08 março 2023

O AVIVAMENTO NA MISSÃO DA IGREJA LOCAL

Foto do site Projeto Ide Missões nas ruas

(Comentário do 2º tópico da Lição 11: O avivamento e a missão da Igreja). 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos sobre o avivamento na missão da Igreja local.  Em Atos 1.8, Jesus reafirmou aos seus discípulos, a promessa da descida do Espírito Santo. Em seguida falou do objetivo deste revestimento de poder, que era capacitá-los para serem suas testemunhas (Gr. martyria), tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Jesus fez referência à missão da Igreja no âmbito local (Jerusalém), regional (toda a Judéia (e Samaria) e transcultural (Até aos confins da terra). Neste segundo tópico estudaremos sobre o avivamento nas missões locais, nas missões regionais e sobre o contexto atual das missões.  

1- O avivamento nas missões locais. Antes subir ao Céu, Senhor Jesus orientou os seus discípulos a permanecerem em Jerusalém, aguardando a promessa do Pai, que era a descida do Espírito Santo sobre eles, para guiá-los e capacitá-los para a sua missão em Jerusalém, Judéia, Samaria e nos confins da terra. Paulo falou que o Senhor Jesus foi visto por mais de quinhentos irmãos, após a sua ressurreição. Entretanto, somente cento e vinte pessoas permaneceram orando e esperando a promessa do Consolador. 

Passados dez dias após a ascensão de Jesus e quarenta dias após a sua ressurreição, chegou o dia de Pentecostes. A cidade de Jerusalém estava em festa e havia judeus e prosélitos de várias partes do mundo, que vieram para a celebração da festa do Pentecostes. Aqueles cento e vinte discípulos estavam reunidos em oração em um cenáculo. De repente, veio do céu um som como de um vento forte e impetuoso e encheu todo ambiente. Foram vistas também línguas como se fossem de fogo pousando sobre as cabeças deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, falaram em outras línguas e profetizaram. O barulho emitido por eles foi ouvido de longe e uma multidão cercou o cenáculo para saber o que estava acontecendo. 

Quando se aproximaram, perceberam que aqueles homens falavam das maravilhas de Deus em vários idiomas e cada um dos estrangeiros identificava alguém falando em seu idioma. Surpresos, perguntavam uns aos outros, o que seria aquilo, pois souberam que aqueles discípulos eram da região da Galiléia e não eram poliglotas. Alguns, no entanto, zombaram e insinuaram que os discípulos estavam embriagados. 

Pedro, então, se levantou junto com os demais discípulos e fez um longo e ousado discurso para a multidão, explicando que aqueles homens não estavam embriagados, como alguns pensaram, mas aquilo era o cumprimento da profecia de Joel 2.28-30, que dizia que nos últimos dias, Deus derramaria do Seu Espírito sobre toda carne. Na sequência, em seu discurso Pedro falou sobre Jesus, citando várias passagens bíblicas do Antigo Testamento e dizendo que Ele era o Messias prometido a Israel. Pedro concluiu o seu discurso dizendo que este Jesus, a quem eles haviam crucificado, Deus o fez Senhor e Cristo. Estas duas palavras eram muito significativas para o povo de Israel. A palavra grega "kyrios" (Senhor) é a tradução do hebraico "adon", que eles usavam para se referir a Deus e o imperador romano exigia ser tratado assim. A palavra grega "Christos" (Cristo), por sua vez, traduz o hebraico "Mashiach", (Messias), que significa o Ungido.

Diante destas declarações ousadas de Pedro, a multidão veio à frente e perguntaram unânimes, o que eles deveriam fazer. Pedro respondeu:

– Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo; Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe, a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar. (At 2.38,39). 

Os que de bom grado receberam a Palavra pregada, foram batizados. O número dos que se converteram após esta pregação de Pedro, foi de quase três mil pessoas. Não foi apenas emocionalismo por causa de um discurso inflamado. Houve conversão genuína e estas pessoas permaneceram na doutrina dos apóstolos, no partir do pão, na comunhão e nas orações. Veio um grande temor e grande comunhão sobre todos, a ponto de venderem voluntariamente as suas propriedades e entregar o dinheiro aos apóstolos para socorrer os necessitados. 

Após o dia de Pentecostes, o trabalho de evangelização não parou mais. Os apóstolos estavam todos os dias no templo e nas ruas pregando ousadamente a Palavra de Deus, no templo, nas casas e nas ruas. Deus os usava também para realizar grandes sinais entre o povo. Um coxo de nascença foi curado na porta do Templo e Pedro fez outro discurso cristocêntrico. O número de convertidos chegou a quase cinco mil pessoas. 

Isso gerou inveja e despertou a fúria das autoridades religiosas, que mandaram prender Pedro e João. Entretanto, eles foram libertos milagrosamente da prisão, mesmo com os portões fechados e um forte aparato de segurança. Após saírem da prisão, continuaram pregando ousadamente o Evangelho nas ruas. Assustados, as autoridades mandaram prendê-los novamente e os ameaçaram para que não pregassem mais no nome de Jesus. Não adiantou, pois os apóstolos, de forma ousada e corajosa, disseram que poderia deixar de falar daquilo que tinham visto e ouvido e que importava mais obedecer a Deus do que aos homens. Sem saber o que fazer e seguindo conselho de um fariseu respeitado chamado Gamaliel, mandaram soltar os apóstolos. 

