17 outubro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 04: QUANDO A GLÓRIA DE DEUS SE VAI


Na lição passada falamos sobre as abominações do templo, com a idolatria e rituais pagãos, dentro do templo. Na lição desta semana falaremos sobre a consequência destas práticas. A Glória de Deus deixou o templo. 


Essa retirada da Glória de Deus aconteceu de forma progressiva. Primeiro, a glória se levantou do querubim sobre a arca da aliança (9.3), passando para a entrada do templo (10.4). Na sequência, pairou sobre os querubins e, aos poucos, afastou-se completamente do templo (10.18). Finalmente, a glória de Deus parou no monte das Oliveiras (11.23). O texto base para esta lição são os capítulos 9 a 11 de Ezequiel. 


A lição está dividida em quatro tópicos: 


O primeiro tópico fala sobre a Glória de Deus, trazendo o significado etimológico da palavra glória em hebraico. Fala também sobre as manifestações da Glória de Deus quando Moisés construiu o tabernáculo. Depois, nas jornadas de Israel pelo deserto. Por último, nos dias de Salomão, na dedicação do templo. 


O segundo tópico mostra a retirada da Glória de Deus do santuário. Esta retirada se deu gradualmente. Primeiro, a glória se levantou do querubim sobre a Arca da Aliança. Depois, passou para a entrada do Templo; pairou sobre os querubins e foi se afastando do templo; finalmente parou sobre o Monte das Oliveiras.


O terceiro tópico fala a respeito do segundo templo. Este segundo templo era o templo de Zorobabel, que foi inaugurado no sexto ano de Dario, ou seja, em 516 a.C. Posteriormente, este templo foi completamente reformado por Herodes, o grande. O tempo total da reforma durou 46 anos. 


O quarto tópico nos fala sobre o Senhor Jesus e o templo. O profeta Ageu profetizou que a Glória deste segundo templo seria maior que a do primeiro, que era o suntuoso templo de Salomão. Foi neste segundo templo que o Filho de Deus foi apresentado e depois expôs as Escrituras. Este tópico nos dá a explicação teológica, que é o fato de Jesus ser o substituto do templo. Por último vemos o anúncio por Jesus da destruição do templo, que ocorreu no ano 70 d.C.


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. págs. 49-50.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 414.

CLARKE, Adam. Comentário Bíblico de Adam Clarke. Pentateuco. pags. 327-328.

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Ev. Weliano Pires

SOBRE AS ABOMINAÇÕES (PARTE 2)


Comentário do 3º tópico da Lição 3: As abominações do templo).


O terceiro e último tópico traz a segunda parte das abominações do templo. Ezequiel viu as pessoas praticando um ritual a uma divindade babilônica chamada Tamuz, considerado o deus da vegetação e dos rebanhos. Depois viu 25 homens de costas para o templo, virados para o Oriente, adorando o sol, numa total afronta ao Deus de Israel.


1- O ritual de Tamuz (v.14). A terceira cena de abominações vistas por Ezequiel foi um grupo de carpideiras chorando no templo por uma divindade babilônica chamada Tamuz. Trata-se de uma divindade de origem suméria, que era considerado o marido da deusa Istar. Também era conhecido como Adônis pelos gregos e de Osíris pelos egípcios. Na Suméria, Tamuz era considerado o deus da vegetação e dos rebanhos. Os babilônios dedicavam o mês de junho-julho em homenagem a este deus e faziam-lhe um festival de seis dias, com choros e lamentos pelo seu funeral. 


As crenças nesta divindade eram cheias de lendas. Inicialmente, os Sumérios diziam que Tamuz era irmão de Istá, deusa fertilidade. Ela o teria atraído para uma relação incestuosa e depois o traiu. A maioria dos cultos aos deuses pagãos dos arredores de Israel eram fundamentados em crenças e práticas que envolviam a perversão sexual e até sacrifícios infantis, como no caso do deus Moloque.


