10 dezembro 2022

SANTIDADE E GLÓRIA

(Comentário do 3º tópico da Lição 11: A visão do Templo e o Milênio)

Neste terceiro e último tópico falaremos sobre santidade e glória. Diferente da outra visão que Ezequiel teve, quando se praticavam abominações no templo e a glória de Deus se foi, agora o profeta viu o retorno da glória de Deus, que encheu o templo, como aconteceu nos dias de Moisés e Salomão. Ezequiel viu também um guia celestial, cujas características são iguais às manifestações teofânicas do Cristo pré-encarnado. Nesta nova dispensação haverá santidade plena e não entrará nada imundo no templo.


1- A glória de Deus volta ao Templo (v.5). Na lição 03 deste trimestre estudamos sobre a visão que Ezequiel teve das abominações que eram praticadas no templo em Jerusalém. O profeta foi arrebatado em espírito e viu dentro do templo, a imagem dos ciúmes, que muitos estudiosos a identificam como a deusa Aserá. Viu também as imagens de vários répteis, de outros animais impuros e ídolos, gravados nas paredes. Nesta visão, Deus mostrou ainda ao profeta, os anciãos de Judá em pé, com os seus incensários diante destas abominações. Para piorar, praticavam um ritual a Tamuz, uma divindade babilônica, que era considerado o deus da vegetação e dos rebanhos. Depois, Ezequiel viu 25 homens de costas para o templo, virados para o Oriente, adorando o sol. 


Estas e outras afrontas ao Deus de Israel resultaram, naturalmente, na saída da glória de Deus do templo, como estudamos na lição 04. A Glória de Deus foi saindo do templo, de forma progressiva. Primeiro, a glória se levantou do querubim sobre a arca da aliança, passando para a entrada do templo. Depois, pairou sobre os querubins e, aos poucos, afastou-se completamente do templo e parou no monte das Oliveiras. Depois desta visão que Ezequiel teve da saída da Glória de Deus do templo, os babilônios vieram, saquearam o templo e o destruíram. a beleza e esplendor físico do templo eram os mesmos dos dias de Salomão. Quando a presença de Deus se foi, os inimigos conseguiram destruir tudo. Isto nos traz um alerta de que a presença de Deus é fundamental em nossas vidas. Somos o templo do Espírito Santo (1 Co 6.19), mas, se nos entregarmos a práticas abomináveis, Ele se  entristece (Ef 4.30) e nos deixará.


Agora nesta visão, Ezequiel descreve no capítulo 43 e versículo 5, o retorno da glória de Deus ao templo: “E levantou-me o Espírito, e me levou ao átrio interior; e eis que a glória do SENHOR encheu a casa.” (Ez 43.5). Ezequiel havia contemplado a visão do vale de ossos secos, que falavam da restauração nacional de Israel. Contemplou também o interior deste novo templo. Entretanto, faltava o mais importante, que era a glória ou a presença do Deus de Israel. Tudo o que fizermos na obra de Deus pode ser belo, bem feito, esplendoroso e até aplaudido. Mas, se a presença de Deus não for conosco, nada valerá. Moisés entendeu muito isso, quando estava com o povo de Israel no deserto. Após o lamentável episódio do bezerro de ouro, Deus se irou contra Israel e falou que a sua presença não iria com o povo, mas enviaria um anjo. Moisés intercedeu diante de Deus pelo povo e disse: “Se a tua presença não for conosco, não nos faças subir daqui.” (Êx 33.15). 


Davi também, depois de ter cometido adultério e homicídio foi repreendido pelo profeta Natã. Tomado pelo sentimento de culpa, ele se arrependeu e escreveu a sua confissão no Salmo 51, pedindo perdão e restauração a Deus. Um dos seus pedidos foi para que Deus não o lançasse fora da Sua presença: “Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo.” (Sl 51.11). A presença de Deus é indispensável em nossas vidas. Mas Deus é absolutamente santo e a sua presença não pode conviver com abominações. Quando o ser humano opta por viver no pecado, a glória de Deus se vai. Se, porém, se arrepender, o Senhor está pronto a perdoar e a sua presença retorna. 


2- A identidade do guia celestial (vv. 6,7). Nos versículos 6 e 7 do capítulo 43, Ezequiel relata que ouviu uma voz de dentro do templo falando com ele e um homem se pôs junto dele. As palavras que Ezequiel ouviu, aparecem na primeira pessoa do singular: “...Este é o lugar do meu trono e o lugar das plantas dos meus pés, onde habitarei no meio dos filhos de Israel para sempre; e os da casa de Israel não contaminarão mais o meu nome santo”. Estas declarações, evidentemente, são do próprio Deus e não de um anjo. 


Em outros textos do Antigo Testamento aparece também este personagem falando como Deus, em primeira pessoa, e é identificado como “O Anjo do SENHOR” (com A maiúsculo). A palavra anjo em hebraico é “Malak” que significa “mensageiro”. Então, a expressão “Anjo do Senhor” significa literalmente “Mensageiro do Senhor”. Este mensageiro pode ser um ser espiritual, ou ser humano enviado por Deus. Malaquias, por exemplo, anunciou a vinda de João Batista dizendo: Eis que eu envio o meu anjo, [Malak] que preparará o caminho diante de mim; e, de repente, virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, o anjo do concerto, a quem vós desejais; eis que vem, diz o Senhor dos Exércitos.” (Ml 3.1). 


