TEXTO ÁUREO:
“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mt 28.19)
VERDADE PRÁTICA:
“Chamamos de discipulado na fé o aprendizado de um discípulo por meio de seu mestre, na igreja, para ajudar a desenvolver o seu crescimento espiritual.”
HINOS SUGERIDOS: 75, 302, 556 da Harpa Cristã
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Mateus 28.16-20; Atos 2.42-47
Mateus 28
16 – E os onze discípulos partiram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha designado.
17 – E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.
18 – E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra.
19 – Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
20 – ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!
Atos 2.42-47
42 – E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.
43 – Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.
44 – Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum.
45 – Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade.
46 – E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,
47 – louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja.
REVISÃO DA LIÇÃO ANTERIOR:
Na semana passada, estudamos sobre o compromisso da Igreja com a evangelização do mundo. A evangelização é um compromisso da Igreja com Deus e deve ser tratada como prioridade por ela. Vimos que a evangelização não é um detalhe ou uma alternativa para a Igreja, mas é uma ordem de Jesus para a Sua Igreja.
Aprendemos o significado da palavra Evangelho, que é “boa notícia”. Falamos de Jesus como o único Salvador e da Igreja como a agência exclusiva e legítima da evangelização.
Falamos também sobre a questão do alcance da Obra expiatória de Cristo, abordando as teses calvinista e arminiana e explicando o significado de expiação limitada e ilimitada.
Por último, falamos sobre os desafios da Igreja atual na evangelização local, onde ela está situada, e também sobre as missões nacionais e transculturais. Tanto a Igreja do primeiro século, quanto o Movimento Pentecostal iniciado na Rua Azuza nos Estados Unidos, eram muito atuantes na evangelização local e nas missões transculturais.
INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12
O tema da lição desta semana é: A urgência do discipulado. A palavra discipulado não é bem vista no meio secular, principalmente nos círculos pedagógicos. Há um fastio atualmente em relação ao fato de haver quem ensine e quem aprenda. Em algumas ideologias, isso é visto como opressão. Muitos pedagogos preferem discutir com o aluno, em pé de igualdade, comparando o conhecimento de ambos.
A lição desta semana é uma continuação da lição anterior, pois, o discipulado é a sequência da evangelização, quando a pessoa aceita a Cristo como Salvador. Muitos crentes acham que, se uma pessoa levanta a mão no final do culto dizendo que quer aceitar a Jesus, aquela pessoa foi “ganha para Cristo”. Mas, isso é um grande equívoco.
Segundo o saudoso evangelista americano, Billy Graham, a decisão de seguir a Cristo representa apenas 5% no processo de salvação. Os outros 95% estão em permanecer seguindo a Cristo. De fato, muitas pessoas que se decidiram em nossas Igrejas não permaneceram. Na maioria dos casos, pela falta de um discipulado e acompanhamento eficientes, por parte da Igreja local.
Estudaremos no primeiro tópico desta lição o conceito bíblico de discipulado, falaremos sobre o conceito de discípulo na Bíblia e sobre a grande comissão, que Jesus incumbiu à Sua Igreja em Mateus 28.19. Por último falaremos da educação Cristã, destacando os currículos dos cursos teológicos.
No segundo tópico vamos falar do tripé do discipulado: Palavra, comunhão e serviço. A Palavra de Deus é a autoridade suprema para o discipulado, como já vimos em lições anteriores. A palavra grega “koinonia”, “comunhão”, significa compartilhar momentos e situações boas ou más, com os irmãos, ter tudo em comum. A última parte do tripé do discipulado é o serviço (grego “diakonia”). Esta palavra significa serviços espirituais, prestados à Igreja como pregar, orar, exortar, servir a ceia, etc.
No terceiro e último tópico, falaremos sobre a relação entre o discipulado e o crescimento sadio da Igreja. Se um novo convertido não for bem discipulado, mesmo que ele permaneça na Igreja, será sempre um crente imaturo e problemático.
