24 fevereiro 2023

A EXPANSÃO DO AVIVAMENTO PENTECOSTAL

(Comentário do 3º tópico da Lição 09: O avivamento pentecostal no Brasil)

Ev. WELIANO PIRES

A Assembléia de Deus se espalhava por todo o país, pregando que Jesus salva, batiza no Espírito Santo, cura enfermidades e em breve voltará. Em sua grande maioria, os obreiros assembleianos eram homens simples, com pouca instrução e inexperientes. Devido à grande carência de obreiros para iniciar novos trabalhos e pastorear os que já existiam, muitos crentes com dois anos de fé eram consagrados ao ministério pastoral. Entretanto, estes homens eram homens que tinham vidas consagradas a Deus e conduziam a obra em total dependência do Espírito Santo.

1- Um modelo centrífugo. O modelo de crescimento da Assembléia de Deus no Brasil foi centrífugo, ou seja, de dentro para fora. Cada novo crente, começava a realizar cultos em sua casa e conforme acontecia as conversões, buscavam um lugar maior, até finalmente construir um templo. Este movimento alcançou um crescimento acentuado, não buscando membros de outras Igrejas, mas, buscando os perdidos pelas ruas, através da evangelização, no poder do Espírito Santo. 

Devido à nacionalidade dos missionários suecos, a Igreja Sueca passou a dar apoio à missão no Brasil. A Igreja Filadélfia de Estocolmo, fundada pelo pastor Lewi Pethrus, assumiu o sustento de Gunnar Vingren e Daniel Berg e enviou outros missionários para dar suporte aos novos membros e ensinar a Palavra de Deus. Entre estes missionários está o pastor Samuel Nystron, que veio para o Brasil em 1916 e foi o pioneiro da literatura assembleiana, criando a tipografia onde eram impressos o Jornal Boa Semente, calendários, revistas da Escola Dominical e a Harpa Cristã. Dirigiu também os estudos da primeira Escola Bíblica de Obreiros em Belém e lançou a pedra fundamental do primeiro templo da Igreja em Belém-PA. Foi também o segundo presidente do Ministério do Belém, depois de Daniel Berg, que começou o trabalho. 

a. A colaboração de outros missionários. A Igreja Filadélfia de Estocolmo enviou também o casal de missionários Joel e Signe Carlson para o Brasil, em 1918. Este casal foram os pioneiros da Assembléia de Deus em Pernambuco. Outros missionários suecos também atuaram no Brasil, nos primeiros anos da Assembléia de Deus: 

Otto Nelson: Veio ao Brasil em 1914 e iniciou trabalhos de evangelização em Belém do Pará. Depois, em 1915 foi com a família para Maceió/AL;

Charles Leonard Simon Lundgren: Chegou ao Brasil em 11 de dezembro de 1924, para ajudar o missionário Otto Nelson em Maceió/AL.

Nels Julius Nelson: Chegou ao Brasil em 21 de março de 1921, no Belém/PA, aos 26 anos.

Gustav Nordlund: Veio dos Estados Unidos para Belém/PA e foi um grande líder da Assembleia de Deus gaúcha. 

Depois houve grande participação de missionários estrangeiros, como os norte-americanos Orlando Boyer, Bernhard Johnson, Lawrence Olson, John Peter Kolenda, além do finlandês Eurico Bergstén e o polonês Bruno Skolimowski, que veio ao Brasil em busca de trabalho, aqui se converteu ao Evangelho e foi um dos pioneiros das Assembleias de Deus no Paraná e São Paulo. O missionário Bruno Skolimowski também foi presidente do Ministério do Belém em São Paulo. 

b. Os primeiros pastores brasileiros. Os primeiros pastores ordenados aqui no Brasil foram: Isidoro Filho (1912); Absalão Piano (1913); Crispiniano de Melo; Pedro Trajano; Adriano Nobre; Clímaco Bueno Aza (1918); José Paulino Estumano de Morais (1919); Bruno Skolimowski (1921). Depois, outros importantes pioneiros da Assembleia de Deus foram ordenados ao ministério pastoral, como Cícero Canuto de Lima, que foi ordenado em 1923 pelo missionário Gunnar Vingren. Este foi pastor em João Pessoa/PB, São Cristóvão/RJ. Foi também presidente do Ministério do Belém de 1946 a 1980 e presidente da Convenção Geral. Outro importante pioneiro da Assembleia de Deus, foi o Pr. Paulo Leivas Macalão, ordenado ao ministério pastoral em 1930, por Gunnar Vingren. Pr. Paulo Leivas Macalão era um militar e músico, que compôs 244 hinos da Harpa Cristã, entre autoria, tradução e adaptação. Foi também o fundador do Ministério de Madureira. 

Depois destes vieram muitos pastores que desbravaram campos difíceis e fundaram a Assembleia de Deus em vários lugares como Anselmo Sylvestre (MG), José Pimentel de Carvalho (PR), Alcebíades Pereira de Vasconcelos (AM), Firmino da Anunciação Gouveia (PA), José Amaro da Silva (PE), Estevão Ângelo de Souza (MA), Emílio Conde (RJ), Armando Chaves Cohen (PA), Alfredo Reikdal (SP) João Alves Correia (SP), Rodrigo Silva Santana (BA), José Leôncio da Silva (PE), José Wellington Bezerra da Costa (SP), Manoel Ferreira (SP e RJ), Lupércio Vergniano (SP) e muitos outros, que o espaço não me permite mencionar. Mas o trabalho destes homens de Deus está registrado nos Céus. 

2. Um crescimento acentuado. Ao longo dos anos, a Assembléia de Deus cresceu exponencialmente e ultrapassou Igrejas históricas que já estavam no Brasil quando ela começou. Além do próprio crescimento, muitas outras denominações pentecostais surgiram a partir de crentes que se converteram na Assembléia de Deus. Este crescimento é fruto da evangelização de casa em casa, cultos ao ar livre, cultos nos lares, discipulado e Escola Dominical, que são marcas registradas da Assembléia de Deus. 

Os censos do IBGE ao longo dos anos comprovam o crescimento da Assembléia de Deus. De um pequeno ponto de pregação na casa da irmã Celina de Albuquerque, esta Igreja se tornou a maior denominação evangélica da América latina e uma das maiores do mundo. Este crescimento não é apenas numérico, mas também em realizações. A Assembléia de Deus é também uma Igreja missionária, que investe em missões e mantém missionários em vários países do mundo. 

3. A segunda onda pentecostal do Brasil. Nos primeiros 50 anos do século XX, a Assembléia de Deus e Congregação Cristã se mantiveram como as únicas Igrejas pentecostais no Brasil, embora como já falamos anteriormente, a Congregação Cristã recusa a denominação de pentecostal, mesmo crendo na atualidade dos dons espirituais. Estas duas denominações, embora muito diferentes na organização, nas doutrinas e tendo muitas críticas mútuas, possuíam pelo menos duas características em comum nos primórdios: a ultravalorização dos usos e costumes, confundindo-os com “doutrinas” e a aversão ao estudo teológico. A Assembléia de Deus, pelo menos, ensinava a Palavra de Deus por através das Escolas Dominicais e Escolas Bíblicas de Obreiros. A Congregação Cristã, nem isso fazia, pois entende que basta abrir a Bíblia, ler e aplicá-la àquele momento, sem nenhuma regra de interpretação. 

