08 junho 2023

PROTEGENDO A FAMÍLIA DA MENTIRA E DA HIPOCRISIA


(Comentário do 3º tópico da Lição 11: Os prejuízos da mentira na família).

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, veremos como proteger a nossa família da mentira e da hipocrisia. Precisamos tomar cuidado com os defeitos morais dentro da nossa casa, pois eles atraem a ira do Senhor e levam a nossa família à ruína. Nenhum de nós está livre de cair na mesma cilada que caíram Acã, Ananias, Safira e tantos outros, que se deixaram levar pela mentira, dissimulação e hipocrisia. Precisamos fazer um autoexame e lutar para que o inimigo não destrua a nossa família com a mentira, hipocrisia e falsidade. Estas coisas são fatais e destroem qualquer relação humana e a comunhão com Deus.


1- Cuidado contra os defeitos morais no lar. Não somos perfeitos e todos nós, sem exceção, temos as nossas falhas. Entretanto, há algumas práticas que são inaceitáveis no seio da família, pois são extremamente destrutivas. A mentira, a falsidade, o fingimento e a hipocrisia são exemplos destes desvios morais que destroem a harmonia em qualquer família e o relacionamento com Deus. Conforme já vimos em lições anteriores, há casos de pais que eram tementes a Deus, mas toleraram estas práticas  suas casas e isso levou inclusive ao ódio e assassinato dentro da família, como foi o caso da família de Davi.

Além do caso do casal Ananias e Safira, que adotaram a mentira como método em sua casa e, por isso, foram mortos, o comentarista cita também outro caso trágico de mentira e cobiça, que levou à morte toda a família. Trata-se de Acã, filho de Carmi, da tribo de Judá. Antes do povo de Israel vencer a batalha contra Jericó, o Senhor lhes deu ordem para não pegar nenhum despojo daquela cidade, exceto a prata, o ouro, e os vasos de metal e de ferro, que iriam para o tesouro da Casa do Senhor. (Js 6.17-19). Todo aquele que pegasse alguma coisa de Jericó para si, seria maldito. Acã, no entanto, viu entre os despojos uma boa capa babilônica,  duzentos siclos de prata e uma cunha de ouro do peso de cinquenta siclos, cobiçou-os e os escondeu na terra, no meio da sua tenda (Js 7.21). A sua família certamente soube de tudo e todos se calaram.

A próxima batalha seria contra Ai, uma pequena cidade perto de Bete-Áven, ao oriente de Betel. Josué mandou alguns espiões para avaliar como seria a batalha e eles trouxeram o relatório de que havia poucos inimigos e seria uma batalha fácil. Bastariam dois ou três mil homens para vencê-los. Josué fez assim, mas Israel foi derrotado e fugiu destes inimigos.

Sem saber do pecado de Acã, Josué rasgou as suas vestes e se prostrou diante de Deus para saber o motivo da derrota. Deus mandou Josué levantar-se e revelou que Israel havia pecado. O anátema estava no meio do povo e, por isso, foram derrotados. O Senhor disse a Josué: “Levanta-te! Por que estás prostrado assim sobre o teu rosto? Israel pecou, e até transgrediram o meu concerto que lhes tinha ordenado, e até tomaram do anátema, e também furtaram, e também mentiram, e até debaixo da sua bagagem o puseram.” (Js 7.10,11).

Acã desobedeceu uma ordem expressa de Deus a todo o povo de Israel. Mas o seu pecado não foi apenas a desobediência à ordem de Deus, foi também o ato de esconder o que havia trazido de Ai e agir como se nada tivesse acontecido. Isso acabou trazendo maldição para a nação inteira e, consequentemente, levou-os à derrota. Por isso, Acã e toda a sua família foram mortos.

2- Precisamos agir contra a hipocrisia e a mentira. Conforme falamos no tópico 1, a hipocrisia e a mentira são duas faces da mesma moeda. A hipocrisia é consequência da mentira. Todo hipócrita é antes de tudo um mentiroso, pois apresenta publicamente uma conduta ou caráter que ele não possui,  a fim de impressionar os outros. O mentiroso também se torna um hipócrita, pois precisará fingir que algo falso é verdadeiro.

Na atualidade, os locais campeões da hipocrisia são as redes sociais. As pessoas vivem como cão e gato em casa e se apresentam como famílias harmoniosas e felizes, no ambiente virtual. Nas Igrejas também, muitas famílias, inclusive obreiros, exibem uma vida piedosa em pregações, testemunhos e conversas, mas em casa vivem um verdadeiro inferno.

Precisamos buscar a Deus em oração, ler a Palavra de Deus e aplicá-la em todas as áreas da nossa vida, fazendo diariamente um autoexame, para verificar se há algum resquício de mentira, falsidade e hipocrisia em nosso lar. O antídoto contra estas práticas é a verdade. Por isso, o apóstolo Paulo disse para os Filipenses que eles deveriam pensar em ".... tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, em tudo que há alguma virtude e algum louvor." (Fp 4.8).

