10 outubro 2023

MISSÕES TRANSCULTURAIS NO ANTIGO TESTAMENTO

SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD

Prezado(a) professor(a),

Nesta lição, veremos que Deus escolheu a nação de Israel com um propósito missionário. O plano de reconciliação entre o Criador e a humanidade foi estabelecido desde os tempos antigos e a vontade de Deus era que Seu povo o divulgasse às demais nações. No decorrer da história, percebemos que essa missão não foi acolhida pelos israelitas, haja vista as muitas vezes que o Senhor os repreendeu para que não se contaminassem com as religiões pagãs que habitavam ao seu redor.

Os diversos eventos que ocorreram na história de Israel — a majestosa libertação dos hebreus da escravidão no Egito e as vitórias alcançadas durante a ocupação da Terra Prometida — marcaram a nação e serviram de testemunho às gerações seguintes. Entretanto, as leis e os testemunhos dos profetas não foram suficientes para que os descendentes permanecessem fiéis à aliança que Deus havia estabelecido (Êx 19.5,6). Com o passar dos anos, a iniquidade se multiplicou de modo que não restou alternativa a não ser a repreensão pelo cativeiro (Jr 25.8-12). Nesse período, o Reino do Sul, responsável por manter o concerto divino, foi devastado. Todavia, o propósito divino ficaria firme por meio do remanescente fiel.

Segundo George W. Peters (Teologia Bíblica de Missões, CPAD), “dentre todas as religiões, a religião revelada do Antigo Testamento constitui a missão de Deus no mundo pelo menos de quatro maneiras: 1. Ela é uma ação divina, expressando desaprovação das religiões etnicamente desenvolvidas e humanamente criadas, e das práticas pagãs do mundo. Ela está designada a preservar o mundo da suprema decadência moral e religiosa e de um total vazio espiritual. É a testemunha constante de Deus no mundo (At 14.17); 2. É um monoteísmo étnico, divinamente inspirado, que preserva o homem da desorientação total no panteísmo, na idolatria e no espiritismo. O monoteísmo étnico por si só pode conferir significado ao universo, à história e particularmente à cruz, assim como profundidade ao evangelho da graça; 3. É a criação de Deus para sustentar a esperança divinamente inspirada no Redentor prometido (Gn 3.15), que salvaria a humanidade da condição do pecado e destruição e restauraria sua glória, seu propósito e significado originais; 4. É o chamado divino de uma minoria seletiva usada como instrumento capaz de gerar um ímpeto eficaz missionário na humanidade, almejando bênçãos e salvação para toda a humanidade” (p.108).

Tanto as vitórias de Israel quanto a sua queda serviram de testemunho para que as outras nações soubessem que o relacionamento com Deus não pode ser estabelecido de forma superficial e inconsistente.

09 outubro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 3: MISSÕES TRANSCULTURAIS NO ANTIGO TESTAMENTO

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


TEMA:  MISSÕES TRANSCULTURAIS: A SUA ORIGEM NA NATUREZA DE DEUS


Na lição passada, estudamos sobre o grande desafio que é apresentar o Evangelho de Cristo a outros povos, em culturas, tradições e costumes totalmente diferentes dos nossos. Vimos que a ideia de missões transculturais se fundamenta no próprio Deus, pois, Ele se revelou a partir da chamada da família de Abrão, para através desta, alcançar todas as famílias da terra.


I. A natureza missionária de Deus

a. O chamado de Abrão.

b. A missão como atividade de Deus no mundo.

c. O nosso modelo missionário, não são os missionários notáveis da história da Igreja, ou projetos missionários modernos, mas se baseia no próprio Deus.

II. Amor de Deus como o princípio fundamental da história da redenção. 

a. O amor de Deus pela humanidade demonstrado, principalmente, na escolha de Israel e no relacionamento de Deus com esta nação.

b. A redenção no Antigo Testamento, citando vários exemplos da história de Israel. Redenção é a libertação da escravidão mediante o pagamento de um resgate.

c. A redenção no Novo Testamento se refere a uma atividade exclusivamente divina, realizada por Jesus Cristo.


III. A visão bíblica do caráter transcultural da missão.

a. Deus como um missionário em várias ocasiões. 

b. A escolha de Israel e sua missão, para ser um exemplo para todos os povos.

c. A escolha da Igreja. Com a incredulidade de Israel, Deus abriu a porta da Graça para os gentios, através da Igreja. 


