19 outubro 2022

SOBRE A RETIRADA DA GLÓRIA DE DEUS

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 04:  Quando a Gloria de Deus se vai)

No segundo tópico falaremos sobre a retirada da Glória de Deus do santuário. Esta retirada se deu gradualmente. Primeiro, a glória se levantou do querubim sobre a Arca da Aliança. Depois, passou para a entrada do Templo; pairou sobre os querubins e foi se afastando do templo; finalmente parou sobre o Monte das Oliveiras.


1- O querubim e a nuvem (9.3; 10.4). O profeta diz nestes dois versículos que a glória do Senhor se levantou de sobre o querubim, sobre o qual estava. Alguns acham que estes querubins, mencionados por Ezequiel eram os dois de ouro, que Deus mandou Moisés colocar na tampa da Arca da Aliança (Êx 25.18). Outros entendem que era uma referência aos seres que Ezequiel havia visto na primeira visão (Ez 5-11). Em qualquer uma das duas interpretações, o significado é o mesmo: a glória de Deus se retirou do templo. 


Com a saída da glória de Deus de sobre os querubins, Ezequiel viu que uma nuvem encheu o átrio interior do templo. Esta nuvem é um sinal da presença de Deus. Quando Israel saiu do Egito, o Senhor guiava o povo e os protegia do sol do deserto durante o dia e do frio, durante à noite: “E o Senhor ia adiante deles, de dia numa coluna de nuvem, para os guiar pelo caminho, e de noite numa coluna de fogo, para os alumiar, para que caminhassem de dia e de noite.” (Êx 13.21). O mesmo acontecia na tenda da congregação, quando Deus falava com Moisés, aparecia uma coluna de nuvem, de onde o Senhor falava (Êx 33.9).  Na inauguração do tabernáculo também, uma coluna de nuvem cobriu a tenda da congregação e a glória de Deus encheu o tabernáculo (Êx 40.34). O mesmo aconteceu na inauguração do Templo (1 Rs 8.10,11). 


A manifestação plena da glória de Deus à humanidade aconteceu quando o Senhor Jesus tornou-se carne e habitou entre os seres humanos. O apóstolo João testemunhou isso e assim escreveu: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. (Jo 1.14). Entretanto, quando habitou neste mundo, o Senhor Jesus esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo (Fp 2.7). 


Na transfiguração, os discípulos o viram glorificado e ficaram fora de si. “E transfigurou-se diante deles; e o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes se tornaram brancas como a luz.” (Mt 17.2). Saulo também viu Jesus glorificado e o resplendor da Sua glória o deixou cego por três dias. 


O apóstolo João também, no Apocalipse, relata que viu um Ser semelhante ao Filho do Homem, vestido de vestes brancas compridas e um cinto de ouro. Os seus cabelos eram brancos como a neve, os seus pés resplandeciam como latão reluzente e a sua voz como o som de muitas águas. Quando viu toda esta glória, João que era o discípulo mais próximo de Jesus, caiu como morto: “E eu, quando o vi, caí a seus pés como morto; e ele pôs sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; eu sou o Primeiro e o Último e o que vive; fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém! E tenho as chaves da morte e do inferno”. (Ap 1.17,18). 


2- A retirada da presença de Deus (10.18). A glória de Deus saiu do lugar santíssimo, onde estavam os querubins, mas ainda permaneceu por um tempo na entrada do templo. Na visão, o profeta acompanhou passo a passo, o trajeto da saída da glória de Deus do templo. Uma carruagem divina se dirigiu à entrada do templo e, finalmente, a presença de Deus se foi do local. Após a saída da presença de Deus, veio o exército da Babilônia, destruiu o templo e saqueou os seus tesouros, em 587 a.C. 


3- Por fim a glória de Deus se pôs sobre o Monte das Oliveiras (11.23). No último estágio da saída da glória de Deus, ela deixou o templo e parou Monte das Oliveiras. A partir deste momento, o templo que havia sido construído por Salomão, para que a presença de Deus estivesse ali, no Lugar santíssimo, agora não tinha mais a glória do Deus de Israel. Isso aconteceu por causa da idolatria e da profanação do santuário de Deus. 


