23 junho 2022

JESUS: A NOSSA VERDADEIRA IDENTIDADE


(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 13)


Cristo é a nossa verdadeira identidade. Ele é o nosso maior exemplo como pregador. Entretanto, Jesus não é apenas um mestre, filósofo ou pregador humano, como pensam os esotéricos, espíritas e até pessoas sem religião. Jesus é o Unigênito Filho de Deus que veio nos salvar da condenação eterna. A sua mensagem tem autoridade, porque provém do próprio Deus. Jesus é a nossa identidade do ponto de vista escatológico, pois um dia teremos um corpo glorificado como Ele. Mas, aqui neste mundo também somos chamados a sermos imitadores de Cristo, vivendo uma vida piedosa. 


1- Jesus, nosso maior pregador. Religiões como o Espiritismo e a LBV gostam de falar dos ensinos de Jesus no Sermão do Monte, atentando apenas para o aspecto pacífico dele e o altruísmo pregador por Jesus. Outros que não são cristãos, ou não tem religião também vêem Jesus como um humanista, iluminado, que pregava e amor ao próximo e, supostamente, não pregava regras e moralismo. Entretanto, isso não é verdade. 

Mesmo no Sermão do Monte, Jesus não pregou apenas a paz e o amor ao próximo. Ele pregou contra o divórcio, ensinou a orar e a jejuar, falou sobre o perjúrio, a ansiedade pelo comer e beber,  os dois caminhos, os dois alicerces, os dois tesouros, os falsos profetas, etc. Em outras partes do Evangelho também, Jesus falou sobre o arrependimento, o Espírito Santo, a destruição de Jerusalém, a ressurreição, a sua segunda vinda, a grande tribulação, o inferno, o céu, etc. Além disso, não podemos separar os ensinos de Jesus, do restante do Novo Testamento e até do Antigo Testamento. Tem coisas que Jesus não falou durante o seu ministério terreno, mas falou no Apocalipse. Outras, o Espírito Santo usou os apóstolos para ensinar nas Epístolas.  

Jesus não foi apenas um pregador ou mestre humano, que trouxe uma via filosofia de vida e ensinou a paz entre os povos e o amor ao próximo. Os evangelistas nos apresentam Jesus como o Filho Unigênito de Deus, que veio a este mundo para morrer pelos pecadores e convidá-los ao arrependimento, para viver uma nova vida (Mt 4.17; Mc 1.15; Jo 3.3). O ministério terreno de Jesus se desenvolveu de três formas: pregação, ensino e curas. 

Através do ensino, Jesus transmitia o conhecimento divino com o objetivo de tirar as pessoas da teoria e conduzi-las à prática daquilo que foi ensinado. O seu método de ensino era excelente e tem sido elogiado por especialistas em educação. Jesus ensinava usando parábolas, metáforas e perguntas método de perguntas retóricas. Além disso, Ele mostrava-se interessado no aprendizado de todos e o seu exemplo de vida atraía as multidões. 

Como pregador (Gr kerússo), Jesus era um arauto, que proclamava com autoridade a mensagem de salvação aos perdidos. Um pregador naquela época era um arauto que proclamava uma mensagem oficial que devia ser escutada e obedecida. Os arautos percorriam as cidades transmitindo as mensagens do governo ao povo. Nós também recebemos a incumbência de Jesus de continuar pregando a sua mensagem ao mundo (Mt 27.19,20; Mc 16.15). 

As curas e milagres realizados por Jesus tinham o objetivo de devolver a integridade física a algumas pessoas, por compaixão que Ele sentia pelo sofrimento das pessoas. Mas não apenas isso. Ele curava e realizava milagres como forma de autenticar a sua mensagem, provando que Ele era realmente o Messias prometido a Israel. Quando João Batista enviou discípulos a Jesus a fim de saber se Ele era, o Messias prometido ou se deveriam esperar outro, Jesus respondeu: "Ide e anunciai a João o que tendes visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o evangelho. E bem-aventurado aquele que em mim se não escandalizar." (Lc 7.22,23).


