21 dezembro 2022

SOBRE O NOME DAS DOZE TRIBOS

Imagem: Pr. Luiz Henrique de Almeida

(Comentário do 2º tópico da Lição 13: O Senhor está ali)

Neste segundo tópico falaremos sobre os nomes das doze tribos de Israel, que estarão nas doze portas da cidade. Falaremos também sobre os critérios para a ordem em que estarão escritos e o propósito deste nomes constarem nas portas da Jerusalém milenial, que é estabelecer um memorial das doze tribos de Israel. Diferente da Jerusalém do milênio, na Jerusalém  celestial constará também os nomes dos doze apóstolos de Cristo, representando a Igreja do Senhor. 


1- As doze tribos de Israel. A nação de Israel foi criada e organizada pelo próprio Deus, em um sistema patriarcal. Neste sistema, a sociedade é formada por clãs ou tribos, onde o chefe ou fundador de uma família ou tribo, governa o seu grupo. Deus chamou um homem da cidade de Ur dos Caldeus, na antiga Mesopotâmia, e ordenou que ele saísse da sua terra e do meio dos seus parentes, e fosse para um terra que Deus lhe mostraria. Deus prometeu abençoá-lo, multiplicar os seus descendentes e fazer daquele homem uma grande nação, na qual seriam benditas todas as famílias da terra. Este homem era Abrão e sua esposa, Sarai. Eles não tinham filhos e obedeceram ao chamado de Deus. Depois que saíram, Deus fez uma aliança com eles e mudou-lhes os nomes, respectivamente, para Abraão e Sara. 


Os anos foram passando, o casal foi envelhecendo e nada de filhos. Sara, que era estéril, adotou um costume da época de entregar a escrava para o marido tivesse filho dela e este filho seria deles. Mas este não era o plano de Deus. Depois que o menino nasceu, Deus falou com eles novamente e reafirmou a promessa de que o casal teria um filho, a quem deveriam dar o nome de Isaque e da descendência dele, Deus faria uma grande nação. 


Isaque cresceu e casou-se com a sua prima Rebeca, com quem teve dois filhos: Esaú e Jacó. Destes, Deus escolheu Jacó, para dar continuidade ao Seu projeto de formar uma grande nação. Até então, Abraão e Isaque adotaram a monogamia. Mas Jacó, talvez influenciado pela cultura dos arameus, o seu sogro vivia, casou-se com duas irmãs: Lia e Raquel. Jacó amava Raquel e trabalhou sete anos para conseguir casar com ela, mas foi enganado pelo sogro, que lhe deu a filha mais velha, Lia, como esposa. Jacó trabalhou mais sete e, finalmente, casou também com Raquel. As duas esposam deram também a Jacó, as suas servas Zilpa e Bila, como concubinas. Destas quatro mulheres, Jacó teve doze filhos e uma filha. Por ordem de nascimento, esta é a lista dos filhos de Jacó: Rúben, Simeão, Levi, Judá, Dã, Naftali,  Gade, Aser, Issacar, Zebulom, Diná, José e Benjamim.  


Estes doze filhos, excluindo-se a filha, deveriam formar as doze tribos de Israel, quando entrassem na terra prometida. Alguns fatos aconteceram ao longo da história desde Canaã, passando pela escravidão no Egito e pelas peregrinações no deserto. Rubens, o primogênito, desonrou o pai, deitando-se com uma das suas concubinas. Depois, Jacó adotou os filhos de José, o seu filho preferido, como seus filhos. Sendo assim, a tribo de José tornou-se duas, pois Efraim e Manassés, filhos de José, passaram a ser contados como tribo. Os descendentes de Levi foram escolhidos por Deus para ser a tribo sacerdotal. Foram contados como uma tribo, mas para efeitos de herança e de operações militares não eram contados. 


Há, no entanto, cerca de 20 listas dos filhos de Jacó na Bíblia, com algumas diferenças entre elas, nos nomes e na ordem em que eles aparecem. Em algumas não aparece o nome de Levi (Nm 1.5-17); em outras, aparecem os nomes de José, Manassés aparecem juntos (Nm 1.5-17); em outras, José não aparece; e, na única lista que aparece no Novo Testamento, não aparecem os nomes de Efraim e Dã (Ap 7.4-8). As explicações e interpretações para algumas ausências e divergências na ordem do são diversas. Em alguns casos, a lista era uma contagem militar, ou de herança e, portanto, a tribo de Levi não era contada. No caso da lista de Ezequiel é uma referência aos territórios dessas tribos no milênio. A lista do Apocalipse, por sua vez, é uma referência aos 144 mil vindos de todas as tribos de Israel, na Grande Tribulação. 


