23 março 2021

A NECESSIDADE DE VIGILÂNCIA

 

Foto: Estilo Adoração

Precisamos estar vigilantes quanto a vinda do Senhor, porque não sabemos o dia, nem a hora em que Ele há de vir. Devemos também nos prevenir contra os falsos alarmes.

1. Exortação à vigilância

Vigiar significa ficar atento aos possíveis ataques, para não ser apanhado de surpresa. A vigilância consiste em estar acordado e alerta para todos os lados, fechando as brechas e vulnerabilidades, para evitar o elemento surpresa. Um ladrão que pretende furtar alguma coisa, age sempre nos descuidos e falhas da vigilância. 

Jesus comparou o momento da sua vinda com o ataque repentino de um ladrão a uma residência, durante a noite. (Mt. 24.42,43)

a. O crente deve vigiar com as suas fraquezas. Cada um de nós tem os seus pontos fracos e seremos tentados nessas áreas. Portanto, devemos vigiar para não cairmos. 

b. O crente não deve menosprezar o inimigo. Muitos crentes erram ao subestimar a astúcia do inimigo, dizendo que ele está amarrado. Mas, isso é um equívoco. O inimigo é mais esperto do que muita gente pensa. Ele também é ousado e chegou ao ponto de exigir que Jesus o adorasse. 

c. O crente não deve se auto superestimar. O outro extremo é dar ao diabo um poder que ele não tem. O inimigo é astuto e perigoso. Mas, ele não é soberano, nem onipotente. Ele só pode agir até onde Deus permitir. Há crentes que vivem apavorados com medo do diabo  e vêem demônios para todos os lados. Não podemos viver assim. Maior é o que está conosco. 

2. Os alarmes falsos.

Ao longo da história da Igreja, várias pessoas marcaram a data da volta de Cristo, mas, como era de se esperar, todas elas erraram. Guilherme Miller, fundador do Movimento adventista, marcou a volta de Jesus para 22 de outubro de 1844. O nome aventista vem de “advento”, pois este grupo aguardava o advento ou a vinda de Jesus. O dia marcado chegou e nada aconteceu. 

Charles Taze Russell, fundador do movimento Estudantes da Bíblia, que depois veio a se tornar Testemunhas de Jeová, marcou o retorno de Cristo para 1914. Também não aconteceu nada na data marcada. Os seus sucessores na organização remarcaram a data para 1925, 1975, 1984 e 2000. Mas, todos erraram. 

Recentemente, outros grupos marcaram a data para 2018, contando uma geração de setenta anos, após o ressurgimento de Israel como nação, que aconteceu em 1948. A “apóstola” Neuza Itioka, do Ministério Ágape assim escreveu: “De acordo com alguns estudiosos e profetas e incluindo o rabino Ben Samuel que  profetizou, que provavelmente, em 2017 ou 2018, o Messias Jesus estaria inaugurando o seu reinado do milênio.  Sim, de acordo com os acontecimentos, a figueira que representa Israel floresceu em 1947 e o Senhor disse que, a geração que assistiu o florescimento não passaria, até que todas estas coisas acontecessem. Uma geração dura 70 anos.  De 1947 mais 70 anos corresponde a 2017. (Lc. 21; 29-33). Aparentemente, o Messias está para voltar, logo e logo. Você e eu poderemos estar no meio desta igreja que sobe ou fica”. O ano de 2018 passou e nada aconteceu. 

Há ainda em nossos dias, muitos que afirmam que "esta é a geração do arrebatamento". Isto significa dizer que Jesus voltará nos próximos 100 anos, pois, certamente daqui a 100 anos nenhum de nós estaremos aqui. Se por um lado sabemos que a volta do Senhor está próxima, por causa dos sinais que estão acontecendo, não podemos jamais marcar o tempo da sua vinda, seja o dia, o ano ou o século, pois, nem Jesus marcou o tempo da sua vinda e disse que não nos compete saber "o tempo e as estações, que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. 

Todos esses ‘profetas’, videntes e grupos falharam e outros que marcarem a volta do Senhor também irão falhar. É um erro tentar adivinhar os tempos e as estações (At 1.7), a respeito dos acontecimentos futuros, pois só Deus sabe o dia e hora (Mt 24.36; Mc 13.32). Quando estudamos escatologia, que é a doutrina das últimas coisas, é apenas para estarmos preparados e não para sabermos o tempo em que as coisas acontecerão. 


Pb. Weliano Pires
Assembléia de Deus
Ministério do Belém
São Carlos - SP


22 março 2021

BREVE O SENHOR VIRÁ

A vinda de Jesus é certa e está próxima. Ele prometeu que virá (Jo 14.1-3; Ap 3.10) os anjos (At 1.11) e os apóstolos (1 Ts 4.16,17; 2 Pe 3) também reafirmaram a promessa da sua vinda. Logo, a vinda do Senhor não é uma probabilidade, é uma certeza que temos, pois, fiel é o que prometeu. A vinda de Jesus traz esperança ao crente fiel e ao mesmo tempo, pavor aos que não estão firmes com Ele.

1. A vinda de Cristo. A vinda de Cristo é tão certa quanto os dias e estações do ano, porque o nosso Senhor prometeu em Sua Palavra que voltará. Há abundância de textos bíblicos falando sobre a vinda de Jesus, tanto no Novo, quanto no Antigo Testamento. Entretanto, no Novo Testamento está mais claro, pois, no Antigo Testamento havia mais profecias a respeito da primeira vinda do Messias. (Zc 14.4; Jo 14.1-3; 1 Ts 4.16-18; 2 Pe 3; Ap 3.10; 22.20). 

