24 abril 2021

LIÇÃO 05: DONS DE ELOCUÇÃO

 

Imagem: Editora CPAD

TEXTO ÁUREO

“Se alguém falar, fale segundo as palavras de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e o poder para todo o sempre. Amém!” (1Pe 4.11).

VERDADE PRÁTICA

“Os dons de profecia, de variedades de línguas e de interpretação das línguas são para edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo.”

HINOS SUGERIDOS: 33, 77, 185.

LEITURA DIÁRIA

Segunda - Jo 17.17 - A Palavra de Deus é a verdade

Terça - 1Tm 4.14 -  Não despreze o dom de Deus

Quarta - 1Co 14.3 - Os objetivos do dom de profecia

Quinta - 1Co 14.32 - Equilíbrio e bom-senso quanto aos dons

Sexta - 1Co 14.22-25 - Sinais para os fiéis e para os infiéis

Sábado - 1Co 12.31 - Buscar os dons com zelo

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 1 Coríntios 12.7,10-12; 14.26-32.


1 Coríntios 12

7 - Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.

10 - e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.

11 - Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.

12 - Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também.


1 Coríntios 14

26 - Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.

27 - E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete.

28 - Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus.

29 - E falem dois ou três profetas, e os outros julguem.

30 - Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro.

31 - Porque todos podereis profetizar, uns depois dos outros, para que todos aprendam e todos sejam consolados.

32 - E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas.


INTERAÇÃO COM O PROFESSOR


Prezado professor, na lição de hoje estudaremos a respeito dos três dons de elocução: profecia, variedade de línguas e interpretação. Qual o propósito destes dons? Atualmente temos visto muita confusão e falta de sabedoria no uso destes dons, em especial o de profecia, por isso, precisamos estudar com afinco este tema a fim de que não sejamos enganados pelos falsos profetas. Paulo exortou os crentes de Corinto para que eles procurassem com zelo os dons espirituais e em especial o dom de profecia, pois aquele que profetiza edifica toda a igreja. Por isso, ao preparar a lição, ore e peça que o Senhor conceda a você e aos seus alunos os dons de profecia, de falar em línguas estranhas e o de interpretá-las.

OBJETIVOS

  • Analisar biblicamente o dom de profecia.

  • Compreender o dom de variedade de línguas.

  • Valorizar o dom de interpretação de línguas.


ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA


Professor, para introduzir o primeiro tópico da lição, faça as seguintes indagações: “O que é ser profeta?” “Qual é a função do profeta?” Depois de ouvir os alunos, explique que o profeta é aquele que fala em lugar de outrem. Sua função é proclamar os oráculos de Deus a fim de que a Igreja seja edificada, exortada e consolada. A Palavra de Deus nos exorta a não desprezarmos as profecias, todavia precisamos examiná-las com sabedoria, de acordo com a Palavra de Deus, pois muitos falsos profetas têm se levantado atualmente. Leia, juntamente com os alunos 1 Tessalonicenses 5.20,21. Ressalte que a Igreja não pode deixar de julgar as profecias e discernir os espíritos.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO


Palavra Chave

Elocução: Ação ou efeito de enunciar o pensamento por palavras.


O estudo da lição desta semana concentrar-se-á nos três dons classificados como os de elocução: profecia, variedade de línguas e interpretação das línguas. Os propósitos destes dons especiais são os de edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo (1Co 14.3). Isso porque os dons de elocução são manifestações sobrenaturais vindas de Deus, e não podem ser utilizadas na igreja de forma incorreta. Assim, devemos estudar estes dons com diligência, reverência e temor de Deus, para não sermos enganados pelas falsas manifestações.


I. DOM DE PROFECIA (1Co 12.10)


1. O que é o dom de profecia? De acordo com Stanley Horton, o dom de profecia relatado por Paulo em 1 Coríntios 14 refere-se a mensagens espontâneas, inspiradas pelo Espírito, em uma língua conhecida para quem fala e também para quem ouve, objetivando edificar, exortar ou consolar a pessoa destinatária da mensagem. Profetizar não é desejar uma bênção a uma pessoa, pois essa não é a finalidade da profecia. Infelizmente, por falta de ensino da Palavra de Deus nas igrejas, aparecem várias aberrações concernentes ao uso incorreto deste dom. Não poucos crentes e igrejas locais sofrem com as consequências das falsas profecias. Apesar de exortar-nos a não desprezar ou sufocar as profecias na igreja local (1Ts 5.20), as Escrituras orientam-nos a que examinemos “tudo”, julgando e discernindo, pelo Espírito, o que está por trás das mensagens. Toda profecia espontânea deve ser julgada (1Co 14.29-33).