LIÇÃO 3: MISSÕES TRANSCULTURAIS NO ANTIGO TESTAMENTO


PALAVRAS-CHAVES: ANTIGO TESTAMENTO


INTRODUÇÃO


Nesta lição, dando continuidade ao tema Missões Transculturais, iniciado na lição passada, discorremos sobre as missões transculturais no Antigo Testamento. Tomaremos como exemplo, o povo de Israel, que foi escolhido com um propósito missionário, e outros exemplos de missões transculturais no contexto do Antigo Testamento.


OBJETIVOS DA LIÇÃO:

  • Identificar Israel como um povo escolhido para um propósito missionário;
  • Demonstrar o amor de Deus para com outras nações; 
  • Relacionar as alianças de Deus com a humanidade no Antigo Testamento.


No primeiro tópico, falaremos de Israel, um povo escolhido com um propósito missionário. Inicialmente, falaremos do plano de Deus de proclamar a mensagem de Salvação a todos os povos, que incluía a formação da nação de Israel, para que fossem suas testemunhas. Através deste povo Deus planejou trazer o Salvador. Israel falhou neste propósito de ser testemunha de Deus, pois se contaminou com as religiões pagãs e deu muita ênfase ao separatismo racial e nacional, o que impedia que testemunhassem a outros povos. Por último, falaremos da contribuição de Israel para o mundo. Não obstante, tenha falhado como testemunha do amor de Deus, Israel foi usado por Deus para preservar o Antigo Testamento e traduzi-lo para a língua grega. Foi também através de Israel que Deus enviou o Seu Filho ao mundo para salvar a humanidade.


No segundo tópico, falaremos do amor de Deus para com outras nações. Veremos que desde o princípio, os olhos de Deus estão voltados para todos os povos, como podemos notar nos livros proféticos, que contêm profecias de um futuro glorioso, no qual outras nações estão incluídas. Na sequência, falaremos do caso de Elias e a viúva de Sarepta, uma mulher estrangeira, que foi socorrida por Deus e experimentou os seus milagres. Por último, falaremos da missão do profeta Jonas em Nínive, capital da Assíria. Jonas foi enviado por Deus a esta cidade ímpia e perversa e eles se arrependeram com a sua pregação.


No terceiro tópico, falaremos das alianças entre Deus e a humanidade no Antigo Testamento. Com a entrada do pecado no mundo, toda a humanidade foi afetada. Por isso, Deus fez várias alianças com o homem, ao longo dos séculos. Estas alianças podem ser condicionais ou incondicionais. Na aliança condicional, Deus estabelece um pacto com o ser humano, mediante o cumprimento de algumas obrigações por parte deste. Por outro  lado, nas alianças incondicionais, o Deus Soberano estabelece pactos para realizar os seus propósitos, baseados unicamente em Sua Graça e Misericórdia, sem contrapartidas.


REFERÊNCIAS:

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. Págs. 24-31.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.120-21.

Bíblia de Estudo Pentecostal Edição Global. 1° ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp. 349-50.


06 outubro 2023

VISÃO BÍBLICA DO CARÁTER TRANSCULTURAL DA MISSÃO

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 02: Missões Transculturais - a sua origem na natureza de Deus 

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, veremos que o Antigo Testamento nos apresenta Deus como um missionário em várias ocasiões. O comentarista nos apresenta três delas: na queda do homem, no dilúvio e na eleição de um povo para abençoar a todas as nações, após o episódio da Torre de Babel. 

Depois falaremos da escolha de Israel e sua missão. Deus formou a nação de Israel e estabeleceu um relacionamento com este povo, para ser um exemplo para todos os povos. Porém, Israel falhou em cumprir a sua parte neste projeto de Deus. 

Por último, falaremos da escolha da Igreja. Com a incredulidade de Israel, Deus abriu a porta da Graça para os gentios, através da Igreja, para assim cumprir a promessa feita a Abraão de abençoar todas as famílias da terra, através da sua descendência, que é Jesus Cristo. Entretanto, a Igreja não é a substituição de Israel, como muitos dizem. As promessas de Deus a Israel continuam de pé e Deus tratará com eles, após o arrebatamento da Igreja.


