04 outubro 2024

UM CONVITE DE DEUS

(Comentário do primeiro tópico da Lição 01: As promessas de Deus).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, tomando como base o capítulo 55 do Livro do profeta Isaías, discorreremos sobre o tema “um convite de Deus”. O capítulo 55 de Isaías é um convite de Deus a Israel, para que desfrute das suas bênçãos e ao mesmo tempo, uma promessa de salvação. Na sequência, com base no versículo 06 do mesmo capítulo, veremos que é preciso buscar ao Senhor, enquanto há a possibilidade de achá-lo. Por último, com base no versículo 07, falaremos da necessidade de arrependimento. O arrependimento foi a base das pregações de João Batista, de Jesus e dos apóstolos. 


1- Um convite, uma promessa. Neste tópico, o comentarista faz um comentário expositivo do texto de  Isaías 55.6-13, que é o texto da Leitura bíblica em classe. O profeta Isaías filho de Amoz, cujo nome significa “Yahweh é salvação”, profetizou no Reino do Sul (Judá), durante quatro reinados: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias. Foi o profeta que mais falou sobre o Messias e por isso é conhecido como “profeta messiânico”. Isaías foi chamado por Deus para profetizar, no ano em que morreu o rei Uzias, aproximadamente 740 a.C. Não se sabe se Isaías já pregava publicamente antes deste chamado divino. Segundo a tradição judaica, Isaías era primo do rei Uzias e teria sido morto “serrado ao meio” durante o reinado de Manassés. 


O Livro do profeta Isaías contém várias profecias de julgamentos, do capítulo 1.1 a 35.10. Entretanto, entre estes julgamentos há também várias profecias de esperança, relacionadas à vinda do Messias (Is 9.1-7; 10.20-11.16; 35.1-10; 42.1-25; 49.1-26; 50.1-11; 52.13-15; 53.1-12). Dos capítulos 36 ao 39 é dedicado um espaço ao reinado de Ezequias, falando das ameaças do rei da Assíria, a destruição do exército de Senaqueribe, a doença e cura de Ezequias e a vinda dos embaixadores da Babilônia a Jerusalém. 


Nos capítulos 40 ao 66 há promessas de consolo, salvação e restauração de Jerusalém, no final do cativeiro babilônio. Dentro deste espaço, abre-se um parêntese para falar do Servo do Senhor, que é o Messias, e dos seus sofrimentos (49.1-26; 50.1-11; 52.13-15; 53.1-12). O mais importante é que estas promessas referentes à restauração de Jerusalém no final do cativeiro bailônico, foram feitas cerca de 100 anos antes do povo ir ao cativeiro. Isaías profetizou entre os anos 740 e 680 a.C. e o cativeiro babilônio teve início em 605 a.C. 


O capítulo 55 de Isaías inicia-se com um convite de Deus a todos os que têm sede, para que venham às águas e comprem, sem dinheiro, vinho e leite (Is 55.1). Inicialmente, este convite em linguagem figurada, foi dirigido aos exilados da Babilônia, mas este convite foi reiterado pelo Senhor Jesus a todos, dizendo: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mt 11.28). Em João 7.37, novamente, o Senhor convida os sedentos a virem a Ele e saciarem a sua sede: “...Se alguém tem sede, venha a mim, e beba”. No final do Apocalipse, o Senhor faz novamente o convite aos sedentos, depois de ressuscitado e glorificado: “...Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida.” (Ap 22.17).


Os convites de Deus vem sempre acompanhados de uma promessa, seja para esta vida ou para a eternidade. É interessante notar que os convites de Deus e as suas promessas nestes casos são feitos de forma gratuita. Deus chama o povo sedento para que venham às águas e comprem “sem dinheiro e sem preço”. Da mesma forma, Jesus oferece a água da vida, “de graça”. Lamentavelmente, muitas pessoas aparecem vendendo as bênçãos de Deus ou exigindo coisas para alcançá-las, que Deus nunca exigiu. A Igreja Católica exigia ofertas em troca de indulgências ou perdão de pecados na Idade Média. Atualmente também, muitos que se dizem evangélicos, oferecem bênçãos em troca de votos, ofertas, sacrifícios e compras de produtos “ungidos”. Mas, as bênçãos de Deus nunca estiveram à venda. 


