22 junho 2023

A VIDA SOCIAL DE JESUS

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 13: A amizade de Jesus com uma família de Betânia)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos sobre a vida social de Jesus. Conforme falamos na lição passada, o Senhor Jesus não era um ser humano antipático e antissocial, que vivia isolado no mundo. Ele tinha carisma e se compadecia das pessoas. Era muito criticado pelos fariseus, justamente por ter amizade com pessoas que eram desprezadas pela sociedade israelita. Falaremos ainda neste tópico sobre a hospitalidade da família de Marta, Maria e Lázaro, que sempre recebia o Senhor Jesus em sua casa. Por último, falaremos da amizade e carinho desta família para com o Mestre. Maria tinha profundo amor pelo Senhor e se assentava para ouvir os seus ensinos; Marta, por sua vez, se esforçava nos afazeres de casa para oferecer-lhe uma boa refeição; e Lázaro era chamado pelo próprio Jesus de “o nosso amigo”.

1- Jesus foi um ser social. Sempre houve ao longo da história da Igreja, muita dificuldade para se compreender a pessoa de Cristo. Quando andava com os seus discípulos, certa vez Jesus perguntou: Quem dizem os homens que Eu sou? Os discípulos responderam: Uns dizem que é Elias, outros que é João Batista, Jeremias, ou algum dos profetas. Jesus perguntou, então: E vocês, o que acham? Pedro, recebeu a revelação do Espírito Santo e disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo. (Mt 16.13-16). Naquele momento, Eles não compreendiam quem, de fato, era Jesus. Depois, nas Epístolas e no Apocalipse, foi esclarecido melhor.

 Por causa do desconhecimento em relação à natureza de Cristo, muitas heresias surgiram. O gnosticismo negava a humanidade de Jesus e ensinava que Ele era um “aeon”, uma espécie de entidade que emanava de Deus, mas, não era humano. De forma semelhante, o docetismo afirmava que o corpo de Jesus tinha apenas aparência humana. O arianismo, ao contrário, negava a divindade de Jesus e dizia que Ele era um ser criado, que se tornou homem, mas não era Deus.

 Diferente destas heresias acima, Jesus é plenamente Deus e plenamente homem. Mas aí surge outra dúvida: como conciliar as duas naturezas, divina e humana? Neste sentido surgiu outra heresia, no século IV, chamada de Apolinarismo, defendida por Apolinário, bispo de Laodicéia (310-390), que pregava que Cristo era divino mas não humano. Segundo Apolinário Jesus Cristo não possuía uma alma racional humana, a alma divina (Logos) teria tomado o lugar da alma humana. Surgiu também outra heresia chamada eutiquianismo, defendida por um monge de Constantinopla chamado Eutiques. Segundo Eutiques, a natureza divina de Cristo absorveu a natureza humana e Cristo teria apenas uma natureza após a união, que é a divina.

 Nos concílios de Constantinopla (381 d.C.) e de Calcedônia (451 d.C) foram condenadas, respectivamente, o nestorianismo e o eutiquianismo. As lideranças da Igreja estabeleceram, à luz das Escrituras, a doutrina da União Hipostática, que afirma que Cristo possui duas naturezas distintas, a humana e a divina, que se unem na única pessoa de Cristo. Portanto, Ele é plenamente Deus e plenamente humano.

 Por não compreenderem a humanidade de Jesus, muitos pensam que Ele viveu neste mundo como se fosse um anjo ou um monge, isolado da vida social. Mas não é bem assim. É verdade que Jesus viveu como o homem perfeito e nunca pecou. Mas ele nasceu, cresceu e viveu com um ser humano normal, trabalhando, dormindo, se alimentando e tinha um vida social exemplar, na sociedade em que viveu. Somente a partir dos 30 anos, ele deixou a casa dos seus pais em Nazaré e dedicou-se ao ministério terreno que o Pai lhe comissionou. A partir daí, Ele foi batizado, chamou os discípulos e passou a pregar o Evangelho e operar os sinais e maravilhas.

 2- Uma casa hospedeira. Mesmo após o início do seu ministério terreno, Jesus continuou tendo amigos. Os próprios discípulos foram chamados por Ele de amigos. Esta família de Betânia eram amigos muito próximos de Jesus. Depois que iniciou o seu ministério, com vários discursos públicos, muitas curas divinas, expulsão de demônios e até ressurreição de mortos, a fama de Jesus se espalhou por toda a região. Por causa disso, Ele não teve mais sossego. Onde as multidões descobriam que Ele estava, iam atrás, em busca de curas e milagres. Outros o seguiam, porque imaginavam que Ele seria o libertador de Israel do domínio romano.
 

Embora tenha nascido em Belém, na Judéia, Jesus cresceu em Nazaré e na idade adulta mudou-se para Cafarnaum, outra cidade da Galiléia. Como o seu ministério era itinerante, quando vinha para Jerusalém e toda a região da Judéia, necessitava de hospedagem. As viagens naquela época eram feitas a pé, a cavalo, ou em navegações através de barcos primitivos. Quem viajava a pé, por exemplo, fazia em média 25 a 30 quilômetros por dia. Considerando que a distância da Galiléia a Jerusalém é de aproximadamente 130 km, uma viagem de Cafarnaum a Jerusalém durava 5 dias em média.
 

