timóteo foi escrita por volta do ano 62 d.C., pelo apóstolo Paulo, que se identifica no prefácio, como "Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, segundo o mandado de Deus, nosso Salvador e do Senhor Jesus Cristo, esperança nossa" (1 Tm 1.1). A Epístola é endereçada a Timóteo, a quem Paulo chama de "meu verdadeiro filho na fé". (1 Tm 1.2).

O primeiro assunto tratado são as falsas doutrinas.  Paulo relembra a Timóteo que o deixou em Éfeso, para que ele advertisse a alguns para que não ensinassem "outra doutrina". O apóstolo cita as questões das fábulas judaicas e genealogias intermináveis, que só produzem contendas. 

Na seção seguinte, o apóstolo glorifica a Deus, por tê-lo escolhido para o ministério, apesar dele ter sido blasfemo e perseguidor, antes de ter um encontro com o Senhor, no caminho de Damasco. Paulo diz que alcançou misericórdia, porque fizera isso por ignorância. 

No capítulo 2, o apóstolo recomenda ao jovem pastor, que se levante orações, súplicas, intercessões e ações de graças, por todos os homens, principalmente pelas autoridades, para que tenham uma vida quieta e sossegada.  Neste texto, o apóstolo lembra que Deus quer que todos os homens sejam salvos e que há um mediador entre Deus e a humanidade: Jesus Cristo, homem. 

Na sequência, Paulo traz recomendações sobre os deveres das mulheres. Ele começa falando sobre as vestes das mulheres, que devem ser um traje honesto, com pudor e modéstia. Em seguida, ensina que as mulheres devem ser submissas aos seus maridos e não devem exercer liderança sobre eles na Igreja. 

No capítulo 3, Paulo fala sobre os requisitos e deveres para os bispos, diáconos e as esposas. O apóstolo traz várias exigências sobre a conduta pessoal, familiar, social e cristã dos candidatos ao episcopado. Devem ser irrepreensíveis, moderados, governar bem a sua casa, experientes e aptos para ensinar a Palavra de Deus. Os diáconos devem ser honestos, discretos, não cobiçosos, de consciência pura, bons governantes das suas casas, irrepreensíveis e monogâmicos. As esposas dos obreiros também devem ser honestas, não maldizentes, moderadas e fiéis. 

No capítulo 4, o apóstolo alerta sobre a apostasia generalizada dos últimos dias. Ele profetiza que muitos se apostatarão da fé e darão ouvidos a espíritos enganadores e doutrinas demoníacas. O apóstolo alerta que estas pessoas serão hipócritas, mentirosas, de consciência cauterizada e ensinarão falsas doutrinas. 

No capítulo 5, Paulo traz recomendações de como Timóteo deveria tratar vários tipos de pessoas na Igreja: os anciãos, as mulheres idosas, os rapazes, as moças e as viúvas. No mesmo capítulo, o apóstolo fala sobre os presbíteros e como Timóteo deve tratá-los: os que presidem devem ser assalariados pela Igreja; as denúncias contra eles só devem ser aceitas se houver duas ou três testemunhas; os que pecarem devem ser repreendidos publicamente; e deve haver cautela na ordenação de presbíteros. 

Por fim, no capítulo 6, o apóstolo fala sobre as relações entre servos e senhores. Depois fala novamente sobre os falsos mestres, alertando contra a avareza e o amor ao dinheiro, que é a raiz de todos os males. Paulo alerta a Timóteo para que fuja destas coisas e siga as boas virtudes. Nos versículos finais da Epístola, Paulo deixa algumas recomendações aos ricos, para que façam o bem e sejam generosos. 

b. 2 Timóteo. A segunda Epístola de Paulo a Timóteo foi escrita entre 62 e 67 d.C. Além de ser considerada uma Epístola pastoral, é considerada também uma das Epístolas da prisão, pois o apóstolo a escreveu durante a sua última prisão pouco antes da sua execução em Roma, durante o governo do imperador Nero. 

Esta epístola traz as últimas palavras do apóstolo Paulo e é uma espécie de despedida. A saudação é igual à da primeira epístola. Na sequência do prefácio, Paulo agradece a Deus pela fé não fingida de Timóteo, que ele aprenderá da sua mãe Eunice e da sua avó, Lóide. 

Em seguida, no capítulo 2, ele exorta o seu filho na fé, para que persevere e fortifique-se na Graça que há em Cristo Jesus. Paulo recomenda a Timóteo que confie o ministério a homens fiéis, que sejam capazes de ensiná-lo a outras pessoas. Ele usa as figuras do soldado, do lavrador, para exortá-lo à perseverança. O apóstolo exorta a Timóteo para que se apresente a Deus como obreiro aprovado e alerta contra os falatórios dos maus obreiros, que se desviaram da verdade.