O comentarista destaca o versículo 11, que faz menção ao poder da Palavra de Deus: “assim será a palavra que sair da minha boca; ela não voltará para mim vazia; antes, fará o que me apraz e prosperará naquilo para que a enviei”. É na Palavra de Deus que as Suas promessas estão firmadas, pois a Sua Palavra não pode voltar atrás, sem cumprir o propósito para o qual ela foi enviada. Em tempos de eleições, vemos muitas promessas mirabolantes feitas por políticos, que sabemos que nunca serão cumpridas. Muitos maridos e esposas também fazem promessas que serão descumpridas, por motivos diversos. Mas com Deus não é assim. Quando Deus fala, Ele cumpre, pois Ele não pode mentir. Falaremos mais sobre este assunto no próximo tópico. 


2- É preciso buscar ao Senhor. Na continuidade do capítulo 55, o comentarista fala sobre o versículo 6, que é bem conhecido: “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto”. Em toda a Bíblia, há vários textos conclamando o povo de Deus a buscá-lo, garantindo que aqueles que o buscam, encontram. O nosso Deus está acessível em qualquer horário e lugar, a todos os que o buscam. Esta busca deve ser feita através da oração e relacionamento sincero com Deus. 


O Senhor falou ao profeta Jeremias: “Clama a mim e responder-te-ei e anunciar-te-ei coisas grandes e firmes que não sabes” (Jr 33.3). Em outra parte do Livro de Jeremias, o Senhor diz: “Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jr 29.13). O Senhor prometeu responder, perdoar e sarar a terra, se o seu povo o buscasse: “E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” (2 Cr 7.14). 


No Novo Testamento, a recomendação para o povo de Deus buscá-lo em oração também está presente em muitos textos. O Senhor Jesus recomendou aos seus discípulos para buscarem a Deus em oração: “E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; Porque qualquer que pede recebe; e quem busca acha; e a quem bate abrir-se-lhe-á.” (Lc 11.9,10). O apóstolo Paulo também recomendou os Tessalonicenses a orarem sem cessar (I Ts 5.17). Orientou também os Efésios a “orarem em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito…” (Ef 6.18).


É interessante destacar que a recomendação bíblica é para buscar ao Senhor e não apenas as suas bênçãos, como muitos fazem atualmente. Muitas pessoas não querem saber de buscar a Deus e ter relacionamento com Ele. Mas quando a situação se complica e não sabem mais o que fazer, correm para a Igreja para pedir oração e fazer campanhas para receber milagres de Deus. Quem ama a Deus não age assim, pois busca a Deus pelo que Ele é e não apenas pelo que Ele pode oferecer. 


3- É preciso se arrepender. Depois de orientar o povo a buscar a Deus enquanto se pode achar no versículo 6, no versículo 7 o Senhor estabelece como deve ser esta busca: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar.” Quando buscamos a Deus de forma sincera, a primeira coisa que o Espírito Santo faz em nosso coração, é nos convencer do pecado e da necessidade de arrependimento e conversão. 


Não é possível alguém buscar a Deus sem reconhecer os próprios pecados e abandoná-los, pois o pecado separa-nos de Deus (Is 59.2). O pecador arrependido reconhece perante Deus que pecou, sente-se indigno de estar em sua presença e implora o seu perdão. O arrependimento, no entanto, só se torna possível, mediante a ação poderosa do Espírito Santo em nosso interior. É Ele que nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8-11). Nenhum ser humano, por si mesmo, iria reconhecer que é pecador e pedir o perdão de Deus.


Infelizmente, muitos não sabem o que é arrependimento e pensam que o fato de confessar que errou e pedir perdão significa que se arrependeu. Mas, não basta reconhecer o erro e pedir perdão para haver arrependimento. A palavra arrependimento no grego é "metanoia", que é a junção de duas palavras gregas, “meta” (mudança) e “nous” (pensamento). Portanto, arrependimento significa mudança de pensamento, tristeza pelo pecado praticado e disposição interior para mudar. 


Se a pessoa não reconhece o pecado, não se entristece por ter pecado, ou não está disposta a mudar de atitude, significa que não houve arrependimento. Às vezes, há apenas o medo das consequências, ou fingimento para obter perdão. Quando há arrependimento verdadeiro acontece a conversão que é a mudança de direção. A conversão é o resultado prático do arrependimento. Quando a pessoa se arrepende muda o pensamento e, consequentemente, muda as atitudes. 


REFERÊNCIAS 


RENOVATO, Elinaldo. As promessas de Deus: Confie e viva as bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 36. 

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD,2012, p. 22. 

PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p. 1611. 

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