3- Não deixe o Inimigo agir na família. Quando Ananias foi entregar parte do dinheiro da venda da propriedade, como se fosse o valor total, ouviu do apóstolo Pedro a dura pergunta: “Ananias, porque encheu Satanás o teu coração? […]”. (At 5.3). Conforme já falamos nos tópicos anteriores, o Diabo é o pai da mentira, portanto, quando alguém mente é porque o inimigo está agindo em sua mente.

Se por um lado, a Igreja de Jerusalém estava cheia do Espírito Santo e era guiada por Ele, por outro lado, Ananias e Safira estavam cheios do Diabo. Eles abriram as portas da sua mente para o inimigo entrar e onde ele entra, planta a mentira, o engano, a inveja, a avareza, a falsidade e o ódio nos corações, causando mortes, roubos e destruições, que é a sua especialidade.

Felizmente, ali havia um homem de Deus, cheio do Espírito Santo e a mentira foi desmascarada. Nestes últimos dias, onde a iniquidade e toda sorte de engano e falsificações têm se multiplicado, a Igreja do Senhor precisa manter-se cheia do Espírito Santo, pois somente assim conseguirá discernir os espíritos e destruir as artimanhas de Satanás.

REFERÊNCIAS: 
 
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos  da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 192-195.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4ª Ed 2006. pág. 650.
PEARLMAN, Myer. Atos: E a Igreja se Fez Missões. Editora CPAD. Ed. 1995. pag. 66.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 923.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3, pág. 582
POHL, Adolf. Comentário Esperança: Romanos. Editora Evangélica Esperança. 1 Ed. 1999.
SPROUL, R. C. Estudos bíblicos expositivos em Romanos. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pag. 241-243.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pag. 28.

O PROBLEMA DA MENTIRA DENTRO DA FAMÍLIA


(Comentário do 2º tópico da Lição 11: Os prejuízos da mentira na família).


Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre o problema da mentira dentro da família. Ananias e Safira, pensando em tirar proveito de uma causa nobre, adotaram a mentira como método dentro de casa. Independente do grau de mentira, quem faz uso dela ainda está dominado pela natureza carnal e está a serviço do Diabo, pois, ele é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44). Jesus, no entanto, é a própria Verdade (Jo 14.6), por isso, o verdadeiro cristão só fala a verdade. 


1- A mentira produzida dentro da família. O casal Ananias e Safira mentiu à liderança da Igreja e, conforme falamos no tópico anterior, esta mentira foi contra o próprio Deus. A mentira deles foi planejada meticulosamente e combinada dentro da família, por isso, os dois morreram. Isso demonstra que esta prática era comum e aceitável nesta família. 


Em uma família cristã, a verdade e a transparência devem ser a regra. Onde há mentira, há traição e falta de confiança. Onde não há confiança, não pode haver um relacionamento saudável. Até mesmo em uma empresa, onde os sócios mentem e escondem a verdade uns dos outros, há desonestidade e esta sociedade está fadada ao fracasso. 


O relacionamento entre os membros de uma família deve sempre ser pautado pela mais absoluta verdade e transparência. Isso não inclui apenas contar algumas verdades, mas também não esconder e, principalmente, não falsificar informações. Muitas pessoas pensam que a traição no casamento acontece somente quando envolve um relacionamento extraconjugal. Mas, fazer coisas escondido da mulher ou do marido, também é uma forma de traição. 


Pais e filhos também precisam estabelecer o compromisso de falar sempre a verdade. Para isso, deve haver confiança de ambos os lados para contar toda a verdade. Os filhos precisam ver sempre a verdade, a transparência e a honestidade nos pais, para que possam também ser verdadeiros com eles. Pais que mentem para os seus filhos ou os enganam, jamais terão a confiança deles. Precisamos viver de tal forma que os nossos filhos quando pensarem em honestidade, verdade, seriedade e obediência a Deus, possam nos citar como exemplo. 


2- Quem faz uso da mentira está dominado pelo poder da carne. Deus é descrito na Bíblia como o Deus da Verdade: “Nas tuas mãos encomendo o meu espírito; tu me remiste, Senhor, Deus da verdade.” (Sl 31.5). Jesus, o Filho de Deus, também se auto identificou como a Verdade: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14.6). Em sua oração pelos discípulos, Jesus disse também que a Palavra de Deus é a Verdade: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade.” Portanto, a verdade está intimamente ligada a Deus. 


O oposto da verdade é a mentira. A mentira não é apenas contar algo que não é verdadeiro. A falsidade, o fingimento, a dissimulação, a hipocrisia, a meia verdade e a desonestidade são também mentiras. Tudo isso tem origem no diabo, que é o pai da mentira (Jo 8.44). Na vida cristã, os fins não justificam os meios. Deus não aceita que os seus servos pratiquem a mentira ou sejam desonestos, mesmo que seja com supostas “boas intenções”. Há um adágio popular que diz: “De boas intenções o inferno está cheio”. 