Nas passagens do Antigo Testamento, onde aparece a expressão “O Anjo do SENHOR” (com A maiúsculo), os teólogos dizem que é o próprio Deus quem está falando. Por exemplo, quando o Anjo do Senhor falou com Agar no deserto, falou como Deus, na primeira pessoa do singular: “... Multiplicarei sobremaneira a tua semente, que não será contada, por numerosa que será.” (Gn 16.10). A própria Agar entendeu que havia contemplado no deserto o “Deus que vê” (heb. El Roí): Tu és Deus da vista, porque disse: Não olhei eu também para aquele que me vê? (Gn 16.13). 


Em Gênesis 22, no episódio em que Deus provou a Abraão, mandando que ele sacrificasse o seu filho Isaque, quando Abraão ia matá-lo, o “Anjo do Senhor” o impediu, dizendo: “Por mim mesmo, jurei, diz o Senhor, porquanto fizeste esta ação e não me negaste o teu filho, o teu único, que deveras te abençoarei e grandissimamente multiplicarei a tua semente como as estrelas dos céus e como a areia que está na praia do mar; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos. E em tua semente serão benditas todas as nações da terra, porquanto obedeceste à minha voz.” (Gn 22.15-18). 


Este mesmo personagem apareceu a Jacó, identificando-se como Deus: “Eu sou o Deus de Betel, onde tens ungido uma coluna, onde me tens feito o voto; levanta-te agora, sai-te desta terra e torna-te à terra da tua parentela.” (Gn 31.13). Falou também com Moisés, Josué, com Manoá pai de Sansão, com Gideão e muitos outros, da mesma forma. 


Estas manifestações pessoais de Deus são chamadas na teologia de “teofania”. Esta palavra deriva de dois termos gregos: “Theós” (Deus) e “phainein” (manifestar, mostrar). Em muitos casos, o Anjo do SENHOR fala na primeira pessoa do singular como sendo o próprio Deus e, ao mesmo tempo, como um ser distinto de Deus o Pai. Os teólogos vêem nisso uma manifestação de Cristo, que é Deus, antes da Sua encarnação. Estas manifestações são chamadas de “Cristofania”


Um exemplo desta manifestação cristofânica está em Juízes 13.18: “E o Anjo do Senhor lhe disse: Por que perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso?”. (Jz 13.18). Os pais de Sansão entenderam que se tratava do próprio Deus e temeram morrer: “Certamente morreremos, porquanto temos visto a Deus” (Jz 13.22). Posteriormente, o profeta Isaías falando sobre o Messias disse: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Is 9.6). Concluímos, portanto, que este Ser visto por Ezequiel era o Filho de Deus, em uma manifestação pré-encarnação. 


3- Santidade para sempre (vv. 8,9). Nos versículos 7, 8 e 9, o Senhor relembra a Ezequiel das abominações praticadas pelo povo de Israel, que formaram uma parede entre eles e Deus, por isso, foram consumidos pela ira de Deus. Entretanto, Deus promete que isso não acontecerá mais. A idolatria foi abolida completamente de Israel com o cativeiro babilônico e todas as demais abominações praticadas desaparecerão com a restauração espiritual de Israel. 


A santidade é um dos atributos comunicáveis de Deus. Deus é absolutamente santo em sua essência e caráter. Evidentemente, nenhum ser humano jamais atingiria o nível de santidade de Deus. Mas Deus compartilha até certo ponto, a sua santidade com o seu povo. Em toda a Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento, é exigido santidade do povo de Deus: “Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor, vosso Deus.” (Lv 20.7). O apóstolo Pedro faz a mesma advertência no Novo Testamento dizendo: “Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pe 1:15,16). O escritor da Epístola aos Hebreus coloca a santificação como condição indispensável para alguém ver a Deus: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor.” (Hb 12.14).


Mas, o que significa ser santo? Quando falamos que é preciso ser santo, ou que somos santos, muitas pessoas acham que isso é arrogância ou presunção da nossa parte. Isto acontece porque estas pessoas não sabem o que significa ser santo. Para os católicos, santo é uma pessoa que não tem pecado, ou que foi canonizada após a sua morte, por ter supostamente realizado milagres. Entretanto, o conceito de santidade na Bíblia não é este. 


O verbo hebraico “kadash” (santificar) ou o substantivo “kadosh” (santo) significam “ser santo, ser santificado, santificar, ser posto à parte”. Esta palavra e os seus derivados são usados 830 vezes no Antigo Testamento. O conceito de “kadosh” no Antigo Testamento é separar algo ou alguém do uso comum para o serviço de Deus. (1 Sm 7.1). O correspondente grego de Kadosh é “hagios”, que também significa separado do que é impuro, para pertencer exclusivamente a Deus. 


