20 abril 2023

UM SANTUÁRIO DE DEUSES NA CASA DE MICA


(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 04: Os ídolos na família).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico daremos um salto histórico, do período dos patriarcas para o período dos juízes. Falaremos sobre um santuário de deuses na casa de um homem das montanhas de Efraim, chamado Mica. Nesse período,  o povo de Israel vivia uma anarquia e se entregou ao sincretismo religioso. Neste contexto surge a figura de Mica, um homem idólatra, antiético e de comportamento abominável, que roubou a própria mãe, sem que ela soubesse quem era o ladrão. A mãe lançou maldição e ele, com medo da maldição, devolveu o dinheiro. Com o dinheiro, a mãe dele mandou construir um ídolo e Mica nomeou o seu filho como sacerdote deste ídolo. Era uma família de Israelitas, que dizia servir a Deus, mas tinha em sua própria residência uma "casa de deuses", representados por pequenos ídolos, chamados de "terafins". 


1- A idolatria e o caráter antiético de Mica (Jz 17.1-4). O povo de Israel serviu ao Senhor durante todos os dias de Josué. Entretanto, Josué não preparou um sucessor e após a sua morte, o povo ficou sem liderança espiritual e virou uma anarquia. Cada um fazia aquilo que achava correto. O povo não expulsou completamente os povos que viviam na terra de Canaã, conforme o Senhor havia ordenado. A convivência com alguns destes estrangeiros e a falta de liderança espiritual acabou fazendo com eles se entregassem à idolatria e ao sincretismo religioso, que é a mistura de elementos de várias crenças em um culto. 

O povo de Israel entregou num ciclo vicioso: pecavam contra Deus e Deus levantava inimigos para os libertar; o povo clamava a Deus e Deus levantava um juiz que os libertava; depois da morte do libertador, o povo se entregava de novo à idolatria. Este período durou aproximadamente 300 anos, desde a morte Josué até os dias de Samuel. 

Foi neste contexto de anarquia e falta de liderança espiritual, que viveu Mica, um homem da Montanha de Efraim, cujo nome significa "Quem é como Yahweh?". A sua história está registrada nos capítulos 17 e 18 de Juízes. Não temos informações sobre a família de Mica. Sabemos apenas que ele vivia com a mãe e tinha um filho. Apesar do nome dele ter uma referência positiva ao Deus de Israel, Mica tinha sérios desvios de caráter e teológicos. Primeiro, ele furtou mil e cem siclos de prata da da própria mãe. Considerando que um siclo de prata era o equivalente ao salário de um mês de trabalho, era um valor bastante alto.  

A mãe de Mica, sem saber que o ladrão era o próprio filho, começou a amaldiçoá-lo. Naquele tempo o povo acreditava que o poder divino estava por trás da benção e da maldição. Por isso, Mica teve medo e acabou devolvendo o dinheiro furtado à sua mãe. A mãe de Mica, ao invés de repreender o filho, mandou o ourives construir um ídolo, com parte do dinheiro devolvido. Isso nos mostra que este era o propósito inicial dela, ao guardar esta quantidade de dinheiro. Provavelmente ela era uma comerciante rica, pois não era normal uma mulher ter tanto dinheiro naquele tempo. 


2- A abominação de Mica (Jz 17.5). A família de Mica, embora aparentemente servirem a Deus, como mostram as declarações e o próprio nome de Mica, eles violavam a Lei Mosaica em vários mandamentos. Mica construiu em sua própria casa um santuário para estes pequenos deuses, chamados de "terafins". Ele foi mais além e mandou fazer um éfode, que era um manto litúrgico, usado apenas pelos sacerdotes de Israel. Depois consagrou um dos seus filhos para exercer o sacerdócio em sua casa. E tinha este homem, Mica, uma casa de deuses, e fez um éfode e terafins, e consagrou a um de seus filhos, para que lhe fosse por sacerdote.” 

Deus abomina todas as formas de idolatria, mas ela não se limita à adoração de outros deuses. A idolatria começa quando o ser humano introduz formas de culto diferentes dos parâmetros que Deus estabeleceu em sua Palavra. Sobre isso, assim diz Champlin: "O culto estranho começou na casa de Mica, mas não demorou a desenvolver-se sob forma mais elaborada. E foi assim que a idolatria cresceu e floresceu, e tudo feito no nome de Yahweh! E isso tem prosseguimento até os nossos próprios dias, dentro das igrejas cristãs."


