16 maio 2023

A PATERNIDADE DENTRO DA FAMÍLIA

Imagem: escola-dominical.com

(Comentário do primeiro tópico da Lição 08: A importância da paternidade na vida dos filhos)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre a paternidade dentro da família. Inicialmente falaremos do papel dos pais na primeira família: Adão e Eva e os seus filhos. O pai era o líder do lar, responsável pela provisão do alimento e segurança. A esposa, como ajudadora do esposo, era responsável por cuidar da casa e dos filhos. Depois, falaremos sobre a falta de autoridade no lar, usando como exemplo os sacerdotes Eli e Samuel, que exerciam autoridade sobre todo o Israel, mas não exerceram autoridade em suas próprias casas. Por último, falaremos dos problemas advindos de uma paternidade ausente, na formação moral e espiritual dos filhos. 


1. A primeira família. A família é uma instituição divina, pois foi criada por Deus. Depois de criar o primeiro homem, Deus disse que não seria bom o homem viver só e decidiu criar a mulher para ser a sua companheira. O Criador criou o primeiro casal, uniu-os e ordenou que se multiplicassem e povoassem a terra. (Gn 1.26-28). 

Quando dizemos que Deus criou a família, estamos dizendo que Ele idealizou e projetou a família e não apenas formou o primeiro casal. Deus foi o arquiteto da família, pois Ele criou o projeto. Foi também engenheiro e construtor, pois formou o primeiro casal e os uniu. 

Na conversa que Jesus teve com os fariseus sobre o divórcio, Ele falou: “O que Deus ajuntou, não o separe o homem”. (Mt 19.6b). Aqui, o Senhor reconhece que a instituição divina da família. Portanto, a família não é uma construção social, como dizem os inimigos da família. Não foi uma necessidade econômica do ser humano, ou uma criação burguesa para reproduzir a força de trabalho do proletariado, como dizem os marxistas. 

Sendo Deus, o idealizador e criador da primeira família, Ele estabeleceu também o modelo de família, que é formado por homem e mulher, e estabeleceu os papéis de cada um. Deus estabeleceu o modelo de família patriarcal, onde o pai é líder da família, responsável por prover o sustento e a segurança do lar. A mãe, por sua vez, é a responsável por cuidar dos filhos e da casa, alimentando-os, ensinando os primeiros passos e palavras e oferecendo todo o apoio necessário para um crescimento saudável. Pai e mãe, unidos, cada um em seu papel, são fundamentais para a formação do caráter da criança.

Deus criou homem e mulher com características físicas e emocionais diferentes, compatíveis com os seus respectivos papéis. Não são competidores entre si e um não é mais importante do que o outro. Cada um tem a sua importância e ambos se completam. Com o avanço da iniquidade e rebeldia da humanidade contra Deus, o ser humano vem mudando os princípios que Deus estabeleceu, substituindo-os por filosofias humanas e diabólicas. Os resultados são trágicos. 

Os pais são responsáveis pela formação física, emocional e espiritual dos filhos. Portanto, cabe a eles providenciar: a alimentação adequada, para que que cresçam saudáveis; o amor, o afeto e o respeito, para que não desenvolvam traumas e distúrbios emocionais; o ensino da Palavra de Deus e exemplo de vida piedosa, para que temam a Deus. 


2. A falta de autoridade no lar. O princípio da autoridade em todas as áreas foi estabelecido por Deus: "Toda a alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus. Por isso, quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação.” (Rm 13.1,2). Deus estabeleceu a autoridade no lar, na sociedade, na vida religiosa de Israel e na Igreja. 

Na sociedade atual a autoridade tem sido contestada e desrespeitada em todas as áreas. O princípio da autoridade tem sido questionado em todos os setores da sociedade. Cidadãos afrontam policiais e autoridades publicamente, filmam a ação e ainda publicam nas redes sociais, como se fosse um troféu; até membros de Igrejas, afrontam uns aos outros e não querem se submeter à autoridade pastoral. Certamente, estas pessoas não aprenderam o que é autoridade com os seus pais. 

Eu fui criado em um ambiente onde a autoridade dos pais, dos professores, da polícia, dos pastores e até das pessoas mais velhas eram inquestionáveis. As crianças eram ensinadas desde cedo, a se sujeitarem à autoridade dos pais. Sendo assim, quando íamos à escola, já tínhamos em mente que o professor exerceria autoridade sobre nós. O mesmo acontecia na Igreja. Aprendemos que o pastor, os diáconos, os líderes do departamento infantil, etc. exerciam autoridade na Igreja e tinham que ser respeitados. 

Quando não existe autoridade no lar, os filhos crescem em um ambiente de anarquia, onde cada um faz o que quer e levam isso para a vida adulta. É importante não confundir autoridade com autoritarismo e tirania, como veremos no próximo tópico. A autoridade deve ser exercida em primeiro lugar através do temor a Deus. Devemos desde cedo ensinar os nossos filhos a amar a Deus, pois quem ama a Deus obedece a autoridade. Em segundo lugar, devemos ser exemplo para os nossos filhos, pois, as atitudes ensinam muito mais às crianças do que as palavras. Em terceiro lugar, a autoridade paterna deve ser exercida por meio de um relacionamento de amor e confiança. Um filho que aprendeu a amar e respeitar o seu pai, faz de tudo para não desagradá-lo. 

 

3. Os problemas de uma paternidade ausente. A presença dos pais na vida da criança é muito importante para o seu desenvolvimento, em todos os aspectos. Os filhos precisam de referências tanto masculinas, através do pai, como feminina, através da mãe. A ausência deles, mesmo que não tenham morrido ou saído de casa, traz enormes prejuízos à formação psicológica, moral e espiritual dos filhos. Há pais que querem substituir a sua presença na vida dos filhos por presentes. Outros querem transferir a responsabilidade para a babá, para escola e até para a Igreja.  Mas o que eles precisam mesmo é que os pais se façam presentes e exerçam o seu papel. 