A mentira faz parte da natureza carnal do velho homem, que ainda não foi transformado pelo Espírito Santo. No texto de Gálatas 5.19-21, o apóstolo Paulo cita uma lista de pecados, que ele chama de obras da carne e diz que aqueles que os praticam, não herdarão o Reino de Deus: Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o Reino de Deus.” (Gl 5.19-21). 


Como podemos notar, a mentira não está nesta lista. Porém, esta lista não é exaustiva e há muitos outros pecados que também são obras da carne, pois, no versículo 21, o apóstolo diz “...e coisas semelhantes a estas”.  Portanto, as obras da carne podem ser resumidas em tudo aquilo que é operado pela velha natureza, como os vícios, as mentiras, a desonestidade, a violência, o roubo, a preguiça, etc. Quem ainda pratica estas coisas não é guiado pelo Espírito Santo e sim por sua natureza carnal. Escrevendo aos Colossenses, Paulo disse: “Não mintais uns aos outros, pois que já vos despistes do velho homem com os seus feitos e vos vestistes do novo, que se renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou.” (Cl 3.9-11). 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos  da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 196-197.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5, pág. 139.

LOPES, Hernandes Dias. Colossenses: A suprema grandeza de Cristo, o cabeça da Igreja. Editora Hagnos. pág. 169.

LOPES, Hernandes Dias. Romanos: O Evangelho segundo Paulo. Editora Hagnos. pág. 288-290.

POHL, Adolf. Comentário Esperança: Romanos. Editora Evangélica Esperança. 1 Ed. 1999.


06 junho 2023

UMA CONVERSÃO DUVIDOSA

 A MENTIRA DE ANANIAS E SAFIRA (act 5,1-13) | Deus, Bíblia e Poesia

(Comentário do 1º tópico da Lição 11: Os prejuízos da mentira na família).


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico da lição, falaremos sobre a conversão duvidosa de Ananias e Safira. A Igreja vivia um clima de espiritualidade, comunhão e filantropia e eles demonstraram que não haviam experimentado uma transformação verdadeira. A inveja, a hipocrisia e a mentira estavam presentes no coração deles. Por isso, fizeram uma doação dissimulada, não com o objetivo de socorrer aos necessitados, mas pensando em aparecer perante a Igreja, como se fossem pessoas generosas.

1- Por que uma conversão duvidosa? Após a descida do Espírito Santo sobre a Igreja Primitiva, os cristãos viviam um grande avivamento espiritual em todos os aspectos. Os apóstolos davam testemunho do Senhor Jesus com grande ousadia, sem temer as ameaças das autoridades judaicas (At 4.33). Estavam todos os dias no templo e nas casas, orando e ensinando a Palavra de Deus (At 5.32). O Senhor realizava muitos milagres através deles, de forma que as pessoas projetavam os enfermos sobre a sombra de Pedro para serem curados; traziam também enfermos e endemoninhados de cidades vizinhas para serem curados e libertos (At 5.12-16).

Neste clima de avivamento e milagres, multidões de pessoas se juntavam aos cristãos. Entretanto, nem todos eram convertidos. Assim como aconteceu com Jesus, muitos dos que se juntavam à Igreja buscavam apenas os milagres, ou tinham outros objetivos. Estas pessoas não tiveram um encontro real com o Salvador e não tiveram as suas vidas transformadas, pois, não passaram pela experiência do novo nascimento.

Foi este o caso do casal Ananias e Safira. A Bíblia não relata como se deu o ingresso deles na Igreja Primitiva. Mas as suas atitudes demonstram que eles não eram convertidos. Eles combinaram entre si, que doariam apenas uma parte do dinheiro da venda de uma propriedade e ficariam com o resto. Queriam aparecer perante a Igreja como pessoas generosas, mas ficaram com dó de entregar todo o dinheiro.

Vale ressaltar que o pecado deles não foi não entregar todo o dinheiro, pois isso não era uma exigência. Se eles tivessem levado apenas uma parte do dinheiro e contado a verdade, não haveria problema. Mas eles tentaram enganar os apóstolos. Eles não imaginavam que o Espírito Santo de Deus é onisciente e conhece todos segredos: “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus.” (1 Co 2.20).

O Espírito Santo, que é Deus e conhece todas as coisas, inclusive as intenções dos corações, revelou tudo ao apóstolo Pedro. Quando Ananias entrou, sem ninguém falar nada para Pedro, foi desmascarado e morreu. O mesmo aconteceu à sua mulher que participou da mentira. Igreja que ora e tem comunhão com Deus não é brincadeira! Em um ambiente assim, a cobiça, a falsidade, a mentira, a hipocrisia e o fingimento são desmascarados.