3- Mica tinha uma casa de deuses (Jz 17.5,6). A religião de Mica se afastara completamente do monoteísmo judaico e da Lei que o Senhor entregou a Moisés. Os cultos na casa de Mica eram semelhantes ao que aconteceu com o Catolicismo Romano, onde se acrescentou por conta própria, vários elementos e práticas que contrariam a Palavra de Deus. O Catolicismo se apresenta com Igreja Cristã, mas incorporou vários elementos, crenças e rituais do paganismo, como o uso de velas nos cultos, oração pelos mortos, intercessão dos santos, uso de água benta, uso de imagens nos cultos, etc. Assim também aconteceu na casa de Mica. 

Mica abandonou completamente os princípios estabelecidos na Lei, se é que os conhecia, e criou a sua própria religião, achando que estava servindo ao Deus de Israel. O primeiro mandamento da Lei reafirmou o monoteísmo e proibiu Israel de ter outros deuses. Mica, no entanto, transformou a sua casa numa casa de deuses. A Lei Mosaica estabelecia um único local para adoração que era o tabernáculo e, posteriormente, o templo. Deus não autorizou ninguém a construir o seu próprio santuário, como Mica fez. O segundo mandamento da Lei proibia terminantemente o uso de imagens de escultura nos cultos (Ex 20.4,5). Contrariando também este mandamento, Mica construiu um ídolo em sua casa e vários ídolos pequenos, chamados de "terafins". Deus estabeleceu que os sacerdotes seriam os filhos de Aarão. Havia uma linhagem sacerdotal estabelecida. Mica, por sua própria conta, consagrou o seu filho como sacerdote. Ora, o filho de Mica era da tribo de Efraim e não da linhagem sacerdotal. 

Assim, a casa de Mica se transformou numa casa de deuses e era abominável, em todos os sentidos, aos olhos do Senhor. Quando o crente ignora a Palavra de Deus e cria uma Igreja de acordo com os seus próprios pensamentos, consagrando obreiros e fazendo cultos do seu jeito, o resultado é desastroso. A Palavra de Deus é o nosso manual de doutrina e prática. Os parâmetros para o funcionamento da Igreja, doutrina e liturgia tem que estar, obrigatoriamente, embasados nas Escrituras. 


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 70-73

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1068-1069.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pág. 156-157.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. A.T. Vol. II. Editora Central Gospel. pág. 156-157.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry: Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pág. 174.

OS ÍDOLOS ENCONTRADOS NA TENDA DE RAQUEL


(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 04: Os ídolos na família).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico falaremos sobre os ídolos encontrados na tenda de Raquel. Depois de vinte anos trabalhando com o seu sogro,  Jacó e sua família voltaram para a Terra Prometida. Após a saída deles, Labão descobriu que os seus ídolos domésticos haviam sido furtados e foi atrás de Jacó. Quando alcançou Jacó, Labão vasculhou as tendas, mas não encontrou os ídolos. Raquel os escondeu na sela do camelo e usou uma mentira para impedir que o pai não revistasse o camelo.


1- A fuga de Jacó e sua família para a Terra Prometida. Para entender esta fuga de Jacó, precisamos retornar ao assunto estudado na Lição 2, que foi a predileção dos pais por um dos filhos. Isaque preferia Esaú, enquanto Rebeca preferia Jacó. Por causa disso, Rebeca arquitetou um plano, para que Isaque abençoasse Jacó em vez de Esaú. Isso deixou Esaú furioso, a ponto de querer matar o seu irmão Jacó. Por causa disso, Jacó teve que deixar a terra dos seus pais e fugir para Padã-Arã, onde moravam os parentes da mãe dele. 