2- A autoridade do ensino de Cristo. Mateus registrou que após a conclusão do Sermão do Monte, a multidão ficou admirada com os ensinos de Jesus, porque Ele ensinava com autoridade e não como os escribas e fariseus: "E aconteceu que, concluindo Jesus este discurso, a multidão se maravilhou da sua doutrina; Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas. (Mt 7.28,29). A palavra traduzida por “maravilhada”, no grego  é "ekplesso". e significa extasiado, maravilhado, em pânico, admirado, perplexo. Não há como expressar no português o que aquelas pessoas sentiram, após ouvir este maravilhoso discurso do Mestre divino. Mas é certo que ficaram fora de si.

Mateus nos mostra que, a razão dessa perplexidade da multidão era motivada pelo fato de Jesus ensinar com autoridade e não como os escribas." A palavra grega traduzida por autoridade é "exousía", que significa poder de escolher, liberdade para fazer algo sem necessidade de permissão de outro. Após a ressurreição, Jesus afirmou: É-me dada toda autoridade (exousía) no Céu e na Terra. (Mt 28.18). Sendo o Deus Filho, Jesus é Onipotente e não depende da autorização de ninguém para agir. Entretanto, quando Ele se fez homem, Ele subjugou-se a si mesmo durante os 33 anos em que viveu sobre a terra e escolheu não exercitar a sua autoridade do mesmo modo como fazia antes: Ele falou para o leproso que não dissesse a ninguém que fora curado (Mt 8.4); Ele não pediu ao Pai que enviasse legiões de anjos para livrá-lo dos soldados (Mt 26.53).  Em alguns casos, Ele se retirou do meio da multidão para não ser morto. 

O ensino de Jesus causou grande impacto porque não era como o dos escribas e fariseus, que provinha de tradições, interpretações e opiniões tendenciosas e hipócritas. O ensino de Jesus era divino e tocava no profundo do coração humano. Era revestido da autoridade do Pai (Jo 7.16; Lc 15.1; Jo 3.4, 4.29). Os ouvintes de Jesus percebiam que havia sinceridade, verdade e amor nas palavras dele. Os escribas manipulavam a Lei, conforme as suas conveniências, para alcançar objetivos espúrios. 

Jesus ensinava com simplicidade, sem o intuito de demonstrar erudição. Mesmo sendo onisciente e conhecendo todas as coisas, Jesus não complicava os seus ensinos. Ele falava de forma que todos o entendiam, desde os pescadores até os mestres da Lei. Jesus não buscava popularidade ou aplausos. Ele falava a verdade de forma amorosa, simples e objetiva. 


3- Jesus como nossa identidade.  A palavra identidade tem origem no latim “identitas”. Segundo a definição do dicionário Michaelis, “é uma série de características próprias de uma pessoa ou coisa por meio das quais podemos distingui-las. É também o estado de semelhança absoluta e completa entre dois elementos com as mesmas características principais.” No Sermão do Monte, Jesus disse que devemos “ser perfeitos como o Pai”. Isto significa que devemos “nos identificar com Ele”. A palavra “perfeito” [Gr téleios] não significa ser isento de falhas e de erros. Significa algo que foi finalizado e não precisa de mais nada para estar completo. Quando nos identificamos com Cristo por meio de sua morte e após os seus ensinos que sempre apontam para o Pai, expressaremos as características do Pai, que são as bem-aventuranças. 

No sentido escatológico, o apóstolo João disse que “nós veremos Jesus como Ele é e seremos semelhantes a Ele, quando Ele se manifestar.” (1 Jo 3.2). O que significa ver Jesus como Ele é? A palavra traduzida por “ver” neste texto  vai muito além de enxergar. Significa perceber, reconhecer, ou avaliar. Só podemos “ver” alguém, no sentido de saber como realmente esta pessoa, realmente é, se convivermos com ela. O cristão, portanto, só verá Jesus como Ele é, se viver como Filho de Deus agora, sendo sal da terra e luz do mundo. Fomos chamados a entrar pela porta estreita e percorrer o caminho apertado, fazendo a vontade do Pai. Somos filhos de Deus no presente e já desfrutamos das bênçãos da Salvação. Somente nos identificando com Cristo agora, seremos semelhantes a Ele no futuro, quando teremos também a glorificação do nosso corpo.  


REFERÊNCIAS: 


GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 253-255.

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Mateus. 1 Ed 2001. Editora Cultura Cristã. pág. 718-721; 1323-1324.

ROBERTSON, T. Comentário Mateus & Marcos, à Luz do Novo Testamento Grego. Editora CPAD. pág. 335-336.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 2. pág. 777.

ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.62


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Pb. Weliano Pires


22 junho 2022

EM QUEM ESTAMOS ALICERÇADOS?


(Comentário do 2⁰ tópico da Lição 13)


Jesus usou a figura de dois alicerces: a areia e a rocha para ilustrar, respectivamente, os que ouvem as suas Palavras e não as praticam, e os que ouvem colocam em prática. Veremos neste tópico que o primeiro passo no alicerce da nossa fé é ouvir a Palavra de Deus, pois é ela que nos faz sábios para a salvação que há em Cristo Jesus. Falaremos também sobre a importância de um bom alicerce numa construção, comparando-o com a areia e a rocha. Por último, falaremos sobre a relevância de sermos praticantes da Palavra de Deus e não apenas ouvintes. 


1- O alicerce começa pelo ouvir. Para ser um autêntico discípulo de Jesus, o primeiro passo é ouvir a sua Palavra. Não há a possibilidade de alguém ser discípulo de Jesus sem ouvir a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo disse que “a fé vem pelo ouvir e o ouvir, pela Palavra de Deus”.  (Rm 10.17). 


Entretanto, não basta ouvir a Palavra de Deus e conhecê-la bem teoricamente. É preciso que a fé tenha um bom fundamento, para não desvanecer. A casa edificada sobre a areia pode até ficar bonita, mas, não resiste às chuvas e ventos. Todavia, a casa edificada sobre a rocha, mesmo submetida às tempestades, permanecerá firme. Assim também são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a praticam. Estes não se embaraçam com coisas efêmeras desta vida, pois a sua esperança é a vida eterna. 


As pessoas só serão realmente alcançadas, se for pela Palavra de Deus. Paulo disse que o Evangelho é o Poder de Deus para a salvação de todo aquele que crer. (Rm 1.16). Em Hebreus 4.12, lemos: "Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração." Eu tenho visto muitas pessoas reclamando que nas Igrejas onde congregam, o pecado tomou conta e as pessoas não querem compromisso com Deus. Provavelmente está faltando oração e exposição da Palavra de Deus. Onde a Palavra é pregada com fidelidade e há oração, o pecador é confrontado. Diante disso, ou ele se converte ou se afasta do local. Mas se ficar apenas massageando egos e se animando auditórios a fé das pessoas não terá fundamento. 

 

2- A importância do bom alicerce. O alicerce é a parte fundamental de uma edificação, pois é sobre ele que a construção se sustenta. Antes de começar um edifício, os engenheiros colhem amostras do terreno, para serem analisadas pelos geólogos. A partir desta análise, eles decidem se podem construir naquele local e qual a profundidade das bases. 


A areia é um terreno movediço que não oferece sustentação diante de chuvas e ventos. A rocha, por sua vez, é uma superfície firme que não se abala, mesmo diante de terremotos. O fundamento da nossa fé é a Doutrina dos apóstolos. Paulo escreveu aos Coríntios que ninguém pode lançar outro fundamento, além daquele que já está posto, o qual é Cristo (1 Co 3.11). Muitas pessoas sucumbem em sua fé, quando vem a perseguição, as lutas e provações. Por que isso acontece? Porque a sua fé não estava alicerçada em Cristo, a Rocha Eterna. 


Muitos dos discípulos que andaram com Jesus durante o seu ministério terreno o abandonaram, porque tinham uma visão equivocada sobre Ele. Esperavam que Ele fosse um líder político, que lideraria uma rebelião contra Roma e os libertaria do domínio romano. Quando Ele começou a pregar que seria entregue nas mãos dos pescadores, que condenado à morte e que os seus discípulos teriam que comer a sua carne e beber o seu sangue, eles se escandalizaram. Hoje ainda acontece isso. Muitos dos que estão nas Igrejas, estão buscando apenas coisas materiais e prosperidade neste mundo. Esse tipo de fé não suporta as tempestades desta vida. 


3- A relevância do praticar. Jesus falou de dois tipos de construtores: um prudente e outro insensato. O prudente é aquele que ouve as Palavras de Jesus e as pratica. O insensato é o que ouve, mas, não pratica. Os dois constroem casas, que aparentemente são iguais e ambas são submetidas a tempestades. A diferença só será notada quando vierem os ventos e as chuvas. 