2- A comunhão na igreja de Atos. Uma das principais características da Igreja Primitiva, descritas em Atos 2.42 era a “Comunhão”, ou seja, eles tinham tudo em comum. A palavra comunhão no grego é “koinonia”. Significa “compartilhamento, uniformidade, parceria, associação próxima e participação”. (Concordância de Strong). Isso é uma marca do verdadeiro cristão. É o contrário de divisão, partidarismo, disputas e predileção por lideranças, como acontecia na Igreja de Corinto e Paulo os tachou de carnais (1 Co 3.1).

A comunhão cristã não envolve apenas dinheiro, mas envolve também benefícios espirituais, dons e ministérios, como disse Paulo aos Romanos: “Pedindo sempre em minhas orações que, nalgum tempo, pela vontade de Deus, se me ofereça boa ocasião de ir ter convosco. Porque desejo ver-vos, para vos comunicar algum dom espiritual, a fim de que sejais confortados, isto é, para que juntamente convosco eu seja consolado pela fé mútua, tanto vossa como minha.” (Rm 1.10-12). O mesmo apóstolo disse no capítulo 12: “Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram.” (Rm 12.15). Portanto, a comunhão cristã significa estar unido com os irmãos em qualquer circunstância.

O relato de Atos 5 é uma continuidade do final do capítulo 4, nos versículos 32 a 37. Ali é dito que não havia necessitado algum entre os cristãos, pois todos os que tinham propriedades vendiam-nas e traziam o dinheiro aos apóstolos para socorrer os necessitados. Isso nunca foi exigido pelos apóstolos. O Espírito Santo tocou no coração dos crentes para que tomassem essa iniciativa. Estas doações eram voluntárias e sem esperar nada em troca, apenas o bem estar do próximo.

O final do capítulo 4 relata que um levita de Chipre, chamado José, conhecido pelo apelido de Barnabé, que significa “Filho da consolação”, possuía uma propriedade, que recebera de herança, vendeu-a e trouxe todo o dinheiro aos apóstolos (At 4.36,37). O capítulo 5, que é a continuidade deste relato, começa dizendo “Mas um certo varão chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos.” (At 5.1,2).

É muito importante esclarecer que a comunhão entre os cristãos nada tem a ver com o comunismo, como muitos ensinam, com o objetivo de justificar o comunismo e o ataque à propriedade privada, buscando apoio nas Escrituras. O teólogo John Macarthur explica muito bem esta questão:

“.... [Os cristãos] não vendiam tudo e ajuntavam em um fundo comum. Tal princípio para a vida cristã era obviamente uma responsabilidade de cada crente em responder ao direcionamento do Espírito (1 Cor. 16:1-2). Além disso, é claro no verso 46 que os indivíduos continuavam possuindo casas. O que acontecia na realidade era a venda de propriedades pessoais conforme alguém necessitasse. Isso indicava imensa generosidade, as pessoas davam não apenas seu dinheiro ou bens, mas também seu futuro em um ato de amor sacrificial para com aqueles que tinha necessidade. E isso é claro nas palavras de Pedro à Ananias em Atos 5:4 que a venda era puramente voluntária. Ananias e Safira pecaram não por recusar a partilhar suas posses, mas por mentir ao Espírito Santo. Finalmente, nenhuma outra igreja descrita em Atos tinha esse padrão de vender e repartir propriedades. 2 Coríntios 8:13-14 descreve uma generosidade similar para com os pobres de Jerusalém.”

3- A inveja e a hipocrisia de Ananias e Safira. Esta atitude mesquinha de Ananias e Safira, se contrapõe à generosidade voluntária de Barnabé. O comentarista diz no livro de apoio que “ esta atitude de Barnabé chamou a atenção de Ananias e Safira, que se encheram de ciúme e inveja porque desejavam receber a admiração dos apóstolos tanto quanto Barnabé.” Eles não fizeram aquela doação por amor aos necessitados, ou para glorificar a Deus. O intuito deles era “não ficar mal” perante os apóstolos e receber elogios.

Infelizmente, em nossas Igrejas há pessoas com esse tipo de atitude, fazendo contribuições ou trabalhos na Igreja com o objetivo de impressionar a liderança e conseguir vantagens. É importante lembrarmos de que Deus sonda as mentes e corações. Ele olha não apenas para as nossas ações, mas vê também as nossas intenções e motivações. Deus não está preocupado apenas com o que estamos fazendo, mas, por que fazemos.

A inveja é um sentimento maligno. Na Bíblia vemos que a inveja teve início com o querubim ungido, que invejou o trono de Deus e quis ser igual a Ele. Por isso, foi expulso do Céu, com uma terça parte dos anjos que o seguiram neste intento, e transformou-se em Satanás, o inimigo de Deus e do seu povo. Depois, vemos o caso de Caim, que teve inveja do seu irmão Caim e, por isso, o matou (Gn 4.1-8). Os irmãos de José também, movidos pela inveja, venderam o seu irmão como escravo, a fim de se livrar da sua presença (Gn 37.25-28). O rei Saul, movido pela inveja, tentou várias vezes matar Davi.