2. A relevância do dom de profecia. O dom de profecia é tão importante para a Igreja de Cristo que o apóstolo Paulo exortou a sua busca (1Co 14.1). Não obstante, ele igualmente recomendou que o exercício desse dom fosse observado pela ordem e cuidado nos cultos (1Co 14.40). Os crentes de Corinto deveriam julgar as profecias quanto ao seu conteúdo e a origem de onde elas procedem (1Co 14.29), pois elas possuem três fontes distintas: Deus, o homem ou o Diabo. Devemos nos cuidar, pois a Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, mostra ações dos falsos profetas. O Senhor Jesus nos alertou: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (Mt 7.15). Vigiemos!


3. Propósitos da profecia. A profecia contribui para a edificação do crente. Porém, ainda existe muita confusão a respeito do uso dos dons de elocução, e em especial ao de profecia e sua função. Há líderes permitindo que as igrejas que lideram sejam guiadas por supostos profetas. A Igreja de Jesus Cristo deve ser conduzida segundo as Escrituras, pois esta é a inerrante Palavra de Deus. A Bíblia Sagrada, a Profecia por excelência, deve ser o manual do líder cristão. Outros líderes, também erroneamente, não tomam decisão alguma sem antes consultar um “profeta” ou uma “profetisa”. Estes profetizam aquilo que as pessoas querem ouvir e não o que o Senhor realmente quer falar. Todavia, a Palavra de Deus alerta-nos a que não ouçamos a tais falsários (Jr 23.9-22).


SINOPSE DO TÓPICO (I)

O propósito do dom de profecia é edificar, exortar e consolar a Igreja (1Co 14.3).


II. VARIEDADE DE LÍNGUAS (1Co 12.10)


1. O que é o dom de variedades de línguas? De acordo com o teólogo pentecostal Thomas Hoover, o dom de línguas é “a habilidade de falar uma língua que o próprio falante não entende, para fins de louvor, oração ou transmissão de uma mensagem divina”. Segundo Stanley Horton, “alguns ensinam que, por estarem alistados em último lugar, estes dons são os de menor importância”. Ele acrescenta que tal “conclusão é insustentável”, pois as “cinco listas de dons encontradas no Novo Testamento colocam os dons em ordens diferentes”. O dom de variedades de línguas é tão importante para a igreja quanto os demais apresentados em 1 Coríntios 12.


2. Qual é a finalidade do dom de variedade de línguas? O primeiro propósito é a edificação da vida espiritual do crente (1Co 14.4). As línguas, ao contrário da profecia, não edificam ou exortam a igreja. Elas são para a devoção espiritual do crente que recebe este dom. À medida que o servo de Deus fala em línguas estranhas vai sendo também edificado, pois o Espírito Santo o toca e renova diretamente (1Co 14.2).


3. Atualidade do dom. É preciso deixar claro que a variedade de línguas não é um fenômeno exclusivo do período apostólico. O Senhor continua abençoando os crentes com este dom e cremos que assim o fará até a sua vinda. No Dia de Pentecostes, todos os crentes reunidos no cenáculo foram batizados com o Espírito Santo e falaram noutras línguas pelo Espírito (At 1.4,5; 2.1-4). É um dom tão útil à vida pessoal do crente em nossos dias quanto o foi nos dias da igreja primitiva.


SINOPSE DO TÓPICO (II)

O dom de línguas é tão importante para a igreja quanto os demais apresentados em 1 Coríntios 12.


III. INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (1Co 12.10)


1. Definição do dom. Thomas Hoover ensina que a interpretação das línguas é “a habilidade de interpretar, no próprio vernáculo, aquilo que foi pronunciado em línguas”. Na igreja de Corinto havia certa desordem no culto com relação aos dons espirituais, por isso, Paulo os advertiu dizendo: “E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito, três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus” (1Co 14.27,28).


2. Há diferença entre dom de interpretação e o de profecia? Embora haja semelhança, são dons distintos. O dom de interpretação de línguas necessita de outra pessoa, também capacitada pelo Espírito Santo, para que interprete a mensagem e a igreja seja edificada. Do contrário, os crentes ficarão sem entender nada. Já no caso da profecia não existe a necessidade de um intérprete. Estêvam Ângelo de Souza definiu bem essa questão quando disse que “não haverá interpretação se não houver quem fale em línguas estranhas, ao passo que a profecia não depende de outro dom”.


