25 maio 2023

FILHOS E PARENTES NA CASA DE DAVI

(Comentário do 2º tópico da Lição 09: Uma família nada perfeita)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre os filhos e parentes na casa de Davi, envolvidos no episódio do incesto e estupro ocorrido na casa dele e o assassinato do estuprador, que aconteceu dois anos depois. Falaremos sobre Tamar, Absalão e Amnom, filhos de Davi e sobre Jonadabe, sobrinho de Davi, que foi o mau conselheiro de Amnom. Amnom, o filho primogênito de Davi, foi tomado por um desejo incestuoso pela sua meio irmã Tamar. Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi, era um conselheiro do mal e aconselhou Amnom a fingir que estava doente e pedir que a sua irmã viesse cuidar dele. Quando ela atendeu ao pedido, Amnom a estuprou e em seguida a desprezou. Absalão, que era irmão de Tamar por parte de pai e mãe, tomado pelo ódio, acabou matando o seu meio-irmão Amnom, para vingar a honra da irmã. 


1- Tamar. Tamar, cujo nome em hebraico, significa “palmeira”, era uma bela moça, filha de Davi com Maaca, filha de Gesur, um rei que possuía um pequeno reino nas cercanias das terras de Israel. Naturalmente, este casamento de Davi deve ter sido por algum acordo de amizade e comércio, que era uma prática comum na época. 

A beleza de Tamar despertou uma paixão incestuosa doentia em seu meio-irmão Amnom, que era o filho mais velho de Davi, com Ainoã, a jezreelita (II Sm 13.2). Amnom fingiu estar doente e pediu ao rei que mandasse a sua irmã à casa dele, para preparar-lhe dois bolos (2 Sm 13.6). Sem desconfiar de nada, Davi autorizou e a moça foi. Quando estavam a sós, Amnom se levantou e forçou a sua irmã a ter relações sexuais com ele, cometendo os graves pecados de fomicação, incesto e estupro, ignorando os apelos dela para que não fizesse esta loucura (2 Sm 13.12). Após o estupro, ele sentiu aversão por ela e passou a odiá-la. Chamou o seu servo e mandou colocá-la para fora de casa. 

Ela rasgou a sua roupa de muitas cores, que era típica das filhas virgens dos reis, jogou cinza sobre a cabeça e saiu andando e clamando (2 Sm 13.18). Absalão, que era irmão de Tamar por parte de pai e mãe, viu a sua irmã neste estado, e desconfiou que Amnon tivesse feito algum mal a ela. Provavelmente, ele já sabia que Amnom era um depravado. Absalão, então, perguntou a Tamar se o seu irmão Amnom havia estado com ela. Diante da confirmação, ele a abrigou em sua casa e pediu que ela se calasse. Davi soube do ocorrido, ficou indignado, mas não tomou nenhuma providência contra os crimes de Amnom. Tamar foi a única vítima nesta sequência de horrores na família de Davi.


2- Absalão. Absalão, cujo nome em hebraico significa “o pai é da paz”, era o terceiro filho de Davi. Era também filho de Maaca e irmão de Tamar, por parte de pai e mãe. Era admirado por sua beleza impecável e por sua longa e vasta cabeleira. O estupro da sua irmã Tamar, causou revolta em Absalão, contra o seu meio irmão, Amnom. Porém, ele não agiu de imediato e maquinou friamente a vingança, por dois anos. Vendo que o rei não havia tomado nenhuma providência contra os males causados por Amnom à sua irmã, Absalão resolveu se vingar. Convidou o rei e todos os seus filhos para a festa da tosquia das ovelhas, Baal-Hazor (2 Sm 10.23-25). Davi recusou o convite, alegando que não queria ser pesado a Absalão. Ele insistiu para que deixasse ir pelo menos Amnom e, depois de muita insistência, o rei permitiu. 

Antes de iniciar a festa, Absalão deu ordens aos seus servos para que, quando Amnom estivesse alegre por causa do vinho, eles o matassem. Os servos fizeram assim e os demais filhos do rei, que estavam presentes na festa, fugiram todos, com medo de também serem mortos. Um mensageiro correu e contou a Davi, que Absalão havia matado todos os filhos dele, mas Jonadabe, sobrinho de Davi, corrigiu a informação, dizendo que apenas Amnom havia sido assassinado. Absalão fugiu para Gesur, terra da sua mãe, e ficou lá por três anos. 

Davi chorou por alguns dias a morte de Amnom, mas logo esqueceu e já sentia saudades de Absalão. Joabe, que era comandante do exército e primo de Davi, elaborou um plano para trazer Absalão de volta. Mandou buscar uma mulher de Tecoa, para que se passasse por viúva diante do rei, dizendo que os seus dois filhos haviam brigado e um deles havia matado o outro, sem que ninguém separasse a briga. Agora, a sua família exigia a morte do assassino e ela iria ficar sem ninguém. Davi deu garantias à mulher de que ninguém iria tocar no filho dela. 

A mulher, então, seguindo as orientações de Joabe, pediu permissão para falar uma palavra ao rei. O rei permitiu e ela disse que, com aquele julgamento, Davi estava se tornando culpado, pois não trazia o próprio filho fugitivo. Imediatamente, Davi entendeu que Joabe estava por trás disso e a mulher confessou. Davi, então, mandou Joabe trazer Absalão de volta. 

Absalão voltou, mas ficou dois anos em Jerusalém sem ver o pai.  Neste período, ele mandou chamar Joabe duas vezes, para mediar o encontro, mas Joabe não foi. Absalão, então, mandou os seus servos incendiarem o campo de cevada dele. Joabe perguntou-lhe porque ele fez isso e Absalão respondeu que foi porque ele havia mandado chamá-lo duas vezes e Joabe não veio. Joabe, então levou Absalão ao rei e este o perdoou pelo assassinato de Amnom. 

