25 novembro 2021

O LEGADO DOUTRINÁRIO DE PAULO PARA OS NOVOS LÍDERES


Paulo foi, sem dúvida nenhuma, o maior doutrinador da Igreja Cristã. A Epístola aos Romanos é um verdadeiro tratado teológico. Nas treze epístolas que escreveu, Paulo ensinou sobre as doutrinas do pecado, da salvação, de Cristo, do Espírito Santo, da Igreja, sobre o arrebatamento da Igreja, ressurreição de Jesus e dos mortos, etc. Mas, Paulo não deixou apenas um legado doutrinário. Ele deixou-nos também um legado apologético, que é a defesa da fé, contra seitas e heresias. Neste tópico veremos como Paulo advertiu os novos obreiros a respeito de dois grupos hereges do seu tempo, que eram os judaizantes e os gnósticos. 

1. A advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos. 

a. Quem eram os judaizantes? Paulo pregava o Evangelho por toda parte. Quando chegava a uma cidade, logo procurava uma sinagoga e expunha, ousadamente, a mensagem da Cruz. Isso provocava a ira dos judeus e muitas vezes ele teve que fugir para não ser apedrejado. 

Alguns judeus se converteram, porém não queriam abandonar os rituais da Lei e queriam impor isso aos gentios, como requisitos para a salvação. Paulo se contrapôs corajosamente contra estes ensinos, defendendo que. Salvação é obra da Graça de Deus, mediante a fé em Cristo e não depende das obras da Lei. Nas Epístolas aos Romanos, aos Gálatas e aos Colossenses podemos ver isso bem detalhado. 

Em nossos dias ainda há pessoas querendo "costurar o véu do templo" e exigir as práticas da Lei pela Igreja. O principal grupo que defende isso é a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Eles pregam a guarda do sábado e a abstinência de vários alimentos. 

Há também os neopentecostais que não exigem que se guarde o sábado ou abstinência de alimentos, mas atribuem poderes a objetos e locais de Israel, praticam elementos do culto judaico e usam símbolos judaicos em seus templos. 

A Igreja Cristo não é um segmento do Judaísmo e não pertence a um povo. A Igreja é a Universal Assembleia, formada por judeus e gentios, unidos pela fé em Cristo. 

b. Quem eram os gnósticos? A palavra “gnóstico” deriva do termo grego “gnoses”, que significa conhecimento. É daí que vem as palavras portuguesas prognóstico e diagnóstico. Gnóstico, portanto, é a pessoa que adquire um suposto conhecimento especial e vive segundo esse conhecimento.

O Gnosticismo baseia-se, essencialmente, em duas premissas falsas: 

a. Dualismo em relação ao espírito e à matéria. Acreditam que a matéria é inerentemente má e que o espírito é bom. Partindo dessa premissa, acreditam que qualquer coisa feita no corpo, até mesmo o pior dos pecados, não tem valor algum, pois a vida verdadeira existe no reino espiritual apenas. Por causa desse entendimento equivocado, negam a encarnação de Cristo. Dizem que o corpo de Jesus era apenas aparente e que Ele não foi crucificado. Para combater esta heresia, o apóstolo João escreveu que "qualquer espírito que não confessa que Jesus veio em carne não é de Deus". (1 Jo 4.1). 

b. Conhecimento elevado ou uma “verdade superior", conhecida apenas por poucos.  Os gnósticos se consideravam pensadores com conhecimento profundo e tentavam explicar os mistérios relacionados à criação  e o mal. Este suposto conhecimento, que alegavam possuir, não vinha da Bíblia ou de estudos filosóficos, mas de um suposto plano místico e superior de existência. Por causa desta suposta profundidade de conhecimento, eles se opunham à simplicidade da fé cristã.

Para os gnósticos havia três tipos de pessoas no mundo:

a. Os instruídos, ou espirituais, que naturalmente eram eles mesmos;

b. Os cristãos comuns, em quem se equilibram matéria e espírito;

c. Os pagãos, ou materiais, nos quais o espírito é subjugado pela matéria.

Sobre a pessoa de Jesus, os gnósticos ensinavam que ao ser batizado, Jesus teria recebido um "eon", que eles consideravam ser uma entidade superior, que fez dele um enviado de Deus, capaz de levar os homens à verdadeira “gnose”, o evangelho da redenção através do conhecimento.

O gnosticismo teve origem em várias seitas religiosas anteriores ao cristianismo, mas nos primeiros séculos da era cristã, misturou-se com o próprio cristianismo. Posteriormente, foi declarado como pensamento herético. Alguns defendem que há um gnosticismo pagão e um gnosticismo cristão. O fato é que o pensamento gnóstico é absolutamente incompatível com a fé cristã. 

Sobre o Gnosticismo, podemos dizer que:

(a) Ele é racionalista. Busca responder perguntas que estão fora das Escrituras e das testemunhas apostólicas, com suposições que não tem nenhum fundamento bíblico.

(b) Ele é místico, pois busca a identificação e a absorção com o divino.

(c) Ele é mitológico, pois emprega um sistema de mitologia para expressar a verdade, substituindo a verdade bíblica.

O pensamento gnóstico ainda está presente na atualidade em diversas sociedades secretas, em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde realizam sessões e divulgam suas doutrinas. Está presente até em Igrejas que se dizem evangélicas, mas pregam estas premissas gnósticas.