Muitos pais dedicam-se excessivamente ao trabalho e até às atividades da Igreja e se descuidam da autoridade do próprio lar. Tanto Eli como Samuel exerceram o sacerdócio em Israel e, como tal, tinham autoridade sobre o povo. Entretanto, descuidaram da própria família e os filhos se tornaram ímpios. Como sacerdotes, eles tinham a obrigação de ensinar aos filhos e corrigi-los. Tinham a obrigação de puni-los, inclusive depois de adultos. Mas, não fizeram isso e o resultado foi desastroso. Os filhos de Eli extrapolaram todos os limites da impiedade e foram mortos. Os de Samuel não foram mortos, mas foram rejeitados pelo povo. Sobre o cuidado que um obreiro deve ter com a própria casa, assim escreveu o Pr. Hernandes Dias Lopes: 

"O primeiro rebanho do presbítero é sua família. Se ele fracassa em cuidar de sua casa, está desqualificado para cuidar da casa de Deus. Se não cria os filhos no temor do Senhor, não é capaz de exortar os filhos dos demais crentes. Se os próprios filhos não lhe obedecem nem o respeitam, dificilmente sua igreja lhe obedecerá e respeitará sua liderança."


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 140-143.

MACARTHUR, John. Pais sábios, Filhos brilhantes. Editora Thomas Nelson Brasil. 1 Ed. 2014.

STAMPS, Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Editora Sextante. 1 Ed. 2003

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. 11 ed. 2013. pág. 325.

TENNEY, Merrill  C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 359.

LOPES. Hernandes Dias. 1 Timóteo: O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pág. 80-81.


15 maio 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 08: A IMPORTÂNCIA DA PATERNIDADE NA VIDA DOS FILHOS

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO 07: O RELACIONAMENTO ENTRE NORA E SOGRA

Na lição passada estudamos sobre o relacionamento entre nora e sogra, tomando como base o relacionamento entre Rute e a sua sogra Noemi. Inicialmente, falamos sobre a crise econômica na terra Judéia, que provocou escassez de fome em Belém, cujo nome significa “Casa de pão”, e se tornou um lugar de fome, carestia, seca e escassez. Falamos também sobre a crise na família de Elimeleque que, sem consultar a Deus, deixou a sua terra para ir a uma terra estranha, que servia a outros deuses. O resultado disso foi catastrófico, pois lá, ele e os seus filhos morreram, deixando três mulheres desamparadas. 


Vimos como Noemi e Rute superaram a crise existencial a que foram submetidas. Depois de dez anos de sofrimento em terra estranha, Noemi voltou  à  sua terra,  acompanhada da sua nora, Rute. No convívio com Noemi, a moabita Rute conheceu o Seu Deus, descobriu que Ele é o Único Deus Verdadeiro e resolveu servi-lo. Na terra de Israel, nora e sogra se uniram contra a crise e recomeçaram a vida, contemplando o agir de Deus. 


Depois falamos sobre a fé e o trabalho numa nova perspectiva. Vimos que o retorno de Noemi à sua terra, depois de dez anos em Moabe, causou alvoroço entre os seus antigos conhecidos, principalmente porque ela retornou com uma nora estrangeira e sem o esposo e os filhos. Noemi estava amargurada com as tragédias que passou, mas a sua nora Rute ajudou-a a recuperar a autoestima. Rute foi trabalhar em um campo de trabalho de um parente dos seu falecido sogro Elimeleque, chamado Boaz. Ao perceber que Rute havia sido bondosa para com a sua sogra, Boaz ofereceu proteção e proteção a ambas. 


Por último, vimos como Rute encontrou o remidor da família, que era o parente mais próximo da família, que em caso de morte do patriarca, tinha a obrigação de comprar as terras do falecido. Para isso, ele teria que casar-se com a viúva. No caso de Rute, o remidor da família era outro homem, mas, ele não quis e o próximo da linha sucessória era Boaz, que decidiu comprar as terras e casou-se com Rute. Vimos também, como o relacionamento entre noras e sogras podem trazer equilíbrio às famílias. Se esta relação não for boa, poderá trazer enormes problemas. 


INTRODUÇÃO LIÇÃO 08: A IMPORTÂNCIA DA PATERNIDADE NA VIDA DOS FILHOS


Nesta lição, estudaremos sobre a importância da paternidade na vida dos filhos, tomando como exemplo a história das famílias de dois sacerdotes: Eli e Samuel. Na lição 06, estudamos sobre pais zelosos e filhos rebeldes. Naquela ocasião vimos o caso de Sansão, que foi criado por pais zelosos, que o orientaram segundo as recomendações que o Anjo do Senhor havia lhes passado. Na presente lição falaremos de dois pais, que eram tementes a Deus, mas os seus filhos eram ímpios. Nestes dois casos, os pais falharam na educação e correção dos filhos. 

O Sumo sacerdote Eli foi permissivo em relação aos seus filhos. Mesmo sabendo que os seus filhos eram profanos e filhos de belial, não os repreendeu severamente e deixou que eles continuassem exercendo o sacerdócio. A Bíblia diz que os filhos de Eli “não conheciam o Senhor” (1 Sm 2.12). O verbo hebraico ‘yada’ traduzido por ‘conhecer’ tem uma variedade de significados e aqui não se refere a conhecer no sentido intelectual, mas, no sentido de ter relacionamento. Eles não serviam a Deus e praticavam todo tipo de abominação no recinto sagrado, incluindo a prostituição e a profanação dos sacrifícios. 