Nos capítulos 3 e 4, assim como fizera na primeira Epístola, Paulo alerta a Timóteo sobre a apostasia e a corrupção dos últimos dias. Segundo Paulo, nos últimos dias surgirão pessoas egoístas, ingratas, profanas, cruéis, sem afeto natural e com aparência de piedade. A recomendação a Timóteo é que se afaste desse tipo de gente e permaneça naquilo que aprendeu de Paulo. 

Ainda no capítulo 4 temos as palavras finais, emocionantes, do apóstolo Paulo, em tom de despedida: "Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé."  (2 Tm 4.7). O apóstolo sabe que o seu fim está próximo, mas segue firme com a convicção do dever cumprido. O apóstolo recomenda Timóteo que venha ter com ele depressa. Fala sobre alguns companheiros de ministério que o abandonaram, mas o Senhor o sustentou. Por fim, envia saudações e se despede.  

c. Tito. A Epístola a Tito foi escrita, provavelmente, entre a primeira e a segunda epístola a Timóteo, entre os anos 63 e 66 d.C. Paulo havia deixado Tito na Ilha de Creta, como supervisor das Igrejas ali estabelecidas. 

No prefácio, o apóstolo se identifica como Paulo, servo e apóstolo de Jesus Cristo. Em seguida, identifica o destinatário, Tito, seu verdadeiro filho segundo a fé. Paulo relembra a Tito, a razão de tê-lo deixado em Creta, que era colocar as coisas em ordem. Para isso, Tito deveria estabelecer presbíteros em cada cidade. O apóstolo coloca para Tito os critérios e as qualificações para a escolha desses presbíteros, que são praticamente os mesmos que falou para Timóteo. 

No capítulo 2, Paulo traz exortações para os velhos, mulheres idosas e novas e aos jovens. Em seguida recomenda que Tito seja o exemplo, nas boas obras, na linguagem e na doutrina. Ainda no capítulo 2, o apóstolo fala sobre a Graça de Deus, que se manifestou e trouxe salvação a todos. 

No capítulo 3, o apóstolo traz várias exortações a Tito: Sujeição às autoridades; ser bom cidadão, cumpridor dos seus deveres; não entrar em questões loucas e evitar os hereges, após a repreensão. Por último, envia saudações dos irmãos que estão com ele e se despede. 

d. Filemom. A Epístola a Filemom é uma carta pessoal do apóstolo Paulo, escrita por volta de 62 d.C. Filemom era um rico cooperador da Igreja de Colossos. A Igreja se reunia em sua casa. Filemom tinha um escravo, chamado Onésimo, que fugiu e provavelmente deve ter furtado alguma coisa do seu senhor. Paulo o encontrou na prisão em Roma e ele se converteu ao Evangelho. 

A Epístola a Filemom tem apenas um capítulo com 25 versículos. Inicia com a saudação do apóstolo Paulo ao seu cooperador Filemom, a Áfia e Arquipo, que provavelmente eram a família de Filemom, e à Igreja que se reunia em sua casa. 

Paulo faz uma série de elogios à Filemom e à sua conduta cristã. Em seguida faz a sua intercessão por Onésimo. Paulo explica que no passado, Onésimo causara males a Filemom, mas agora, ele seria útil, pois era uma nova criatura. O apóstolo se propõe a pagar qualquer prejuízo que Onésimo tenha causado e pede que o amigo o receba de volta e o perdoe. 

Por último, envia as saudações dos seus companheiros e se despede com a benção costumeira: "A Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja contigo. Amém."


REFERÊNCIAS:


BATISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

Bíblia de Estudo Plenitude. 1 Ed. 2001. Sociedade Bíblica do Brasil.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 418.

ZUCK, Roy B. Teologia do Novo Testamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2008 pag. 282-283.



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Pb. Weliano Pires




COMO AS EPÍSTOLAS PAULINAS NOS INSTRUEM - Parte 3


Parte 3 - Instruções sobre as últimas coisas. 