A partir daí, Absalão sabendo que os seus dois irmãos mais velhos já haviam morrido e que o reino estava prometido a Salomão, usurpou o trono do pai. Primeiro, ele tratou de conquistar a confiança do povo, de forma astuta. Ele ficava na entrada do palácio e, quando as pessoas traziam alguma demanda ao rei, ele dizia: A tua causa é justa, mas, ninguém da parte do rei irá ouvi-lo. (2 Sm 15.2,3). Em seguida dizia: Quem me dera ser rei em Israel para que pudesse fazer justiça a todas as demandas do povo!. (2 Sm 15.4). 

Depois de quatro anos, Absalão resolveu dar o golpe final. Pediu ao rei para ir a Hebrom pagar um voto que teria feito em Gesur e quando chegou lá, enviou espias por todas as tribos de Israel dizendo: “Quando ouvirdes o som das trombetas, direis: Absalão reina em Hebrom.” (2 Sm 15.10). Com esta revolta, Davi se viu obrigado a fugir para não ter que matar o próprio filho. Absalão assumiu o reino e se relacionou publicamente com as concubinas do seu pai. Isso gerou uma guerra civil e Absalão acabou sendo assassinado por ordem de Joabe, mesmo contra as ordens de Davi para poupá-lo. (2 Sm 18.14,15). 


3- Amnom. Amnom, cujo nome em hebraico significa "fiel", não tinha nada de fiel. Era um homem pervertido, desajustado emocionalmente e dominado por paixões infames. Ele era o filho primogênito de Davi, com Ainoã, a jezreelita (1 Sm 25.43; 2 Sm 3.2). A esposa de Saul também se chamava Ainoã e, por causa disso, há pessoas que pensam que Davi casou-se com a esposa de Saul. Mas, isso não é verdade. Elas apenas tinham o mesmo nome, mas eram pessoas diferentes. Ainoã, esposa de Saul, era filha de Aimaás, que era da tribo de Benjamim, assim como Saul (1 Sm 14.50). Ainoã, esposa de Davi, era de Jezreel, uma cidade de Judá, que ficava ao sudeste de Hebrom. Além disso, antes de casar-se com Ainoã, Davi casou-se com Mical, filha de Saul, que não teve filhos. Isso demonstra que Davi era muito mais novo que a esposa de Saul e tinha idade para ser seu filho. 

Davi ainda não era rei, quando Amnom nasceu em Hebrom. Porém, ele já sabia que Deus o havia escolhido para ser o rei de Israel, pois Samuel o havia ungido, conforme vimos no primeiro tópico. Saul tinha dado a sua filha Mical como esposa a Davi, porém, depois que passou a odiar Davi, tomou a filha e deu-a a outro homem (1 Sm 25.44). Neste período em que fugia de Saul, Davi casou-se com Ainoã e nasceu Amnom, em Hebrom. A infância de Amnon foi nesse contexto de fugas e perseguições de Saul ao pai dele, que duraram aproximadamente dez anos. Além disso, Davi também casou-se neste período com Abigail, a carmelita, viúva de Nabal. Certamente, não participou da infância de Amnom. 

Sendo o filho primogênito, Amnom poderia ter sido abençoado e, pelo direito de primogenitura, receber o dobro da herança do pai e a sucessão no reino. Mas, por causa da sua conduta abominável, entrou para a história como um homem que estuprou a própria irmã e depois foi assassinado por seu irmão. Tornou-se a maior vergonha para a família de Davi. 


4- Jonadabe, um conselheiro do mal. Jonadabe era primo de Amnom e filho de Simeia, irmão de Davi. Segundo o que a Bíblia registra, era homem sagaz e de maus pensamentos em seu coração (2Sm 13.3). O mal sempre atrai o mal e, por isso, esse homem induziu a Amnom a satisfazer sua paixão com um plano de mentira que envolvia Davi e Tamar, a vítima dessa situação (2Sm 13.5-11). Jonadabe é o tipo de amigo que não se deve ter por perto quando se vive algum problema pessoal ou familiar. Ele é um exemplo concreto de mau conselheiro.


O último personagem, envolvido nesta tragédia ocorrida na família de Davi, foi Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi e, portanto, primo de Amnom, Absalão e Tamar. Jonadabe era um sujeito astuto, que usava a sua mente com maus pensamentos para enganar (2 Sm 13.3). Além de primo, Jonadabe era confidente e conselheiro de Amnom. Como diz o adágio popular: "Dize-me com quem andas e eu te direi quem és". Um homem pervertido e descontrolado como Amnom, só poderia ter como conselheiro, um sujeito igual ou pior do que ele. 

Se Jonadabe fosse uma pessoa de bem e um amigo de verdade, teria pelo menos tentado demover Amnom desta ideia maligna de se relacionar com a própria irmã, que era também prima dele. Deveria ter feito como a própria Tamar fez, alertando o irmão para não cometer esta loucura, pois, esse tipo de comportamento não era tolerado em Israel e era punido com a morte. Caso não conseguisse fazer Amnom desistir da loucura, poderia ter alertado a sua prima Tamar, para que não se aproximasse de Amnom, pois ela corria perigo. Enfim, Jonadabe poderia ter feito muitas coisas para evitar esta tragédia. Mas ele fez o contrário, elaborou um plano diabólico para que a tragédia acontecesse. 