Da mesma forma, o profeta, juiz e sacerdote Samuel, que era um homem honrado e tinha autoridade em Israel, nomeou os seus filhos como juízes e, mesmo sabendo que os seus filhos se tornaram avarentos, corruptos e injustos, foi omisso, não os repreendeu e não os destituiu dos cargos. Isso gerou a rejeição do povo, que acabou pedindo um rei. No caso de Samuel, a Bíblia não diz que ele sabia e não repreendeu. Entretanto, fica evidente que ele foi omisso e talvez ausente na criação dos filhos. Ele não procurou saber o que eles faziam como juízes. Samuel dedicou-se muito a Israel como profeta, juiz e sacerdote. Foi fiel em seu ministério, mas falhou na criação dos filhos. 

No primeiro tópico, falaremos sobre a paternidade dentro da família. Inicialmente falaremos do papel dos pais na primeira família: Adão e Eva e os seus filhos. O pai era o líder do lar, responsável pela provisão do alimento e segurança. A esposa, como ajudadora do esposo, era responsável por cuidar da casa e dos filhos. Depois, falaremos sobre a falta de autoridade no lar, usando como exemplo os sacerdotes Eli e Samuel, que exerciam autoridade sobre todo o Israel, mas não exerceram autoridade em suas próprias casas. Por último, falaremos dos problemas advindos de uma paternidade ausente, na formação moral e espiritual dos filhos. 

No segundo tópico, falaremos sobre dois tipos de paternidades extremistas: a autoritária, que apenas impõe regras sem considerar os sentimentos, vontade e a memória dos filhos; e a permissiva, que ignora os princípios bíblicos e deixa os filhos decidirem o que querem. Estes dois extremos são prejudiciais ao bem estar da família. Como exemplo de paternidade permissiva e negligente, falaremos do caso de Eli, que era Sumo sacerdote, e os filhos eram filhos de belial e profanos. 

No terceiro tópico, falaremos sobre os fracassos de dois pais que foram negligentes na criação dos filhos: Eli e Samuel. Ambos, foram líderes importantes de Israel, mas foram omissos na disciplina e repreensão dos filhos e se isentaram da responsabilidade para com os próprios filhos. Eli tinha 40 anos de sacerdócio e os seus dois filhos não conheciam o Senhor. Samuel, por sua vez, sequer percebeu que os seus filhos corrompiam a justiça, agindo com ganância e recebendo suborno. Quando o povo os rejeitou como juízes, Samuel em vez de repreender os filhos, sentiu-se rejeitado pelo povo. Por último, falaremos sobre as relações do líder de uma Igreja com os seus filhos. Não se pode admitir tratamento inadequado a eles, seja para corrigi-los ou beneficiá-los. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 139.

MACARTHUR, John. Pais sábios, Filhos brilhantes. Editora Thomas Nelson Brasil. 1 Ed. 2014.

STAMPS, Donald C. (Ed) Bíblia de Estudo Pentecostal: Antigo e Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.


12 maio 2023

RUTE ENCONTRA O REMIDOR DA FAMÍLIA

(Comentário do 4º tópico da Lição 07: O relacionamento entre nora e sogra)

Ev. WELIANO PIRES

No quarto tópico, veremos como Rute encontrou o remidor da família. De acordo com as leis da época, em caso das terras terem sido vendidas, para que ela voltasse para a família, o remidor, que era o parente mais próximo da família, tinha a obrigação de comprar as terras do falecido. Para isso, ele teria que casar-se com a viúva. No caso de Rute, o remidor da família era outro homem, mas, ele não quis. O próximo da linha sucessória era Boaz, que decidiu comprar as terras e casou-se com Rute. Por último, falaremos neste tópico, como o relacionamento entre noras e sogras podem trazer equilíbrio às famílias. Se esta relação não for boa, também poderá trazer enormes problemas. 

1. Rute descobre o remidor de Noemi (Rt 4.1-9). Conforme falamos no tópico anterior, Rute foi trabalhar nos campos de Boaz, um parente próximo do seu falecido sogro, recolhendo as espigas que os segadores deixavam para trás. Boaz era um homem íntegro, rico e influente em Belém. Desde o primeiro dia, ele se encantou por Rute e ela sabia disso. Pela declaração posterior dele, percebemos também que Rute chamou a atenção de toda a comunidade por suas virtudes, principalmente, pelo seu amor e dedicação à sua sogra Noemi: “Agora, pois, minha filha, não temas; tudo quanto disseste te farei, pois toda a cidade do meu povo sabe que és mulher virtuosa.” (Rt 3.11). 


Rute saía para trabalhar e, quando voltava, contava todos os acontecimentos à sua sogra e seguia rigorosamente as suas instruções (Rt 2.19). Quando Rute contou à sua sogra que havia trabalhado nos campos de um homem chamado Boaz, Noemi glorificou a Deus e disse: “Bendito seja do Senhor, que ainda não tem deixado a sua beneficência nem para com os vivos nem para com os mortos. Este homem é nosso parente chegado e um dentre os nossos remidores.” (Rt 2.20). 


Depois que descobriu que Boaz era um dos remidores da família e, percebendo que ele já estava encantado por Rute, Noemi elaborou um plano, para que o casamento acontecesse. Ela orientou Rute a tomar banho, perfumar-se, vestir a sua melhor roupa e ir ao local de trabalho. Chegando lá, ela deveria esperar Boaz comer e beber, sem que ele a visse. Quando ele fosse se deitar, ela deveria descobrir os pés dele e deitar-se lá. Rute fez tudo o que a sua sogra mandou. 