Entre os anos de 1950 e 1962 surgiram, quase simultaneamente em São Paulo, três grupos pentecostais no país: a Igreja do Evangelho Quadrangular (1951), a Igreja Pentecostal o Brasil para Cristo (1955) e a Igreja Pentecostal Deus é Amor (1961). Estas Igrejas quebraram alguns paradigmas das pioneiras do pentecostalismo e ocuparam espaços considerados mundanos por elas, como estádios de futebol, rádios e teatros. Faziam também grandes cruzadas e davam muita ênfase aos testemunhos de curas e milagres, o que acabava atraindo muitos adeptos. Estas Igrejas, no entanto, tinham enormes diferenças entre si. 

4. O Neopentecostalismo. Paralelo a esta segunda onda pentecostal, que dava muita ênfase aos milagre, libertação e curas, foi importado dos Estados Unidos para o Brasil, a teologia controversa do movimento da fé, propagado por Kenneth Haggin, mais conhecido como teologia da prosperidade, que apregoa o bem estar físico, o triunfalismo e a prosperidade financeira, como resultado da fé em Deus e que o oposto disso seria falta de fé e ação demoníaca. 

Neste contexto nasce o chamado Movimento Neopentecostal, que é uma completa distorção do Movimento Pentecostal. O pioneiro deste movimento no Brasil foi Edir Macedo, que pertencia à Igreja Pentecostal Nova Vida no Rio de Janeiro e fundou a Igreja Universal do Reino de Deus. Posteriormente, o seu cunhado, Romildo Ribeiro Soares, conhecido como R. R. Soares, que também passou pela Igreja Nova Vida e depois pela Casa da Bênção, fundou a Igreja Internacional da Graça de Deus, nos mesmos moldes da Universal. Um bispo muito popular da Universal, chamado Valdemiro Santiago de Oliveira, também rompeu com Edir Macedo e fundou a Igreja Mundial do Poder de Deus. Outra Igreja famosa, do meio neopentecostal, é a Igreja Renascer em Cristo, fundada em 1985 pelo casal  Estevam Hernandes Filho e sua esposa, Sônia Haddad Moraes Hernandes. A Renascer é proprietária da Rede Gospel de Comunicação e por algum tempo tentou assumir o controle da extinta Rede Manchete de Televisão. 

Estes são os principais expoentes do neopentecostalismo no Brasil, cujas Igrejas se cresceram mediante programas de televisão, com exposição pública de testemunhos de milagres, curas e prosperidade financeira, além de exorcismos. Há também muitas igrejas e comunidades neopentecostais de menor porte, que também estão nas rádios e televisões do Brasil.

REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

ROMEIRO, Paulo. Super Crentes – O evangelho segundo Kenneth Hagin, Valnice Milhomens e os profetas da prosperidade. Mundo Cristão. São Paulo. 4ª reimpressão. 2012.

BERG, David. Daniel Berg, Enviado por Deus: A história de Daniel Berg, um simples aldeão que ajudou a deflagrar o maior movimento pentecostal da história da Igreja, as Assembleias de Deus no Brasil. Editora CPAD. 1 Ed 1995.

VINGREN, Ivar. O Diário do Pioneiro: Gunnar Vingren. Editora CPAD. 5ª Ed 2000.

23 fevereiro 2023

O NASCIMENTO DE UM NOVO MOVIMENTO


(Comentário do 2º tópico da Lição 10: O Avivamento Pentecostal no Brasil)

Ev. WELIANO PIRES

Devido aos conflitos originários da Reforma Protestante com a Igreja Católica, que se espalharam por vários países, os portugueses que eram em sua maioria católicos, não viam com bons olhos o Protestantismo e não permitiam a implantação de Igrejas Protestantes no Brasil. Houve tentativas, no período colonial, mas não obtiveram êxito. Durante a ocupação holandesa, houve uma “Igreja Reformada Potiguara”, fundada em 1630 na Paraíba. 

Com a vinda da família real ao Brasil, no final de 1807 e início de 1808, muitos estrangeiros entraram no país e foi necessário fazer o Tratado  de comércio e navegação, em 1810. Neste tratado foi garantido a todos o direito de praticar a sua religião, desde que não causassem perturbações e não fizessem proselitismo entre católicos. Em 1817, os ingleses tiveram permissão para construir o primeiro templo, mas era uma espécie de capelania, que tinha permissão para pregar aos funcionários da embaixada, comerciantes, marinheiros e viajantes. Não podiam evangelizar os brasileiros. 

Mesmo após a independência do Brasil, em 1822, a liberdade das outras religiões ainda era muito restrita. O artigo 5º da Constituição de 1824 trazia a seguinte redação: 

A religião Católica Romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo.

Em 1824, foi realizado o primeiro culto no Brasil, dirigido apenas para os imigrantes. Somente em 1858 foi aberta a primeira igreja protestante no Brasil de língua portuguesa, chamada atualmente “Igreja Evangélica Fluminense”. Em 1862, foi fundada a primeira Igreja Presbiteriana Brasileira, também no Rio de Janeiro. Depois vieram as Igrejas metodistas, batistas e luteranas. Mas, nenhuma delas aceitava a doutrina pentecostal. 

A doutrina pentecostal, que os missionários suecos pregavam, incomodou os batistas tradicionais. Em uma reunião, a direção da Igreja decidiu expulsar os dois missionários e 19 irmãos que concordaram com a doutrina que eles pregavam. Após esta expulsão, Daniel Berg, Gunnar Vingren e os outros 19 irmãos que foram expulsos com eles, passaram a se reunir na casa da irmã Celina de Albuquerque, a primeira brasileira a receber batismo no Espírito Santo. Deus abençoou e várias pessoas se converteram, muitos foram curados e outros batizados no Espírito. Este novo trabalho adotou o nome de Missão da Fé Apostólica, que em 1918, passou a se chamar Assembléia de Deus. 

1- A pregação do avivamento pentecostal. As primeiras Igrejas Pentecostais do Brasil foram a Congregação Cristã no Brasil e a Assembleia de Deus. Os fundadores destas duas denominações chegaram ao Brasil no ano de 1910. 

a. A Congregação Cristã no Brasil. O italiano Louis Francescon [Luigi Francesconi, em italiano], que vivia em Chicago, nos Estados Unidos, iniciou a Congregação Cristã no Brasil, no Paraná. Há poucas informações históricas sobre as origens da Congregação Cristã, pois eles têm o costume desde o início, de não registrar nada. Eles se recusavam, inclusive, a ter um um nome ou placa. Devido aos brados de glória durante os cultos, eram chamados de “Igreja dos glórias” ou “povo dos glórias”. Algumas Congregações no início colocavam a placa: “Reunidos em Nome do Senhor Jesus.” Somente em 1936, foi adotado o nome Congregação Cristã no Brasil, devido à necessidade de se ter o registro de uma pessoa jurídica para a denominação. Recusam-se também o nome de pentecostais e preferem ser chamados apenas de “cristãos”. 