A aldeia de Betânia ficava ao oriente de Jerusalém, próximo ao Monte das Oliveiras. A distância entre Jerusalém e Betânia era de oito estádios (Jo. 11.18), que equivale a três quilômetros. Uma pequena aldeia,  a três quilômetros de Jerusalém, era o lugar ideal para Jesus se hospedar, depois de longas caminhadas e dias exaustivos, com multidões atrás dele e muitos embates com os escribas e fariseus.

3- Jesus foi recebido por essa família. Na pequena aldeia de Betânia, Jesus encontrou além de um lugar aconchegante e um pouco afastado das multidões, uma família de amigos que eram tementes a Deus e o amavam. Marta, Maria e Lázaro, hospedaram Jesus em sua casa e desfrutavam da sua agradável companhia. Cada um deles demonstrava a sua devoção e amor ao Mestre à sua maneira. Marta, preparava deliciosas refeições e servia a mesa. Maria fazia-lhe companhia, ouvia os seus ensinos e derramou um perfume caríssimo nos pés e na cabeça do seu amado Mestre. O texto não diz nada sobre a forma que Lázaro o servia, mas diz que Jesus o amava e o chamava de “amigo”.

Hospedar não é o mesmo que receber uma visita de um amigo especial. A hospitalidade para com os seus compatriotas viajantes era algo comum em Israel naqueles tempos. Entretanto, uma recepção a um amigo que vinha visitar era algo diferenciado e prazeroso para o dono da casa. Quando o visitante chegava cansado da viagem, era oferecido água para lavar os pés, ósculo e ungia o cabelo com óleo que os deixava mais lisos e perfumados. Podemos notar isso no questionamento de Jesus a Simão, o leproso, que reclamou que Maria estava desperdiçando perfume (Lc 7.46).

Jesus não deve ser apenas um hóspede como outro qualquer em nossa casa. Ele é o nosso melhor amigo, o visitante mais ilustre e deve ser recebido com a máxima honra e, mais ainda, com adoração e louvor, pois Ele é Deus. Quem ama a Jesus de verdade, faz o melhor para Ele e quer estar sempre em sua companhia, ouvindo os seus ensinos ou servindo-o.
 

REFERÊNCIAS:
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 219-222.
LOPES, Hernandes Dias. João: As glórias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pág. 316-317; 399.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 2. pag. 546.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: Mateus a João. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 938
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Lucas. Editora Cultura Cristã. pag. 716-717.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pag. 397.

20 junho 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: A AMIZADE DE JESUS COM UMA FAMÍLIA DE BETÂNIA


Ev. WELIANO PIRES


REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada falamos do desenvolvimento saudável da criança no ambiente familiar, tomando como base, o exemplo positivo da família terrena de Jesus. A família de Jesus aqui na terra era constituída pelos pais, José e Maria, por quatro irmãos e mais de uma irmã, pois no texto de Marcos 6.3 aparece a expressão “suas irmãs”, no plural. 


No primeiro tópico, falamos sobre a família de Jesus. Ele nasceu e cresceu em uma família normal como qualquer outra de Israel. A sua concepção, no entanto, foi obra do Espírito Santo e o seu nascimento foi virginal. Fizemos também uma abordagem panorâmica sobre a família terrena de Jesus, trazendo os dados gerais sobre a família de Jesus e as informações bíblicas que dispomos sobre os seus irmãos. 


No segundo tópico, falamos sobre o modo de criação de Jesus. Ele era um filho especial, pois é o Filho de Deus, o Messias prometido a Israel e o Salvador do mundo. Mesmo sabendo que Jesus era um filho especial, José e Maria nunca trataram os demais filhos com desprezo e souberam administrar as diferenças. Por último, falamos sobre as poucas informações bíblicas que temos sobre a infância, adolescência e juventude de Jesus.


No terceiro tópico, falamos sobre o tríplice desenvolvimento de Jesus em sua infância. Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça para com Deus e os homens (Lc 2.52). Jesus crescia em sabedoria, no sentido de manter uma intimidade com o Pai. Ele crescia também em estatura, pois teve um desenvolvimento físico saudável. O seu crescimento em graça diante de Deus está relacionado com a consciência que Ele tinha, quanto à sua natureza e missão. Mas, ele crescia em graça também diante dos homens, pois não era um ser anti social e antipático, que se isolava das pessoas. Jesus tinha carisma e se compadecia das pessoas, principalmente das camadas mais pobres e desprezadas da sociedade.


LIÇÃO 13: A AMIZADE DE JESUS COM UMA FAMÍLIA DE BETÂNIA


Com a graça de Deus, chegamos ao final de mais um trimestre de estudos em nossa Escola Bíblica Dominical. Foram lições muito importantes, sobre problemas corriqueiros que acontecem nos relacionamentos familiares, tendo como base exemplos de personagens bíblicos. 


Estudamos neste trimestre sobre os seguintes assuntos:  


  • Quando a família age por conta própria

  • A predileção dos pais por um dos filhos

  • Ciúme, o mal que prejudica a família

  • Ídolos na família

  • Motim em família

  • Pais zelosos e filhos rebeldes

  • O relacionamento entre nora e sogra

  • A importância da paternidade na vida dos filhos

  • Uma família nada perfeita

  • Quando os pais sepultam seus filhos

  • Os prejuízos da mentira na família

  • Criando filhos saudáveis

  • A amizade de Jesus com uma família de Betânia


Nesta última lição, falaremos a respeito da amizade de Jesus com a família de Marta, Maria e Lázaro, que eram de Betânia. Era uma família de pessoas tementes a Deus, que tinha o Senhor Jesus em grande estima e o hospedavam em seu lar, quando o Mestre por ali passava. 