Chegando a Padã-Arã, Jacó encontrou primeiro a sua prima Raquel, filha mais nova do seu tio Labão, irmão da sua mãe Rebeca. Jacó ficou encantado com a beleza da moça e por ela se apaixonou. Começou a trabalhar com o seu tio e, no momento de acertar o quanto ganharia, Jacó propôs trabalhar sete anos para se casar com Raquel. Labão aceitou a proposta, porém, ao final dos sete anos, enganou Jacó e deu-lhe como esposa, a sua filha mais velha Lia, que não era bela como Raquel. Devido ao costume da época, em que as noivas se cobriam com o véu, Jacó só percebeu no outro dia, que era Lia e não Raquel. 

Jacó foi questionar a Labão sobre o engano, e este arranjou uma desculpa de que na terra deles, a filha mais nova não poderia casar-se antes da mais velha. Mas, no momento do acordo, ele não falou isso. Percebendo que não havia mais o que fazer, Jacó aceitou trabalhar outros sete anos por Raquel. 

Ao todo, Jacó trabalhou vinte anos para o seu tio Labão e foi enganado várias vezes por ele. Jacó disse a Labão que o seu salário já havia sido mudado "dez vezes". Não se sabe ao certo, se estas dez vezes foram literais ou se era apenas uma ilustração para indicar que Labão havia mudado o salário muitas vezes, como costumamos dizer hoje em dia, "mil vezes". A verdade é que Labão estabelecia um salário e, conforme Jacó ia prosperando, ele mudava as regras. Mas não tinha jeito, pois Deus abençoava Jacó e o fazia prosperar.  

Chegou um ponto, em que a permanência de Jacó com o seu sogro tornou-se insustentável. Os filhos de Labão falavam mal de Jacó, insinuando que ele estaria enriquecendo às custas do seu pai. O próprio Labão já se mostrava incomodado com a presença de Jacó (Gn 31.1,2). Foi aí que Jacó decidiu retornar à terra dos seus pais. Jacó recebeu a orientação de Deus para fazer isso (Gn 31.3). Depois comunicou a Lia e a Raquel, suas mulheres, que iria deixar a casa do pai delas e retornar à casa dos pais dele. As mulheres concordaram com a saída, mas Jacó temendo que Labão não permitisse, saiu escondido e não falou nada para o seu sogro.


2- Labão descobre o furto de seus ídolos domésticos. Labão estava no campo tosquiando as suas ovelhas, a uma distância de três dias de viagem, quando Jacó fugiu. Depois de três dias que Jacó havia saído, Labão foi informado de que Jacó e a sua família haviam fugido. Labão voltou para casa e quando chegou, percebeu que os seus ídolos domésticos haviam desaparecido e logo imaginou que Jacó os havia furtado. Na verdade, quando Jacó saiu da casa de Labão, a sua esposa Raquel furtou os ídolos da família, chamados de terafins, sem Jacó saber. 

Não há consenso entre os estudiosos sobre o motivo deste furto, se ela pretendia adorá-los, se buscava a proteção deles, ou se era por medo de ficar sem a herança. O comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal diz que Raquel furtou os ídolos da família, "não para adorá-los, mas visando um ganho econômico". Esta é também a interpretação do comentarista. Alguns comentaristas judeus no intuito de limpar a barra de Raquel, diziam que ela queria livrar a família da idolatria. 

Labão reuniu os homens da sua família e seguiu atrás de Jacó. De noite, em sonhos, Deus lhe avisou que ele não deveria falar nada contra Jacó, nem bem nem mal (Gn 31.24). Sete dias após a saída de Jacó, Labão conseguiu alcançá-lo na Montanha de Gileade e disse:

- Por que fizeste isso? Saíste escondido, levando as minhas filhas como prisioneiras de guerra, sem me permitir beijar as minhas filhas e netos! Além disso, furtaste os meus deuses! Eu tenho poder em minhas mãos para te fazer mal, mas o Deus de teus pais me falou em sonhos ontem à noite, para não te falar bem nem mal.

Inocente na questão do furto dos ídolos, Jacó se justificou que saiu escondido, porque temia que Labão não o deixasse sair. Depois disso, falou para o seu sogro revistar as tendas e se achasse os ídolos com alguém, este alguém deveria ser morto. 