Toda a beleza e esplendor físico do templo eram os mesmos dos dias de Salomão. Mas, o que fazia a diferença era a presença de Deus. Quando a presença de Deus se foi, os inimigos conseguiram destruir tudo. Isto nos traz um alerta de que a presença de Deus é fundamental em nossas vidas. Somos o templo do Espírito Santo (1 Co 6.19), mas, se nos entregarmos a práticas abomináveis, Ele se  entristece (Ef 4.30) e nos deixará. Se chegar ao ponto de blasfêmia e apostasia, não tem mais volta. (Mt 12.31). Por isso a Palavra de Deus nos alerta: “Se hoje ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração.” (Hb 3.15).


REFERÊNCIAS: 

 

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. págs. 51, 56, 58.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. págs. 3220, 3222,3225.

TAYLOR, John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. págs. 294-295.

TAYLOR, John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. págs. 312; 341,342.

Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.

Ev. Weliano Pires

SOBRE A GLÓRIA DE DEUS

(Comentário do 1º tópico da lição 4: Quando a glória de Deus se vai).

Neste primeiro tópico falaremos sobre a Glória de Deus, trazendo o significado etimológico da palavra glória em hebraico. Depois, falaremos sobre as manifestações da Glória de Deus. A glória de Deus se manifestou quando Moisés construiu o tabernáculo. Manifestou-se também durante as jornadas de Israel pelo deserto e nos dias de Salomão, na dedicação do templo.


1- O significado de “glória”. A palavra glória na Bíblia tem mais de um significado. O contexto é que determina qual é o significado de glória, no texto bíblico. Muitos crentes, principalmente pregadores, se referem à glória de Deus, como a “Shekinah”. O que talvez não saibam é que esta palavra não aparece nos textos bíblicos. É uma palavra muito usada no Judaísmo, para se referir à presença de Deus ou ao próprio Deus. Os rabinos também usam a palavra Shekinah para se referir ao Espírito de Deus. Esta palavra, no entanto, não vem dos textos bíblicos e sim do Talmude, uma antiga literatura judaica, na qual estão as discussões e comentários dos rabinos sobre a história, a lei, os costumes e a cultura judaica. Esta literatura judaica é chamada nos Evangelhos de “Tradição dos anciãos”.  A palavra hebraica Talmud significa  "aprendizado, instrução". 


A palavra hebraica usada na Bíblia para glória é “kavod”, (Escreve-se kabod) que literalmente significa “peso”. No grego, a palavra correspondente a Kavod  é “doxa”, que significa glória, resplendor, poder, honra e reputação. A Versão grega da Bíblia, Septuaginta, usa também a palavra grega “time”, que tem o sentido de valor ou honra. Glória pode ser uma referência à adoração, esplendor, magnificência e bem-aventurança, em sentido terrestre ou celestial. A presença de Deus também pode ser chamada de glória, por causa da sua exaltação.


No Novo Testamento a glória está relacionada a Jesus Cristo. Quando Jesus nasceu na manjedoura, os pastores estavam no campo vigiando as suas ovelhas. Lucas assim relata: “E eis que o anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor.” (Lc 2.9). No episódio da transfiguração, os discípulos que estavam com Jesus viram a sua glória: “Pedro e os que estavam com ele estavam carregados de sono; e, quando despertaram, viram a sua glória e aqueles dois homens que estavam com ele.” (Lc 9.32). O escritor da Epístola aos Hebreus também diz que Jesus é “o resplendor da sua glória, [de Deus] e a expressa imagem da sua pessoa”. (Hb 1.3).  