Perto da meia noite, Boaz acordou e tomou um susto, quando percebeu que havia uma mulher deitada aos seus pés e perguntou: Quem é você? Rute lhe respondeu: “Sou Rute, tua serva; estende, pois, tua aba sobre a tua serva, porque tu és o remidor.” (Rt 3.9). Boaz ficou muito feliz com esta informação, que era praticamente um pedido de casamento, mas falou para ela que havia outro remidor na linha sucessória antes dele. Apaixonado, Boaz se propôs a falar com o homem e prometeu que se ele não assumisse a responsabilidade legal de comprar as terras e casar-se com Rute, ele o faria.


2. Boaz redime Rute, a moabita (Rt 4.11-13). Boaz reuniu dez anciãos da cidade para servirem de testemunhas e foi falar com o homem. Ao informar ao homem que ele era o remidor de Noemi e também do seu filho Malom, o homem aceitou comprar as terras, mas, não concordou em casar-se com Rute, alegando que isso prejudicaria a sua herança e passou esse direito para Boaz. O coração de Boaz bateu forte e ele reuniu as testemunhas para testemunharem que o remidor havia lhe passado o direito de remir a herança de Noemi e decidiu casar-se com Rute. 


O povo reunido proferiu palavras de bênçãos sobre Boaz e Rute, rogando três bênçãos especiais: Pediram que Rute fosse uma mulher fértil (4.11); pediram que Boaz fosse um homem próspero (4.11); e que a casa de Boaz fosse como a casa de Perez, o mais importante dos filhos de Judá. Assim, Boaz e Rute se casaram, debaixo das bênçãos do Senhor e da sociedade, sem cometer nenhuma ilegalidade. É maravilhoso quando casamos legalmente, seguindo os princípios da Palavra de Deus. 


Rute teve um filho e as vizinhas deram-lhe o nome de Obede, que significa “adorador”. Este foi o pai de Jessé e avô do rei Davi. Assim, Rute a moabita, entrou para genealogia de Jesus Cristo. Os estudiosos bíblicos acreditam que Rute era estéril, pois foi casada com Malom por quase dez anos e não teve filhos. Mais uma vez, vemos a providência de Deus, curando a esterilidade de Rute, como fez com Sara, Raquel, Ana, Isabel e tantas outras. Noemi, que no início do Livro de Rute aparece amargurada e desiludida, agora aparece radiante de felicidade. 


3. Noras e sogras. Vimos ao longo desta lição um relacionamento exemplar entre nora e sogra. A emocionante história de Noemi e Rute nos mostrou que nora e sogra unidas podem ajudar muito uma à outra a superarem perdas, lutos, desilusões e recuperarem a autoestima. A experiência de vida da sogra Noemi, aliada à fé, obediência e disposição da nora Rute foram muito importantes, para que ambas chegassem a um final feliz. 


Nos relacionamentos humanos não podemos esperar perfeição de ninguém, pois nós também não somos perfeitos. Somos diferentes uns dos outros, temos pontos de vista diferentes em vários aspectos e temos falhas. Portanto, é preciso amar, compreender, tolerar, ceder muitas vezes e perdoar, para que seja possível a convivência. 


Nos relacionamentos entre noras e sogros ou genros e sogros, não é diferente. Não podemos querer que a sogra seja igual à nossa mãe, ou o sogro seja igual ao nosso pai, pois são diferentes. Também não podemos querer que os sogros não se preocupem com os filhos, pois isso é natural. Para os pais, os filhos nunca crescem e eles querem continuar protegendo, mesmo depois de casados. 


Muitos filhos e filhas arrumam problemas com o cônjuge, por quererem que o relacionamento com os seus pais continue o mesmo do tempo de solteiro. Quando casamos, os nossos pais e irmãos passam a ser os nossos parentes. A nossa família passa a ser a esposa e os filhos. 


Os sogros também precisam entender que os filhos cresceram e, ao casarem, cortam o ‘cordão umbilical’, para constituir uma nova família. Não é bom a pessoa casar e morar na casa dos pais ou dos sogros, nem mesmo muito próximo. Isso causa muita interferência e pode prejudicar o casamento. Outro fator importante é a criação dos filhos. Tanto os nossos pais, como os nossos sogros não podem interferir na criação dos netos, tirando a autoridade dos pais, mesmo sendo seus filhos. Esta tem sido a causa de muitos problemas entre genro e sogra ou nora e sogra. Se cada um compreender o seu papel e respeitar o papel do outro, será possível uma convivência sadia e harmoniosa. Isso glorifica a Deus e traz equilíbrio à família. 


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 131-132.

LOPES, Hernandes Dias. Rute: Uma perfeita história de amor. Editora Hagnos. pág. 115-116; 124-125.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1109-1111.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pág. 151.

11 maio 2023

FÉ E TRABALHO NUMA NOVA PERSPECTIVA

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: O relacionamento entre nora e sogra)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre a fé e o trabalho numa nova perspectiva. O retorno de Noemi à sua terra, depois de dez anos, causou alvoroço entre os seus antigos conhecidos, principalmente porque ela retornou com uma nora estrangeira e sem o esposo e os filhos. Todos queriam saber o que havia acontecido, pois naquela época os meios de comunicação eram primitivos e as notícias não chegavam com facilidade como hoje. Noemi era amargurada com as tragédias que passou, mas a sua nora Rute ajudou-a a recuperar a autoestima. Rute foi trabalhar em um campo de trabalho de um parente dos seu falecido sogro Elimeleque, chamado Boaz. Ao perceber que Rute havia sido bondosa para com a sua sogra, Boaz ofereceu proteção e proteção a ambas. 