No Cristianismo, há divergências quanto à forma que Ele virá. Mas, todos concordam que Ele virá. Um Igreja Cristã genuína crê e espera pela volta do Senhor. Entretanto, no meio evangélico há pensamentos diferentes sobre o retorno de Cristo.

Alguns crêem que Ele arrebatará a Igreja ao Céu, onde acontecerá o Tribunal de Cristo e as Bodas do Cordeiro. Depois de sete anos, se manifestará em glória, junto com a Igreja, para estabelecer o seu reino milenial. Nesse grupo está a Assembléia de Deus. Mesmo nesse grupo há diferentes pontos de vista, em relação à tribulação. Há os pré-tribulacionistas, que crêem que Jesus virá antes da tribulação; os midi-tribulacionistas, que acreditam que Ele virá no meio da tribulação e os pós-tribulacionistas, que crêem que Cristo virá após a tribulação. Há também os que crêem que não haverá arrebatamento, mas, haverá somente a manifestação de Jesus em glória. Todos estes, no entanto, acreditam na vinda de Jesus para buscar a sua Igreja.

2. Uma promessa de Jesus. Jesus prometeu em vários textos que voltará. (Mt 24.30; Jo 14.1-3; Ap 3.10;). No seu Sermão Profético, o Senhor alertou os seus discípulos sobre a vigilância e necessidade de estarem preparados para a sua vinda. No Apocalipse também, em várias ocasiões, o Senhor deixou claro para o apóstolo João, que há de vir buscar o seu povo. Isso nos dá certeza em relação à sua vinda, pois, sabemos que Ele é fiel e cumpre a sua Palavra (Mt 24.35).

Quando Jesus subiu ao Céu, os discípulos ficaram olhando para as alturas. Dois anjos apareceram e perguntaram-lhes por que estavam olhando para o Céu. Em seguida, prometeram que da mesma forma que Jesus subiu ao Céu, também virá outra vez. (At 1.11). Os Apóstolos também, inspirados pelo Espírito Santo, falaram em vários textos, sobre a Vinda de Jesus. Paulo (1 Ts 4.17; 1 Co 15.51,52) Pedro (2 Pe 3); Tiago (Tg 5.8). 

3. O dia se aproxima. Quando Jesus viveu aqui neste mundo, Ele disse várias vezes que iria para o Céu, mas, que em breve voltaria para buscar o seu povo. (Ap 3.10; Ap 22.20). Jesus também falou durante o seu ministério terreno, sobre vários sinais que antecederiam a sua vinda ou que demonstraram que ela se aproxima. 

Eis alguns sinais descritos na Bíblia, que antecedem a Vinda de Jesus:

  • A efusão do Espírito prometida para os últimos dias, que começou no Pentecostes e reascendeu no Movimento Pentecostal, no início do Século XX. (Jl 2.28-32; At 2.16-21).

  • O surgimento de falsos profetas, falsos mestres e falsos Cristos (Mt 24.5,11; 2 Pe 2). 

  • A multiplicação da iniquidade e esfriamento do amor (Mt 24.12)

  • Guerras, rumores de guerra e terremotos; (Mt 24.6) 

  • Fomes e doenças incuráveis (Mt 24.7)

  • O renascimento do Estado de Israel (Lc 21.29-31). 


Pb. Weliano Pires

Assembléia de Deus

Ministério do Belém

São Carlos - SP


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13



TEXTO ÁUREO:

“Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.”  (Tt 2.13)

VERDADE PRÁTICA: 

“A nossa esperança é algo vívido e real, não se baseia em utopia e nem em imaginação humana, mas em fatos revelados na Palavra de Deus e confirmados pela História.”

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Atos 1.6-11

6 - Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?

7 - E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder.

8 - Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.

9 - E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.

10 - E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois varões vestidos de branco,

11 - os quais lhes disseram: Varões galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.

HINOS SUGERIDOS: 451, 469, 514 da Harpa Cristã

PONTO CENTRAL: 

A esperança da Igreja é vívida e real.


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA

Tema – A Urgência do Discipulado

Falamos na lição passada sobre os conceitos de discípulo e discipular; Mostramos o tripé do discipulado: Palavra comunhão serviço; e falamos do discipulado como uma ferramenta indispensável para o crescimento espiritual e numérico da Igreja. 

Concluímos dizendo que o discipulado é um mandamento bíblico e que o novo crente deve ser ensinado, com muito amor e cuidado, para desenvolver a sua nova identidade. 


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13

Tema: Voltados os olhos para a Bendita Esperança

O resumo da mensagem pregada pelos pioneiros da Assembleia de Deus no Brasil era: Jesus Cristo salva, Jesus Cristo cura, Jesus Cristo batiza no Espírito Santo e em breve voltará. Durante este 1° trimestre de 2021, falamos a respeito do verdadeiro pentecostalismo, a atualidade da Doutrina Bíblica sobre a atuação do Espírito Santo. Iniciamos o trimestre falando sobre a pessoa do Espírito Santo, enfatizando a sua personalidade e divindade. Depois falamos sobre a atuação do Espírito na obra da redenção da humanidade. Prosseguimos falando sobre a atualidades das diversas operações do Espírito Santo como o Batismo do Espírito Santo, os dons espirituais, o Fruto do Espírito Santo, a santificação, a liberdade e reverência no culto a Deus, a cura divina, o compromisso com a Palavra de Deus, a evangelização e o discipulado. 