Tenhamos muito cuidado com os maus amigos, pois os seus conselhos podem nos levar à destruição. É preciso ter cuidado também com os bajuladores, pois estes dizem sempre aquilo que nos agradam para não contrariar e jamais nos alertam sobre os perigos que nos espreitam. O bom amigo é aquele que nos diz a verdade e nos repreende quando estamos errados, mesmo que isso nos desagrade. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª Edição: 2023. pág.157-159.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. Ed. 11ª Ed. 2013. pág. 136.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia da Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. 11ª Ed. 2013. pág. 575.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pág. 14-15.


23 maio 2023

O REI DAVI E SUA GRANDE FAMÍLIA

(Comentário do 1º tópico da Lição 09: Uma família nada perfeita)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre o rei Davi e a sua família. Inicialmente, falaremos de Davi, como o ungido de Deus para reinar sobre Israel, no final do desastroso reinado de Saul, que Deus havia rejeitado. Na sequência, veremos que Davi era também um homem de Deus, capacitado pelo Espírito de Deus para reinar sobre todo o Israel. Como rei, Davi unificou a todo o Israel, depois da morte de Saul e foi bem sucedido. Por último, falaremos da grande família de Davi, que teve várias esposas e concubinas, que lhe deram mais de 20 filhos. Este ambiente com várias mulheres, filhos e filhas de mulheres diferentes, aliado ao descaso de Davi para com os filhos, trouxeram problemas gravíssimos para a família.

1- Davi, o ungido por Deus. Davi era o filho mais novo dos 8 filhos de Jessé, o belemita, filho  de Obede e neto de Rute e Boaz (Rt 4.18-21). Era um adolescente ruivo e destemido, responsável por pastorear as ovelhas do pai nas montanhas de Belém de Judá. Davi tinha habilidade no manuseio da funda, uma espécie de estilingue que os antigos usavam como arma arremessando pedras.  Era também um moço temente a Deus, habilidoso tocador de harpa e poeta,  com 73 dos  Salmos da Bíblia atribuídos a ele.

Davi aparece pela primeira vez na narrativa bíblica, no capítulo 16, de 1 Samuel, durante o reinado de Saul. Deus falou para o profeta Samuel: "Até quando terás dó de Saul, havendo-o eu rejeitado, para que não reine sobre Israel? Enche um chifre de azeite, e vem, enviar-te-ei a Jessé o belemita; porque dentre os seus filhos me tenho provido de um rei". (1 Sm 16.1).   Inicialmente, Samuel relutou, pois temia que Saul o matasse por estar ungindo outra pessoa como rei. Mas Deus lhe deu a estratégia, mandando-o convidar Jessé e os seus filhos para um sacrifício ao Senhor. Chegando lá, Samuel impressionou-se com a aparência de Eliabe, o primogênito de Jessé, e achou que ele seria o escolhido. Mas Deus o repreendeu, dizendo que não olhasse para a aparência, pois Deus vê o coração. 

Jessé fez passar os seus sete filhos adultos perante Samuel e Deus não escolheu nenhum deles. Indagado se não tinha mais filhos, Jessé respondeu que ainda tinha o menor, que estava no campo com as ovelhas. Samuel mandou chamá-lo e disse que não se assentaria para comer, antes que ele chegasse. Quando Davi entrou, o Senhor mandou  Samuel ungi-lo e, a partir daquele momento, o Espírito do Senhor se apoderou dele (1 Sm 16.12,13). 

No Salmo 89.20, o Senhor diz: "Achei a Davi, meu servo; com santo óleo ungi." A palavra hebraica traduzida por achei dá a ideia de que Deus procurou em todo o Israel um homem que executasse o seu propósito como líder do seu povo e "achou" a Davi. Já a palavra ungido, em hebraico é “Mashiach" e foi transliterada para o português como “Messias”. No grego, a palavra correspondente é “Christos”. Literalmente, significa derramar óleo em uma pessoa ou objeto, consagrando-o para um serviço ou finalidade específica. Quando se tratava de unção de pessoas, através deste ato simbólico, a autoridade de Deus era conferida à pessoa ungida. Esta autoridade conferida é chamada de unção. A pessoa ou objeto ungido, se tornavam santos (Êx 30: 22-33; 1 Sm 24: 6; 10). No contexto do Antigo Testamento, a unção era determinada por Deus e só se ungia três tipos de pessoas: reis, profetas e sacerdotes. 

Pelos critérios humanos, Davi jamais seria escolhido rei. Ele não era de família real, não fazia parte do exército e, certamente, não era culto, pois vivia nas montanhas cuidando de ovelhas. Mas Deus o escolheu para ser o rei de todo Israel. Entretanto, desde a sua escolha até ele assumir o trono, passaram-se aproximadamente dez anos. Alguns comentaristas dizem que ele tinha 20 anos, quando foi ungido e quando Saul morreu, ele tinha 30 anos.  Davi passou pela escola de Deus nas perseguições, lutas, humilhações e fugas por desertos e cavernas. Certa vez, ele teve que fingir-se de louco para não ser morto. Davi aprendeu a ser dependente de Deus e, neste período, ele compôs muitos salmos, nas suas angústias e aflições. 

2- Davi, o homem de Deus. Após ser ungido como rei de Israel, como vimos acima, o Espírito Santo se apoderou de Davi e o capacitou para a missão de governar Israel. Deus rejeitou a administração de Saul e escolheu pessoalmente Davi para substituí-lo no reino. Deus não rejeitou apenas Saul, pois se fosse esse o caso, teria deixado o seu filho em seu lugar. Deus rejeitou a dinastia de Saul e entregou o governo a Davi e seus descendentes. 

