05 maio 2023

A FRAQUEZA DE CARÁTER DE SANSÃO

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 06: Pais zelosos e filhos rebeldes)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre a fraqueza de caráter de Sansão. Desde a infância, Sansão sabia que era escolhido por Deus para libertar o seu povo da opressão dos filisteus. Mas ele acabou subestimando o poder do inimigo e tornou-se vítima das suas armadilhas. Sansão também passou a agir de forma presunçosa, subestimando a ação de Deus em sua vida e alimentando o próprio ego. Passou também a manipular o poder de Deus e brincar com o pecado. Isso o levou à ruína e à humilhação diante dos seus inimigos. Felizmente, na iminência da sua morte, ele se humilhou, clamou ao Senhor e Deus teve misericórdia dele. 


1- Sansão subestimou o poder do inimigo. Dois erros podem ser fatais na estratégia de guerra: desconhecer o inimigo e subestimar o seu poder. Sansão cometeu estes dois erros em relação aos filisteus. Ele entrava nos territórios dominados pelos filsteus sozinho e desarmado. Sansão cometeu o erro gravíssimo de casar-se com uma mulher filistéia, mesmo sendo advertido pelos seus pais de que aquilo não acabaria bem. Certa vez, ele foi cercado por mil homens dos filisteus e só não foi morto, porque o Espírito de Deus se apossou dele e ele os feriu com uma queixada de um jumento. Em outra ocasião, ele foi a Gaza, uma das cidades fortes dos filisteus, e deitou-se como uma prostituta. Os filisteus cercaram a cidade, mas ele arrancou o portão com os seus batentes e trancas e  o levou até o cume de um monte sobre os seus ombros. Por último, se envolveu com uma mulher astuta, chamada Dalila, que o fez revelar o segredo da sua força e os filisteus o dominaram. Por causa disso, o seu fim foi trágico e humilhante. 


Muitos crentes atualmente também cometem estes mesmos erros que Sansão cometeu: menosprezam o poder e artimanhas do inimigo e se expõem ao perigo, brincando com a natureza carnal, o pecado e o diabo. Sobre este assunto, o apóstolo Pedro nos alertou: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Nesta advertência, o apóstolo alertou os crentes sobre o perigo do nosso adversário, que é maligno e altamente destruidor, mas, ao mesmo tempo, é astuto como um leão quando ataca as suas presas. O primeiro passo para o leão atacar uma presa é acompanhar os seus passos e isolá-la do bando. Quando a presa está sozinha, ele a ataca com um golpe certeiro, que impede a sua reação. 


O pastor Hernandes Dias Lopes, comentando este texto de 1 Pedro 5. 8, mostra-nos quatro armas muito eficientes para não cair nas ciladas do adversário, que transcrevo abaixo resumidamente:

  1. Sobriedade. Esta palavra é sinônimo de domínio próprio. É o contrário de estar embriagado e sem controle. Se o inimigo conseguir dominar a mente do crente, ele o destruirá.

  2. Vigilância. Significa estar atento ao que acontece ao seu redor, identificando as possíveis ciladas do adversário para não cair nelas. 

  3. Fé. A fé pode ter o sentido de confiança absoluta em Deus e capacidade de suportar as provações, mas pode se referir também ao conjunto das doutrinas bíblicas. Nos dois casos, é uma arma poderosa contra o inimigo. 

  4. Consciência em meio ao sofrimento. O diabo é especialista em exagerar na dimensão da nossa dor e, ao mesmo tempo, menosprezar o consolo que temos em Deus. Sendo assim, o crente precisa se conscientizar de que ele não é o único que sofre, que Deus nos ajuda a suportar o sofrimento e que este é passageiro. Na eternidade, está reservado para nós uma glória indizível, que suplanta qualquer sofrimento desta vida. 


2- A presunção de Sansão. Se por um lado, como vimos acima, Sansão menosprezou o inimigo, por outro lado, ele era presunçoso e superestimava a própria força. Segundo o dicionário Michaelis, da Língua Portuguesa, uma das definições de presunção é a “avaliação muito favorável que alguém tem de si próprio; arrogância, cachaço, orgulho, pomada, vaidade.” Era exatamente assim que Sansão se comportava, achando que era um homem excepcional e invencível. Depois que o seu cabelo foi cortado, Dalila o despertou, dizendo: “Os filisteus vêm sobre ti, Sansão!”. Sansão abriu os olhos e respondeu autoconfiante: “Sairei, como das outras vezes, e me livrarei.” Porém, ele não sabia que o Espírito do Senhor já tinha se retirado dele (Jz 16.20). 