Nesta última lição, trataremos do último item da mensagem pregada pelos pioneiros: Jesus Cristo em breve voltará. O apóstolo Paulo chama este evento de "Bendita Esperança". Conforme descrito em nossa verdade prática, esta esperança não é algo utópico, mas, real e vívido, revelado na Palavra de Deus, cujos sinais previstos podem ser claramente notados na história.

No primeiro tópico da lição falaremos a respeito da certeza e brevidade da vinda do Senhor. Todos os cristãos verdadeiros são unânimes em afirmar que Jesus em breve voltará. Há divergências quanto à forma em que Ele virá, mas, não resta dúvidas sobre o acontecimento, pois, Ele prometeu que virá (Jo 14.1-3; Ap 3.10) os anjos (At 1.11) e os apóstolos (1 Ts 4.16,17; 2 Pe 3) também reafirmaram a promessa da sua vinda. 

No segundo tópico, falaremos a respeito da necessidade de estarmos vigilantes, ante a proximidade da vinda de Senhor. O Senhor nos alertou, com várias parábolas, a estarmos sempre alertas e vigilantes, pois, não sabemos o dia nem a hora em que Ele virá. Entretanto, nessa vigilância devemos tomar cuidado com falsos alarmes daqueles que insistem em marcar a data da volta de Jesus. Ao longo da história da Igreja, várias pessoas marcaram a data da volta de Cristo, mas, como era de se esperar, todas elas erraram. Se por um lado sabemos que a volta do Senhor está próxima, por causa dos sinais que estão acontecendo, não podemos jamais marcar o tempo da sua vinda, seja o dia, o ano ou o século, pois, nem Jesus marcou o tempo da sua vinda e disse que não nos compete saber "o tempo e as estações, que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder. 

No terceiro e último tópico, destacaremos a necessidade de aguardarmos a vinda do Senhor com fidelidade. Explicaremos neste tópico a definição bíblica do termo fidelidade. Mostraremos a fidelidade como um atributo comunicável de Deus. A fidelidade é também uma virtude do cristão verdadeiro, que reflete o caráter de Cristo. Por último, falaremos sobre as expressões "tempos e estações'', mencionadas por Jesus em Atos 1.7, respectivamente, "chronos" e "kairós" em grego, em resposta à pergunta dos discípulos, sobre quando iria acontecer a restauração do reino a Israel, que vivia sob o domínio romano. Eles esperavam que Jesus fosse um líder político como Davi, que iria guerrear contra os romanos e conquistar a independência do seu povo. Mas, Jesus já havia dito a eles que o seu reino não é deste mundo. Agora o Senhor lhes assegura que os tempos e as estações são prerrogativas do Pai. 


Pb. Weliano Pires

Assembléia de Deus

Ministério do Belém

São Carlos - SP.



20 março 2021

Uma análise sobre os currículos e metodologia de ensino da Escola Bíblica Dominical

Imagem: Editora CPAD


Graças  a Deus, eu fui criado em um lar evangélico e frequento desde a minha infância, a Escola Bíblica Dominical da Assembléia de Deus, usando as revistas Lições Bíblicas, da Casa Publicadora das Assembleias de Deus (CPAD). 

Estudei muitas lições comentadas por escritores renomados como Abraão de Almeida, Geziel Gomes, Estevam Angelo de Souza, Antonio Gilberto, Elienai Cabral, Geremias do Couto, Severino Pedro da Silva, Raimundo de Oliveira, Eurico Bergstén, Elinaldo Renovato de Lima, Claudionor Correia de Andrade e muitos outros. 

Por graça de Deus, no ano 2000 fui convidado para ministrar aulas na classe de adultos e de lá para cá, tenho feito isto ininterruptamente. São mais de 20 anos de dedicação ao ensino bíblico, na Escola Bíblica Dominical. Aprendi muito como aluno e continuo o meu aprendizado como professor. 

Fiz um curso médio em teologia para me preparar melhor para o ministério e busco sempre aprimorar as minhas aulas, consultando dicionários bíblicos, Bíblias de estudo, enciclopédia bíblica, comentários das lições em blogs e no Portal da Escola Dominical, vídeo aulas no YouTube, etc. 

No Ensino Médio, eu fiz o Curso de preparação para o magistério, que é um curso técnico para professor. No tempo em que estudei, este curso era suficiente para dar aulas do 1⁰ ao 4⁰ ano do ensino fundamental. Depois o Ministério da Educação passou a exigir licenciatura em pedagogia para se exercer o magistério.

Nesse curso, assim como no curso de pedagogia, estudamos diretrizes para o ensino de 1⁰ grau, didática geral, psicologia educacional, sociologia, metodologias do ensino da língua portuguesa, do ensino da matemática, do ensino dos estudos sociais e do ensino das ciências. Aprendemos também a elaborar um plano de aula e temos o estágio supervisionado em sala de aula.

Feita esta apresentação curricular, gostaria de expressar aqui a minha opinião sobre a grade curricular e metodologia de ensino das nossas escolas bíblicas dominicais. Faço isso, naturalmente, respeitando o preparo acadêmico, seriedade e experiência dos nossos profissionais do Setor de Educação Cristã da Casa Publicadora das Assembléias de Deus. O objetivo aqui não é criticar ou menosprezar o trabalho deles e sim, expor as minhas observações como professor e contribuir para melhorias. 

Eu sempre comparo o método de ensino bíblico na Escola Dominical, com o da educação secular. O conteúdo, evidentemente, é diferente. Mas, as diretrizes e os métodos de ensino são semelhantes.