O apóstolo Paulo classifica a inveja como uma das obras da carne, as quais ele diz que aqueles que as praticam não herdarão o Reino de Deus (Gl 5.19-21). Infelizmente, em nossos dias, muitos crentes, inclusive obreiros, se deixam contaminar pela inveja e, por isso, perseguem, caluniam e tentam destruir os próprios irmãos da fé, a fim de assumir o lugar deles. Deveriam ficar felizes por ver um irmão ser usado por Deus em um determinado ministério. Por outro lado, deveriam saber que os dons espirituais e ministeriais são dados por Deus, a quem Ele quer, para aquilo que for útil. De nada adianta estar em uma função na Igreja para a qual Deus não chamou.

A hipocrisia também é um sentimento carnal e incompatível com a conduta do cristão. A palavra "hipocrisia" no grego é "hypokrisis". Em seu sentido original,  significava "desempenhar um ato em um palco". Um "hypokrites" era, na verdade, um ator, que representava um personagem em uma peça de teatro. Posteriormente, passou a designar uma pessoa fingida, que diz uma coisa e faz outra, fingindo ser quem não é. A hipocrisia e a mentira andam juntas, pois estão intimamente relacionadas. Todo hipócrita é por natureza um mentiroso, pois mostra com palavras e atitudes, coisas que não são verdadeiras sobre a sua pessoa ou sobre os seus ensinos.

4- Quando a mentira e o engano enchem os corações. Conforme já falamos anteriormente, o pecado de Ananias e Safira não foi por não ter entregue todo o dinheiro aos apóstolos. A propriedade era deles e ninguém exigiu que eles doassem nada. O próprio Pedro esclareceu isso: “...Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder?” (At 5.4a).  Se eles tivessem vendido a propriedade e dissessem aos apóstolos que iriam entregar 10% para ajudar aos necessitados, seria uma atitude louvável. Mas, eles deixaram que a mentira e o engano entrassem em seus corações e assim, tentaram enganar a liderança da Igreja.

Quando alguém faz alguma coisa à Igreja do Senhor, boa ou má, é ao Senhor que está fazendo. O Senhor Jesus quando enviou os doze apóstolos em uma missão disse: “E qualquer que tiver dado só que seja um copo de água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.” (Mt 10.42). O mesmo acontece quando alguém persegue, calunia, ou tenta enganar a liderança da Igreja. Os pastores foram dados pelo Senhor Jesus à Sua Igreja, para aperfeiçoar os santos e edificar o corpo de Cristo. Se eles não cumprirem o seu ministério corretamente, Deus irá tratar com eles. Mas se alguém se levantar contra e tentar enganar a liderança que Deus colocou na Igreja, estará se levantando contra o próprio Deus. Ananias e Safira maquinaram entre si um mentira que seria contada aos apóstolos. Mas, Pedro disse: “... Não mentiste aos homens, mas a Deus.” (At 5.4).

Que Deus nos guarde de todo o engano e mentira, pois estas coisas provém do Diabo e destroem a comunhão cristã e também na família. Nenhum relacionamento humano sobrevive em meio a mentiras e enganos. O nosso falar precisa ser sim, sim e não não, pois o que passar disso é de procedência maligna.  regra para o cristão é falar sempre a verdade, pois, não podemos mentir jamais. Não podemos mentir, nem que seja para agradar ou para não ferir. Também não podemos omitir a verdade, para ganharmos popularidade, ou para evitar retaliações, pois isso equivale a mentir e ser infiel a Deus. A verdade bíblica nunca irá agradar aos ímpios.


REFERÊNCIAS:
CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos  da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 186-191.
PEARLMAN, Myer. Atos: E a Igreja se Fez Missões. Editora CPAD. Ed. 1995. pág. 59-60.
Is Communism Biblical? – O Comunismo é Bíblico. Tradução: Abel Separovich Cassiano dos Santos. Disponível em https://elshaddai.com.br/2016/09/27/o-comunismo-e-biblico/
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 642.
LOPES, Hernandes Dias. Atos: A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pág. 115,117.
CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pág. 111.


 

05 junho 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 11: OS PREJUÍZOS DA MENTIRA NA FAMÍLIA



Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Nesta lição falamos sobre uma das situações mais dolorosas para uma família, que é a morte dos filhos antes dos pais. Pelo curso natural da vida, a lógica seria os filhos sepultarem os pais. Entretanto, não estamos livres de passar por uma situação dessa. Tomamos como exemplo, o patriarca Jó, que perdeu todos os seus filhos em um único dia, de forma trágica. Mesmo sendo um homem reto, sincero e temente a Deus, Jó passou por esta tragédia em sua família. Diante desta tragédia na família de Jó, o Livro de Jó nos diz: “... Em tudo isso [a perda de todos os seus bens e filhos], Jó não pecou com os seus lábios e não atribuiu a Deus falta alguma”. (Jó 1.22). Entretanto, Jó teve o seu período de dor e lamentação. 