No relato da doença, morte e ressurreição de Lázaro, João diz que “Jesus amava Marta, a sua irmã Maria e Lázaro.” (Jo 11.5). Quando soube que Lázaro estava doente. Jesus demorou ainda dois dias no lugar onde estava e, neste período, Lázaro morreu e foi sepultado. Na continuidade do texto, diz  também que Jesus disse aos seus discípulos: “Lázaro, o nosso amigo, dorme” (Jo 11.11). 


Finalmente, quando chegou a Betânia, estando Lázaro morto havia quatro dias, o Senhor Jesus viu as irmãs dele chorando, sentiu a dor da família de Lázaro e também chorou a sua morte (Jo 11.33,35). Esta sequência de acontecimentos, demonstram que havia uma amizade muito próxima entre o Senhor Jesus e esta família. 


No primeiro tópico, falaremos sobre a vida social de Jesus. Conforme falamos na lição passada, o Senhor Jesus não era um ser humano antipático e antissocial, que vivia isolado no mundo. Ele tinha carisma e se compadecia das pessoas. Era muito criticado pelos fariseus, justamente por ter amizade com pessoas que eram desprezadas pela sociedade israelita. Falaremos ainda neste tópico sobre a hospitalidade da família de Marta, Maria e Lázaro, que sempre recebia o Senhor Jesus em sua casa. Por último, falaremos da amizade e carinho desta família para com o Mestre. Maria tinha profundo amor pelo Senhor e se assentava para ouvir os seus ensinos; Marta, por sua vez, se esforçava nos afazeres de casa para oferecer-lhe uma boa refeição; e Lázaro era chamado pelo próprio Jesus de “o nosso amigo”. 


No segundo tópico, falaremos dos frutos da amizade com Jesus. O primeiro deles é a presença do Filho de Deus em sua casa. Felizes são aqueles que desenvolvem uma amizade com Jesus e permitem que Ele habite em sua casa. O segundo fruto é o desenvolvimento espiritual. Uma família que recebe Jesus em sua casa desenvolve um relacionamento espiritual mais profundo com Ele. O terceiro e último fruto da amizade com Jesus é o serviço em família. Cada um à sua maneira, Marta, Maria e Lázaro faziam a sua parte, a fim de agradar o Mestre e oferecer-lhe uma hospedagem digna e agradável. 


No terceiro tópico, falaremos de três lições importantes que aprendemos com a amizade da família de Betânia com o Senhor Jesus. Primeiro, temos uma relação de amor verdadeiro. A família de Betânia amava a Jesus e eram amados por Ele (Jo 11.5). Segundo, a compreensão mútua entre os membros de uma família. Marta e Maria eram diferentes. Enquanto Marta se dedicava mais aos afazeres domésticos, Maria preferia oferecer a Jesus a receptividade e atenção. Mas ambas procuravam fazer o melhor para o Senhor. Por último, aprendemos que devemos ter moderação nas atividades para não prejudicar a adoração e a vida espiritual. O ideal é ter equilíbrio para que uma coisa não prejudique a outra. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 218-227.

LOPES, Hernandes Dias. João: As glórias do Filho de Deus. Editora Hagnos. pág. 294.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. 11 ed. 2013. pag. 136.


17 junho 2023

O TRÍPLICE DESENVOLVIMENTO DE JESUS


(Comentário do 3º tópico da Lição 12: Criando filhos saudáveis).

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre o tríplice desenvolvimento de Jesus em sua infância. O texto de Lucas 2.52 nos informa que o menino Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça para com Deus e os homens. A educação de Jesus foi igual ou inferior à de outras crianças de Nazaré, pois os seus pais eram pobres e não tinham condições de pagar um professor para lhe ensinar. Ele crescia em sabedoria, no sentido de manter uma intimidade com o Pai. Jesus crescia também  estatura, ou seja, teve um desenvolvimento físico saudável. O seu crescimento em graça está relacionado com a consciência que Ele tinha, quanto à sua natureza e missão. 


1- Jesus crescia em sabedoria. A primeira área de crescimento de Jesus foi a sabedoria. Lucas a destacou antes mesmo da estatura, pois tinha em mente que a sabedoria era mais importante nas relações de Jesus com o Pai celestial. Desde cedo é preciso ensinar às crianças os valores familiares, sociais e espirituais. As crianças precisam aprender a respeitar os pais, os irmãos e as demais pessoas. Também é preciso ensinar-lhes os princípios da Palavra de Deus, para que eles aprendam a amar e servir a Deus. 


Devido à relação que há entre conhecimento e sabedoria, muitas pessoas acabam confundindo e acham que são a mesma coisa. É comum as pessoas dizerem que alguém é sábio em virtude do seu grau de instrução, ou depois de ouvir um discurso eloquente. Entretanto, isso é um grande equívoco. Há pessoas detentoras de muito conhecimento que não são sábias. Por outro lado, há pessoas com pouca instrução que tem sabedoria.   


O conhecimento é um instrumento que pode conduzir a pessoa a agir sabiamente, assim como a ignorância pode levar alguém a agir de forma tola, não por maldade, mas por desconhecimento. Jesus disse: “Errais, não conhecendo as Escrituras e o Poder de Deus.” (Mt 22.29). Por outro lado, os escribas e fariseus conheciam as Escrituras profundamente, mas, não eram sábios. Sobre isso, Jesus também falou: “Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as fizerdes.” (Jo 13.17).