2- Critério da ordem dos nomes. Sabemos que nada está na Bíblia por acaso e que há propósito para tudo o que foi escrito. Com relação à ordem em que aparecem os nomes dos filhos de Jacó, nas diversas listas, não é diferente. Os escritores bíblicos foram inspirados pelo Espírito Santo e escreveram conforme a inspiração divina que receberam. Não sabemos exatamente o critério estabelecido para uns nomes constarem em uma lista e em outras não, ou aparecerem em ordens diferentes. Há apenas interpretações e especulações diversas sobre isso. 


A lista dos filhos de Jacó, mencionada por Ezequiel não segue a ordem de nascimento dos filhos, conforme aparece em Gn 29.32-35; 30.4-13,17-27; 35.16-18. No capítulo 49 de Gênesis, quando Jacó reuniu os seus filhos e profetizou sobre eles, seguiu a ordem de nascimento dos filhos, começando com os seis filhos de Lia e terminando com os dois filhos de Raquel, José e Benjamim.


Ezequiel, por sua vez, cita os filhos de Jacó de acordo com a ordem das mães, com algumas variantes. No caso dos filhos de Lia, ele inverteu a ordem, colocando Zebulom, que é o décimo filho, na frente de Issacar, que é o nono. Alterou também os filhos das servas, começando com o primeiro filho de Bila, que é Dã, seguindo com os dois filhos de Zilpa, que são Gade e Aser, e volta ao segundo filho de Bila, que é Naftali. Por último, coloca os dois filhos de Raquel, José e Benjamim.


3- Propósito dos nomes. Qual era o propósito de ter os nomes dos patriarcas dos filhos de Israel, nas portas da cidade do milênio? Primeiro precisamos entender a cultura da época e os critérios para se escolher os nomes das pessoas, que eram totalmente diferentes da nossa cultura ocidental do século XXI. Mesmo em nossa cultura, os critérios variam de acordo com a época e o local. 


Na Babilônia, por exemplo, era comum colocar o nome de deuses as portas das cidades e até no nome das pessoas, como no caso de Daniel e seus companheiros que receberam outros nomes com referências aos deuses da Babilônia: Beltessazar, Sadraque, Mesaque e Abed-Nego. O povo de Israel também usava referências a Deus nos nomes das pessoas. A palavra hebraica "El" (Deus) está presente em vários nomes: Eli, Samuel, Elias, Eliseu, Ezequiel, Daniel, etc. Há também abreviatura do tetragrama YHWH (Yahweh) em vários nomes, como Isaías, Jeremias, Obadias, Sofonias, Zacarias, Malaquias, etc. Todos estes nomes terminam com "Yah" (abreviação de YHWH) e no início, há alguma petição, louvor, ou afirmação sobre Yahweh. 


Os antigos hebreus costumavam colocar um único nome nos filhos. Não havia sobrenomes ou prenomes. Para evitar confusão com outros nomes, às vezes acrescentavam a palavra hebraica "Ben" (filho de), mais o nome do pai. Os nomes não eram escolhidos aleatoriamente como hoje. Alguns eram emprestados de animais, plantas e fenômenos da natureza, como por exemplo Raquel, que significa "ovelha"; Tamar, que significa "palmeira" e Balaque, que significa "relâmpago". 


Muitos nomes eram escolhidos também pelas características físicas, como no caso de Esaú, que significa "cabeludo". Outros nomes eram dados pelas circunstâncias em que se deu o nascimento, como caso do neto de Eli, que recebeu o nome de "Icavod" (foi-se a glória), porque na ocasião do seu nascimento os filisteus levaram a Arca da Aliança para a terra deles. Tinha também os nomes que eram atribuídos à pessoa de acordo com alguns traços do seu caráter, como Nabal (tolo) e Noemi (agradável). 


Os israelitas, por serem a nação eleita por Deus para, através dela, enviar o Messias, valorizavam muito as genealogias e os nomes dos antepassados. As heranças, e sucessões de reis e sacerdotes, eram estabelecidos com base no critério genealógico. Tinha ainda as profecias relacionadas ao Messias, que indicavam que Ele seria descendente de Davi. Então, os descendentes de Davi conservavam as informações das suas genealogias. 


O nome de alguém em em uma porta da cidade ou nas colunas era uma forma de homenagear, como acontece hoje em nomes de ruas ou edifícios públicos. Era também uma forma de indicar a possessão de um território, pois em Israel a terra não poderia ser vendida e tinha que ficar com os herdeiros. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 149-150.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pág. 488.

WALTON, John H.; MATTHEWS, Victor H.; CHAVALAS, Mark W. Comentário Bíblico Atos Antigo Testamento. Editora Atos. pág. 750.

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. págs. 1370; 1472.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. 11 ed. 2013. pág. 518.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 227.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento. Vol. I. Editora Central Gospel. pág. 216.

LOPES, Hernandes Dias. Gênesis, o Livro das origens. Editora Hagnos. Ed. 2021.