No Novo Testamento inexiste o conceito de consagração e pureza rituais, ou lugares e objetos sagrados. Entretanto, há também a exigência da santificação. A santificação não é uma obra humana. O Espírito Santo é quem produz santidade no crente. O nosso padrão de santidade é o Senhor Jesus. O Espírito Santo nos molda, tornando-nos parecidos com Cristo. O crente é santificado de três formas: Pela Palavra de Deus (Jo 17.17); pelo sangue de Cristo (Hb 9.12); e pelo Espírito Santo (1 Pe 1.2). Através da leitura e meditação na Palavra de Deus somos confrontados na nossa velha natureza e somos orientados a buscar o caráter de Cristo. O Espírito Santo, por sua vez, opera em nós a transformação da nossa natureza e nos aproxima de Deus. O sangue [ou a morte] de Cristo pagou o preço da nossa e aplaca a ira de Deus, colocando-nos em paz com Deus. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 130-132.

SOARES, Esequias. O verdadeiro Pentecostalismo: A atualidade da Doutrina Bíblica sobre a atuação do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2021. 

CHAMPLIN, Russell Norman. O. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3339.

BLOCK, LOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol.. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 522.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3339; 3342.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pág. 522-525.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 525-528.


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Ev. Weliano Pires




08 dezembro 2022

O TEMPLO DO MILÊNIO


(Comentário do 2º tópico da Lição 11: A visão do Templo e o Milênio)

Falaremos neste segundo tópico sobre o templo do Milênio.  O milênio será uma nova dispensação onde Cristo será, de  fato, o Rei de todas as nações e as governará com justiça e equidade. 


Os detalhes deste templo visto por Ezequiel são totalmente diferentes do templo que ele tinha visto na primeira visão, quando a glória de Deus se foi. Os profetas Isaías e Joel também fizeram menção a este templo, porém Ezequiel foi o único a descrevê-lo. 


Neste novo templo não há menção à Arca da Aliança, utensílios, rituais, pois, estes eram figuras que apontavam para Cristo e tudo se cumpriu nele. Entretanto, há referências aos sacerdotes e aos sacrifícios. Como explicar isso, se Cristo é o sacrifício perfeito e cumpriu todas as exigências da Lei mosaica? Falaremos disso, no quarto ponto deste tópico.

 

1- Um templo diferente. Logo depois da saída do povo de Israel do Egito, Deus ordenou que construíssem um tabernáculo, ou uma tenda móvel para que a presença de Deus se manifestasse nele. O próprio Deus forneceu o modelo, com os compartimentos, medidas e materiais da construção. “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles”. (Êx 25.8). Deus também concedeu sabedoria a Bezaleel e Aoliabe para trabalharem como ourives e artesãos do tabernáculo (Êx 31.2,6). O tabernáculo era formado por três compartimentos: O pátio, o Lugar santo e o Lugar santíssimo ou Santo dos santos. No pátio do Tabernáculo ficavam o altar do holocausto e a pia de bronze. No Lugar Santo ficavam o candelabro de ouro, a mesa dos pães da proposição e o altar do incenso. No Santo dos Santos ficava a Arca da Aliança e uma tampa que a cobria, chamada de propiciatório.


Durante o reinado de Davi, ele desejou construir um templo para Deus. Mas, Deus rejeitou a proposta, por ele ser um homem de guerra desde a sua mocidade. Porém, Deus lhe falou que o seu filho Salomão construiria o templo. Davi, então, adquiriu o terreno e arrecadou materiais de altíssima qualidade, em abundância, para a construção do templo. No reinado de Salomão, Deus concedeu paz para que ele construísse o templo.


O templo de Salomão foi planejado segundo o modelo do tabernáculo dado a Moisés, com exceção, é claro, das estacas e cortinas que não eram mais necessárias, pois não era móvel como o Tabernáculo. Este templo foi construído com muito esplendor e consagrado a Deus. Na inauguração, a glória de Deus encheu o local, de tal forma, que os sacerdotes e levitas não conseguiram ficar lá dentro. Por causa do pecado generalizado no Reino de Judá, Deus os entregou nas mãos da Babilônia e permitiu a destruição de Jerusalém e deste templo. 


Na volta do cativeiro babilônico, o templo foi reconstruído por Zorobabel e inaugurado no sexto ano de Dario, ou seja, em 516 a.C. Entretanto, este segundo templo era muito inferior ao primeiro, porque além de não terem recursos para uma construção como aquela dos tempos áureos de Salomão, também não tinham conhecimento arquitetônico para isso. Entretanto, os compartimentos e utensílios do templo eram praticamente os mesmos, pois os rituais e sacrifícios continuavam. Durante o domínio romano, este templo foi completamente reformado e ampliado por Herodes Magno, conhecido como “Herodes, o Grande'', que governou a Judéia entre 37 e 4.a.C. O tempo total da reforma durou 46 anos. Este segundo templo foi totalmente destruído pelo exército romano, no ano 70 d.C. 


Ezequiel teve a visão desse templo, catorze anos após a destruição de Jerusalém e do primeiro templo (Ez 40.1). Ezequiel viveu em Jerusalém até aos 25 anos de idade. Ele era de uma família sacerdotal e, portanto, conhecia bem o templo de Salomão. A descrição que ele faz do templo é semelhante à do templo que havia sido destruído pelos babilônios. Entretanto, as medidas não são as mesmas e não aparecem neste templo visto por Ezequiel, os utensílios que faziam parte do tabernáculo e do templo de Jerusalém. Aliás, justamente por causa destas diferenças deste templo da visão de Ezequiel, em relação ao templo de Salomão, houve relutância de alguns rabinos para aceitarem o livro como canônico.  