SINOPSE DO TÓPICO (III)

O dom de línguas é tão importante para a igreja quanto os demais apresentados em 1 Coríntios 12.

CONCLUSÃO


Ainda que haja muitas pessoas em diversas igrejas que não aceitem a atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais — os chamados “cessacionistas” — Deus continua abençoando os crentes com suas dádivas. Portanto, não podemos desprezar o dom de profecia, o de falar em línguas estranhas e o de interpretá-las. Porém, façamos tudo conforme a Bíblia: com sabedoria, decência e ordem (1 Co 14.39,40). Agindo dessa forma, Deus usará os seus filhos para que sejam portadores das manifestações gloriosas dos céus.


BIBLIOGRAFIA SUGERIDA


BEVERE, John. Assim Diz o Senhor? Como saber quando Deus está falando através de outra pessoa. 1 ed., RJ: CPAD, 2006. HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12 ed., RJ: CPAD, 2012.

Q U E S T I O N Á R I O


1. Quais são os propósitos da profecia?

Exortar, consolar e edificar.


2. Quais são as três fontes de onde podem proceder as profecias?

Deus, o homem ou o Diabo.


3. Segundo o teólogo Thomas Hoover, o que é o dom de línguas?

“É a habilidade de falar uma língua que o próprio falante não entende, para fins de louvor, oração ou transmissão de uma mensagem divina”.


4. Qual é a finalidade principal do dom de variedade de línguas?

É a edificação da vida espiritual do crente.


5. Defina, de acordo com a lição, o dom de interpretação de línguas.

“É a habilidade de interpretar no próprio vernáculo, aquilo que foi pronunciado em línguas”.

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO I


Subsídio Teológico


“Paulo era grato a Deus por falar em línguas, e mais do que todos os coríntios. Na igreja, porém, diz que preferiria falar cinco palavras com seu entendimento, a fim de que pudesse, pela sua voz ensinar aos outros, do que dez mil palavras em línguas (1Co 14.18,19). Mas não deseja com isso excluir as línguas. É parte legítima de sua adoração (1Co 14.26).


Paulo lhes adverte para que cessem de proibir o falar em línguas. Segundo parece, alguns não gostavam da confusão causada pelo uso exagerado das línguas. Procuravam solucionar o problema por meio da proibição total do falar em línguas. Mas a experiência era preciosa, e a bênção excelente, para a maioria dos coríntios aceitar essa proibição. Alguns dizem hoje: ‘Há problemas envolvidos no falar em línguas; vamos evitá-las, portanto’. Mas não foi essa a solução de Paulo para si, nem para a Igreja. Até mesmo os limites que Paulo impõe não tinham a intenção de impedir as línguas. Tratava-se, apenas, de dar mais oportunidade, para maior edificação a outros dons” (HORTON, Stanley M. A Doutrina do Espírito Santo no Antigo e Novo Testamento. 12 ed., RJ: CPAD, 2012, p.242).

AUXÍLIO BIBLIOGRÁFICO II


Subsídio Teológico


Natureza Encarnacional dos Dons


Os crentes desempenham um papel vital no ministério dos dons. Romanos 12.1-3 nos diz para apresentarmos nosso corpo e mente como adoração espiritual e que testemos e aprovemos o que for a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.


Semelhantemente, 1 Coríntios 12.1-3 nos adverte a não perdermos o controle do corpo e a não sermos enganados pela falsa doutrina, mas deixar Jesus ser Senhor. E Efésios 4.1-3 nos recomenda um viver digno da vocação divina, tomar a atitude correta e manter a unidade do Espírito.


Nosso corpo é o templo do Espírito Santo e, portanto, deve estar envolvido na adoração. Muitas religiões pagãs ensinam um dualismo entre o corpo e o espírito. Para elas, o corpo é mau, uma prisão, ao passo que o espírito é bom e precisa ser liberto. Essa opinião era comum no pensamento grego.


Paulo conclama os coríntios a não se deixarem influenciar pelo passado pagão. Antes, perdiam o controle; como consequência, podiam dizer qualquer coisa e alegar que provinha do Espírito de Deus. O contexto bíblico dos dons não indica nenhuma perda de controle. Pelo contrário, à medida que o Espírito opera através de nós, temos mais controle do que nunca. Entregamos nosso corpo e mente a Deus como instrumentos a seu serviço” (HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10 ed., RJ: CPAD, 2007, p.469).


SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD

 

Dons de Elocução


Estudaremos nesta lição os dos dons de elocução. Neste grupo estão relacionados o dom de profecia, variedade de línguas e a interpretação de línguas (1Co 12.10).


O dom de profecia — Em 1 Coríntios 14, Paulo fala à igreja a respeito do dom de profecia. O apóstolo incentiva os crentes a profetizarem (1Co 12.1). Por quê? Seria este dom superior aos outros? Não. Paulo estava preocupado com a edificação do Corpo de Cristo, pois o dom de profecia tem como propósitos a edificação, a exortação e consolo da igreja (1Co 14.3). Como podemos definir este dom? Segundo o Comentário Bíblico Beacon, profecia “é aquele dom especial que exorta e capacita certas pessoas a transmitir a revelações de Deus à sua igreja”. Para uma definição mais abrangente, vejamos o que Whendon nos diz: “Uma inspirada pregação; predizendo o futuro, expondo misteriosas verdades, ou pesquisando os segredos do coração e do caráter dos homens”. Ao conceder o dom da profecia, Deus não faz distinção entre homem e mulher. Ana, filha de Famuel, era uma profetisa que aguardava a vinda de Cristo (Lc 2.36). Felipe, o evangelista, tinha quatro filhas que profetizavam (At 21.9).


Variedade de línguas (1Co 12.10) — O dom de variedade de línguas é diferente das línguas estranhas como evidência do Batismo com o Espírito Santo. Segundo a Bíblia, as línguas estranhas são um sinal para os não crentes (1Co 14.22). Quem possui este dom deve orar pedindo que o Senhor também conceda o dom de interpretação. O que profetiza edifica o outro, mas o que fala línguas estranhas edifica a si mesmo. Parece que na igreja de Corinto havia uma desordem no culto quanto aos dons de línguas. Paulo exorta os crentes dizendo que eles estavam “falando ao ar” (1Co 14.9), ou seja, não havia proveito algum, já que ninguém era edificado. As línguas estranhas continuam sendo um sinal divino para a igreja atual e não deve ser desprezado, todavia quem já possui este dom deve buscar interpretar as línguas.


Interpretação de línguas — É uma habilidade sobrenatural, concedida pelo Espírito Santo, que torna o crente capaz de interpretar, na sua própria língua, aquilo que foi dito pelo crente em línguas estranhas. Paulo advertiu os irmãos de Corinto quanto ao uso deste dom (1Co 14.27,28). Se não há intérprete, a vontade de Deus não é revelada e a igreja não é edificada, exortada ou consolada. O dom de interpretação complementa o dom de profecia.


Os dons de poder são para os crentes atuais. Segundo John Sttot, “os dons são atuais, contemporâneos, úteis e necessários”.

23 abril 2021

OS DONS DE OPERAÇÃO DE MARAVILHAS (1 Co 12.10a)



Os dons de operação de maravilhas, ou operação de milagres, assim como os dons de curar, estão no plural, no texto grego. Isso indica que há uma variedade nestes dons e não se referem a apenas um tipo de maravilha. Este dom era uma credencial dos apóstolos, que realizaram muitas maravilhas em Nome do Senhor Jesus. Mas, não é exclusividade dos apóstolos, pois, Jesus é o mesmo e continua operando maravilhas. 

1. O que são os dons de operação de maravilhas. São capacitações sobrenaturais, concedidas pelo Espírito Santo ao crente, para operar sinais miraculosos e espantosos, que fogem da compreensão humana. Através dos dons de operação de maravilhas, o Espírito Santo capacita o crente com poder sobrenatural para intervir e neutralizar forças satânicas, ou para alterar as leis naturais, em uma determinada circunstância. 

Um milagre ou maravilha é sempre algo sobrenatural e espantoso, que causa perplexidade, como a ressurreição de um morto, andar sobre as águas, dar ordens ao vento ou ao mar, fazer flutuar um machado, abrir o mar vermelho, neutralizar o calor de uma fornalha aquecida sete vezes mais, impedir que leões famintos devorem um ser humano, etc. 

Na atualidade, as pessoas chamam coisas corriqueiras de milagres. Mas, milagres são acontecimentos sobrenaturais, inexplicáveis, que fogem da normalidade e causam espanto nas pessoas que os presenciam. Quando Jesus fazia um milagre, as pessoas ficavam espantadas e se perguntavam: Como pode ser isto? Nunca ninguém fez uma coisa dessa! Um grande profeta se levantou entre nós e Deus visitou o seu povo.