Segundo o Dicionário bíblico VINE, publicado pela CPAD, em termos gerais, a sabedoria, no contexto do Antigo Testamento, “é o conhecimento e a habilidade de fazer escolhas certas no momento oportuno.” A consistência de fazer a escolha certa é indicação de maturidade e desenvolvimento. No grego, que é o idioma do Novo Testamento, a palavra “sophia” é a palavra geral para todos os tipos de sabedoria, seja divina ou humana. 


Deus é a fonte da verdadeira sabedoria.Ele é sábio em sua essência e somente Ele pode conceder a verdadeira sabedoria. O profeta Daniel, após receber de Deus a revelação de um segredo que o rei Nabucodonosor exigia, sob pena de morte, exclamou: “Seja bendito o nome de Deus de eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força!” (Dn 2.20). 


No mesmo sentido, o apóstolo Paulo concluiu a sua Epístola aos Romanos: “Ao único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre.” (Rm 16.27). Do ponto vista bíblico, os sábios são aqueles que temem a Deus. Tanto em Salmos quanto em Provérbios é dito que o "O temor a Deus é o princípio da sabedoria". (Sl 111.10; Pv 1.7; 9.10). 


Se queremos que os nossos filhos cresçam em sabedoria, o caminho inevitável é ensiná-lhes a Palavra de Deus, para que eles busquem e temam a Deus. Somente assim alcançarão um coração sábio. Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo disse: “...Desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” (1 Tm 3.15).


2- Jesus crescia em estatura. Precisamos aprender com o exemplo de José e Maria a cuidarmos dos nossos filhos de forma responsável, em todas as áreas, desde o pré-natal. Durante a gravidez, as mães precisam tomar diversos cuidados tanto com a própria saúde, como a do bebê. Nesta fase também é importante que os pais vivam um clima harmonioso, pois as emoções da mãe podem afetar a saúde do bebê. 


Após o nascimento e nos primeiros anos da infância as crianças necessitam de muita dedicação, amor e cuidado dos pais. Precisam estar atentos com a alimentação e com os perigos de acidentes ou ingestão de coisas indevidas. Também é necessário cuidar das vacinas e levar regularmente ao pediatra, para acompanhar o crescimento e a saúde do bebê. 


Na infância, as crianças estão em fase de aprendizado e formação do caráter. Por isso, os pais precisam ter paciência e persistência para ensiná-los a andar, falar, se alimentarem sozinhos, fazer a higiene bucal, tomar banho, etc. Infelizmente, há pais que são um obstáculo ao crescimento dos filhos, pois os tratam como se fossem eternas crianças e não lhes colocam limites ou regras. 


O corpo humano em fase de crescimento necessita de uma boa alimentação, de atividades físicas adequadas à idade e de descanso adequado. Não podemos deixar que os nossos filhos comam desordenadamente, que durmam somente na madrugada e até ao meio dia e que passem o dia inteiro deitados no sofá em frente à TV. Como o texto de Eclesiastes 3, há tempo para todas as coisas. As crianças precisam de tempo para brincar, mas precisam também ter a hora certa de se alimentar e de dormir. 


3- Jesus crescia em graça diante de Deus e dos homens. Crescer em graça é uma referência ao crescimento espiritual. Jesus crescia em graça diante de Deus. Isto é uma referência à sua consciência em relação à natureza messiânica e à missão que o Pai lhe enviou a fazer. Desde cedo, Ele entendeu que era o Filho de Deus, o salvador do mundo. Aos 12 anos, quando indagado pelos pais, porque havia sumido, deixando-os apreensivos à sua procura, Jesus respondeu: “Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lc 2.49).


Por outro lado, Jesus crescia em graça também diante dos homens. Ele não era um ser anti social e antipático, que se isolava das pessoas. Jesus tinha carisma e se compadecia das pessoas, principalmente das camadas mais pobres e desprezadas da sociedade, como as mulheres, os publicanos, os leprosos e pecadores em geral. Até as crianças vinham ter com ele e crianças não gostam de pessoas ranzinzas e antipáticas. Os ensinos de Jesus eram verdadeiros e confrontavam o pecado. Entretanto eram cheios de amor, carisma e autoridade. Ele atraía as multidões por onde passava, não apenas pelos milagres, mas também pelos seus sermões. 


Precisamos levar as nossas crianças ao crescimento espiritual, através da leitura das Escrituras e oração. Enquanto eles não sabem ler, podemos ler em voz alta para eles, contando histórias bíblicas, cantando hinos e orando. Depois que aprenderem a ler, eles mesmos devem conhecer a palavra de Deus e ter uma vida de oração. Infelizmente, há pais cristãos que não se preocupam com a vida espiritual dos filhos. Permitem que assistam todo tipo de filmes e novelas com mensagens satanistas e valores contrários à Palavra de Deus. Quando os filhos crescem e entram por caminhos errados, dizem que “não sabem onde erraram”.

 

4- Lições importantes. O desenvolvimento de Jesus na infância e adolescência foi completo. Ele cresceu emocionalmente (em sabedoria, fisicamente (estatura), espiritualmente (em graça diante de Deus) e socialmente (em graça diante homens). A vida de Jesus como ser humano é um exemplo para nós em todos os aspectos da nossa vida. Com a sua criação não é diferente. Os seus pais não o criaram como Deus, até porque não compreendiam à época que Ele é Deus. Ele foi criado com um menino judeu, segundo os princípios da Lei do Senhor. 