Os seus adeptos também acreditavam que Tamuz permanecia morto por seis meses durante o período de seca. Depois ressuscitava e ficava vivo por seis meses e, então, vinham as chuvas. Os carpideiras, que eram choradeiras profissionais, pranteavam para que ele ressuscitasse e, consequentemente, viessem as chuvas. O povo judeu, pelo visto tinha sido muito influenciado por esse ritual, pois, o sexto mês do calendário judaico, que corresponde a junho/julho, leva o nome de Tamuz. 


2- Os adoradores do sol (v.16). Na continuidade da visão, Ezequiel viu 25 homens de costas para o templo, adorando o sol. Era o cúmulo da afronta ao Criador, dar as costas ao que Ele escolheu para manifestar a sua glória e adorar à criação! Em Ezequiel 9.6, o profeta chama estes homens de “presbíteros”. Provavelmente eram sacerdotes ou líderes de clãs familiares, como vimos anteriormente. Isto nos mostra o quanto estavam corrompidas as lideranças de Judá. Aqueles que deveriam conduzir o povo à adoração ao Deus verdadeiro e ensinar-lhe a Lei do Senhor, punham-se a adorar o sol, virando as costas para Deus. 

“Quando a liderança da igreja se torna corrupta, não há limite ao caos que é semeado na vida da nação.” (John B. Taylor).


Isso parece ser influência do Egito, pois lá esta prática. Lá havia um templo a este astro, chamado em hebraico de Beth Shemesh “Casa do Sol”. Não tem nada a ver com Bete-Semes, que era uma cidade de Judá (2 Rs 4.11). Este termo foi traduzido para o grego, na Septuaginta como “Heliópolis” que é “Cidade do Sol”. Esta cidade no tempo de Moisés era chamada de Om e o deus-sol adorado nela, é conhecido como “Rá”.


O profeta Jeremias mandou que quebrassem estas estátuas (Jr 43.13). Moisés alertou severamente o povo no deserto, para que não praticassem esse tipo de adoração, quando entrassem na terra prometida: “Que não levantes os teus olhos aos céus e vejas o sol, e a lua, e as estrelas, todo o exército dos céus; e sejas impelido a que te inclines perante eles, e sirvas àqueles que o Senhor teu Deus repartiu a todos os povos debaixo de todos os céus. Mas o Senhor vos tomou, e vos tirou da fornalha de ferro do Egito, para que lhe sejais por povo hereditário, como neste dia se vê.” (Dt 4.19,20).


3- Os anciãos na casa do profeta. Conforme já falamos anteriormente, o profeta Ezequiel vivia entre os cativos na Babilônia e, como era da família sacerdotal em Jerusalém, exercia uma liderança espiritual entre os cativos. É provável que estes anciãos que vieram à sua casa também tinham influência espiritual sobre os cativos e vieram em busca de uma orientação profética de Ezequiel. Há quem diga que eles não eram fiéis ao Senhor e estariam atrás de informações do profeta. Mas, isso é pouco provável, pois os falsos profetas não buscavam os profetas do Senhor e profetizavam eles mesmos, falsas mensagens ao povo. 


Esta visita dos anciãos ao profeta Ezequiel em sua casa no cativeiro, nos mostra-nos que mesmo no cativeiro, em tempos de angústia, eles tinham um profeta para consultar. Isso nos ensina que Deus não está confinado a lugares ou a indivíduos. Em qualquer lugar ou circunstância adversa, Ele se manifesta na vida daqueles que o buscam. Quando estavam em Jerusalém, estes anciãos desprezaram as palavras do profeta Jeremias e agora colhiam os frutos da rebeldia. Mas no meio de grande angústia, longe da sua pátria, receberam a disciplina de Deus e queriam ouvir a Palavra do Senhor. Que isso nos sirva de exemplo, para que não endureçamos o nosso coração quando o Espírito Santo usar alguém para nos repreender. 


REFERÊNCIAS: 

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 46.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pág. 318-319.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3218-3220.

TAYLOR, John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 91-92.

HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Isaías a Malaquias. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 649.