Neste grupo estudaremos sobre as Epístolas Paulinas, que trazem instruções a respeito da vinda de Jesus, a Grande Tribulação, o Dia do Senhor, a manifestação do Anticristo, o Milênio e a eternidade. Esta matéria teológica é chamada de Escatologia. Vem de “Eschatos” (último) e “Logos” (Estudo, Doutrina). As duas Epístolas aos Tessalonicenses nos alertam a respeito da necessidade de estarmos preparados para a vinda do Senhor.


a. 1 Tessalonicenses. A primeira Epístola aos Tessalonicenses foi escrita por Paulo, de Corinto, entre 50 e 51.d.C. A carta foi escrita em um tom de alívio e gratidão do apóstolo, depois de receber as boas notícias da Igreja de Tessalônica, que Timóteo e Silas lhe trouxeram. Na saudação, o apóstolo identifica os remetentes: Paulo, Silvano e Timóteo. Em seguida, expressa a saudação de praxe, Graça e Paz da parte de Deus e do Senhor Jesus Cristo (1 Ts 1.1).

Na sequência, Paulo agradece a Deus pelos tessalonicenses, fazendo menção da fé, esperança e amor que havia neles (1 Ts 1.3). Paulo relembra-os de como iniciou o seu ministério em Tessalônica. Assim como falou aos Coríntios, o apóstolo relembra que o Evangelho pregado por ele em Tessalônica não consistiu apenas em palavras, mas em demonstração do poder do Espírito Santo (1 Ts 1.5).

No capítulo 2, o apóstolo faz um breve relato, de como foi a sua chegada a Tessalônica. A Igreja de Tessalônica nasceu em meio a intensa perseguição dos judeus. Paulo chegou a Tessalônica, na sua segunda viagem missionária, depois de ter passado por Filipos. Na ocasião, Paulo e Silas foram açoitados publicamente em Filipos e presos. À meia noite, enquanto eles oravam e cantavam, veio um terremoto e quebrou as cadeias de bronze que os prendiam. O carcereiro quando viu aquilo, quis se matar. Paulo gritou para que ele não fizesse aquilo, pois os presos não haviam escapado. Todo trêmulo, o carcereiro e todos da sua casa se converteram (At 16.19-40). 

Partindo de Filipos, Paulo passou por Anfípolis e Apolônia e chegou a Tessalônica. Como de costume, disputava com os judeus na Sinagoga e, por três sábados seguidos, lhes anunciou a Cristo. Muitos creram, mas alguns judeus movidos de inveja, provocaram tumulto, assaltaram a casa de Jason e Paulo e Silas fugiram para Beréia, onde continuaram pregando o Evangelho (At 17.1-14). 

No final do capítulo 2 e no capítulo 3, o apóstolo manifesta  seu desejo de retornar a Tessalônica. Ele explica que planejaram ir duas vezes, pelo menos ele e Timóteo, mas Satanás os impediu. Diante disso, enviaram apenas Timóteo, para exortá-los e confortá-los na fé. Com o retorno de Timóteo, trazendo boas notícias acerca da fé e perseverança dos tessalonicenses, o apóstolo se alegrou e ficou mais tranquilo. 

Em seguida, no capítulo 4, Paulo inicia exortando os irmãos à santidade, ao amor fraternal e ao trabalho. O apóstolo os exorta a permanecer no Evangelho, da forma em que devem andar, como receberam dele, para agradar a Deus, pois a Vontade do Senhor é que sejam santos e abstenham-se da prostiuição. Neste sentido, Paulo os alerta a viverem em santificação e honra, não enganando uns aos outros e trabalhando honestamente. 

Nos versículos finais do capítulo 4 versículos 13 a 18, o apóstolo traz esclarecimentos sobre a ressurreição dos que morreram em Cristo e sobre o arrebatamento da Igreja. Paulo explica que na ocasião do arrebatamento da igreja, o Senhor descerá do Céu com alarido, voz de arcanjo e a trombeta de Deus. Os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro e os que estiverem vivos serão transformados e subirão a encontrar o Senhor nos ares, para estarem para sempre com Ele. 

No capítulo 5, no capítulo 5 Paulo inicia com a conjunção adversativa "mas", indicando uma continuidade do assunto anterior. Paulo diz que "não há necessidade de escrever-lhes sobre os tempos e as estações". Ele não quis dizer que isso não seria importante, mas, que não lhe foi revelado quando estas coisas aconteceriam. As palavras "tempos" e "estações",  usadas por Paulo neste texto, também foram usadas por Jesus nas últimas instruções aos discípulos. No grego, estas palavras são, respectivamente, "chronos" e "kairós". Chronos significa a extensão do tempo e Kairós significa a qualidade do tempo ou oportunidades.