2. O compromisso de Paulo com o Senhor (At 20.19). Paulo se preocupava antes de qualquer coisa, em agradar a Deus e praticar aquilo que ensinava. Qualquer coisa diferente disso é hipocrisia. O grande problema dos fariseus não era o que eles ensinavam e sim, a distância abissal entre o ensino e a prática. 

Escrevendo ao seu filho na fé, Timóteo,  Paulo falou: "Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar e que maneja bem a Palavra da verdade". (2 Tm 2.15). O primeiro compromisso do obreiro não é com a obra de Deus e sim com Deus. Antes de ser um pregador e ensinador, precisamos ser salvos e comprometidos com Deus. É a Deus que servimos e não aos homens ou instituições. Pedro e João, quando foram convocados a prestar esclarecimentos perante o Sinédrio, foram advertidos a não mais ensinar no Nome de Jesus. Diante desta advertência, eles responderam: "Mais importa obedecer a Deus que aos homens. Não podemos deixar de falar daquilo que temos visto e ouvido". (At 4.19,20). 

Com relação ao trabalho de um obreiro, ele deve ter em mente três princípios:

  • Ele está a serviço de Deus e não dos homens; 

  • Ele deve servir a Deus, com humildade, considerando que diante de Deus nada somos;

  • Ele não deve esperar facilidades por estar servindo a Deus, pois todos os que querem servir a Deus neste mundo, enfrentarão lutas, tribulações e perseguições.


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Pb. Weliano Pires


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai,. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. Ed. 1, 2021.    

Dicionário Bíblico Tyndale. Editora geográfica. pag. 1019-1021. 

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 619.    

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 2. pag. 1043-1047.    

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 440-441.    

LOPES. Hernandes Dias. Atos. A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pag. 410-412.    

Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD 2006, pp.871, 1103.


23 novembro 2021

ÉFESO, O PONTO DE APRENDIZADO DOS VOCACIONADOS

 

Éfeso era uma das mais importantes cidades do Império Romano. Era a segunda maior cidade do Império romano. Por ser uma cidade portuária estar em conexão com as estradas para várias cidades, Éfeso se tornou um importante centro comercial. Havia também nesta cidade vários armazéns e um anfiteatro com capacidade para vinte mil e cinco pessoas. Entretanto, a construção que tornava Éfeso uma cidade mundialmente conhecida, era o templo dedicado à deusa Ártemis, conhecida por Diana no império romano. 

Paulo esteve em Éfeso pela primeira vez, em sua segunda viagem missionária, acompanhado do casal Priscila e Áquila. Ali, Paulo disputava com os  judeus sobre as Escrituras. Os judeus em Éfeso receberam bem o Evangelho e rogaram a Paulo que demorasse mais um pouco ali. Mas, devido a um compromisso que tinha em Jerusalém, Paulo deixou Priscila e Áquila em Éfeso e seguiu viagem. Este casal conheceu Apolo, um judeu de Alexandria, eloquente e poderosos nas Escrituras, que conhecia apenas o batismo de João. O casal de missionários o orientou sobre o Evangelho ele se tornou um importante pregador e companheiro de Paulo. 

Depois, em sua terceira viagem missionária, Paulo retornou a Éfeso, Ali, ele encontrou um grupo de doze cristãos, que haviam crido na mensagem pregada por João Batista, provavelmente, pregada em Éfeso por Apolo. Estes cristãos nada sabia a respeito do Espírito Santo. Paulo lhes ensinou sobre a doutrina do Espírito Santo e, impondo-lhes as mãos, foram batizados no Espírito Santo, falaram em línguas e profetizaram (At 19.1-7). Nesta ocasião, Paulo permaneceu em Éfeso por três meses, pregando ousadamente a Palavra de Deus na sinagoga  (Atos 19:23-41). Durante este período, ferrenhos opositores, liderados pelo ourives Demétrio, se levantaram contra a equipe, irritados por causa dos prejuízos causados aos fabricantes de ídolos, em virtude das muitas conversões. 

1. O ponto de partida. A Igreja em Éfeso cresceu e foi avivada pelo ensino bíblico. Paulo permaneceu ali por três anos, ensinando a Palavra de Deus. Por isso, esta Igreja se tornou uma referência na doutrina, sendo elogiada por Jesus, por suas boas obras, trabalho árduo e perseverança e por desmascarar os falsos apóstolos (Ap 2.2.3).

Devido ao longo período que Paulo permaneceu em Éfeso, ele fundou ali, uma escola de preparação de obreiros, para ensinar aos que tinham vocação para o ministério. Evidentemente, não era uma escola nos moldes de hoje, com materiais didáticos e instalações adequadas e não possuíam ainda o Novo Testamento como temos hoje. 

2. Paulo e o despertamento de novas vocações. O ministério de Paulo era muito intenso. Ele viajava por todo o mundo pregando o Evangelho, ensinando e visitando Igrejas. Ele não podia ficar muito tempo em um lugar ensinando uma Igreja. Sendo assim, Paulo se preocupou em formar novos obreiros para dar continuidade ao seu trabalho, principalmente porque ele sabia que teria que partir de Éfeso e que não voltaria mais. Por onde passava, Paulo investia em novos obreiros e formou vários companheiros de ministério, entre eles estão Timóteo, Sópatro, Segundo, Trófimo (At 20.4), Tíquico (Ef 6.21,22: Cl 4.7:2 Tm 4.12; Tt 3.12), Tito, Aristarco (CL 4.10), Filemom, Gaio e tantos outros. 