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Ev. Weliano Pires

15 outubro 2022

SOBRE AS ABOMINAÇÕES DO TEMPLO (PARTE 1)


(Comentário do 2º tópico da Liçao 3: As abominações do templo)

O comentarista da lição, Pr. Esequias Soares, dividiu a visão que Ezequiel teve das abominações do templo, em duas partes, para efeitos didáticos. Neste segundo tópico veremos os detalhes da primeira parte destas abominações. Ezequiel viu a imagem dos ciúmes, que muitos estudiosos a identificam como a deusa Aserá. Viu também vários répteis e outros animais impuros e ídolos pintados nas paredes. Por último viu os anciãos de Judá, em pé com os seus incensários diante destas abominações. 


1- A imagem de ciúmes (v.5). Quando falamos em ciúmes, logo nos vem à mente alguém que tem um sentimento possessivo em relação a outra pessoa, a qual quer a todo custo manter junto de si e desconfia loucamente de infidelidade dessa pessoa. A palavra portuguesa ciúmes tem origem na palavra latina zelumen, derivada de outra palavra latina zelus, que significa fervor, calor, ardor ou intenso desejo. O vocábulo grego ‘zelos’ tem o mesmo sentido. 


No hebraico, a palavra traduzida neste texto de Ezequiel por ciúme, é qi’nah’ que significa “zelo, ciúme ardente, ou ira”. Por amar, zelar e cuidar da pessoa amada, o cônjuge fica extremamente irado ao descobrir que a pessoa amada está oferecendo o seu amor a outra pessoa. O termo hebraico não tinha o sentido de ciúme doentio de alguém que, sem nenhum fundamento, desconfia até da sombra. 


No Antigo Testamento, Deus sempre comparou o seu relacionamento com Israel ao relacionamento conjugal. Por isso, a idolatria é chamada de adultério e prostituição no Antigo Testamento. No Livro do profeta Oséias, Deus usou a vida conjugal do profeta, ordenando que ele se casasse com uma prostituta e tivesse filhos com ela. (Os 1.2,3). Gômer, a prostituta, mesmo estando casada com o profeta, tinha os seus amantes. Nesta metáfora, Israel, representado pela protituta, deixa seu marido, que é Deus, para ficar com os seus amantes e ainda pagava para estar com eles. Imagine como o profeta se sentia diante desta situação! É assim que Deus se sente, quando alguém pratica a idolatria. 


O termo traduzido por imagem dos ciúmes em Ezequiel é semel. Significa uma “imagem ou ídolo”, também citada em outros textos como bosque ou poste-ídolo. O ímpio rei Manassés, construiu uma imagem dessa e colocou-a dentro do templo de Jerusalém. Posteriormente, o seu neto Josias, quando assumiu o trono a destruiu (2 Rs 21.3,7; 2 Rs 23.3). Muitos reis ímpios de Judá se entregaram à idolatria. Depois os seus sucessores que eram tementes a Deus, como Asa, Ezequias e Josias, fizeram reformas e derrubaram os ídolos e altares pagãos. 


Este ídolo, que havia sido colocado no templo por Manassés, foi destruído por Josias, mas tudo indica que um dos seus sucessores tenha feito outra, colocando-a ao lado da porta ao norte do templo. Muitos intérpretes da Bíblia identificam este ídolo, chamado de imagem dos ciúmes, como sendo Aserá, deusa dos cananeus, que segundo eles era a esposa de Baal. Nos dias de Acabe, a rainha Jezabel trouxe este ídolo e os seus sacerdotes e profetas para Samaria. 


2- O culto aos animais e aos répteis (v.10). Na segunda cena vista por Ezequiel nesta visão tinha as imagens de vários animais considerados imundos, ‘pintados’ na parede do templo como ídolos. A palavra traduzida por ‘pintados’ nesse texto pela Almeida Revista e Corrigida, significa na verdade “entalhado” ou “esculpido em relevo”. A Nova Almeida Atualizada usa a palavra “gravados”. Isto significa que estas imagens foram esculpidas na parede e não pintadas. Estas imagens estavam escondidas e o profeta recebeu ordem de Deus para cavar um buraco. Só assim, ele conseguiu ver as abominações escondidas. Os anciãos de Judá estavam praticando um culto pagão, de forma secreta na casa do Senhor. 