Na educação secular, a criança vai para a escola e começa do zero, sem saber nada. Não sabe ler, escrever, nem fazer operações aritméticas. Começa na alfabetização e vai avançando ano após ano, até concluir o Ensino Fundamental. Depois, segue para o Ensino Médio. Após a conclusão deste, submete-se ao vestibular e, se aprovado, vai para a Universidade.

Todo este processo é formado por etapas, que não podem ser puladas. Na Escola Dominical, se quisermos ter um bom aprendizado, devemos seguir os mesmos parâmetros. Quem nunca passou por nenhum estudo bíblico deve começar do zero, como os novos convertidos e ir avançando, até chegar a uma formação.

Vamos agora à uma análise do nosso currículo da Escola Dominical, com base nas minhas experiências vividas na escola dominical como aluno e como professor.

Nas classes de adultos e jovens temos um assunto para todos os alunos, independentemente da escolaridade e do tempo de crente. O ideal seria que todos os crentes passassem por um curso bíblico por etapa, como nos cursos teológicos. 

Na verdade, o nosso currículo de Escola Dominical é muito genérico. Particularmente, eu não acho legal as divisões considerando apenas as faixas etárias. Nesse modelo, podemos ter por exemplo, um novo convertido e um teólogo na mesma classe. Podemos ter em uma mesma sala de aula, uma senhora de 80 anos, analfabeta, que não ouve ou não enxerga direito e com um raciocínio mais lento, junto com uma mulher de 30 anos, com pós-graduação.

O ideal seria montarmos um currículo, com vários níveis, começando no nível inicial para pessoas com baixa escolaridade e que não têm conhecimento bíblico, avançando até chegar a uma formação teológica. Sei que muita gente poderia achar que isso é discriminação, mas, não é.

Nas classes de discipulado, temos um sistema melhor, pois, temos duas revistas com as principais doutrinas bíblicas. Os novos convertidos precisam de um acompanhamento, como uma criança que está aprendendo a falar e a dar os primeiros passos.

As classes de discipulado são muito importantes para um ensino geral dos temas bíblicos. Mas, precisamos mudar um pouco a linguagem, escrever textos mais claros, com mais ilustrações, voltados para quem nunca teve contato com a Bíblia e preparar os nossos professores para isso. 

As nossas revistas, infelizmente são recheadas de termos teológicos técnicos, que até um professor experiente, se não for formado em teologia, terá dificuldades para entendê-los.

Um exemplo claro disso são as literaturas das Testemunhas de Jeová. Eles propagam as heresias deles usando muitas figuras, letras grandes, perguntas e respostas e não tratam de temas polêmicos em seus materiais de proselitismo. 

Nas classes de crianças, juniores, adolescentes e juvenis já temos o modelo por ciclos. Precisa apenas simplificar a linguagem e usar mais recursos audiovisuais e dinâmicas em classe, pois, eles não suportam muito tempo de aulas expositivas, como nas classes de adultos. 

Na CPAD há muitos ensinadores que são mestres em pedagogia e letras. Eles devem saber perfeitamente, que um ensino para ser eficiente, deve ser composto de fases ou módulos. Sendo assim, deveriam elaborar um trimestre de estudos como continuidade do outro.

Não sei se estes especialistas não são ouvidos pelas lideranças da Igreja, ou se não tem autonomia para isso. O fato é que precisamos reavaliar os nossos currículos, metodologia de ensino e promover mudanças profundas em todos os currículos. 

Vamos imaginar uma pessoa completamente analfabeta, participando de uma aula em uma universidade. Qual seria o resultado disso? Imaginemos alguém que não sabe as quatro operações fundamentais da aritmética, tendo contato com equação do segundo grau, expressões algébricas, etc. O resultado seria desastroso!

A mesma coisa está acontecendo em nossa Escola Dominical. Muitos irmãos a frequentam, mas não entendem muita coisa, porque não seguem uma educação bíblica continuada. 


Deus nos abençoe!


Weliano Pires

Presbítero e professor da Escola Dominical, na Assembleia de Deus, Ministério do Belém, em São Carlos-SP

17 março 2021

Lição 12 – A Urgência do Discipulado

 


TEXTO ÁUREO:

“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mt 28.19)


VERDADE PRÁTICA:

“Chamamos de discipulado na fé o aprendizado de um discípulo por meio de seu mestre, na igreja, para ajudar a desenvolver o seu crescimento espiritual.”


HINOS SUGERIDOS: 75, 302, 556 da Harpa Cristã


LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Mateus 28.16-20; Atos 2.42-47


Mateus 28

16 – E os onze discípulos partiram para a Galiléia, para o monte que Jesus lhes tinha designado.

17 – E, quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.

18 – E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra.

19 – Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;

20 – ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos. Amém!

 

Atos 2.42-47

42 – E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.

43 – Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos.

44 – Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum.

45 – Vendiam suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha necessidade.

46 – E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração,

47 – louvando a Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à igreja. 


REVISÃO DA LIÇÃO ANTERIOR:


Na semana passada, estudamos sobre o compromisso da Igreja com a evangelização do mundo. A evangelização é um compromisso da Igreja com Deus e deve ser tratada como prioridade por ela. Vimos que a evangelização não é um detalhe ou uma alternativa para a Igreja, mas é uma ordem de Jesus para a Sua Igreja. 

Aprendemos o significado da palavra Evangelho, que é “boa notícia”. Falamos de Jesus como o único Salvador e da Igreja como a agência exclusiva e legítima da evangelização. 

Falamos também sobre a questão do alcance da Obra expiatória de Cristo, abordando as teses calvinista e arminiana e explicando o significado de expiação limitada e ilimitada. 