Paulo tinha um cuidado e carinho especiais com cada um deles, como podemos notar no tratamento dado por ele a Tito, Timóteo e Filemon nas Epístolas. Não era uma relação de ‘chefe e subordinado’, como se vê em muitos lugares. Paulo os chamava de “meu filho” e conhecia o perfil de cada companheiro. 

A obra de Deus não pode parar. É preciso recrutar e preparar novas lideranças para dar continuidade ao trabalho. As lideranças mais experientes devem ajudar, compreender e ensinar aos mais novos. Os pastores precisam formar novos pastores; os regentes devem formar novos regentes; os superintendentes e professores, da mesma forma.

3. Paulo, um mestre inspirado. Paulo recebeu a doutrina cristã diretamente do Senhor Jesus, por meio de revelações e por inspiração do Espírito Santo. Além disso, Paulo tinha profunda comunhão com o Senhor. Era um homem de oração e que ouvia o Senhor falar com ele nas prisões e nos momentos difíceis. Tinha muitas experiências para repassar aos obreiros mais jovens. Ele se tornou uma inspiração para os seus filhos na fé. 

Todos nós, de alguma forma influenciamos a alguém, seja para o bem, ou para o mal. Em tudo o que fazemos na Igreja tem alguém nos olhando e pode se espelhar em nós, principalmente os novos convertidos. A pergunta que fica é: Que tipo de influência temos sido? Se os novos obreiros olharem para nós, se tornarão melhores ou piores? Escrevendo a Timóteo, Paulo disse coisas do tipo: Sejas exemplo para os fiéis, em tudo te dá por exemplo. Escrevendo aos Coríntios, ele disse: Sede meus imitadores (1 Co 11.1). Tenhamos cuidado para que as nossas palavras e atitudes não escandalizem os nossos filhos na fé e novos crentes. 


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Pb. Weliano Pires


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. O Apostolo Paulo, Lições de Vida e Ministério do Apostolo do Gentios para a Igreja de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD. Ed. 1, 2021.

BALL, Charles Ferguson. A vida e os Tempos do Apostolo Paulo. Editora CPAD. pag. 83.  

LOURENÇO, Stelio Rega. Paulo e Sua Teologia. Editora Vida. pag. 42-46.    

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pag. 413.      


22 novembro 2021

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 9: PAULO E A SUA DEDICAÇÃO AOS VOCACIONADOS

 


Nesta lição falaremos sobre o papel do apóstolo Paulo na preparação de novos obreiros para substituí-lo nas Igrejas. Paulo sabia, por revelação divina, que seria executado em breve e se preocupava com o futuro da Igreja, principalmente por causa dos falsos mestres, que ele chamou de "lobos cruéis". 


É muito importante que um líder tenha a preocupação de formar auxiliares, substitutos e até sucessor, pois, além de não podermos fazer tudo sozinho, não somos eternos. Estamos aguardando a Volta de Jesus a qualquer momento para buscar a sua Igreja, mas não sabemos quando Ele virá. Se o Senhor não voltar logo, os atuais líderes passarão para a eternidade e outros terão que assumir a liderança da Igreja. 


Temos dois exemplos de líderes na Bíblia, que foram tementes a Deus: Moisés e Josué. Um preparou o seu sucessor, o outro não. Moisés foi avisado por Deus de que não entraria na terra prometida e que Josué seria o seu sucessor. Ele, então, tratou de prepará-lo para a sucessão. Após a morte de Moisés, Josué assumiu a liderança, conquistou a terra prometida e o povo não se desviou. Josué, apesar de ser um homem temente a Deus, durante toda a sua vida, não se preocupou em preparar alguém para sucedê-lo. No final da sua vida, ele reuniu o povo e disse: 

– Escolham a quem vocês querem servir, se aos deuses a quem os pais de vocês serviram, do outro lado do Jordão, ou ao Senhor. Porém, eu e a minha casa serviremos ao Senhor. (Js 24.15). 


O resultado disso foi trágico. Após a morte de Josué, o povo não tinha liderança e cada um fazia o que achava certo. O povo caiu na idolatria e passou cerca de trezentos anos num ciclo vicioso: pecava e era entregue aos inimigos; se arrependia e Deus levantava um libertador; voltava a pecar e eram dominados novamente.


No primeiro tópico falaremos sobre a cidade Éfeso como uma base do apóstolo Paulo para o treinamento e orientação de novos obreiros. Veremos como Paulo recrutou e treinou pessoas vocacionadas para o ministério, para que o auxiliassem na direção das Igrejas que ele plantava. Veremos por último, que Paulo foi um mestre, que serviu de inspiração aos obreiros mais novos, pois ele havia recebido o Evangelho diretamente do Senhor. 


No segundo tópico falaremos sobre o legado doutrinário e apologético do apóstolo Paulo. Em suas epístolas, Paulo alertou os companheiros obreiros em relação aos falsos mestres, principalmente os judaizantes e os gnósticos. Falaremos também sobre o compromisso que o apóstolo tinha com o Senhor, evidenciado em sua coerência entre o seu discurso e a prática. 