No primeiro tópico, falamos sobre a família de Jó. Falamos da pessoa do patriarca Jó, trazendo as poucas informações bíblicas e históricas sobre este patriarca. Muitas pessoas dizem que Jó não foi um personagem real, mas, apenas uma ficção. Entretanto, além do livro de Jó contar a história dele, citando nomes, lugares e povos, há citações em outras partes da Bíblia, mencionando Jó como uma pessoa real. Se temos poucas informações sobre Jó, temos menos ainda sobre a sua esposa. A Bíblia não registra sequer o seu nome. Vimos também que os filhos de Jó levavam uma vida de banquetes, muita comida e bebida. Jó se levantava de madrugada, orava e oferecia sacrifícios por eles a Deus.


No segundo tópico vimos como lidar com a morte dentro da família. Jó e sua família eram prósperos, felizes e respeitados na comunidade em que viviam. De repente foram surpreendidos com uma série de notícias trágicas, principalmente, a morte de todos os seus filhos. Eles tinham razões para estarem tristes e terem o seu período de luto. Entretanto, mesmo diante de tamanha dor e tristeza, Jó manteve a sua fidelidade ao Senhor e o adorou. 


No terceiro tópico, vimos como os cristãos devem enfrentar a triste realidade do luto na família: Em primeiro lugar, jamais devemos culpar a Deus ou blasfemar contra Ele, pois há mistérios nesta vida que jamais os entenderemos, somente na eternidade. Em segundo lugar, o cristão deve viver o seu momento de luto, manifestando naturalmente as suas reações emocionais, como choro, silêncio e tristeza. Por último, devemos manter viva a esperança na ressurreição, pois, o Nosso  Senhor Jesus Cristo venceu a morte, ressuscitando dos mortos, e garantiu que nós também iremos ressuscitar para nunca mais morrermos  e estaremos para sempre com o Senhor, se permanecermos fiéis a Ele até à morte. 


LIÇÃO 11: OS PREJUÍZOS DA MENTIRA NA FAMÍLIA


Nesta lição, estudaremos o perigo que a mentira traz para a família cristã, tomando como exemplo o caso trágico do casal Ananias e Safira, nos primórdios da Igreja Cristã em Jerusalém. Dez dias após a ascensão de Jesus ao Céu, conforme Ele havia prometido aos seus discípulos, o Espírito Santo desceu sobre eles. Todos foram cheios do Espírito Santo, falaram em outras línguas e profetizaram conforme o Espírito Santo lhes concedia (At 2.1-4).


A partir desta experiência, a Igreja foi revestida de poder e ousadia para proclamar o Evangelho e realizar prodígios. Imediatamente após a descida do Espírito Santo, Pedro fez um ousado discurso e quase três mil almas se converteram (At 2.14-41). Poucos dias depois, esse número chegou a cinco mil pessoas (At 4.4). Além disso, muitos milagres incontestáveis foram realizados em Jerusalém. O primeiro deles foi a cura de um coxo de nascença, na porta do templo (At 3.1-9). 


Todos os convertidos perseveravam na doutrina dos apóstolos, no partir do pão, na comunhão, nas orações e havia temor de Deus na Igreja (At 2.42,43). Neste ambiente espiritual e de profunda comunhão entre os santos, o Espírito Santo tocou no coração dos crentes que tinham mais de uma propriedade, para que vendessem uma e levasse o dinheiro aos apóstolos, para socorrer aos irmãos necessitados (At 2.44,45). Esta iniciativa de vender as propriedades, no entanto, era voluntária e não partiu dos apóstolos.


Neste contexto, surge o casal Ananias e Safira, que vendeu uma propriedade e, para não parecerem insensíveis, trouxeram o dinheiro aos apóstolos, sem ninguém exigir que fizessem isso. Porém, tomados pela avareza, combinaram entre si, para ficarem com uma parte do dinheiro e entregar o restante aos apóstolos (A 5.1,2). Quando Ananias chegou diante de Pedro e entregou o dinheiro, o Espírito Santo revelou ao apóstolo a mentira do casal (At 5.3,4).


Pedro indagou Ananias sobre o plano diabólico de esconder parte do dinheiro e disse que ele não havia mentido aos homens, mas a Deus (At 5.3,4). Ouvindo a repreensão de Pedro, Ananias caiu e morreu subitamente e foi sepultado (At 5.5,6). Três horas depois, Safira, a mulher de Ananias, também entrou na presença de Pedro, sem saber do que havia acontecido com o marido. Pedro lhe fez a mesma pergunta e ela reafirmou a mentira do marido. Pedro a repreendeu também e ela morreu da mesma forma. Este triste episódio no meio da Igreja trouxe profundo temor a todos (At 5.7-10).