O Espírito do Senhor se retirou de Saul e um espírito mau passou a atormentá-lo. Os seus servos o aconselharam a buscar um músico que tocasse bem, para afugentar o espírito mau. Foi informado a Saul que Davi, o filho de Jessé, tocava harpa muito bem, era corajoso, homem de guerra, sensato, de boa aparência e o Senhor Deus estava com ele (1 Sm 16.14-18). Saul, mandou buscar a Davi para tocar para o rei. Quando ele tocava, o espírito mau se retirava de Saul e ele se sentia melhor. Então, Saul se apegou a Davi e mandou a dizer a Jessé que Davi passaria a morar no Palácio e tornou-se seu escudeiro. 

Outra evidência de que Deus estava com Davi, foi a sua predisposição de enfrentar Golias, um gigante filisteus, guerreiro desde a sua mocidade, temido por todo o Israel (1 Sm 17.32). Golias propôs um desafio às tropas de Israel, para que arrumassem um homem para lutar com ele. Se o homem o vencesse, os filisteus se renderiam a Israel. Se o homem fosse derrotado pelo gigante, então, Israel se renderia (1 Sm 17.4-10). 

Os homens de Israel tiveram medo do gigante e ninguém se aventurou a lutar contra ele (1 Sm 17.11). Golias afrontou Israel por vários dias. Quando Davi viu aquela afronta, se prontificou a enfrentá-lo. Saul tentou fazê-lo desistir, mas ele estava decidido a enfrentar o gigante, em nome do Senhor (1 Sm 17.33). Saul mandou ele vestir as suas roupas de guerra, mas ele não se adaptou e resolveu enfrentar Golias com a sua funda e algumas pedras (1 Sm 17.38-40).. Quando o Gigante viu Davi, o desprezou. Davi seguiu em sua direção e atirou-lhe uma pedra na testa e o golpe foi fatal. 

Esta vitória de Davi sobre Golias fez com que os filisteus fugissem de Israel (1 Sm 17.51). Depois disso, Davi conquistou a amizade sincera de Jônatas, filho de Saul, o respeito de todo o povo e foi elogiado pelo cântico das mulheres mais do que Saul: “...Saul feriu os seus milhares, porém Davi, os seus dez milhares.” (1 Sm 18.7). Este cântico, no entanto, provocou a inveja de Saul que passou a persegui-lo incansavelmente, tentando matá-lo, até o fim da sua vida. Davi foi obrigado a viver como fugitivo, por aproximadamente dez anos, para escapar das mãos de Saul. Em uma das investidas de Saul. Davi teve a oportunidade de matá-lo, mas, se recusou a tocar no ungido do Senhor. 

Davi sabia que Deus o tinha escolhido para ser o rei de Israel, mas esperou a promessa se cumprir no tempo de Deus e nunca intentou tomar o reino de Saul. Depois que Saul foi morto, o povo da tribo de Judá, à qual Davi pertencia, o escolhera como o seu rei em Hebrom. As demais tribos, lideradas por Abner, tio de Saul e comandante do exército, escolheram Isbosete, filho de Saul como rei. Isso gerou uma guerra civil entre as tribos de Israel e o grupo de Davi saiu vitorioso. Depois da vitória, Davi foi escolhido para ser rei de todo o Israel e pacificou a nação, fazendo as pazes, inclusive com os descendentes de Saul. 

Como rei de Israel, Davi foi um homem de Deus. Davi nunca adorou outros deuses e sempre consultava a Deus, antes de tomar decisões importantes no reino. Desejou construir um templo para o Senhor, mas Deus não permitiu. Ele derrotou muitos inimigos do povo de Deus, conquistou Jerusalém e a estabeleceu como a capital do seu reino. Davi tinha um coração perdoador e lamentou a morte de inimigos que queriam matá-lo, como Saul, Abner e Absalão. Ele muitos pecados, inclusive o adultério com Batseba e o assassinato covarde de Urias, marido dela. Mas, quando confrontado pelo profeta, se arrependeu e não colocou a culpa em ninguém. 

3- A grande família de Davi. Conforme está escrito em 2 Samuel 12.11,12, Davi iria colher as consequências amargas do seu pecado e crimes covardes contra o seu soldado Urias: “Assim diz o Senhor: Eis que suscitarei da tua mesma casa o mal sobre ti, e tomarei tuas mulheres perante os teus olhos, e as darei a teu próximo, o qual se deitará com tuas mulheres perante este sol. Porque tu o fizeste em oculto, mas eu farei este negócio perante todo o Israel e perante o sol.” O seu filho Amnom estuprou a irmã Tamar e depois foi morto por outro filho de Davi chamado Absalão. Falaremos mais detalhadamente desse episódio no próximo tópico. 

Após o assassinato de Amnon, Absalão fugiu para Gesur e permaneceu por três anos com seu avô, o rei Talmai. Depois disso voltou para Jerusalém e ficou dois anos esperando que o seu pai o perdoasse e recebesse de volta. Com a mediação de Joabe, que era primo de Davi e comandante do Exército, Davi recebeu Absalão de volta. No palácio, de forma astuta, Absalão foi conquistando o coração do povo. Posteriormente, se rebelou contra o pai, tentando tomar o reino e relacionou-se publicamente com as mulheres de Davi. Para não ter que matar o próprio filho, Davi abandonou o palácio e fugiu. No enfrentamento, o grupo que apoiou Absalão contra Davi foi derrotado. O próprio Absalão foi morto por Joabe, o mesmo que havia intermediado a sua volta. 

Durante o período de sucessão do reino de Davi, também houve disputa e assassinato entre os seus filhos. Deus havia falado para Davi, que Salomão seria o seu sucessor. Davi garantiu a Batseba que o seu filho seria o sucessor. Entretanto, quando Davi envelheceu, Adonias, o quarto filho dele, nascido em Hebrom e filho de Hagite (2 Sm 3.4), usurpou o trono e se declarou rei (1 Rs 1.3). Naquela ocasião ele era o filho mais velho, pois os três primeiros já haviam falecido. Porém Davi já havia prometido o reino a Salomão, por ordem de Deus (1 Rs 1. 29,30). 