1. Um Deus Missionário. No primeiro tópico, falamos a respeito da natureza missionária de Deus, com base na chamada de Abrão, em Ur dos Caldeus. Aqui, o comentarista volta ao tema e expande as atividades de Deus como missionário, não apenas na formação da nação de Israel, mas em toda a humanidade. 


Em vários episódios do Antigo Testamento, é possível vermos a atividade missionária de Deus, para além das fronteiras de Israel. O comentarista cita três casos, onde Deus atuou pessoalmente como missionário, nos quais estão presentes: a falha humana, o juízo de Deus e a sua promessa de salvação. 


No primeiro caso, temos o triste episódio da queda do primeiro casal e, consequentemente, de toda a raça humana. Ali podemos ver a desobediência do primeiro casal à ordem expressa de Deus, para não comer do fruto proibido; depois, temos os juízos de Deus contra a mulher, o homem e a serpente; por último temos a promessa de Deus, de que o descendente da mulher, que é Cristo, viria para ferir a cabeça da serpente, que é o inimigo. 


No segundo caso, temos o dilúvio, onde também estão presentes a falha humana, o juízo de Deus e a promessa de salvação. Primeiro, a iniquidade se multiplicou tanto naqueles dias, que alcançou níveis intoleráveis por parte de Deus (Gn 6.5). Depois, temos o juízo de Deus, que resolveu enviar o dilúvio e destruir toda a criação (Gn 6.13). Por último, temos a promessa de salvação a Noé e sua família, por meio da construção de uma arca (Gn 6.14-18).


No terceiro caso, temos a chamada de Abrão, para dele fazer uma grande nação e, por meio desta, abençoar todas as famílias da terra. Aqui também temos a falha humana no episódio da Torre de Babel, quando Ninrode e os seus seguidores se rebelaram contra Deus e desobedeceram a ordem de se espalhar e povoar a terra. O juízo de Deus veio com a confusão das línguas e todos os povos passaram a viver como se Deus não existisse. Por último, temos a promessa de Deus a Abrão, de fazer dele uma grande nação e através desta, beneficiar todos os povos. 


2. A escolha de Israel e sua missão. Como vimos acima, Deus chamou Abrão e fez uma aliança com ele, a fim de formar a nação de Israel. Primeiro, Deus escolheu Abrão e Sarai, sua mulher. Eles ainda não tinham filhos e Deus prometeu que eles seriam pais de uma grande multidão. A exigência inicial era para que eles deixassem a sua terra e os seus parentes e fossem a uma terra desconhecida, que Deus haveria de mostrar-lhes. Abrão saiu com Sarai, sua mulher, e levou consigo o seu sobrinho Ló, filho do seu irmão Harã, que já havia falecido. No meio do percurso, os empregados de Abrão e Ló se desentenderam e eles tiveram que se separar. 


Dez anos se passaram desde que Abrão e Sarai chegaram a Canaã, com a promessa de Deus de que seriam pais de uma grande multidão. Nesta ocasião, Abrão já estava com 85 anos e Sarai com 75. Pelos meios naturais seria impossível gerarem filhos. Além da esterilidade que ela tinha, pois, nunca tivera filhos, ainda tinha a idade avançada e o ciclo menstrual encerrado. 


Diante deste quadro, Sarai entendeu que seria impossível gerar filhos. Ela, então, teve uma ideia, para ajudar a Deus, no cumprimento da promessa e disse ao seu esposo: “E disse Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz; toma, pois, a minha serva; porventura terei filhos dela.” (Gn 16.2). Esta atitude de Sarai era compreensível, do ponto de vista cultural, legal e humano, pois era uma prática comum naquela sociedade.  Entretanto, era algo completamente fora do propósito de Deus, pois Ele não precisa de subterfúgios humanos e “jeitinhos” para cumprir as suas promessas. 


Sem questionar a atitude precipitada de Sarai, Abrão deu ouvidos à sua esposa e fez o que ela sugeriu. Sarai errou ao tomar uma atitude precipitada, tentando “ajudar a Deus”. Mas, Abrão também falhou, pois ele era o patriarca da família e foi a ele que fez as promessas. Como líder da família, cabia a ele passar as orientações sobre Deus à sua família. Naquela sociedade patriarcal, a palavra do patriarca era uma lei. 