O ponto central desta lição é: Discipular é atuar no crescimento e desenvolvimento do cristão.
I – O QUE É O DISCIPULADO
A palavra discípulo não é muito comum atualmente, fora do meio religioso. Hoje utiliza-se muito a palavra seguidor, aluno ou aprendiz. Mas, nos tempos do Novo Testamento era. Tanto os rabinos judaicos, quanto os filósofos gregos tinham seus discípulos. João Batista e Jesus também tinham os seus discípulos. (Mt 5.1; João 1.35; Lc 7.18;18). Discipulado é a arte de fazer discípulos, ou convencer alguém a seguir os nossos ensinos e a nos imitar. É importante destacar, no entanto, que Jesus nos comissionou a fazer discípulos para Ele e não para nós mesmos.
1. O discípulo. A palavra discípulo em grego é "mathetes", que significa um aprendiz ou aquele que segue um mestre para aprender os seus ensinos. Esta palavra é encontrada exclusivamente nos Evangelhos e no livro de Atos dos apóstolos.
Jesus deixou três requisitos principais para alguém se tornar seu discípulo em Marcos 8.34:
a. Negar-se a si mesmo. Todos nós nascemos com uma natureza corrompida pelo pecado, que deseja fazer coisas que não agradam a Deus. Para ser discípulo de Jesus é preciso renunciar aos próprios anseios e fazer a vontade dele.
b. Tomar a sua cruz. A cruz significa vergonha, sofrimento e morte. Ser discípulo de Jesus implica em se tornar inimigo do mundo e seu sistema maligno. É uma atividade de alto risco.
c. Seguir a Jesus. Os primeiros discípulos de Jesus abandonaram todas as suas atividades para segui-lo. Um discípulo de Jesus é um seguidor dele e não pode amar nada, nem ninguém mais do que a Ele. Precisa estar disposto a abandonar ou perder qualquer coisa por amor a Ele.
Será que estamos nos comportando como discípulos autênticos de Jesus? Estamos muito ou pouco parecidos com Ele? Em que medida o meu caráter se parece com o de Cristo? Os valores que o Senhor Jesus nos estimula viver são impossíveis de realizar? São perguntas para nossa reflexão.
2. A Grande Comissão (Mt 28.18-20). Quando falamos da grande comissão, estamos nos referindo à missão que Jesus delegou aos seus discípulos, após a sua ressurreição. Antes Jesus reafirmou a sua Onipotência: "É-me dado todo poder no Céu e na terra".
Nesta grande comissão, Jesus deu as seguintes ordens aos seus discípulos:
a) Fazer discípulos. O verbo grego aqui é "mathēteuō". A versão Almeida Revista e Corrigida traduziu este verbo por "ensinai" e a versão Revista e Atualizada traduziu por "ensinai". Isso significa discipular, ou ensinar as pessoas a serem discípulos de Jesus.
b) Batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O batismo e a Ceia do Senhor são duas ordenanças de Cristo à Igreja. Muitas pessoas tentam minimizar a importância do batismo. Mas, quando Jesus mandou os discípulos pregarem o Evangelho, mandou também batizar. O batismo não salva, mas, ele é uma demonstração pública de que a pessoa morreu para o pecado e nasceu de novo. Na ordem de Jesus, fazer discípulo vem antes de batizar. Isso significa que não se deve batizar quem ainda não se converteu. Jesus também nos ensina a fórmula batismal: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Os unicistas tentam mudar isso, usando como pretexto as palavras do apóstolo Pedro em Atos dos apóstolos. Mas, o que Pedro quis dizer é que o batismo deve ser feito na autoridade do nome de Jesus. Não se trata de uma fórmula batismal.
c) Ensinar a guardar tudo o que Ele mandou. Refere-se aos pontos doutrinários que Jesus ensinou. O livro de Atos mostra os apóstolos no cumprimento dessa palavra (At 2.42; 4.1,2; 5.21,28). A Igreja tem a obrigação de ensinar sistematicamente as doutrinas bíblicas aos novos crentes, para que eles estejam firmados na Palavra de Deus e não bem doutrinas humanas.