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Ev. Weliano Pires

20 dezembro 2022

SOBRE A CIDADE

(Comentário do 1º tópico da Lição 13: O Senhor está ali)


No primeiro tópico traz falaremos sobre as saídas, o formato e as doze portas da cidade vista por Ezequiel. O capítulo 48 de Ezequiel, que é o último capítulo e a conclusão do livro, é uma continuidade do capítulo 47, que estudamos na lição passada. A partir do versículo 13, do capítulo 47, o Senhor fala a respeito da herança das tribos de Israel. O capítulo 48 continua este assunto e inicia falando da distribuição da terra de Israel entre as doze tribos. Este será o assunto do segundo tópico. 

Falaremos antes dos detalhes da cidade vista por Ezequiel, que estão registrados a partir do versículo 30 até o 34. É preciso destacar que, apesar das semelhanças, desta cidade que Ezequiel viu, com a Nova Jerusalém vista por João no Apocalipse, não se trata da mesma cidade. Esta Jerusalém do milênio será no mesmo local da atual Jerusalém, no território de Israel, com algumas alterações nas medidas, no formato e nas portas. A Nova Jerusalém, no entanto, descerá do Céu e é onde os salvos passarão a eternidade.

1– “E estas são as saídas da cidade” (v.30). No texto de Ezequiel não aparece o nome da cidade de Jerusalém, mas, como disse o comentarista, o contexto deixa claro que se refere à cidade de Jerusalém. Não é a Jerusalém atual, pois o formato, os limites, as medidas e as portas são completamente diferentes. Esta cidade será construída no milênio, após a Grande Tribulação, quando o Senhor Jesus estabelecer o seu Reino de mil anos aqui na terra. 

No versículo 30, o profeta faz referência às saídas da cidade. O comentarista esclarece que a palavra traduzida por “saídas” (heb. totsa’oth) não se refere a uma mera porta de saída e sim às extremidades ou limites da cidade. Esta palavra aparece somente uma vez em Ezequiel e em outras partes da Bíblia aparece com o sentido de limites ou extremidades. Embora a palavra “saída” não esteja errada e seja a mais familiar, não se aplica bem ao contexto que trata, na verdade, das extremidades da cidade. É apenas uma explicação técnica sobre o uso da palavra por saída neste texto. 

2- Formato da cidade (v. 31). Ezequiel viu uma cidade quadrada, cujas medidas de comprimento e largura são iguais: “Estas serão as suas dimensões: o lado norte, de dois mil duzentos e cinquenta metros, o lado sul, de dois mil duzentos e cinquenta metros, o lado leste, de dois mil duzentos e cinquenta metros, e o lado oeste, de dois mil duzentos e cinquenta metros”. (Ez 48.16). Este formato quadrado e com estas medidas não corresponde à cidade de Jerusalém em nenhum período da sua história, conforme podemos ver nos mapas abaixo:


Fonte: Bíblia de Estudo de Andrews / Casa Publicadora Brasileira. 

Fonte: Mapas Blog


A cidade de Jerusalém pertencia aos Jebuseus e foi conquistada por Davi, por volta de ano 1000 a.C., por isso, ficou conhecida como "Cidade de Davi". Depois, nos dias de Salomão, ela foi ampliada, com a construção de Palácios e do templo. Entretanto, nem nos dias de Davi, nem nos dias de Salomão, a cidade teve este formato descrito por Ezequiel. Com a divisão do Reino, nos dias de Roboão, Jerusalém ficou sendo a capital apenas do Reino do Sul e Samaria passou a ser a capital do Reino do Norte. Esta Jerusalém dos tempos de Salomão foi completamente destruída pelo exército da Babilônia, nos dias de Ezequiel. 

No governo do imperador Ciro da Pérsia, com o fim do cativeiro, a cidade de Jerusalém teve os seus muros reconstruídos por Neemias e o templo por Zorobabel. A cidade foi reconstruída aos poucos, devido às dificuldades financeiras e oposição dos inimigos de Israel. Nunca mais voltou a ter a imponência dos tempos de Salomão. Também não era quadrada e não incluía as doze tribos, pois as dez tribos do Reino do Norte não retornaram do cativeiro da Assíria. 

Depois do cativeiro babilônico, os judeus voltaram à sua pátria, mas não voltaram a ser independentes. Continuaram sob o domínio dos persas, depois dos gregos e, por último, dos romanos, até serem finalmente expulsos da sua pátria. Isso, evidentemente, repercutiu na cidade de Jerusalém. No tempo de Jesus, Jerusalém estava sob o domínio romano e também era muito diferente deste formato descrito por Ezequiel. A Jerusalém do tempo de Jesus foi completamente destruída pelos romanos no ano 70 d.C. Posteriormente, sobre as ruínas de Jerusalém, o imperador Adriano reconstruiu a cidade em 131 d.C. e deu-lhe o nome de Élia Capitolina. 