Conforme vimos no início deste tópico, é muito importante ouvir a Palavra de Deus. Somente através dela podemos conhecer Jesus e crer nele. Entretanto, mais importante do que ouvir e conhecer a Palavra de Deus é praticar os seus ensinos. Tiago diz que devemos ser praticantes e não apenas ouvintes da Palavra, pois o que ouve e não pratica é semelhante ao homem que contempla o seu rosto no espelho e logo se esqueceu de como era. (Tg 1.22.24). 


Não podemos jamais separar o ouvir do praticar. Na vida cristã estas duas coisas precisam andar juntas. O conhecimento só tem valor se ele transformar-se em ação. A palavra obediência resume o sentido de ouvir e praticar. Quando Samuel repreendeu a Saul, ele disse que é melhor obedecer do que sacrificar. 

 

REFERÊNCIAS: 

GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 246-251

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Mateus. pág. 314.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 1. pág. 336.

TASKER, V. G. Mateus, Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. 1 Ed 1980. pág. 67-68.

BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Mateus. pág. 313-316.

CHILDERS, Charles L.; EARLE, Ralph; SANNER, A. Elwood (Eds.) Comentário Bíblico Beacon: Mateus a Lucas. Vol.6. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.69.

LOPES, Hernandes Dias. Mateus: Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pag. 244-245.



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Pb. Weliano Pires



21 junho 2022

A CONDENAÇÃO DOS FALSOS SEGUIDORES DE JESUS


(Comentário do 1º tópico da Lição 13)

A nossa salvação é fruto da Graça de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo. Sendo assim, ninguém será salvo por obedecer a regras. Entretanto, nenhum desobediente entrará no Céu, pois, a verdadeira fé em Jesus não consiste em palavras fingidas e é comprovada pelas obras. Jesus disse que naquele dia, isto é, no julgamento final, muitos comparecerão diante dele, alegando que fizeram muitos milagres em Seu nome, profetizando, curando e expulsando demônios. Mas Jesus lhes dirá abertamente: “Nunca vos conheci! Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!” (Mt 7.23). Isso demonstra que milagres não autenticam a fé de ninguém. A nossa fé só será autêntica, se fizermos a vontade do pai, que é boa, agradável e perfeita. 

1- Uma fé só de palavras? Conforme está escrito em nosso texto áureo, Jesus disse: "Nem todo aquele que diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus…". (Mt 7.21a). A palavra "senhor" atualmente é um problema de tratamento que pode ser usado, que usamos para nos referimos a um homem, de forma respeitosa, independente da idade e da posição social. Entretanto, no hebraico e no grego não era assim. 

A palavra "Senhor", em hebraico é "Adon" e se refere a um dominador, ou alguém que possui controle absoluto, como um dono de escravos (Gn 24 14,27); um governador (Gênesis 45.8); ou o marido que era o senhor de sua esposa e líder absoluto da sua casa, na sociedade patriarcal (Gn 18.12). A forma plural desta palavra hebraica é "adonai". Para evitar pronunciar o nome de Deus em vão, os judeus passaram a usar "Adonai", em substituição ao tetragrama (YHWH). 

No grego, que foi o idioma usado por Mateus, a palavra "Senhor" é "Kyrios". Significa um mestre supremo, ou dominador. A Septuaginta (LXX), traduziu o tetragrama por "Kyrios" e usou sempre esta palavra para se referir a Yahweh, o Deus de Israel. Portanto, era um título divino. No império romano, o imperador exigia ser chamado de "Kyrios" (Senhor), uma reivindicação de divindade. Os cristãos, evidentemente, se recusaram e foram cruelmente perseguidos. 

O que Jesus disse aqui é que não adianta alguém confessar a sua divindade, ou ter uma confissão de fé ortodoxa e não fazer a vontade de Deus. Claro que Ele não estava dizendo que a doutrina verdadeira é desnecessária. A fé cristã também consiste em confissão verbal e sincera em Jesus, como o Unigênito Filho de Deus (Rm 10.9,10). Entretanto, esta confissão não se resume às palavras e tem que estar embasada na prática da Palavra de Deus. A ortodoxia tem que andar junto com a ortopraxia. 