A pregação do Evangelho na cidade de Jerusalém continuou, mesmo sob intensa oposição e perseguição dos judeus, que resultou na morte do diácono Estevão. Este modelo de crescimento da Igreja local é o ideal que devemos seguir. Os discípulos foram cheios do Espírito Santo e cada um deles se tornou uma testemunha fiel do Senhor Jesus. Até o Sumo Sacerdote,  ao reprovar as ações dos discípulos disse: “E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina […]”. (At 5.28). Então, aprendemos com a Igreja Primitiva que a missão local deve ser feita por pessoas cheias do Espírito Santo, que tenham ousadia e conheçam a Palavra de Deus para pregar mensagens cristocêntricas. 


2- O avivamento nas missões regionais. Inicialmente, a Igreja Primitiva permaneceu apenas em Jerusalém e não se lembrou da ordem de Jesus não era esta. O Senhor ordenou que eles seriam testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra (At 1.8). Esta missão era para ser cumprida simultaneamente, não era para evangelizar primeiro Jerusalém, depois a Judéia, depois Samaria e, por último o restante do mundo. Foi necessário o Senhor permitir que levantasse uma grande perseguição, a ponto deles não poderem continuar em Jerusalém, para que eles saíssem para outras regiões. 

A partir da morte de Estevão, os discípulos se espalharam por outras cidades e pregavam o Evangelho onde chegavam. Quanto mais perseguiam, mais a Igreja crescia. Muitos sacerdotes se converteram e até Saulo, o grande perseguidor da Igreja, teve um encontro pessoal com o Senhor Jesus e se converteu ao Cristianismo. Antes da conversão de Saulo, a Igreja já havia se espalhado por várias cidades de Israel. O diácono Filipe, por exemplo, foi a Samaria e lá pregou o Evangelho. Muitas pessoas se converteram lá e a Igreja enviou Pedro e João para estabelecer o trabalho em Samaria e impor as mãos que os crentes recebessem o batismo no Espírito Santo. 

Judéia e Samaria são duas regiões que compreendem basicamente os reinos do Sul e do Norte de Israel. A capital do Reino do Sul ficava em Jerusalém e a do Reino do Norte ficava em Samaria. Com os dois cativeiros, da Assíria que dominou o Reino do Norte e da Babilônia que dominou o Reino do Sul, houve várias alterações, principalmente nas tribos do Norte que se espalharam pelo mundo e não voltaram mais depois do cativeiro. Portanto, Judéia e Samaria significam a missão regional e nacional da Igreja. A evangelização do nosso bairro e da nossa cidade é importante, mas a Igreja local não pode se limitar ao local onde está estabelecida ou aos locais onde possui membros. Há muitas regiões do nosso estado e do nosso país, que são carentes do Evangelho e não há quem pregue. 


3- Missões regionais atualmente. Nas primeiras décadas da Assembléia de Deus, conforme vimos na Lição 09, cada crente se tornava um evangelista e as casas dos novos convertidos se tornavam pontos de pregação. Conforme o trabalho ia crescendo e o local ficava pequeno, alugavam um salão e, finalmente, construíam templos, mesmo com poucos recursos, em forma de mutirões. Os obreiros iam para outras cidades, começavam a pregar em praças públicas e plantavam novas Igrejas. O resultado disso foi que em poucos anos, a Igreja se espalhou por todo o país e tornou-se a maior denominação pentecostal do mundo e o Brasil é o país com o maior número de membros da Assembléia de Deus. 

Entretanto, esta realidade vem mudando de uns anos para cá, depois que a Igreja cresceu. O fervor evangelístico e o amor pelas almas vem desaparecendo a cada dia. Mesmo tendo liberdade religiosa em nosso país, para expressar publicamente a nossa fé e pregar o Evangelho a toda criatura, o fato é que muitas Igrejas se conformaram com a quantidade de membros e simplesmente pararam de evangelizar. Os trabalhos que realizam são voltados única e exclusivamente para o público interno. Nos congressos, a preocupação é apenas chamar outras Igrejas e as mensagens são voltadas para os crentes. Não há mais a preocupação de convidar as pessoas que não conhecem a Cristo e pregar-lhes uma mensagem evangelística.

Há também a lamentável disputa por territórios. Embora ainda haja muitas cidades brasileiras onde não há nenhuma Igreja evangélica estabelecida, há nos grandes centros urbanos, muitos templos a poucos metros um do outro, disputando membros entre si. Mesmo a legislação exigindo um distanciamento mínimo de 100 metros de um templo para outro, em muitas ruas nas periferias abrem-se locais de cultos em frente ou ao lado de outras Igrejas. Até mesmo nas Assembléias de Deus, há ministérios que invadem o campo dos outros. 

Antigamente, a Convenção Geral proibia um ministério da Assembléia de Deus de abrir trabalhos nas áreas onde já houvesse uma Assembléia de Deus. Mas, muitos pastores ignoravam esta regra e abriam trabalhos. O Brasil é um país de dimensões continentais e há muitos campos locais extremamente carentes da pregação do Evangelho e não há obreiros dispostos a ir, ou Igrejas dispostas a enviar missionários regionais e nacionais. Em contrapartida, há muitos púlpitos lotados de pastores e evangelistas pregando apenas para crentes e disputando espaço. 

Oremos para que o Senhor envie sobre o Brasil um despertamento para as missões locais, regionais e nacionais. Que o Espírito Santo nos conceda estratégias eficientes de evangelização. Hoje dispomos de muito mais liberdade, recursos e tecnologia que podem ser usados em prol da evangelização. Hoje, as nossas leis permitem o trabalho de capelania nos hospitais, presídios, escolas, etc. Podemos também usar as redes sociais gratuitamente para evangelizar pessoas que jamais teríamos acesso de outra forma. Precisamos buscar a Deus em oração e nos preparar a cada dia para cumprir a ordem de Jesus para a sua Igreja de pregar o Evangelho a toda criatura. Ele não fez um pedido ou uma sugestão, mas nos deu uma ordem. Esta ordem não foi dada apenas aos apóstolos e sim a todos os crentes. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 646.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 654-655.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: MATEUS A JOÃO. Edição completa. Editora CPAD. 1ª Ed 2008. pág. 81-82.