No terceiro e último tópico, veremos o discurso emocionado, em tom de despedida, aos anciãos da Igreja em Éfeso. Paulo os alertou sobre três pontos cruciais no ministério pastoral: o desprendimento material do obreiro, o cuidado pessoal do obreiro e o cuidado que o obreiro deve ter em relação às ameaças dos predadores do rebanho do Senhor. 


Leia o texto na íntegra acessando o link abaixo. Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.


Pb. Weliano Pires



21 novembro 2021

LIÇÃO 9: PAULO E A SUA DEDICAÇÃO AOS VOCACIONADOS

 



HINOS SUGERIDOS: 52, 126, 193 da Harpa Cristã.


TEXTO ÁUREO: 

“Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre o que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.” (At 20.28). 

VERDADE PRÁTICA:

“No Reino de Deus, a liderança mais antiga zela pelas lideranças mais novas. Os jovens vocacionados precisam de cuidado e zelo.”


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 20.17-34


17- De Mileto mandou a Éfeso, a chamar os anciãos da igreja.

18- E, logo que chegaram junto dele, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós,

19- Servindo ao Senhor com toda a humildade, e com muitas lágrimas e tentações, que pelas ciladas dos judeus me sobrevieram;

20- Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas,

21- Testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.

22- E agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer,

23- Senão o que o Espírito Santo de cidade em cidade me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações.

24- Mas de nada faço questão, nem tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.

25- E agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto.

26- Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos.

27- Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.

28- Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.

29- Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho;

30- E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.

31- Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós.

32- Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados.

33- De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem a vestes.

34- Vós mesmos sabeis que, para o que me era necessário, a mim e aos que estão comigo, estas mãos me serviram.    


OBJETIVO GERAL: 

  • Afirmar o papel cuidador da liderança mais antiga acerca da mais jovem.  


OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

  • Apontar é fixo como ponto de partida do aprendizado dos vocacionados;  

  • Assinalar ou legado doutrinário de Paulo para os novos líderes;  

  • Enfatizar o apelo de Paulo aos líderes.    


INTERAGINDO COM O PROFESSOR


Uma das lições mais extraordinárias no ministério de Paulo é o seu investimento pessoal em formar novos obreiros. O apóstolo sabia que ele passaria brevemente, mas a Igreja permaneceria. Ele tinha uma consciência histórica a respeito da obra divina. Essa obra não terminaria nele, pelo contrário, avançaria até a volta de Jesus. É muito significativo conscientizar-se de que o Reino de Deus é muito maior do que qualquer interesse humano. A obra de evangelização e discipulado não pode parar por falta de novos obreiros. O Senhor chama as antigas lideranças para cuidar das mais novas, pois “grande é, em verdade, a seara, mas os obreiros são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara” (Lc 10.2).  


PONTO CENTRAL: A Liderança mais antiga deve cuidar das mais novas


INTRODUÇÃO


Nesta lição, vamos estudar sobre o grande legado do apóstolo Paulo para os obreiros da atualidade. Sua maneira de ensinar os novos vocacionados, seu legado doutrinário para novos obreiros e seus apelos aos líderes do rebanho de Deus. Temos muito o que aprender com a vida e o ministério do apóstolo dos gentios. Que o Espírito Santo fale aos nossos corações!    


I –  ÉFESO, O PONTO DE APRENDIZADO DO VOCACIONADOS


1. O ponto de partida. Em lição anterior, vimos que Antioquia foi o lugar de desenvolvimento vocacional do apóstolo Paulo (At 13.1). Em Éfeso, o apóstolo permaneceu mais tempo e, por isso, dali surgiu um local estratégico para formar novos discípulos. Assim, preparar seus colaboradores vocacionados para atuar nas igrejas da Ásia era uma tarefa importante, pois o ministério de Paulo já estava mais independente dos apóstolos de Jerusalém, embora não perdesse a comunhão com a igreja mãe. Logo, sem uma boa preparação dos novos líderes, a obra de Deus não pode ser feita com eficácia. É preciso cuidar das novas vocações.    


2. Paulo e o despertamento de novas vocações. O ministério de Paulo tomou uma proporção muito ampla Era um ministério internacional. Para levar as Boas Novas aos centros culturais do mundo, ele não podia atuar sozinho. Por isso, o apóstolo arregimentou e investiu em pessoas que o auxiliassem a levar o Evangelho. Podemos citar nomes como os de Timóteo, Sópatro, Segundo, Trófimo (At 20.4), Tiquico (Ef 6.21,22: Cl 4.7:2 Tm 4.12; Tt 3.12), Tito, Aristarco (CL 4.10), Filemom, Gaio e tantos outros Essas pessoas recebiam ensinos diretamente de Paulo, ou seja, o ministério do apóstolo despertava novas vocações.    


3. Paulo, um mestre inspirado. O apóstolo Paulo aproveitou a boa vontade de seus “filhos na fé” para aprendizado no Evangelho. Nesse sentido, ele tornou-se um mestre inspirado para os que o ouviam (2 Co 2.12.13.17; 1 Co 4.17: 7.40; Gl 1.8,9), pois o apóstolo recebera revelações do próprio Senhor (Gl 1.12). Assim, Paulo reunia vocacionados para dar-lhes instruções de como pastorear a igreja local. Não por acaso, temos três epístolas paulinas denominadas de “cartas pastorais” (1 e 2 Timóteo, Tito). Ali, há instruções sobre como pastorear uma igreja, falar com diversas pessoas da igreja local, segundo suas faixas etárias. A constituição e a preparação de novos líderes era um cuidado constante do apóstolo, Esse deve ser o nosso cuidado também, pois a estabilidade ministerial da igreja local depende disso.     