Este templo também não é o templo que foi construído depois por Zorobabel, pois as medidas, as características e até a geografia do local do templo descritas por Ezequiel não são as mesmas do segundo templo.  Também não é o terceiro templo que está sendo planejado por Israel e será construído. Este será profanado pelo Anticristo e destruído pouco antes da Batalha do Armagedom. 


Então, que templo seria este que Ezequiel viu? Alguns sugerem que este templo não seria literal e que seria apenas simbólico para indicar a restauração espiritual de Israel. Entretanto, a interpretação mais coerente é que este templo será construído em Jerusalém e se refere ao período do governo milenial de Cristo, que virá após a Grande Tribulação. 


2- Uma dispensação diferente. Para entendermos este ponto, se faz necessário explicar o que é dispensação, no sentido teológico. O Dispensacionalismo é um sistema de teologia que vê o mundo como se fosse um “lar” que é gerenciado por Deus. A palavra “dispensação” tem o sentido de “administração” ou “mordomia” e é usada por Paulo no Novo Testamento: “De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra”. (Ef 1.10); “Se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que para convosco me foi dada.” (Ef 3.2). 


A interpretação dispensacionalista fundamenta-se com base na interpretação literal e consistente da Bíblia (desde Gênesis até o Apocalipse). Também faz distinção entre Israel e a Igreja e enfatiza a glorificação de Deus através da sua criação ao longo dos anos. Esta linha de interpretação bíblica divide a história humana em sete períodos chamados de dispensações: 


a. Dispensação da inocência: Período que se estende desde a criação de Adão até a expulsão do Éden.

b. Dispensação da consciência: Desde a queda do primeiro casal até o dilúvio.

c. Dispensação do governo humano: Desde o dilúvio até a confusão das línguas na tentativa de construção da Torre de Babel. 

d. Dispensação da promessa: Desde a chamada de Abrão em Ur dos Caldeus, até o fim do cativeiro de Israel no Egito.

e. Dispensação da Lei: Desde a saída de Israel do Egito até a crucificação de Jesus. 

f. Dispensação da Graça: Desde a ressurreição de Jesus até o arrebatamento da Igreja. 

g. Dispensação do Milênio: Desde a manifestação gloriosa de Cristo até o Juízo final. 


Atualmente vivemos a sexta dispensação, chamada de dispensação da Graça, Era da Igreja, ou Dispensação do Espírito. Esta dispensação representa um intervalo entre a 69ª semana de Daniel e a 70ª. Neste período, devido à rejeição de Israel ao Messias, Deus abriu a oportunidade a todos os povos para serem salvos, formando um só povo: a Igreja. Após o arrebatamento da Igreja, Deus voltará a tratar com Israel. Iniciará a contagem da 70ª semana de Daniel que será a Grande Tribulação. No final dos sete anos, Jesus retornará novamente com a Igreja e estabelecerá o seu Reino de mil anos sobre a terra, que será a Dispensação do Milênio. 


Nesta dispensação do Milênio haverá mudanças profundas na terra. Estudaremos este assunto com mais detalhes, na última lição deste trimestre. Neste período a terra será restaurada. Todos voltarão a ser vegetarianos e terão longevidade. Deus tirará também a ferocidade dos animais, que também serão vegetarianos como no princípio. “O lobo e o cordeiro comerão juntos, e o leão comerá feno, como o boi, mas o pó será a comida da serpente. Não farão nem mal nem destruição em todo o meu santo monte, diz o Senhor.” (Is 65.25). As Testemunhas de Jeová confundem isso com a eternidade e, por isso, dizem que a eternidade será um paraíso na terra. 


3- Um ritual diferente. Assim como o templo visto por Ezequiel era diferente do templo de Salomão e do segundo templo feito por Zorobabel e ampliado por Herodes, o ritual feito neste templo também será diferente. O objeto mais importante do tabernáculo e do templo era, sem dúvida nenhuma, a Arca da Aliança, pois ela era representava a presença de Deus. A Arca era um baú retangular feito de madeira de cipreste e revestido de ouro por dentro e por fora. As suas medidas eram em medidas atuais: 1,20m x 90 cm x 90 cm. Em cada extremidade inferior da Arca, havia uma argola de ouro, onde eram colocadas duas varas que serviam para transportar a Arca. Em cima da Arca havia uma tampa feita de ouro puro, chamada de "propiciatório". Nesta tampa ficavam as figuras de dois querubins, feitos de ouro, colocados um de frente para o outro, com suas asas estendidas. Em cima do propiciatório o sacerdote derramava o sangue dos animais para aplacar (propiciar) a ira de Deus sobre o povo. Por isso era chamada de “propiciatório”. 


