04 outubro 2023

A NATUREZA MISSIONÁRIA DE DEUS

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 02: Missões Transculturais - a sua origem na natureza de Deus 

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre a natureza missionária de Deus, tomando como exemplo, o chamado de Abrão. Deus o chamou para que saísse da sua terra, do meio dos seus parentes e fosse a uma terra que Deus iria lhe mostrar. Neste chamado, estava contida a promessa de que todas as famílias da terra seriam benditas nele. 

Depois, falaremos da missão como atividade de Deus no mundo. Deus se revelou e se relacionou com Abrão, um ser humano cheio de falhas e limitações, inclusive, mudando-lhe o seu nome para Abraão e o de sua esposa para Sara. 

Por último, falaremos do nosso modelo missionário, o qual não tem como parâmetro, os missionários notáveis da história da Igreja, ou projetos missionários modernos, elaborados por pessoas notáveis. O nosso modelo missionário se baseia no próprio Deus, cuja natureza missionária está em toda a Bíblia. 


1. A natureza missionária de Deus no chamado de Abrão (Gn 12.1-3). No segundo tópico da lição passada, quando falamos sobre missões transculturais, vimos que a Bíblia nos apresenta Deus como um ser missionário, em várias ocasiões. De fato, a missão de buscar os perdidos está intrinsecamente ligada à natureza de Deus, pois desde a Queda da raça humana, toda e qualquer iniciativa de resgatar o ser humano vem de Deus. 


O comentarista apresenta aqui a chamada de Abrão em Ur dos Caldeus, como exemplo da natureza missionária de Deus. Abrão vivia com os seus pais na Mesopotâmia. O texto de Josué 24.2 diz que Terá, o pai de Abrão servia a outros deuses. Não há menção de que Abrão também fosse idólatra, mas é bem provável que sim, pois a sua família não servia a Deus.


Deus, como um missionário, foi ao encontro de Abrão e o chamou, ordenando que saísse da sua terra e do meio dos seus parentes, e fosse a uma terra desconhecida, que Ele iria mostrar-lhe. O chamado de Deus a Abrão trazia consigo, uma promessa condicional à obediência, com os seguintes termos: Fazer dele uma grande nação; abençoar a si e à sua descendência; abençoar os que o abençoassem e amaldiçoar os que o amaldiçoassem; e abençoar todas as famílias da terra por meio da sua descendência. (Gn 12.2,3). 


Como podemos notar, esta promessa feita à Abrão não se restringiu a si e aos seus descendentes, mas a toda a humanidade e é uma promessa referente à vinda do Salvador ao mundo. Deus não chamou Abrão porque o amava mais do que ao resto da humanidade, ou apenas para dar-lhe a terra prometida e enriquecê-lo, como os filhos de Israel imaginavam. Deus não faz acepção de pessoas e não tem um povo preferido. Ele chamou Abrão e formou a nação de Israel com uma missão: para que fossem uma nação sacerdotal, a fim de servir de testemunha de Deus e, através desta nação, Deus enviar o Seu Filho ao mundo. 


2. A missão como atividade de Deus no mundo. A partir da obediência de Abrão ao chamado de Deus, podemos notar a atividade missionária de Deus em detalhes. Primeiro, Deus mudou os nomes de Abrão e de Sarai, sua mulher, para Abraão e Sara, respectivamente. Naquele contexto, os nomes eram dados aos filhos de acordo com as circunstâncias ou acontecimentos na ocasião do nascimento. 


O nome Abrão significa "pai exaltado". Deus o mudou para Abraão, que significa "Pai de uma multidão". O nome Sarai, por sua vez, significa "princesa " e Deus o mudou para Sara, que significa "minha princesa". Nestas duas mudanças de nomes, podemos ver que a partir daquele momento, a ênfase dos nomes deles não está mais em si mesmos, mas na missão que Deus iria realizar através deles. Abraão deixa de ser um pai exaltado, com ênfase em si mesmo, para ser o pai de uma multidão, que seriam todos os que viriam a crer em Jesus. Sara deixa de ser apenas uma princesa, ou senhora, para pertencer a Deus: "minha princesa". 