Francescon pertencia à Igreja Presbiteriana na Itália. Por discordar do batismo por aspersão, ele resolveu ser batizado por imersão e acabou se desligando da Igreja Presbiteriana e, junto com outros irmãos que pensavam como ele, fundaram uma comunidade evangélica livre. Depois, tomaram conhecimento do Movimento Pentecostal dos Estados Unidos. 

Louis Francescon foi batizado no Espírito Santo e, depois disso, passou a realizar trabalhos missionários nas colônias italianas na Argentina. Em março de 1910, veio para o Brasil e deu início à Congregação Cristã. Inicialmente, a Congregação Cristã era uma Igreja Pentecostal, ortodoxa como a Assembleia de Deus. Mas, ao longo dos anos, por não estudar a Bíblia, foram criando doutrinas heterodoxas e não tem comunhão com nenhuma Igreja Evangélica. Consideram que a Congregação Cristã é o único caminho e são exclusivistas. 

b. A Assembléia de Deus. Os missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren foram os fundadores da Assembleia de Deus no Brasil. Ambos pertenciam à Igreja Batista nos Estados Unidos, mas creram na doutrina pentecostal e foram batizados no Espírito Santo. Em 19 de novembro de 1910, estes dois jovens desembarcaram em Belém-PA, sem saber falar português e sem conhecer nada sobre o Brasil. 

Após chegarem ao Brasil, sem recursos, sem conhecerem o país, nem mesmo o idioma, os missionários ficaram na total dependência do Espírito Santo. Pararam na Praça da República, em Belém-PA, e ficaram aguardando orientações da parte de Deus. Passou uma família no local, que falava inglês, e perguntaram aos missionários se já haviam encontrado hospedagem. Eles responderam que não e foram convidados a acompanhá-los ao local onde estavam hospedados. Lá encontraram outra pessoa que falava inglês e eles lhe perguntaram se conheciam algum protestante na cidade. Foi indicado o endereço do pastor metodista Justus Nelson, que também era americano. 

Imediatamente os missionários o procuraram e ele os encaminhou à Igreja Batista. Como eram vinculados à Igreja Batista nos Estados Unidos, os dois missionários suecos procuram a Igreja Batista de Belém para congregar lá. A partir daí, eles passaram a morar nas dependências da Igreja, em um porão úmido, cheio de mosquitos e com muitas dificuldades. Como não conheciam o idioma, Gunnar Vingren foi estudar a língua portuguesa durante o dia e transmitia o que havia aprendido a Daniel Berg, quando chegava em casa. 

A doutrina pentecostal, que eles pregavam, no entanto, incomodou os batistas tradicionais. Havia naquela Igreja, uma irmã chamada Celina de Albuquerque, uma crente fiel, dedicada à Escola Dominical, que encontrava-se enferma e os médicos deram-lhe o diagnóstico de que aquela doença era incurável. O missionário Gunnar Vingren foi visitá-la e perguntou se ela cria que Jesus poderia curá-la. Ela respondeu que sim, ele orou por ela e foi curada daquela enfermidade. 

Após a cura, a irmã Celina e a sua amiga Maria de Nazaré passaram a buscar a Deus com jejum e oração e decidiram que não sairiam de casa até receberem a confirmação de Deus de que o ensino dos missionários era correto. Depois de cinco dias de oração, na madrugada do dia 9 de junho de 1911, a irmã Celina foi batizada no Espírito Santo. 

Após este episódio a notícia se espalhou e a direção da Igreja fez uma reunião em 18 de junho de 1911, para discutir o assunto. Na reunião, o dirigente perguntou quem estava de acordo com o ensino dos missionários. Os que concordaram foram convidados a sair da Igreja e 19 irmãos, além de Daniel Berg e Gunnar Vingren foram expulsos. Após a expulsão, Daniel Berg, Gunnar Vingren e os outros 19 irmãos que foram expulsos com eles, passaram a se reunir na casa da irmã Celina. Deus abençoou e várias pessoas se converteram, muitos foram curados e outros batizados no Espírito. Este novo trabalho adotou o nome de Missão da Fé Apostólica, seguindo o nome da Missão de Los Angeles. Por sugestão de Gunnar Vingren, em 1918 a Missão da Fé Apostólica passou a chamar-se Assembleia de Deus, em virtude da fundação das Assembleias de Deus nos Estados Unidos, em 1914. Mas, não havia nenhuma ligação institucional entre esta igrejas. 

2- Crescimento e perseguição. Muitos irmãos de Igrejas tradicionais creram na doutrina pentecostal e foram batizados no Espírito Santo. Entre eles está o irmão Adriano Nobre, que era da Igreja Presbiteriana. Outros, que se converteram através da pregação dos missionários suecos, também receberam o batismo no Espírito Santo e seguiam testificando de Jesus por onde chegavam. Em pouco tempo, o trabalho se espalhou para outros estados do Norte e Nordeste do país. Alguns destes irmãos que se converteram no Norte e Nordeste, vindo para o Sudeste anunciavam o Evangelho onde chegavam. Por volta de 1922, a Assembléia de Deus chegou ao bairro de São Cristóvão no Rio de Janeiro, que era a capital do país naquela época. O missionário Gunnar Vingren foi enviado ao Rio de Janeiro para pastorear a Igreja na capital. 

Apesar do crescimento exponencial que a Igreja vivia, com muitas conversões, milagres e batismos no Espírito Santo, eles não viviam só de bênçãos. As perseguições eram intensas naqueles tempos, por parte dos católicos e até de evangélicos tradicionais que não aceitavam a doutrina pentecostal. Os primeiros batismos precisavam ser feitos em sigilo, à noite, pois não possuíam templos e tanques batismais. Os batismos eram realizados nos rios e à beira mar. Em um destes os inimigos cercaram os crentes e tentaram impedir a realização do batismo. Um meliante tentou matar o missionário Gunnar Vingren e a irmã Celina entrou na frente e impediu o crime. 

Muitas vezes os locais de culto eram apedrejados. Os padres orientavam as pessoas a não alugar casas para os protestantes. Os jovens que se convertiam ao Evangelho eram eram agredidos e expulsos de casa pelos pais. Da mesma sorte, as mulheres casadas eram agredidas pelos maridos e proibidas de frequentar os cultos. 

3. Curas divinas. Se por um lado as dificuldades e perseguições eram muitas, por outro lado, o Senhor operava sinais extraordinários. No livro “O Diário do Pioneiro Gunnar Vingren”, escrito pelo seu filho Ivar Vingren, o missionário conta muitos milagres que ele presenciou. Deus agiu poderosamente em algumas situações contra os inimigos da Obra de Deus, que zombavam ou tentavam impedir o trabalho. Em outros casos, houve muitas curas divinas e até ressurreição de mortos. Eis abaixo, alguns dos relatos registrados por Ivar Vingren, que foram testemunhados por seu pai: 

Um irmão foi curado de enfermidade muito grave na perna. Uma irmã foi curada de uma enfermidade incurável no lábio. Um outro que tivera dor de cabeça, durante dez anos, foi curado. Um homem paralítico que estava moribundo, e não podia mais falar, foi curado e veio depois para nossos cultos. Uma criança que estava moribunda com febre, foi curada. Um homem de idade, que sofrera com hérnia por nove anos, foi curado. Um outro homem, que havia estado enfermo muitos meses com febre e tinha todo o seu corpo inchado, foi tanto curado, como batizado com o Espírito Santo, além de ter recebido o dom de profecia. Um homem que viu seu filho morrer, tomou-o nos braços e começou a invocar o nome do Senhor. Imediatamente a criança voltou à vida. A esposa, quando viu o que aconteceu, se entregou ao Senhor.