Deste relacionamento de Abrão com Agar, sua serva, nasceu Ismael, que foi o pai dos povos Árabes. Treze anos depois, o Senhor apareceu a Abrão, identificando-se como “Deus Todo-poderoso” (heb. El Shadday) e reafirmou a promessa de que que ele teria um filho, mas deixou claro que seria também filho da sua esposa. Em seguida, mudou o seu nome de “Abrão” que significa “pai exaltado”, para Abraão, que significa “pai de uma multidão”. Mudou também o nome de Sarai, que significa “princesa”, para Sara que significa “minha princesa”. O nome Isaque (riso), se deu porque ela riu da promessa de ser mãe aos 90 anos.


De Isaque, Deus escolheu o seu filho mais novo, Jacó, para através dele formar a nação de Israel. Jacó era o filho preferido da sua mãe, Rebeca. O seu irmão, Esaú, era o preferido de Isaque. Estas preferências trouxeram o conflito entre os irmãos, a ponto de Esaú decidir matar Jacó, que foi obrigado a fugir de casa para não ser morto. Orientado por seu pai, Isaque, Jacó foi para Harã, terra da sua mãe, morar com o seu tio Labão. Chegando lá, à primeira vista, ele se apaixonou por Raquel, a filha mais nova do seu tio, e propôs um acordo de trabalhar sete anos para se casar com ela. Entretanto, passando-se os sete anos, o seu tio lhe enganou e lhe entregou Lia, a filha mais velha, para ser a sua esposa. 


De duas mulheres e duas concubinas, Jacó teve doze filhos e uma filha. Os doze filhos de Jacó formaram a nação de Israel. José, o filho preferido de Jacó, foi vendido como escravo por seus e irmãos. Este acontecimento, no entanto, fazia parte do plano de Deus de torná-lo governador do Egito. José foi acusado injustamente de tentar estuprar a esposa do seu patrão e foi parar na prisão. Mas, Deus o tirou de lá e fez dele o homem mais poderoso do Egito, depois de Faraó, com o propósito de salvar o mundo de uma grande fome. 


Como governador, José trouxe o seu pai e toda a família para morar no Egito. Após a morte de José e todos os seus irmãos, levantou-se um novo rei no Egito que não os conheceu e resolveu escravizar o povo de Israel. Mas Deus estava no controle da situação e libertou Israel da escravidão e os conduziu à terra prometida sob a liderança de Moisés. 


Por causa da incredulidade e murmuração, Deus permitiu que o povo vagasse no deserto por 40 anos. Da geração que saiu do Egito, somente Josué, Calebe e os filhos daquela geração, entraram na terra prometida. Nem mesmo Moisés e Aarão, que conduziram a libertação do povo e a peregrinação no deserto, puderam entrar na terra de Canaã. 

Sob o comando de Josué, Israel tomou posse da terra prometida. Mas, não obedecem totalmente a Deus, deixando de conquistar muitas terras e permitindo que muitos dos cananeus permanecessem entre eles. Isso, evidentemente, fez com que eles se entregassem à idolatria e outras práticas destas nações, após a morte de Josué. 


Josué não preparou um sucessor e, após a sua morte, Israel caiu na idolatria e na anarquia, no período dos juízes. Este período se tornou um ciclo vicioso, no qual, o povo pecado, Deus os entregava nas mãos de inimigos que os dominavam. O povo se arrependia e clamava a Deus. Deus levantava juízes e os libertava. Após a morte do libertador, o povo voltava ao pecado. Este ciclo vicioso durou 300 anos, até os dias de Samuel, o último dos juízes, que fez a transição para a monarquia. 


Na monarquia também Israel se enveredou pela idolatria e outras práticas que afrontam a santidade de Deus. Inicialmente, Deus  permitiu a divisão do reino, deixando apenas duas tribos com a descendência de Davi, para através dela, cumprir o seu plano de enviar o Salvador. As dez tribos do Norte se entregaram completamente à idolatria e foram levadas para a Assíria e nunca mais voltaram. A descendência de Davi, embora tivesse alguns reis piedosos, também caiu na idolatria e foi levada para a Babilônia. Entretanto, por causa da promessa de enviar o Messias, depois de 70 anos de cativeiro, Deus permitiu o seu retorno. 