2. Exemplos bíblicos de operações de maravilhas. 

a. A abertura do Mar Vermelho (Ex 14,21,22). Moisés estendeu a sua vara sobre o mar, veio um grande vento e as águas se partiram. Além disso, o local onde a água passava não atolou os israelitas. Isso é um fato miraculoso. 

b. A abertura do Rio Jordão (Js 3.15-17). Josué deu ordem aos sacerdotes, para que levantassem a arca e seguissem em direção ao Rio Jordão, que o povo os seguiria, a uma distância aproximada de um quilômetro. Era uma época em que o rio estava cheio. Quando os sacerdotes tocaram os pés nas águas, elas pararam de correr e o povo passou pelo meio do rio em terra seca. 

c. O desafio entre Elias e os falsos profetas (1 Rs  18.36-39). Nos dias do profeta Elias, ele fez um grande desafio aos profetas de Baal e de Aserá. O desafio era o seguinte: Dois altares seriam construídos, com pedras, lenha e o animal para o sacrifício. Porém, não deveriam colocar fogo. A divindade que respondesse com fogo, seria considerada Deus Verdadeiro. Os profetas pagãos clamariam aos seus deuses e depois, Elias clamaria ao Senhor. 

Os falsos profetas clamaram desde a manhã até às três da tarde, se martirizaram, mas, não houve resposta alguma. Quando chegou a vez de Elias, ele consertou o altar do Senhor que estava quebrado e fez uma pequena oração. De repente, desceu o fogo do Céu, consumiu o animal, a lenha, as pedras e até a água. Todos se espantaram e gritaram: Só o Senhor é Deus!

d. Jesus repreendeu o vento e o mar, e estes logo se aquietaram (Mt 8.23-27). Jesus mandou que os discípulos passassem para o outro lado do mar da Galiléia. Quando chegaram ao meio do mar, levantou-se uma grande tempestade e o barco estava enchendo-se de água e prestes a afundar. Jesus dormia tranquilamente, na popa do barco. Os discípulos , apavorados, o despertaram dizendo:  

- Mestre, não te incomodas que pereçamos?

Jesus se levantou, ordenou ao vento e ao mar que se aquietassem e uma grande bonança se fez. Apavorados, os discípulos exclamaram: Q

- Quem é este homem que até o vento e o mar lhe obedecem!

e. A ressurreição do filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17). Passando pela cidade de Naim, na Galiléia, Jesus viu uma grande multidão, que seguia o cortejo fúnebre do filho único de uma mulher viúva. Ao ver a mulher chorando, o mestre se compadeceu dela e ordenou ao defunto que levantasse. Imediatamente, o morto se levantou, começou a falar e Jesus o entregou à sua mãe. A multidão vendo isso, espantada, glorificou a Deus.

f. A ressurreição da filha de Jairo (Mc 5.21-43). Um chefe da sinagoga, chamado Jairo, prostrou-se publicamente diante Jesus, implorando para que fosse à sua casa, curar a sua filha que estava à beira da morte. Enquanto ele falava, aconteceu a cura da mulher que tinha uma hemorragia e Jesus não foi à casa de Jairo. De repente, chegaram algumas pessoas da casa de Jairo, pedindo para que ele não incomodasse mais a Jesus, pois, a sua filha já havia morrido. Jesus olhou para Jairo e disse para não temer e crer somente. 

Chegando à casa de Jairo, Jesus pediu para todos saírem, exceto o pai e a mãe da menina, Pedro, Tiago e João. Entrando na casa, Jesus pegou na mão da menina e ordenou que ela se levantasse. Imediatamente, ela se levantou e Jesus mandou que lhe dessem comida. 

g. A ressurreição de Lázaro (Jo 11). Lázaro, irmão de Marta e Maria, era de Betânia. Eram amigos próximos de Jesus. Lázaro adoeceu e as suas irmãs mandaram avisar a Jesus, que estava distante, dizendo:

- O teu amigo está doente! 

Recebendo a notícia, Jesus demorou ainda dois dias no lugar onde estava e Lázaro veio a óbito. Jesus, então, disse aos discípulos que Lázaro estava morto e se dirigiram à sua residência. Chegando ao local, já fazia quatro dias que Lázaro havia sido sepultado. As suas irmãs choravam, dizendo a Jesus, que se estivesse ali, o irmão delas não teria morrido. Jesus foi ao sepulcro e ordenou que tirassem a pedra que fechava o túmulo. Marta relutou, alegando que o corpo já estaria cheirando mal. 