1. A chegada à terra do pão (Rt 1.19). A chegada de Noemi a Belém, causou grande comoção entre os seus antigos conhecidos que a reconheceram e indagaram: "Não é esta, Noemi?" (Rt 1.19). Belém era uma aldeia pequena naqueles tempos e todos se conheciam. Elimeleque e Noemi eram uma família de posses e tinham terras. Devido à fome, eles saíram de Belém para Moabe, o casal e os dois filhos ainda solteiros. Dez anos depois, retorna apenas uma mulher viúva e amargurada, na companhia de outra viúva estrangeira. 


Desolada e cheia de armadura, Noemi pediu aos parentes e conhecidos que não a chamassem de "Noemi", que significa "agradável", mas que a chamassem de "Mara", que significa "amarga". Toda esta desilusão se justificava, pelos sofrimentos terríveis que ela havia passado em Moabe, perdendo o seu esposo e os dois filhos, distante da sua terra e dos seus parentes. 


Noemi desabafou a sua tristeza e desilusão perante os seus parentes e conhecidos. Ele acreditava que Deus a havia punido: "Cheia parti, porém vazia o SENHOR me fez tornar; por que pois me chamareis Noemi? O SENHOR testifica contra mim, e o Todo-Poderoso me tem feito mal." (Rt 1.21). O que ela não sabia é que Deus estava no controle de tudo e já tinha preparado um futuro promissor para ela e para sua nora. Nos momentos de angústia e tristeza, precisamos tomar cuidado para não murmurar ou blasfemar contra o Senhor. As coisas ruins que acontecem em nossas vidas, não são culpa de Deus. Muitas delas são frutos de escolhas erradas que fazemos, sem buscar a direção de Deus. Outras, apesar de não ser culpa nossa, podem ser consequências de escolhas de outras pessoas próximas a nós como os pais, cônjuge ou mesmo governantes ímpios. A fome que se abateu sobre Israel nos dias de Noemi era consequência da apostasia de Israel naqueles dias. Não foi uma punição de Deus a Noemi como ela imaginava. 


2. Recuperando a autoestima (Rt 1.15-18). A psicologia define a autoestima como "um conjunto de sentimentos e pensamentos do indivíduo sobre seu próprio valor, competência e adequação, que se reflete em uma atitude positiva ou negativa com relação a si mesmo”. Em resumo, autoestima é o valor que o indivíduo confere a si mesmo.  Em virtude das dolorosas perdas que sofreu, Noemi estava com a sua autoestima muito baixa, sem nenhuma perspectiva de futuro.  Uma pessoa nestas condições não encontra motivação, força ou confiança para realizar nada e não tem nenhuma esperança de que as coisas podem melhorar. Em casos extremos a pessoa se isola e deseja morrer. Alguns cometem suicídio. 


Deus preparou Rute para levantar a autoestima de Noemi e ajudá-la a recomeçar a vida. Noemi insistiu para que Rute ficasse em Moabe e voltasse para os seus familiares. Mas ela se recusou, sob juramento diante de Deus, e prometeu que jamais a deixaria e que somente a morte iria separá-las. Em momentos de tristeza, depressão e angústia, precisamos de pessoas amáveis, que tenham virtude de Deus para nos amparar e elevar a autoestima. Existem situações em que a pessoa não consegue sair sozinha e precisa de ajuda. Julgamentos, críticas e acusações nessas horas, só irão piorar a situação. 


3. A honra do trabalho no campo de Boaz (Rt 2.8-17). Em Belém, Rute se ofereceu para trabalhar colhendo espigas e pediu autorização à sua sogra para fazê-lo. A sogra autorizou e ela foi trabalhar na lavoura dos parentes do seu falecido sogro Elimeleque. A motivação e amabilidade de Rute, depois de várias perdas, impressiona. Ela não ficou parada, reclamando do sofrimento, mas levantou a cabeça e saiu em busca de trabalho. Não era um emprego com salário. Ela colhia as espigas que os trabalhadores deixavam para trás, conforme a Lei, para os pobres e miseráveis pegarem para si. Não estava furtando ou invadindo propriedades alheias. Ela não achou humilhante esse trabalho e buscou o sustento para si e para a sua sogra. 


Este generosidade e lealdade de Rute para com a sua sogra Noemi, chamou a atenção de Boaz, um parente próximo de Elimeleque que era dono daqueles campos. Boaz perguntou aos seus trabalhadores quem era aquela moça e, ao ser informado que era a moabita, nora de Noemi, ele lhe ofereceu proteção e alimento em sua propriedade e ordenou que os seus trabalhadores também a tratassem bem. A generosidade de Rute para com a sua sogra, estava sendo recompensada. Deus não é injusto para se esquecer do nosso trabalho e generosidade para com o próximo. “... tratar com bondade o pobre é honrar a Deus.” (Pv 14.31b). Honra é a palavra chave desta lição. Por honrar a sua sogra e cuidar dela nos momentos mais difíceis da sua vida, Rute também foi amparada e honrada por Deus, que a guiou ao campo da pessoa certa, que viria a se tornar o seu remidor, como veremos no próximo tópico. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 128-131. 

LOPES, Hernandes Dias. Rute: Uma perfeita história de amor. Editora Hagnos. pág. 42.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1097-1100.

RIDALL, Clydel. Comentário Bíblico Beacon: Rute. Editora CPAD. pág. 163-165.