3- Raquel usa a mentira para esconder o ídolo. Labão vasculhou as tendas, mas não encontrou os ídolos, pois Raquel os escondeu na capacha (capa que cobria o assento) do camelo, enquanto ele os procurava e sentou-se em cima. Quando Labão foi em sua direção, Raquel mentiu para o pai, dizendo que não poderia levantar dali, pois estava no período de menstruação. 

Depois que Labão vasculhou todas as tendas e não encontrou os ídolos, Jacó se irritou com ele, por tê-lo acusado injustamente do furto dos seus ídolos, e fez-lhe um desabafo, sobre aquela injusta perseguição que sofreu e sobre todas as injustiças que sofrera na casa do sogro, com as constantes mudanças de salário circunstanciais. Por último, falou que se ele fosse culpado, Labão o teria despedido sem nada. Mas o Deus dos seus pais atentou para a sua aflição e repreendeu a Labão.

Raquel era a culpada daquela situação vexatória que o seu marido passou, sendo inocente. Conforme falamos acima, não sabemos com certeza a razão pela qual Raquel furtou os ídolos. Mas, independente do motivo, o fato é que ela escondeu ídolos no seio da família e ainda mentiu para evitar que fosse descoberta. Assim como Raquel, muitas pessoas dizem servir a Deus, mas guardam ídolos dentro de casa: servem ao dinheiro, à fama, à própria beleza, etc. Mas Jesus deixou claro que não podemos servir a dois senhores, pois iríamos amar a um e aborrecer o outro (Mt 6.24).


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 67-68.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Editora CPAD, pág. 82. 

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 204-206.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry: Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pág. 156-157.

LOPES, Hernandes Dias. Gênesis, O Livro das Origens. Editora Hagnos. 1 Ed. 2021.

18 abril 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 04: IDOLOS NA FAMÍLIA


Ev. WELIANO PIRES


O tema da lição desta semana é a idolatria dentro do lar. A idolatria é um pecado durante condenado na Bíblia, tanto no Antigo como no Novo Testamento. O primeiro dos mandamentos de Deus a Israel foi: "Não terás outros deuses diante de mim". (Ex 20.3). O segundo mandamento é uma extensão do primeiro e ordena que o povo de Deus não deve fazer nenhuma imagem ou representação de Deus, ou das coisa criadas, nem tampouco se curvar diante destas imagens (Ex 20.4,5). 


Quando falamos de idolatria para evangélicos, o que lhes vem à mente, imediatamente, são os cultos politeístas, onde há a adoração a vários deuses; e as profissões católicas, com o uso abundante de imagens de escultura representando Maria, nas suas mãos diversas formas, e uma infinidade de padroeiros e santos, que supostamente intercedem por eles diante de Deus. Entretanto, a idolatria é muito mais abrangente e vai muito além do politeísmo, panteísmo e do uso de imagens nos cultos. 


A palavra idolatria é a transliteração do termo grego "eidololatria", que é formado por duas palavras: "eidolon" e "latreia". A primeira palavra, eidolon, significa imagem ou corpo. Deriva da palavra eido, que significa “ver”. Sendo assim, eidolon significa algo visível ou representado por uma imagem. A segunda palavra é "latreia", que significa serviço sagrado, ou prestação de culto. 


A idolatria, portanto, é o culto ou adoração a alguém, seja real ou imaginário, através de uma representação visível. Do ponto de vista bíblico, um ídolo não se limita a imagens. ídolo é qualquer pessoa ou objeto, real ou imaginário, que alcança a lealdade absoluta, honra e glórias, que são exclusivas de Deus. Jesus, por exemplo, considerou as riquezas (Mamom, em aramaico) como um ídolo (Mt 6.24). O apóstolo Paulo, por sua vez, falou que a avareza é idolatria (Ef 5.5). 


O enfoque desta lição, no entanto, não é a idolatria de modo geral. Como o assunto deste trimestre são os desafios e problemas nos relacionamentos familiares, o comentarista trata apenas da questão dos ídolos no ambiente familiar. Para isso, ele toma como base dois exemplos bíblicos: primeiro, o caso de Raquel, a esposa amada de Jacó, que furtou os ídolos do pai dela; segundo, o caso de um homem da tribo de Efraim, chamado Mica, que construiu um ídolo e um santuário idólatra em sua própria casa.  