Atualmente Jerusalém é uma cidade que fica no território de Israel e é a sede do governo. Jerusalém foi proclamada como capital de Israel em 1949 e a cidade foi dividida entre Israel e Jordânia, ficando apenas uma parte como capital de Israel. Na guerra dos seis dias, em 1967, Israel assumiu o controle da cidade, porém, a comunidade internacional não reconhece este domínio. Há uma disputa histórica pelo domínio da cidade, entre palestinos e israelenses.

Todas estas invasões, destruições e reconstruções da cidade de Jerusalém provocaram, evidentemente, transformações em seu formato e em seus limites. Nenhum destes formatos históricos de Jerusalém corresponde ao descrito por Ezequiel. Portanto, esta cidade vista por Ezequiel é a Jerusalém que será construída no milênio, pois a atual Jerusalém também será destruída na Grande Tribulação. Entretanto, não deve ser confundida com a Nova Jerusalém da eternidade.

3- As doze portas (vv.31-34). Na visão de Ezequiel a cidade tinha um formato quadrado, com três portas em cada um dos pontos cardeais: Norte, Sul, Leste e Oeste, perfazendo um total de doze portas. Cada uma destas portas correspondia a uma das tribos de Israel. A ordem dos nomes das tribos estava em sentido horário, com critérios específicos, como veremos no segundo tópico. 

A Jerusalém, no período de Jeremias e Ezequiel, tinha apenas seis portas: Porta do Povo (Jr 17.19); Porta do Sol (Jr 19.2); Porta de Benjamim (Jr 20.2; 37.13; 38.7); Porta da Esquina (Jr 31.38); Porta dos Cavalos (Jr 31.40); Porta do Meio (Jr 39.3); e Porta Entre os Muros (Jr 52.7). Por causa destas diferenças, alguns acham intrigante tanto o formato quadrado, como o templo no centro e as doze portas, pois não há nenhum paralelo disso no Antigo Testamento, antes de Ezequiel. Alguns chegam a sugerir que ele teria se inspirado na torre de Marduque, deus babilônico, que tinha era um quadrado com doze portas. Entretanto, as revelações que Ezequiel teve vieram de Deus e não da sua própria cabeça, ou de coisas que ele viu. 

4- Origem do formato e das portas. Se a cidade vista por Ezequiel era diferente da cidade de Jerusalém em todas as épocas, como já vimos, de onde Ezequiel tirou o formato da cidade e a quantidade de portas? Conforme vimos acima, o templo de Marduque, na Babilônia, tinha este formato quadrado e doze portas. Mas não faria nenhum sentido, um profeta do Senhor buscar inspiração em um templo pagão, dos algozes do seu povo. 

A Cidade vista por Ezequiel ainda será construída. Esta visão, conforme já falamos várias vezes nesta e em outras lições, é literal e futurista. Ou seja, irá se cumprir literalmente e refere-se ao período do milênio. Apesar das semelhanças com a Jerusalém Celestial, não se trata da mesma cidade. A Nova Jerusalém vista por João tinha quatro laterais e doze portas, porém tinha o formato de um cubo perfeito, ou seja, as suas medidas de comprimento, largura e altura eram iguais (Ap 21.16). Na Cidade que João viu, além dos nomes das doze tribos de Israel nas portas, a cidade tinha também doze fundamentos, com os doze nomes dos apóstolos de Jesus (Ap 21.14).

A Jerusalém do milênio, vista por Ezequiel, é apenas uma figura da Nova Jerusalém, que descerá do Céu, após o juízo final, e estará no Novo Céu e Nova Terra. (Ap 21.1,2). A Jerusalém Celestial é um projeto arquitetônico do próprio Deus. Abraão e outros heróis da fé, aguardavam esta cidade, sem a conhecer, pela fé: “Pela fé, habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus.” (Hb 11.9,10). Lá será o nosso eterno lá. Paulo disse que a nossa pátria está nos céus (Fp 3.20).


REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 146-147.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3359.

Bíblia de Estudo Shedd. Editora Shedd. pág. 1223.

TAYLOR, John B. Ezequiel: Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 254-255.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 822.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo Antigo Testamento. Vol. IV. Editora Central Gospel. pág. 304.


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Ev. Weliano Pires

19 dezembro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: O SENHOR ESTÁ ALI


Graças a Deus, chegamos ao final de mais um trimestre de estudos em nossa Escola Bíblica Dominical. Estudamos o Livro do profeta Ezequiel, não todo o livro de forma exegética, mas com um tema específico do Livro que é “A Justiça divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel.”  Convém fazer uma revisão de cada uma das lições estudadas, para melhor fixar o aprendizado. Veja aqui no blog, um resumo das treze lições estudadas. 