Esta visão mostra o grau de depravação espiritual e afastamento da Lei de Deus, que esse povo estava vivendo. No Livro de Levítico no Capítulo 11, o povo de Israel foi proibido de comer e até tocar nos cadáveres desse tipo de animais, pois eram considerados imundos. 


Agora, o povo havia feito pintura destes animais para adoração. A adoração aos animais é chamada de zoolatria e era uma prática comum dos egípcios, que consideravam os animais como recipientes que abrigavam o poder dos deuses. Os deuses egípcios eram representados por crocodilos, cobras, escaravelhos, bois, ovelhas e gatos. Em muitas religiões ainda hoje existe a ideia de que os animais são reencarnações dos antepassados, ou manifestações de deuses. 


3- Os setenta anciãos (v.11). Na terceira cena, o profeta Ezequiel viu setenta homens dos anciãos da casa de Israel, entre eles Jazanias, filho de Safã. Cada um tinha na mão o seu incensário; e subia uma nuvem de incenso. Não se sabe ao certo quem era este Jazanias, pois há pelo menos quatro pessoas na Bíblia com este nome. Porém, Safã era um escrivão do rei Josias, que leu o Livro da Lei, diante do rei  (2 Rs 22.8-11). Os escrivães naquela época eram pessoas que tinham a função de escrever os textos oficiais e em alguns casos em copistas das Escrituras, chamados também de escribas. Parece que este era o caso de Safã. Sendo assim, Jazanias era filho de alguém dedicado à Lei de Deus, que serviu a um rei temente a Deus que foi Josias e agora estava liderando um grupo de anciãos para praticarem idolatria na Casa do Senhor.


A palavra hebraica ‘zaqen’ traduzida por ‘ancião’ e a sua correspondente em grego, ‘presbyteros’, tem mais de um significado. Literalmente é uma referência a um idoso ou o mais velho de uma tribo, que naquela época eram muito respeitados. Estas palavras também eram usadas para designar um príncipe, líder comunitário, líder de uma família ou conselheiro do rei (Ez 7.26; Êx 19.7; Is 24.23; Jr 19.1). No Novo Testamento, os anciãos (Gr. presbyteros) eram os membros do Sinédrio e os líderes das Igrejas Cristãs em uma localidade. Mas, no tempo de Ezequiel, o Sinédrio ainda não existia.


Aqui, estes homens importantes de Judá estavam em uma sala secreta, oferecendo incenso a divindades pagãs. O fato de estarem com incensários, indica que eles agiam como sacerdotes. O incenso fazia parte do culto judaicom, no chamado Dia da Expiação (Lv 16.1-3, 13). Porém aqui estava sendo usado em outros rituais, numa espécie de sincretismo religiosos, misturando o culto a Deus com outros rituais pagãos. Estes anciãos haviam se desviado completamente, pois a sua fala demonstra que eles não criam mais que Deus poderia proteger Israel: “O Senhor não nos vê, o Senhor abandonou a terra”. (Ez 8.12). Infelizmente, em nossos dias, muitos líderes religiosos vivem dessa forma, sem crer mais em Deus e praticando o que não devem. Ou seja, mantém as aparências de obreiros, pois precisam da função para sobreviver, mas agem como se Deus não existisse. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022.Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 42-45.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3219.

Taylor. John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 90-91.

ZUCK, Roy. (Ed). Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.401.


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Ev. Weliano Pires.

SOBRE A VISÃO

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 3: As abominações do templo)

Neste primeiro tópico falaremos sobre a visão que Ezequiel teve das abominações que eram praticadas dentro do templo. O profeta Ezequiel estava em sua casa, no cativeiro na Babilônia. Ele foi arrebatado pelo Espírito Santo para o templo em Jerusalém e viu a idolatria sendo praticada dentro do templo, em tempo real. Catorze meses antes desta visão, o profeta Ezequiel tivera a primeira visão, na qual contemplou a Glória de Deus. O impacto foi tão forte, que ele precisou de sete dias para se recompor. Nesta segunda visão, no entanto, Deus lhe mostrou o oposto. O Deus Onisciente, que a tudo contempla, descortinou perante o seu o seu servo, as formas mais degradantes de idolatria que se praticavam no templo do Senhor em Jerusalém, que fora construído por Salomão, onde a Glória de Deus se manifestou em sua inauguração. 