PETERS, George W. A Teologia Bíblica de Missões. Editora CPAD.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. 11 ed. 2013. pág. 309.

07 março 2023

O AVIVAMENTO APÓS A RESSURREIÇÃO DE CRISTO


(Comentário do primeiro topico da Lição 11: O avivamento e a missão da Igreja).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos sobre o avivamento após a ressurreição de Cristo. Quando Jesus foi crucificado, os discípulos ficaram decepcionados, pois tinham uma visão equivocada sobre o Messias, acreditando que Ele seria um líder político que os livraria da opressão de Roma. 

Após a ressurreição, Jesus apareceu a Maria Madalena, ela contou aos discípulos, mas eles não acreditaram, pois estavam desanimados. Finalmente, Jesus apareceu aos onze apóstolos, que estavam trancados em uma casa, num clima de derrota, com medo dos judeus. O evangelista Marcos registrou que Jesus os convocou para uma reunião na Galiléia e lá, o Mestre lhes entregou a Grande Comissão de pregar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.11-20). 


1- O desânimo dos discípulos. O comentarista enfatiza aqui o desânimo e a incredulidade dos discípulos, após a ressurreição de Jesus. Na verdade, este desânimo deles era consequência da incredulidade em relação às próprias palavras de Jesus. Conforme falamos no início deste tópico, os discípulos de Jesus o seguiram, mas tinham uma visão equivocada a respeito da pessoa dele e da sua missão. Mesmo tendo ouvido inúmeras mensagens de Jesus, visto os milagres extraordinários que Ele fizeram, eles continuavam com a ideia fixa de que Jesus era um líder político que restauraria a dinastia de Davi e a independência de Israel (Lc 24.22; At 1.6). Ora, Jesus nunca havia prometido isso a eles!

Desde o início do seu ministério terreno, o Senhor Jesus pregou o Evangelho do Reino de Deus, convocando seguidores, a negarem-se a si mesmos, tomar a sua cruz e segui-lo. O Mestre deixou claro que o Reino dele não é deste mundo e que Ele seria crucificado pelos pecadores. Mas Ele prometeu que após três dias iria ressuscitar dos mortos e que voltaria para o Céu. Entretanto, não os deixaria órgãos e enviaria "Outro Consolador" (Gr. Allos Parakletos), outro da mesma espécie dele, para ficar com eles para sempre. A palavra grega "Parakletos" significa alguém que representa um cidadão num tribunal e o defende, como um advogado ou assistente jurídico. 

Os doze apóstolos andaram com Jesus por três anos, ouvindo estes ensinos. Com exceção de Judas Iscariotes, que traiu Jesus e se matou, os outros onze continuaram sendo discípulos de Jesus. Se tivessem crido realmente no que Ele falou, não haveria motivos para desânimo ou dúvidas em relação à ressurreição. Além das palavras que Jesus havia lhes falado que haveria de ressuscitar, agora eles tinham também o testemunho de Maria Madalena que afirmava ter visto Jesus ressuscitado e, mesmo assim, não creram. Jesus apareceu também para dois discípulos no caminho de Emaús e partiu o pão com eles. Eles contaram aos apóstolos o que viram, mas eles continuaram duvidando. 

Infelizmente, em nossos dias há pessoas dessa forma. A Palavra de Deus ensina uma coisa e eles preferem duvidar da Palavra de Deus e nutrir falsas expectativas, com base em ensinos distorcidos. Jesus nunca prometeu que os seus discípulos seriam prósperos neste mundo. Ao contrário, prometeu que seriam odiados de todos, perseguidos e mortos por causa do Seu Nome. Mas tem muitos crentes desanimados e até revoltados com Deus, por causa de perdas materiais ou por não serem prósperos neste mundo. Ora, se entendessem a mensagem do Evangelho saberiam que a promessa de Jesus é dar a Vida Eterna aos que nEle crerem. 


2- A aparição de Jesus aos discípulos. Jesus ressuscitou e deu várias provas individuais a alguns dos seus discípulos, mas o clima de incredulidade perdurava até mesmo no colégio apostólico. Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago viram também dois anjos na entrada do sepulcro, os quais lhes perguntaram: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou…” (Lc 24.5,6)

Elas haviam visto a pedra removida da entrada do sepulcro e viram que o túmulo estava vazio. Diante deste fato, mesmo sabendo das palavras que Jesus havia dito que iria ressuscitar, imaginaram que o corpo havia sido furtado. Diante desta conclusão precipitada, Maria correu e anunciou aos discípulos que furtaram o corpo de Jesus. Com a informação passada por Maria Madalena, Pedro e João correram e foram ver o sepulcro. Chegando lá constataram que estava vazio, mas em momento algum cogitaram a hipótese de que Ele havia ressuscitado. 

A primeira pessoa a ver Jesus após a sua ressurreição foi Maria Madalena. Enquanto ela chorava nas proximidades do sepulcro, Jesus apareceu-lhe e perguntou porque ela estava chorando. Ela não o reconheceu e pensou que era o jardineiro. Finalmente, Jesus a chamou pelo nome: 

- Maria! 

Então, ela o reconheceu e exclamou em aramaico: 

- Raboni (Mestre)! 