A Arca ficava no lugar Santo dos Santos e não podia ser vista ou tocada pelo povo. Somente os sacerdotes tinham acesso a ela e poderiam transportá-la, nos tempos do tabernáculo. Nos tempos do Sumo sacerdote Eli, os seus filhos a levaram para a guerra, com um amuleto para vencer a guerra, mas foram derrotados. Os filisteus levaram a Arca para a sua terra e ela permaneceu lá por 20 anos. Durante o reinado de Davi, ele a trouxe de volta para Jerusalém com grande júbilo. Porém a Arca desapareceu completamente dos relatos bíblicos e não se sabe ao certo quando ela desapareceu. O profeta Jeremias faz menção a ela dizendo:  “Naqueles dias, diz o SENHOR, nunca mais se dirá: A arca do concerto do Senhor Nem lhes virá ao coração, nem dela se lembrarão, nem a visitarão; isso não se fará mais”. (Jr 3.16). Alguns sugerem que ela foi capturada junto com os demais objetos do templo pelo exército de Nabucodonosor. Outros dizem que Jeremias a teria escondido para evitar que os babilônios a levassem, mas não há nenhuma evidência histórica disso. 


Mesmo sendo tão importante para o Judaísmo, a Arca não aparece no templo visto por Ezequiel, nem no templo de Zorobabel. Isso mostra que no templo do milênio ela não existirá. A Arca se tornará desnecessária pois no milênio, a presença de Deus será Cristo que reinará pessoalmente com o seu povo. Por isso, não necessitará mais desta representação. A Arca era símbolo do Antigo Pacto de Deus com Israel. No Novo Pacto, no Milênio, a Arca será substituída pela presença do Filho de Deus, o Messias prometido a Israel.


4- Como explicar os sacrifícios no Milênio? Como vimos acima, o templo será diferente dos anteriores e os rituais também serão diferentes, pois será uma nova dispensação. Entretanto, Ezequiel menciona os sacrifícios e diz que os descendentes de Zadoque oferecerão um bezerro como sacrifício pela expiação do pecado. (Ez 43.18-27). Como isto se explica, visto que Cristo é o sacrifício perfeito, cumpriu toda a Lei e tornou obsoleto os sacrifícios de animais? 


Há várias interpretações sobre este assunto, mas a que mais faz sentido é a que diz que os sacrifícios serão memoriais para relembrar o sacrifício de Cristo, assim como fazemos com a Ceia do Senhor atualmente, que também será celebrada no Reino de Deus, como disse Jesus (Mc 14.25). O saudoso pastor Antonio Gilberto, uma referência do ensino teológico da Assembléia de Deus, comentou na Bíblia de  Estudo  Pentecostal que estes sacrifícios não serão como os dos primeiros templos para cobrir o pecado, pois o sacrifício de Jesus é suficiente para tirar o pecado do mundo. Este memorial não será para a Igreja e sim para o povo judeu como nação sacerdotal, para relembrar o que Deus fez no passado. 


REFERÊNCIAS:


LOPES, Hernandes Dias. HEBREUS: A Superioridade de Cristo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2018.

TENNEY, Merrill C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 791.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pag. 341.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 2993; 3355.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 1897-1898.

HARRISON, K. Jeremias e Lamentações. Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pág. 53.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 353; 806-807.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1223

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pag. 545-553.


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Ev. Weliano Pires

06 dezembro 2022

SOBRE O QUE VEM DEPOIS DA RESTAURAÇÃO


(Comentário do 1º da Lição 11: A VISÃO DO TEMPLO E O MILÊNIO)


Neste primeiro tópico falaremos sobre o que virá depois da restauração espiritual de Israel, traçando o caminho do retorno da glória de Deus para o templo, pela porta oriental. Há três observações importantes sobre o retorno da glória de Deus: A glória de Deus virá do Oriente; a terra resplandecerá por causa da glória; e um ser semelhante a um homem, cuja voz é como o som de muitas águas. A estrutura e o formato dos discursos do profeta continuam os mesmos da primeira visão descrita no capítulo 8, que estudamos na Lição 3, quando falamos da visão que Ezequiel teve das abominações praticadas no templo.  


1- A porta oriental do Templo (v.1). Na lição 4, quando estudamos sobre a saída da glória de Deus do templo, vimos que esta saída se deu gradualmente. Primeiro, a glória de Deus saiu do lugar santíssimo, onde estavam os querubins, mas ainda permaneceu no templo. Depois, pousou na entrada do templo e, por fim, saiu pela porta oriental e pousou no Monte das Oliveiras. A partir desta saída, o templo embora continuasse esplendoroso, ficou vulnerável e os inimigos de Israel o saquearam e o destruíram. Este templo foi reconstruído por Zorobabel, mas era muito inferior ao primeiro. Depois, Herodes, o grande, reformou este segundo templo e o ampliou. Mas este também foi totalmente destruído pelos romanos, em 70 d.C. Falaremos mais sobre este assunto no segundo tópico desta lição.


Nesta nova visão, Ezequiel foi levado à mesma porta oriental do templo e viu a glória de Deus fazer o caminho inverso e retornar pela mesma porta de onde havia saído. O Espírito Santo fez Ezequiel e os seus destinatários originais entenderem que, da mesma forma que a glória de Deus se afastou por causa do pecado, ela voltará pelo mesmo caminho, quando houver a restauração espiritual de Israel. Se nos entregarmos ao pecado, a glória ou a presença de Deus se afastará de nós, pois Deus é absolutamente santo e não pode conviver com o pecado. Por outro lado, se abandonarmos o pecado e nos voltarmos para Ele, a sua presença retorna, pois Deus é misericordioso e está pronto a nos perdoar. 