Sansão, realmente, fazia coisas extraordinárias, que nenhum homem comum conseguiria fazer, como por exemplo: destroçar um filhote de leão com as próprias mãos; arrancar o portão de uma cidade com os batentes e trancas e carregá-lo nos ombros até o cume de um monte; ferir mil homens, apenas com um pedaço de osso de um jumento; etc. Entretanto, estas coisas extraordinárias não foram realizadas com a força física dele e sim, porque o Espírito do Senhor se apossava dele e o capacitava com uma força sobrenatural. Tanto que depois que o Espírito do Senhor se retirou dele, os filisteus o dominaram, prenderam-no e furaram-lhe os olhos. 


Um dos grandes inimigos do cristão é a sua própria carne (natureza pecaminosa) ou o velho homem, como é chamado na Bíblia. A carne cobiça contra as coisas do Espírito e leva o homem a agir de acordo com os próprios impulsos. O apóstolo Paulo disse que, “os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm 8.8) e “os que praticam as obras da carne não herdarão o Reino de Deus”. (Gl 5.19-21). É próprio da natureza carnal, a soberba, a arrogância e a autoconfiança. Se não andar segundo o Espírito, o ser humano não glorifica a Deus e busca a glória para si mesmo. Infelizmente, muitas pessoas que recebem dons de Deus para fazer a Obra de Deus e glorificá-lo, acabam caindo na tentação de se orgulhar dos dons que não lhe pertencem. Isso, certamente, os levará à ruína, pois Deus resiste aos soberbos. 


3- Manipulando o poder de Deus e brincando com o pecado. Sansão era muito forte fisicamente, com a força que vinha de Deus. Por outro lado era muito fraco espiritual e moralmente. Ele não levava a sério as coisas de Deus e, portanto, se tornou profano. 


Sendo israelita e nazireu de Deus, ele tinha várias regras a cumprir, que ele simplesmente ignorava. Os israelitas eram proibidos de se casarem com mulheres estrangeiras, pois a nação de Israel foi formada por Deus, para através dela trazer o Messias. Ignorando este mandamento de Deus e advertência dos pais, Sansão casou-se com uma filistéia,  e depois envolveu-se com uma prostituta, também filistéia, que por pouco não morreu, quando estava com ela. Por último se apaixonou por outra filistéia, chamada Dalila, mulher astuta e avarenta, que o fez descobrir o segredo da sua força e o traiu, entregando-o aos inimigos dele. 


Como nazireu, Sansão tinha regras ainda mais rigorosas para cumprir, que um israelita comum. Conforme falamos no tópico anterior, um nazireu não poderia beber vinho ou bebida forte, não poderia cortar o cabelo e não poderia tocar em cadáver ou em qualquer coisa considerada imunda. Não há registro de que Sansão tenha bebido vinho e ele não cortava o cabelo. Entretanto, comeu mel que estava em um cadáver de leão e envolveu-se com mulheres estrangeiras. Isso o tornava imundo e violava o voto do nazireado. 


Esta profanação para com as coisas de Deus e brincadeiras com o pecado, inevitavelmente o levaram à destruição, com um final humilhante, sendo zombado em um templo de um deus pagão. Se tivesse dado ouvido aos ensinos e advertências dos seus pais, nada disso teria acontecido e ele teria terminado a vida como um grande herói de Israel, como foram Moisés, Josué, Samuel e Davi. Claro que este homens também tiveram falhas, mas viveram até a velhice, honrando a Deus em suas vidas. 


Deus não se deixa escarnecer Ninguém sai ileso fazendo concessões ao pecado, vivendo uma vida dupla, dizendo que serve a Deus e ao mesmo tempo vivendo uma vida de pecado e dissolução. O apóstolo Paulo alertou os Coríntios, para não se prenderem a um jugo desigual com os infiéis, pois não pode haver comunhão entre as luz e as trevas, ou entre Cristo e Belial (2 Co 6.14). Isso não serve apenas para o casamento, mas para todas as áreas da nossa vida. Deus nos chamou para sermos santos, ou seja, separados do pecado e consagrados a Deus. 