2- Os milagres não transformam o caráter. Após falar que não adianta ter uma confissão de fé ortodoxa e não praticá-la, Jesus cita os argumentos que os falsos seguidores dele usarão no dia do Juízo final, para questionar o fato de terem ficado fora do Reino dos Céus: “Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?” (Mt 7.22). A resposta de Jesus será: “...Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.” (Mt 7.23). 

Jesus nos ensina aqui que é possível alguém realizar sinais sobrenaturais e não ser salvo. Milagres, profecias, batismo no Espírito Santo, dons espirituais e ministeriais não autenticam a fé de ninguém. Precisamos nos conscientizar de que há três fontes de fenômenos sobrenaturais ou inexplicáveis: Deus, o diabo e o homem. O apóstolo João nos alertou que não devemos dar crédito a qualquer espírito, mas devemos antes provar se procedem de Deus ((1 Jo 4.1). 

Neste texto, Jesus mencionou três ações que as pessoas podem fazer usando o seu Nome, sem que sejam necessariamente salvas: profecia, expulsão de demônios e milagres. A profecia aqui não se refere ao dom de profecia e sim ao ensino da Palavra, pois o dom de profecia como nós conhecemos, ainda não havia sido revelado. É perfeitamente possível que alguém que conhece a Palavra de Deus fale algo verdadeiro em nome de Deus, sem ser convertido, como Balaão, por exemplo  (Jd 1.11; Ap 2.14). Aliás, esta é uma estratégia do diabo para enganar. 

Da mesma forma é possível alguém expulsar demônios sem ser salvo, seja pela autoridade do Nome de Jesus ou por enganação. Por exemplo, Jesus concedeu poder aos doze apóstolos para curar e expulsar demônios (Lc 9.1). Eles foram e fizeram isso. Entre eles estava Judas Iscariotes que não era convertido. Hoje, no meio da Igreja também pode acontecer de alguém expulsar demônios em nome de Jesus e não ser convertido de verdade. Há também os casos de manipulações, onde pessoas inescrupulosas combinam e fingem manifestações demoníacas, para impressionar e ganhar dinheiro. É preciso buscar o dom de discernimento de espíritos, para saber a origem das manifestações espirituais. 

No caso de operação de milagres, Mateus usou a palavra grega dunamis, que significa poder, força ou habilidade sobrenatural, para realizar milagres. Esta palavra deu origem à palavra portuguesa dinamite. Um dos dons espirituais mencionados por Paulo aos Coríntios é operação de maravilhas (1 Co 12.10). Deus, de fato realiza milagres extraordinários e inexplicáveis através dos seus servos. Isto não ficou restrito à era apostólica, como dizem os cessacionistas. Deus é o mesmo e continua operando maravilhas. Entretanto, precisamos ter cuidado, pois milagres também não salvam ninguém e não servem para provar que uma religião ou ensino são verdadeiros. Existem também os falsos milagres, sejam eles operados pelo inimigo ou enganação através de mágicas e truques. 

Os Magos de faraó, por exemplo, realizaram sinais na presença de Faraó, para que ele não cresse na palavra de Moisés (Êx 7.11-22). Jesus também alertou os seus discípulos sobre os falsos profetas que surgiriam nos dias que antecedem a sua vinda (Mt 24.24) e Paulo alertou sobre os milagres que seriam realizados segundo a eficácia de Satanás pelo Falso Profeta na Grande tribulação (2 Ts 2.8.9). No Apocalipse, João também falou que a besta que sobe da terra (o falso profeta) fará grandes sinais, chegando a fazer descer fogo do céu à terra. (Ap 13.13). 

3 - Fazendo a vontade do Pai. Jesus deixou claro que a condição para alguém entrar no Reino dos Céus não é apenas a sua confissão de fé ortodoxa ou os sinais sobrenaturais e os serviços prestados na Obra de Deus. O que define alguém como um verdadeiro discípulo de Jesus é o fato dele “fazer a vontade do meu Pai, que está nos céus” (Mt 7.21). Tiago disse que até os demônios crêem na existência de Deus e estremecem, mas não obedecem (Tg 2.19). O que seria fazer a vontade de Deus? 

A palavra vontade no grego é “thelêma” e significa uma determinação, escolha ativa ou passiva e inclinação (desejo, prazer, vontade). Escrevendo aos Romanos, o apóstolo Paulo disse: “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Rm 12.2). Aos Tessalonicenses, Paulo escreveu: Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: Que vos abstenhais das prostituição”. 