Quando fazemos missões não estamos cumprindo um projeto pessoal, ou de uma organização. A missão é uma atividade de Deus e, portanto, todo o protagonismo é dEle. O projeto é dEle e é Ele quem escolhe os missionários, o lugar para onde serão enviados, a missão que deverão cumprir e os métodos a serem empregados. 


Na lição 12 deste trimestre, estudaremos sobre o modelo missionário da Igreja de Antioquia. Naquela Igreja, os crentes estavam reunidos em oração e jejum, quando o Espírito Santo se manifestou e ordenou que separassem Barnabé e Saulo, para uma obra que Ele os tinha chamado (At 13.1,3). A partir daquele momento, eles passaram a viajar pelo mundo, pregando o Evangelho, seguindo a direção do Espírito Santo.


3. O nosso modelo missionário. Assim como acontece em todas as áreas da Igreja, na obra missionária também o nosso modelo é o próprio Deus. Ele é o nosso parâmetro em todas as coisas e deixou as diretrizes para a Igreja, registradas em sua Palavra. Certamente, ao longo da história da Igreja tivemos servos de Deus que se notabilizaram pelo seu trabalho missionário, como Paulo, Barnabé, Apolo, o casal Priscila e Áquila, Moody, Hudson Taylor, John Wesley, o Conde Zinzendorf, Daniel Berg, Gunnar Vingren, Orlando Boyer, Bernhard Johnson e muitos outros. 


Muitos homens e mulheres de Deus, ao longo da história, abriram mão da própria vida, não a tendo por preciosa, para cumprirem a missão que Deus lhes ordenou. Cada um deles recebeu do Senhor uma chamada específica para fazer missões, em lugares determinados por Deus, com métodos e estratégias também dados por Deus e foram fiéis ao chamado missionário. Paulo, por exemplo, quando falou em sua defesa perante o rei Herodes Agripa e contou sobre o seu encontro com Cristo no caminho de Damasco e como o Senhor Jesus o chamara para a missão, ele disse: “Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial.” (At 26.19).


Estes e outros exemplos de missionários tem muito a nos ensinar, no sentido de nos encorajar e ampliar a nossa visão missionária. Entretanto o nosso modelo missionário continua sendo Deus. Ele amou todo o mundo e enviou o Seu Filho Unigênito para morrer por todos e salvar a todos os que nEle crerem (Jo 3.16). De vez em quando aparecem pessoas dizendo que tem um modelo ou estratégia exclusivos para fazer missões e passa a criticar todos os demais. Outros, relativizam ou alteram a verdade do Evangelho, para "ganhar almas". Mas Deus não nos autorizou a fazer isso. A mensagem é dEle e precisamos pegá-la com fidelidade, quer ouçam quer deixem de ouvir. 


REFERÊNCIAS:


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.70,71)


02 outubro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 2: MISSÕES TRANSCULTURAIS: A SUA ORIGEM NA NATUREZA DE DEUS

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA

TEMA: A GRANDE COMISSÃO: UM ENFOQUE ETNOCÊNTRICO

Na lição passada, fizemos uma introdução ao tema do trimestre, falando do aspecto etnocêntrico da obra missionária, ou seja, enfatizando a relação que há entre a grande comissão e as missões transculturais.

I. A Grande Comissão

  • Falamos da questão cultural no ide de Jesus e dos desafios de se anunciar o Evangelhos em culturas diferentes da nossa. 
  • Falamos também da ordem de Jesus para fazer discípulos de todas as nações, expondo as definições de nação e etnia. 
  • Por último, falamos sobre a eficácia e os objetivos da Grande Comissão, destacando a necessidade do missionário ser cheio do Espírito Santo, para realizar ter êxito em sua missão.

 II. Missões Transculturais.  

  • Falamos do conceito etimológico de missões transculturais. 
  • Falamos da visão transcultural da Bíblia, que apresenta Deus como missionário, e depois da Igreja como agência executiva de missões.
  • Por último, falamos das principais barreiras para as missões transculturais, as quais Igreja precisa conhecer e se preparar para rompê-las.