REFERÊNCIAS:

Cabral, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 110-115.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 2. pag. 734.

LOPES, Hernandes Dias. 1 Pedro: Com os pés no vale e o no céu. Editora Hagnos. pag. 176-179.

RIDALL, Clyde. Comentário Bíblico Beacon: Juízes. Editora CPAD. págs. 143-144.

CLARKE, Adam. Comentário Bíblico de Adam Clarke: Juízes.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1066.

04 maio 2023

O NASCIMENTO DE SANSÃO E SUA FORMAÇÃO

Foto: Biblioteca do Pregador

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 06: pais zelosos e filhos rebeldes).

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre o nascimento de Sansão e a sua formação. O seu nascimento foi um milagre anunciado, pois a sua mãe era estéril. Falaremos também sobre o ambiente familiar em que Sansão foi criado. Temos poucas informações sobre os seus pais, mas podemos concluir pelo relato do nascimento de Sansão, que eles tinham uma vida piedosa e uma vida conjugal bem ajustada. Por último, falaremos sobre a formação de Sansão. Não temos no texto bíblico, a informação de que, realmente, os seus pais lhe ensinaram a Lei do Senhor. Mas, pela vida piedosa que eles levavam, podemos deduzir que sim. Porém, vemos que Sansão na idade adulta se afastou das exigências do nazireado. 


1- O nascimento e desenvolvimento de Sansão. No texto de Juízes 13.24,25 lemos o seguinte: “E o menino cresceu, e o Senhor o abençoou. E o Espírito do Senhor o começou a impelir de quando em quando para o campo de Dã, entre Zorá e Estaol”. Os pais de Sansão viram a fidelidade do Senhor, no cumprimento da promessa. Podemos inferir deste texto, que a infância e juventude de Sansão foram dirigidas por Deus. Certamente os seus pais, que eram tementes a Deus e viram o cumprimento da promessa do nascimento de um filho, sendo a sua mãe estéril, criaram-no seguindo os princípios de Deus. 


Assim como aconteceu com Jesus quando tinha doze anos, o Espírito do Senhor já agia na vida de Sansão ainda muito jovem, abençoando o menino e depois, impelindo-o a ir ao campo de Dã, entre Zorá e Estaol, que ficava na fronteira com os filisteus e era dominado por eles. Mesmo sendo precipitado, inconsequente e afoito muitas vezes, o fato é que desde cedo, apesar de ser um homem fraco moralmente, Sansão era dirigido pelo Espírito Santo para livrar Israel do domínio dos filisteus. 


Sansão cresceu sabendo que era o filho prometido aos seus pais e que ele nasceu por um milagre de Deus, tendo como missão começar a livrar Israel das mãos dos filisteus. Deus concedeu a ele um desenvolvimento físico extraordinário e também muita coragem para realizar a missão que Deus lhe concedeu. Sansão desde cedo enfrentou situações de perigo, sem nenhum temor e os inimigos de Israel o temiam e fugiam dele. A primeira manifestação de força e coragem de Sansão foi quando um leão veio ao seu encontro e ele o despedaçou com as mãos, como se fosse um cabrito, sem nenhuma arma. Evidentemente, tanto a força física, como o ímpeto e coragem vinham do Espírito Santo (Jz 14.6).


2- A família de Sansão. Sansão foi criado por um casal que temia a Deus, mesmo vivendo em uma geração que se afastou de Deus. Conforme vimos no primeiro tópico, após a morte de Josué, o povo de Israel caiu em um ciclo vicioso de idolatria e anarquia. Por isso, Deus os entregou a inimigos cruéis para puni-los e levá-los ao arrependimento. Quando se arrependiam e clamavam ao Senhor, Deus os livrava, mas, após a morte do libertador, eles voltavam ao pecado. 