10 maio 2023

SUPERANDO AS CRISES EXISTENCIAIS

https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcSyjlrC2il5Jsx7lEoeYGthAgazBk4oSKeggA&usqp=CAU

(Comentário do 2º tópico da Lição 07: O relacionamento entre nora e sogra)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, veremos como Noemi e Rute superaram a crise existencial a que foram submetidas. Depois de dez anos de sofrimento em terra estranha, Noemi voltou  à  sua terra,  acompanhada da sua nora, Rute. No convívio com Noemi, a moabita Rute conheceu o Seu Deus, descobriu que Ele é o Único Deus Verdadeiro e resolveu servi-lo. Na terra de Israel, nora e  sogra se uniram contra a crise e recomeçaram a vida, contemplando o agir de Deus.

1. Noemi decide voltar à sua terra (Rt 1.6-8). Diante deste quadro desolador, Noemi ouviu que o Senhor tinha visitado o seu povo, dando-lhe pão, decidiu voltar à sua terra e disse às suas duas noras para voltarem aos seus parentes. Orfa, uma das noras atendeu à sua sogra e voltou. Mas Rute, insistiu que não voltaria e iria com a sua sogra aonde quer que ela fosse.

Em tempos de angústia e sofrimento, Deus levanta pessoas para nos ajudar, incentivar e recuperar a autoestima. Aliás, é nos tempos difíceis que conhecemos os verdadeiros amigos: "Em todo o tempo ama o amigo e para a hora da angústia nasce o irmão." (Pv;17.17). Alguém já disse sabiamente: "Quer saber quantos amigos você tem? Faça uma festa e convide as pessoas que você conhece.  Quer saber a qualidade dos seus amigos? Espere ficar doente, ou estar em dificuldades."

Noemi enfrentava uma crise existencial, que são os questionamentos acerca de vários aspectos da nossa vida, como a própria existência, o lugar onde estamos inseridos, o propósito da vida e o motivo de estarmos aqui. A decisão de Noemi de voltar à terra de Israel representava um retorno ao ponto em que a família tomou uma decisão equivocada, sem consultar a Deus. Moabe para Noemi representava perdas, mortes e muito sofrimento. De volta à sua terra, mesmo amargurada e desiludida, Deus iria lhe proporcionar um recomeço e a superação dos tempos sombrios que ela atravessou. 

Em momentos de crise existencial, devemos atentar para a recomendação do Senhor Jesus ao pastor da Igreja de Éfeso: "Lembra-te, pois, de onde caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras…" (Ap 2.5a). Em vez de culpar a Deus, as outras pessoas ou se maldizer da sorte, devemos fazer uma análise da situação, verificar onde erramos e retornar ao ponto inicial. Não vale a pena seguir em frente, se estivermos na direção errada. Isso seria  prolongar o erro. Também não há nada de errado em mudar de ideia, desde que seja para melhor.

2. Rute conhece o Deus de sua sogra (Rt 1.16). Os moabitas eram descendentes de um relacionamento incestuoso entre Ló e uma das suas filhas (Gn 19.37). Depois de embriagar o pai, a filha mais velha teve relações com ele e nasceu Moabe, o ancestral dos moabitas. O povo de Moabe não servia ao Deus de Israel. Adoravam a Astarote e Baal-Peor deuses da fertilidade; Quemos, deus da guerra; e outras divindades pagãs (Nm 22.40; 23.2; 25.1-3,16). Os moabitas ofereciam sacrifícios de ovelhas e bois e até sacrifícios humanos em oferendas aos seus deuses (2 Reis 3:27).

Rute era uma moabita e, como tal, foi criada nesse ambiente de idolatria e abominações. Entretanto, ela conheceu o Deus de Israel através da convivência com Noemi e se converteu à fé judaica. Esta declaração emocionante de Rute à sua sogra Noemi: “O teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus” (Rt 1.16), mostra-nos que o apego dela não era apenas à sua sogra, motivado por vínculos familiares. Era também uma demonstração de fé no Deus de Noemi. Os israelitas não faziam proselitismo religioso. Ao contrário, eles não se misturavam com outros povos e pensavam que Deus era apenas deles. Sendo assim, Rute conheceu o Deus de Noemi não através de pregações dela, mas pelo seu comportamento e pela forma como ela servia a Deus.

As pessoas que não servem a Deus e nos observam, sentirão desejo de se aproximar, ou se afastar do Deus a quem servimos? As nossas vidas serão as únicas Bíblias que algumas pessoas irão ler. Portanto, devem ser um testemunho poderoso do Evangelho.

3. Unidas contra a crise. Vendo a convicção de Rute de ir com ela para a terra de Israel, e que não conseguiria fazê-la mudar de ideia, Noemi seguiu com a sua nora para Belém de Judá, de onde havia saído com a família havia dez anos. Noemi havia deixado a sua terra com o esposo e os dois filhos, por causa da fome. Agora, ela retorna viúva, sem filhos e com uma nora também viúva. A vida das viúvas naqueles tempos era muito difícil. Não havia nenhum auxílio do governo e as mulheres dependiam completamente dos homens. Duas mulheres viúvas e sem posses, portanto, não tinham nenhuma perspectiva de vida.

Neste momento de grande amargura e desilusão, Noemi encontrou em Rute o apoio que precisava. A união e amizade sincera entre as duas, foram fundamentais, para superarem a crise existencial e recomeçar a vida. Em momentos difíceis, o que a família mais precisa é da união dos seus membros, pois, como diz o ditado popular "a união faz a força."


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 126-127.
LOPES, Hernandes Dias. Rute: Uma perfeita história de amor. Editora Hagnos. pág. 41.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1097-1100.

