(Comentário do 1° tópico da Lição 03: As promessas de Deus para a Igreja)
Ev. WELIANO PIRES
No primeiro tópico, o título fala da natureza da promessa de Deus à Igreja. Entretanto, o comentarista não discorre sobre a natureza da promessa de Deus à Igreja, que pode ser no aspecto espiritual ou material. Ele fala de três promessas bíblicas para a Igreja. A primeira delas é a promessa de sinais sobrenaturais que confirmam a pregação da Igreja. A segunda promessa é o revestimento de poder, como capacitação sobrenatural para a Igreja realizar a sua missão. Em terceiro lugar, o comentarista fala de promessas espirituais para uma instituição espiritual, que é a Igreja, e menciona três símbolos da Igreja: o Corpo de Cristo, o templo de Deus e a Noiva de Cristo.
1. A promessa de sinais sobrenaturais. Depois da ressurreição, antes de subir ao Céu, o Senhor Jesus reuniu os seus discípulos, para orientá-los sobre a missão que eles iriam realizar, após a sua ascensão aos céus. Segundo o relato de Mateus, o Senhor Jesus disse aos seus discípulos: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado” (Mt 28.19,20). Esta ordem de Jesus é conhecida como a Grande Comissão, pois é a principal missão da Igreja na terra.
Esta grande comissão de Jesus à Sua Igreja contém os seguintes objetivos:
a) Fazer discípulos. O verbo grego aqui é "mathēteuō". A versão Almeida Revista e Corrigida traduziu este verbo por "ensinai" e a versão Revista e Atualizada traduziu por "fazei discípulos". Isso significa discipular, ou ensinar as pessoas a serem discípulos de Jesus.
b) Batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O batismo e a Ceia do Senhor são duas ordenanças de Cristo à Igreja. Muitas pessoas tentam minimizar a importância do batismo. Mas, quando Jesus mandou os discípulos pregarem o Evangelho, mandou também batizar. O batismo não salva, mas, ele é uma demonstração pública de que a pessoa morreu para o pecado e nasceu de novo. Na ordem de Jesus, fazer discípulo vem antes de batizar. Isso significa que não se deve batizar quem ainda não se converteu.
c) Ensinar a guardar tudo o que Ele mandou. Refere-se aos pontos doutrinários que Jesus ensinou. O livro de Atos mostra os apóstolos no cumprimento dessa palavra (At 2.42; 4.1,2; 5.21,28). A Igreja tem a obrigação de ensinar sistematicamente as doutrinas bíblicas aos novos crentes, para que eles estejam firmados na Palavra de Deus e não bem doutrinas humanas.
d) Jesus garantiu a sua presença nessa comissão até o fim. Jesus é o fundamento da Igreja. Ele disse que "sem Ele, nada poderíamos fazer" (Jo 15.4). Jesus subiu ao Céu, mas, não nos deixou órfãos. Ele continua conosco, na Pessoa do Espírito Santo, nos guiando, protegendo e fazendo a obra de salvação. Nós somos apenas instrumentos dele, mas, é Ele que opera tudo em todos.
No relato de Marcos, junto com esta missão, o Mestre fez-lhes também uma promessa de que sinais sobrenaturais iriam acompanhar aqueles que nele cressem: expulsão de demônios, falar em outras línguas, imunidade contra serpentes e bebidas mortíferas, e curas divinas (Mc 16.17,18). Evidentemente, estes e outros sinais sobrenaturais iriam acontecer dentro do contexto missionário, segundo a vontade do Senhor. Jesus não prometeu que os discípulos sairiam pelo mundo fazendo mágicas para se exibir, pegando em serpentes ou ingerindo veneno. O propósito destes sinais é glorificar a Deus e confirmar a mensagem do Evangelho.
Estes sinais sobrenaturais foram vistos abundantemente na Igreja Primitiva. Pedro e João, por exemplo, ao entrar no templo, receberam um pedido de esmolas de coxo e Pedro respondeu: “Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isto te dou. Em Nome de Jesus Cristo, o Nazareno, Levanta-te e anda”. (At 3.6). Imediatamente, o homem andou, saltou e entrou com eles no templo glorificando a Deus. Este milagre provocou um grande alvoroço em Jerusalém e as autoridades religiosas interrogaram os apóstolos por causa disso. Pedro fez um longo e ousado discurso e multidões de pessoas se converteram a Cristo.