Deus cumpriu as suas promessas feitas a Abraão, tanto a promessa de dar a terra aos seus descendentes, quanto as promessas de fazê-lo pai de uma grande multidão e abençoar todas as famílias da terra, através da sua descendência. Porém Israel falhou na conquista da terra prometida e em ser uma nação sacerdotal, que servisse de testemunha para as nações. Em alguns momentos, Israel se tornou pior do que as nações que Deus havia expulsado da tende Canaã. Por isso, Deus os mandou para o cativeiro. 


3. A escolha da Igreja. Israel falhou em sua missão como uma nação sacerdotal. Por isso Deus transferiu esta missão para a sua Igreja. Jesus Cristo veio a este mundo como homem e entregou a sua vida como preço da redenção da humanidade, com vimos no tópico anterior. Ele ressuscitou ao terceiro dia e subiu ao Céu, mas antes estabeleceu a Sua Igreja na terra, para proclamar a sua mensagem de salvação a toda criatura. 


Diferente de Israel, a Igreja não falhará em sua missão. Pode cometer algum deslize aqui e ali, pois o inimigo plantou o joio no meio do trigo. Mas, a Igreja seguirá triunfante, pois o Espírito Santo habita nela e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Durante o período, entre a ascensão de Jesus ao Céu e o arrebatamento da Igreja, que é chamado de dispensação da Graça, a Igreja seguirá com a sua missão missionária, sendo a única agência do Reino de Deus na terra. 


Vale lembrar que a Igreja não é a substituição de Israel. Após o arrebatamento da Igreja, se encerrará o tempo dos gentios e Deus voltará a tratar com Israel. Primeiro virá a Grande Tribulação, que é mencionada na Bíblia como "tempo de angústia para Jacó". Nesse tempo, Israel sofrerá as consequências terríveis de ter rejeitado o Messias. No final da Tribulação, eles clamarão a Deus e o Senhor Jesus virá em seu socorro. 


O Senhor Jesus derrotará os exércitos do Anticristo e estabelecerá o Seu Reino Milenial. Nesse tempo, o Filho de Deus reinará em toda a terra. Satanás será preso e haverá mil anos de paz. Nesse tempo se cumprirá na íntegra as promessas de Deus a Abraão, pois Israel possuirá toda a terra prometida e todos os povos da terra serão beneficiados por meio de Israel.


REFERÊNCIAS:


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.70,71)

05 outubro 2023

AMOR DE DEUS: O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA HISTÓRIA DA REDENÇÃO

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 02: Missões Transculturais - a sua origem na natureza de Deus 

Ev. WELIANO PIRES


Iniciaremos este tópico falando do Amor de Deus. Em toda a Bíblia podemos ver o incomparável amor de Deus pela humanidade demonstrado, principalmente, na escolha de Israel e no relacionamento de Deus com esta nação. 

Depois, falaremos sobre a redenção no Antigo Testamento. Redenção é a libertação da escravidão mediante o pagamento de um resgate. Veremos vários exemplos da história de Israel. 

Por último, falaremos da redenção no Novo Testamento, que se refere a uma atividade exclusivamente divina, realizada por Jesus Cristo, o Filho de Deus, que é o Único Salvador. O preço desta redenção é única e exclusivamente a Sua morte expiatória na Cruz do Calvário. 

1. O amor de Deus. O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos, argumentou que poderia ser que alguém se dispusesse a morrer por um justo, mas por uma pessoa boa. "Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores". (Rm 5.8). 

A redenção da humanidade pecadora se fundamenta no incomparável amor de Deus, que oferece perdão a quem não perece e, não apenas isso, oferece também no cancelamento da dívida do pecador para com Deus, através do sacrifício de Cristo. Portanto, todo trabalho missionário é a expressão do amor de Deus que busca a reconciliação da humanidade perdida com o seu Criador. 

Quando falamos do amor de Deus estamos nos referindo à essência do verdadeiro amor. Deus não apenas tem amor, mas Ele é amor. O amor de Deus é diferente de qualquer tipo de amor que possa existir neste mundo. Por isso, só consegue amar de verdade quem tem Deus no coração, pois Ele é a fonte de todo amor verdadeiro. 