Na continuidade do capítulo 5, podemos perceber que Paulo se refere não mais ao arrebatamento da Igreja e sim à Grande Tribulação. O apóstolo fala sobre o “Dia do Senhor”, que virá com o ladrão de noite e trará repentina destruição. No Antigo Testamento, a expressão “o Dia do Senhor” é usada para se referir a qualquer período em que Deus intervém para julgar a terra (Is 13.9- 11; J1 2.28-32; Sf 1.14-18; 3.14,15). No capítulo 2 da segunda epístola aos Tessalonicenses, o apóstolo explica que o “Dia de Cristo” não acontecerá, antes da apostasia generalizada e manifestação do Anticristo. O apóstolo esclarece que a Igreja não passará pela Grande Tribulação: “Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo.” 1 Ts 5.9).

O apóstolo conclui a epístola com várias recomendações finais: não retribuir mal com mal, manter a alegria, oração constante, manter a chama do Espírito, não desprezar as profecias, examinar tudo e manter apenas o que é bom, abster-se da aparência do mal e conservar a santificação plena. Em seguida, pede orações e se despede com a bênção de costume. 


b. 2 Tessalonicenses. A segunda Epístola aos Tessalonicenses foi escrita logo após a primeira, por volta de 51 d.C. Devido ao ensino de Paulo na primeira epístola sobre a Vinda do Senhor, muitos entenderam errado e achavam que Cristo já havia voltado (2 Ts 2.1,2). Outros achavam que Jesus poderia voltar a qualquer momento e não queriam sequer trabalhar para o próprio sustento (1 Ts 3.11). Paulo esclareceu que o Dia de Cristo não acontecerá antes da manifestação do Anticristo. Conforme vimos acima, o Dia do Senhor não é o arrebatamento da Igreja e sim, a Grande Tribulação que terá início após a saída da Igreja da terra (Is 13.6-9; 1 Ts 5.2,3). 

O apóstolo inicia a segunda epístola nos mesmos moldes da primeira, identificando os remetentes: Paulo, Silvano e Timóteo. Em seguida identifica os destinatários, os tessalonicenses, e em seguida, a saudação de praxe, Graça e Paz da parte de Deus e do Senhor Jesus Cristo. Novamente, ele dá graças a Deus pelo progresso e constância dos tessalonicenses na fé e no amor, diante das perseguições e aflições. 

No capítulo 2, o apóstolo esclarece as dúvidas a respeito da vinda do Senhor. Paulo pede que os irmãos não se movam facilmente entendimento seja por espírito, palavra, ou por epístolas, como se “o Dia de Cristo” já estivesse perto. Isso nos leva a crer que talvez alguns se tenham deixado enganar por profecias, ou por epístolas apócrifas sobre a iminência da vinda do Senhor. 

O apóstolo explica que o Dia de Cristo não virá antes da manifestação do “homem do pecado” ou “filho da perdição”. Na sequência, o apóstolo traz algumas características deste homem: Se levantará contra tudo o que se chama Deus; e se assentará no templo, como se fosse Deus e querendo parecer Deus; a sua vinda será com a eficácia de Satanás; e fará grandes sinais e prodígios de mentira.

Entretanto, o apóstolo esclarece que há um que o detém e impede a sua manifestação. Somente após a retirada deste que o detém é que o iníquo se manifestará. Este iníquo é o Anticristo que governará o mundo após o arrebatamento da Igreja, junto com o falso profeta. O que o agora o detém é o Espírito Santo que age neste mundo através da Igreja. Quando a Igreja for retirada da terra, o Anticristo se manifestará e haverá a Grande Tribulação. 

No terceiro e último capítulo, o apóstolo traz várias exortações aos tessalonicenses Inicialmente, ele pede as orações dos irmãos, para que haja liberdade na pregação do Evangelho e o nome do Senhor seja glorificado. Em seguida, recomenda aos irmãos que se afastem daqueles que andam desordenadamente, que são aqueles que não querem trabalhar e querem viver às custas dos irmãos. O apóstolo conclui com a sua própria saudação, indicando um sinal que o identifica em todas as suas epístolas. Por último, transmite a bênção à Igreja: A Graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos.



REFERÊNCIAS: 


BATISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

Bíblia de Estudo Plenitude. Barueri, Sociedade Bíblica do Brasil. 1 edição: 2001.

Biblioteca Bíblica / Introdução bíblica / 1 Tessalonicenses. Acesso em 17/03/2022.

Biblioteca Bíblica / Introdução bíblica / 2 Tessalonicenses. Acesso em 17/03/2022.

LOPES, Hernandes Dias. 1 e 2 Tessalonicenses. Como se preparar para a segunda vinda de Cristo. Editora Hagnos. pág. 42-44.


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