1- A segunda visão. Ezequiel teve esta visão no sexto ano, no quinto dia do sexto mês, o que corresponde ao dia 5 do mês de Elul (agosto/setembro), do ano de 592 a.C. Alguns anciãos de Israel, que também estavam no cativeiro, se encontravam na casa do profeta. É possível que tenham ido buscar alguma orientação com Ezequiel, cuja autoridade era reconhecida pelos judeus que estavam com ele no exílio. 


Enquanto estava assentado com os anciãos em sua casa, a mão do Senhor veio sobre Ezequiel e ele viu uma figura como de um homem. Esta referência a "um homem", segue o texto da Septuaginta. No texto hebraico aparece a palavra “esh”, que significa “fogo” e é muito semelhante a "ish" que traduzido é “homem”. Esta figura vista por Ezequiel era idêntica à que ele viu na primeira visão (Ez 1.26,27).


Na parte de baixo da cintura deste ser era fogo e, na parte de cima, como o resplendor de um metal brilhante. Na sequência, vindo deste ser, algo como uma mão o tomou pelos cabelos e o levou nos ares até Jerusalém, para o interior do templo. (Ez 8.1-3). Esta figura divina que assumiu a forma humana é uma teofania, ou seja uma manifestação divina visível no Antigo Testamento, antes da vinda de Jesus, que é a imagem do Deus invisível (Cl 1.17). A imagem do fogo fala de um julgamento severo que estava por vir. A figura do metal brilhante, representa a Glória de Deus, que não pode conviver com o pecado. 


2- As visões das abominações do Templo. No interior do templo, o profeta recebeu ordem para olhar para o Norte e ao fazê-lo, viu junto ao altar, um ídolo que ele chama de “imagem dos ciumes”, da qual falaremos no próximo tópico. Em seguida, o Senhor o levou ao pátio do templo e mandou que ele escavasse a parede. Ezequiel fez assim e descobriu uma porta. Ao entrar por esta porta viu figuras de répteis e animais considerados impuros. Viu também os anciãos de Israel com os seus incensários e uma nuvem de incenso que subia. O Senhor mostrou ainda,  várias mulheres que choravam por Tamuz, uma divindade da Babilônia, da qual falaremos no terceiro tópico. Por último, a adoração ao sol. Era uma decadência generalizada, do povo de Deus, entregue aos mais variados tipos de idolatria, o que justificava a ira de Deus contra eles. 


Quando Ezequiel teve esta visão, a cidade de Jerusalém e o templo ainda não tinha sido destruídos. Por isso, a visão tem um caráter preterista, ou seja, está relacionada aos dias do profeta Ezequiel. Entretanto, ela  também se refere a eventos futuros, conforme descreve o versículo 18: “Pelo que também eu procederei com furor; o meu olho não poupará, nem terei piedade; ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz, eu não os ouvirei.”


3- Como entender as visões de Deus? Esta segunda visão de Ezequiel é diferente das visões de outros profetas do Antigo Testamento e até de outras visões que Ezequiel teve. Na visão, ele diz que foi puxado pelos cabelos e levado ao templo em Jerusalém. Evidentemente, foi em espírito e não fisicamente que foi a Jerusalém, pois o próprio profeta diz que foi “em visões” (Ez 8.3). É semelhante às visões que João teve no Apocalipse, estando na Ilha de Patmos. Ele foi arrebatado em espírito ao Céu e teve as visões. 


Provavelmente, os ídolos que ele viu fossem literais e realmente estavam dentro do templo, ou talvez fosse apenas uma representação da idolatria que eles praticavam. Entretanto, como o rei Manassés praticou esse tipo de abominação no templo, o mais provável é seja literal mesmo: “E edificou altares na casa do Senhor, da qual o Senhor tinha falado: Em Jerusalém porei o meu nome. Também edificou altares a todo o exército dos céus em ambos os átrios da casa do Senhor.” (2 Rs 21.4,5). A prática da idolatria e do sincretismo religioso havia tomado conta de Judá. 