A história de Sansão demonstra que os pais de Sansão continuaram fiéis a Deus. A sua mãe era estéril, em uma sociedade que considerava isso uma maldição e desprezava as mulheres que não tinham filhos. Mesmo assim, não há registros de que ela murmurou, se desesperou ou se precipitou como fizeram Sara e Raquel. O fato do Anjo do Senhor aparecer inicialmente ela e não ao seu esposo Manoá, indica que ela era mulher que tinha comunhão com Deus, talvez até mais do que o seu esposo. Mesmo assim, ela contou tudo ao seu esposo e, quando o Anjo apareceu novamente, ela pediu que ele esperasse e foi chamar o esposo, para que ele também ouvisse as instruções do Senhor. 


Estes relatos nos mostram, como disse o comentarista, que este casal tinha uma “vida conjugal de confiança e profunda piedade”. O exemplo de Manoá e sua esposa nos ensina valiosas lições para a nossa vida familiar:

  1. Mesmo vivendo no meio de pessoas que não temem a Deus, devemos manter a nossa comunhão com Deus e não seguir a maioria. 

  2. Ensina-nos também que em situações de lutas impossíveis aos nossos olhos, como o caso da esterilidade feminina naquele contexto, devemos confiar e esperar no Senhor. 

  3. Aprendemos também que, ao recebermos uma missão de Deus, devemos buscar a Ele e pedir as instruções, em vez de agir por conta própria. Sara tinha a promessa de que o seu esposo seria pai de uma grande nação, sendo ela estéril. Os anos se passaram e a promessa não se cumpria. Em vez de buscar ao Senhor e pedir informações, ela se precipitou e agiu por conta própria, como vimos na primeira lição.

  4. Ensina-nos que devemos criar os nossos filhos conforme os princípios da Palavra de Deus. O casal recebeu a promessa de que teria um filho, que seria nazireu de Deus. Eles perguntaram ao Senhor qual seriam as instruções para a criação e educação do filho. Mesmo os nossos filhos não sendo nazireus, há vários princípios na Palavra de Deus para a criação dos filhos, que nós devemos seguir. 

  5. Por último, aprendemos que o casal deve estar sempre unido e agir em parceria na criação dos filhos. Jamais o casal deve agir de forma diferente na educação dos filhos, tirando a autoridade um do outro. 


3- A formação de Sansão. Conforme vimos acima, os pais de Sansão eram piedosos e tinham uma vida conjugal bem ajustada. Certamente eles ensinaram a Sansão as exigências do nazireado e os orientaram corretamente, segundo o que receberam do Anjo do Senhor. Entretanto, vemos que na idade adulta, Sansão se afastou destes ensinamentos, seguiu a sua própria vontade e não honrou o voto de nazieado que o Senhor ordenara aos seus pais. Muitas pessoas acham que o problema de Sansão foi apenas o fato de ter contado o segredo a Dalila, que mandou cortar o cabelo dele. Mas, a rebeldia dele começou bem antes. Sendo um nazireu, Sansão não poderia tocar em cadáver. Mas ele comeu mel que estava em um cadáver de um leão. Casou-se com uma mulher das filhas dos filisteus, contrariando a orientação dos seus pais. Estas atitudes demonstram a sua rebeldia em relação aos ensinos dos seus pais. 


Muitos pais ao verem os seus filhos andando em caminhos tortuosos, ficam se martirizando e se culpando, perguntando onde erraram. É claro que em muitos casos, a culpa realmente é dos pais que não ensinaram, não impuseram limites e deram maus exemplos aos filhos. Entretanto, em muitos casos, os pais são piedosos e ensinam, porém, na idade adulta, os filhos têm livre arbítrio e se afastam daquilo que aprenderam, seja por más influências ou por rebeldia mesmo. Foi este o caso de Sansão. Ele nasceu em um lar de pessoas que serviam a Deus e foi ensinado corretamente Mas, depois abandonou os ensinos dos pais e seguiu a própria vontade, como veremos no próximo tópico. 


A Palavra de Deus nos ensina que devemos instruir a criança no caminho em que deve andar e até quando envelhecer, não se afastará dele (Pv 22.5). Entretanto, isso não é uma profecia e sim, uma palavra de sabedoria. O apóstolo Paulo também recomendou ao carcereiro de Filipos: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa”. Muitas pessoas também confundem este versículo, como se fosse uma garantia de que eu crer no Senhor Jesus Cristo, automaticamente a minha família também será salva. Mas não é isso que o texto está falando. O que Paulo falou é que se o carcereiro e a sua casa cressem no Senhor Jesus Cristo, eles seriam salvos. Evidentemente, se algum deles não cresse não estaria incluído. 