Diante de várias pessoas, Jesus fez uma pequena oração ao Pai e ordenou a Lázaro que viesse para fora. Lázaro, então saiu do túmulo, ainda com as ataduras com que fora sepultado. Todos os presentes viram um morto sepultado há quatro dias, sair vivo do sepulcro.

h. A ressurreição de Dorcas (At 9.40). Os apóstolos continuaram o trabalho de Jesus, operando sinais e maravilhas. Na cidade de Jope havia uma discípula cujo nome em aramaico era Tabita e em grego era Dorcas. Esta mulher fazia muitas esmolas e ajudava as pessoas necessitadas. Por isso era muito querida. De repente, ela adoeceu e veio a falecer. Mandaram chamar a Pedro, que estava naquela região nesta ocasião. Quando Pedro chegou, pediu que todos saíssem, pôs-se de joelhos e orou. Em seguida, ordenou a Tabita que se levantasse. Imediatamente, a falecida levantou.  

3. Distorções no uso dos dons de curar e de operação de maravilhas.

Acontecem muitas distorções envolvendo milagres. Há pessoas que pensam que são soberanas para realizar milagre o tempo todo, a seu bel prazer. Muitos confundem a própria vontade, com aquilo que Deus está mandando. Por isso, acabam ordenando coisas que Deus não mandou.

Há ainda aqueles que querem dar ordens a Deus, para que milagres aconteçam. Existem também muitas manipulações e fraudes, envolvendo supostos milagres, para enganar as pessoas e ganhar dinheiro. Isso envergonha o Evangelho de Cristo.

Pb. Weliano Pires

21 abril 2021

DONS DE CURAR (1 Co 12.9b)

Imagem: Portal EBD


Na lição 10 do trimestre passado tivemos uma lição com o tema: O Senhor Jesus cura hoje. Naquela ocasião falamos sobre a cura divina  na Bíblia e sobre a cura divina nos dias atuais. Jesus curou no passado e continua curando, pois, Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. (Hb 13.7). Um dos pontos principais da mensagem pregada pelos fundadores das Assembléias do Brasil era: Jesus Cristo cura. 

1. O que são os dons de curar? 

A expressão dons de curar está no plural, porque Deus concede este dom para curar qualquer tipo de enfermidades, sejam físicas, emocionais ou psicossomáticas. Entretanto, é importante destacar que, os dons de curar não pertencem exclusivamente a uma pessoa e não lhe conferem poder e autonomia para curar, onde e quando quiser. Quem cura é Deus e segundo a Vontade dEle. Segundo escreveu o saudoso pastor Eurico Bergstén, em seu livro Teologia Sistemática, “Esse dom não significa uma capacidade de curar quando e como a pessoa quer, porém é sempre uma transmissão de poder do Espírito Santo. Por isso, é indispensável que o portador do dom esteja ligado a Cristo e siga a sua direção”. 

1.1. A cura divina no Antigo Testamento. Nos tempos do Antigo Testamento não havia medicina como hoje. O que havia entre as nações era curandeirismo. As pessoas usavam azeite, pastas de figos e outros remédios caseiros. Em muitas nações havia também a feitiçaria.  Entretanto, o povo de Israel tinha a promessa de que Deus os curaria das enfermidades, se fossem obedientes a Ele. Deus se apresentou a Israel com o título de “Yahweh Ropheká” ou “Raphá”, que significa "O Senhor que te sara". (Ex 15.26).  Havia também a ameaça de punição com pragas e doenças, se fossem desobedientes. Miriam, a irmã de Moisés, por exemplo, ficou leprosa quando se levantou contra a liderança do irmão. 

Várias pessoas foram curadas no Antigo Testamento:

a. As esterilidades de Sara, Rebeca, Raquel e Ana; (Gn 11.30; Gn 25.21; Gn 30.1; 1 Sm 1.1);

b. Abimeleque e sua família foram curados nos dias de Abraão (Gn 20.17); 

c. Os Israelitas foram curados de picadas de serpentes no deserto (Nm 21.8,9); 

d. Naamã, o general do exército da Síria, foi curado da lepra (2 Rs 5) 

e. O rei Ezequias foi curado de uma enfermidade mortal (Is 38).