Natã, o profeta, quando soube que Adonias havia se autoproclamado rei, chamou Batseba e orientou que ela fosse a Davi, para lembrá-lo do juramento que ele fizera sobre Salomão. Davi reafirmou o juramento e garantiu que Salomão seria o rei. Quando Salomão assumiu o trono, Adonias desejou se casar com Abisague, a jovem sunamita que havia cuidado de Davi em seus últimos dias de vida. Salomão interpretou esta atitude de Adonias como uma usurpação do trono e mandou matá-lo (1 Rs 2.24,25). Este foi o terceiro filho de Davi que foi assassinado. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 156-157..

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1182.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento: Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 285-286; 664

SELMAN, Martin, J. Introdução e Comentário 1 e 2 Crônicas. Editora Vida Nova. pág. 134.


22 maio 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 09: UMA FAMÍLIA NADA PERFEITA



Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO 08: A IMPORTÂNCIA DA PATERNIDADE NA VIDA DOS FILHOS


Na lição passada estudamos sobre a importância da paternidade na vida dos filhos, tomando como exemplo a história das famílias de dois sacerdotes: Eli e Samuel. Os dois eram tementes a Deus, mas os seus filhos eram ímpios. Nos dois casos, os pais falharam na educação e correção dos filhos. 


Falamos do papel dos pais na primeira família: Adão e Eva e os seus filhos, onde o pai era o líder do lar, responsável pela provisão do alimento e segurança. A esposa, como ajudadora do esposo, era a responsável por cuidar da casa e dos filhos. Depois, falamos sobre a falta de autoridade no lar, usando como exemplo os sacerdotes Eli e Samuel, que exerciam autoridade sobre todo o Israel, mas não exerceram autoridade em suas próprias casas. Tratamos também dos problemas advindos de uma paternidade ausente, na formação moral e espiritual dos filhos.

 

Vimos dois tipos de paternidades extremistas: a autoritária e a permissiva. São dois extremos, que são prejudiciais ao bem estar da família. A paternidade autoritária apenas impõe regras sem considerar os sentimentos, a vontade e a memória dos filhos. A paternidade permissiva, que ignora os princípios bíblicos e deixa os filhos decidirem o que querem. Como exemplo de paternidade permissiva e negligente, falamos do caso de Eli, que era sumo sacerdote, e os filhos eram filhos de belial e profanos. 


Por último, falamos dos fracassos de dois pais que foram negligentes na criação dos filhos: Eli e Samuel. Ambos, foram líderes importantes de Israel, mas foram omissos na disciplina e repreensão dos filhos e se isentaram da responsabilidade para com os próprios filhos. Eli tinha 40 anos de sacerdócio e os seus dois filhos não conheciam o Senhor. Samuel não percebeu que os seus filhos corrompiam a justiça, agindo com ganância e recebendo suborno. Falamos também das relações do líder de uma Igreja com os seus filhos. Não se pode admitir tratamento inadequado a eles, seja para corrigi-los ou beneficiá-los. 


LIÇÃO 09: UMA FAMÍLIA NADA PERFEITA


Nesta lição estudaremos sobre uma família nada perfeita. Se ficássemos somente no título, não saberíamos dizer a qual família o comentarista se refere, pois não existe família perfeita. Todos nós, sem exceção, somos imperfeitos e, por conseguinte, a nossa família também o é. Quando buscamos no dicionário o significado de perfeição, encontramos logo na primeira definição: “Condição ou estado do que não apresenta falhas, incorreções ou defeitos; qualidade do que é perfeito” (Dicionário Priberam). Evidentemente, nenhum de nós possui este perfil. 


Como exemplo de uma família nada perfeita, falaremos da família do rei Davi. Não obstante, tenha sido considerado pelo próprio Deus como “um homem segundo o coração de Deus” (At 13.22), o grande salmista de Israel e tenha sido um rei muito amado pelo seu povo, Davi foi um desastre como pai e como esposo. A família de Davi era numerosa e cheia de problemas, que eram consequências das suas escolhas equivocadas. Davi teve várias esposas e concubinas e mais de 20 filhos. Evidentemente, não seria fácil administrar uma família com este perfil.

 

No primeiro tópico, falaremos sobre o rei Davi e a sua família. Inicialmente, falaremos de Davi, como o ungido de Deus para reinar sobre Israel, no final do desastroso reinado de Saul, que Deus havia rejeitado. Na sequência, veremos que Davi era também um homem de Deus, capacitado pelo Espírito de Deus para reinar sobre todo o Israel. Como rei, Davi unificou a todo o Israel, depois da morte de Saul e foi bem sucedido. Por último, falaremos da grande família de Davi, que teve várias esposas e concubinas, que lhe deram mais de 20 filhos. Este ambiente com várias mulheres, filhos e filhas de mulheres diferentes, aliado ao descaso de Davi para com os filhos, trouxeram problemas gravíssimos para a família. 


No segundo tópico, falaremos sobre os filhos e parentes na casa de Davi, envolvidos no episódio do incesto e estupro ocorrido na casa de Davi e asssassinato subsequente. Falaremos sobre Tamar, Absalão e Amnom, filhos de Davi e sobre Jonadabe, sobrinho de Davi, que foi o mau conselheiro de Amnom. Amnom, o filho primogênito de Davi, foi tomado por um desejo incestuoso pela sua meio irmã Tamar. Jonadabe, filho de Siméia, irmão de Davi, era um conselheiro do mal e aconselhou Amnom a fingir que estava doente e pedir que a sua irmã viesse cuidar dele. Quando ela atendeu ao pedido, Amnom a estuprou e em seguida a desprezou. Absalão, que era irmão de Tamar por parte de pai e mãe, tomado pelo ódio acabou matando o seu meio-irmão Amnom, para vingar a honra da irmã. 