2- Três observações importantes (v.2). No versículo 2, do capítulo 43, Ezequiel descreve o seguinte: “E eis que a glória do Deus de Israel vinha do caminho do oriente; e a sua voz era como a voz de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória.” O comentarista nos mostra três observações importantes na visão do profeta Ezequiel, descritas neste versículo:

a. A glória de Deus “vinha do caminho do oriente”. Isso nos remete ao nascer do sol, que nasce no Leste e ilumina todo o horizonte. Da mesma forma, a glória de Deus virá sobre Israel e será vista por toda a humanidade. O sol também é uma figura do governo de Cristo, pois Malaquias diz: “Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o Sol da Justiça e salvação trará debaixo das suas asas..” (Ml 4.2a).


b. A sua voz era como a de muitas águas. Na primeira visão de Ezequiel, no capítulo 1.24, ele diz que ouviu “o ruído como o som de muitas águas”. No Apocalipse também, o apóstolo João viu Jesus glorificado e descreve o som da sua voz, como “a voz de muitas águas” (Ap 1.15c). Esta figura do som de muitas águas mostra a imensidão do poder de Deus, pois as muitas águas derrubam tudo por onde passam e são temidas. Este som, portanto, é mais uma indicação de que o retorno da glória de Deus ao templo é a personificação do Messias.

c. A terra resplandeceu por causa da sua glória. Isso também nos remete à visão de Isaías 6, quando os serafins diziam: “Santo, Santo, Santo é o SENHOR dos Exércitos. Toda a terra está cheia da sua glória”. Ezequiel viu na visão do capítulo 1, um ser em semelhança de um homem (Ez 1.26). Este aspecto das visões de Ezequiel aponta para o Messias pré-encarnado. Estas manifestações de Cristo, antes da encarnação do verbo, são chamadas de “Cristofania”, palavra formada a partir de dois vocábulos gregos, Christos (ungido) que é a tradução do hebraico Mashiah se refere ao Filho de Deus e phainein” (mostrar ou manifestar). Jesus é a manifestação plena da glória de Deus. O apóstolo João testificou isso dizendo: “...Vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (Jo 1.14).


3- As reminiscências (v.3). A palavra reminiscência vem do latim “reminiscentĭa” e se refere a uma representação mental de uma situação, feito ou outra coisa que teve lugar no passado. É usada também para designar uma pequena lembrança que alguém possui de algo que já não existe. No subconsciente do profeta, ainda estavam as lembranças do templo de Jerusalém e da cidade, que haviam sido destruídos pelos caldeus, catorze anos antes. Também estão presentes nesta visão, os mesmos elementos das visões anteriores: o trono, os querubins e o santuário. Entretanto, as circunstâncias são diferentes. Nas visões anteriores, Deus falava das abominações praticadas pelo seu povo, da saída da glória de Deus e do julgamento através do cativeiro. Agora, embora os elementos da visão sejam os mesmos, a mensagem é de esperança e restauração espiritual para o povo de Deus. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 129, 130.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3339.

TAYLOR, John B. Ezequiel. Introdução e comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 237.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. págs. 521, 522.


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Ev. Weliano Pires

05 dezembro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 11: A VISÃO DO TEMPLO E O MILÊNIO


Na Lição 04 vimos que a Glória de Deus deixou o templo, por causa das abominações que eram praticadas no local. Na lição passada estudamos a profecia de Ezequiel 37, que trata da restauração nacional e espiritual de Israel. A lição desta semana é uma continuidade da lição passada, pois trata da visão que Ezequiel teve do retorno da Glória de Deus ao templo. É uma referência ao templo que haverá no Milênio, quando Jesus vier em glória, para reinar em Jerusalém por mil anos.


O primeiro tópico fala sobre o que virá depois da restauração espiritual de Israel, traçando o caminho do retorno da Glória de Deus para o templo, pela porta oriental. Há três observações importantes sobre o retorno da Glória de Deus: A Glória virá do Oriente; a terra resplandecerá por causa da Glória; e um ser semelhante a um homem, que é o Messias. A estrutura e o formato dos discursos do profeta continuam os mesmos da primeira visão. 


O segundo tópico fala sobre o templo do Milênio. Os detalhes deste templo visto por Ezequiel são totalmente diferentes do templo que ele viu na primeira visão, quando a Glória de Deus se foi. Neste novo templo não há menção à Arca da Aliança, aos rituais e utensílios,pois, eram figuras que apontavam para Cristo e tudo se cumpriu nele. Entretanto, há menção aos sacerdotes e sacrifícios. Como explicar isso, se Cristo fez o sacrifício perfeito e todas as exigências sacrifícios da Lei se cumpriram nele? Falaremos disso neste segundo tópico. O milênio será uma nova dispensação onde Cristo será, de fato, o Rei de todas as nações e as governará com justiça e equidade. 


O terceiro tópico fala sobre santidade e glória. Diferente da outra visão que Ezequiel tivera, quando se praticavam abominações no templo e a glória de Deus se foi, agora o profeta viu o retorno da glória de Deus, que encheu o templo, como aconteceu nos dias de Moisés e Salomão. Ezequiel viu também um guia celestial, cujas características são iguais às manifestações teofânicas do Cristo pré-encarnado. Nesta nova dispensação haverá santidade plena e não entrará nada imundo no templo.