1.2. A cura divina no Novo Testamento. No Novo Testamento, as curas divinas são muito mais frequentes. Curar pessoas e realizar milagres fazia parte da rotina do ministério terreno de Jesus. Eis algumas das pessoas que Jesus curou: 

  1. Curou a sogra de Pedro (Mt 8.14,15);

  2. Um paralítico em Cafarnaum (Mt 9.1-8); 

  3. Um leproso (Mt 8.2-4); 

  4. Dez leprosos (Lc 17.11-19); 

  5. O cego de Jericó Mt 10.46-52); 

  6. Um cego de nascença (Jo 9); 

  7. Um homem que tinha a mirrada Mt 11.9-13); 

  8. A mulher que tinha um fluxo de sangue Mc 5.25-34; 

  9. O paralítico de Betesda (João 5); 

Os apóstolos de Jesus deram continuidade ao trabalho iniciado por Ele e também curaram muitas pessoas:

  1. Pedro e João, em Nome do Senhor Jesus, curaram um paralítico na porta do Templo (At 3); 

  2. Pedro foi usado por Deus para curar Enéias (At 9.34) e ressuscitar Tabita (At 9.40); 

  3. Filipe foi usado por Deus para fazer milagres em Samaria (At 8.6); 

  4. Paulo também foi muito usado por Deus em curas e milagres (At 19.11,12). 

2. A redenção e as curas. A cura divina está relacionada ao processo de salvação. Na mesma profecia de Isaías que fala que Cristo tomou sobre si as nossas iniquidades, diz que Ele tomou sobre si as nossas dores e enfermidades. (Is 53.3,4). Mateus interpretou esta profecia, quando Jesus curou muitas pessoas. Jesus, depois de ressuscitado, disse aos seus discípulos para irem por todo mundo, pregar o Evangelho a toda criatura. Em seguida disse que os sinais lhes seguiriam. Entre estes sinais está a cura dos enfermos. 

É preciso considerar que ainda não alcançamos a redenção do nosso corpo e, portanto, enquanto estivermos neste corpo mortal, estaremos sujeitos às doenças. Somente quando nos revestimos da imortalidade, em um corpo glorioso é que estaremos livres das enfermidades e da morte. 

3. A necessidade desses dons. Vivemos em mundo cheio de iniquidade, incredulidade e soberba, onde o ser humano quer viver independente de Deus. Muitas pessoas, principalmente os ricos, confiam nos recursos financeiros e em seus planos de saúde. Entretanto, há situações em que eles se tornam inúteis. A medicina avançou muito, mas tem as suas limitações. Em muitos casos, os médicos chamam os familiares e dizem: 

- Fizemos tudo o que era possível ser feito e não há. Não tem mais jeito. 

Alguns médicos até perguntam se o doente tem fé e recomendam fazer orações, pois, a medicina não dá jeito para aquela enfermidade. Os dons de curar servem para demonstrar a infinita superioridade de Deus. Ele é o doador e o mantenedor da vida. É Ele que dá a vida e a tira. (1 Sm 2.6). 

Há dois extremos que devemos evitar em relação à cura divina: 

  1. A posição dos cessacionistas, que dizem que a cura divina ficou restrita aos tempos apostólicos e não é para os nossos dias; 

  2. A Posição dos neopentecostais, que afirmam que toda enfermidade é do diabo, que o crente não pode ficar doente e, se ficar, tem que exigir a cura. 

Estes dois pontos de vista não tem qualquer apoio bíblico. O Senhor Jesus curou no passado e continua curando hoje. Não há nenhum texto bíblico que mostre que os milagres cessaram, pois, o Senhor Jesus é o mesmo. Entretanto, nem todas as enfermidades são manifestações demoníacas e nem todos os enfermos serão curados. Temos vários exemplos de servos de Deus na Bíblia e na história da Igreja que não foram curados.

Pb. Weliano Pires


20 abril 2021

O DOM DA FÉ (1 Co 12.9a)



A fé é algo concedido por Deus ao ser humano. O ser humano foi criado por Deus como um ser crédulo. Todos os seres humanos têm a fé natural. O agricultor planta, crendo que a chuva virá para regar a terra e que a terra dará o crescimento à sua plantação. O investidor investe o seu dinheiro crendo que haverá rendimentos para ganhar dinheiro. O pescador joga o seu anzol crendo que os peixes virão pegar a sua isca. Então, aquele argumento bobo dos ateus, de que só acreditam naquilo que vêem, é uma falácia que eles só aplicam à Bíblia e a Deus. Nas outras coisas da vida, há inúmeras coisas em que eles acreditam, sem ver e nenhuma prova. 