Jesus mandou que ela anunciasse isso aos discípulos. Ela foi e anunciou aos discípulos que tinha visto Jesus, mas eles não acreditaram e pensaram que ela estava delirando (Lc 24.11).  

No caminho de Emaús, uma aldeia que ficava a cerca de 11 km de Jerusalém, dois discípulos seguiam viagem, comentando a respeito da morte de Jesus. De repente, Jesus apareceu entre eles, entrou na conversa e perguntou-lhes sobre o que estavam falando. Eles se admiraram de que ele não soubesse dos últimos acontecimentos e perguntaram se ele era um peregrino em Jerusalém, para não saber disso e lhe contaram tudo o que aconteceu, mencionando inclusive o testemunho das mulheres, sobre a visão dos anjos (Lc 24.13-24).

Jesus, então, explicou-lhes tudo o estava escrito a respeito dele nas Escrituras,  desde Moisés até aos profetas, que era necessário que o Messias padecesse, para depois entrar em sua glória (Lc 24.25-27). Quando chegaram a Emaús, eles o convidaram a entrar, pois já era tarde. Jesus entrou e, enquanto partia o pão, eles o reconheceram e ele desapareceu. Eles lembraram que, enquanto Jesus lhes expunha as Escrituras, ardia-lhes o coração (Lc 24.32). Estes discípulos foram a Jerusalém e também anunciaram aos apóstolos tudo o que aconteceu., mas, eles continuavam céticos (Mc 16.13). 

Depois disto, os discípulos estavam trancados em uma casa, com medo dos judeus, Jesus apareceu no meio deles e disse: Paz seja convosco! (Jo 20.19). Em seguida, mostrou-lhes as mãos e os pés, para que não ficasse nenhuma dúvida de que era Ele mesmo. 

Um dos apóstolos, chamado Tomé, não estava presente neste encontro de Jesus com os discípulos. Quando ficou sabendo, Tomé disse que só acreditaria se colocasse o seu dedo nos sinais dos cravos em suas mãos, e colocasse a mão em seu lado, onde Ele foi ferido por uma lança. Uma semana depois, Jesus apareceu novamente aos discípulos e Tomé estava junto. Sem ninguém falar nada, Jesus se dirigiu a Tomé e mandou que ele colocasse o dedo e mão nos locais dos ferimentos. Somente assim Tomé creu. 


3- O avivamento após a ressurreição. Depois de todo este histórico de incredulidade e desânimo dos discípulos, o Senhor Jesus revelou-se claramente a todos eles na Galiléia, lançando-lhes em rosto toda a incredulidade deles, por não acreditarem nas evidências e nos testemunhos daqueles que afirmavam tê-lo visto ressuscitado (Mc 16.11-14). 

Depois de sanar todas as dúvidas quanto à sua ressurreição, o Senhor Jesus incumbiu os seus discípulos da chamada Grande Comissão e disse-lhes: Ide por todo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura; quem crer e for batizado, será salvo. Mas quem não crer será condenado. (Mc 16.15,16). Na sequência, o Senhor Jesus garantiu- lhes que os seguintes sinais os seguiriam onde eles fossem pregar: "E estes sinais seguirão aos que crerem; em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão." (Mc 16.17,18). 

Alguns críticos da atualidade dos dons espirituais alegam que este texto de Marcos 16.15-20 não se encontra nos manuscritos gregos mais antigos. Entretanto, apenas dois manuscritos não contém essa parte do texto, enquanto outros 1700 contêm. Sendo assim, não há porque questionar, até porque em todo o livro de Atos vemos a confirmação destes sinais.

É importante esclarecer também que os sinais de pegar em serpentes ou beber coisa mortífera não significa que devemos sair por aí manuseando animais peçonhentos ou ingerindo substâncias venenosas. Em algumas seitas nós Estados Unidos acontecem estas práticas e algumas pessoas foram picadas por serpentes e morreram. O que Jesus falou é que, isso acontecer acidentalmente ou os discípulos fossem forçados a fazerem isso, não lhes causariam danos, como aconteceu com o apóstolo Paulo durante a sua viagem como prisioneiro a Roma (At 28.3-5). 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2a Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 303-304; 475-476.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento: MATEUS A JOÃO. Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pag. 503-504.

05 março 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 11: O AVIVAMENTO E A MISSÃO DA IGREJA


Ev. WELIANO PIRES

Estamos caminhando para o final deste trimestre, falando sobre o avivamento espiritual. Estudamos na primeira lição sobre o conceito de avivamento e as condições para que ele aconteça. Vimos os exemplos de avivamento nas Escrituras, no Antigo e no Novo Testamento, e também na história da Igreja. Na última lição falamos sobre o avivamento na vida pessoal de cada um de nós. Tomamos como exemplo, o salmista Davi, no Salmo 63. Falamos também sobre o avivamento espiritual do crente e os efeitos na sua vida pessoal e familiar. 


Dando sequência, nesta lição falaremos sobre a relação intrínseca que há entre o avivamento e a missão da Igreja. Sempre que lemos sobre avivamento, seja no Novo Testamento, na história da Igreja, ou mesmo na vida de um indivíduo, ele está ligado ao evangelismo, às missões, ao discipulado dos novos convertidos e ao ensino da Palavra de Deus. Avivamento não acontece para o crente ficar apenas dentro dos templos se alegrando, falando em línguas e profetizando.