Daniel Berg também foi usado por Deus em muitos milagres. Em um dos muitos que dirigiu, ele conta que muitas pessoas doentes vieram pedir-lhe oração para que o Senhor as curasse. Um irmão testemunhou que tinha sido mordido por uma cobra. A carne ressecada pelo veneno cresceu novamente até desaparecer completamente a ferida. Este testemunho se tornou conhecido na região e através dele muitas pessoas vieram buscar ajuda de Deus. 

REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

GUSSO, Profª. Drª. Sandra de Fátima Krüger. O Início do Protestantismo Histórico no Brasil Luta por Direitos, Evangelismo e Educação. Revista Via Teológica. Faculdade Batista do Paraná. 

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pág. 9-10.

GIAMARCO, Josué; e FONSECA, Alberto Alves da. Congregação Cristã no Brasil. Seita ou movimento contraditório?. Revista Defesa da Fé, Edição 07. Instituto Cristão de Pesquisas.

BERG, David. Daniel Berg, Enviado por Deus: A história de Daniel Berg, um simples aldeão que ajudou a deflagrar o maior movimento pentecostal da história da Igreja, as Assembleias de Deus no Brasil. Editora CPAD. 1 Ed 1995.

VINGREN, Ivar. O Diário do Pioneiro: Gunnar Vingren. Editora CPAD. 5ª Ed 2000. pág. 28-29.

22 fevereiro 2023

O MOVIMENTO DE ATOS SE REPETE NO BRASIL


(Comentário do 1º tópico da Lição 09: O avivamento pentecostal no Brasil).

Ev. WELIANO PIRES

Este primeiro tópico fala do aspecto teológico do Pentecostalismo no Brasil, mostrando  que o movimento de Atos dos apóstolos se repetiu no Brasil. Com base no episódio relatado no capítulo 19 de Atos, veremos que o batismo no Espírito Santo tem como evidência o falar em outras línguas, é uma experiência que ocorre depois da Salvação e que é diferente dela. Por último falaremos a respeito da chamada divina de Daniel Berg e Gunnar Vingren para a missão no Brasil. 

1- Pentecostes entre os salvos. A mensagem pregada por João Batista se espalhou por vários lugares, pois ele também tinha discípulos. João era precursor do Messias e foi enviado por Deus para preparar o caminho para a chegada do Salvador do mundo, que é Jesus Cristo. Aqueles que creram na sua mensagem, no entanto, pouco sabiam sobre a fé cristã e, muito menos, sobre a Pessoa e obra do Espírito Santo. Basta ver na resposta destes discípulos de Éfeso, que eram batizados no batismo de João e sequer tinham ouvido falar da existência do Espírito Santo. Outro discípulo com esta característica era Apolo, um judeu de Alexandria, que era um eloquente pregador, poderoso nas Escrituras, conhecendo apenas o batismo de João. Este foi discipulado pelo casal Priscila e Áquila e, posteriormente, se tornou um grande missionário. 

No episódio relatado no capítulo 19 de Atos, podemos ver que o batismo no Espírito Santo tem como evidência o falar em outras línguas, pois tanto em Atos 19, como em Atos 8 e Atos 10, as pessoas que foram batizadas no Espírito Santo falaram em línguas e, por isso, os apóstolos concluíram que foram batizadas. Podemos notar também que, o batismo no Espírito Santo é uma experiência que ocorre depois da Salvação e é que é diferente dela. Paulo perguntou aos discípulos de Éfeso se eles haviam recebido o batismo no Espírito Santo quando creram. Da mesma forma, os discípulos no dia de Pentecostes já eram salvos por Jesus quando foram batizados no Espírito Santo.

2- A plenitude do Espírito Santo. Muitos crentes fazem confusão em relação à ação do Espírito Santo na vida do crente. Conforme o comentarista colocou neste subtópico, encontramos no Livro de Atos dos Apóstolos duas experiências distintas, em relação ao Espírito Santo. A primeira delas é a experiência de Salvação e a segunda é o batismo no Espírito Santo. Estas experiências ficam evidentes no capítulo 19 do Livro de Atos. Aqueles 12 discípulos de Éfeso já eram salvos, pois Paulo perguntou se eles receberam o Espírito Santo quando creram. Entretanto, eles ainda não haviam recebido o Espírito Santo, no sentido de serem batizados no Espírito Santo. Evidentemente, eles já haviam recebido o Espírito Santo, na conversão como penhor. Neste sentido, todos os que crêem, tem o Espírito Santo. 

O Espírito Santo convence o pecador dos seus pecados e da necessidade de arrependimento. Sem isso, ninguém vem a Cristo. Se o pecador crer na mensagem do Espírito e decidir aceitá-lo como Senhor e Salvador, ele é justificado por Deus, ou seja os seus pecados são cancelados ele passa a ser um filho de Deus por adoção. A partir daí, o Espírito Santo passa a morar dentro dele e opera uma profunda transformação em sua natureza, chamada de Novo nascimento ou regeneração. Paralelo a isso e, conforme a entrega do crente ao Espírito Santo, Ele opera outro aspecto da salvação chamado de santificação. 

O batismo no Espírito Santo não é parte da salvação, ou a própria salvação como muitos pensam. É um revestimento de poder para os que já são salvos, para pregarem o Evangelho com ousadia e poder. Só pode receber o batismo no Espírito Santo quem já foi salvo por Cristo. Entretanto, se alguém não foi batizado no Espírito Santo não deixa de ser salvo.

3- Chamados por Deus. Em 25 de março de 1902, o jovem sueco Gustaf Daniel Högberg, conhecido como Daniel Berg, que pertencia à Igreja Batista da Suécia, veio a Boston, nos Estados Unidos, aos 18 anos, em busca de trabalho. Sete anos depois, retornou à Suécia e conheceu a doutrina pentecostal, através do pastor Lewi Pethrus, seu amigo de infância. Em 1909, retornou aos Estados Unidos e em Chicago, no dia 15 de setembro de 1909 foi batizado no Espírito Santo. 

Outro jovem sueco, Adolph Gunnar Vingren, foi a Kansas City, nos Estados Unidos em 19 de novembro de 1903. Gunnar Vingren também era da da Igreja Batista e havia atuado como evangelista na Suécia. Em novembro de 1909, numa conferência pentecostal em Chicago, ele foi batizado com o Espírito Santo.