Jesus foi ensinado a ser um menino sábio e respeitoso. Em momento algum vemos Ele desrespeitando as autoridades, ou a qualquer pessoa. Ele também teve um crescimento físico adequado. Certamente aprendeu com os seus pais a boa alimentação e os cuidados pessoais. 


Os seus pais também não descuidaram do relacionamento com Deus. Jesus foi apresentado no templo ao oitavo dia, foi circuncidado e aos 12 anos estava no templo com os seus pais, nas festividades anuais de Israel. 


Por último, os seus pais lhe ensinaram a respeitar o próximo e ser um bom cidadão, Jesus tinha respeito pelas pessoas e carisma. Não zombava e não desprezava ninguém. Ele também cumpriu as suas obrigações como cidadão pagando impostos. Que possamos aprender com Maria e José a criar filhos saudáveis fisicamente, pessoas sábias, bons cidadãos e servos de Deus. 


REFERÊNCIAS: 

 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 207-212.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 2. pág. 40.

RIENECKER, Fritz. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança.

HENRY, Matthew. Novo Testamento: Mateus a João. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 538.

LOPES, Hernandes Dias. Lucas: Jesus o Homem Perfeito. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.


16 junho 2023

O MODO DE CRIAÇÃO DE JESUS

(Comentário do 2º tópico da Lição 12: Criando filhos saudáveis).

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre o modo de criação de Jesus. Ele era um filho especial, pois é o Filho de Deus, o Messias prometido a Israel e o Salvador do mundo. Os seus pais sabiam disso, pois o Anjo Gabriel lhes anunciou, antes do seu nascimento, embora não tivessem total compreensão da sua divindade. Mesmo sabendo que Jesus era um filho especial, José e Maria nunca trataram os demais filhos com desprezo e souberam administrar as diferenças. Veremos ainda neste tópico as poucas informações bíblicas que temos sobre a infância, adolescência e juventude de Jesus. 


1- Jesus, o filho especial. Conforme vimos no tópico anterior, a família de Jesus era uma família normal como qualquer outra de Israel. Entretanto, Ele era diferenciado, desde a sua concepção sobrenatural, pois foi gerado pelo Espírito Santo. O seu nascimento foi um parto natural, mas a sua mãe era virgem e, portanto, foi diferente. 


Os seus pais terrenos sabiam que havia algo de especial em seu filho primogênito, pois foram avisados pelo Anjo Gabriel, antes da sua concepção. Eles ainda não haviam se relacionado sexualmente e Maria recebeu o anúncio de que daria à luz um filho que salvaria o seu povo dos seus pecados. José quando soube da gravidez da noiva, pensou em desistir do casamento, mas o Anjo lhe apareceu em sonhos e disse para ele não fazer isso, pois aquela gravidez era uma obra do Espírito Santo. 


No período do nascimento de Jesus também muitas coisas especiais aconteceram. Primeiro, os pastores de Belém vieram para adorá-lo, depois que receberam o anúncio de que nascera na Cidade de Davi, o Salvador do mundo, que é Cristo, o Senhor. Eles estavam no campo, guardando os rebanhos, quando de repente foram cercados por um forte resplendor e ficaram atemorizados. Um anjo lhes deu a notícia do nascimento do Salvador e indicou o caminho onde o menino estava. 


Depois da sua apresentação no templo, o menino recebeu também a visita especial de um idoso chamado Simeão, ao qual havia sido revelado que não morreria, antes que visse a consolação de Israel. Quando ele viu o menino Jesus, tomou-o em seus braços e disse: "Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; pois já os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos". (Lc 2. 28-31). Da mesma forma, a profetisa Ana, uma mulher viúva de 84 anos, que servia a Deus diariamente com jejuns e orações, deu testemunho de Jesus a todos os que esperavam a redenção de Israel. 


Vieram também alguns magos do Oriente, guiados por uma estrela especial e trouxeram presentes para o menino: ouro, incenso e mirra. Depois disso, o Anjo ordenou que os seus pais fugissem para o Egito, pois Herodes tentaria matar o menino. Eles passaram dois anos no Egito e, depois da morte de Herodes, receberam a ordem de Deus para retornar à terra de Israel. 


Os seus pais viram todos estes acontecimentos e as palavras que se diziam a respeito do menino. Eles não compreendiam a dimensão do que seria o ministério de Jesus, pois muitas coisas só foram esclarecidas na sua idade adulta e outras somente após a sua ressurreição. Entretanto, eles sabiam que havia algo de muito especial com aquele filho. Mesmo assim, nunca trataram com desprezo os demais filhos. 


2- A infância de Jesus. Temos pouquíssimas informações na Bíblia sobre a infância de Jesus. Mesmo sendo o Filho de Deus, Ele tornou-se um ser humano normal e, como tal, passou por todas as fases da vida, exceto a velhice, pois Ele foi morto aos 33 anos. Ao terceiro dia, Ele ressuscitou e 40 dias depois subiu aos Céus. A maior parte dos registros sobre a vida terrena de Jesus se concentram no período dos 30 a 33 anos. 