09 maio 2023

A CRISE ECONÔMICA NA TERRA DA JUDÉIA


(Comentário do 1º tópico da Lição 07: O relacionamento entre nora e sogra)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre a crise econômica na terra Judéia, que provocou escassez de fome em Belém, cujo nome significa “Casa de pão”. Parece até um contrassenso, a casa de pão, se tornar  um lugar de fome, carestia, seca e escassez. Falaremos também sobre a crise na família de Elimeleque. O nome de Elimeleque significa “Deus é meu Rei”, mas em momento algum ele consultou a Deus antes de ir para uma terra estranha, que servia a outros deuses. O resultado disso foi catastrófico, pois lá ele e os seus filhos morreram, deixando três mulheres desamparadas. 

1. A escassez que provocou fome na “casa de pão” (Rt 1.1). O pequeno livro de Rute tem apenas quatro capítulos e inicia com o relato de que uma família da cidade de Belém de Judá, saiu para os campos de Moabe, com a sua esposa e os dois filhos. A narrativa situa o período que se deu os fatos, de forma vaga, informando que no período em que os juízes julgavam. É difícil precisar a época em que isso aconteceu pois o período dos juízes durou cerca de 300 anos, desde a morte de Josué, até os dias do profeta Samuel.  


A cidade de Belém de Judá, cujo nome em hebraico é "Bethlem", de "Beth" (casa) e "lehem" (pão),  portanto, "Casa do Pão", era a cidade onde nasceram: Jessé, Davi, Miquéias e Jesus. Belém ficava a uma distância de 8 km ao sul de Jerusalém e a 80 km de Moabe. Esta cidade é também chamada de Efrata e, portanto, quando alguém é chamado na Bíblia de efrateu, significa que é natural de Belém. O início do Livro de Rute nos informa que houve fome na terra e, por isso, esta família saiu de Belém para os campos de Moabe. O fato de irem a Moabe, que era hostil a Israel e não a outra região de Israel, indica que a escassez ocorreu em todo o território de Israel. 


A cidade de Belém, que era uma grande produtora de grãos, agora era uma negação de si mesma, pois tornou-se um lugar de fome e escassez. A seca, a fome, as crises econômicas, as doenças e o domínio dos inimigos eram instrumentos que Deus usava para punir e disciplinar o seu povo por causa do pecado. Conforme vimos na lição anterior, o período dos juízes foi um período em que o povo de Israel caiu na Idolatria e na anarquia. Cada um fazia aquilo que achava correto. Claro que sempre houve o remanescente de Deus, que permanecia fiel, como Débora, Gideão, os pais de Sansão e outros. Entretanto, quando a maioria se afasta de Deus as consequências acabam atingindo a todos (Lv 26.19-39). 


2. A crise de uma família (Rt 1.1-3). A família de Belém que mudou-se para Moabe era formada pelo casal Elimeleque e Noemi, e os filhos, Malom e Quiliom. Era uma família abastada, pois possuía terras e bens. Entretanto, com as constantes invasões e saques dos inimigos e a seca que sobreveio à terra de Israel, como juízo de Deus, a crise econômica atingiu a todos. Diante da crise, Elimeleque decidiu buscar meios de sobrevivência para a sua família em Moabe. Do ponto de vista material, a solução que lhe pareceu mais racional, era as terras planas de Moabe, do outro lado do Mar Morto. 


Pelo significado do seu nome, “Deus é meu Rei”, é de se supor que Elimeleque era de uma família que servia a Deus. Não temos nenhum relato de que ele ou Noemi tenham abandonado a sua fé em Deus e se entregado à idolatria, como muitos da sua geração. Entretanto, não vemos também Elimeleque buscando a direção de Deus antes de deixar a terra de Israel, ou buscando o socorro de Deus para esta crise. Elimeleque agiu por conta própria e, como vimos na primeira lição deste trimestre, isso é um problema e traz graves consequências. 


Ao chegarem a Moabe, em vez de encontrar a prosperidade, a família de Elimeleque encontrou a enfermidade e, consequentemente, a morte. O patriarca da família adoeceu e veio a óbito, deixando a viúva com dois filhos, em terra estrangeira. Naqueles tempos, em que não havia previdência social, as viúvas ficavam desamparadas, exceto se tivessem filhos para sustentá-las. Os dois filhos de Noemi cresceram e se casaram com mulheres moabitas, porém, sem que tivessem filhos, acabaram morrendo também. Ficaram agora, três mulheres viúvas, sem ninguém por elas. Noemi pensava que Deus a estava punindo, talvez por causa da decisão de mudar-se para Moabe: “...a mão do Senhor se descarregou contra mim.” (Rt 1.13). Agora, ela era uma mulher viúva, velha e sem filhos, vivendo em terra estrangeira. 


Em momentos de crises na família, seja de que natureza for, o primeiro passo é buscar o socorro de Deus em oração. Antes de tomar alguma decisão também devemos buscar a direção do Senhor, pois Ele conhece todas as coisas e sabe o que é melhor para nós. É melhor está no lugar da crise, sob a direção de Deus, do que estar em um lugar supostamente de prosperidade, por conta própria. Infelizmente, muitas famílias pagam um preço muito alto, por conta de decisões precipitadas dos pais. 


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 121-124.

LOPES, Hernandes Dias. Rute: Uma perfeita história de amor. Editora Hagnos. pág. 18-20.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1097-1098.


08 maio 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 07: O RELACIONAMENTO ENTRE NORA E SOGRA

 

 

Ev. WELIANO PIRES


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA

Na lição passada, estudamos sobre o papel dos pais na formação do caráter dos seus filhos, com o tema: Pais zelosos e filhos rebeldes. Tomamos como base exemplo de Sansão, que foi escolhido por Deus antes de nascer, para libertar o povo da opressão dos filisteus. 