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 127-128.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3339.

TAYLOR, John B. Ezequiel. Introdução e comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 237.

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Ev. Weliano Pires

01 dezembro 2022

SOBRE O MILAGRE DO SÉCULO XX


(Comentário do 3º tópico da Lição 10: A restauração nacional e espiritual de Israel).

Neste terceiro tópico falaremos sobre o grande milagre do século XX, que foi o renascimento do Estado de Israel em só um dia. Israel é um testemunho vivo perante as nações, da soberania de Deus e do cumprimento das suas promessas. Várias nações já se levantaram para varrer esse povo do mapa, mas foram reduzidas a nada. Israel ressurgiu como nação, depois de 1878 anos de diáspora. Entretanto, falta ainda o cumprimento da restauração espiritual, que será o assunto da nossa próxima lição.


1- O testemunho de Deus para o mundo. A nação de Israel é um testemunho vivo de Deus para a humanidade. Sob vários aspectos, desde a sua formação, o povo de Israel é uma coletânea de milagres. Israel é um povo singular no mundo, pois foi formado pelo próprio Deus para, através deste povo, trazer o Salvador do Mundo. 


Tudo começou com a chamada de Abrão, em Ur dos Caldeus, na antiga Mesopotâmia. Deus o chamou e lhe disse para sair da sua terra, do meio dos seus parentes e ir para uma terra, a qual Deus lhe mostraria. Abrão creu e saiu, sem saber para onde ia. Quando chegou à terra de Canaã, Deus fez uma aliança com Abrão e sua esposa Sarai. Primeiro, mudou-lhes os nomes, respectivamente, para Abraão e Sara. Deus prometeu abençoá-los e fazer deles uma grande nação, não tendo eles filhos ainda e tendo já idade avançada para gerá-los. 


Os anos se passaram e Sara, vendo que a promessa de ter filhos não se cumpria, combinou com o seu marido para que ele tivesse um filho com a sua escrava Agar, uma prática comum naquela época. Abraão aceitou a proposta e nasceu Ismael, que foi o pai dos povos árabes. Entretanto, Deus falou novamente com Abraão e Sara e reafirmou a promessa de que ambos seriam pais de um filho, que seria chamado de Isaque e dele, Deus formaria uma grande nação. Quando Abraão tinha 100 anos e Sara 90, Isaque nasceu. 


Isaque cresceu, casou-se com Rebeca e teve dois filhos: Esaú e Jacó. Deus escolheu Jacó para, a partir dele, formar o povo de Israel. Jacó teve 12 filhos e uma filha. Dos doze filhos, Deus formou as doze tribos de Israel. A tribo de Levi foi a tribo sacerdotal e não foi contada e a tribo de José se dividiu em duas: Manassés e Efraim. 


José foi vendido como escravo pelos seus irmãos e foi levado ao Egito. Lá, Deus o fez governador geral do país. Com a grande fome de sete anos, os filhos de Jacó foram ao Egito em busca de alimentos e depois José os trouxe para aquele país. O povo se multiplicou e, após a morte de  José e dos seus irmãos, os egípcios escravizaram os Israelitas. Mas, Deus os libertou da escravidão através de muitos milagres e os conduziu à terra prometida, sob a liderança inicial de Moisés e depois de Josué. 


Após a morte de Josué, sem liderança, a nação caiu na anarquia e cada uma fazia o que achava correto. Neste período, entregaram-se à idolatria, num ciclo vicioso: pecavam e eram subjugados por inimigos levantados por Deus; na servidão, clamavam a Deus e Deus os socorria. Isso aconteceu por aproximadamente 300 anos,  até os dias de Samuel, quando o povo pediu um rei e teve início a monarquia com Saul. 


Saul começou bem, mas depois foi reprovado por Deus. Deus levantou Davi como rei e fez com ele uma aliança. Depois de Davi, veio o seu filho Salomão, que casou-se com muitas mulheres e estas o levaram à idolatria. Por causa disso, Deus permitiu a divisão de Israel em dois reinos: o Reino do Sul, com as tribos de Judá e Benjamin, sob a liderança da família de Davi; e o Reino do Norte com as outras dez tribos, que foi governada por várias dinastias, todas ímpias. 


O pecado das tribos do Norte fez com que eles fossem levados para o cativeiro da Assíria, em 722 a.C. e nunca mais voltassem. O Reino do Sul seguiu o mesmo caminho e foi levado ao cativeiro babilônico, a partir de 605 a.C., até a destruição de Jerusalém em 586 a.C. Entretanto, por causa da aliança de Deus com Davi e a promessa da vinda do Messias, Deus os trouxe de volta, 70 anos depois. 


De volta à sua terra, depois o povo judeu foi dominado pelos gregos e depois pelos romanos. Quando o Salvador veio ao mundo, eles o rejeitaram e o condenaram à morte dizendo: "o seu sangue caia sobre nós e os nossos filhos." Por causa dessa rejeição, Deus permitiu que os romanos destruíssem a nação e os expulsassem da sua terra. Os Israelitas que fugiram, permaneceram espalhados pelo mundo por 1878 anos. Mas Deus cumpriu a promessa de trazê-los de volta e restaurar a nação. 