Esta última lição é uma conclusão dos assuntos estudados no Livro do profeta Ezequiel. A lição mostra as características da cidade de Jerusalém no milênio. O Livro de Ezequiel termina mostrando as fronteiras da cidade de Jerusalém no Milênio e a divisão da terra entre as tribos de Israel. O Senhor é o grande arquiteto desta cidade glorificada.


Ezequiel viu a glória de Deus retornar ao templo, depois da restauração nacional e espiritual de Israel. Agora, ele finaliza o Livro mostrando que o próprio Deus estará presente no meio do Seu povo. O nome da cidade será “O SENHOR está ali” (Heb. Yahweh Shammah). Isto significa que Deus está presente nesta cidade, como esteve no Jardim do Éden com o primeiro casal, antes da queda. 


O primeiro tópico traz as descrições do formato e medidas da cidade de Jerusalém. É preciso destacar que apesar das semelhanças, desta cidade que Ezequiel viu, com a Nova Jerusalém vista por João no Apocalipse, não se trata da mesma cidade. Esta Jerusalém do milênio será no mesmo local da atual Jerusalém, no território de Israel. A Nova Jerusalém, no entanto, descerá do Céu e é onde os salvos passarão a eternidade.


O segundo tópico fala sobre os nomes das doze tribos de Israel, nas doze portas da cidade. Vemos neste tópico os nomes das tribos, os critérios para a ordem em que estarão escritos e o propósito deste nomes constarem nas portas da Jerusalém milenial, que é estabelecer um memorial das doze tribos de Israel. Na Nova Jerusalém, haverá também os nomes dos apóstolos de Cristo, representando a Igreja. 


O terceiro tópico fala sobre o nome da cidade, que será “O SENHOR está ali”. Ao longo da sua história, Jerusalém já foi chamada por vários nomes: Salém, Jebus, Cidade de Davi, Sião e Jerusalém. No milênio, ela não será mais identificada com os pecados e abominações do passado. Mas, será chamada por um título que identifica a presença de Deus: Yahweh Shammah, que significa “o Senhor está ali”. Esta expressão aparece somente neste texto de Ezequiel e indica a onipresença de Deus. 



REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 145-146.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3359.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pág. 699-671.


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Ev. Weliano Pires

16 dezembro 2022

SOBRE O CONTEXTO GEOLÓGICO DO VALE DO MAR MORTO


(Comentário do 3º tópico da Lição 12: Imersos no Espírito nos últimos dias)

No terceiro tópico desta lição, falaremos do contexto geológico do Mar Morto. Geologia é a ciência natural que estuda a Terra e sua origem, composição, história, vestígios deixados por fósseis, transformações, idade e outras coisas relacionadas ao planeta. A  palavra geologia deriva de dois vocábulos gregos: “geo” (Terra) e “logos” (estudo, doutrina). 


A região do Mar Morto ou Mar Salgado é a parte mais baixa do globo terrestre, pois fica a 396 metros abaixo do nível do mar. Devido à grande quantidade de sal, não nascem plantas na região e os animais não sobrevivem ali. Entretanto, nesta visão, Ezequiel viu uma grande quantidade de árvores e uma multidão de peixes (Ez 47.7-9). Isso mostra a restauração da criação que acontecerá no Milênio. O profeta viu ainda alguns charcos lanceiros com sal, que não foram restaurados. No quarto subtópico falaremos sobre o significado disso.  


1- A abundância de árvores (v.7). No versículo 7, do capítulo 47, Ezequiel diz o seguinte: “E, tornando eu, eis que à margem do ribeiro havia uma grande abundância de árvores, de uma e de outra banda”. Esta localização geográfica, descrita na profecia aponta para a região do Mar Morto, chamado na Bíblia de “Mar das Campinas ou Mar Salgado” (Js 3.16). As águas do Rio Jordão desembocam neste mar. Há um vale desértico no final do Rio Jordão, chamado de Vale do Arabá (heb. A’ravah), que vai desde a região da Galiléia até o Mar Morto. Nesta região ficavam as cinco cidades-estado (Pentápolis), dos dias de Ló: Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar, que foram destruídas por Deus com fogo e enxofre, por causa do pecado. Neste vale há uma concentração de sais minerais muito grande, que não nasce nada, nem mesmo capim (Dt 29.23). Por não haver água doce e o solo ser extremamente salgado, não há nenhuma espécie de vida animal ou vegetal na região, exceto alguns tipos raros de bactérias, que são resistentes ao sal.


A profecia de Ezequiel 47, no entanto, afirma que as águas sanadoras que fluirão do templo banharão este vale e fertilizarão estas terras, a ponto de produzirem uma grande abundância de árvores de um lado e do outro, do vale que hoje é deserto e estéril por causa da grande concentração de sais minerais. Ezequiel ficou perplexo, pois ele conhecia aquela região desértica, símbolo de esterilidade e ausência de vida e agora a via semelhante ao Jardim do Éden, com o verde abundante das árvores nas margens de um rio de águas sanadoras correntes.