 III. Visão global do Evangelho no mundo.  

  • Falamos sobre Evangelismo, discipulado e ensino bíblico, que são as três faces da ordem de Jesus.
  • Falamos também do arrependimento e da capacitação do Espírito, que são fundamentais para que haja conversões na obra missionária.
  • Por último, falamos do arrependimento e da capacitação do Espírito, que são fundamentais para que haja conversões na obra missionária.

LIÇÃO 2: MISSÕES TRANSCULTURAIS: A SUA ORIGEM NA NATUREZA DE DEUS

Objetivos da Lição: 

  • Explicar a natureza missionária de Deus; 
  • Enfatizar o amor de Deus como princípio fundamental da Redenção;
  • Estabelecer a visão bíblica transcultural da Missão.

 Palavra-Chave: TRANSCULTURAL

INTRODUÇÃO 

Nesta segunda lição veremos com mais abrangência o tópico 2 da primeira lição, que tratou de forma resumida das missões transculturais. Falaremos nesta lição sobre o grande desafio que é apresentar o Evangelho de Cristo a outros povos, com culturas diferentes da nossa. Partiremos do princípio de que Deus, se revelou a partir da chamada da família de Abrão, para através desta, alcançar todas as famílias da terra. Portanto, a idéia de missões transculturais se fundamenta no próprio Deus.

 TÓPICOS DA LIÇÃO

 I. A NATUREZA MISSIONÁRIA DE DEUS

1. A natureza missionária de Deus no chamado de Abrão (Gn 12.1-3).

2. A missão como atividade de Deus no mundo.

3. O nosso modelo missionário.

II. AMOR DE DEUS: O PRINCÍPIO FUNDAMENTAL DA HISTÓRIA DA REDENÇÃO

1.  O amor de Deus.

2.  A Redenção no Antigo Testamento.

3.  A Redenção no Novo Testamento.

III. VISÃO BÍBLICA DO CARÁTER TRANSCULTURAL DA MISSÃO

1.  Um Deus Missionário.

2.  A escolha de Israel e sua missão.

3.  A escolha da Igreja.

REFERÊNCIAS:
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.37. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.
PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, pp.70,71).

29 setembro 2023

VISÃO GLOBAL DO EVANGELHO NO MUNDO

(Comentário do 3º tópico da Lição 01: A Grande Comissão - Um enfoque etnocêntrico).

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da visão global do Evangelho no mundo. Iniciaremos este tópico falando de Evangelismo e discipulado e ensino, que são as três faces da ordem de Jesus. Estas faces não são excludentes entre si, mas complementares. Depois falaremos do arrependimento e da capacitação do Espírito, que são fundamentais para que haja conversões na obra missionária. 

1. Evangelização e Discipulado. No trabalho missionário, há três ações ordenadas por Jesus, que precisam andar juntas: Evangelização (Mc 16.15), discipulado e ensino (Mt 27.19,20). As três são indispensáveis e uma não exclui a necessidade das outras. Mesmo que se faça uma bem feita, se faltarem as outras, o trabalho estará incompleto e deficiente. 

Em Marcos 16.15, Jesus mandou os seus discípulos “pregarem” o Evangelho a toda criatura. O termo pregar, no grego, é  “kerusso”, que significa “proclamar” ou “fazer um anúncio como um arauto”. Naqueles tempos não havia rádio, tv, internet ou jornais para se fazer anúncios oficiais. Então os governantes enviavam arautos que saíam pelas ruas anunciando os comunicados oficiais à população. Jesus veio a este mundo como o enviado de Deus, para anunciar a salvação (Lc 4.18,19). Após a sua ressurreição, Ele transferiu esta responsabilidade para os seus discípulos dizendo: “Ide e pregai o Evangelho a toda criatura”. (Mc 16.15). Portanto, a missão de pregar ou evangelizar significa anunciar o Evangelho aos que não o conhecem. 

No texto de Mateus 28.19,20, que traz a Grande Comissão de Jesus à Sua Igreja, o discipulado e o ensino estão presentes na ordem de Jesus. Na versão Almeida Revista e Corrigida não é possível distingui-las, porque foram traduzidas pela mesma palavra em português. Entretanto, na Versão Almeida Revista e Atualizada, há a distinção entre as duas palavras, traduzindo a primeira por "fazer discípulos" e a segunda por "ensinando". 