Em resumo, a vontade de Deus é aquilo que está revelado em Sua Palavra. Deus deseja que o homem creia em Jesus Cristo, arrependa-se dos seus pecados e viva uma vida santa. Evidentemente, nenhum ser humano conseguirá fazer isso, por si mesmo. A parte que cabe ao ser humano é decidir seguir a Jesus. A partir desse momento, o homem é justificado pela fé em Cristo. O Espírito Santo passa a morar em seu interior e realiza o milagre do novo nascimento e a santificação. Se ele não entristecer o Espírito Santo e mantiver a comunhão com Deus, afastando-se do pecado, estará fazendo a vontade de Deus. 


REFERÊNCIAS:
GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 238-44.
HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO. Edição completa. Editora CPAD. 1 Ed 2008. pág. 87.
LOPES, Hernandes Dias. Mateus: Jesus, O Rei dos reis. Editora Hagnos. pág. 243.
BARCLAY, William. Comentário Bíblico: Mateus. pág. 311-313.
STRONSTAD, Roger (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.62).

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Pb. Weliano Pires

20 junho 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: A VERDADEIRA IDENTIDADE DO CRISTÃO


Com a Graça de Deus, chegamos ao final de mais um trimestre de estudos, em nossa Escola Bíblica Dominical. Estudamos o conhecido Sermão de Jesus, chamado Sermão do Monte. Esta última lição é uma conclusão dos ensinamentos expostos por Jesus ao longo deste Sermão. O Mestre inicia esta última seção, dizendo que não basta confessá-lo com palavras, chamando-o de Senhor. É preciso ir mais além e fazer a vontade do Pai que está nos Céus. (Mt 7.21). Isso mostra que a verdadeira identidade dos seguidores de Jesus consiste, não apenas em ouvir e falar os seus ensinamentos mas, sobretudo, em praticá-los. 


A lição mostra inicialmente que os falsos seguidores de Jesus serão condenados. A nossa salvação é fruto da Graça de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo. Sendo assim, ninguém será salvo por obedecer a regras. Entretanto, nenhum desobediente entrará no Céu, pois, a verdadeira fé em Jesus não consiste em palavras fingidas e é comprovada pelas obras. Jesus disse que naquele dia, isto é, no julgamento final, muitos comparecerão diante dele,  alegando que fizeram muitos milagres em Seu nome, profetizando, curando e expulsando demônios. Mas Jesus lhes dirá abertamente: “Nunca vos conheci! Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!” (Mt 7.23). Isso demonstra que milagres não autenticam a fé de ninguém. A nossa fé só será autêntica, se fizermos a vontade do pai, que é boa, agradável e perfeita. 


Na sequência, Jesus usa a figura de dois alicerces: a areia e a rocha. O primeiro, para ilustrar os que ouvem as suas Palavras e não as praticam; e o segundo, para ilustrar os que ouvem os ensinos e os colocam em prática. Aqui aprendemos que para ser um autêntico discípulo de Jesus, o primeiro passo é ouvir a sua Palavra. Não há a possibilidade de alguém ser discípulo de Jesus sem ouvir a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo disse que “a fé vem pelo ouvir e o ouvir, pela Palavra de Deus”.  (Rm 10.17). Não basta ouvir a Palavra de Deus e conhecê-la teoricamente. É preciso que a fé tenha um bom fundamento, para não desvanecer. A casa edificada sobre a areia pode até ficar bonita, mas, não resiste às chuvas e ventos. Entretanto, a casa edificada sobre a rocha, mesmo submetida às tempestades, permanece firme. Assim aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a praticam. Estes não se embaraçam com coisas efêmeras desta vida, pois a sua esperança é a vida eterna. 


Por último, esta lição nos mostra que Cristo é a nossa verdadeira identidade. Jesus é o nosso maior exemplo como pregador. Entretanto, Ele não é apenas um mestre, filósofo ou pregador humano, como pensam os esotéricos, espíritas e até pessoas sem religião. Jesus é o Unigênito Filho de Deus que veio nos salvar da condenação eterna. A sua mensagem tem autoridade, porque provém do próprio Deus. Jesus é a nossa identidade do ponto de vista escatológico, pois um dia teremos um corpo glorificado como Ele. Mas aqui neste mundo também, somos chamados a ser imitadores de Cristo, vivendo uma vida piedosa. 