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022.Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 41.

Taylor, John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pag. 88-89.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3218.

Taylor. John B. Ezequiel. Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 89-90.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3218.

Charles F. Pfeiffer. Comentário Bíblico Moody. Ezequiel. Editora Batista Regular. pag. 39.


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Ev. Weliano Pires.


14 outubro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 03: AS ABOMINAÇÕES DO TEMPLO


Esta lição está baseada nos capítulos 8 e 9 de Ezequiel e traz um alerta sobre os perigos da idolatria, denunciando as abominações praticadas no templo de Jerusalém, nos dias de Ezequiel. Nesta seção do Livro de Ezequiel estão descritas a idolatria e a superstição praticadas em público e em particular, por todas as categorias sociais. Há um enorme contraste entre o Deus glorioso e santo e o culto degradante e idólatra que era praticado no interior do templo de Jerusalém, que era o lugar mais sagrado de Israel. A idolatria é a corrupção da imagem de Deus no ser humano após a queda e leva o ser humano às mais degradantes ruínas moral e espiritual. 


A lição está dividida em três tópicos: 


O primeiro tópico falaremos sobre a visão que Ezequiel teve das abominações que eram praticadas dentro do templo. O profeta Ezequiel estava em sua casa, no cativeiro na Babilônia. Ele foi arrebatado pelo Espírito Santo para o templo em Jerusalém e viu a idolatria sendo praticada dentro do templo, em tempo real. Catorze meses antes desta visão, o profeta Ezequiel tivera a primeira visão, na qual contemplou a Glória de Deus. O impacto foi tão forte, que ele precisou de sete dias para se recompor. Nesta segunda visão, no entanto, Deus lhe mostrou o oposto. O Deus Onisciente, que a tudo contempla, descortinou perante o seu o seu servo, as formas mais degradantes de idolatria que se praticavam no templo do Senhor em Jerusalém, que fora construído por Salomão, onde a Glória de Deus se manifestou em sua inauguração.


O segundo tópico veremos os detalhes da primeira parte destas abominações. Ezequiel viu a imagem dos ciúmes, que muitos estudiosos a identificam como a deusa Aserá. Viu também vários répteis e outros animais impuros e ídolos pintados nas paredes. Por último viu os anciãos de Judá, em pé com os seus incensários diante destas abominações.


O terceiro e último tópico traz a segunda parte das abominações do templo. Ezequiel viu as pessoas praticando um ritual a uma divindade babilônica chamada Tamuz, considerado o deus da vegetação e dos rebanhos. Depois viu 25 homens de costas para o templo, virados para o Oriente, adorando o sol, numa total afronta ao Deus de Israel.


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 39-40.

PFEIZER, Charles F. Comentário Bíblico Moody. Ezequiel. Editora Batista Regular. pag. 38-39.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3218.


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Ev. Weliano Pires 

12 outubro 2022

SOBRE O INIMIGO (A Babilônia de Nabucodonosor)


(Comentário do 3º tópico da Lição 2: Vem o fim)

O terceiro e último tópico fala sobre o grande inimigo de Israel naquela ocasião, que era Nabucodonosor, rei da Babilônia. O profeta usa a simbologia de uma árvore, dizendo: “Já floresceu a tua vara”. (Ez 7.10). Deus levantou Nabucodonosor como instrumento para punir Israel por causa da idolatria. Entretanto, por causa da sua soberba, o rei da Babilônia acabou extrapolando os limites dos castigos. Este tópico apresenta também algumas informações sobre o rei Nabucodonosor e sobre o império babilônico. 


1- "Já floresceu a vara” (v.10). Na profecia de Ezequiel, no veículo 10, temos o seguinte: "Eis aqui o dia, eis que vem; veio a tua ruína; já floresceu a vara, reverdeceu a soberba." Há várias interpretações sobre este a aplicabilidade desta profecia. A mais, no entanto, é que a expressão "floresceu a vara", é uma referência a Nabucodonosor, rei da Babilônia, que foi o instrumento usado por Deus para punir Israel por causa da idolatria  (Jr 27.8; 51.20-24). Os rabinos interpretam esta metáfora como uma referência a Nabucodonosor. A palavra hebraica traduzida por "vara" é hamatteh. A vara é um galho fino flexível, usado para açoitar criminosos, pois permitia golpes dolorosos e não se quebrava. 