Quando isso aconteceu no início da Igreja em Jerusalém, o Senhor permitiu que viesse uma grande perseguição, para que eles entendessem que o Espírito Santo veio sobre eles para que eles pregassem o Evangelho a toda criatura. A promessa que Jesus deixou para eles era que eles receberiam a virtude do Espírito Santo e seriam testemunhas do Senhor em Jerusalém, em toda a Judéia, Samaria e até aos confins da terra (At 1.8). Entretanto, depois do Pentecostes, eles ficaram apenas em Jerusalém, pregando apenas aos judeus. 


No primeiro tópico, falaremos sobre o avivamento após a ressurreição de Cristo. Quando Jesus foi crucificado, os discípulos ficaram decepcionados, pois tinham uma visão equivocada sobre o Messias, acreditando que Ele seria um líder político que os livraria da opressão de Roma. Após a ressurreição, Jesus apareceu a Maria Madalena, ela contou aos discípulos, mas eles não acreditaram, pois estavam desanimados. Finalmente, Jesus aos onze apóstolos, que estavam trancados em uma casa, num clima de derrota, com medo dos judeus.  O evangelista Marcos registrou que Jesus os convocou para uma reunião na Galiléia e lá, o Mestre lhes entregou a Grande Comissão de pregar o Evangelho a toda criatura (Mc 16.11-20). 


No segundo tópico, falaremos sobre o avivamento na missão da Igreja local.  Em Atos 1.8, Jesus reafirmou aos seus discípulos, a promessa da descida do Espírito Santo. Em seguida falou do objetivo deste revestimento de poder, que era capacitá-los para serem suas testemunhas (Gr. martyria), tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra. Jesus fez referência à missão da Igreja no âmbito local (Jerusalém), regional (toda a Judéia (e Samaria) e transcultural (Até aos confins da terra). Neste segundo tópico estudaremos sobre o avivamento nas missões locais, nas missões regionais e sobre o contexto atual das missões.  


No terceiro e último tópico falaremos do avivamento nas missões transculturais. A última parte da ordem de Jesus fala das missões até aos confins da terra. É o que hoje conhecemos como missões transculturais. Nos primeiros anos da Igreja Primitiva, os discípulos pregavam o Evangelho apenas aos Judeus. Após a grande perseguição que se deu após o apedrejamento de Estêvão, eles foram obrigados a sair de Jerusalém e se espalharam por várias regiões. Mas onde chegavam anunciavam o Evangelho.


A evangelização chegou à cidade de Antioquia da Síria e lá, em um culto de oração e jejum, o Espírito Santo chamou Barnabé e Saulo para a missão transcultural. Antioquia, então, se tornou a primeira igreja a fazer missões. Falaremos também neste tópico sobre a evangelização da Europa, que teve início com o apóstolo Paulo. Depois veremos que este continente foi responsável por enviar missionários para vários países do mundo. Infelizmente a Europa entrou em decadência espiritual e hoje é considerado um continente pós-cristão. Precisamos clamar a Deus por avivamento espiritual, que venha despertar a Igreja em todo o mundo para levar o Evangelho aos perdidos. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

 

02 março 2023

A VIDA PESSOAL E FAMILIAR DO CRENTE AVIVADO


(Comentário do 3º tópico da Lição 10: O avivamento na vida pessoal)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico falaremos sobre a vida individual e familiar do crente avivado. O avivamento na vida do crente não se limita ao ambiente religioso, dentro dos templos. Precisa refletir também em sua vida pessoal, conjugal, social e profissional. Por isso, neste tópico falaremos dos efeitos de uma vida avivada, no relacionamento com o cônjuge, na criação dos filhos e na santificação do crente.

1- A vida pessoal. Há um grande equívoco por parte de alguns cristãos, inclusive obreiros, em relação ao cuidado pessoal. Estas pessoas acham que o crente deve cuidar apenas das coisas espirituais e pensam que um crente espiritual vive em outra dimensão, como se fosse um anjo, totalmente desconexo da vida terrena. Entretanto, o avivamento espiritual compreende também os aspectos emocionais, relacionais e emocionais. O apóstolo Paulo escrevendo ao jovem pastor Timóteo recomendou:  “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem.” (1 Tm 4.16). Ou seja, antes de cuidar da doutrina ou de outras pessoas, o obreiro precisa cuidar de si mesmo. 

Este cuidado de nós mesmos envolve todos os aspectos da nossa vida. O crente precisa, em primeiro lugar, cuidar da própria espiritualidade, exercitando-se nas disciplinas da vida cristã, como a oração e meditação diária na Palavra de Deus, conforme vimos no tópico anterior. Se não alimentarmos o nosso espírito com as coisas de Deus morreremos espiritualmente de inanição. Em outra recomendação a Timóteo, Paulo diz: “...exercita-te a ti mesmo em piedade.” (1 Tm 4.7). 

Ter cuidado de si mesmo envolve também o cuidado com a própria saúde. Paulo recomendou a Timóteo que não bebesse apenas água, mas tomasse também um pouco de vinho, por causa das frequentes enfermidades no estômago (1 Tm 5.23). Naquela época, não havia medicina como hoje. O que havia era apenas remédios caseiros e tratamentos primitivos. Hoje, no entanto, a medicina avançou muito. Além dos tratamentos para várias doenças, temos a medicina preventiva, a educação alimentar e a educação física, que são essenciais para uma vida saudável. Quem descuida da própria saúde, além de correr o risco de morte prematura, pode sofrer muito com doenças que poderiam ser evitadas. Um crente, principalmente um obreiro doente traz prejuízos à obra de Deus. 