Gunnar Vingren e Daniel Berg não se conheciam na Suécia. Eles se conheceram em 1909, em Chicago e lá descobriram que tinham uma chamada missionária, através de Adolf Uldin, um membro da Igreja Batista sueca, em South Bend, que Vingren pastoreou. Uldin profetizou que eles iriam a um lugar chamado “Pará”. Eles não sabiam onde ficava este lugar e pensavam que fosse um país. Depois descobriram no mapa da biblioteca pública, que tratava-se de um Estado do Norte do Brasil.

Deus também também que Gunnar Vingren iria casar-se com uma jovem chamada Strandberg. Anos depois, ele conheceu a jovem missionária sueca chamada Frida Strandberg e se casaram. Após o casamento ela ficou conhecida como Frida Vingren e foi muito importante na história da Assembleia de Deus no Brasil, ao lado do esposo. Passou por tribulações terríveis e, nestes momentos, compôs belíssimos hinos da nossa Harpa Cristã. 

Quando os dois jovens comunicaram à Igreja que foram orientados por Deus para vir ao Pará, a Igreja informou-lhes que não teria condições de enviá-los. Daniel Berg procurou o seu patrão e foi desestimulado a não ir ao Brasil, pois, segundo ele, poderia pregar o Evangelho lá mesmo e continuar trabalhando. O dinheiro que eles dispunham era exatamente 90 dólares, que daria para pagar a apenas as passagens de navio para o Brasil. Mas, receberam ordens de Deus para doar este valor a um jornal pentecostal. Eles obedeceram e aguardaram nova orientação de Deus. Depois, passando por Nova Iorque, os irmãos recolheram uma oferta, que era uma suficiente para eles chegarem ao Brasil. 

REFERÊNCIAS:

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 712, 739.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Atos. pág. 126-127.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: ATOS A APOCALIPSE. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 207-208.

BERG, David. Daniel Berg, Enviado por Deus: A história de Daniel Berg, um simples aldeão que ajudou a deflagrar o maior movimento pentecostal da história da Igreja, as Assembleias de Deus no Brasil. Editora CPAD. 1 Ed 1995.

VINGREN, Ivar. O Diário do Pioneiro: Gunnar Vingren. Editora CPAD. 5ª Ed 2000. pág. 28-29.



21 fevereiro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 09 – O AVIVAMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL


Ev. WELIANO PIRES

Na Lição passada estudamos os avivamentos nos séculos XVIII, XIX e início do século XX. O comentarista usou as figuras dos ossos secos e das águas vindas do templo, descritos nas profecias de Ezequiel e aplicou-as, em forma de comparação, ao avivamento do Espírito Santo na Igreja. Falamos sobre os avivamentos ocorridos na Inglaterra, com John Wesley, Charles Wesley e George Whitefield; na Alemanha com o Conde Zinzendorf, líder dos Morávios; e no País de Gales, com Evans Roberts. Por último, falamos dos avivamentos ocorridos nos Estados Unidos, das raízes do Movimento Pentecostal e das mudanças e impactos desses avivamentos na história.

A lição desta semana é uma continuidade da lição anterior e trata do avivamento em nosso país, que é uma expansão do chamado Movimento Pentecostal que aconteceu nos Estados Unidos, no início do Século XX. Este avivamento ocorreu nos Estados Unidos, a partir de 1900, com Charles Fox Parham e continuou em Los Angeles com William Joseph Seymour, espalhou-se por todo o país e por outros países.

Muitos crentes estrangeiros que vieram aos Estados Unidos em busca de trabalho, tiveram contato com o Movimento Pentecostal. Muitos obreiros também, impactados pelo mover do Espírito, despertaram para a obra missionária em outros países, levando a doutrina pentecostal.

Neste contexto, dois jovens suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, creram na doutrina pentecostal e foram batizados no Espírito Santo. Pouco tempo receberam revelação de Deus de que deveriam ir a um lugar muito difícil, chamado Pará, para realizar uma grande obra. Eles nunca tinham ouvido falar neste local. Procuraram em uma biblioteca pública e descobriram que havia um estado do Brasil chamado Pará. Decidiram vir ao Brasil, sem ter recursos, sem conhecer o país, nem o seu idioma. Em novembro de 1910, os dois desembarcaram em Belém/PA.

Como eram vinculados à Igreja Batista nos Estados Unidos, os dois missionários suecos procuram a Igreja Batista de Belém para congregar lá. A partir daí, eles passaram a morar nas dependências da Igreja, em um porão úmido, cheio de mosquitos e com muitas dificuldades. Como não conheciam o idioma, Gunnar Vingren foi estudar a língua portuguesa durante o dia e transmitia o que havia aprendido a Daniel Berg, quando chegava em casa.

No primeiro tópico veremos o aspecto teológico do Pentecostalismo no Brasil, mostrando que o movimento de Atos dos apóstolos se repetiu no Brasil. Com base no episódio relatado no capítulo 19 de Atos, veremos que o batismo no Espírito Santo tem como evidência o falar em outras línguas, é uma experiência que ocorre depois da Salvação e é que é diferente dela. Por último falaremos a respeito da chamada divina de Daniel Berg e Gunnar Vingren para a missão no Brasil.

No segundo tópico estudaremos o nascimento do Momento Pentecostal no Brasil. A doutrina pentecostal, que os missionários suecos pregavam incomodou os batistas tradicionais. Em uma reunião, a direção da Igreja decidiu expulsar os dois missionários e 19 irmãos que concordaram com a doutrina que eles pregavam. Após esta expulsão, Daniel Berg, Gunnar Vingren e os outros 19 irmãos que foram expulsos com eles, passaram a se reunir na casa da irmã Celina de Albuquerque, a primeira brasileira a receber batismo no Espírito Santo. Deus abençoou e várias pessoas se converteram, muitos foram curados e outros batizados no Espírito. Este novo trabalho adotou o nome de Missão da Fé Apostólica, que em 1918, passou a se chamar Assembléia de Deus.

No terceiro e último tópico, falaremos da expansão do avivamento pentecostal. O modelo de crescimento da Assembléia de Deus no Brasil foi centrífugo, ou seja, de dentro para fora. Cada novo crente, começava a realizar cultos em sua casa e conforme acontecia as conversões, buscavam um lugar maior, até finalmente construir um templo. Este movimento alcançou um crescimento acentuado, não buscando membros de outras Igrejas, mas, buscando os perdidos pelas ruas, através da evangelização, no poder do Espírito Santo.

REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pág. 9-10.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 712.
BERG, David. Daniel Berg, Enviado por Deus: A história de Daniel Berg, um simples aldeão que ajudou a deflagrar o maior movimento pentecostal da história da Igreja, as Assembleias de Deus no Brasil. Editora CPAD. 1 Ed 1995.
VINGREN, Ivar. O Diário do Pioneiro: Gunnar Vingren. Editora CPAD. 5ª Ed 2000. pág. 28-29.

18 fevereiro 2023

OS AVIVAMENTOS MUDAM A HISTÓRIA


(Comentário do 3º tópico da Lição 08: O avivamento espiritual no mundo).