O ser humano foi feito à imagem e semelhança de Deus. Após a entrada do pecado,  esta imagem foi deturpada e o homem passou a ser inimigo de Deus. O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos disse: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.” Portanto, após o pecado, o homem perdeu “a glória de Deus”, que pode ser a presença de Deus ou a imagem moral de Deus, que o homem perdeu com a corrupção da sua natureza pelo pecado. O retorno ao estado pré-encarnado de Jesus também é chamado “glorificação” (Jo 7.39). Os salvos por Jesus compartilham desta glorificação até certo ponto. Evidentemente, que não é na mesma proporção da glorificação de Jesus, pois Ele é Deus. Jesus predestinou os salvos, com base na sua presciência, chamou, justificou e glorificou (Rm 8.30). O nosso estado final após a ressurreição também é chamado de glorificação, quando o nosso corpo for transformado em um corpo imortal e incorruptível. (Rm 8.18; 1 Co 15.51-53; 2 Co 4.17). 


2- A glória de Deus. Nenhum povo da terra experimentou a manifestação da glória de Deus, nos tempos do Antigo Testamento como o povo de Israel. A presença de Deus conduziu os filhos de Israel em suas jornadas pelo deserto durante 40 anos. Deus ordenou a Moisés que construísse um tabernáculo, para que Ele habitasse no meio deles: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles. Conforme tudo o que eu te mostrar para modelo do tabernáculo e para modelo de todos os seus móveis, assim mesmo o fareis.” (Êx 25.8,9). Quando foi concluída a obra, uma nuvem cobriu a tenda e a glória de Deus se manifestou, de forma que Moisés não conseguia entrar no local: “Então, a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do Senhor encheu o tabernáculo, de maneira que Moisés não podia entrar na tenda da congregação, porquanto a nuvem ficava sobre ela, e a glória do Senhor enchia o tabernáculo.” (Êx 40.34,35).


O Tabernáculo era móvel e antes da construção do templo, a Arca da Aliança, que representava a presença de Deus, permanecia em seu interior. Nos dias do Sumo Sacerdote Eli, os israelitas usaram a Arca como um amuleto, para se proteger dos filisteus (1 Sm 4.3). Em uma destas guerras, por causa do pecado, Israel foi derrotado e os filisteus levaram a Arca para a terra deles (1 Sm 4.10.11). Os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias foram mortos nessa batalha. Quando soube que a Arca havia sido levada, o Sumo Sacerdote Eli caiu para trás e morreu. A sua nora, esposa de Finéias, estava grávida e quando soube destas más notícias deu à luz e morreu no parto. A criança que nasceu foi chamada de Icabod, que significa “foi-se a glória” (1 Sm 4.21,22). Por onde os filisteus levavam a Arca, o Senhor feria o povo daquela localidade. Com este triste episódio da história de Israel, a Arca permaneceu fora da terra de Israel por cerca de 20 anos (1 Sm 7.2). Quando Davi assumiu o trono, trouxe a Arca de volta para Jerusalém (2 Sm 6.1-17), com grande júbilo. 


Com a inauguração do templo, nos dias de Salomão, a Arca foi transferida para o templo (2 Cr 5.13,14). Depois da oração de Salomão, a glória de Deus encheu o templo (2 Cr 7.1), de forma que os sacerdotes não conseguiam permanecer no local. Deus falou com Salomão e prometeu que os olhos estariam sobre aquele lugar e os seus ouvidos atentos às orações que se fizessem ali. Entretanto, esta promessa não era incondicional. Na sequência da promessa de Deus, veio também o alerta de que se eles se desviassem e se entregassem à idolatria, Deus os arrancaria da sua terra e os entregaria nas mãos de inimigos estrangeiros (2 Cr 7.19-22). Infelizmente, o povo de Israel se esqueceu deste alerta e as consequências foram drásticas, como veremos no próximo tópico. 


REFERÊNCIAS: 

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 51.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. 11 ed. 2013. pág. 912-914.

PFEIFFER. Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pag. 870.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1653.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.1183).

Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.

Ev. Weliano Pires

17 outubro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 04: QUANDO A GLÓRIA DE DEUS SE VAI


Na lição passada falamos sobre as abominações do templo, com a idolatria e rituais pagãos, dentro do templo. Na lição desta semana falaremos sobre a consequência destas práticas. A Glória de Deus deixou o templo. 