No versículo 19, é usado o verbo grego "mathēteuō", que significa "fazer discípulos", ou seja, trabalhar o caráter do novo convertido para que ele se torne um imitador do Seu Mestre, que é Cristo. Com o passar do tempo, esta palavra foi se esvaziando do seu sentido original. Hoje em dia, quando falamos de discipulado, as pessoas imaginam que seja um cursinho básico com as primeiras instruções ao novo convertido. Mas, é muito mais do que isso. Significa dar estas instruções, acompanhar e preparar a pessoa para ser um verdadeiro discípulo de Cristo, até que ele esteja pronto para se tornar também um discipulador. 

Já no versículo 20, o verbo grego didaskalia, traduzido por "ensinando" é uma referência à instrução feita por um mestre, ou seja, neste contexto é uma referência ao ensino das doutrinas bíblicas. É aquilo que fazemos na Escola Bíblica Dominical, Escola Bíblica de Obreiros, Cursos teológicos, Seminários, etc. Aqui, Jesus mandou que os seus discípulos ensinassem os convertidos a guardarem todas as coisas que Ele mandou. Se a Igreja negligenciar o ensino bíblico os crentes serão sempre meninos inconstantes, levados por ventos de doutrinas e se tornarão presas fáceis para os falsos mestres. 

2. Arrependimento e capacitação do Espírito. A mensagem a ser pregada pelo missionário deve ser a mesma que Jesus e os seus apóstolos pregaram: Arrependimento e conversão, mediante o poder do Espírito Santo (Mc 1.15; At 2.37). Muitas pessoas não sabem o que é arrependimento. Pensam que apenas o fato de confessar que errou e pedir perdão significa que se arrependeu. É comum, quando assassinos são presos, os jornalistas perguntarem se estão arrependidos. Os mais cruéis dizem que não e que fariam tudo de novo. Mas há os fingidos, que choram e se dizem arrependidos. Entretanto, se fossem soltos, continuariam fazendo a mesma coisa. 

A palavra arrependimento no grego é "metanoia". Esta palavra é formada de dois vocábulos gregos: "meta" (que vai além, depois, ou mudança) e "nous" (pensamento). Portanto, metanoia significa literalmente "mudança de pensamento". É a tristeza pelo pecado praticado e disposição interior para mudar. Esta palavra deu origem à palavra portuguesa "metamorfose", que significa mudança na forma de ser. O arrependimento acontece quando a pessoa é convencida pelo Espírito Santo e passa a pensar e agir diferente, por convicção. 

Jesus não enviou os seus discípulos a pregarem filosofia, ideologia política, psicologia, auto ajuda ou oferecer melhoria de vida às pessoas neste mundo. O Evangelho que Jesus mandou pregar é a boa notícia de Deus para a humanidade perdida: Jesus Cristo veio a este mundo para dar a Sua vida para salvar todo aquele que crer (Lc 19.10; 1Tm 1.15). Aqueles que não crerem, serão condenados (Mc 16.16). 

A Igreja tem a obrigação de pregar esta mensagem ao mundo, quer aceitem, quer rejeitem. Não é papel da Igreja convencer as pessoas a receberem a Cristo. Este papel é do Espírito Santo. A nossa obrigação é pregar o Evangelho no poder do Espírito, com confiança no Senhor e fidelidade às Escrituras. Quando pregamos a mensagem do Evangelho, precisamos que o Espírito Santo nos encha do Seu poder para falar e também trabalhe no coração dos ouvintes, para que eles entendam e sejam convencidos a se renderem a Cristo. Nenhum pregador é capaz de convencer um pecador a abandonar o pecado e vir a Cristo. Somente o Espírito de Deus pode fazer isso. 


REFERÊNCIAS: 


GABY, Wagner. Até os confins da terra: pregando o Evangelho a todos os povos até à volta de Cristo. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2023,  págs. 6-10.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.329..

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.36.

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