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro e último tópico, falaremos das mudanças que os avivamentos provocaram na história, não apenas na Igreja, mas na sociedade e nos governos. Os avivamentos tiveram grandes impactos no mundo, na cultura, na política e na economia dos países onde eles aconteceram. Infelizmente, as gerações posteriores  aos avivamentos não os conservaram e os resultados foram trágicos. Muitos se entregaram à teologia liberal, ao secularismo e ao pecado. Mas Deus não mudou e jamais mudará. Ele deseja avivar a Sua Igreja também no Século XXI. Se o buscarmos de todo o nosso coração, teremos também um avivamento genuíno em nossos dias. 

1. Impactos no mundo. Infelizmente, muitas pessoas confundem avivamento com emocionalismo ou com manifestações espirituais ocorridas em um culto. Se em um culto as pessoas falam línguas estranhas, profetizam e se alegram, dizem que o culto foi avivado. Caso não aconteça isso, mesmo havendo oração e exposição da Palavra de Deus, dizem que o culto foi frio. Entretanto, conforme já vimos até aqui neste trimestre, o avivamento não se restringe ao que acontece em um culto, ou manifestações de dons espirituais, embora isso esteja relacionado ao avivamento. O avivamento da Igreja Primitiva não foi apenas o que aconteceu no Dia de Pentecostes, mas o que o veio depois. 

Para sabermos se um avivamento é genuíno, precisamos avaliar os resultados e impactos causados na Igreja, na sociedade, na política, na educação, na cultura, na economia, etc. Não é possível acontecer um avivamento espírito em um país e as famílias continuarem despedaçadas, os índices de violência continuarem crescendo, a corrupção continuar em todos os setores e o pecado continuar dentro da Igreja nos mesmos níveis do mundo. Isso nunca foi avivamento, mesmo que haja barulho, emocionalismo e alardes de que aconteceu avivamento.

Os avivamentos que aconteceram na história da Igreja, como vimos no tópico anterior, provocaram grandes impactos, primeiro no relacionamento com Deus, por parte das pessoas que os experimentaram. Depois nas Igrejas, onde eles congregavam. Inicialmente, muitos foram expulsos das Igrejas tradicionais, onde congregavam. Mas abriram novos trabalhos e Deus operou salvação de almas, renovo espiritual, curas divinas, batismo no Espírito Santo e despertamento missionário. Os impactos foram notados também nas relações sociais. Charles Finney, por exemplo, foi um crítico ferrenho da escravidão e se recusar a servir a Ceia do Senhor a crentes que fossem donos de escravos. Nos países onde aconteceram os avivamentos, bares e boates fecharam, os índices de violência despencaram e aconteceram mudanças benéficas na política e nos governos. Se o número de cristãos verdadeiros aumenta, o reflexo disso precisa ser notado na sociedade, pois um cristão avivado é sal da terra e luz do mundo. 

2. A geração depois dos avivamentos. Se por um lado, é fato que os avivamentos genuínos produziram inúmeros efeitos positivos, transformando indivíduos, igrejas, famílias e a sociedade em geral, por outro lado, podemos constatar que esses avivamentos não duraram muito tempo. Nos países onde viveram John Wesley, Charles Wesley, George Whitefield, Evan Roberts, Conde Zinzendorf, Jonathan Edwards, Charles Finney, Charles Parham e William Seymour, as Igrejas se entregaram à teologia liberal, à mornidão espiritual e ao relativismo moral.  

O que faz com que um avivamento genuíno não perdure? Evidentemente, é porque os sucessores daqueles que foram avivados não continuaram com as suas práticas. Pelo menos três coisas são fundamentais para se manter o avivamento: oração constante, ensino bíblico ortodoxo e vida santa. Se qualquer um destes três for flexibilizado ou abandonado, a Igreja começa esfriar, relativiza os princípios bíblicos e pode até cair na apostasia. 

Se o crente descuidar da oração, inevitavelmente a sua comunhão com Deus diminui e o fervor espiritual também. Se descuida do estudo e meditação na Palavra de Deus, relativiza os seus valores e entrega-se ao erro. Quando se descuida da vigilância e começa a ceder ao pecado, entristece o Espírito de Deus, que, por sua vez, se afasta. O resultado é o esfriamento na fé e, finalmente, o desvio. Que Deus nos guarde disso e mande sobre o Brasil um poderoso avivamento! 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BOYER, Orlando. Heróis da Fé: Vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.


17 fevereiro 2023

OS GRANDES AVIVAMENTOS NO MUNDO

(Comentário da Lição 08: O avivamento espiritual no mundo). 

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos sobre os grandes avivamentos no mundo nos séculos XVIII, XIX e início do século XX. Evidentemente, aconteceram muitos outros avivamentos, ao longo da história da Igreja cristã, mas não seria possível estudar sobre todos eles em uma única lição. Por isso, neste tópico o comentarista manteve o foco nos avivamentos ocorridos no período da Igreja moderna, na Europa e nos Estados Unidos. Veremos primeiramente os avivamentos ocorridos na Alemanha, Inglaterra e País de Gales. Depois, falaremos sobre o avivamento nos Estados Unidos e sobre as raízes do Movimento Pentecostal.

1. Na Europa. A Igreja Cristã foi duramente perseguida nos três primeiros séculos da sua existência. Primeiro, os judeus perseguiram os apóstolos, tentando parar aquele movimento que eles chamavam de “o caminho” e “seita dos nazarenos”. O primeiro mártir dessa perseguição, como vimos na lição passada foi o diácono Estêvão (At 7.53-60). 

A partir da morte de Estêvão, um fariseu chamado Saulo de Tarso, passou a ser um perseguidor implacável dos cristãos, arrastando homens e mulheres pelas ruas e os conduzindo às prisões, com amplo apoio das autoridades religiosas judaicas. Depois, o próprio Saulo se converteu e se tornou alvo principal da perseguição dos judeus (At 9). Até então, não havia perseguição dos romanos aos cristãos, pois o império enxergava o Cristianismo apenas como uma das seitas judaicas e não uma ameaça ao Império Romano. A execução do apóstolo Tiago, filho de Zebedeu e a prisão de Pedro, descritas no capítulo 12 de Atos dos apóstolos foi uma atitude isolada do governador Herodes Agripa I, em busca de popularidade para com os Judeus. 

Somente a partir do governo de Nero, que incendiou Roma em 64 d.C., e colocou a culpa nos cristãos, é que teve início a perseguição oficial de Roma aos cristãos e tentativas brutais de exterminá-los. Neste governo, muitos cristãos foram torturados e mortos. Foi neste período que os apóstolos Pedro e Paulo foram executados. Após a morte de Nero, na prática a perseguição diminuiu, mas no governo de Domiciano, ela voltou e foi extremamente cruel. Após a morte de Domiciano, novamente diminuiu, mas perdurou até o ano 313 d.C., quando o imperador Constantino decretou o fim da perseguição e tornou o Cristianismo a religião oficial do império. 

A perseguição nunca deteve o avanço da Igreja. Ao contrário, a Igreja se multiplicava e não perdia o seu fervor espiritual e ortodoxia doutrinária. Entretanto, com o fim da perseguição e até benefícios aos cristãos, muitos pagãos ingressaram no Cristianismo sem a conversão genuína, a fim de obter vantagens. Essas pessoas trouxeram para o seio da Igreja doutrinas e práticas antibíblicas.  