No primeiro tópico da lição, falaremos sobre a conversão duvidosa de Ananias e Safira. A Igreja vivia um clima de espiritualidade, comunhão e filantropia e eles demonstraram que não haviam experimentado uma transformação verdadeira. A inveja, a hipocrisia e a mentira estavam presentes no coração deles. Por isso, fizeram uma doação dissimulada, não com o objetivo de socorrer aos necessitados, mas pensando em aparecer perante a Igreja, como se fossem pessoas generosas.


No segundo tópico, falaremos sobre o problema da mentira dentro da família. Ananias e Safira, pensando em tirar proveito de uma causa nobre, adotaram a mentira como método dentro de casa. Independente do grau de mentira, quem faz uso dela ainda está dominado pela natureza carnal e está a serviço do Diabo, pois, ele é mentiroso e pai da mentira (Jo 8.44). Jesus, no entanto, é a própria Verdade (Jo 14.6), por isso, o verdadeiro cristão só fala a verdade. 


No terceiro tópico, veremos como proteger a nossa família da mentira e da hipocrisia. Precisamos tomar cuidado com os defeitos morais dentro da nossa casa, pois eles atraem a ira do Senhor e levam a nossa família à ruína. Nenhum de nós está livre de cair na mesma cilada que caíram Acã, Ananias, Safira e tantos outros, que se deixaram levar pela mentira, dissimulação e hipocrisia. Precisamos fazer um autoexame e lutar para que o inimigo não destrua a nossa família com a mentira, hipocrisia e falsidade. Estas coisas são fatais e destroem qualquer relação humana e a comunhão com Deus. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos  da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 184-186.

LOPES, Hernandes Dias. Atos: A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pág. 111-112.

PEARLMAN, Myer. Atos: E a Igreja se Fez Missões. Editora CPAD. Ed. 1995. pág. 59-60.


01 junho 2023

OS CRISTÃOS E O LUTO

Mulher Cristã - Vivenciando o Luto 

(Comentário do 3⁰ Tópico da Lição 10: Quando os pais sepultam os filhos)


Ev. WELIANO PIRES

 

No terceiro tópico, veremos como os cristãos devem enfrentar a triste realidade do luto na família. Em primeiro lugar, jamais devemos culpar a Deus ou blasfemar contra Ele. Há mistérios nesta vida que jamais os entenderemos, somente na eternidade. Em segundo lugar, o cristão deve viver o seu momento de luto, manifestando naturalmente as suas reações emocionais, como choro, silêncio e tristeza. Até o Senhor Jesus, em sua condição humana, chorou diante do túmulo de Lázaro. Por último, devemos manter viva a esperança na ressurreição, pois, o Nosso  Senhor Jesus Cristo venceu a morte, ressuscitando dos mortos, e garantiu que nós também iremos ressuscitar para nunca mais morrermos  e estaremos para sempre com o Senhor, se permanecermos fiéis a Ele até à morte. 


1- Não culpe a Deus. Uma das razões que mais costuma levar pessoas ao ateísmo é a revolta diante de um sofrimento extremo, como a perda de um ente querido muito próximo, como um filho, o cônjuge ou os pais. Nestas circunstâncias, muitas pessoas costumam culpar a Deus pela tragédia que lhes sobreveio, ou passam a duvidar da existência de Deus, pois, segundo imaginam, se Deus existisse, teria evitado que a tragédia acontecesse. Outros, quando perdem os seus entes queridos, não chegam a duvidar da existência de Deus, mas duvidam do seu amor e se revoltam contra Deus e blasfemam. 


A declaração de Jó diante das perdas de todos os seus bens, inclusive os seus dez filhos, tem muito a nos ensinar: "Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!". A primeira frase de Jó é um reconhecimento de que tudo o que temos nesta vida, incluindo a própria vida, é emprestado. A vida e tudo o que há no Universo pertence a Deus (Sl 24.1). Quando viemos a este mundo, nada trouxemos e nascemos frágeis e com uma aparência não muito agradável. Tudo o que adquirimos ao longo da vida foi porque Deus nos deu a vida, o crescimento, a saúde, o ar, o sol, etc. Na segunda frase, Jó afirma que tudo pertence a Deus e, portanto, Ele tem o direito de dar e de tirar o que quiser, quando quiser e da forma que quiser. Se tivermos esta consciência, jamais iremos culpar Deus por tirar de nós aquilo que não nos pertence. Sobre isso, muito bem disse o Pr. Antonio Mesquita Neves: 

"Deus tem o direito de tirar, porque é Ele quem dá. Então, por Jó o fato foi visto como natural. Se Deus é o Senhor de tudo e dá a quem quer, e tira de quem quer, não há motivo de queixa. Foi isso precisamente o que Jó entendeu; tudo vem de Deus e Ele dá e tira como lhe apraz. É uma lição que vale a pena aprender, mas nem sempre estamos devidamente preparados."