2- O Mar Morto (v.8). No versículo 8, do capítulo 47, o guia celestial fala para Ezequiel qual é o destino final destas águas: "Estas águas saem para a região oriental, e descem à campina, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, sararão as águas.” Este mar que aparece aqui é o Mar Morto. Antes da destruição das cinco cidades, era chamado de Vale de Sidim. Depois, passou a se chamar Mar de Sal (Gn 14.3), Mar das Campinas ou Mal Salgado (Js 3.16). Este mar é chamado de Mar de Sal, por causa da enorme concentração de sal que as suas águas possuem, que é em torno de 30%. Para se ter uma ideia dessa proporção de sal, as águas dos oceanos possuem apenas 3%, ou seja, as águas do Mar Morto possuem 10 vezes mais sal do que as águas dos oceanos. 


Este mar, na verdade, é um lago com cerca de 60 km de comprimento e 22 de largura no ponto mais largo. Apesar de receber água doce do Rio Jordão e de outros córregos, elas se tornam extremamente salgadas, a ponto de uma pessoa flutuar nelas e não conseguir mergulhar devido a densidade altíssima da água salgada. Como não há escoamento desta água ela sai através da evaporação. A temperatura é bastante elevada no local. A média no verão fica entre 32 e 39°C. e no inverno, entre 20 e 23°C. O Mar Morto está situado no ponto mais baixo da terra e fica a 396 metros abaixo do nível do mar. 


3- Vida no Mar Morto (vv.9,10). Nos versículos 9 e 10, e guia celestial que todos os seres vivos que passarem pelas águas sanadoras, que desembocarão no Mar Morto, viverão.  Haverá também lugares para os pescadores estenderem as suas redes na região desde En-gedi até En-glaim e haverá uma multidão de peixes, como Mar Mediterrâneo. 


En-gedi (no hebraico, a pronúncia é "En - Guedi") é um pequeno Oásis, que fica na região da Judéia, próximo ao Mar Morto (Já 15.62). Davi se abrigou neste local quando foi perseguido por Saul (1 Sim 23.29; 24.1). A localização de En-glaim é incerta. Alguns comentaristas dizem que seriam a outra margem do Mar, onde está localizada a Jordânia atualmente, mas há controvérsias, por causa da indicação da direção na linguagem da profecia.


O fato é que não há precedentes na história de um cenário de prosperidade e vida naquela região como este visto por Ezequiel. Um lugar tomado pelo sal e pela esterilidade, onde não nascia sequer capim, transformado em um rio de águas puras e cristalinas, com uma multidão de peixes e pescadores trabalhando no local. Este será o ambiente de vida e prosperidade que o Reino de Cristo proporcionará no Milênio. 


4- Sobre os charcos lamaceiros com sal que não será restaurada (v.11). Neste contexto de árvores frutíferas nas margens do rio, cheio de peixes, no versículo 11 é dito que os charcos e os seus pântanos não serão restaurados e que ficarão para sal. Charcos e pântanos são buracos onde a água fica parada e acumula sujeira e resíduos orgânicos, tornando-se imprópria. 


Soa estranho que no meio de uma área onde as águas são completamente restauradas a ponto de produzir árvores frutíferas e peixes em abundância, fiquem algumas poças de águas salinizadas e não restauradas. Essa parte da profecia tem gerado controvérsias entre os intérpretes. Alguns entendem que, devido a dessalinização de todo o Vale do Arabá e do Mar Morto, a manutenção destes charcos com águas salinizadas seria benéfico para a economia no milênio. Outros, no entanto, acreditam que isso é simbólico e indica que, mesmo após a restauração nacional e espiritual de Israel, ainda haverá pecados, envelhecimnto e mortes no milênio, apesar de ser em escala muito inferior ao que ocorre hoje (Is 65.20-23). O pecado e a morte seriam exceções. O envelhecimnto seria muito diferente do que é hoje. Uma pessoa de 100 anos, por exemplo, seria considerada jovem. Há ainda a interpretação absurda do calvinismo extremado, que diz ser plano de Deus que alguns permaneçam no pecado, pois Deus se aproveita disso também. Não dá para afirmar com certeza, o que esta parte significa. Mas dá para rejeitar esta posição calvinista, pois ela atenta contra o caráter santo de Deus. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 140-141.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3354, 3355.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pág. 624-627.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1084


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Ev. Weliano Pires


15 dezembro 2022

SOBRE A IMPLICAÇÃO PNEUMATOLÓGICA


(Comentário do 2º tópico da Lição 12: Imersos no Espírito nos últimos dias)

Neste segundo tópico falaremos sobre a implicação pneumatológica desta visão. O que isto significa? É uma referência ao Espírito Santo, que enche o interior dos crentes. A palavra espírito em grego é "pneuma". Por isso, o estudo da pessoa e obra do Espírito Santo é chamada de Pneumatologia. 