Por último, falamos sobre os desafios da Igreja atual na evangelização local, onde ela está situada, e também sobre as missões nacionais e transculturais. Tanto a Igreja do primeiro século, quanto o Movimento Pentecostal iniciado na Rua Azuza nos Estados Unidos, eram muito atuantes na evangelização local e nas missões transculturais. 


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12


O tema da lição desta semana é: A urgência do discipulado. A palavra discipulado não é bem vista no meio secular, principalmente nos círculos pedagógicos. Há um fastio atualmente em relação ao fato de haver quem ensine e quem aprenda. Em algumas ideologias, isso é visto como opressão. Muitos pedagogos preferem discutir com o aluno, em pé de igualdade, comparando o conhecimento de ambos. 

A lição desta semana é uma continuação da lição anterior, pois, o discipulado é a sequência da evangelização, quando a pessoa aceita a Cristo como Salvador. Muitos crentes acham que, se uma pessoa levanta a mão no final do culto dizendo que quer aceitar a Jesus, aquela pessoa foi “ganha para Cristo”. Mas, isso é um grande equívoco. 

Segundo o saudoso evangelista americano, Billy Graham, a decisão de seguir a Cristo representa apenas 5% no processo de salvação. Os outros 95% estão em permanecer seguindo a Cristo. De fato, muitas pessoas que se decidiram em nossas Igrejas não permaneceram. Na maioria dos casos, pela falta de um discipulado e acompanhamento eficientes, por parte da Igreja local. 

Estudaremos no primeiro tópico desta lição o conceito bíblico de discipulado, falaremos sobre o conceito de discípulo na Bíblia e sobre a grande comissão, que Jesus incumbiu à Sua Igreja em Mateus 28.19. Por último falaremos da educação Cristã, destacando os currículos dos cursos teológicos.

No segundo tópico vamos falar do tripé do discipulado: Palavra, comunhão e serviço. A Palavra de Deus é a autoridade suprema para o discipulado, como já vimos em lições anteriores. A palavra grega “koinonia”, “comunhão”, significa compartilhar momentos e situações boas ou más, com os irmãos, ter tudo em comum. A última parte do tripé do discipulado é o serviço (grego “diakonia”). Esta palavra significa serviços espirituais, prestados à Igreja como pregar, orar, exortar, servir a ceia, etc. 

No terceiro e último tópico, falaremos sobre a  relação entre o discipulado e o crescimento sadio da Igreja. Se um novo convertido não for bem discipulado, mesmo que ele permaneça na Igreja, será sempre um crente imaturo e problemático. 

O ponto central desta lição é: Discipular é atuar no crescimento e desenvolvimento do cristão. 


I – O QUE É O DISCIPULADO


A palavra discípulo não é muito comum atualmente, fora do meio religioso. Hoje utiliza-se muito a palavra seguidor, aluno ou aprendiz. Mas, nos tempos do Novo Testamento era. Tanto os rabinos judaicos, quanto os filósofos gregos tinham seus discípulos. João Batista e Jesus também tinham os seus discípulos. (Mt 5.1; João 1.35; Lc 7.18;18). Discipulado é a arte de fazer discípulos, ou convencer alguém a seguir os nossos ensinos e a nos imitar. É importante destacar, no entanto, que Jesus nos comissionou a fazer discípulos para Ele e não para nós mesmos. 


1. O discípulo. A palavra discípulo em grego é "mathetes", que significa um aprendiz ou aquele que segue um mestre para aprender os seus ensinos. Esta palavra é encontrada exclusivamente nos Evangelhos e no livro de Atos dos apóstolos. 

Jesus deixou três requisitos principais para alguém se tornar seu discípulo em Marcos 8.34:


a. Negar-se a si mesmo. Todos nós nascemos com uma natureza corrompida pelo pecado, que deseja fazer coisas que não agradam a Deus. Para ser discípulo de Jesus é preciso renunciar aos próprios anseios e fazer a vontade dele.

b. Tomar a sua cruz. A cruz significa vergonha, sofrimento e morte. Ser discípulo de Jesus implica em se tornar inimigo do mundo e seu sistema maligno. É uma atividade de alto risco. 

c. Seguir a Jesus. Os primeiros discípulos de Jesus abandonaram todas as suas atividades para segui-lo. Um discípulo de Jesus é um seguidor dele e não pode amar nada, nem ninguém mais do que a Ele. Precisa estar disposto a abandonar ou perder qualquer coisa por amor a Ele. 


Será que estamos nos comportando como discípulos autênticos de Jesus? Estamos muito ou pouco parecidos com Ele? Em que medida o meu caráter se parece com o de Cristo? Os valores que o Senhor Jesus nos estimula viver são impossíveis de realizar? São perguntas para nossa reflexão.


2. A Grande Comissão (Mt 28.18-20). Quando falamos da grande comissão, estamos nos referindo à missão que Jesus delegou aos seus discípulos, após a sua ressurreição. Antes Jesus reafirmou a sua Onipotência: "É-me dado todo poder no Céu e na terra". 