Tanto em Israel, quanto no Calvinismo há uma ideia equivocada a respeito do amor de Deus. O povo de Israel imaginava que Deus amava apenas a eles. Da mesma forma, o Calvinismo ensina que Deus ama apenas os eleitos. Dizem também que Jesus não morreu por todos, morreu apenas pelos eleitos, ou seja, por aqueles que Deus escolheu para salvar. Mas não é isso que encontramos nas Escrituras. 

No texto de Deuteronômio 33.3, citado pelo comentarista, lemos que "Deus ama os povos". Claro que no Antigo Testamento temos uma ênfase maior em relação a Israel, pois este povo foi escolhido como uma nação sacerdotal, como veremos no próximo tópico. Mas a escolha deste povo faz parte do plano de Deus de salvar toda a humanidade. 

No Novo Testamento o tema do amor de Deus por toda a humanidade é reafirmado comais clareza e ampliado. Podemos ver isso no texto de João 3.16, que é conhecido como o texto áureo da Bíblia: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Em outras partes do Novo Testamento também é demonstrado claramente o amor de Deus por toda a humanidade. Jesus, inclusive, diz para os seus seguidores "amarem os seus inimigos, bendizer os que os maldizem, fazer bem aos que os odeiam e orar pelos que vos maltratam e vos perseguem, para que sejam filhos de Deus, que oferece o sol e a chuva aos justos e injustos". (Mt 5.44,45). 

2. A Redenção no Antigo Testamento. As palavras redenção, redimir, remir e redentor estão presentes em muitos textos bíblicos e em muitos hinos da nossa Harpa Cristã, como por exemplo, os hinos 45, 139, 171, 214 e 255.  Remir e redimir são sinônimos, porém a palavra  remir é mais antiga. 

Se perguntarmos à maioria dos crentes se sabem o que isso significa, eles não saberiam explicar. Isso acontece, principalmente, porque a palavra não faz parte do nosso cotidiano atual e também porque não é muito ensinado em nossas pregações. Mas nos tempos bíblicos era comum. 

O Dicionário Michaelis traz as quatro definições para a palavra redenção: 

1. Ato ou efeito de redimir.

2. Ato de resgatar ou de libertar de qualquer forma de escravidão ou opressão; libertação, resgate.

3. TEOLOGIA: O resgate do gênero humano por Jesus Cristo.

4. ANTROPOLOGIA: Esmola dada para remir cativos.

Do ponto de vista bíblico, redenção tem o sentido de comprar uma propriedade perdida, mediante o pagamento de um resgate. A palavra grega apolutrosis, usada na Septuaginta e traduzida por redenção, aparece sempre com o sentido de resgate ou preço pago para recuperar um bem perdido, uma mulher, um escravo, uma herança, alguém condenado à morte, etc., como conseguir o comentarista citou.

Há também casos de redenção de Deus em relação ao homem citados no Antigo Testamento, como os que o comentarista citou, de Jacó (Gn 48.15,16) e da libertação de Israel da servidão do Egito (Êx 6.6). Estes e outros casos se referem a libertações que Deus realizou em situações de perigo que os seus servos enfrentavam nesta vida e não à redenção dos pecados. 

Jó também se referiu a Deus como “o meu Redentor” (Jó 19.25). Evidentemente, ele não tinha em mente a redenção no sentido de resgatar dos pecados, pois ele ainda não tinha a revelação da salvação dos pecados, que só foi revelada no Novo Testamento. A palavra hebraica “Goel”, usada por Jó, significa  “redimir" ou "resgatar” , no sentido de resgatar uma propriedade vendida, com a devolução do valor pago. Embora Jó não tivesse ainda o conhecimento da vinda do Redentor, que é Cristo, ele foi usado profeticamente pelo Espírito Santo para dizer que Jesus vive e viria a este mundo para salvar a humanidade do pecado. 

3. A Redenção no Novo Testamento. No Novo Testamento a palavra é aplicada exclusivamente ao sacrifício de Cristo como pagamento do preço pelos nossos pecados, como disse o apóstolo Paulo aos Efésios: "Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça." (Ef 1.7). A redenção neste caso é o preço pago para nos libertar da justa condenação pelos pecados cometidos. 