Por último, Jó louvou a Deus, em meio às mais dolorosas perdas, fazendo exatamente o oposto daquilo que o inimigo imaginou que ele faria.  O apóstolo Paulo escrevendo aos Tessalonicenses disse: "Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco." (1 Ts 5.18). A nossa fidelidade a Deus é provada em todas as circunstâncias, tanto na prosperidade, quanto nas adversidades. Há pessoas que esquecem de Deus, quando tudo vai bem. Outras blasfemam contra Deus quando tudo dá errado. Mas, o crente fiel adora a Deus em qualquer circunstância, pois a sua fé não está condicionada ao que Deus lhe dá e sim ao que Ele é. Tem um hino antigo do cantor Eduardo Silva, que eu gosto muito, cujo refrão diz o seguinte: 


Se você perdeu tudo aqui

menos a fé em Deus,

Se você perdeu tudo nesta vida,

menos a fé, você não perdeu nada.

 

2- Vivendo o luto. O período de luto é natural e necessário para quem perdeu um familiar, principalmente um parente de primeiro grau, como filhos, cônjuge, pais ou irmãos. O luto tem prazo de validade e varia de uma pessoa para outra, por vários fatores, como o grau de afetividade com a pessoa falecida, estrutura emocional e/ou espiritual, circunstâncias em que ocorreu a morte, etc. As reações das pessoas enlutadas também variam e não podemos julgar os sentimentos das pessoas por se comportarem desta ou daquela forma. Há pessoas que choram muito, outras passam mal, desmaiam e outras simplesmente silenciam. Isso não está relacionado à intensidade da dor e sim à estrutura emocional da pessoa enlutada. O que devemos fazer é respeitar o luto da pessoa e suas manifestações, orar, visitar, chorar junto e oferecer o nosso abraço, ouvindo mais do que falando. Se for um cristão, podemos orar junto com ele e trazer mensagens de esperança da vida eterna.


Certa vez, eu estava em um velório e, nos momentos finais, quando já se preparavam para retirar o corpo, algumas pessoas choravam e um dos familiares dizia para as pessoas não chorarem, pois a falecida estava com Cristo. Ora, quanta insensatez! As pessoas não estavam chorando por causa do destino eterno daquela pessoa e sim, por causa da separação de uma pessoa que era muito querida. 


3- Mantenha a esperança. É natural e até saudável que a pessoa tenha o seu período de luto, pela perda de alguém que ama. Reprimir o choro e a tristeza para parecer forte pode trazer sérios problemas emocionais e à saúde física. Entretanto, o crente não pode perder de vista a sua esperança na vida eterna. Precisamos sempre lembrar que somos peregrinos e forasteiros neste mundo. O Senhor Jesus quando antes de subir ao Céu prometeu aos seus discípulos que viria outra vez para levá-los para si mesmo, para que onde Ele estiver, eles também estejam. (Jo 14.1-3). 


O apóstolo Paulo, escrevendo aos crentes de Tessalônica, sobre os mortos que morreram com Cristo disse: “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor.” (1 Ts 4.14-17). 


No mundo greco-romano, os pagãos não criam na ressurreição dos mortos. Os crentes de Tessalônica, vinham dessa triste realidade. Eles creram no Evangelho e aguardavam que Cristo voltaria ainda durante a vida deles. Eram brutalmente perseguidos e viam muitos dos seus entes queridos morrerem. Por isso, estavam entristecidos, pensando que aqueles que dormiam em Cristo haviam perecido. O apóstolo Paulo, então, esclarece que a morte não é o fim para o cristão. Aqueles que morreram em Cristo, ressuscitarão primeiro, depois os que estiveram vivos, na ocasião do arrebatamento, serão transformados. Todos serão arrebatados e subirão a encontrar o Senhor nos ares e estaremos para sempre com o Senhor.  



Se por um lado, é compreensível e necessário o período de luto e tristeza, por outro lado, não podemos dar lugar ao desespero e ao luto eterno, como se não houvesse esperança. Não temos morada permanente aqui, mas esperamos a nossa Pátria Celestial, onde não haverá mais mortes, tristezas, nem dores. (Ap 21.1-4). A vida cristã só fará algum sentido, se levarmos em consideração a Vida eterna. Do ponto de vista terreno, vivemos uma vida na contramão do mundo, sendo perseguidos e renunciando às próprias vontades e até a própria vida por amor a Cristo. Como disse o apóstolo Paulo: “Porque, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados. E também os que dormiram em Cristo estão perdidos. Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens. (1 Co 15.16-19)


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos  da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 175-176.

SWINDOLL, CHARLES R. Jó: Um homem de tolerância heróica. Ed. 2003. Editora Mundo Cristão. pág. 41,42.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág.1869,1982.

MESQUITA, Antonio Neves de. Jó: Uma interpretação do sofrimento humano. Editora JUERP.

LOPES, Hernandes Dias. 1 e 2 Tessalonicenses: Como se preparar para a segunda vinda de Cristo. Editora Hagnos. pag. 102-104.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1395-1396.



AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...