No primeiro tópico falaremos sobre os ídolos encontrados na tenda de Raquel. Depois de vinte anos trabalhando com o seu sogro,  Jacó e sua família voltaram para a Terra Prometida. Depois da saída deles, Labão descobriu que os seus ídolos domésticos haviam sido furtados e foi atrás de Jacó. Quando alcançou Jacó, Labão vasculhou as tendas, mas não encontrou os ídolos. Raquel os escondeu na sela do camelo e usou uma mentira para impedir que o pai não revistasse o camelo.


No segundo tópico daremos um salto histórico, do período dos patriarcas para o período dos juízes. Falaremos sobre um santuário de deuses na casa de um homem das montanhas de Efraim, chamado Mica. Nesse período,  o povo de Israel vivia uma anarquia e se entregou ao sincretismo religioso. Neste contexto surge a figura de Mica, um homem idólatra, antiético e de comportamento abominável, que roubou a própria mãe, sem que ela soubesse quem era o ladrão. A mãe lançou maldição e ele, com medo da maldição, devolveu o dinheiro. Com o dinheiro, a mãe dele mandou construir um ídolo e Mica nomeou o seu filho como sacerdote deste ídolo. Era uma família de Israelitas, que dizia servir a Deus, mas tinha em sua própria residência uma "casa de deuses", representados por pequenos ídolos, chamados de "terafins". 


No terceiro tópico falaremos sobre a idolatria dentro dos lares na atualidade. Tudo aquilo que requer honra, lealdade e dedicação acima de Deus, pode ser considerado um ídolo. Identificaremos os principais ídolos domésticos atuais, que estão presentes na chamada “cultura da mídia”. Precisamos urgente reagir e quebrar os ídolos domésticos que ocupam o lugar de Deus na família. 


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 64-65.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 204.

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 188-191.

17 abril 2023

Cinquenta anos se passaram



Mil novecentos e setenta e três

Aos dezessete do mês de abril 

Em Terra Nova, cidade varonil

Zé e Nicinha, casal camponês 

Tiveram o filho de número três 

Tempos difíceis enfrentaram

Mas eles nunca desanimaram.

Nas dificuldades eu sobrevivi

Desde o dia em que nasci

Cinquenta anos se passaram.


Nasci e cresci na zona rural

Ambiente pacato e matuto

Sistema totalmente bruto

O modo de vida era natural

Uma paz e sossego sem igual 

Pessoas de bem ali habitaram

Amigos que nos ajudaram

Muitas amizades ali construí 

Desde o dia em que nasci

Cinquenta anos se passaram.


A minha infância e juventude

Foi no Sertão pernambucano

Como um caipira interiorano

Longe de qualquer ilicitude

Na mais absoluta quietude

Boas lembranças ficaram

Marcas em mim deixaram

Quantas emoções ali vivi!

Desde o dia em que nasci

Cinquenta anos se passaram.


Escola Gumercindo Cabral

Foi ali que comecei a estudar

Foram oito anos até terminar

O meu ensino fundamental

Todos nesta escola estadual

Os colegas que ali estudaram

E comigo também brincaram

De nenhum deles esqueci

Desde o dia em que nasci

Cinquenta anos se passaram.


Concluí o curso do magistério

Com esforço, de forma exitosa

Na Escola Antonio Lustosa 

Seguindo todos os critérios

De professores muito sérios 

Os quais muito me ensinaram

E bons amigos se tornaram

Pessoas maravilhosas conheci

Desde o dia em que nasci

Cinquenta anos se passaram.


Num recinto cristão fui criado

Nos meus cinco anos de idade

Meus pais creram na verdade

Na fé evangélica fui educado

E com doze anos fui batizado.

Depois, as trevas me cercaram

E os meus pés se afastaram 

Do caminho que eu conheci

Desde o dia em que nasci

Cinquenta anos se passaram.


Fiquei onze anos afastado 

Dos caminhos do meu Senhor

Longe do aprisco e do Pastor

Porém, nunca fui abandonado

E por Deus sempre fui amado.

Os vícios me escravizaram 

Os meus pais por mim oraram

E novamente me converti

Desde o dia em que nasci

Cinquenta anos se passaram.