Nesta grande comissão, Jesus deu as seguintes ordens aos seus discípulos:


a) Fazer discípulos. O verbo grego aqui é "mathēteuō". A versão Almeida Revista e Corrigida traduziu este verbo por "ensinai" e a versão Revista e Atualizada traduziu por "ensinai". Isso significa discipular, ou ensinar as pessoas a serem discípulos de Jesus.

b) Batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O batismo e a Ceia do Senhor são duas ordenanças de Cristo à Igreja. Muitas pessoas tentam minimizar a importância do batismo. Mas, quando Jesus mandou os discípulos pregarem o Evangelho, mandou também batizar. O batismo não salva, mas, ele é uma demonstração pública de que a pessoa morreu para o pecado e nasceu de novo. Na ordem de Jesus, fazer discípulo vem antes de batizar. Isso significa que não se deve batizar quem ainda não se converteu. Jesus também nos ensina a fórmula batismal: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Os unicistas tentam mudar isso, usando como pretexto as palavras do apóstolo Pedro em Atos dos apóstolos. Mas, o que Pedro quis dizer é que o batismo deve ser feito na autoridade do nome de Jesus. Não se trata de uma fórmula batismal. 

c) Ensinar a guardar tudo o que Ele mandou. Refere-se aos pontos doutrinários que Jesus ensinou. O livro de Atos mostra os apóstolos no cumprimento dessa palavra (At 2.42; 4.1,2; 5.21,28). A Igreja tem a obrigação de ensinar sistematicamente as doutrinas bíblicas aos novos crentes, para que eles estejam firmados na Palavra de Deus e não bem doutrinas humanas. 

d) Jesus garantiu a sua presença nessa comissão até o fim. Jesus é o fundamento da Igreja. Ele disse que "sem Ele, nada poderíamos fazer" (Jo 15.4). Jesus subiu ao Céu, mas, não nos deixou órfãos. Ele continua conosco, na Pessoa do Espírito Santo, nos guiando, protegendo e fazendo a obra de salvação. Nós somos apenas instrumentos dele, mas, é Ele que opera tudo em todos. 


3. A educação cristã. Tão importante quanto o evangelismo e o discipulado, é o ensino sistemático das doutrinas bíblicas. O crente não pode estacionar e ficar a vida inteira como se fosse um novo convertido. A Igreja deve promover o ensino da Palavra de Deus, não apenas na Escola Bíblica Dominical, mas também em seus cultos de ensino, seminários e cursos teológicos. 

Eu costumo dizer que todo crente deveria fazer pelo menos um curso básico em teologia, pois, neste curso o aluno aprende as seguintes matérias: Teontologia, que é o estudo sobre Deus; Cristologia, estudo sobre Cristo; Pneumatologia, estudo sobre a pessoa e obra do Espírito Santo; Bibliologia, estudo sobre a estrutura e formação da Bíblia; Antropologia, estudo sobre o ser humano do ponto de vista bíblico; Hamartiologia, estudo sobre o pecado; Soteriologia, estudo sobre a salvação; Angelologia, estudo sobre os anjos, sua natureza e missão; Escatologia, estudo sobre os últimos acontecimentos da humanidade; Eclesiologia, estudo sobre a Igreja e sua missão; Hermenêutica, estudo sobre interpretação de textos bíblicos; Homilética, estudo sobre as técnicas para se falar em público, que ajuda o crente a elaborar sermões e pregar com eficiência; Missiologia, estudo sobre missões e outras. Estas são as matérias principais de um curso básico em teologia. Alguns cursos têm outras matérias suplementares. 


O fato é que estes estudos irão levar o crente a se aprofundar no conhecimento bíblico para melhor servir ao Senhor. Evidentemente, isso não dispensa as práticas das disciplinas espirituais como a oração, meditação bíblica e jejum. Pedro nos recomendou a crescer na Graça e no Conhecimento (2 Pe 3.18). Através das disciplinas espirituais, crescemos em graça e através do estudo bíblico, crescemos no conhecimento. Um não anula o outro, ambos se completam.


No caso dos obreiros e professores da Escola Dominical é recomendado, no mínimo, o curso médio, que além dessas matérias citadas acima, contém outras matérias direcionadas para o exercício ministerial, como Ética Cristã, Ética pastoral, Aconselhamento bíblico, História da Igreja, Teologia do Antigo e do Novo Testamento, Arqueologia bíblica, Heresiologia, entre outras.


II – O TRIPÉ DO DISCIPULADO: PALAVRA, COMUNHÃO E SERVIÇO

O discipulado na Igreja Primitiva se sustentava em três pilares: a Palavra de Deus Doutrina do Apóstolos), a comunhão entre os irmãos (Koinonia) e os serviços espirituais prestados à Igreja. (Diakonia). Este modelo continua válido e a Igreja que o adotar, formará um cristianismo saudável. 


1. A Palavra. A Palavra de  Deus tem autoridade suprema na Igreja Cristã. Já estudamos em lições anteriores que um dos pilares da Reforma Protestante era o “Sola Scriptura”. Isto significa dizer que a Palavra de Deus é o nosso único manual de fé e conduta. Sendo assim, todo ensino em Igreja evangélica deve estar obrigatoriamente fundamentado na Bíblia Sagrada. Nas seitas, isso não acontece. Algumas religiões afirmam crer na Bíblia, mas a colocam em igualdade, ou até inferior à palavra do seu líder ou aos seus escritos. 

Os primeiros discípulos “perseveravam na doutrina dos apóstolos” (At 2.42a). Os apóstolos eram os responsáveis por ensinarem a Palavra de Deus ao povo e não abriam mão disso (At 6.3). Infelizmente, em nossos dias, muitos pastores deixam a Palavra de Deus para se ocuparem com outras atividades como construções, tesouraria, secretaria, música, política, empresas, etc. O ministério pastoral deve ser voltado para a pregação da Palavra de Deus, oração e o cuidado com as ovelhas do Senhor. Outras atividades secundárias da Igreja devem ser realizadas pelos diáconos, cooperadores e membros. 