d) Jesus garantiu a sua presença nessa comissão até o fim. Jesus é o fundamento da Igreja. Ele disse que "sem Ele, nada poderíamos fazer" (Jo 15.4). Jesus subiu ao Céu, mas, não nos deixou órfãos. Ele continua conosco, na Pessoa do Espírito Santo, nos guiando, protegendo e fazendo a obra de salvação. Nós somos apenas instrumentos dele, mas, é Ele que opera tudo em todos.
3. A educação cristã. Tão importante quanto o evangelismo e o discipulado, é o ensino sistemático das doutrinas bíblicas. O crente não pode estacionar e ficar a vida inteira como se fosse um novo convertido. A Igreja deve promover o ensino da Palavra de Deus, não apenas na Escola Bíblica Dominical, mas também em seus cultos de ensino, seminários e cursos teológicos.
Eu costumo dizer que todo crente deveria fazer pelo menos um curso básico em teologia, pois, neste curso o aluno aprende as seguintes matérias: Teontologia, que é o estudo sobre Deus; Cristologia, estudo sobre Cristo; Pneumatologia, estudo sobre a pessoa e obra do Espírito Santo; Bibliologia, estudo sobre a estrutura e formação da Bíblia; Antropologia, estudo sobre o ser humano do ponto de vista bíblico; Hamartiologia, estudo sobre o pecado; Soteriologia, estudo sobre a salvação; Angelologia, estudo sobre os anjos, sua natureza e missão; Escatologia, estudo sobre os últimos acontecimentos da humanidade; Eclesiologia, estudo sobre a Igreja e sua missão; Hermenêutica, estudo sobre interpretação de textos bíblicos; Homilética, estudo sobre as técnicas para se falar em público, que ajuda o crente a elaborar sermões e pregar com eficiência; Missiologia, estudo sobre missões e outras. Estas são as matérias principais de um curso básico em teologia. Alguns cursos têm outras matérias suplementares.
O fato é que estes estudos irão levar o crente a se aprofundar no conhecimento bíblico para melhor servir ao Senhor. Evidentemente, isso não dispensa as práticas das disciplinas espirituais como a oração, meditação bíblica e jejum. Pedro nos recomendou a crescer na Graça e no Conhecimento (2 Pe 3.18). Através das disciplinas espirituais, crescemos em graça e através do estudo bíblico, crescemos no conhecimento. Um não anula o outro, ambos se completam.
No caso dos obreiros e professores da Escola Dominical é recomendado, no mínimo, o curso médio, que além dessas matérias citadas acima, contém outras matérias direcionadas para o exercício ministerial, como Ética Cristã, Ética pastoral, Aconselhamento bíblico, História da Igreja, Teologia do Antigo e do Novo Testamento, Arqueologia bíblica, Heresiologia, entre outras.
II – O TRIPÉ DO DISCIPULADO: PALAVRA, COMUNHÃO E SERVIÇO
O discipulado na Igreja Primitiva se sustentava em três pilares: a Palavra de Deus Doutrina do Apóstolos), a comunhão entre os irmãos (Koinonia) e os serviços espirituais prestados à Igreja. (Diakonia). Este modelo continua válido e a Igreja que o adotar, formará um cristianismo saudável.
1. A Palavra. A Palavra de Deus tem autoridade suprema na Igreja Cristã. Já estudamos em lições anteriores que um dos pilares da Reforma Protestante era o “Sola Scriptura”. Isto significa dizer que a Palavra de Deus é o nosso único manual de fé e conduta. Sendo assim, todo ensino em Igreja evangélica deve estar obrigatoriamente fundamentado na Bíblia Sagrada. Nas seitas, isso não acontece. Algumas religiões afirmam crer na Bíblia, mas a colocam em igualdade, ou até inferior à palavra do seu líder ou aos seus escritos.
