(Comentário do 2º tópico da Lição 11: Lucas – Atos: o modelo pentecostal para hoje)
Neste segundo tópico, destacaremos a ação do Espírito Santo, relatada por Lucas no Livro de Atos dos Apóstolos. O livro inicia com as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos, após a ressurreição e antes da sua ascensão aos Céus. Entre estas palavras do Mestre, está a promessa da descida do Espírito Santo "não muito depois daqueles dias". (At 1.5,8).
Depois, temos o cumprimento dessa promessa, no dia de Pentecostes, quando os discípulos estavam reunidos em oração. De repente, veio do Céu, um som como de um vento forte e impetuoso e encheu o cenáculo. Todos foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas e profetizaram, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (At 2.1-4).
O livro de Atos prossegue falando sobre a ação do Espírito Santo na expansão da Igreja. O Espírito Santo concedeu-lhes ousadia para proclamar o Evangelho diante das autoridades judaicas, em meio à perseguição e oposição ferrenha. Também lhes concedeu poder para operar sinais e maravilhas e dirigiu a obra missionária.
1- O Espírito Santo em Atos. Alguns sugerem que o Livro de Atos dos Apóstolos deveria se chamar "Atos do Espírito Santo", pois, os atos que vemos neste livro são, na verdade, do Espírito Santo e não dos Apóstolos. O Livro de Atos, conforme falamos no tópico anterior, é o segundo volume de duas obras escritas por Lucas, sendo a continuidade da primeira. O Evangelho segundo Lucas termina com a recomendação de Jesus aos discípulos, para que não se ausentassem de Jerusalém, antes de serem revestidos do poder do Espírito Santo (Lc 24.49).
Em várias ocasiões no Livro de Atos vemos a ação do Espírito Santo, através dos apóstolos. No mesmo dia de Pentecostes, após a descida do Espírito Santo, a multidão ficou confusa sobre o que teria acontecido. Pedro, cheio do Espírito Santo, levantou-se e fez um eloquente discurso, com a ousadia concedida pelo Espírito Santo, que tocou fortemente o coração dos ouvintes. Ele não precisou fazer nenhum apelo e uma multidão, comovida com aquela poderosa mensagem, veio à frente perguntar-lhe o que deveriam fazer. Pedro respondeu:
- Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. (At 2.38).
O resultado foi fantástico! Quase três mil almas se converteram. Somente o Espírito Santo pode fazer isso. Argumentos humanos e discursos vazios não são capazes de levar uma multidão a se converter a Cristo.
2 - A promessa cumprida no Pentecostes. A promessa da descida do Espírito Santo estava em várias profecias do Antigo Testamento (Is 44.3; Ez 39.29; Jl 2.28). Jesus também prometeu mais de uma vez aos discípulos, que após a sua ascensão aos Céus, não os deixaria órfãos, mas enviaria o Espírito Santo para que ficasse para sempre com eles (Lc 24.49; Jo 14.16; At 1.4,5).
Após a ascensão de Jesus, os discípulos permaneceram por dez dias esperando a promessa se cumprir. Dos mais de 500 irmãos que viram Jesus ressuscitado, restavam apenas 120 em oração no cenáculo. Quando chegou o dia de Pentecostes, uma festa judaica que era comemorada 50 dias após a Páscoa, os discípulos estavam reunidos no mesmo lugar. Veio do Céu, de repente, um som como de um vento forte e impetuoso e encheu toda a casa. Foram vistas línguas como de fogo, sendo distribuídas e pousando sobre cada um deles. Todos foram cheios do Espírito Santo e começaram a falar das maravilhas de Deus em outras línguas desconhecidas para eles, porém conhecidas de muitas pessoas que estavam em Jerusalém na festa.
Uma multidão confusa cercou o local, sem entender o que estava acontecendo, pois cada um ouvia falar em sua própria língua e sabiam que todos aqueles homens eram galileus e desconheciam outros idiomas. Depois de muitos questionamentos e discussões, alguns insinuaram que os discípulos estavam bêbados. Foi aí que Pedro levantou-se e explicou que aquilo era o cumprimenta profecia de Joel, que dizia:
“E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas, naqueles dias, derramarei o meu Espírito.” (Jl 2.28,29),
Três sinais marcaram este evento da descida do Espírito Santo no Pentecostes: o som como de um vento, línguas como de fogo pousando na cabeça deles e o falar em outras línguas. Somente o falar em línguas se repetiu nos outros registros em que pessoas foram batizadas no Espírito Santo, como na casa de Cornélio (At 10.44,45) e em Éfeso (At 19.1-6). Isso nos leva a crer que as línguas eram o sinal visível de que a pessoa recebeu o batismo no Espírito Santo, como veremos no próximo tópico.