O ensino dos apóstolos era baseado nas Escrituras do Antigo Testamento e nas revelações que recebiam diretamente do Espírito Santo. Nos dias dos apóstolos existia apenas o Antigo Testamento. As doutrinas voltadas para a Igreja ainda estavam em construção. Sendo assim, os apóstolos tinham autoridade dada por Jesus para doutrinar a Igreja em vários assuntos, sendo dirigidos pelo Espírito Santo. Não temos mais apóstolos em nossos dias com este perfil. A Palavra de Deus já está concluída e ninguém pode lhe acrescentar nada. Portanto, ninguém pode trazer ensino à Igreja com base em revelações. As únicas doutrinas válidas para a Igreja são as que estão na Palavra de Deus. Ninguém hoje em dia tem poder para acrescentar, retirar ou modificar alguma doutrina. Os Católicos romanos querem que a Palavra do Papa e o magistério da Igreja tenham o mesmo poder dos apóstolos bíblicos. Mas isso não tem nenhum amparo nas Escrituras. 

2. A Comunhão (At 2.42). A palavra grega koinonia, significa compartilhamento; parceria; associação próxima; unidade.  Comunhão é uma uniformidade realizada pelo Espírito Santo na vida dos crentes, que os une profundamente uns aos outros em qualquer circunstância. A Igreja é uma família, onde todos devem se alegrar juntos e também chorar juntos. (Rm 12.15).

No Antigo Testamento, a ideia de comunhão estava ligada ao relacionamento da pessoa com o seu próximo, conforme vemos no Salmo 133.1, e não com Deus. Um dos principais mandamentos da Lei era “Amarás o teu próximo com a ti mesmo”. Paulo disse que toda a Lei em relação ao próximo se resume neste mandamento: “Pois toda a Lei se resume num só mandamento, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Gl 5.14). O povo de Israel recebia ordens de Deus para serem generosos com os pobres, viúvas, órfãos e estrangeiros. 

A Igreja de Jerusalém também vivia em profunda comunhão (At 2.44). Nos primeiros dias da Igreja, quem tinha duas propriedades vendia uma e trazia o valor voluntariamente aos apóstolos, para socorrer os necessitados. Isso era feito sem nenhuma imposição ou apelação. Também não havia aproveitadores querendo se passar por necessitados para rever donativos da Igreja. Ananias e Safira tentaram enganar os apóstolos, fingindo que estavam doando o dinheiro de uma propriedade na íntegra, mas, entregaram somente uma parte. O Espírito Santo revelou a trama a Pedro e ambos foram fulminados por Deus. 

Esta união da Igreja de Jerusalém chamou a atenção das pessoas em todo o Império Romano. Muitas pessoas foram atraídas ao Cristianismo por conta desta união. Em nossos dias é a mesma coisa. A união dos crentes chama a atenção da comunidade onde a Igreja está situada e pode levar muitos à conversão. Infelizmente, o contrário também é verdade. Uma Igreja desunida afasta as pessoas do Evangelho. 

3. O Serviço. Há duas palavras gregas traduzidas por serviço: “Leitourgia”, de onde vem a palavra portuguesa liturgia, que significa servir publicamente em adoração religiosa; (At 13.2) e “Diakonia”, que deu origem à palavra portuguesa diácono, e significa servir às mesas (Jo 2.5,9) ou prestar assistência aos necessitados e enfermos (1 Tm 3.8,12; At 6.1-6; Rm 16.1). Era um trabalho realizado para alguém ou algo seguindo as suas instruções. 

No Antigo Testamento, serviço estava relacionado, na maioria das vezes, ao ofício dos sacerdotes no santuário e também a qualquer pessoa temente a Deus (Js 24.15). A palavra hebraica “Sharat”, usada em 1 Crônicas 15.2, refere-se às tarefas dos sacerdotes levando a arca e aos serviços dos levitas no templo. No Salmo 100.2, é usada a palavra “abad”, que significa servir, trabalhar ou realizar uma tarefa em lugar de outrem. Esta palavra também é usada por Isaías em relação ao Messias: Servo do Senhor  (Is 42). 

Na Igreja de Jerusalém, o serviço cristão estava relacionado à perseverança no ensino dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações (At 2.42-47). Então, serviço era o conjunto destas coisas. É importante destacar que ministro na Bíblia, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento significa aquele que serve e não aquele que manda ou que tem regalias. 


III – O DISCIPULADO E O CRESCIMENTO SADIO DA IGREJA


Um discipulado eficiente contribui não apenas para o crescimento espiritual, mas, contribui para o crescimento numérico da igreja. Cada obreiro tem uma chamada específica. Uns são chamados para iniciar trabalhos missionários, levando a Palavra de Deus aos perdidos. Outros, no entanto, são chamados para discipular, doutrinar e organizar as novas Igrejas. Ambos têm a sua importância no Reino de Deus. Na Igreja de Corinto, havia grupos facciosos que diziam: Eu sou de Paulo, eu sou de Pedro, eu sou de Apolo e outros diziam que eram de Cristo. Paulo os repreendeu, chamando-os de carnais e disse: "Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.” (1 Co 3:6).


1. O crescimento espiritual.  As pessoas que aceitam a Cristo vem de uma vida de pecado com idéias e costumes mundanos. São pessoas que vieram de outras religiões, ou que não tinham religiões e viviam segundo o curso deste mundo. Em Éfeso, Paulo notou que alguns crentes ainda mantinham os velhos costumes e os orientou dizendo: “E digo isto, e testifico no Senhor, para que não andeis mais como andam também os outros gentios, na vaidade da sua mente.” (Ef 4:17). Infelizmente, há alguns pastores que acham que não se deve orientar os novos convertidos, para que eles não saiam da Igreja. Com isso, eles não crescem espiritualmente e não abandonam o pecado. 