No século XVI, a Reforma Protestante foi um marco na história da Igreja, trazendo a Igreja de volta às Escrituras, após séculos mergulhada no paganismo. Claro que sempre houve os remanescentes de Deus em todas as épocas, com pessoas tementes a Deus e que não se afastaram da verdade. 

Com o advento do Iluminismo, muitas Igrejas se entregaram ao secularismo, à teologia liberal e ao formalismo. Nesse clima de frieza espiritual, formalismo e letargia das Igrejas, Deus levantou alguns avivalistas que não se conformavam com aquela situação caótica e resolveram buscar a Deus em oração. 

a) Na Inglaterra. John Wesley, fundador do Movimento Metodista, que viveu de 1703 a 1791, foi ordenado ao ministério na Igreja Anglicana, em 1728. Ele ganhou notoriedade por sua vida piedosa e seu método de estudar as Escrituras, por isso, o nome "Metodista". Inicialmente, ele desejava apenas reformar a Igreja Anglicana, assim como fizera Lutero, na Alemanha, mas teve que se desligar. Junto com o seu irmão Charles Wesley e George Whitefield, entre 1714 e 1770 o clima espiritual de muitas igrejas passou por uma mudança real em busca do avivamento espiritual. 

Inconformados com o estilo de vida da Igreja inglesa daqueles dias, os irmãos Wesley passaram a pregar o retorno à vida piedosa e avivada do Novo Testamento, reunindo jovens na faculdade, em um grupo chamado “Clube Santo”. John Wesley chegava a percorrer 90 quilômetros a cavalo para levar a mensagem de Cristo. Viajou por vários países pregando o Evangelho, falando de santidade, relações familiares e contra os vícios e a libertinagem. Às cinco  horas da manhã, Wesley pregava aos trabalhadores que estavam a caminho das fábricas. Orlando Boyer, no Livro Heróis da Fé, diz o seguinte sobre John Wesley: 

“Um pastor prega, em média, cem vezes por ano, mas João Wesley pregou cerca de 780 vezes por ano, durante 54 anos. Esse homenzinho, com a altura de apenas um metro e sessenta e seis centímetros e pesando menos de sessenta quilos, dirigia-se a grandes multidões e sob as maiores provações. Quando as igrejas lhe fecharam as portas, levantou-se para pregar ao ar livre.”

George Whitefield, amigo dos irmãos Wesley, também foi um pregador cheio do Espírito Santo. Whitefield nasceu em 27 de dezembro de 1714, em Gloucester, Gloucestershire, Inglaterra. A estalagem do seu pai, onde ele foi criado, ficava em um bairro violento e ele perdeu o seu pai muito cedo. Por isso, teve que trabalhar muito novo no comércio da família. Whitefield converteu-se ao Evangelho em 1735, aos 21 anos, e começou a pregar ao ar livre aos 25, pois enfrentava oposição da Igreja Anglicana. Armava o seu púlpito fora das cidades, pois não havia auditórios que comportassem a sua plateia. Depois acabou se separando dos irmãos Wesley, por causa de divergência teológica. 

No auge da sua popularidade, Whitefield decidiu ir para a Geórgia fazer missões. Fez sete viagens missionárias pelo Oceano Atlântico e depois retornou para a Inglaterra, de onde usou o seu prestígio e arrecadou fundos para construir um abrigo para órfãos na missão da Geórgia. Aos 55 anos, ignorando os riscos à saúde, continuava pregando e dizendo: “Prefiro me desgastar do que enferrujar”. 

b) Na Alemanha. Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf, conhecido como “Conde Zinzendorf", nasceu em Dresden, na Saxônia, no dia 26 de maio de 1700, no seio de uma nobre família piedosa de confissão luterana. O seu pai era um alto oficial da Corte alemã, que faleceu logo após o seu nascimento. Entretanto, no leito de morte consagrou o filho para a Obra do Senhor. 

A sua mãe casou-se novamente e ele foi criado com a avó, a baronesa Henrietta Catarina Von Gersdorff, uma mulher piedosa que lhe proporcionou uma fé viva no Senhor. Desde a infância, ele demonstrou interesse pelas coisas de Deus e começou a buscar a Deus aos 4 anos de idade. Aos 10 anos foi matriculado na Escola Pietista, em Halle. O Movimento Pietista foi criado em 1666, por Philip Spener, para reuniões de oração e estudo bíblico. Zinzendorf foi muito influenciado por este movimento. Nessa escola, ele tornou-se líder dos colegas e criou a ordem chamada “O Grão de Mostarda” com o objetivo de evangelizar o mundo.

O Conde Zinzendorf foi um homem levantado por Deus para dar refúgio a milhares de perseguidos religiosos na Europa. Ele amava a obra missionária e enviou mais de 200 missionários espalhados por todos os continentes. Usou também a sua herança para criar uma comunidade denominada Herrnhut que significa "Abrigo do Senhor", para dar abrigo aos cristãos perseguidos da Morávia, dos quais ele se tornou líder espiritual. Em um culto, em que era realizada a Ceia do Senhor, o Espírito Santo desceu sobre este grupo e levou-os ao quebrantamento de coração. A partir deste culto, o grupo formou a maior reunião de oração ininterrupta de todos os tempos, que durou mais de 100 anos. 

Até então, os cristãos daquela época pensavam que era responsabilidade do governo, alcançar os povos para o Evangelho, através de colonizações e dominações. Os morávios foram os primeiros cristãos dessa época a mudar este conceito, adotando a ideia de que a evangelização dos perdidos é dever de toda a igreja, não apenas de algumas pessoas. 

c) No País de Gales. No ano de 1891, no País de Gales, um jovem de 13 anos, chamado Evan Roberts, sentindo a necessidade de um avivamento pessoal e também em seu país, começou a buscar a Deus, para que o enchesse do Espírito Santo e mandasse um avivamento ao País de Gales. Este país é um principado da Grã Bretanha, menor que o estado de Sergipe. Quando o jovem tinha acabado de começar o seminário, teve uma visão, na qual o Senhor o orientou a voltar para a sua pequena cidade natal e pregar aos jovens da sua Igreja. 

Evans retornou, reuniu os jovens e contou-lhes a visão que Deus lhe dera. Nesta visão, o Senhor lhe mostrou que queria enviar um avivamento sobre o seu país, mas se fazia necessário as pessoas abandonarem o pecado, confessando-os publicamente. Após contar a visão, os jovens foram impactados e o conteúdo desta visão se espalhou pela cidade, por todo o país e chegou a vários países do mundo. Ele ensinou que o povo orasse uma oração simples: “Envia o Espírito Santo agora, em nome de Jesus Cristo”. Enfatizou também quatro pontos fundamentais, como condições para o avivamento:

  • Confissão aberta de qualquer pecado não confessado;

  • Abandono de qualquer ato duvidoso;

  • Necessidade de obedecer prontamente tudo que o Espírito Santo ordenasse;

  • Confissão de Cristo abertamente. 