SÍNTESE DO TÓPICO I

Éfeso foi um ponto de partida para o despertamento de novos vocacionados.


SUBSÍDIO PEDAGÓGICO


Tenha um olhar atento para que tipo de atenção o aluno tem. Temos pelo menos três tipos: a espontânea, a passiva e a voluntária. A espontânea tem a ver com a reação natural em relação aos nossos sentidos como, por exemplo, um susto; a passiva, tem a ver com a reação diante de um objeto em direção ao indivíduo; a voluntária é a que o indivíduo executa por consciência e vontade própria. A classe da Escola Dominical pode ajudar o aluno a desenvolver essa atenção voluntária tão importante para qualquer área da vida. Para obedecer a Cristo é preciso estar voluntariamente atento aos seus ensinos. Pense em estratégias que resultem no maior envolvimento voluntário do aluno com o conteúdo da lição.     


II –  O LEGADO DOUTRINÁRIO DE PAULO PARA OS NOVOS LÍDERES 


1. A advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos. 

a. Quem eram os judaizantes? Durante o ministério de Paulo, muitos judeus acolheram a mensagem apostólica e tornaram-se cristãos, mas nem todos aceitavam a liberdade cristã dos gentios. Por isso, alguns deles torceram o ensino do apóstolo, afirmando que a salvação dos gentios dependia da observância da Lei Mosaica. Assim, exigiam que os gentios convertidos observassem a Lei, tais como alguns aspectos: a prática da circuncisão, a guarda do sábado judaico a observância dos ritos que envolviam datas e comidas. Parecia que a graça de Deus não era mais suficiente. Contra isso, Paulo se levantou corajosamente (Gl 1.6-9). E o legado que ele nos deixou foi a defesa intransigente quanto à natureza graciosa da salvação. Disso, nenhum líder cristão pode abrir mão: a Salvação é por graça e não por mérito humano.    

b. Quem eram os gnósticos? Havia cristãos adeptos do gnosticismo. Eles acrescentavam elementos filosóficos à fé cristã que corrompiam a sã doutrina. Era uma filosofia prejudicial ao evangelho que Paulo ensinou. Os gnósticos se consideravam mais espirituais que os demais. Para eles, o espírito era mais importante que o corpo, e ensinavam que o corpo é matéria imprestável. Da implicação desse ensino resultava a banalização da graça de Deus. Uma graça que não requer arrependimento, santidade e disciplinas espirituais não é graça verdadeira. O apóstolo Paulo refuta esse falso evangelho, dizendo: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23). Seu legado para nós no século XXI: não banalize a maravilhosa graça de Deus. 

2. O compromisso de Paulo com o Senhor (At 20.19). O apóstolo não se preocupava apenas em lidar com os falsos ensinos que deturpavam a fé cristã. Ele preocupava-se em viver de maneira coerente com o que ensinava Por isso, sua vida era sem ostentação, pois desejava refletir a humildade de Cristo (At 20.18). Em sua despedida dos obreiros de Éfeso, o apóstolo procurou deixar um testemunho de amor ao Senhor e à sua Igreja. Nesse sentido, aprendemos com Paulo que não podemos pensar numa coisa, desejar e executar outra. Agir assim é viver numa profunda incoerência e confusão espiritual. É preciso pregar os ensinos de Cristo e refleti-los tanto na vida privada quanto na pública.    


SÍNTESE DO TÓPICO II

A advertência de Paulo a respeito dos judaizantes e dos gnósticos revela compromisso com o Senhor, maior legado do apóstolo às novas gerações.


SUBSÍDIO TEOLÓGICO


Judaizantes 


Um termo extra bíblico designado aqueles que agiram como judeus e/ou buscavam assim influenciar outros baseado na acusação de Paulo de que a atitude de Pedro forçaria os gentios judaizarem-se (Gl 2:14). Os comentários referem-se a homens como judaizantes que buscavam impor a circuncisão judaica e outros legalismos sobre as gentios como, por exemplo, os falsos irmãos que queriam levar toda a igreja para a escravidão da lei (Gl 2.4), e aqueles que ensinavam: "Se vos não circuncidardes… não podeis salvar-vos". (At 15.1), Paulo atacou os Judaizantes na Galácia que obrigavam os homens a se circuncidar (Gl 6:17)  


Gnosticismo 


Atualmente se aceita que o movimento surgiu em um ambiente judaico-cristão. Isto não nega a presença de prováveis elementos pré-cristãos no gnosticismo. [É evidente que o movimento teve início em um ambiente hebraico-cristão [-] [Os gnósticos acreditavam em uma divindade transcendente indescritível que é puramente espírito. 

(Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD 2006, pp.871, 1103).  

   

III – PAULO APELA AOS LÍDERES


1. Sobre o desprendimento de obreiro para realizar a obra de Deus (At 20.24). O apóstolo fala sobre o desapego material na vida do obreiro O versículo 24 mostra que Paulo tinha o coração livre da avareza e da ganância. Sua vida mostra que, o desprendimento das coisas materiais e plena dependência em Deus são características inegociáveis na vida do obreiro cristão. Podemos nos perder ministerialmente por causa da avareza e da ganância. Lembremos do exemplo de Paulo, que procurava não ser “pesado” às igrejas que pastoreava e visitava (2 Ts 3.8).    