O que é fé? Existe mais de um tipo de fé? Quais são os exemplos bíblicos de fé? É sobre isso que vamos falar neste tópico. 

1. O que significa fé? Não é fácil definir a palavra fé. Isto porque o sentido de fé é muito amplo e todas as pessoas crêem em alguma coisa, até mesmo os ateus. 

Muitas pessoas confundem fé com confissão positiva ou pensamento positivo. Nessa perspectiva, acreditam que ter fé é ficar repetindo palavras positivas, ou pensando em coisas positivas que gostariam que acontecessem. 

A palavra fé em hebraico é “emunah”; em grego, “pistis”; e em latim é “fide”. Significa: confiança, convicção, persuasão, fidelidade. Do ponto de vista bíblico, a melhor definição que temos de fé na Bíblia está em Hebreus 11.1: “É o firme fundamento (certeza) daquilo que se espera e a prova (convicção) daquilo que não se vê.” A fé é um requisito indispensável para o relacionamento com Deus. “Sem fé é impossível agradar a Deus” (Hb 11.6).

A fé foi um dos pilares da Reforma Protestante: Sola Fide. É um princípio que afirma que a salvação é somente pela fé em Cristo e não por obras, merecimento ou sacrifícios humanos. Este princípio se baseia em Romanos 1.17 que diz: “O justo viverá da fé.” E em Efésios 2.8: “Pela graça sois salvos, por meio da fé.”

A fé tem duas dimensões: a capacidade de realizar proezas em Nome do Senhor e a capacidade de suportar aflições e até mesmo a morte por amor a Deus. Muitas pessoas se enganam ao pensar na fé apenas como a capacidade de realizar algo milagroso. No capítulo 11 da Epístola aos Hebreus temos vários exemplos de pessoas que realizaram grandes coisas pela fé. Mas, no mesmo capítulo temos os exemplos de outros que pela fé foram perseguidos, andaram errantes pelos desertos, foram serrados ao meio, mortos ao fio da espada, etc. Eram homens, dos quais o mundo não era digno. Igualmente, no livro Heróis da Fé, escrito pelo missionário Orlando Boyer, publicado pela CPAD, temos as histórias de vários servos de Deus que pregaram e realizaram milagres. Mas, muitos deles foram presos, perseguidos e sofreram bastante. 

Há pelo menos tipos de fé: a fé salvífica; a fé como doutrina; a fé como virtude do Fruto Espírito (fidelidade); a fé como dom espiritual, que é a que estamos estudando neste tópico. 

2. A fé como dom. A fé como um dom espiritual é a capacidade que o Espírito Santo concede ao crente para realizar coisas que transcendem à vida natural (1 Co 12.9). É uma confiança extraordinária em Deus, para realizar milagres em uma determinada situação caótica ou desesperadora, onde os meios humanos se tornam inúteis. Não é simplesmente crer em Deus ou acreditar em milagres. Esta é uma fé milagrosa, para realizar coisas sobrenaturais em determinadas situações. Alguns estudiosos dizem que esta é a fé a que Paulo se referiu no capítulo 13 de 1 aos Coríntios, quando disse “ainda que eu tivesse tamanha fé, ao ponto de transportar os montes…”.

Segundo o saudoso pastor e escritor Estêvam Ângelo de Souza, em seu livro Nos domínios do Espírito, publicado pela CPAD, a operação do dom da fé tem semelhanças com o dom de operação de milagres. A diferença é que no dom da fé, o efeito nem sempre é instantâneo, enquanto na operação de milagres o efeito imediato.

3. Exemplos bíblicos do dom da fé. 

a. Abraão (Gn 22). No Monte Moriá, prestes a sacrificar o seu único filho Isaque, Abraão creu que Deus poderia até mesmo ressuscitar o seu filho, sem nunca ter ouvido falar de ressurreição. 

b. Moisés (Êx 14.13,14). Diante do Mar Vermelho, tendo montes dos dois lados e Faraó com o seu exército atrás. Moisés acalmou o povo, crendo no milagre de Deus.

Pb. Weliano Pires



MURMURAÇÃO: UM PECADO QUE NOS IMPEDE DE ENTRAR NA CANAÃ CELESTIAL

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: O perigo da murmuração) Ev. WELIANO PIRES No terceiro tópico, veremos que a murmuração também nos impe...