Sobre a infância de Jesus sabemos que Ele nasceu em Belém de Judá, a cidade de Elimeleque, Boaz, Obede, Jessé e Davi. Embora José e Maria vivessem em Nazaré, na Galiléia, José era natural de Belém e, por causa do censo que fora determinado por César Augusto, eles tiveram que se deslocar até Belém, para fazer o alistamento, no período final da gravidez de Maria. Quando estavam em Belém, chegou o momento do parto. Eles não encontraram uma pousada em Belém e o nascimento de Jesus foi improvisado em um estábulo de animais. O menino foi envolto em panos e colocado em um coxo de colocar ração, chamado de manjedoura. O local do seu nascimento havia sido profetizado pelo profeta Miquéias que disse: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” (Mq 5.2).


Após o seu nascimento, sabemos também que os seus pais foram obrigados a fugir para o Egito com Ele, para escapar de Herodes que, sentiu-se ameaçado em seu reino e quando ouviu dizer que havia nascido o rei dos Judeus, mandou matar todos os meninos de Belém com menos de dois anos. 


José e Maria foram avisados antecipadamente e fugiram para o Egito. Assim, cumpriram mais uma profecia sobre Jesus que dizia: "Do Egito chamei o meu filho”. (Os 11.1; Mt 2.15). Após a morte de Herodes o Grande, que havia mandado matar os bebês, José e Maria receberam ordens de Deus para voltarem à terra de Israel (Mt 2.20,21). Porém, Herodes Arquelau, seu filho, passou a governar a Judéia e eles temeram voltar para Belém e foram morar em Nazaré, na Galiléia. 


Jesus passou toda a sua infância e juventude em Nazaré, onde todos conheciam os seus pais. Por isso, Ele ficou conhecido como Jesus de Nazaré. Ali, Jesus teve uma infância normal como qualquer criança. Precisou ser amamentado, aprendeu a dar os primeiros passos, a falar, etc. Como criança, ele precisava do cuidado e proteção dos seus pais e era-lhes sujeito, respeitando a autoridade dos pais como mandava a Lei. Os seus pais lhe alfabetizaram, ensinando-o a ler e a escrever e também a Lei de Deus, como todos os pais de Israel faziam. 


3- A adolescência de Jesus. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a adolescência é a fase da vida humana que começa aos 10 anos e termina aos 24 anos completos. Esta fase  se  divide em três etapas: Pré-adolescência, que vai dos 10 aos 14 anos; Adolescência média, que vai dos 15 aos 19; e a juventude, que vai dos 19 aos 24 anos. A adolescência, portanto, é o período de transição da infância para a idade adulta. Inicia-se com a puberdade e termina com o fim do crescimento. 


Se temos poucas informações sobre a infância de Jesus, temos menos ainda sobre a sua adolescência e juventude. O único episódio relatado sobre este período foi quando Jesus tinha 12 anos. Os seus pais vieram para as festividades no templo em Jerusalém e quando retornaram, Jesus ficou no templo conversando com os mestres da lei. Somente três dias depois, os seus pais perceberam a sua ausência. Procuraram-no entre os parentes e conhecidos que retornavam em caravanas das festas, mas não o encontraram. Retornaram para Jerusalém e o encontraram no templo, debatendo com os doutores, ouvindo-os e interrogando-os. Todos estavam perplexos com a sua sabedoria, sendo apenas um adolescente.  


Muitos adolescentes atuais, mesmo filhos de crentes, com esta idade, estão fazendo traquinagens ou pensando em namorar. Outros estão viciados em video games e aplicativos de celulares. Mas Jesus estava na casa do Pai, falando sobre a Palavra de Deus. Temos outros exemplos de adolescentes que serviram ao Senhor nesta fase como José, Samuel, Davi e Timóteo. Precisamos orar pelos nossos adolescentes e ensinar-lhes a Palavra de Deus desde cedo, para que não sejam engolidos por esta cultura anti-cristã que está aí. Eles precisam não apenas ouvir, mas ver em seus pais, exemplos de fidelidade a Deus. 

 

4- A juventude de Jesus. O período da vida de Jesus, que vai dos 12 aos 30 anos é totalmente desconhecido, pois a Bíblia não traz nenhum relato sobre esta fase. Depois do episódio envolvendo os doutores da Lei, quando Jesus tinha 12 anos, Ele só aparece nos Evangelhos, na ocasião do seu batismo, quando já tinha 30 anos. 


Sabemos apenas que Jesus viveu em Nazaré desde a infância até a idade adulta e que aprendeu a profissão do pai, que era carpinteiro. Isto porque Ele era conhecido como Jesus, o Nazareno e como o filho do carpinteiro. Na idade adulta, quando Jesus iniciou o seu ministério, sendo batizado no Rio Jordão por João Batista, é bem provável que José já tivesse morrido, pois ele nas bodas em Caná da Galiléia, quando Jesus transformou água em vinho.  


REFERÊNCIAS: 

 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 207-212.

PAUL JOHNSON. Jesus: Uma Biografia de Jesus Cristo Para o Século XXI. Editora Nova Fronteira Participações S.A. pág. 16-17; 23-24.

LOPES, Hernandes Dias. Lucas: Jesus o Homem Perfeito. Editora Hagnos. 1 Ed 2017.

HENRY, Matthew. Novo Testamento: Mateus a João. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 537-538.


15 junho 2023

UMA FAMÍLIA NORMAL

 

(Comentário do 1º tópico da Lição 12: Criando filhos saudáveis).