2. Sobre o cuidado pessoal do obreiro (At 20.28). Paulo tinha uma liderança exemplar diante das pessoas, mas ele sabia que isso não bastava. Por isso, no versículo 28, ele diz: “Olhai, pois, por vós mesmos”. Assim, aconselhou os obreiros que olhassem para si mesmos. Às vezes na caminhada ministerial, entretanto, a experiência nos ensina que não somos intocáveis pelas circunstâncias externas. É preciso cuidar do corpo, da alma e do espírito. Assim, antes de cuidar do rebanho de Deus, o obreiro deve zelar pela sua saúde física, emocional e espiritual. Portanto, devemos cuidar de nós mesmos para cuidar do povo de Deus.    

3. Sobre a ameaça de “lobos cruéis” no rebanho de Deus (At 20.29,30).  A metáfora dos “lobos cruéis” se refere aos falsos mestres que incutiam doutrinas estranhas na mente dos incautos. Esses lobos eram predadores espirituais do rebanho de Deus, destituídos de misericórdia e amor. Nesse sentido, o apóstolo convoca os obreiros a terem o compromisso de cuidar de cada ovelha do rebanho, ensinando-a e protegendo-a. Portanto, estejamos atentos contra os predadores que atacam o rebanho do Senhor. Precisamos desempenhar, com fidelidade, o nosso papel de guardiões e protetores do rebanho de Deus.     


SÍNTESE DO TÓPICO III

O apóstolo Paulo apela para que os obreiros tenham desprendimento material, cuidado espiritual e prudência para fazer a obra de Deus.    


SUBSÍDIO TEOLÓGICO 


Frequentemente, sentimos que a vida é um fracasso, a menos que estejamos alcançando o reconhecimento, a diversão, o dinheiro e o sucesso. Mas Paulo considerava que sua vida não teria valor se ele não usasse para a obra de Deus. O que ele acrescentou à vida era muito mais importante do que aquilo que havia ganho dela. O que é mais importante para você, o que ganha da vida ou o que você acrescenta a ela? Disposição é uma qualidade necessária a qualquer pessoa que deseja fazer a obra de Deus. Paulo era uma pessoa disposta e a meta mais importante de sua vida era falar aos outros a respeito de Cristo. Não é de admirar que Paulo tenha sido o maior missionário cristão. Deus procura outros homens e outras mulheres que priorizem a grande tarefa que Ele lhe deu para fazer” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, p. 1533).    


CONCLUSÃO


A vida do apóstolo Paulo deixa um grande legado para os obreiros da atualidade. Sua maneira de despertar novas vocações, sua herança doutrinária para a nova geração de trabalhadores e seu apelo aos obreiros para cuidar do rebanho de Deus são marcos importantes para nortear os ministérios dos vocacionados de Deus. É tempo de desenvolver novas vocações.    


Q U E S T I O N Á R I O  


1. Em que lugar Paulo permaneceu mais tempo em seu ministério?

Em Éfeso, o apóstolo permaneceu mais tempo.  

2. Quais são as epístolas destinadas ao pastoreio de igrejas?

Não por acaso, temos três epístolas paulinas denominadas de “cartas pastorais” (1 e 2 Timóteo, Tito).    

3. O que os judaizantes procuravam exigir dos cristãos gentios?

Eles exigiam que os gentios convertidos observassem a lei, tais como: a prática da circuncisão, a guarda do sábado judaico, a observância dos ritos que envolviam datas e comidas.    

4. Qual era a implicação do ensino dos gnósticos? 

A implicação desse ensino resultava na banalização da graça de Deus.

5. O que Atos 20.24 mostra?

Mostra que Paulo tinha o coração livre da avareza e da ganância.   

O DISCIPULADO COM PESSOAS DE OUTRAS CULTURAS


O discipulado envolvendo pessoas do nosso bairro, cidade ou mesmo do nosso país, normalmente não envolve muitos conflitos culturais, embora haja em parte o choque do Evangelho, com os costumes do mundo e de outras religiões. Entretanto, em se tratando de pessoas de culturas diferentes da nossa, esses choques tendem a aumentar. A Igreja de Cristo não é uma religião tribal, onde todos vieram de uma única etnia e tem a mesma cultura. Ela é formada por pessoas que vieram das mais diversas culturas e etnias. Nas questões religiosas, muitos vieram do politeísmo, do panteísmo, do ateísmo, etc. Tem também as questões culturais e de costumes, que precisam ser trabalhadas cuidadosamente, à luz da Palavra de Deus. 

1. A pregação para os seus irmãos. No início da Igreja, os apóstolos não compreenderam muito bem o caráter universal da Igreja e pregavam o Evangelho apenas para os judeus. Foi necessário o Senhor permitir uma grande perseguição, para que eles saíssem de Jerusalém e pregassem o Evangelho em outros locais. Mesmo assim, quando saíram, procuraram pregar apenas para os judeus. Antes de enviar Pedro à casa do centurião Cornélio, o Senhor lhe mostrou em uma visão, uma ilustração, para que ele não considerasse imundo aquilo que Deus havia purificado. Pedro foi e pregou aos gentios. O Espírito Santo desceu sobre eles e falaram em línguas e profetizaram. Depois teve que se explicar à Igreja, porque havia entrado na casa de gentios e comido com eles. 