O crente também deve cuidar da sua santificação, fugindo do pecado e de toda aparência do mal. O pecado jaz à nossa porta, à espreita, como instrumento do inimigo para nos destruir. Por isso, o crente além de exercitar-se na piedade, deve vigiar o tempo todo, para cair em tentação. Um momento de distração pode ser fatal. Neste aspecto, precisamos cuidar também da nossa reputação, para não escandalizar o Evangelho. 

2- A vida com o cônjuge. Não é possível dissociar a vida cheia do Espírito Santo da vida conjugal, no caso dos casados. Escrevendo a Timóteo, o apóstolo Paulo deu a seguinte recomendação: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel.” (1 Tm 5.8). O apóstolo Pedro, por sua vez, alertou que se o marido não tratar bem a esposa, as suas orações serão impedidas: “Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações.” (1 Pe 3.7).

Escrevendo aos Efésios, Paulo estabeleceu as bases do relacionamento conjugal, que são o amor e a submissão e comparou-o com o relacionamento entre Cristo e a Sua Igreja. Paulo recomendou que a mulher seja submissa ao marido, no Senhor, como a Igreja está sujeita a Cristo. Na Bíblia não há espaço para o feminismo que promove uma verdadeira guerra das mulheres contra os homens e é radicalmente contrário à submissão da mulher ao seu marido. 

A submissão da esposa ao marido deve ser voluntária e alegre, com base no amor. Deve estar condicionada à missão do marido como líder da família. Ser submissa ao marido, no Senhor, significa submeter-se à missão que o Senhor lhe confiou. É importante esclarecer também que a submissão da mulher ao marido não é absoluta e não está acima da sua submissão a Cristo. Se o marido quiser impedir a esposa de servir ao Senhor, ela tem a obrigação de contrariá-lo, pois Cristo é Senhor absoluto da vida dela e está acima da liderança do marido. 

O apóstolo reafirmou também a liderança do homem na família, da mesma forma que Cristo é o líder da Igreja. Entretanto, esta liderança deve ser uma liderança servidora e sacrificial. O marido deve amar a esposa como Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela. (Ef 5.22-25). O marido cristão tem a obrigação de prover o sustento do lar e sacrificar-se pela família até com a própria vida, se for o caso. Ser o líder, do ponto de vista de Deus, não significa ser superior ou ditador. Significa que tem uma responsabilidade maior e é aquele que serve. O marido deve ser o líder da casa segundo o modelo de liderança de Cristo, que sacrificou-se voluntariamente por nós. 

3- A vida com os filhos. Os filhos são herança do Senhor, que Ele nos confiou para criarmos e educarmos segundo os valores dele. O avivamento na vida do crente também deve repercutir no seu relacionamento com os filhos. Se por um lado há mandamentos no Antigo e no Novo Testamento para que os filhos honrem e obedeçam aos seus pais, há inúmeros mandamentos para que os pais criem os instruam os seus filhos nos caminhos do Senhor (Dt 6.6,7; Pv 22.6) e não lhes provoquem a ira (Ef 6.4). William Hendriksen aborda seis atitudes dos pais que provocam ira nos filhos: 1) excesso de proteção; 2) favoritismo; 3) desestímulo; 4) não reconhecimento do fato de que o filho está crescendo e, portanto, tem o direito de ter suas próprias ideias e de que não precisa ser uma cópia exata do pai para ter êxito na vida; 5) negligência; e 6) palavras ásperas e crueldade física.

Infelizmente há pais cristãos que são verdadeiros empecilhos para que os seus filhos sirvam ao Senhor, pois não expressam o amor, o carinho, o respeito e o temor a Deus, dentro de casa. São agressivos, arrogantes e desrespeitosos com o cônjuge e com os filhos. Outros, tratam bem os filhos, mas não cuidam da vida espiritual deles. Não oram com eles, não ensinam a Palavra de Deus e não os levam para a casa do Senhor. Há ainda os que são coniventes com os erros praticados pelos filhos e estes acabam enveredando por caminhos errados. É verdade que nem sempre a culpa é dos pais quando os filhos se desviam. Há filhos que os pais ensinam-lhes a Palavra de Deus desde pequenos, dão bons exemplos, mas, quando crescem eles se rebelam contra Deus, influenciados pelo mundo. Cuidemos da vida espiritual dos nossos filhos, ensinando desde cedo a Palavra do Senhor, principalmente com o nosso exemplo de vida. 

4- Os efeitos do avivamento na vida pessoal. Não basta o crente dizer que é avivado e não se identifica um crente avivado pelo barulho que faz em um culto, pelas profecias, ou pela quantidade de palavras proferidas em língua estranha. Conforme vimos na primeira lição, o avivamento é obra de Deus. Então, se um crente é avivado pelo Espírito Santo, os efeitos deste avivamento aparecem e os que estão ao seu redor irão perceber. 

O comentarista coloca pelo menos quatro efeitos de um autêntico avivamento na vida de um crente:

a. O crente avivado é alegre. Isto não significa a ausência de tristeza, mas que a alegria dele independe das circunstâncias, pois ela vem de Deus. Paulo escrevendo aos Filipenses, disse: "Regozijai-vos sempre no Senhor…" (Fp 4.4). Aos Romanos, ele escreveu: "Alegrai-vos na esperança…" (Rm 12.12a). Vemos, portanto, que a alegria do crente avivado está no Senhor e na esperança que temos nele, independente daquilo que estamos passando.

b. O crente avivado é forte (Ne 8.10). A alegria que vem do Senhor e a força do Seu poder nos fazem fortes. Neemias diz neste versículo que "a alegria do Senhor é a nossa força".  Paulo escrevendo aos Efésios mandou que eles se fortalecessem no Senhor e na força do seu poder. (Ef 6.10). O crente avivado recebe forças do Senhor para enfrentar as lutas, o inimigo e não recua. 