Deus mandou um poderoso avivamento naquele país, nos anos de 1904 e 1905. Os efeitos deste avivamento foram muito além dos cultos e reuniões de oração. Bares e cinemas fecharam, e as livrarias evangélicas venderam todos os seus estoques de Bíblias. Este avivamento tornou-se manchete nos principais jornais do país e se espalhou por outros países. 

2. Nos Estados Unidos. No século XVIII, quando aconteceram os avivamentos na Europa que vimos acima, os Estados Unidos ainda não eram uma nação. Eram treze colônias inglesas, cuja  independência foi declarada no dia 4 de julho de 1776. Este acontecimento ficou conhecido como Revolução Americana. Esses avivamentos ocorridos na Europa também repercutiram nas colônias inglesas da América, pois, aqueles evangelistas dos avivamentos também pregavam nas colônias. 

No início do século XVIII, nas colônias inglesas havia um grande declínio espiritual e moral. Somente uma pequena parcela da população frequentava as Igrejas. Neste período, Deus levantou um jovem pastor chamado Jonathan Edwards, que aos 13 anos já dominava o hebraico, o grego e o latim. Aos 17 anos, Edwards foi ordenado pastor em uma Igreja Congregacional em Northampton, na colônia de Massachusetts. O seu sermão mais famoso foi "Pecadores nas mãos de um Deus irado". Quando ele terminou de pregar este sermão, depois de cerca de duas horas pregando, as pessoas batiam nos bancos tentando escapar da ira de Deus. Este é considerado o primeiro grande avivamento dos Estados Unidos. 

Vários movimentos de busca pela santidade e retorno à Palavra de Deus aconteceram nos Estados Unidos no final do século XVIII, no século XIX e início do século XX. Um desses movimentos foi o chamado Movimento de Vida Profunda, ou Movimento de Vida Superior, que pregava uma vida plena na presença de Deus e contra a mornidão espiritual. Um dos principais líderes deste movimento foi Charles Grandison Finney, que nasceu no ano de 1792, na cidade norte-americana de Connecticut, na Nova Inglaterra. 

Charles Finney foi educado numa família tradicionalmente puritana. Os seus pais mudaram-se para Nova Iorque, quando ele tinha apenas 2 anos. Aos 20 anos, Finney retornou para sua terra natal, a fim de cursar a Escola Superior. Finney narra a sua própria experiência de salvação: “Num sábado à noite, no outono de 1821, tomei a firme resolução de resolver de vez a questão da salvação de minha alma e ter paz com Deus”. Finney não se conformava com a frieza e apatia espiritual e queria mais de Cristo. Tinha uma fome insaciável pelo Senhor. Passou a buscar Deus incessantemente e foi batizado no Espírito Santo. A partir daí, tornou-se um dos maiores teólogos e pregadores dos Estados Unidos. Segundo o missionário Orlando Boyer, no Livro Heróis da Fé, "calcula-se que, durante os anos de 1857 e 1858, mais de 100 mil pessoas foram ganhas para Cristo pela obra direta e indireta de Finney”. Este é considerado o segundo grande avivamento dos Estados Unidos. 

3. Raízes do avivamento pentecostal. A partir do ano 1900, teve início o terceiro grande avivamento americano, que hoje é conhecido mundialmente como Movimento Pentecostal. Evidentemente, os cessacionistas sequer mencionam este avivamento em seus estudos teológicos. Mas o fato é que este movimento que nasceu no início do Século XX, nos Estados Unidos, e se espalhou por todo o mundo, inclusive pelo Brasil, como veremos na próxima lição. 

No ano de 1900, um obreiro leigo chamado Charles Fox Parham, informado com a frieza espiritual da sua época, criou um movimento denominado "Movimento da Fé Apostólica", com o objetivo de voltar aos princípios da Igreja Primitiva. Parham criou também  o Instituto Bíblico Bethel College na cidade de Topeka, no Kansas, EUA, para preparar obreiros leigos para evangelização. 

Os alunos deste Instituto bíblico estavam estudando Atos 2 e uma das alunas, a senhora Agnes Ozman, natural de Albany, Wisconsin, sentiu a necessidade de buscar mais profundamente a Deus. Ela estava em oração com outras pessoas, na passagem do ano 1900 e sentiu que falou três palavras em outro idioma que ela desconhecia. Mas resolveu guardar para si e aguardar a confirmação de Deus. Depois ela chamou o pastor Parham e pediu que ele impusesse as mãos sobre ela para que recebesse o batismo no Espírito Santo, como Paulo havia feito em Éfeso. Ele assim o fez e ela falou em línguas. Parham continuou pregando o Evangelho com todo fervor espiritual e busca pelo poder de Deus. Na cidade de Galena, após a cura da senhora Mary Arthur, Parham pregou vários meses e muitas pessoas se converteram a Cristo ali.

Um pastor negro, filho escravos, chamado William Joseph Seymour, que pertencia a um grupo de santidade, também foi atraído pelo Movimento da Fé Apostólica e foi batizado no Espírito Santo no instituto bíblico fundado por Parham. Depois, no ano de 1906, o pastor Seymour, mudou-se para a Califórnia e começou a pregar a atualidade dos dons espirituais. Por causa desta mensagem, ele foi expulso da Igreja a que ele pertencia. Ele começou a reunir-se em sua casa, para orar e pregar a mensagem pentecostal. A casa, evidentemente, ficou pequena para receber tanta gente e o pastor Seymour descobriu um salão retangular abandonado, na Rua Azusa, em Los Angeles, na Califórnia, que havia pertencido a uma Igreja Metodista. Passou a se reunir neste local e ali fundou a The Apostolic Faith Gospel Mission (Missão Evangélica da Fé Apostólica).

William Seymour não era um pregador eloquente e de muito conhecimento. Pregava com simplicidade, mas era cheio do poder do Espírito Santo. Nos cultos realizados neste novo salão, as pessoas eram curadas e batizadas no Espírito Santo. Caiam no chão, sem ninguém tocar nelas. Pessoas de várias denominações vinham ao local conhecer este movimento, que causou grande impacto na região. O Jornal Los Angeles Times fez uma longa reportagem com o título “Estranha Babel de Línguas”, descrevendo o que aconteceu ali. Houve também muitas críticas e zombarias, por parte das Igrejas tradicionais. Mas, este movimento se espalhou pelos Estados Unidos e despertou a chama missionária. Dois jovens suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, que viviam nos Estados Unidos nessa época, também creram na doutrina pentecostal e, movidos por esta chama do Espírito, vieram ao Brasil pregar o Evangelho em 1910. Por causa desta doutrina, eles foram expulsos da Igreja Batista e fundaram a Missão da Fé Apostólica, em 18 de Junho de 1911. Em 1918, esta denominação passou a se chamar Assembleia de Deus.


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BOYER, Orlando S. Heróis da Fé: Vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo. Editora CPAD. 15ª edição: 1999.

O diário de John Wesley. Editora Angular. Ed. 2017.

ATAÍDES, Florencio Moreira de. História das Missões Moravianas. Arapongas: Aleluia, 2007.

FINNEY, Charles. Teologia Sistemática. Editora CPAD. 3 Ed. 2004.

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