Essa retirada da Glória de Deus aconteceu de forma progressiva. Primeiro, a glória se levantou do querubim sobre a arca da aliança (9.3), passando para a entrada do templo (10.4). Na sequência, pairou sobre os querubins e, aos poucos, afastou-se completamente do templo (10.18). Finalmente, a glória de Deus parou no monte das Oliveiras (11.23). O texto base para esta lição são os capítulos 9 a 11 de Ezequiel. 


A lição está dividida em quatro tópicos: 


O primeiro tópico fala sobre a Glória de Deus, trazendo o significado etimológico da palavra glória em hebraico. Fala também sobre as manifestações da Glória de Deus quando Moisés construiu o tabernáculo. Depois, nas jornadas de Israel pelo deserto. Por último, nos dias de Salomão, na dedicação do templo. 


O segundo tópico mostra a retirada da Glória de Deus do santuário. Esta retirada se deu gradualmente. Primeiro, a glória se levantou do querubim sobre a Arca da Aliança. Depois, passou para a entrada do Templo; pairou sobre os querubins e foi se afastando do templo; finalmente parou sobre o Monte das Oliveiras.


O terceiro tópico fala a respeito do segundo templo. Este segundo templo era o templo de Zorobabel, que foi inaugurado no sexto ano de Dario, ou seja, em 516 a.C. Posteriormente, este templo foi completamente reformado por Herodes, o grande. O tempo total da reforma durou 46 anos. 


O quarto tópico nos fala sobre o Senhor Jesus e o templo. O profeta Ageu profetizou que a Glória deste segundo templo seria maior que a do primeiro, que era o suntuoso templo de Salomão. Foi neste segundo templo que o Filho de Deus foi apresentado e depois expôs as Escrituras. Este tópico nos dá a explicação teológica, que é o fato de Jesus ser o substituto do templo. Por último vemos o anúncio por Jesus da destruição do templo, que ocorreu no ano 70 d.C.


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. págs. 49-50.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 414.

CLARKE, Adam. Comentário Bíblico de Adam Clarke. Pentateuco. pags. 327-328.

Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.

Ev. Weliano Pires

SOBRE AS ABOMINAÇÕES (PARTE 2)


Comentário do 3º tópico da Lição 3: As abominações do templo).


O terceiro e último tópico traz a segunda parte das abominações do templo. Ezequiel viu as pessoas praticando um ritual a uma divindade babilônica chamada Tamuz, considerado o deus da vegetação e dos rebanhos. Depois viu 25 homens de costas para o templo, virados para o Oriente, adorando o sol, numa total afronta ao Deus de Israel.


1- O ritual de Tamuz (v.14). A terceira cena de abominações vistas por Ezequiel foi um grupo de carpideiras chorando no templo por uma divindade babilônica chamada Tamuz. Trata-se de uma divindade de origem suméria, que era considerado o marido da deusa Istar. Também era conhecido como Adônis pelos gregos e de Osíris pelos egípcios. Na Suméria, Tamuz era considerado o deus da vegetação e dos rebanhos. Os babilônios dedicavam o mês de junho-julho em homenagem a este deus e faziam-lhe um festival de seis dias, com choros e lamentos pelo seu funeral. 


As crenças nesta divindade eram cheias de lendas. Inicialmente, os Sumérios diziam que Tamuz era irmão de Istá, deusa fertilidade. Ela o teria atraído para uma relação incestuosa e depois o traiu. A maioria dos cultos aos deuses pagãos dos arredores de Israel eram fundamentados em crenças e práticas que envolviam a perversão sexual e até sacrifícios infantis, como no caso do deus Moloque.


Os seus adeptos também acreditavam que Tamuz permanecia morto por seis meses durante o período de seca. Depois ressuscitava e ficava vivo por seis meses e, então, vinham as chuvas. Os carpideiras, que eram choradeiras profissionais, pranteavam para que ele ressuscitasse e, consequentemente, viessem as chuvas. O povo judeu, pelo visto tinha sido muito influenciado por esse ritual, pois, o sexto mês do calendário judaico, que corresponde a junho/julho, leva o nome de Tamuz. 