2.  A expansão para os gentios.  O Senhor Jesus havia dito para os discípulos ficarem em Jerusalém, até que fossem revestidos de poder (Lc 24.49). Mas a promessa já havia se cumprido e eles continuaram ali, pregando somente para os judeus. Eles se esqueceram de o Senhor falou depois, que eles seriam testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até os confins da terra. Após a conversão de Saulo e a sua chamada na Igreja de Antioquia, onde o Espírito Santo falou claramente para aquela Igreja separar Saulo e Barnabé, para a obra que Ele havia chamado, iniciou-se então, as viagens missionárias pelo mundo.

3.  O discipulado numa cultura diferente. A partir das viagens missionárias de Paulo e Barnabé pelo mundo, pessoas das mais diversas culturas, que desconheciam a cultura judaica foram se convertendo. Muitas delas praticavam a feitiçaria, a poligamia, idolatria, prostituição, comiam coisas oferecidas aos ídolos, etc. Vindo para o Evangelho, era preciso confrontar estes estilos de vida com o padrão de Cristo. Na primeira Epístola aos Coríntios, vemos Paulo enfrentando vários problemas neste sentido. 

Em missões transculturais, é preciso conhecer a cultura dos povos que se pretende alcançar e analisar, com muito cuidado, à luz da Palavra de Deus, o que é compatível com o Evangelho e o que não é. Há costumes e práticas culturais como músicas, roupas e comidas que não tem nenhum problema. Cabe ao missionário discipulador, ensinar nos princípios bíblicos e recomendar que aquilo que for incompatível deve ser abandonado. 


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Pb. Weliano Pires

20 novembro 2021

O DISCIPULADO E A MISSÃO INTEGRAL DE PREGAR E ENSINAR


Infelizmente, nos dias atuais, muitos papéis estão invertidos e não há a preocupação de discipular os novos convertidos de forma eficaz. Vemos evangelistas dirigindo Igrejas e pastores e presbíteros fazendo trabalhos itinerantes. Pelos padrões bíblicos, presbíteros e pastores devem pastorear uma Igreja plantada por um missionário ou evangelista. Os bispos, ou pastores regionais devem supervisionar os trabalhos em uma determinada região. O discipulado foi reduzido a uma classe com poucas pessoas, com algumas aulas preparatórias para o batismo. Isso é importante, mas o discipulado vai muito além destas ações. É preciso haver um acompanhamento, orientação e integração dos novos crentes. 


1.   A pregação: o ponto de partida. Não existe outra maneira da Igreja se expandir, que não seja a proclamação do Evangelho de Cristo. Não podemos substituir a pregação do Evangelho por outros atrativos, para trazer as pessoas à Igreja. O Evangelho puro e bíblico, proclamado no poder do Espírito Santo, é poderoso para levar as pessoas ao arrependimento. O Evangelho consiste em mostrar a pecaminosidade do ser humano e o Único Salvador, capaz de resgatá-lo, que Jesus Cristo, o Filho de Deus. Não podemos chamar de Evangelho filosofias humanas, autoajuda, motivação, prosperidade, triunfalismo e outras coisas que se pregam na atualidade. Não podemos jamais modificar a mensagem do Evangelho para torná-la atrativa, pois isso seria falsificar a Palavra de Deus e pregar “outro evangelho”. Escrevendo aos Gálatas, Paulo disse que “ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” (Gl 1.8). Então, o ponto de partida para a Igreja buscar os perdidos é pregar o Evangelho de Cristo, sob a direção e poder do Espírito Santo. 


2. O Ensino: “fazer discípulos”.  Após a pregação do Evangelho, quando a pessoa se decide por Cristo, o passo seguinte é a integração dos novos crentes ao corpo de Cristo, mediante as primeiras instruções, acompanhamento, orientação, oração, comunhão e exemplo. Não pode existir discipulado sem o evangelismo e o evangelismo sem o discipulado fica incompleto. Seria como plantar uma semente e esperar que ela cresça sozinha, sem regar e sem cuidar dela. 

Logo após a descida do Espírito Santo, Pedro pregou uma mensagem poderosa e ao final, a multidão impactada com a mensagem que acabara de ouvir, chegou-se aos apóstolos e perguntou: 

- Que faremos, varões irmãos? (At 2.37).

Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu: 

- Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. (At 2.38).

Imagine agora, uma Igreja que contava com cento e vinte pessoas, receber três mil novos crentes em um único dia, saltando para quase cinco mil nos dias seguintes! Eram pessoas que desconheciam totalmente os ensinos de Jesus e imaginavam que a seita dos nazarenos ou o caminho, como eram conhecidos os discípulos, seria apenas mais uma vertente do Judaísmo. O desafio era enorme e os apóstolos começaram a ensinar diariamente ao povo, aquilo que aprenderam de Jesus. Posteriormente, Saulo se converteu e tornou-se o grande discipulador e doutrinador da Igreja Cristã, como vimos no tópico anterior. 

É importante destacar que o discipulado é trabalho de todos os crentes e não apenas dos pastores e professores da Classe de Discipulado. Todos os cristãos têm a obrigação de recepcionar os novos crentes e instruí-los na fé cristã, principalmente com o seu exemplo de fé e conduta.  Segundo David Cornfield: “Discipulado é uma relação comprometida pessoal onde um discípulo mais maduro ajuda outros discípulos de Jesus Cristo a aproximarem-se dEle e assim, reproduzirem o caráter cristão.” 