No primeiro tópico nós fizemos a interpretação do texto, que deve ser literal e se refere ao milênio. Entretanto, o texto pode ser aplicado à obra do Espírito Santo no crente, pois a água é um dos símbolos do Espírito Santo na Bíblia. Jesus disse que “aquele que crer nele, como diz a Escritura, rios de águas vivas correrão em seu interior'' (Jo 7.37-39). 


Apesar do texto de Ezequiel 47 não ser uma referência à ação do Espírito Santo, ele pode ser aplicado em forma de comparação, pois assim como a água limpa, refrigera e é vital para a vida humana, o Espírito Santo também limpa, refrigera e é indispensável na vida espiritual do crente. 


1- As águas (vv. 3-6). Ezequiel teve a visão das águas vindo do interior do templo e saindo pelo umbral da porta, seguindo para o Oriente e formando um rio com grande correnteza. A partir desta visão, o guia celestial o conduziu para dentro das águas. No primeiro trecho, ele andou com as águas cobrindo os seus tornozelos, por mil côvados, que equivalem a aproximadamente 500 metros. 


Um côvado era uma unidade de medida de comprimento, que ia do cotovelo à extremidade do dedo médio de um homem, que dava 45 centímetros aproximadamente, pois variava de acordo com a região. Em algumas regiões era 44,5 centímetros e em outras 50 cm e chegava até 52,5 centímetros, como o côvado nobre do Egito. Por isso, o comentarista colocou que 1000 côvados equivalem a aproximadamente 500 metros. 


Continuando, no segundo trecho, Ezequiel andou mais quinhentos metros, com as águas alcançando os seus joelhos. Depois, mais quinhentos metros e as águas alcançaram os lombos. Finalmente, depois de mais quinhentos metros, cobriram todo o seu corpo e ele teve que seguir nadando. Depois, o guia celestial trouxe o profeta de volta. 


Conforme vimos no primeiro tópico e também falaremos mais no terceiro tópico, a interpretação desta profecia é literal e futurista. Isso realmente vai acontecer literalmente no templo do milênio. Ou seja, haverá um templo no milênio e a terra e as águas daquela região serão curadas. Mas há também uma aplicação teológica deste texto em relação à ação do Espírito Santo, que tem a água como um dos seus símbolos. Ao adentrar nestas águas terapêuticas que vinham do templo e formavam uma grande corrente de águas em direção ao Mar Morto, o profeta foi inundado com a fonte do milagre da restauração. Quando o ser humano recebe a Cristo como Salvador, o Espírito Santo passa a morar em seu interior e produz uma profunda transformação, que Jesus chama de Novo Nascimento (Jo 3.3-5).


2- O Espírito Santo. No Antigo Testamento, há poucas informações sobre o Espírito Santo. Vemos a atuação do Espírito Santo na criação, quando Ele se movia sobre as águas. Vemos também a ação do Espírito Santo na vida de algumas pessoas, capacitando-as para fazer coisas extraordinárias em momentos específicos. 


O Espírito Santo revelou segredos, deu sabedoria, deu forças a Sansão, capacitou outros para liderar e falava através dos profetas. Por não ser revelado diretamente que o Espírito Santo é uma pessoa no Antigo Testamento, os Judeus não crêem nisso. As Testemunhas de Jeová também dizem que o Espírito Santo não é uma pessoa, mas é a força ativa de Jeová. 


No Novo Testamento, no entanto, há muito mais informações sobre a pessoa e obra do Espírito Santo. O Espírito Santo é uma pessoa, pois Ele tem as três características inerentes a uma pessoa: Intelecto, sentimentos e vontade. Encontramos em vários textos da Bíblia, ações do Espírito que demonstra que Ele é uma pessoa. O Espírito Santo se entristece (Ef 4.30); intercede (Rm 8.26); fala (At 13.2); convence (Jo 16.8); guia (Jo 16.13).


Além de ser uma pessoa, conforme vimos, o Espírito Santo também é Deus. Ele possui os atributos incomunicáveis de Deus, que são aquelas características que somente Deus possui. O Espírito Santo é eterno (Hb 9.14); Onisciente (1 Com 2.10); Onipresente (Sl 139.7). Outra coisa importante, que mostra que o Espírito Santo é Deus, está no episódio envolvendo o casal Ananias e Safira, que mentiram dizendo que haviam vendido uma propriedade por um preço menor do que o verdadeiro, para não entregar todo o valor aos apóstolos. O Espírito Santo revelou a Pedro o que havia acontecido e ele indagou a Ananias, dizendo: "Por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da propriedade? Guardando-a, não ficava para ti? Não mentiste aos homens, mas a Deus". (At 5.3,4). 