c. O crente avivado não teme a morte  (Dn 3.12; 19-26; Dn 6.1-10). Temos aí os exemplos de Sadraque, Mesaque e Abedenego, companheiros de Daniel que não adoraram a imagem do rei Nabucodonosor, mesmo sob ameaça de serem queimados vivos, e Deus os livrou da morte. Temos também o exemplo do próprio Daniel, que não se intimidou com a ameaça de ser lançado na cova dos leões, caso fizesse oração a Deus, por um período de 30 dias. Ele foi lançado na cova dos leões e Deus não permitiu que os leões lhe fizessem nenhum mal. 

d. O crente avivado é santo. Deus é absolutamente santo e exige santidade dos seus servos. Logo, um crente que foi avivado pelo Espírito Santo, também é santo é toda a sua maneira de viver. Santidade é o ato de afastar-se do pecado e dedicar-se a Deus. Se alguém vive na prática do pecado é porque não experimentou um avivamento da parte de Deus. 


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. EFÉSIOS: Igreja, A Noiva Gloriosa de Cristo. Editora Hagnos. págs. 152-.159.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pág. 328.

AIRHART, .Arnold E. Comentário Bíblico Beacon. I e II Timóteo.  Editora CPAD. Vol. 9. pág. 485.

LOPES, Hernandes Dias. HEBREUS: A Superioridade de Cristo. Editora Hagnos. 1 Ed. 2018.


01 março 2023

O AVIVAMENTO ESPIRITUAL DO CRENTE

(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 10: O avivamento na vida pessoal)

No segundo tópico, falaremos do avivamento espiritual do crente. Não há outra forma do crente experimentar um avivamento pessoal, se não reservar uma agenda de piedade, através das disciplinas da vida cristã. A principal destas disciplinas é a prática da oração, que deve ser um exercício diário, na vida de um crente que busca o avivamento em sua vida. Neste tópico veremos os exemplos de Davi, Daniel e Jesus que viviam em constante oração. A segunda disciplina na vida do crente é a leitura devocional da Bíblia, que é o nosso único manual de fé e conduta. A Palavra de Deus é a nossa arma de defesa, portanto, devemos conhecê-la bem e está sempre nos alimentando dela. Jesus venceu a tentação do inimigo no deserto com a Palavra de Deus.


1- Reservando uma agenda de piedade. A nossa vida espiritual deve ser um exercício diário. Para isso, inevitavelmente, teremos que ter um espaço em nossa agenda para aprofundar a nossa comunhão com Deus, através da oração e da meditação nas Escrituras. Não se trata de ascetismo ou  de sacrifício para obter o favor de Deus. Esta é a forma bíblica de crescimento espiritual e estreitamento da nossa comunhão com Deus. 

É muito comum vermos pessoas reclamando que não tem tempo para orar ou ler a Bíblia. Entretanto, todos nós dispomos de 24 horas por dia. O que nos falta não é tempo e sim, administração do tempo, priorizando o que é indispensável. O livro do Eclesiastes, no capítulo 3 diz que 'há tempo para todas as coisas". Na vida, temos coisas que são indispensáveis, coisas importantes, coisas que podem ser adiadas  e coisas que são fúteis e desnecessárias. Não podemos fazer tudo o que gostaríamos em 24 horas. Por isso, precisamos administrar o nosso tempo e dar prioridade ao que é essencial. 

O ser humano é um ser tricotômico, formado por espírito, alma e corpo. O nosso corpo é a parte material e precisa de alimentação, sol, água, oxigênio, movimento e descanso para sobreviver. Se eliminarmos qualquer um destes itens, o corpo sofrerá sérios prejuízos e pode morrer. A nossa alma é a sede das emoções e precisa de bons relacionamentos com outras pessoas, diversão, boas leituras, amor, paz, alegria e descanso. O espírito humano, por sua vez, é a parte capaz de se relacionar com Deus e precisa justamente deste relacionamento com o Criador, para estar bem. Este relacionamento com Deus não pode ser desenvolvido de outra forma, que não seja a oração e a leitura da Palavra de Deus. Na oração, nós falamos com Deus e através da Palavra de Deus, nós conhecemos Deus e a sua vontade para a nossa vida. 

Estas três partes necessitam de cuidados especiais e não podemos descuidar de nenhum deles. Também não podemos cuidar apenas de um deles e abandonar os outros. Entretanto, o espírito e a alma são inseparáveis e imortais, portanto, devem ter prioridade. O Senhor Jesus disse: "Do que adianta o homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mc 8.36). O apóstolo Paulo também falou: ".Porque para mim, o viver é Cristo e o morrer [morte do corpo] é lucro”. (Fp 1.21). Isto significa que, embora devamos também cuidar do nosso corpo, devemos priorizar a vida espiritual. 

2- A prática da oração. Nos tempos bíblicos, os judeus costumavam orar três vezes ao dia: à tarde, pela manhã e ao meio dia. A tarde é mencionada em primeiro lugar nesta lista,  porque os hebreus começavam a contar os seus dias a partir das 18:00 e não às 00:00, como acontece em nossos dias. Sendo assim, os judeus começavam o dia orando, oravam no meio dele e terminavam-no em oração.  