Muitas pessoas, inclusive pregadores, fazem confusão em relação ao destinatário deste pagamento e usam o exemplo de um sequestro, para dizer que o diabo sequestrou o ser humano e Jesus teria pago o preço da nossa libertação ao inimigo. Mas isso não tem nenhum fundamento nas Escrituras. Só se pode pagar uma dívida ao credor e, nesse caso, a nossa dívida era para com a Justiça de Deus que exige a punição pelo pecado: "A alma que pecar, essa morrerá…". (Ez 18.20a). O apóstolo Paulo também escreveu: "Porque o salário do pecado é a morte…" (Rm 6.23a). 

A humanidade inteira estava condenada à morte eterna, por causa do pecado. Deus, que é absolutamente santo e justo, não poderia deixar o pecado impune. Não havia ninguém que fosse capaz de libertar o ser humano desta condenação, a não ser o próprio Deus. Mas, Ele não poderia simplesmente absolver o ser humano da culpa sem a punição pelos pecados cometidos. 

Deus, por seu infinito amor, ofereceu o Seu Filho, como o Cordeiro Imaculado, para pagar o preço exigido pela nossa redenção, mediante a fé Nele. Nenhum outro poderia fazer este sacrifício, nem mesmo pelos próprios pecados. João Batista, ao ver Jesus, no dia seguinte ao seu batismo, disse: "Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo". Esta é a história da redenção, que tem como fundamento o incomparável amor de Deus, que precisa ser levada a todos os povos. 


REFERÊNCIAS:


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.70,71)

04 outubro 2023

A NATUREZA MISSIONÁRIA DE DEUS

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 02: Missões Transculturais - a sua origem na natureza de Deus 

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre a natureza missionária de Deus, tomando como exemplo, o chamado de Abrão. Deus o chamou para que saísse da sua terra, do meio dos seus parentes e fosse a uma terra que Deus iria lhe mostrar. Neste chamado, estava contida a promessa de que todas as famílias da terra seriam benditas nele. 

Depois, falaremos da missão como atividade de Deus no mundo. Deus se revelou e se relacionou com Abrão, um ser humano cheio de falhas e limitações, inclusive, mudando-lhe o seu nome para Abraão e o de sua esposa para Sara. 

Por último, falaremos do nosso modelo missionário, o qual não tem como parâmetro, os missionários notáveis da história da Igreja, ou projetos missionários modernos, elaborados por pessoas notáveis. O nosso modelo missionário se baseia no próprio Deus, cuja natureza missionária está em toda a Bíblia. 


1. A natureza missionária de Deus no chamado de Abrão (Gn 12.1-3). No segundo tópico da lição passada, quando falamos sobre missões transculturais, vimos que a Bíblia nos apresenta Deus como um ser missionário, em várias ocasiões. De fato, a missão de buscar os perdidos está intrinsecamente ligada à natureza de Deus, pois desde a Queda da raça humana, toda e qualquer iniciativa de resgatar o ser humano vem de Deus. 


O comentarista apresenta aqui a chamada de Abrão em Ur dos Caldeus, como exemplo da natureza missionária de Deus. Abrão vivia com os seus pais na Mesopotâmia. O texto de Josué 24.2 diz que Terá, o pai de Abrão servia a outros deuses. Não há menção de que Abrão também fosse idólatra, mas é bem provável que sim, pois a sua família não servia a Deus.


Deus, como um missionário, foi ao encontro de Abrão e o chamou, ordenando que saísse da sua terra e do meio dos seus parentes, e fosse a uma terra desconhecida, que Ele iria mostrar-lhe. O chamado de Deus a Abrão trazia consigo, uma promessa condicional à obediência, com os seguintes termos: Fazer dele uma grande nação; abençoar a si e à sua descendência; abençoar os que o abençoassem e amaldiçoar os que o amaldiçoassem; e abençoar todas as famílias da terra por meio da sua descendência. (Gn 12.2,3). 


Como podemos notar, esta promessa feita à Abrão não se restringiu a si e aos seus descendentes, mas a toda a humanidade e é uma promessa referente à vinda do Salvador ao mundo. Deus não chamou Abrão porque o amava mais do que ao resto da humanidade, ou apenas para dar-lhe a terra prometida e enriquecê-lo, como os filhos de Israel imaginavam. Deus não faz acepção de pessoas e não tem um povo preferido. Ele chamou Abrão e formou a nação de Israel com uma missão: para que fossem uma nação sacerdotal, a fim de servir de testemunha de Deus e, através desta nação, Deus enviar o Seu Filho ao mundo. 