Os primeiros discípulos “perseveravam na doutrina dos apóstolos” (At 2.42a). Os apóstolos eram os responsáveis por ensinarem a Palavra de Deus ao povo e não abriam mão disso (At 6.3). Infelizmente, em nossos dias, muitos pastores deixam a Palavra de Deus para se ocuparem com outras atividades como construções, tesouraria, secretaria, música, política, empresas, etc. O ministério pastoral deve ser voltado para a pregação da Palavra de Deus, oração e o cuidado com as ovelhas do Senhor. Outras atividades secundárias da Igreja devem ser realizadas pelos diáconos, cooperadores e membros.
O ensino dos apóstolos era baseado nas Escrituras do Antigo Testamento e nas revelações que recebiam diretamente do Espírito Santo. Nos dias dos apóstolos existia apenas o Antigo Testamento. As doutrinas voltadas para a Igreja ainda estavam em construção. Sendo assim, os apóstolos tinham autoridade dada por Jesus para doutrinar a Igreja em vários assuntos, sendo dirigidos pelo Espírito Santo. Não temos mais apóstolos em nossos dias com este perfil. A Palavra de Deus já está concluída e ninguém pode lhe acrescentar nada. Portanto, ninguém pode trazer ensino à Igreja com base em revelações. As únicas doutrinas válidas para a Igreja são as que estão na Palavra de Deus. Ninguém hoje em dia tem poder para acrescentar, retirar ou modificar alguma doutrina. Os Católicos romanos querem que a Palavra do Papa e o magistério da Igreja tenham o mesmo poder dos apóstolos bíblicos. Mas isso não tem nenhum amparo nas Escrituras.
2. A Comunhão (At 2.42). A palavra grega koinonia, significa compartilhamento; parceria; associação próxima; unidade. Comunhão é uma uniformidade realizada pelo Espírito Santo na vida dos crentes, que os une profundamente uns aos outros em qualquer circunstância. A Igreja é uma família, onde todos devem se alegrar juntos e também chorar juntos. (Rm 12.15).
No Antigo Testamento, a ideia de comunhão estava ligada ao relacionamento da pessoa com o seu próximo, conforme vemos no Salmo 133.1, e não com Deus. Um dos principais mandamentos da Lei era “Amarás o teu próximo com a ti mesmo”. Paulo disse que toda a Lei em relação ao próximo se resume neste mandamento: “Pois toda a Lei se resume num só mandamento, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Gl 5.14). O povo de Israel recebia ordens de Deus para serem generosos com os pobres, viúvas, órfãos e estrangeiros.
A Igreja de Jerusalém também vivia em profunda comunhão (At 2.44). Nos primeiros dias da Igreja, quem tinha duas propriedades vendia uma e trazia o valor voluntariamente aos apóstolos, para socorrer os necessitados. Isso era feito sem nenhuma imposição ou apelação. Também não havia aproveitadores querendo se passar por necessitados para rever donativos da Igreja. Ananias e Safira tentaram enganar os apóstolos, fingindo que estavam doando o dinheiro de uma propriedade na íntegra, mas, entregaram somente uma parte. O Espírito Santo revelou a trama a Pedro e ambos foram fulminados por Deus.
Esta união da Igreja de Jerusalém chamou a atenção das pessoas em todo o Império Romano. Muitas pessoas foram atraídas ao Cristianismo por conta desta união. Em nossos dias é a mesma coisa. A união dos crentes chama a atenção da comunidade onde a Igreja está situada e pode levar muitos à conversão. Infelizmente, o contrário também é verdade. Uma Igreja desunida afasta as pessoas do Evangelho.