 

A tendência é que os filhos que foram ensinados desde cedo nos caminhos do Senhor, com as palavras e o exemplo, na idade adulta permaneçam servindo ao Senhor. Mas, existem as exceções, pois eles têm o livre arbítrio e podem escolher o caminho que irão trilhar. A nossa responsabilidade como pais é apenas ensinar e orar por eles. 


REFERÊNCIAS:

Cabral, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 105-109.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1056.

RIDALL, Clyde. Comentário Bíblico Beacon: Juízes. Editora CPAD. pág. 137.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pág. 143-144.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 4. 11ª Ed. 2013. pág. 466.

PFEIFFER, Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. 2 Ed. 2007. pag. 1347.

03 maio 2023

OS PAIS DE SANSÃO

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 06: pais zelosos e filhos rebeldes)


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico falaremos sobre os pais de Sansão. Falaremos sobre o contexto em que eles viveram em Israel, que foi uma situação de decadência espiritual, onde os filhos de Israel faziam o que era mau aos olhos do Senhor. Por causa disso, o Senhor os entregou ao domínio dos filisteus. Depois falaremos sobre o encontro do Anjo do Senhor com a mãe de Sansão, que era estéril e foi agraciada com um filho. Por último falaremos sobre as instruções do Anjo ao casal, em relação ao estilo de vida diferenciado que Sansão deveria ter desde a infância até o fim da vida. 


1- Uma situação espiritualmente deplorável. Quando entraram na terra prometida, sob a liderança de Josué, o povo de Israel experimentou um período de temor a Deus, paz e conquistas. No final da sua vida, Josué reuniu todo o povo e fez um resumo de tudo o que o Senhor fizera por eles no Egito e no deserto. Em seguida colocou diante deles a opção de escolherem a quem queriam servir: aos deuses a quem os seus pais serviram do outro lado do Jordão, aos deuses dos cananeus, ou a Yahweh. O povo se comprometeu a servir ao Senhor e Josué fez uma aliança ali. 


Entretanto, Josué não formou nenhum sucessor e, após a morte e de toda a geração que conviveu com ele, o povo de Israel caiu na idolatria e se tornou uma anarquia, onde cada um fazia o que achava correto. Israel formou uma espécie de confederação tribal, sem nenhuma liderança espiritual que lhes ensinasse a Lei do Senhor. 


Por causa desta apostasia, Deus os entregou nas mãos de vários inimigos. Diante do domínio de inimigos, o povo chamava ao Senhor e Ele levantava juízes para os livrar. Porém, após a morte do juiz, o povo voltava ao pecado e vinham novos inimigos. O povo clamava a Deus e Deus os livrava novamente. Foram sete apostasias, sete servidões e sete livramentos. Este ciclo vicioso durou cerca de trezentos anos e só teve fim nos dias do profeta Samuel. 


Na sétima apostasia, Deus os entregou nas mãos dos filisteus, um povo guerreiro que fazia parte dos chamados “povos do mar” que, no século XII a.C., migraram de uma região da Grécia para a planície costeira de Canaã, na fronteira com a tribo de Dã. Os filisteus organizaram uma confederação de cinco cidades fortes: Gaza, Asquelom, Asdode, Gate e Ecrom e eram muito temidos. Esse povo dominou Israel por 40 anos. Foi nesse contexto de apostasias, servidões e livramentos, sob o domínio filisteu, que viveram os pais de Sansão. Apesar disso, eles se mantiveram tementes a Deus e aguardavam que Deus providenciasse alguém, que os livrasse do domínio dos filisteus. Diferente dos domínios anteriores, não há registro de que Israel tenha clamado ao Senhor desta vez. Parece que se acostumaram a esta servidão e não queriam que Sansão causasse tumulto ou perturbasse os filisteus (Jz 15. 9-15). 