Ev. WELIANO PIRES

Neste primeiro tópico, falaremos sobre a família de Jesus. Ele nasceu e cresceu em uma família normal como qualquer outra de Israel. A sua concepção, no entanto, foi obra do Espírito Santo e o seu nascimento foi virginal. Faremos neste tópico uma abordagem panorâmica sobre a família terrena de Jesus, trazendo os dados gerais sobre a família de Jesus e as informações bíblicas que dispomos sobre os seus irmãos.

1- Dados gerais da família. O Senhor Jesus é Deus e sempre existiu em unidade com o Pai e o Espírito Santo. Entretanto, Ele se fez homem e nasceu de forma sobrenatural, por Obra do Espírito Santo. Todo o processo de encarnação do Filho de Deus foi conduzido e realizado pelo Espírito Santo. Uma virgem de Nazaré, na Galiléia, chamada Maria, estava desposada com um jovem da descendência de Davi, chamado José. Desposada era uma espécie de noivado, na cultura Judaica da época do nascimento de Jesus, que acontecia cerca de um ano antes do casamento. Os cônjuges oficializaram o casamento, mas esperavam um ano para se relacionarem sexualmente.

Enquanto ainda estavam desposados, antes de se relacionarem sexualmente, Maria recebeu a visita do anjo Gabriel, que lhe disse as seguintes palavras: “Salve, agraciada; o Senhor é contigo; bendita és tu entre as mulheres; Maria, não temas, porque achaste graça diante de Deus. E eis que em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e pôr-lhe-ás o nome de Jesus. Este será grande, e será chamado filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; E reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.” (Lc 1.28; 30-31).

Maria não entendeu nada e perguntou ao Anjo como seria isso, pois ela ainda era virgem e não havia se relacionado sexualmente com ninguém. O anjo lhe respondeu dizendo: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus.” (Lc 1.35). José não sabia de nada e quando soube que a sua futura esposa estava grávida, sem que ele tivesse se relacionado com ela, resolveu deixá-la secretamente, pois ele era justo e sabia que ela seria difamada. O mesmo anjo apareceu em sonho a José e disse: “José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, porque o que nela está gerado é do Espírito Santo; E dará à luz um filho e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.” (Mt 1.20, 21). Despertado do sonho, José recebeu Maria como sua mulher, mas, não se relacionou sexualmente com ela até o nascimento do menino (Mt 1.24,25).

O casal José e Maria eram da descendência de Davi e da família real (Lc 2.4,5). Mateus descreve a genealogia de Jesus desde Abraão, passa pela família real do Reino de Judá e chega em José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus, que se chama o Cristo (Mt 1.1-16). Lucas, por sua vez, descreve outra genealogia de Jesus, desde Adão e também passa pela família real de Judá até chegar em José. Entretanto, os nomes são diferentes a partir de Davi (Lc 3.23-38). A genealogia de Mateus, depois de Davi, traz a descendência de Salomão, filho de Davi. A genealogia de Lucas, no entanto, a partir de Davi traz a genealogia de Natã, filho de Davi. A maioria dos estudiosos bíblicos acredita que Lucas esteja registrando a genealogia de Maria, e Mateus a de José.Portanto, ambos são descendentes de Davi.

2- Os filhos de José e Maria, depois de Jesus. Depois de Jesus, o casal José e Maria tiveram outros filhos e filhas. Este é um ponto de discordância entre católicos e protestantes. Os católicos, no intuito de colocar Maria como uma mulher acima das demais, ensinam o dogma da virgindade perpétua de Maria. Mas, isso não encontra nenhum amparo nas Escrituras. O fato de ter outros filhos não diminui Maria em nada, pois ela era casada e ter filhos com o marido não é pecado. Ao contrário, ter filhos é uma bênção de Deus e, naquela época, as mulheres que não tinham filhos eram desprezadas.

Lucas apresenta Jesus como “o primogênito de Maria” (Lc 2.7). Caso Ele fosse filho único, certamente Lucas o teria chamado “o filho unigênito de Maria”. Mateus e Marcos afirmam que Jesus era filho de José, tinha quatro irmãos e mais de uma irmã. Citam, inclusive, os nomes dos irmãos de Jesus: "Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs? De onde lhe veio, pois, tudo isto?” (Mt 13.55,56). “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele.” (Mc 6.2,3). João não cita nominalmente os irmãos de Jesus, mas faz referência a eles: “Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui, e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele.” (Jo 7.3-5).

Os católicos argumentam que o termo “irmãos” é uma referência aos parentes próximos de Jesus ou aos próprios apóstolos. Entretanto, este texto de João 7 desmonta esta tese, pois os apóstolos criam em Jesus e os seus irmãos não. Os irmãos de Jesus são mencionados pelo menos quinze vezes, sendo dez nos evangelhos, uma em Atos, e algumas vezes nas cartas de Paulo. Em praticamente todas estas ocasiões, eles aparecem na companhia de Maria, mãe de Jesus. Não é razoável que os primos de Jesus estivessem sempre com uma tia, e nunca com os próprios pais. Além disso, a Bíblia não diz em lugar algum, que eles fossem primos de Jesus ou filhos somente de José. Portanto, não há nenhum motivo para não aceitarmos que os irmãos de Jesus eram filhos de José e de Maria, em sentido literal.


REFERÊNCIAS:
 
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 204-206.
FILLION, Louis Claude. Enciclopédia da vida de Jesus. Editora Central Gospel. 2 Ed. 2008. pág. 234-325.
PAUL JOHNSON. Jesus: Uma Biografia de Jesus Cristo Para o Século XXI. Editora Nova Fronteira Participações S.A. pág. 19-20.