Em alguns casos, a vara era um símbolo da autoridade, como nos casos de Moisés e Aarão. Não é o caso aqui, pois, metaforicamente a vara aqui significa o instrumento usado por Deus para castigar os ímpios. No caso de Moisés, a vara foi usada para realizar sinais perante os egípcios e mostrar que Deus estava com ele. A vara de Aarão floresceu para provar para os rebeldes, que ele era o escolhido de Deus para o sacerdócio. Não foi este o caso de Nabucodonosor, que não servia a Deus e foi escolhido para punir o povo de Israel, por causa do pecado. 


2- “Reverdeceu a soberba” (v.10b). Esta expressão “reverdeceu a soberba” também é uma metáfora, que se refere às atitudes do rei da Babilônia. Deus levantou Nabucodonosor como instrumento disciplinar, para punir o povo de Judá, por causa da idolatria e obstinação. Entretanto, o rei da Babilônia extrapolou os limites e foi cruel demais com o povo judeu. O exército babilônico quando invadiu Jerusalém, vazou os olhos do rei Zedequias e matou os filhos dele na sua frente (2 Rs 25.7). Não tiveram piedade dos jovens, moças e velhos (2 Cr 36.17). Os que escaparam da morte na invasão foram levados como escravos para a Babilônia. Os idosos e deficientes ficaram na terra de Israel na miséria.  


O profeta Habacuque teve uma visão dos horrores praticados pelos caldeus e questionou a Deus, por que Ele permitia que o ímpio punisse “o justo”. Habacuque entendia que isso era injusto, pois os babilônios eram piores do que o povo de Israel, na opinião dele: “Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal e a vexação não podes contemplar; por que, pois, olhas para os que procedem aleivosamente e te calas quando o ímpio devora aquele que é mais justo do que ele?” (Hc 1.13). Mas Deus lhe deu as resposta no capítulo seguinte: “Visto como despojaste muitas nações, todos os mais povos te despojarão a ti, por causa do sangue dos homens e da violência para com a terra, a cidade e todos os que habitam nela.” (Hc 2.8). “Serás farto de ignomínia em lugar de honra; bebe tu também e sê como um incircunciso; o cálice da mão direita do Senhor se voltará sobre ti, e vômito ignominioso cairá sobre a tua glória.” (Hc 2.16)


Da mesma forma, vemos em nossos dias governantes ímpios que abusam das suas autoridades e fazem tremendas injustiças, inclusive contra a Igreja do Senhor. Mas, não ficarão impunes. O juízo de Deus virá sobre eles, se não for neste mundo, no juízo final não escaparão da ira do justo Juiz. Tanto a Assíria que levou as tribos do Norte para o cativeiro, como a Babilônia que levou o Reino do Sul, foram severamente punidas e não existem mais na atualidade. 


3- O rei Nabucodonosor. O nome Nabucodonosor é de origem acádica, um idioma da antiga Mesopotâmia. Esse nome em acádio era Nabû-kudurri-utsûr, que significa “Nabu protegeu minha herança”. Nabucodonosor é a transliteração do nome grego "Nabouchodonosor" usado na versão grega do Antigo Testamento, a Septuaginta. 


Houve dois reis na Babilônia com esse nome: Nabucodonosor I, que reinou entre 1146 e 1123 A.C., e Nabucodonosor II, que é este mencionado  na Bíblia, e que reinou de 605 a 565 a. C. Nabucodonosor II foi um rei muito poderoso da Babilônia. O pai dele era Nabopolassar, fundador da dinastia dos Caldeus, que reinou vinte e um anos na Babilônia (625-605 a.C.). Inicialmente, Nabucodonosor era o príncipe babilônico que comandava o exército do seu pai, Nabopolassar. Durante a primeira invasão babilônica à terra de Israel, o pai de Nabucodonosor faleceu. Nabucodonosor retornou para a Babilônia, assumiu o trono e reinou quarenta e três anos (605-562 a.C.). 