3. O Serviço. Há duas palavras gregas traduzidas por serviço: “Leitourgia”, de onde vem a palavra portuguesa liturgia, que significa servir publicamente em adoração religiosa; (At 13.2) e “Diakonia”, que deu origem à palavra portuguesa diácono, e significa servir às mesas (Jo 2.5,9) ou prestar assistência aos necessitados e enfermos (1 Tm 3.8,12; At 6.1-6; Rm 16.1). Era um trabalho realizado para alguém ou algo seguindo as suas instruções.
No Antigo Testamento, serviço estava relacionado, na maioria das vezes, ao ofício dos sacerdotes no santuário e também a qualquer pessoa temente a Deus (Js 24.15). A palavra hebraica “Sharat”, usada em 1 Crônicas 15.2, refere-se às tarefas dos sacerdotes levando a arca e aos serviços dos levitas no templo. No Salmo 100.2, é usada a palavra “abad”, que significa servir, trabalhar ou realizar uma tarefa em lugar de outrem. Esta palavra também é usada por Isaías em relação ao Messias: Servo do Senhor (Is 42).
Na Igreja de Jerusalém, o serviço cristão estava relacionado à perseverança no ensino dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações (At 2.42-47). Então, serviço era o conjunto destas coisas. É importante destacar que ministro na Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento significa aquele que serve e não aquele que manda ou que tem regalias.
III – O DISCIPULADO E O CRESCIMENTO SADIO DA IGREJA
Um discipulado eficiente contribui não apenas para o crescimento espiritual, mas, contribui para o crescimento numérico da igreja. Cada obreiro tem uma chamada específica. Uns são chamados para iniciar trabalhos missionários, levando a Palavra de Deus aos perdidos. Outros, no entanto, são chamados para discipular, doutrinar e organizar as novas Igrejas. Ambos têm a sua importância no Reino de Deus. Na Igreja de Corinto, havia grupos facciosos que diziam: Eu sou de Paulo, eu sou de Pedro, eu sou de Apolo e outros diziam que eram de Cristo. Paulo os repreendeu, chamando-os de carnais e disse: "Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.” (1 Co 3:6).
1. O crescimento espiritual. As pessoas que aceitam a Cristo vem de uma vida de pecado com idéias e costumes mundanos. São pessoas que vieram de outras religiões, ou que não tinham religiões e viviam segundo o curso deste mundo. Em Éfeso, Paulo notou que alguns crentes ainda mantinham os velhos costumes e os orientou dizendo: “E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.” (Ef 4:17). Infelizmente, há alguns pastores que acham que não se deve orientar os novos convertidos, para que eles não saiam da Igreja. Com isso, eles não crescem espiritualmente e não abandonam o pecado.
Através do discipulado, os novos convertidos recebem instruções bíblicas para uma nova vida. O discipulado leva o novo crente a crescer em Graça e Conhecimento, tornando-o espiritualmente maduro e sadio. As pessoas vêm a Cristo do jeito que estão. Mas, não podem continuar assim e só serão transformados mediante o ensino bíblico, confrontando o seu estilo de vida com os padrões da Palavra de Deus.
2. O crescimento numérico. O discipulado também leva as Igrejas a se multiplicarem. “Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo.” (At 9.31). Saulo, logo após a sua conversão, procurou se juntar aos discípulos em Jerusalém, mas eles o temiam, não crendo que tivesse se convertido. Mas, Barnabé o acolheu e o levou aos apóstolos, contando como foi a sua conversão. A partir daí, Saulo falava ousadamente da Palavra de Deus e disputava com os judeus, convencendo-os publicamente, pelas Escrituras, que Jesus era o Messias. Discutia também com os gregos, e lhes anunciava o Evangelho com muita sabedoria. A Igreja de Jerusalém o enviou a Tarso, sua terra natal e em toda a região, as Igrejas eram edificadas pela Palavra de Deus e se multiplicavam.