No terceiro tópico, falaremos sobre os problemas morais na família de Davi. Falaremos sobre a falta de domínio próprio de Davi, no caso do adultério com Batseba e o assassinato de Urias. Esta atitude imoral e covarde de Davi, acabou reproduzindo em seus filhos esse tipo de comportamento. Em seguida, falaremos sobre o Incesto e morte na família de Davi. Amnom, estuprou a sua irmã Tamar e, como não foi punido por Davi, acabou sendo morto pelo seu irmão Absalão. Por último, falaremos sobre a importância da vigilância, da proximidade e do exemplo na família. Nenhum de nós está livre de se deparar com problemas entre os filhos, por isso, é importante estar atento e acompanhar de perto, principalmente dando o exemplo de integridade. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando desafios e problemas com exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 154-164..

SWINDOLL. CHARLES R. Davi, Um homem Segundo o Coração de Deus. Editora Mundo Cristão. 5ª Ed. pág. 224-225.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1182.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. 11 ed. 2013. pag. 317-318.

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 191- 92).

19 maio 2023

O FRACASSO DE DOIS PAIS RELAPSOS COM OS FILHOS


(Comentário do 3º tópico da Lição 08: A importância da paternidade na vida dos filhos)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre os fracassos de dois pais que foram negligentes na criação dos filhos: Eli e Samuel. Ambos, foram líderes importantes de Israel, mas foram omissos na disciplina e repreensão dos filhos e se isentaram da responsabilidade para com os próprios filhos. Eli tinha 40 anos de sacerdócio e os seus dois filhos não conheciam o Senhor. Samuel, por sua vez, sequer percebeu que os seus filhos corrompiam a justiça, agindo com ganância e recebendo suborno. Quando o povo os rejeitou como juízes, Samuel em vez de repreender os filhos, sentiu-se rejeitado pelo povo. Por último, falaremos sobre as relações do líder de uma Igreja com os seus filhos. Não se pode admitir tratamento inadequado a eles, seja para corrigi-los ou para beneficiá-los.


1. Omissos para com os filhos. Conforme falamos no tópico anterior, Eli foi sumo sacerdote e juiz em Israel por 40 anos. Samuel foi criado por Eli no Tabernáculo e se tornou sacerdote, profeta e juiz de Israel, muito respeitado. Entretanto, os dois foram omissos para com os filhos, que se tornaram ímpios nas funções que ocuparam em Israel.

Sobre os dois filhos de Eli, a Bíblia diz: “Eram, porém, os filhos de Eli filhos de Belial” (1 Sm 2.12). A palavra “belial” no hebraico não tem um significado muito claro. O prefixo “bel” e o seu sufixo “ya’al” podem significar “sem proveito, imprestável, inútil” e era exatamente isso que eram os filhos de Eli, Hofni e Finéias, pois, não respeitavam as dependências do Tabernáculo e profanavam as coisas santas. O Senhor repreendeu a Eli por causa disso, mas ele não tomou providências. 

Os filhos de Eli levaram a Arca da Aliança para a guerra contra os filisteus e nesta batalha, os dois foram mortos. A Arca foi levada pelos filisteus para a terra deles e passou 20 anos lá. Com a notícia da morte dos dois filhos de Eli, a sua nora que estava grávida, entrou em trabalho de parto e morreu. Quando soube das notícias trágicas, Eli caiu da cadeira, quebrou o pescoço e morreu. Este é o resultado de líderes do povo de Deus que são omissos e tolerantes com os erros dos seus filhos, honrando-os mais do que a Deus.

O profeta Samuel foi um milagre de Deus desde a sua concepção. Ana, a sua mãe, era uma mulher piedosa, porém, era estéril e vivia sendo humilhada por sua rival Penina, a outra esposa do seu marido, por não ter filhos (1 Sm 1.1-6). Ana, então, resolveu ir ao santuário em Siló, orar e pedir um filho ao Senhor. Em sua oração, Ana fez um voto ao Senhor, dizendo que se Ele lhe concedesse um filho, ela o daria ao Senhor, por todos os dias da sua vida (1 Sm 1.9-11). O Senhor ouviu a sua oração e lhe concedeu Samuel. Ana cumpriu o seu voto e entregou o menino para ser criado na Casa de Deus pelo sumo sacerdote Eli (1 Sm 1.20-28).

Samuel cresceu junto com Eli e os seus filhos. Ainda adolescente, Deus o chamou de noite e lhe entregou palavras contendo a dura sentença da casa de Eli (1 Sm 3.10-14). Samuel cresceu e se tornou profeta, sacerdote e juiz, muito respeitado em todo o Israel. Foi ele que ungiu os dois primeiros reis de Israel, Saul e Davi, e fez a  transição do período dos juízes para a monarquia em Israel (1 Sm 10.1; 16.13). Nenhuma das suas palavras caiu por terra (1 Sm 3.19).

Entretanto, apesar de ser um homem de Deus, honrado e extremamente dedicado às coisas de Deus, Samuel também foi omisso em relação à própria família. Quem lê os primeiros sete do primeiro Livro de Samuel, que mostra a sua vida e os seus feitos desde o nascimento até a velhice, não imagina que ele era casado, pois não há nenhum relato sobre a sua esposa e filhos. Somente no capítulo 8, há a primeira menção aos seus filhos, na sua velhice, dizendo que Samuel envelheceu e constituiu os seus filhos como juízes, mas eles "...não andaram pelos caminhos dele, antes se inclinaram à avareza, e aceitaram suborno, e perverteram o direito." (1 Sm 8.3). Samuel soube através do povo, que os seus filhos não andavam como ele e que eram corruptos e avarentos. Em vez de repreender os filhos ou destituí-los do cargo de juiz, ele sentiu-se rejeitado pelo povo, por terem pedido um rei. 