Através do discipulado, os novos convertidos recebem instruções bíblicas para uma nova vida. O discipulado leva o novo crente a crescer em Graça e Conhecimento, tornando-o espiritualmente maduro e sadio. As pessoas vêm a Cristo do jeito que estão. Mas, não podem continuar assim e só serão transformados mediante o ensino bíblico, confrontando o seu estilo de vida com os padrões da Palavra de Deus.


2. O crescimento numérico. O discipulado também leva as Igrejas a se multiplicarem. “Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia e Samaria tinham paz, e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do Senhor e consolação do Espírito Santo.” (At 9.31). Saulo, logo após a sua conversão, procurou se juntar aos discípulos em Jerusalém, mas eles o temiam, não crendo que tivesse se convertido. Mas, Barnabé o acolheu e o levou aos apóstolos, contando como foi a sua conversão. A partir daí, Saulo falava ousadamente da Palavra de Deus e disputava com os judeus, convencendo-os publicamente, pelas Escrituras, que Jesus era o Messias. Discutia também com os gregos, e lhes anunciava o Evangelho com muita sabedoria. A Igreja de Jerusalém o enviou a Tarso, sua terra  natal e em toda a região, as Igrejas eram edificadas pela Palavra de Deus e se multiplicavam. 


Em Samaria também, Filipe o evangelista evangelizou. Muitas pessoas se converteram a Cristo. Pedro e João foram enviados para lá, a fim de discipular os novos crentes. (At 9.8). Até um antigo mágico, chamado Simão, que havia na cidade, se converteu. Porém, não conhecia de fato o Evangelho e achava que algum tipo de mágica. Chegou ao ponto de oferecer dinheiro a Pedro, em troca dos dons do Espírito Santo e foi repreendido. Por isso, a prática de se vender bênçãos de Deus é chamada de “simonia”. 


Em sua terceira viagem missionária, Paulo passou pelas províncias da Galácia e Frígia, confirmando os discípulos e instruindo-os. Depois, chegou a Éfeso e encontrou um eloquente nas Escrituras, chamado Apolo, que conhecia apenas o batismo de João. Paulo e o casal Priscila e Áquila o instruíram a respeito de Cristo e da Doutrina do Espírito Santo. Chegando a Éfeso, Paulo encontrou um grupo de doze crentes e perguntou-lhes se já haviam recebido o Espírito Santo quando creram. Eles responderam que, sequer sabiam da existência do Espírito Santo e eram batizados apenas no batismo de João. O apóstolo lhes explicou que João pregou o batismo para arrependimento e disse que após ele, viria o Cristo. Depois disso, impôs as mãos sobre eles e foram batizados no Espírito Santo. Paulo passou três anos em Éfeso, discipulando a Igreja e orientando os obreiros. (At 18.22,23; 19.1; 20.31). Isso foi fundamental para que esta Igreja se tornasse uma Igreja doutrinariamente ortodoxa, embora depois tenham se afastado do primeiro amor. (Ap 2.2). Os primeiros ensinos a um novo convertido são determinantes para a sua vida cristã. Se aprender corretamente a tendência é que se mantenha assim. Mas se aprender errado ou não aprender, será sempre um crente imaturo e problemático. 


3. O exemplo da igreja de Antioquia da Síria. Após a grande perseguição que se levantou sobre a  Igreja de Jerusalém, depois do Pentecostes, os discípulos foram dispersos. Eles fugiram de Jerusalém para escapar da perseguição, mas, onde chegavam, anunciaram o Evangelho. Entretanto pregavam apenas aos Judeus. Alguns crentes de Chipre e Cirene chegaram a Antioquia da Síria, anunciaram o Evangelho e muitos gentios se converteram. (At 11.20). A Igreja de Jerusalém, quando ficou sabendo que muita gente havia se convertido em Antioquia, enviou Barnabé para lá, a fim de discipular os novos crentes. (At 11.22-24). Barnabé chegando a Antioquia, alegrou-se com a multidão de convertidos e foi a Tarso buscar Saulo, que era um mestre na Palavra, para auxiliá-lo nesta tarefa. (At 11.25). Barnabé e Saulo permaneceram durante um ano, ensinando a Palavra de Deus nesta cidade, que depois se tornou uma Igreja missionária, enviando Barnabé e Saulo para fazer missões pelo mundo. (At 11.26; 13.1-4). 


CONCLUSÃO


Discipular quem nasce de novo é um mandamento bíblico. Desde o início da sua conversão, o novo crente deve ser ensinado, com muito amor e cuidado, para desenvolver a sua nova identidade. Os crentes só alcançarão a maturidade, a fé genuína e só produzirão frutos se a Igreja local tiver um discipulado eficiente. O discipulado é como a alfabetização das crianças na escola. Se a criança não tiver uma boa alfabetização, nunca chegará à faculdade e se chegar terá sérios problemas. Ignorar o discipulado é comprometer seriamente a saúde espiritual da Igreja. É importante destacar que o discipulado não é tarefa apenas do pastor da Igreja, dos professores e da classe de discipulado. Todos os membros da Igreja precisam estar comprometidos com esta importante tarefa. 


Pb. Weliano Pires

Assembléia de Deus

Ministério do Belém

São Carlos - SP


REFERÊNCIAS:


LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD. 1° Trimestre de 2021.

ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD. 1° Trimestre de 2021.

SILVA, Rayíran Batista da. O Discipulado Eficaz e o Crescimento da Igreja. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, pp.35,39.

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