Davi, um homem segundo o coração de Deus, tinha o costume de começar o dia orando e vigiando. Ele orava pelo menos três vezes ao dia: “De tarde e de manhã e ao meio-dia orarei; e clamarei, e ele ouvirá a minha voz.” (Sl 55.17). Entretanto, esta rotina de oração de Davi, não se limitava a um ritual formalista, como faziam os fariseus. Davi tinha um relacionamento pessoal com Deus. Ele orava confessando os seus pecados (Sl 51); orava antes de tomar decisões importantes (2 Sm 5.19); agradecia a Deus por suas vitórias (2 Cr 29.10-13); compunha salmos de louvor a Deus (2 Sm 22.1) e o adorava também nos momentos de perdas (2 Sm 12.20). 

Daniel foi outro exemplo marcante de um homem de Deus que tinha uma vida de constante oração. Ele também tinha o hábito de orar três vezes ao dia (Dn 6.10) e continuou com esta prática, mesmo estando no cativeiro, em terra estranha, em um ambiente hostil e desfavorável à vida piedosa. Assim como Davi, Daniel não orava apenas por obrigação ou como um ritual. Ele orava a Deus em situações difíceis, como no caso em que o rei Nabucodonosor  teve um sonho e exigiu dos sábios que revelassem o sonho e a sua interpretação. Se não o fizessem, seriam mortos. Daniel quando soube disso, pediu um tempo ao rei e foi orar para que Deus revelasse o segredo. Deus atendeu o seu pedido, revelou -lhe o segredo do rei e o livrou da morte. Em outra situação, mesmo sabendo que não seria permitido orar por um espaço de 30 dias, ele continuou orando e foi jogado na cova dos leões. Mais uma vez, Deus o livrou da morte. Quando desejou entender as visões de Deus, Daniel orou por 21 dias até a resposta chegar. 

O nosso maior exemplo de oração é o Senhor Jesus. O ministério terreno do Senhor Jesus foi marcado pela oração. Além de ensinar a orar, Jesus foi também um exemplo na prática da oração. Mesmo sendo Deus, na condição humana Ele buscou ao Pai em diversas ocasiões. O Mestre orava sem cessar. Jesus falava constantemente com o Pai, em público e em particular. Ele orava ao amanhecer, ainda escuro: “Levantando-se de manhã muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava” (Mc 1.35). Antes de escolher os seus apóstolos, Ele passou a noite em oração: "E aconteceu que, naqueles dias, subiu ao monte a orar e passou a noite em oração a Deus." (Lc 6.12). No capítulo 17 de João, vemos a chamada Oração Sacerdotal de Jesus, onde Ele intercede ao Pai pelos seus discípulos. No Jardim do Getsêmani, em profunda agonia, a ponto de suar gotas de sangue, o Mestre também orou ao Pai, dizendo: “Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.” (Mt 26.39). 

Ao longo da história da Igreja também, homens e mulheres de Deus mantiveram-se em oração diante de Deus. Os apóstolos, no início da Igreja Primitiva, viviam em constante oração: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” (At 2.42). Eles oravam em momentos de grandes dificuldades: “Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus. (At 12.5); Oravam antes de enviar missionários: “Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.” (At 13.3); oravam até nas prisões: “E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam.” (At 16.25). 

Os homens de Deus que experimentaram grandes avivamentos ao longo da história, como John Wesley, D. L. Moody, Jonathan Edwards, Charles Finney, William J. Seymour e outros, também tiveram as suas vidas dedicadas à oração.  Daniel Berg, Gunnar Vingren e os seus sucessores na Assembléia de Deus também viviam em constante oração.  

3- A leitura devocional da Bíblia. Se por um lado, a oração é indispensável à vida do crente, como vimos acima, a leitura devocional e o estudo da palavra de Deus também o são. Uma coisa não substitui a outra. Infelizmente, no meio pentecostal há muitos crentes que, apesar de orarem muito, não conhecem a Palavra de Deus e ainda desprezam aqueles que procuram conhecê-la. A oração sem o conhecimento bíblico leva o crente ao fanatismo, ao zelo sem entendimento e às heresias. 

Infelizmente, muitas pessoas na atualidade não gostam ou tem preguiça de ler. Esta preguiça de ler e a busca por respostas prontas e curtas, também chegaram ao meio evangélico. Muitos evangélicos atualmente usam a Bíblia apenas nos templos. Mesmo assim, é possível perceber que alguns nem abrem a Bíblia durante as leituras e pregações. Um número muito grande de evangélicos, inclusive pastores, nunca leram a Bíblia inteira. O resultado disso é trágico. Há um analfabetismo bíblico enorme em nosso meio. A prática da leitura bíblica deve ser um exercício diário para o cristão. Isso, claro, deve ser feito com disciplina, devoção e estudo. 

A leitura diária da Bíblia é fundamental para a vida cristã. Esta leitura tem objetivos diferentes. Devemos ler a Bíblia para aprender o seu conteúdo, de forma devocional na meditação e como pesquisa, em temas específicos. Somos discípulos de Cristo e o aprendizado é a base de todo discípulo, pois a própria palavra discípulo significa "aprendiz".

Além de ler diariamente a Palavra de Deus, é muito importante também entender aquilo que lemos, pois, muitas heresias nascem de interpretações equivocadas ou distorções dos textos bíblicos. A Bíblia foi escrita em um contexto muito distante e diferente da época em que vivemos. Por isso, é preciso interpretá-la corretamente, para a entendermos. Esta interpretação envolve a exegese e a hermenêutica, que são ferramentas muito importantes na interpretação de textos.


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 2229.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento:Jó a Cantares de Salomão. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 404.

BRANDT, Robert L. e BICKET, Zenas J. Teologia Bíblica da Oração. Editora CPAD. pag. 152-153.

AS ARMAS DO CRENTE

(Comentário do 1º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos sobre as armas do crente...