2. A isenção de responsabilidade de Eli e Samuel para com seus filhos. Eli e Samuel eram sacerdotes e juízes. Pelos relatos bíblicos podemos concluir que ambos exerceram os seus ofícios sem que nada desabonasse a conduta deles como ministros do Tabernáculo, ou como juízes. Não consta nos textos bíblicos que eles profanaram o santuário ou que tenham cometido injustiças, na função de juiz. Entretanto, conforme falamos acima, os dois foram omissos em relação à criação dos filhos e os filhos de ambos eram ímpios, não por terem sido rebeldes em não seguir a orientação dos pais, como fez Sansão, mas porque os pais foram omissos e não os repreenderam. 

O problema, tanto de Eli como de Samuel, parece ter sido o de muitos pastores na atualidade: colocar o ministério acima da própria família, na lista de prioridades. Isso é um erro, pois o apóstolo Paulo disse que "... se alguém não cuida da própria casa, terá cuidado da casa de Deus?" (1Tm 3.5). O primeiro rebanho de um pastor deve ser a própria família. Paulo diz também a Timóteo: “Se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel.” (1Tm 5.8). Portanto, de nada adianta o obreiro ter um ministério bem sucedido para os de fora, se a própria família estiver destruída.


3. Tratamento inadequado. Se por um lado, a omissão dos líderes eclesiásticos em relação aos seus filhos é um grave problema para a família e para a Igreja, por outro lado, o rigor e exigência diferenciados para com os filhos do pastor, também são prejudiciais.  Muitas Igrejas exigem um comportamento diferenciado da família do pastor, como se fossem superiores aos demais membros da Igreja. 

Em muitas Igrejas, os filhos de pastores são submetidos a cobranças e punições rigorosas, sendo ainda crianças e adolescentes, para "dar o exemplo" à Igreja. Isso acaba fazendo com que eles cresçam revoltados e, na idade adulta, se afastem da Igreja ou não queiram saber de serem obreiros. 

Os pastores devem ser bons pais, como qualquer cristão, criando os seus filhos com amor, dedicação e ensino da Palavra de Deus. Se errarem deve repreendê-los e corrigi-los como todo pai cristão. mas não para mostrar à Igreja que tem autoridade. Na Igreja, eles devem receber o mesmo tratamento dos demais membros. Não podem ser punidos ou beneficiados de forma diferenciada por serem filhos do pastor. 

 

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 145-148.

MACARTHUR, John. Pais sábios, Filhos brilhantes. Editora Thomas Nelson Brasil. 1 Ed. 2014.

LOPES, Hernandes Dias. EFÉSIOS: Igreja, A Noiva Gloriosa de Cristo. Editora Hagnos. pag. 164-167.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.368.

LOPES. Hernandes Dias. 1 Timóteo: O Pastor, sua vida e sua obra. Editora Hagnos. pág. 118-119.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 504.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1260-1261.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Efésios. pag.128-130.


17 maio 2023

TIPOS DE PATERNIDADE EXTREMISTA

Os prós e contras de ser um pai permissivo - A Mente é Maravilhosa

(Comentário do 2º tópico da Lição 08: A importância da paternidade na vida dos filhos)

 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre dois tipos de paternidades extremistas: a paternidade autoritária, que apenas impõe regras sem considerar os sentimentos, vontade e memória dos filhos; e a paternidade permissiva, que ignora os princípios bíblicos e deixa os filhos decidirem o que querem. Estes dois extremos são prejudiciais ao bem estar da família e devem ser evitados. Como exemplo de paternidade permissiva e negligente, falaremos do caso de Eli, que era sumo sacerdote, e os filhos eram filhos de belial e profanos.

 

1. A paternidade autoritária. Conforme falamos no tópico anterior, muitas pessoas confundem autoridade com autoritarismo. Os pais antigamente tinham esta concepção. Escrevendo aos Efésios, no capítulo 6, nos versículos 1 a 3, o apóstolo Paulo faz a seguinte recomendação aos filhos: “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra. Este mandamento é uma reafirmação do quinto mandamento do decálogo, que manda honrar pai e mãe. Muitos pais gostam deste mandamento e o usam frequentemente para exigir a obediência dos filhos. Entretanto, não atentam para a continuidade do texto, onde o apóstolo diz: “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor.” (Ef 6.4). 

 

No contexto em que Paulo escreveu estas orientações a pais e filhos, o pai detinha poder absoluto sobre os filhos e podia não apenas castigá-los, mas também vendê-los, escravizá-los, abandoná-los e até matá-los. Sobre isso, Bruna Menezes das Neves diz em sua monografia do curso de direito, apresentada na Universidade Federal de Santa Catarina: 

 

“No direito romano, o chefe da família era considerado o ascendente masculino mais antigo em vida, chamado de 'pater familias'. Ele detinha o poder sobre o patrimônio familiar, os cultos religiosos e sobre cada integrante da família, entre os quais os filhos. Sobre estes, inclusive, detinha o 'ius vendendi', direito de vender os filhos, e o ‘ius vitae ac necis', direito de relegar o filho à morte, entre outros atributos a serem estudados no presente trabalho.”