Devido às muitas dificuldades

Tive que deixar meu Nordeste 

Para tentar a vida no Sudeste

Levando comigo as saudades

Da família e da minha cidade.

São Paulo, meus pés pisaram 

E novos rumos enfim tomaram

Muita coisa diferente conheci 

Desde o dia em que nasci

Cinquenta anos se passaram.


Trinta e um anos decorridos 

Desde que a minha terra deixei

O meu grande amor encontrei

Nasceram dois filhos queridos

Por eles, muito amor envolvido

Muitos relatos aqui faltaram

Das coisas que se realizaram

Mas isso foi o que eu consegui

Afinal, desde que eu nasci

Cinquenta anos se passaram.


Para encerrar, minha gratidão:

A Deus, pelo dom da vida

E pelas bençãos recebidas 

Aos pais, pela boa criação 

À esposa, pela feliz união 

Aos amigos, que me ajudaram

E aos que me prejudicaram

Esqueçam, pois eu já esqueci

Desde o dia em que nasci

Cinquenta anos se passaram.


Ev. Weliano Pires 

14 abril 2023

OS MALES DO CIÚME

(Comentário do 3º tópico da Lição 03: Ciúme, o mal que prejudica a família)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico falaremos sobre alguns males que podem ser provocados pelo ciúme. Veremos que o ciúme pode causar tragédias familiares, como agressões e até assassinato, como aconteceu com José, que foi vendido por seus irmãos. A intenção inicial era matá-lo, mas Judá conseguiu demover os demais irmãos da ideia. Muitos maridos também espancam e até matam a esposa por ciúmes doentios. Falaremos também neste tópico sobre os casos lamentáveis de ciúmes no meio da Igreja, inclusive entre os colegas de ministério. Por último, veremos algumas recomendações bíblicas para vencer o ciúme. 


1- O ciúme pode causar tragédias familiares. O ciúme no casamento é sufocante e gera muitos conflitos. Uma pessoa ciumenta vive em constante desconfiança, suspeita e medo de perder o afeto da outra pessoa. O ciúme doentio faz a pessoa vasculhar a intimidade do outro, em busca de indícios de traição: vasculha o celular e as redes sociais, em busca de mensagens ou ligações comprometedoras; verifica a camisa, em busca de sinais de batom; segue a pessoa ou contrata detetives para vigiar os seus passos; desconfia de qualquer pessoa do sexo oposto, seja no trabalho, na escola, entre amigos e até na Igreja; faz escândalos porque a pessoa conversou pessoalmente ou recebeu uma ligação de alguém do sexo oposto, sem ao menos saber de quem se tratava. Estes comportamentos sufocam a pessoa e tornam a sua vida um inferno. Se você está namorando alguém que tem algum desses comportamentos, fuja enquanto é tempo. 


Além destes comportamentos sufocantes e invasivos, há um perigo maior nas pessoas ciumentas que é quando partem para a agressão verbal e física. Uma pessoa transtornada pelo ciúme agride verbal e fisicamente o cônjuge e quem dele (a) se aproximar. Em muitos casos, comete homicídio, contra o cônjuge, contra os supostos amantes, contra os próprios filhos, seguidos de suicídio. Já tivemos notícias de muitas tragédias que foram praticadas, movidas por ciúmes. Eu conheci um, que sempre foi um homem tranquilo. A esposa separou-se dele e ele, por não aceitar a separação, trancou-se em casa com os dois filhos pequenos, atirou na cabeça deles e em seguida se matou. Um dos filhos sobreviveu, mas o outro filho e o pai morreram. Muitas tragédias desse tipo acontecem todos os dias. 


2- O ciúme entre os santos de Deus. Sentimentos como ciúmes, vanglória, invejas, disputas por posição, calúnias e difamações, etc., são incompatíveis com a vida cristã. São obras da carne e Paulo falou em mais de uma ocasião, que aqueles que praticam estas coisas não herdarão o Reino de Deus (I Co 6.10; Gl 5.19-21). Entretanto, lamentavelmente, muitos crentes, inclusive obreiros, por ciúmes e ambição por cargos, cometem injustiças, mentem, caluniam, ofendem e "puxam o tapete" dos irmãos em Cristo, para tomarem o lugar deles. 