3- A expansão da Igreja Primitiva. Depois do Pentecostes, com a conversão de três mil almas, Pedro e João subiam juntos ao templo para a oração. Na entrada, um coxo lhes pediu esmolas. Os apóstolos disseram:
- Não temos prata nem ouro. Mas, o que temos te oferecemos: Em nome de Jesus Cristo, levanta-te e anda.
Imediatamente, o homem andou, saltou e louvou a Deus, perante o povo. Atônitos, todos ficaram olhando para Pedro e João, sem entender o que havia acontecido. Novamente, Pedro fez um discurso eloquente e ousado, anunciando a Jesus, mostrando pelas Escrituras que Ele era o Messias prometido a Israel. Muitas pessoas creram e o número de convertidos chegou a quase cinco mil pessoas.
Este milagre provocou um alvoroço na cidade, porque os sacerdotes, o capitão do templo e saduceus se doeram, porque os apóstolos ensinavam ao povo sobre Jesus e a ressurreição. As autoridades religiosas resolveram prendê-los, para interrogá-los no dia seguinte acerca do ocorrido.
Diante dos sacerdotes e autoridades do templo, Pedro discursou novamente, reafirmando que Jesus é o Messias e que em nome dele, o coxo fora curado. Sem saber o que fazer, pois, o milagre era incontestável diante da multidão, resolveram soltar os apóstolos, alertando-os de que não mais falassem, nem ensinassem em nome de Jesus. Com autoridade do Espírito Santo, Pedro respondeu que para eles era mais importante obedecer a Deus do que aos homens, pois não poderiam deixar de falar daquilo que viram e ouviram.
No capítulo 5 temos o episódio envolvendo Ananias e sua esposa Safira, que mentiram aos apóstolos, escondendo parte do valor da venda de uma propriedade, para parecer que estavam entregando todo o dinheiro, quando na verdade era só uma parte. O Espírito Santo revelou tudo a Pedro e a farsa foi desmontada. Ambos foram mortos, um após o outro. Este acontecimento trouxe grande temor a todos.
Depois disto, no capítulo 6 de Atos, temos a instituição dos diáconos. Com o crescimento rápido e intenso do número de convertidos, a assistência social às viúvas estava deixando a desejar e houve murmuração por parte dos cristãos de fala grega. Os apóstolos, então, resolveram escolher sete homens para cuidar desta área. Um dos requisitos era que o candidato fosse cheio do Espírito Santo.
Dois dos diáconos escolhidos, Estêvão e Filipe, se destacaram na evangelização e foram usados pelo Espírito Santo em sinais e prodígios entre o povo. Estêvão pregou ousadamente em Jerusalém e foi apedrejado até à morte. Depois da morte de Estêvão, grande perseguição se levantou e os discípulos tiveram que sair de Jerusalém. Filipe foi a Samaria e foi usado pelo Espírito Santo para pregar o Evangelho e realizar milagres. Uma multidão se converteu. Até um mágico antigo que havia na cidade se converteu.
No capítulo 9, temos a conversão de Saulo, em um encontro pessoal com o Senhor Jesus, no caminho de Damasco. Nos capítulo 11 temos a conversão de Cornélio. O Espírito Santo concedeu visões a Pedro para que ele se desvencilhasse do preconceito contra os gentios. Na casa de Cornélio, enquanto Pedro pregava, o Espírito Santo desceu e as pessoas foram batizadas no Espírito Santo.
No capítulo 12, Lucas relata a perseguição de Herodes à Igreja, mandando matar Tiago e prender Pedro. A Igreja fez contínua oração e Pedro foi milagrosamente liberto da prisão. Quando Herodes procurou Pedro e não o achou, mandou executar os guardas. Na mesma noite, Herodes sentiu-se um deus e morreu comido de bichos.
A partir do capítulo 13 todo o protagonismo passa a ser do apóstolo Paulo, conduzido pelo Espírito Santo, é claro. Inicialmente, Saulo foi chamado por Barnabé para ensinar a Palavra de Deus aos novos crentes em Antioquia. Em uma reunião de oração e jejum, o Espírito Santo falou àquela Igreja que separassem Barnabé e Saulo para a obra missionária. A partir daí, eles navegaram pelo mundo, sob a direção do Espírito Santo, levando o Evangelho aos gentios e plantando Igrejas.
Conforme vimos no trimestre passado, o apóstolo Paulo foi o personagem mais importante do Cristianismo, depois de Jesus. Ele foi um missionário incansável, sedento por almas. Foi também o grande doutrinador da Igreja cristã, escrevendo treze epístolas. Paulo era um homem de uma profunda comunhão com o Espírito Santo, que viu coisas inefáveis, que segundo ele disse, "não seria lícito falar aos homens".
REFERÊNCIAS:
BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.
HORTON, Stanley M. O que a Bíblia diz Sobre o ESPÍRITO SANTO. Editora CPAD.
LOPES, Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. págs. 19-21; 50-55.
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Pb. Weliano Pires