2- A mulher agraciada. No meio dessa crise espiritual e anarquia, onde cada um fazia o que bem entendia, um casal da tribo de Dã, que morava em um lugarejo chamado Zorá, permanecia fiel ao Senhor, aguardando que Ele levantasse um libertador para livrá-los do domínio filisteu. O nome do homem era Manoá e a mulher não teve o seu nome mencionado. 


A mulher era estéril e, naquela sociedade, isso era visto como uma maldição. O marido poderia, inclusive, abandoná-la por este motivo. Entretanto, a mulher de Manoá recebeu a visita do Anjo do Senhor, o qual lhe anunciou que, ela daria à luz um filho, cujo nome seria Sansão. Este menino – disse o Anjo – seria nazireu de Deus desde o nascimento. A mãe, portanto, deveria abster-se de vinho, de bebida forte e de contaminações. O menino também deveria seguir as regras do nazireado, que incluía não cortar o cabelo, abster-se de vinho e bebida forte, não tocar em cadáver, entre outras proibições. Este começaria a livrar Israel das mãos dos filisteus (Jz 13.3-5). 


A palavra hebraica "malak", traduzida por "anjo", significa um mensageiro, que pode ser um ser celestial ou um ser humano. O anúncio da vinda de João Batista, por exemplo, foi predito assim: "Eis que eu envio o meu mensageiro (heb. malak), que preparará o caminho diante de mim;l)..." (Ml 3.1a). Em algumas referências, quando aparece a expressão "o Anjo do SENHOR", grafado com letra maiúscula em nossas Bíblias, é uma manifestação do próprio Deus, chamada pelos teólogos de "Teofania", palavra grega formada de "Théos" (Deus) e "phanei" (manifestação), ou "Cristofania" (manifestação de Cristo antes da encarnação do Verbo). Este ser se manifestou em várias ocasiões na Bíblia, identificando-se como o próprio Deus: a Agar (Gn 16.9-11); a Abraão (Gn 22.11,15; a Moisés (Ex 3.3); a Gideão (Jz 6.11,12); e aqui, à esposa de Manoá (Jz 13.3-5). 


Diferente do que ensina o deísmo, que diz que Deus criou o universo com leis próprias e se afastou dele, o Deus da Bíblia intervém no universo e na história da humanidade. Deus muda situações impossíveis, para cumprir os seus propósitos. Deus é transcendente, pois Ele é e está muito além da nossa compreensão. Mas, Ele é também imanente, pois se interessa e se envolve com o ser humano que Ele criou: Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é Santo: Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de espírito, para vivificar o espírito dos abatidos e para vivificar o coração dos contritos." (Is 57.15). 


3- Recebendo orientações divinas. Conforme falamos acima, a esposa de Manoá recebeu a informação do SENHOR de que ela teria um filho, que seria nazireu de Deus. A palavra “nazireu” deriva  do hebraico "nazir", cuja raiz é "nazar", que significa: “separar; consagrar; abster-se”. Portanto, ser narizeu significa ser separado, ou consagrado exclusivamente para Deus. O voto de nazíreado era feito por algumas pessoas, por um período curto, para se dedicar exclusivamente ao Senhor. Mas, no caso de Sansão, ele foi escolhido por Deus para ser um nazireu por toda a vida. 


Quando Manoá soube que o Anjo do SENHOR havia aparecido para a sua esposa, ficou apreensivo sobre a forma que deveria proceder em relação ao menino que iria nascer. Então, ele orou a Deus, pedindo que o Anjo aparecesse também a ele, para dar maiores informações: "Então Manoá orou ao SENHOR, e disse: Ah! Senhor meu, rogo-te que o homem de Deus, que enviaste, ainda venha para nós outra vez e nos ensine o que devemos fazer ao menino que há de nascer." (Jz 13.8). 


O Anjo do SENHOR apareceu novamente à mulher e ela chamou o seu esposo Manoá, para ouvir as instruções. Manoá perguntou ao Anjo, se era ele o homem que havia aparecido à sua esposa e ele respondeu que sim. Numa atitude de fé e submissão, Manoá disse ao Anjo: “Cumpram-se as tuas palavras; mas qual será o modo de viver e serviço do menino?” (Jz 13.12). O Anjo repetiu as palavras ditas à esposa de Manoá e acrescentou: “De tudo quanto procede da vide não comerá, nem vinho, nem bebida forte beberá, nem coisa imunda comerá; tudo quanto lhe tenho ordenado guardará.” (Jz 13.14). Esta atitude Manoá se assemelha à de Maria, mãe de Jesus, quando ouviu o anúncio do nascimento de Jesus e disse: “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra.” Lc 1.38). 