Em Samaria também, Filipe o evangelista evangelizou. Muitas pessoas se converteram a Cristo. Pedro e João foram enviados para lá, a fim de discipular os novos crentes. (At 9.8). Até um antigo mágico, chamado Simão, que havia na cidade, se converteu. Porém, não conhecia de fato o Evangelho e achava que algum tipo de mágica. Chegou ao ponto de oferecer dinheiro a Pedro, em troca dos dons do Espírito Santo e foi repreendido. Por isso, a prática de se vender bênçãos de Deus é chamada de “simonia”.
Em sua terceira viagem missionária, Paulo passou pelas províncias da Galácia e Frígia, confirmando os discípulos e instruindo-os. Depois, chegou a Éfeso e encontrou um eloquente nas Escrituras, chamado Apolo, que conhecia apenas o batismo de João. Paulo e o casal Priscila e Áquila o instruíram a respeito de Cristo e da Doutrina do Espírito Santo. Chegando a Éfeso, Paulo encontrou um grupo de doze crentes e perguntou-lhes se já haviam recebido o Espírito Santo quando creram. Eles responderam que, sequer sabiam da existência do Espírito Santo e eram batizados apenas no batismo de João. O apóstolo lhes explicou que João pregou o batismo para arrependimento e disse que após ele, viria o Cristo. Depois disso, impôs as mãos sobre eles e foram batizados no Espírito Santo. Paulo passou três anos em Éfeso, discipulando a Igreja e orientando os obreiros. (At 18.22,23; 19.1; 20.31). Isso foi fundamental para que esta Igreja se tornasse uma Igreja doutrinariamente ortodoxa, embora depois tenham se afastado do primeiro amor. (Ap 2.2). Os primeiros ensinos a um novo convertido são determinantes para a sua vida cristã. Se aprender corretamente a tendência é que se mantenha assim. Mas se aprender errado ou não aprender, será sempre um crente imaturo e problemático.
3. O exemplo da igreja de Antioquia da Síria. Após a grande perseguição que se levantou sobre a Igreja de Jerusalém, depois do Pentecostes, os discípulos foram dispersos. Eles fugiram de Jerusalém para escapar da perseguição, mas, onde chegavam, anunciaram o Evangelho. Entretanto pregavam apenas aos Judeus. Alguns crentes de Chipre e Cirene chegaram a Antioquia da Síria, anunciaram o Evangelho e muitos gentios se converteram. (At 11.20). A Igreja de Jerusalém, quando ficou sabendo que muita gente havia se convertido em Antioquia, enviou Barnabé para lá, a fim de discipular os novos crentes. (At 11.22-24). Barnabé chegando a Antioquia, alegrou-se com a multidão de convertidos e foi a Tarso buscar Saulo, que era um mestre na Palavra, para auxiliá-lo nesta tarefa. (At 11.25). Barnabé e Saulo permaneceram durante um ano, ensinando a Palavra de Deus nesta cidade, que depois se tornou uma Igreja missionária, enviando Barnabé e Saulo para fazer missões pelo mundo. (At 11.26; 13.1-4).
CONCLUSÃO
Discipular quem nasce de novo é um mandamento bíblico. Desde o início da sua conversão, o novo crente deve ser ensinado, com muito amor e cuidado, para desenvolver a sua nova identidade. Os crentes só alcançarão a maturidade, a fé genuína e só produzirão frutos se a Igreja local tiver um discipulado eficiente. O discipulado é como a alfabetização das crianças na escola. Se a criança não tiver uma boa alfabetização, nunca chegará à faculdade e se chegar terá sérios problemas. Ignorar o discipulado é comprometer seriamente a saúde espiritual da Igreja. É importante destacar que o discipulado não é tarefa apenas do pastor da Igreja, dos professores e da classe de discipulado. Todos os membros da Igreja precisam estar comprometidos com esta importante tarefa.
Pb. Weliano Pires
Assembléia de Deus
Ministério do Belém
São Carlos - SP
REFERÊNCIAS:
LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD. 1° Trimestre de 2021.
ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD. 1° Trimestre de 2021.
SILVA, Rayíran Batista da. O Discipulado Eficaz e o Crescimento da Igreja. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, pp.35,39.