2- Os adoradores do sol (v.16). Na continuidade da visão, Ezequiel viu 25 homens de costas para o templo, adorando o sol. Era o cúmulo da afronta ao Criador, dar as costas ao que Ele escolheu para manifestar a sua glória e adorar à criação! Em Ezequiel 9.6, o profeta chama estes homens de “presbíteros”. Provavelmente eram sacerdotes ou líderes de clãs familiares, como vimos anteriormente. Isto nos mostra o quanto estavam corrompidas as lideranças de Judá. Aqueles que deveriam conduzir o povo à adoração ao Deus verdadeiro e ensinar-lhe a Lei do Senhor, punham-se a adorar o sol, virando as costas para Deus. 

“Quando a liderança da igreja se torna corrupta, não há limite ao caos que é semeado na vida da nação.” (John B. Taylor).


Isso parece ser influência do Egito, pois lá esta prática. Lá havia um templo a este astro, chamado em hebraico de Beth Shemesh “Casa do Sol”. Não tem nada a ver com Bete-Semes, que era uma cidade de Judá (2 Rs 4.11). Este termo foi traduzido para o grego, na Septuaginta como “Heliópolis” que é “Cidade do Sol”. Esta cidade no tempo de Moisés era chamada de Om e o deus-sol adorado nela, é conhecido como “Rá”.


O profeta Jeremias mandou que quebrassem estas estátuas (Jr 43.13). Moisés alertou severamente o povo no deserto, para que não praticassem esse tipo de adoração, quando entrassem na terra prometida: “Que não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus; e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o Senhor teu Deus repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus. Mas o Senhor vos tomou, e vos tirou da fornalha de ferro do Egito, para que lhe sejais por povo hereditário, como neste dia se vê.” (Dt 4.19,20).


3- Os anciãos na casa do profeta. Conforme já falamos anteriormente, o profeta Ezequiel vivia entre os cativos na Babilônia e, como era da família sacerdotal em Jerusalém, exercia uma liderança espiritual entre os cativos. É provável que estes anciãos que vieram à sua casa também tinham influência espiritual sobre os cativos e vieram em busca de uma orientação profética de Ezequiel. Há quem diga que eles não eram fiéis ao Senhor e estariam atrás de informações do profeta. Mas, isso é pouco provável, pois os falsos profetas não buscavam os profetas do Senhor e profetizavam eles mesmos, falsas mensagens ao povo. 


Esta visita dos anciãos ao profeta Ezequiel em sua casa no cativeiro, nos mostra-nos que mesmo no cativeiro, em tempos de angústia, eles tinham um profeta para consultar. Isso nos ensina que Deus não está confinado a lugares ou a indivíduos. Em qualquer lugar ou circunstância adversa, Ele se manifesta na vida daqueles que o buscam. Quando estavam em Jerusalém, estes anciãos desprezaram as palavras do profeta Jeremias e agora colhiam os frutos da rebeldia. Mas no meio de grande angústia, longe da sua pátria, receberam a disciplina de Deus e queriam ouvir a Palavra do Senhor. Que isso nos sirva de exemplo, para que não endureçamos o nosso coração quando o Espírito Santo usar alguém para nos repreender. 


REFERÊNCIAS: 

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 46.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pág. 318-319.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3218-3220.

TAYLOR, John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 91-92.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 649.


Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.


Ev. Weliano Pires

15 outubro 2022

SOBRE AS ABOMINAÇÕES DO TEMPLO (PARTE 1)


(Comentário do 2º tópico da Liçao 3: As abominações do templo)

O comentarista da lição, Pr. Esequias Soares, dividiu a visão que Ezequiel teve das abominações do templo, em duas partes, para efeitos didáticos. Neste segundo tópico veremos os detalhes da primeira parte destas abominações. Ezequiel viu a imagem dos ciúmes, que muitos estudiosos a identificam como a deusa Aserá. Viu também vários répteis e outros animais impuros e ídolos pintados nas paredes. Por último viu os anciãos de Judá, em pé com os seus incensários diante destas abominações. 