13 junho 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12 – CRIANDO FILHOS SAUDÁVEIS

EV. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA

Na lição passada, estudamos o perigo que a mentira traz para a família cristã, tomando como exemplo o caso trágico do casal Ananias e Safira, nos primórdios da Igreja Cristã em Jerusalém. No lugar de entregar uma oferta voluntária e desprendida, o casal Ananias e Safira vendeu uma propriedade e combinaram entre si, que doariam apenas uma parte do dinheiro da venda de uma propriedade e ficariam com o resto. 


Quando Ananias chegou diante de Pedro e entregou o dinheiro, o Espírito Santo revelou ao apóstolo a mentira do casal. Pedro indagou Ananias sobre o plano diabólico de esconder parte do dinheiro e disse que ele não havia mentido aos homens, mas a Deus (At 5.3,4). Ouvindo a repreensão de Pedro, Ananias caiu, morreu subitamente e foi sepultado (At 5.5,6). Três horas depois, Safira, a mulher de Ananias, também entrou na presença de Pedro, sem saber do que havia acontecido ao marido. Pedro lhe fez a mesma pergunta e ela reafirmou a mentira do marido. Pedro a repreendeu também e ela morreu da mesma forma. 


No primeiro tópico, falamos sobre a conversão duvidosa de Ananias e Safira. A Igreja vivia um clima de espiritualidade, comunhão e filantropia e eles demonstraram que não haviam experimentado uma transformação verdadeira. A inveja, a hipocrisia e a mentira estavam presentes no coração deles. Por isso, fizeram uma doação dissimulada, não com o objetivo de socorrer aos necessitados, mas pensando em aparecer perante a Igreja, como se fossem pessoas generosas.


No segundo tópico, falamos sobre o problema da mentira dentro da família. Ananias e Safira, pensando em tirar proveito de uma causa nobre, adotaram a mentira como método dentro de casa. Independente do grau de mentira, quem faz uso dela ainda está dominado pela natureza carnal e está a serviço do Diabo, pois, ele é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44). Jesus, no entanto, é a própria Verdade (Jo 14.6), por isso, o verdadeiro cristão só fala a verdade. 


No terceiro tópico, vimos como proteger a nossa família da mentira e da hipocrisia. Nenhum de nós está livre de cair na mesma cilada que caíram Acã, Ananias, Safira e tantos outros, que se deixaram levar pela mentira, dissimulação e hipocrisia. Precisamos tomar cuidado com os defeitos morais dentro da nossa casa, pois eles atraem a ira do Senhor e levam a nossa família à ruína. É preciso também fazer um autoexame e lutar para que o inimigo não destrua a nossa família com a mentira, hipocrisia e falsidade.


INTRODUÇÃO À LIÇÃO 12 – CRIANDO FILHOS SAUDÁVEIS


A lição desta semana trata do desenvolvimento saudável da criança no ambiente familiar, tomando como base, o exemplo positivo da família terrena de Jesus. A família de Jesus aqui na terra era constituída pelos pais, José e Maria, por quatro irmãos e mais de uma irmã, pois no texto de Marcos 6.3 aparece a expressão “suas irmãs”, no plural. Os católicos romanos insistem no dogma da virgindade perpétua de Maria e dizem que ela não teve outros filhos, mas, a Bíblia é muito clara e cita inclusive os nomes dos irmãos de Jesus: Tiago, José, Simão e Judas. (Mt 13.55). 


No primeiro tópico, veremos que Jesus nasceu e cresceu em uma família normal como qualquer outra de Israel, embora a sua concepção tenha sido obra do Espírito Santo e o seu nascimento virginal. Faremos neste tópico uma abordagem panorâmica sobre a família terrena de Jesus, trazendo os dados gerais sobre a família de Jesus e as informações bíblicas que dispomos sobre os seus irmãos. 


No segundo tópico, falaremos sobre o modo de criação de Jesus. Ele era um filho especial, pois é o Filho de Deus, o Messias prometido a Israel e o Salvador do mundo. Os seus pais sabiam disso, pois o Anjo Gabriel lhes anunciou, antes do seu nascimento, embora não tivessem total compreensão da sua divindade. Mesmo sabendo que Jesus era um filho especial, José e Maria nunca trataram os demais filhos com desprezo e souberam administrar as diferenças. Veremos ainda neste tópico as poucas informações bíblicas que temos sobre a infância, adolescência e juventude de Jesus. 


No terceiro tópico, falaremos sobre o tríplice desenvolvimento de Jesus em sua infância. O texto de Lucas 2.52 nos informa que o menino Jesus crescia em sabedoria, em estatura e em graça para com Deus e os homens. A educação de Jesus foi igual ou inferior à de outras crianças de Nazaré, pois os seus pais eram pobres e não tinham condições de pagar um professor para lhe ensinar. Ele crescia em sabedoria, no sentido de manter uma intimidade com o Pai. Jesus crescia também  estatura, ou seja, teve um desenvolvimento físico saudável. O seu crescimento em graça está relacionado com a consciência que Ele tinha, quanto à sua natureza e missão. 


REFERÊNCIAS: 

 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 203-204.

FILLION, Louis Claude. Enciclopédia da vida de Jesus. Editora Central Gospel. 2ª Ed. 2008. pág. 237-238.

AS ARMAS DO CRENTE

(Comentário do 1º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos sobre as armas do crente...