Hoje, Israel é uma nação forte militar, tecnológica e economicamente. Na visão de Ezequiel, Israel já recebeu nervos, carne e pele, falta apenas o espírito entrar neles, ou seja, a restauração espiritual. 

 

2- O status de Jerusalém entre as nações. No Sermão profético, proferido por Jesus aos seus discípulos pouco antes da sua morte, o Senhor Jesus prenunciou que a cidade de Jerusalém seria pisada pelos gentios: “Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei, então, que é chegada a sua desolação.” (Lc 21.20); “E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.”(Lc 21.24). Este cerco aconteceu no ano 70 d.C, quando o exército romano, liderado pelo general Tito, invadiu Jerusalém e a destruiu. Os horrores desta invasão e destruição de Jerusalém foram descritos em detalhes horripilantes, pelo historiador judeu do primeiro século, Flávio Josefo, no livro "Guerras dos Judeus", publicado no ano 75 d.C.:


 “É, então, um caso miserável, uma visão que até poria lágrimas em nossos olhos, como os homens agüentaram quanto ao seu alimento. A fome foi demasiado dura para todas as outras paixões, a tal ponto que, os filhos arrancavam os próprios bocados que seus pais estavam comendo de suas próprias bocas, e o que mais dava pena, assim também faziam as mães quanto a seus filhinhos, quando viam alguma casa fechada, isto era para eles sinal de que as pessoas que estavam dentro tinham conseguido alguma comida e, então, eles arrombavam as portas e corriam para dentro. Os velhos, que seguravam bem sua comida, eram espancados, e se as mulheres escondiam o que tinham dentro de suas mãos, seu cabelo era arrancado por fazerem isso.” (Guerras dos Judeus, livro 5, capítulo 10, seção 3).


Posteriormente, sobre as ruínas de Jerusalém, o imperador Adriano reconstruiu a cidade em 131 d.C. e deu-lhe o nome de Élia Capitolina. Nesta nova cidade foi estabelecida uma colônia romana e no local do templo, foi construído um templo ao deus Júpiter. Isso gerou revolta dos judeus, provocando a Revolta de Barkokebas, em 132 d.C. 


A partir do Século IV, com a conversão do imperador Constantino, o Cristianismo tornou-se a religião oficial do império. Com isso, vários símbolos cristãos foram construídos em Jerusalém. Por volta do ano 300 d.C, o império romano dividiu a administração em duas partes, para melhorar a sua eficiência. A parte Ocidental, cuja capital continuou sendo Roma, e  a parte oriental, com capital em Bizâncio, que se tornou Constantinopla. A parte ocidental entrou em decadência, com vários saques a Roma. O lado oriental, no entanto, permaneceu unificado e se tornou o Império Bizantino. 


O Cristianismo predominou em todo o Império Bizantino, apesar das muitas distorções criadas pelo papado. A partir do Século XII, vários monarcas árabes se converteram ao Islamismo e passaram a atacar o império. Finalmente, em 1453 d.C. aconteceu a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos e o  fim do Império Biazntino. A partir de então, Constantinopla passou a se chamar Istambul. O império Otomano dominou Jerusalém por cerca de 400 anos. Este domínio só teve fim na primeira guerra mundial, quando os turcos se aliaram aos alemães contra os ingleses e foram derrotados. A partir daí, a Palestina passou ao domínio britânico, até à criação do Estado de Israel, em 1948.


Atualmente, Jerusalém é uma cidade que fica no território de Israel e a sede do governo. Jerusalém foi proclamada como capital de Israel em 1949 e a cidade foi dividida entre Israel e Jordânia, ficando apenas uma parte como capital de Israel. Na guerra dos seis dias, em 1967, Israel assumiu o controle da cidade, porém, a comunidade internacional não reconhece este domínio. Para o mundo, a capital de Israel continua sendo Tel Aviv. É lá que ficam as embaixadas. Há uma disputa histórica pelo domínio da cidade, entre palestinos e israelenses. Recentemente, o governo dos EUA, na gestão Donald Trump, reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e o governo brasileiro seguiu na mesma direção. Esta disputa por Jerusalém durará até o fim do tempo dos gentios, que terminará no Milênio.


3- Restauração espiritual. Na última parte da profecia, o Senhor diz: “E porei em vós o meu Espírito, e vivereis, e vos porei na vossa terra, e sabereis que eu, o Senhor , disse isso e o fiz, diz o Senhor.” (Ez 37.14). É uma referência à restauração espiritual da nação de Israel. O profeta Zacarias também profetizou esta restauração espiritual de Israel: “E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito.” Zc 12.10).


No final da Grande Tribulação, os exércitos do Anticristo se unirão para destruir Israel. Israel clamará a Deus e Jesus virá em glória com a Igreja, que já estará no Céu, para socorrê-los. (Zc 14.1-3; Ap 19.11-21). Estudaremos este assunto na próxima lição. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 125.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3085; 3316;

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry: Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 429.

MESQUITA, Antônio Neves de. Jeremias. Editora JUERP.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 455-456.

História de Jerusalém - Brasil Escola.

RIENECKER, Fritz. Comentário Esperança: Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pág. 355.


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Ev. Weliano Pires





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