2. A missão como atividade de Deus no mundo. A partir da obediência de Abrão ao chamado de Deus, podemos notar a atividade missionária de Deus em detalhes. Primeiro, Deus mudou os nomes de Abrão e de Sarai, sua mulher, para Abraão e Sara, respectivamente. Naquele contexto, os nomes eram dados aos filhos de acordo com as circunstâncias ou acontecimentos na ocasião do nascimento. 


O nome Abrão significa "pai exaltado". Deus o mudou para Abraão, que significa "Pai de uma multidão". O nome Sarai, por sua vez, significa "princesa " e Deus o mudou para Sara, que significa "minha princesa". Nestas duas mudanças de nomes, podemos ver que a partir daquele momento, a ênfase dos nomes deles não está mais em si mesmos, mas na missão que Deus iria realizar através deles. Abraão deixa de ser um pai exaltado, com ênfase em si mesmo, para ser o pai de uma multidão, que seriam todos os que viriam a crer em Jesus. Sara deixa de ser apenas uma princesa, ou senhora, para pertencer a Deus: "minha princesa". 


Quando fazemos missões não estamos cumprindo um projeto pessoal, ou de uma organização. A missão é uma atividade de Deus e, portanto, todo o protagonismo é dEle. O projeto é dEle e é Ele quem escolhe os missionários, o lugar para onde serão enviados, a missão que deverão cumprir e os métodos a serem empregados. 


Na lição 12 deste trimestre, estudaremos sobre o modelo missionário da Igreja de Antioquia. Naquela Igreja, os crentes estavam reunidos em oração e jejum, quando o Espírito Santo se manifestou e ordenou que separassem Barnabé e Saulo, para uma obra que Ele os tinha chamado (At 13.1,3). A partir daquele momento, eles passaram a viajar pelo mundo, pregando o Evangelho, seguindo a direção do Espírito Santo.


3. O nosso modelo missionário. Assim como acontece em todas as áreas da Igreja, na obra missionária também o nosso modelo é o próprio Deus. Ele é o nosso parâmetro em todas as coisas e deixou as diretrizes para a Igreja, registradas em sua Palavra. Certamente, ao longo da história da Igreja tivemos servos de Deus que se notabilizaram pelo seu trabalho missionário, como Paulo, Barnabé, Apolo, o casal Priscila e Áquila, Moody, Hudson Taylor, John Wesley, o Conde Zinzendorf, Daniel Berg, Gunnar Vingren, Orlando Boyer, Bernhard Johnson e muitos outros. 


Muitos homens e mulheres de Deus, ao longo da história, abriram mão da própria vida, não a tendo por preciosa, para cumprirem a missão que Deus lhes ordenou. Cada um deles recebeu do Senhor uma chamada específica para fazer missões, em lugares determinados por Deus, com métodos e estratégias também dados por Deus e foram fiéis ao chamado missionário. Paulo, por exemplo, quando falou em sua defesa perante o rei Herodes Agripa e contou sobre o seu encontro com Cristo no caminho de Damasco e como o Senhor Jesus o chamara para a missão, ele disse: “Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial.” (At 26.19).


Estes e outros exemplos de missionários tem muito a nos ensinar, no sentido de nos encorajar e ampliar a nossa visão missionária. Entretanto o nosso modelo missionário continua sendo Deus. Ele amou todo o mundo e enviou o Seu Filho Unigênito para morrer por todos e salvar a todos os que nEle crerem (Jo 3.16). De vez em quando aparecem pessoas dizendo que tem um modelo ou estratégia exclusivos para fazer missões e passa a criticar todos os demais. Outros, relativizam ou alteram a verdade do Evangelho, para "ganhar almas". Mas Deus não nos autorizou a fazer isso. A mensagem é dEle e precisamos pegá-la com fidelidade, quer ouçam quer deixem de ouvir. 


REFERÊNCIAS:


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.70,71)


RENOVAÇÃO DA ESPERANÇA

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