Os pais de Sansão procuraram ensinar ao filho a Lei do Senhor e também comportamento diferenciado que ele deveria ter como um nazireu. Entretanto não conseguiram evitar que na idade adulta ele seguisse por outros caminhos.  


Falamos por último sobre a fraqueza de caráter de Sansão. Sansão subestimava o poder do inimigo, agia de forma presunçosa, subestimava a ação de Deus em sua vida, alimentava o próprio ego, manipulava o poder de Deus e brincava com o pecado. Isso o levou à ruína e à humilhação diante dos seus inimigos. Felizmente, na iminência da sua morte, ele se humilhou, clamou ao Senhor e Deus teve misericórdia dele. 

LIÇÃO 07: O RELACIONAMENTO ENTRE NORA E SOGRA

Na lição desta semana falaremos sobre o relacionamento entre nora e sogra. Usaremos como exemplo bíblico, a emocionante história de Noemi e Rute, respectivamente, sogra e nora. É uma história dramática de uma família israelita, de Belém de Judá, que saiu da terra de Israel por causa da fome e foi para a terra de Moabe. Chegando lá, os filhos Malom e Quiliom, casaram-se com as moabitas Orfa e Rute. Depois, morreram Elimeleque, o patriarca da família, e os filhos Malom e Quiliom, deixando três mulheres viúvas. 

Noemi, a matriarca da família, diante destas tragédias, resolveu voltar à sua terra. As suas noras gostavam muito dela e quiseram acompanhá-la. Mas, ela explicou que não tinha mais filhos para se casarem com elas e ainda que casasse novamente e os tivesse, elas não iriam esperá-los crescer. Orfa, uma das noras, resolveu ficar e voltar para os seus parentes. Entretanto, Rute, a outra nora de Noemi, apegou-se tanto a ela que não quis ficar. Decidiu acompanhar a sogra aonde quer que ela fosse e servir ao Seu Deus. Assim, ambas voltaram para a terra de Israel e tiveram um maravilhoso recomeço e Rute entrou para as genealogias de Davi e de Jesus Cristo. 

No Brasil temos um estigma cultural de conflitos entre genro e sogra, ou nora  e sogra, que se transformou em tema de piadas. Infelizmente, até pessoas evangélicas se deixa levar por isso e falam que Adão foi feliz “porque  não teve sogra”. Mas isso é uma grosseria injusta e desnecessária, com a pessoa que trouxe ao mundo e criou a pessoa que amamos. O Pr. Josué Gonçalves, que há muitos anos trabalha com famílias, sabiamente disse: “Quem despreza a sogra, cospe no útero que gerou o amor da sua vida.” Honrar a sogra e a nora, portanto, é ser Deus pela família que Ele nos concedeu. O exemplo de Rute e Noemi, nos ensina que Deus honra a quem sabe honrar.

No primeiro tópico, falaremos sobre a crise econômica na terra Judéia, que provocou escassez de fome em Belém, cujo nome significa “Casa de pão”. Parece até um contrassenso, a casa de pão, se tornar  um lugar de fome, carestia, seca e escassez. Falaremos também sobre a crise na família de Elimeleque. O nome de Elimeleque significa “Deus é meu Rei”, mas em momento algum ele consultou a Deus antes de ir para uma terra estranha, que servia a outros deuses. O resultado disso foi catastrófico, pois lá ele e os seus filhos morreram, deixando três mulheres desamparadas. 

No segundo tópico, veremos como Noemi e Rute superaram a crise existencial a que foram submetidas. Depois de dez anos de sofrimento em terra estranha, Noemi voltou  à  sua terra,  acompanhada da sua nora, Rute. No convívio com Noemi, a moabita Rute conheceu o Seu Deus, descobriu que Ele é o Único Deus Verdadeiro e resolveu servi-lo.Na terra de Israel, nora e  sogra se uniram contra a crise e recomeçaram a vida, contemplando o agir de Deus. 

No terceiro tópico, falaremos sobre a fé e o trabalho numa nova perspectiva. O retorno de Noemi à sua terra, depois de dez anos, causou alvoroço entre os seus antigos conhecidos, principalmente porque ela retornou com uma nora estrangeira e sem o esposo e os filhos. Todos queriam saber o que havia acontecido, pois naquela época os meios de comunicação eram primitivos e as notícias não chegavam com facilidade como hoje. Noemi era amargurada com as tragédias que passou, mas a sua nora Rute ajudou-a a recuperar a autoestima. Rute foi trabalhar em um campo de trabalho de um parente dos seu falecido sogro Elimeleque, chamado Boaz. Ao perceber que Rute havia sido bondosa para com a sua sogra, Boaz ofereceu alimento e proteção a ambas. 

No quarto tópico, veremos como Rute encontrou o remidor da família. De acordo com as leis da época, em caso das terras terem sido vendidas, para que ela voltasse para a família, o remidor, que era o parente mais próximo da família, tinha a obrigação de comprar as terras do  falecido. Para isso, ele teria que casar-se com a viúva. No caso de Rute, o remidor da família era outro homem, mas, ele não quis e o próximo da linha sucessória era Boaz, que decidiu comprar as terras e casou-se com Rute. Por último, falaremos neste tópico, como o relacionamento entre noras e sogras podem trazer equilíbrio às famílias. Se esta relação não for boa, também poderá trazer enormes problemas. 

REFERÊNCIAS:
CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 120-121.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1097.
JÚNIOR, Robert B. Chisholm. Interpretação dos livros históricos. Editora Cultura Cristã. 1 Ed. 2011. pág. 77-78. 


MURMURAÇÃO: UM PECADO QUE NOS IMPEDE DE ENTRAR NA CANAÃ CELESTIAL

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: O perigo da murmuração) Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos que a murmuração também nos impe...