Em muitos ministérios e convenções, as disputas por poder se assemelham à política partidária praticada pelos corruptos, onde vale tudo para chegar ao poder. Fazem acordos espúrios, compram votos, consagram pessoas sem chamada ministerial, loteiam cargos nas Igrejas em busca de apoio, processam os companheiros de ministério e passam como rolos compressores por cima dos que atravessarem o seu caminho. 


Fizeram assim com Jesus e com os seus apóstolos. As autoridades religiosas de Israel viam os milagres que Jesus e os apóstolos faziam. Nunca pararam para analisar as profecias e ver se o que eles pregavam estava de acordo com as Escrituras. Mas, por ciúmes e inveja, inflamavam as multidões contra eles, com falsas acusações de blasfêmia.


Ora, o ministério cristão nada tem a ver com esse tipo de comportamento carnal. Fomos chamados por Deus para servir a sua Igreja e pregar o Santo Evangelho. Não fomos chamados para ter poder terreno e receber glórias neste mundo. O apóstolo Paulo escrevendo a Timóteo, trouxe algumas recomendações para a escolha dos bispos, presbiteriana e diáconos. Ele começou dizendo: "Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja". (1Tm 3.1). Ou seja, ser um bispo ou pastor é trabalho e não poder. Na sequência, o apóstolo diz que o bispo deve ser irrepreensível e lista vários requisitos morais para o exercício da função. Da mesma sorte, os presbíteros e diáconos. 


3- Vencendo o ciúme. No início desta lição, vimos que o favoritismo de Jacó pelo seu filho José causou ciúme, inveja e ódio dos demais filhos contra José. Vimos também que o ciúme é a causa de muitos conflitos nos relacionamentos. Depois vimos que o ciúme pode causar tragédias no lar e provocar diversos problemas no meio do povo de Deus. Agora, a pergunta que fica é: o que fazer para vencer o ciúme? O comentarista sabiamente apontou três atitudes muito eficientes para vencer o ciúme:


a. Encher a mente com as coisas de Deus. Paulo assim escreveu aos Filipenses: "Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai." Jesus também disse, certa vez, que "Raça de víboras, como podem vocês, que são maus, dizer coisas boas? Pois a boca fala do que está cheio o coração." (Mt 12.34). Sendo assim, se enchermos o nosso coração das virtudes que o Espírito Santo produz, não haverá espaço para sentimentos e atitudes carnais como o ciúme e a inveja. 

b. Avaliar o grau de ciúme. Conforme falamos no início, o ciúme é uma emoção natural do ser humano, no sentido de cuidar daquilo que lhe pertence para não se perder. Entretanto, se o ciúme se tornou extravagante, egoísta e doentio, é preciso buscar ajuda pastoral e talvez de um profissional, pois pode tratar-se de um transtorno. Na ajuda pastoral, é preciso cautela, pois nem todos os pastores estão preparados para lidar com isso. 

c. Cultivar o amor. O ciúme é uma obra da carne e é incomparável com o amor bíblico. Devemos considerar as características do amor, descritas pelo apóstolo Paulo em I Coríntios 13: "O amor é sofredor (paciente), é benigno; não é invejoso; não trata com leviandade ( A expressão grega significa comportar-se como uma pessoa orgulhosa que não para de falar); não se ensoberbece; não se porta com indecência, não busca os seus interesses; não se irrita, não suspeita mal; não folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta." (I Co 13.4-7). Todas estas características do amor são incompatíveis com o ciúme. Logo, quem ama de verdade vence o ciúme. 


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA: Superando Desafios e Problemas com Exemplos da Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023. pág. 57.

WALTKE, Bruce K. Comentário do Antigo Testamento:  Ezequiel. Vol. 1 & 2. Editora Cultura Cristã.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1183-1184.

LOPES, Hernandes Dias. Provérbios: Manual de sabedoria para a vida. Editora Hagnos. pág. 546.

LOPES, Hernandes Dias. GÁLATAS: A carta da liberdade cristã. Editora Hagnos. pág. 252.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1022-1023

KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento: I Coríntios. Editora Cultura Cristã. pág. 653-655.

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...