Em Números 6.1-21, estão descritas todas as exigências para quem fizesse o voto do nazireado: 

  • Abster-se de vinho, bebida forte se apartará, vinagre, ou qualquer derivado de uvas;

  • Não passar navalha sobre o cabelo;

  • Não se aproximar de cadáver, nem mesmo aos pais e irmãos;

  • Ser santo ao Senhor durante todo o período do nazireado;

  • Se alguém viesse a morrer junto a ele por acaso, deveria rapar a cabeça no dia da sua purificação, no sétimo dia e, ao oitavo dia, trazer a devida oferta de sacrifício ao sacerdote, para expiação do pecado.


É interessante notar que as instruções não eram apenas para o menino que seria nazireu. A mãe de Sansão também recebeu instruções, para passar por uma preparação. Ela também deveria abster-se de bebidas e contaminações (Jz 13.4). É importante como Deus se preocupou com a formação da criança ainda no ventre. Hoje, a ciência recomenda que as mães devem evitar certos alimentos, cigarros, bebidas e drogas durante a gravidez, para não comprometer a saúde do bebê. É lamentável quando vemos mulheres grávidas fumando, bebendo e fazendo extravagâncias, sem se preocupar com a integridade física, emocional e espiritual do próprio filho. Há ainda aquelas que amaldiçoam, xingam e até consagram os próprios filhos aos demônios. Ora, os nossos filhos são herança do SENHOR e devemos consagrá-los a Deus e cuidar deles desde o pré-natal, proporcionando-lhes um ambiente seguro, em todos os aspectos. No próximo tópico falaremos sobre o cuidado dos pais de Sansão após o seu nascimento e a sua formação. 


REFERÊNCIAS:

Cabral, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pag. 103-104.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 1054.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pág. 143-144.

RIDALL, Clyde. Comentário Bíblico Beacon: Juízes. Editora CPAD. pág. 137.

01 maio 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 06: PAIS ZELOSOS, FILHOS REBELDES


Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada estudamos sobre os motins na família. Tomamos como exemplo, o caso de Miriã e Arão, irmãos de Moisés, que se levantaram contra a liderança dele sobre o povo de Israel. 


Iniciamos falando sobre a influência negativa da murmuração. Vimos as definições de motim e murmuração, como nasce um motim e falamos das três queixas contra Moisés, vindas do povo e dos seus irmãos: a queixa de que Moisés os trouxe para morrer de fome no deserto; a queixa contra o Maná, o alimento que Deus mandava diariamente; e a queixa dos irmãos de Moisés contra a sua liderança. 


Na sequência, falamos sobre o motivo da rebelião de Miriã e Arão contra Moisés, que foi a inveja. Inconformados com o papel que Deus lhes deu e queriam liderar o povo, eles se rebelaram contra a liderança de Moisés. O motim no seio da família sempre promove dissabores e ofensas entre os seus membros e destroem a harmonia familiar e a unidade cristã. 


Falamos também sobre a mansidão e humildade de Moisés. Ele não retrucava às ofensas e murmurações contra si e nunca se vangloriou de ser o principal líder de Israel, de falar com Deus cara a cara, de ver a Sua Glória, ou dos muitos milagres que Deus realizou através dele.  


Vimos que a liderança do povo de Deus representa um fardo muito pesado. Moisés sofreu muitas murmurações e rebeldia do povo de Israel. Ele chegou a desabafar com Deus, achando pesado o seu cargo (Nm 11.11-15). Deus, depois de punir o povo por causa da murmuração, ordenou a Moisés que escolhesse 70 anciãos de Israel para dividir com eles a carga e compartilhar a liderança. 


Por último vimos a punição de Deus contra Miriã e Arão. Deus deixou claro que Ele escolhera Moisés e que falava com ele de forma diferenciada. Depois que Deus repreendeu diretamente Miriã e Arão, explicitando a superioridade de Moisés em relação aos demais profetas, imediatamente, Miriã ficou leprosa e teve que ser retirada do meio da congregação. Deus trata com severidade a rebelião contra a liderança do seu povo. 