1- A imagem de ciúmes (v.5). Quando falamos em ciúmes, logo nos vem à mente alguém que tem um sentimento possessivo em relação a outra pessoa, a qual quer a todo custo manter junto de si e desconfia loucamente de infidelidade dessa pessoa. A palavra portuguesa ciúmes tem origem na palavra latina zelumen, derivada de outra palavra latina zelus, que significa fervor, calor, ardor ou intenso desejo. O vocábulo grego ‘zelos’ tem o mesmo sentido. 


No hebraico, a palavra traduzida neste texto de Ezequiel por ciúme, é qi’nah’ que significa “zelo, ciúme ardente, ou ira”. Por amar, zelar e cuidar da pessoa amada, o cônjuge fica extremamente irado ao descobrir que a pessoa amada está oferecendo o seu amor a outra pessoa. O termo hebraico não tinha o sentido de ciúme doentio de alguém que, sem nenhum fundamento, desconfia até da sombra. 


No Antigo Testamento, Deus sempre comparou o seu relacionamento com Israel ao relacionamento conjugal. Por isso, a idolatria é chamada de adultério e prostituição no Antigo Testamento. No Livro do profeta Oséias, Deus usou a vida conjugal do profeta, ordenando que ele se casasse com uma prostituta e tivesse filhos com ela. (Os 1.2,3). Gômer, a prostituta, mesmo estando casada com o profeta, tinha os seus amantes. Nesta metáfora, Israel, representado pela protituta, deixa seu marido, que é Deus, para ficar com os seus amantes e ainda pagava para estar com eles. Imagine como o profeta se sentia diante desta situação! É assim que Deus se sente, quando alguém pratica a idolatria. 


O termo traduzido por imagem dos ciúmes em Ezequiel é semel. Significa uma “imagem ou ídolo”, também citada em outros textos como bosque ou poste-ídolo. O ímpio rei Manassés, construiu uma imagem dessa e colocou-a dentro do templo de Jerusalém. Posteriormente, o seu neto Josias, quando assumiu o trono a destruiu (2 Rs 21.3,7; 2 Rs 23.3). Muitos reis ímpios de Judá se entregaram à idolatria. Depois os seus sucessores que eram tementes a Deus, como Asa, Ezequias e Josias, fizeram reformas e derrubaram os ídolos e altares pagãos. 


Este ídolo, que havia sido colocado no templo por Manassés, foi destruído por Josias, mas tudo indica que um dos seus sucessores tenha feito outra, colocando-a ao lado da porta ao norte do templo. Muitos intérpretes da Bíblia identificam este ídolo, chamado de imagem dos ciúmes, como sendo Aserá, deusa dos cananeus, que segundo eles era a esposa de Baal. Nos dias de Acabe, a rainha Jezabel trouxe este ídolo e os seus sacerdotes e profetas para Samaria. 


2- O culto aos animais e aos répteis (v.10). Na segunda cena vista por Ezequiel nesta visão tinha as imagens de vários animais considerados imundos, ‘pintados’ na parede do templo como ídolos. A palavra traduzida por ‘pintados’ nesse texto pela Almeida Revista e Corrigida, significa na verdade “entalhado” ou “esculpido em relevo”. A Nova Almeida Atualizada usa a palavra “gravados”. Isto significa que estas imagens foram esculpidas na parede e não pintadas. Estas imagens estavam escondidas e o profeta recebeu ordem de Deus para cavar um buraco. Só assim, ele conseguiu ver as abominações escondidas. Os anciãos de Judá estavam praticando um culto pagão, de forma secreta na casa do Senhor. 


Esta visão mostra o grau de depravação espiritual e afastamento da Lei de Deus, que esse povo estava vivendo. No Livro de Levítico no Capítulo 11, o povo de Israel foi proibido de comer e até tocar nos cadáveres desse tipo de animais, pois eram considerados imundos. 


Agora, o povo havia feito pintura destes animais para adoração. A adoração aos animais é chamada de zoolatria e era uma prática comum dos egípcios, que consideravam os animais como recipientes que abrigavam o poder dos deuses. Os deuses egípcios eram representados por crocodilos, cobras, escaravelhos, bois, ovelhas e gatos. Em muitas religiões ainda hoje existe a ideia de que os animais são reencarnações dos antepassados, ou manifestações de deuses. 