Outros milagres também foram realizados por Pedro, Estevão, Filipe e Paulo. De sorte que a pregação do Evangelho está diretamente ligada aos sinais que o Senhor Jesus opera na vida daqueles que nele crêem. Esta promessa não ficou no passado, como dizem os cessacionistas, pois Jesus é o mesmo e o Evangelho também é o mesmo. Onde quer que este Evangelho for pregado com fé e seriedade, Deus continuará confirmando a mensagem com a realização de sinais sobrenaturais.
2. A promessa de revestimento de poder. O evangelista Lucas registrou também a promessa do revestimento do Poder do Espírito Santo, como condição indispensável para os discípulos realizarem esta grande comissão. No final do Evangelho segundo Lucas e no início de Atos dos Apóstolos, podemos perceber que o revestimento do poder do Espírito Santo é uma necessidade e não uma opção: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.” (Lc 24.49). “E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes.” (At 1.4).
Nestes dois textos o Senhor Jesus deixou claro para os seus discípulos, que eles precisavam ser revestidos de poder, antes de iniciar a missão da Igreja em Jerusalém. Os discípulos ficaram em oração, aguardando o cumprimento da promessa da descida do Espírito Santo. No Dia de Pentecostes, estando eles reunidos no cenáculo, em oração, todos foram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas e profetizar. A partir daquele momento, eles nunca mais foram os mesmos. Passaram a pregar ousadamente o Evangelho, sem nenhum temor.
Ao longo da história da Igreja também não foi diferente. As missões da Igreja sempre foram mais eficientes e significativas no meio pentecostal, pois, os pentecostais ficam na total dependência do Espírito Santo, que confirma a pregação com os sinais e maravilhas. O Movimento Pentecostal já passa dos cem anos no mundo e a sua contribuição para a obra missionária é notável em vários países, principalmente nos locais mais difíceis. A pregação do Evangelho não é um discurso vazio, ou o ensino de filosofias para se dar bem na vida. É uma mensagem poderosa de confronto contra o pecado e as hostes espirituais da maldade e, portanto, necessita do revestimento do Poder do Espírito Santo.
3. Promessas espirituais para uma instituição espiritual. A Igreja não é um simples ajuntamento de pessoas que têm as mesmas crenças e costumes. Ela não é uma instituição humana, pois foi instituída pelo Senhor Jesus. Ele garantiu que as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18). A Igreja pertence ao Senhor e, portanto, é considerada invencível. Ao longo da história, vários personagens, instituições e governos tentaram das mais variadas formas, calar e extinguir a Igreja. Mas, a Igreja segue a sua marcha triunfante, rumo ao Céu. Quando falamos da Igreja que foi instituída por Jesus, não nos referimos a organizações humanas e sim, ao conjunto de todos os que foram salvos por Jesus.
O comentarista citou algumas figuras que são usadas no Novo Testamento para se referir à Igreja. Estas figuras são usadas para nos fazer compreender a Igreja, sua natureza e missão: Noiva de Cristo, Esposa de Cristo, Corpo de Cristo e Templo de Deus. As imagens da Igreja como Noiva e Esposa de Cristo falam do relacionamento da Igreja com Cristo e retratam a pureza, amor, fidelidade, cuidado e proteção. A imagem da Igreja como o corpo de Cristo significa que a Igreja é um organismo bem ajustado, cujos membros estão ligados à cabeça, que é Cristo, e trabalham em harmonia pelo funcionamento do corpo. Há também figuras que descrevem a Igreja como habitação de Deus, que são o Templo e Casa de Deus. Estas duas figuras revelam que Deus habita na Sua Igreja e não em templos feitos por mãos humanas. É um imenso privilégio fazer parte da Igreja do Deus Vivo e ser Sua habitação.
Sendo a Igreja um organismo vivo e espiritual, há promessas espirituais de Deus para a sua Igreja, conforme vimos nos subtópicos anteriores, que serão confirmadas na missão da Igreja durante a sua jornada terrena. Há também as promessas para a eternidade, como veremos no próximo tópico. Estas, sem dúvida, são as promessas mais importantes para a Igreja. O Novo Testamento sempre deixou muito claro que a nossa esperança não está neste mundo. O apóstolo Paulo disse que “se esperarmos em Cristo somente nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens”. (1 Co 15.19).
REFERÊNCIAS:
RENOVATO, Elinaldo. As promessas de Deus: Confie e viva as bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024.
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 37.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.1639.
RHODES, Ron. Reconhecendo as Promessas de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 24-25
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