LIÇÃO 06: PAIS ZELOSOS, FILHOS REBELDES


Na lição desta semana estudaremos sobre o papel dos pais na formação do caráter dos seus filhos, com o tema: Pais zelosos e filhos rebeldes. A Bíblia está repleta de recomendações para os pais ensinarem aos seus filhos, a Palavra do Senhor e também para os filhos honrarem e obedecerem aos pais. 


Entretanto, o fato dos pais serem piedosos e instruírem os filhos no caminho em que devem andar, não representa uma garantia de que eles automaticamente seguirão as orientações dos pais. Isto porque os filhos são dotados de livre arbítrio, para fazerem as próprias escolhas. Há muitos casos na Bíblia de pais que eram tementes a Deus e ensinaram os princípios da Palavra de Deus aos seus filhos, mas eles não os seguiram. O contrário também acontece. Temos muitos exemplos de pais ímpios, cujos filhos foram tementes a Deus. 


Nesta lição veremos o exemplo de Sansão, que foi o 13⁰ juiz de Israel, escolhido por Deus antes de nascer, para libertar o povo da opressão dos filisteus. O nascimento de Sansão, assim como o de Isaque e de João Batista, foi um ato miraculoso de Deus, pois a sua mãe era estéril. O Anjo do Senhor apareceu à esposa de um homem chamado Manoá e falou que ela teria um filho, cujo nome seria Sansão e ele salvaria Israel das mãos do domínio dos filisteus.


A mãe de Sansão contou ao marido a visão que teve e o marido orou a Deus, para saber como deveria criar este menino, pois o Anjo havia dito à sua esposa que o menino seria nazireu de Deus por toda a sua vida. O Anjo apareceu também a Manoá e deu as instruções ao casal. Os pais de Sansão procuraram ensinar ao filho a Lei do Senhor e também comportamento diferenciado que ele deveria ter como um nazireu. Entretanto não conseguiram evitar que na idade adulta ele seguisse por outros caminhos. 


No primeiro tópico da lição, falaremos sobre os pais de Sansão. Falaremos sobre o contexto em que eles viveram em Israel, que foi uma situação de decadência espiritual, onde os filhos de Israel faziam o que era mau aos olhos do Senhor. Por causa disso, o Senhor os entregou ao domínio dos filisteus. Depois falaremos sobre o encontro do Anjo do Senhor com a mãe de Sansão, era estéril e foi agraciada com um filho. Por último falaremos sobre as instruções do Anjo ao casal sobre o estilo de vida diferenciado que Sansão deveria ter desde a infância até o fim da vida. 


No segundo tópico, falaremos sobre o nascimento de Sansão e a sua formação. O seu nascimento foi um milagre anunciado, pois a sua mãe era estéril. Falaremos também sobre o ambiente familiar em que Sansão foi criado. Temos poucas informações sobre os seus pais, mas podemos concluir pelo relato do nascimento de Sansão, que eles tinham uma vida piedosa e uma vida conjugal bem ajustada. Por último falaremos sobre a formação de Sansão. Não temos no texto bíblico, a informação de que, realmente, os seus pais lhe ensinaram a Lei do Senhor. Mas, pela vida piedosa que eles levavam, podemos deduzir que sim. Porém, vemos que Sansão na idade adulta se afastou das exigências do nazireado. 


No terceiro tópico, falaremos sobre a fraqueza de caráter de Sansão. Desde a infância, Sansão sabia que era escolhido por Deus para libertar o seu povo da opressão dos filisteus. Mas ele acabou subestimando o poder do inimigo e tornou-se vítima das suas armadilhas. Sansão também passou a agir de forma presunçosa, subestimando a ação de Deus em sua vida e alimentando o próprio ego. Passou também a manipular o poder de Deus e brincar com o pecado. Isso o levou à ruína e à humilhação diante dos seus inimigos. Felizmente, na iminência da sua morte, ele se humilhou, clamou ao Senhor e Deus teve misericórdia dele. 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª Edição: 2023. pág. 101-103.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1053.


AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...