Nabucodonosor não foi apenas um grande comandante e estrategista militar. Ele foi um grande construtor, que transformou a Babilônia em uma das mais importantes cidades da sua época. Construiu importantes aquedutos para irrigar a cidade, restaurou templos, construiu uma estátua de ouro de aproximadamente 30 metros de altura e fez também os famosos jardins suspensos, que eram uma das sete maravilhas da antiguidade. 


Nabucodonosor, no entanto, era muito soberbo e implacável até com os seus subordinados. No Livro do profeta Daniel, temos os registros de alguns episódios importantes envolvendo este monarca: a postura de santidade de Daniel e seus companheiros no palácio; o sonho de uma grande árvore e a interpretação de Daniel, indicando a loucura do rei, que foi humilhado por Deus, sendo levado a comer erva com os bois; a construção da estátua de ouro, a exigência de adoração a essa estátua e o livramento dos companheiros de Daniel na fornalha de fogo ardente; e o sonho de uma grande estátua e a interpretação de Daniel, mostrando que esta estátua representava os grandes impérios mundiais. 


4- A Babilônia. A história da Babilônia tem origem em Ninrode, o famoso neto de Noé, que intentou construir uma cidade com uma torre, que chegasse aos céus.  (Gn 10.8-10; Gn 11.9). Ele contrariou a ordem de Deus para se espalhar pela terra e povoá-la. Aparentemente, tinha a intenção de fugir de um eventual dilúvio, abrigando-se nessa torre. Por isso pretendia construir esta cidade e a torre para os seus descendentes viverem ali. Mas Deus frustrou os seus planos e confundiu as línguas dos operários e eles não entenderam mais a linguagem uns dos outros. Por isso deram o nome ao lugar de "Babel", que significa confusão. A Septuaginta usa o nome grego Babylon, de origem acádica, que significa "portão dos deuses" e foi transliterado para o português como Babilônia. O nome do país e da capital eram o mesmo. 


Inicialmente, Caldeus e babilônios eram povos diferentes, que habitavam na antiga Mesopotâmia, na região entre os rios Tigres e Eufrates, onde fica o Iraque atualmente. O Livro do Gênesis situa o Jardim do Éden nesta região (Gn 2.14). A família de Abraão também era dessa região e vivia em uma cidade chamada Ur dos Caldeus (Gn 11.28,31; 15.7). Porém, nos dias de Isaías, o profeta se refere aos Caldeus e Babilônios como um mesmo império.  (Is 13.19; 47.1,5; 48.14,20). 


A Babilônia chegou a ser uma nação poderosa durante o império de Hamurabi (1793-1750 a.C.), conhecido pela descoberta de um código de leis muito rigoroso que leva o seu nome e serviu de inspiração para as leis de outros povos da antiguidade. Depois de Hamurabi, o império babilônico entrou em declínio. Posteriormente, em 625 a.C. Nabopolassar, pai de Nabucodonosor, assumiu o trono e deu origem à chamada dinastia dos caldeus, que durou até a queda de Babilônia em 539 a.C., para a coalizão dos medos e persas (Jr 27.7; Dn 5.30,31). Por conta do seu poder e importância, o império de Nabucodonosor II ficou conhecido como Império Neobabilônico.


Os babilônios eram politeístas. Adoravam vários deuses, que eram personificações da natureza, como Sin, o deus-sol de Ur e Harã; Ishtar, a deusa do amor e da guerra; e Enlil, o deus do vento e da terra. A principal divindade era Bel, que em acádico significa “senhor”, também conhecido como Marduk ou Merodaque. É o equivalente ao deus Baal dos cananeus (Jr 2.8). Nabucodonosor mudou o nome de Daniel para Beltessazar, “Bel protege o rei”, em homenagem a este deus babilônico. 


REFERÊNCIAS:


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 34-36.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 3216.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. 11 ed. 2013. pag. 434.

Block, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Editora Cultura Cristã. pag. 253-254.

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 4. pag. 438.

TENNEY, Merril. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 656.


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