3- Os setenta anciãos (v.11). Na terceira cena, o profeta Ezequiel viu setenta homens dos anciãos da casa de Israel, entre eles Jazanias, filho de Safã. Cada um tinha na mão o seu incensário; e subia uma nuvem de incenso. Não se sabe ao certo quem era este Jazanias, pois há pelo menos quatro pessoas na Bíblia com este nome. Porém, Safã era um escrivão do rei Josias, que leu o Livro da Lei, diante do rei  (2 Rs 22.8-11). Os escrivães naquela época eram pessoas que tinham a função de escrever os textos oficiais e em alguns casos em copistas das Escrituras, chamados também de escribas. Parece que este era o caso de Safã. Sendo assim, Jazanias era filho de alguém dedicado à Lei de Deus, que serviu a um rei temente a Deus que foi Josias e agora estava liderando um grupo de anciãos para praticarem idolatria na Casa do Senhor.


A palavra hebraica ‘zaqen’ traduzida por ‘ancião’ e a sua correspondente em grego, ‘presbyteros’, tem mais de um significado. Literalmente é uma referência a um idoso ou o mais velho de uma tribo, que naquela época eram muito respeitados. Estas palavras também eram usadas para designar um príncipe, líder comunitário, líder de uma família ou conselheiro do rei (Ez 7.26; Êx 19.7; Is 24.23; Jr 19.1). No Novo Testamento, os anciãos (Gr. presbyteros) eram os membros do Sinédrio e os líderes das Igrejas Cristãs em uma localidade. Mas, no tempo de Ezequiel, o Sinédrio ainda não existia.


Aqui, estes homens importantes de Judá estavam em uma sala secreta, oferecendo incenso a divindades pagãs. O fato de estarem com incensários, indica que eles agiam como sacerdotes. O incenso fazia parte do culto judaicom, no chamado Dia da Expiação (Lv 16.1-3, 13). Porém aqui estava sendo usado em outros rituais, numa espécie de sincretismo religiosos, misturando o culto a Deus com outros rituais pagãos. Estes anciãos haviam se desviado completamente, pois a sua fala demonstra que eles não criam mais que Deus poderia proteger Israel: “O Senhor não nos vê, o Senhor abandonou a terra”. (Ez 8.12). Infelizmente, em nossos dias, muitos líderes religiosos vivem dessa forma, sem crer mais em Deus e praticando o que não devem. Ou seja, mantém as aparências de obreiros, pois precisam da função para sobreviver, mas agem como se Deus não existisse. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022.Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 42-45.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3219.

Taylor. John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 90-91.

ZUCK, Roy. (Ed). Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.401.


Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.


Ev. Weliano Pires.

SOBRE A VISÃO

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 3: As abominações do templo)

Neste primeiro tópico falaremos sobre a visão que Ezequiel teve das abominações que eram praticadas dentro do templo. O profeta Ezequiel estava em sua casa, no cativeiro na Babilônia. Ele foi arrebatado pelo Espírito Santo para o templo em Jerusalém e viu a idolatria sendo praticada dentro do templo, em tempo real. Catorze meses antes desta visão, o profeta Ezequiel tivera a primeira visão, na qual contemplou a Glória de Deus. O impacto foi tão forte, que ele precisou de sete dias para se recompor. Nesta segunda visão, no entanto, Deus lhe mostrou o oposto. O Deus Onisciente, que a tudo contempla, descortinou perante o seu o seu servo, as formas mais degradantes de idolatria que se praticavam no templo do Senhor em Jerusalém, que fora construído por Salomão, onde a Glória de Deus se manifestou em sua inauguração. 


1- A segunda visão. Ezequiel teve esta visão no sexto ano, no quinto dia do sexto mês, o que corresponde ao dia 5 do mês de Elul (agosto/setembro), do ano de 592 a.C. Alguns anciãos de Israel, que também estavam no cativeiro, se encontravam na casa do profeta. É possível que tenham ido buscar alguma orientação com Ezequiel, cuja autoridade era reconhecida pelos judeus que estavam com ele no exílio. 