 3.   Pregação e ensino. O discipulado, como vimos, consiste nas primeiras instruções e acompanhamento aos novos convertidos. Entretanto, o novo crente não pode permanecer nesta condição a vida inteira. Precisa aprender, crescer e amadurecer, para também ensinar a outras pessoas. Por isso há a necessidade do ensino sistemático da Palavra de Deus na Igreja. Os locais mais adequados para se fazer isso é nos cultos de ensino, na Escola Dominical e nas escolas teológicas. É indispensável ao crente, frequentar os cultos de ensino, onde o pastor da Igreja faz a exposição da Palavra de Deus, com um tempo maior e após um período de oração. Igualmente, é imprescindível que toda a Igreja frequente a Escola Dominical, onde é ensinado sistematicamente a Palavra de Deus, com uma excelente metodologia, com tema, atividades, dinâmicas em classes e perguntas e respostas, em um ambiente propício para o ensino. Eu sou apaixonado pela Escola Dominical e a frequento desde a minha infância. Há 21 anos ininterruptos, sou professor e aprendo a cada aula que preparo, lendo comentários, pesquisando e assistindo vídeo- aulas. Aprendo também  com outros colegas, quando não sou o professor titular. 

No caso dos obreiros, principalmente os pastores e professores, é muito importante que façam cursos teológicos para aprimorar o seu conhecimento. Também é fundamental ler bons livros, sendo criterioso quanto à editora, o autor e  assunto. Quem não senta para aprender não pode se levantar para ensinar.


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Pb. Weliano Pires


PAULO E O DISCIPULADO BÍBLICO


O evangelismo praticado por Paulo não se resumia a anunciar o Evangelho aos perdidos e seguir em frente para outros campos. Incluía também as primeiras instruções aos novos convertidos. Quando estabelecia uma Igreja, Paulo gastava um tempo doutrinando-a e em seguida, deixava-a aos cuidados de um presbítero.


1.  O discipulado bíblico. Antes de subir ao Céu, o Senhor Jesus reuniu os seus discípulos para dar-lhes algumas instruções, sobre a obra que eles deveriam realizar. A primeira instrução foi que eles não saíssem de Jerusalém, antes de serem revestidos pelo poder do Espírito Santo. Depois o Senhor os incumbiu da Grande comissão: "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!" (Mt 28.19,20). A tradução da Nova Almeida Atualizada traduziu este texto de Mateus 28.19, assim: “Portanto, vão e façam discípulos de todas as nações”. A palavra usada neste texto, traduzida por "ensinai" na versão Revista e Corrigida é “matheteo”, que significa "fazer discípulos". O discípulo é alguém que se dispõe a seguir o seu mestre aonde quer que ele vá, imitar o que ele faz e praticar o que ele ensina. Portanto, Jesus nos comissionou a fazer com que pessoas se disponham a serem discípulos dele. Naturalmente, isso só será possível, mediante a ação poderosa do Espírito Santo. 


 2.   Paulo, o discipulador. Paulo, desde o seu encontro com Cristo no caminho de Damasco, entendeu a sua vocação para levar o Evangelho aos gentios. Entretanto, ele sabia que seria um grande desafio para ele, falar de Jesus os judeus, principalmente, aos fariseus e doutores da lei, dos quais ele fez parte. Por isso, movido pelo Espírito Santo, ele foi para o deserto da Arábia, a fim de depir-se de si mesmo e conhecer de perto a Cristo. 

Ao voltar do deserto, onde recebeu o Evangelho diretamente do Senhor Jesus, através de visões e inspiração, Paulo trouxe consigo o ardor missionário, que o impulsionava a pregar incansavelmente o Evangelho. Paulo não via separação entre anunciar o Evangelho e discipular. Ele anunciava o Evangelho de cidade em cidade e "sofria as dores de parto, até que Cristo fosse gerado nas pessoas" (Gl 4.19) e "criava-os com leite, pois ainda não podiam suportar uma alimentação mais forte." (1 Co 3.2). Discipular, portanto, é cuidar, proteger e alimentar o recém nascido cristão, até que ele cresça e se torne também um discipulador. 


3.   A metodologia de Paulo para o discipulado. Paulo desenvolveu um método muito eficiente para o discipulado, que a Igreja deve continuar praticando. Nesse método, o passo iniciar é a evangelização daqueles que ainda não conhecem a Cristo, no poder Espírito Santo. Após a conversão de algumas pessoas, Paulo iniciava uma Igreja local, para discipular os novos convertidos, dando--lhes as primeiras instruções. É como se fosse uma alfabetização, onde ensinamos as primeiras letras a crianças que não sabem ler, nem escrever. 

Quando a Igreja se firmava um pouco, Paulo deixava ali um obreiro experiente para dar continuidade ao trabalho e ele partia para a abertura de novos trabalhos. Depois, ele voltava por estas Igrejas, para doutrinar e encorajar os irmãos. Escrevia também cartas com respostas a algumas perguntas e orientações sobre alguns problemas específicos. 



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Pb . Weliano Pires

MURMURAÇÃO: UM PECADO QUE NOS IMPEDE DE ENTRAR NA CANAÃ CELESTIAL

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: O perigo da murmuração) Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos que a murmuração também nos impe...