 

Legalmente, o pai poderia impor a sua vontade aos filhos e demais integrantes da família, de forma unilateral, usando meios violentos para castigá-los e até executá-los, se achasse que era necessário. A paternidade autoritária impõe as suas ordens, muitas delas absurdas, sem considerar que os filhos têm sentimentos, vontades, inteligência e são seres humanos. Exigem que as suas ordens sejam cumpridas, sem nenhum questionamento e sem nenhuma explicação, sob pena de sofrerem castigos severos. Os filhos, enquanto pequenos, podem até cumprir estas ordens por medo e pavor, mas crescem revoltados e podem também se tornarem violentos. 

 

Para o cristão, não é este modelo de paternidade que a Bíblia recomenda. A ordem para os filhos obedecerem aos pais vem acompanhada da ordem para os pais não provocarem a ira dos filhos e os criarem na doutrina e admoestação do Senhor. Paulo dá aqui duas recomendações importantes aos pais, para uma paternidade segundo o padrão de Deus: 

a. Não provocar a ira dos filhos. Isto significa não irritá-los com ordens absurdas, tratamento desumano, injustiças e outras atitudes que possam desanimá-los e induzi-los à desobediência e rebeldia. William Hendriksen cita seis atitudes dos pais, que provocam ira nos filhos: 1) excesso de proteção; 2) favoritismo; 3) desestímulo; 4) não reconhecimento do crescimento do filho e direito de ter as próprias ideias; 5) negligência; e 6) palavras ásperas e crueldade física.

b. Criá-los na doutrina e admoestação do Senhor. A palavra “criar” neste texto significa sustentar com ternura, amor, cuidado e proteção. Isso está relacionado ao desenvolvimento do caráter. A recomendação do apóstolo Paulo, portanto, é para os pais treinarem e ensinarem os filhos de acordo com o ensino (doutrina) e conselho (admoestação) do Senhor. Ou seja, as ordens e ensinos dos pais cristãos precisam seguir os padrões de Deus. 


2. A paternidade permissiva. No outro extremo da paternidade autoritária está a paternidade permissiva. Se por um lado, a paternidade autoritária impõe as suas ordens aos filhos, sem considerar que eles também têm sentimentos, vontade e inteligência, por outro lado, a paternidade permissiva não impõe limite algum e deixa que os filhos decidam tudo. 

 

Se no passado os pais eram autoritários, intransigentes e extremamente agressivos com os filhos, na atualidade os pais não corrigem os filhos quando erram e deixam fazer tudo o que querem. A impunidade é parceira da delinquência. Onde não há limites estabelecidos e sanções para os infratores, eles se sentem estimulados a continuar infringindo as regras e a não respeitar ninguém. 

 

Os filhos precisam de orientação, regras e limites, principalmente, quando estão em formação, pois, eles não têm discernimento nem responsabilidade para decidirem o que é melhor para eles. Impor limites aos filhos é também uma forma de proteção. Se deixarmos os nossos filhos escolherem o que querem comer e quando comer, eles sempre irão preferir doces e chocolates, em vez de refeições balanceadas nos horários corretos. Se ficar a cargo deles ir à escola ou não, irão crescer analfabetos, pois irão preferir continuar dormindo ou jogando no celular. O mesmo acontece no âmbito espiritual. Precisamos ensinar a Palavra de Deus aos nossos filhos e não podemos deixar que eles decidam se querem ir à Igreja ou não, enquanto são pequenos.  


3. Eli criou filhos que se tornaram profanos. Temos poucas informações sobre a origem do sumo sacerdote Eli e como ele chegou a este cargo tão importante em Israel. Eli aparece pela primeira vez nas Escrituras, quando Ana, a mãe de Samuel, orava a Deus pedindo-lhe um filho em voz baixa e ele a teve por embriagada. Depois que ela contou o que estava fazendo, ele a abençoou. 

 

Sabemos que Eli foi juiz de todo o Israel e o primeiro sumo sacerdote em Siló. Sabemos também que ele era descendente de Itamar, filho de Arão e o primeiro sumo sacerdote dos filhos de Itamar. O cargo de sumo sacerdote era hereditário e, portanto, deveria ser exercido pelo filho mais velho de Arão, após a sua morte. Nadabe e Abiú, os dois filhos mais velhos de Arão, foram mortos após queimarem incenso sem autorização. O cargo, então, passou para Eleazar, que era o próximo filho de Arão. Depois de Eleazar, o sumo sacerdote passou a ser o seu filho Finéias. 

 

No tempo dos juízes, os filhos de Israel caíram na idolatria e na anarquia e cada um fazia o que achava correto, como vimos em lições anteriores. Foi durante este período, que Eli se tornou o sumo sacerdote e na temos informações bíblicas sobre a mudança do sumo sacerdote para a descendência de Itamar. Depois, nos dias de Salomão, cumprindo-se a profecia que Deus falou através de Samuel, o sumo sacerdote voltou para a família de Eleazar (1 Rs 2.35). 

 

Eli tornou-se sacerdote aos 58 anos de idade e passou quarenta anos como juiz e sacerdote em todo Israel (1 Sm 4.8). Isso demonstra que ter sido um bom juiz. Entretanto, ele foi omisso e tolerante com os gravíssimos pecados dos seus filhos e, por isso, o seu final foi trágico. Os seus dois filhos, Hofni e Finéias exerciam o sacerdócio durante a velhice do pai, de forma profana, imoral e abusiva. Eles se prostituíam com um bando de mulheres nas dependências do santuário em Siló. Desprezavam as ofertas ao Senhor e praticamente tomavam a carne do povo sem queimar a gordura, como ordenava a Lei. 

 

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. Relacionamentos em família: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 144-145.
Monografia de Bruna Medeiros das Neves, apresentada ao Curso de Graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina.
Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1261-1262.
LOPES, Hernandes Dias. EFÉSIOS: Igreja, A Noiva Gloriosa de Cristo. Editora Hagnos. pág. 164-167.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.368.

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

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