Há vários símbolos na Bíblia que ilustram a ação do Espírito Santo: o fogo, o vento, a pomba, o óleo, a água, etc. Isto não significa que o Espírito Santo é algum destes elementos, ou que todas as referências bíblicas a estes elementos se referem ao Espírito Santo. São apenas símbolos, que devem ser analisados à luz do respectivo contexto. 


No caso da água, que é o símbolo que estamos tratando aqui, usamos a ação refrescante, purificadora e vital da água, para comparar com as ações do Espírito Santo nesse sentido. 60% do corpo humano é formado de água e se houver redução deste volume por causa de vômitos, abstinência ou diarréia, a pessoa pode morrer devido à desidratação. Da mesma forma, o Espírito Santo é indispensável à vida do crente. Paulo disse que "... se alguém não tem o Espírito de Deus, esse tal não é dele". (Rm 5.9b).


3- Imerso nas águas e no Espírito (vv.3-5). A palavra chave desta lição é “imersão”, que significa mergulhar ou introduzir algo em um líquido. Na visão de Ezequiel ele foi entrando aos poucos nas águas sanadoras, até ser completamente imergido. 


Quando nos convertemos a Cristo, o Espírito Santo entra no nosso interior e, como disse Jesus, rios de água viva correm do nosso ventre. (Jo 7.38). Logo na sequência deste texto, João explica que Jesus disse isso, referindo - se ao Espírito Santo, que aqueles que crêem em Jesus iriam receber. 


No batismo em águas, somos completamente mergulhados nas águas, simbolizando o sepultamento do velho homem e o ressurgimento de uma nova criatura. Por isso, o nosso batismo é feito por imersão. Aliás este é o significado da palavra batismo. 


João Batista, quando batizava no deserto da Judeia, dizia que ele batizava com água, mas o que viria depois dele, iria batizar com o Espírito Santo (Mc 1.8). Ou seja, iria mergulhar a pessoa no Espírito Santo. Neste contexto, Jesus é o batizador e o Espírito Santo é o elemento onde a pessoa é mergulhada, assim como era a água no batismo de João. 


Em outros textos bíblicos é dito que os crentes foram "cheios do Espírito Santo", como em Atos 2.4 e Atos 4.8. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios disse: "Não vos embriagueis com vinho em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito". (Ef 5.18). O que significa ser cheio do Espírito Santo? Se o Espírito Santo é uma pessoa, como falamos no subtópico anterior, como alguém pode ser cheio do Espírito? 


Nos dois primeiros exemplos e em outros do Livro de Atos, ser cheio do Espírito Santo é o mesmo que ser batizado no Espírito Santo. É uma referência ao revestimento de poder, que concede ousadia e fervor ao crente para fazer a obra de Deus. Ser batizado no Espírito Santo não é apenas falar em línguas, se alegrar ou fazer barulho durante o culto. O falar em línguas é a evidência de que o crente foi batizado com o Espírito Santo. Mas o batismo é muito mais do que isso.


Os apóstolos depois que foram cheios do Espírito Santo nunca mais foram os mesmos. Antes disso, eles fugiram quando Jesus foi preso e crucificado. Pedro o acompanhou de longe e, quando perguntaram se ele era um dos discípulos, ele negou por três vezes. 


Depois do Pentecoste, eles pregavam ousadamente a Palavra de Deus em Jerusalém, enchendo a cidade com a Palavra de Deus, mesmo diante de intensa perseguição. Quando foram presos e ameaçados, eles disseram que não poderiam deixar de falar do que tinham visto e ouvido (At 4.20) e que importava mais obedecer a Deus do que aos homens (At 5.29). 


Na recomendação de Paulo aos Efésios, no entanto, ser cheio do Espírito se contrapõe a estar embriagado com vinho e viver em contendas. O contexto fala de uma vida santa, em oposição ao estilo de vida dos ímpios. Então, é uma alusão ao Fruto do Espírito que produz no crente: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança (Gl 5.22). Estas virtudes são o resultado de andar no Espírito e se opõe às obras da carne que são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,

Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e outras coisas semelhantes." (Gl 5.19-21).


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus Para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 139-140.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3354.

BLOCK, Daniel; Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 623-624.

PALMA, Anthony de. O Batismo no Espírito Santo e com Fogo. Editora CPAD. pag. 49.

GRAHAM, Billy. Poder do Espírito Santo. Editora Vida Nova. pág. 103.

Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 632.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: ATOS A APOCALIPSE, Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 14.

KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento Atos. Volume I. Editora Cultura Cristã. pág. 110-111.


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Ev. Weliano Pires


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