Enquanto estava assentado com os anciãos em sua casa, a mão do Senhor veio sobre Ezequiel e ele viu uma figura como de um homem. Esta referência a "um homem", segue o texto da Septuaginta. No texto hebraico aparece a palavra “esh”, que significa “fogo” e é muito semelhante a "ish" que traduzido é “homem”. Esta figura vista por Ezequiel era idêntica à que ele viu na primeira visão (Ez 1.26,27).


Na parte de baixo da cintura deste ser era fogo e, na parte de cima, como o resplendor de um metal brilhante. Na sequência, vindo deste ser, algo como uma mão o tomou pelos cabelos e o levou nos ares até Jerusalém, para o interior do templo. (Ez 8.1-3). Esta figura divina que assumiu a forma humana é uma teofania, ou seja uma manifestação divina visível no Antigo Testamento, antes da vinda de Jesus, que é a imagem do Deus invisível (Cl 1.17). A imagem do fogo fala de um julgamento severo que estava por vir. A figura do metal brilhante, representa a Glória de Deus, que não pode conviver com o pecado. 


2- As visões das abominações do Templo. No interior do templo, o profeta recebeu ordem para olhar para o Norte e ao fazê-lo, viu junto ao altar, um ídolo que ele chama de “imagem dos ciumes”, da qual falaremos no próximo tópico. Em seguida, o Senhor o levou ao pátio do templo e mandou que ele escavasse a parede. Ezequiel fez assim e descobriu uma porta. Ao entrar por esta porta viu figuras de répteis e animais considerados impuros. Viu também os anciãos de Israel com os seus incensários e uma nuvem de incenso que subia. O Senhor mostrou ainda,  várias mulheres que choravam por Tamuz, uma divindade da Babilônia, da qual falaremos no terceiro tópico. Por último, a adoração ao sol. Era uma decadência generalizada, do povo de Deus, entregue aos mais variados tipos de idolatria, o que justificava a ira de Deus contra eles. 


Quando Ezequiel teve esta visão, a cidade de Jerusalém e o templo ainda não tinha sido destruídos. Por isso, a visão tem um caráter preterista, ou seja, está relacionada aos dias do profeta Ezequiel. Entretanto, ela  também se refere a eventos futuros, conforme descreve o versículo 18: “Pelo que também eu procederei com furor; o meu olho não poupará, nem terei piedade; ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, eu não os ouvirei.”


3- Como entender as visões de Deus? Esta segunda visão de Ezequiel é diferente das visões de outros profetas do Antigo Testamento e até de outras visões que Ezequiel teve. Na visão, ele diz que foi puxado pelos cabelos e levado ao templo em Jerusalém. Evidentemente, foi em espírito e não fisicamente que foi a Jerusalém, pois o próprio profeta diz que foi “em visões” (Ez 8.3). É semelhante às visões que João teve no Apocalipse, estando na Ilha de Patmos. Ele foi arrebatado em espírito ao Céu e teve as visões. 


Provavelmente, os ídolos que ele viu fossem literais e realmente estavam dentro do templo, ou talvez fosse apenas uma representação da idolatria que eles praticavam. Entretanto, como o rei Manassés praticou esse tipo de abominação no templo, o mais provável é seja literal mesmo: “E edificou altares na casa do Senhor, da qual o Senhor tinha falado: Em Jerusalém porei o meu nome. Também edificou altares a todo o exército dos céus em ambos os átrios da casa do Senhor.” (2 Rs 21.4,5). A prática da idolatria e do sincretismo religioso havia tomado conta de Judá. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022.Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 41.

Taylor, John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 88-89.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3218.

Taylor. John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 89-90.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3218.

Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Ezequiel. Editora Batista Regular. pag. 39.


Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.


Ev. Weliano Pires.


AS ARMAS DO CRENTE

(Comentário do 1º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos sobre as armas do crente...