REFERÊNCIAS:


GOMES, Osiel. Os Valores do Reino de Deus: A Relevância do Sermão do Monte para a Igreja de Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022. pág. 237-238.

SPROUL, R. C. Estudos bíblicos expositivos em Mateus. 1° Ed 2017. Editora Cultura Cristã. pág. 176.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. 2ª Impressão: 2010. Vol. 1. pág. 54.


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Pb. Weliano Pires


RESUMO DAS LIÇÕES DO 2º TRIMESTRE DE 2022


Graças a Deus, chegamos ao final de mais um trimestre de estudos em nossa Escola Bíblica Dominical. Estudamos o famoso Sermão de Jesus, conhecido como Sermão do Monte, ou Sermão da Montanha. Este sermão representa a essência dos ensinos de Jesus.


Há 21 anos, no ano de 2001, estudamos este sermão em nossa Escola Bíblica Dominical, comentado pelo renomado pastor e escritor, Geremias do Couto, com o tema: Sermão do Monte: A transparência da vida cristã. Na ocasião, o pastor Geremias do Couto apresentou este sermão como "as vigas mestras dos ensinos de Jesus", e "um ideal de vida de todos quantos desejam sinceramente praticar o cristianismo bíblico."


Agora, a CPAD retornou a este importantíssimo tema, com comentários  do renomado pastor Osiel Gomes da Silva, que é escritor, comentarista de Lições Bíblicas em outros trimestres, conferencista e líder da Assembleia de Deus, em Tirirical (São Luís/MA).


SEGUE ABAIXO, UM RESUMO DAS LIÇÕES ESTUDADAS: 


LIÇÃO 1: O SERMÃO DO MONTE: O CARÁTER DO REINO DE DEUS


Na primeira lição, falamos sobre a estrutura do Sermão do Monte. Vimos por que este discurso de Jesus é chamado de Sermão do Monte e os aspectos geográficos deste monte. Fizemos um pequeno resumo sobre os tópicos deste sermão e, por último, falamos a respeito dos destinatários do Sermão do Monte. 


Estudamos as bem-aventuranças e o caráter cristão. Discorremos sobre as definições grega e hebraica da palavra traduzida por "bem-aventurado". Depois, falamos sobre a definição e o caráter do Reino de Deus. Por último vimos quem são os súditos do Reino de Deus, com base nas qualidades descritas por Jesus no Sermão do Monte. 


Vimos que somos bem-aventurados. O salvo em Cristo vive um estado de plena satisfação e felicidade, não por seus próprios méritos e esforços, mas porque nasceu de novo e o seu caráter foi transformado pelo Espírito Santo.


LIÇÃO 2: SAL DA TERRA, LUZ DO MUNDO


Na lição 2, falamos sobre duas metáforas usadas por Jesus no Sermão do Monte, para ensinar sobre a influência que os seus discípulos deveriam exercer no mundo: o Sal e a luz. O sal nos tempos bíblicos era um ingrediente indispensável não apenas para o tempero, mas também para a preservação dos alimentos. A luz, por sua vez, era fundamental para iluminar as trevas. 


Falamos sobre as funções do sal nos tempos bíblicos. Vimos a definição da palavra sal no grego bíblico e destacamos a importância do sal como tempero e na preservação dos alimentos. Nesta perspectiva, falamos a respeito da influência do cristão com o sal da terra.


Estudamos sobre a luz que ilumina os ambientes que estão em trevas. Trouxemos também os conceitos físico e metafórico da luz. Depois, falamos sobre os discípulos de Jesus como a luz do mundo, que deve refletir nas trevas que é o mundo de pecado.


Por último, falamos da influência dos cristãos no mundo como sal e como luz. Esta influência que Jesus ensina não significa ostentação e egocentrismo, como alguns imaginam, pregando o triunfalismo e a teologia da prosperidade. A influência cristã deve ser exercida através das boas obras, principalmente as virtudes do fruto do Espírito Santo.


LIÇÃO 3: JESUS, O DISCÍPULO E A LEI   

 

Na lição 3, estudamos o tema: Jesus, o discípulo e a lei. Falamos sobre a terceira parte do Sermão do Monte, que se encontra em Mateus 5.17-20. Nesta parte do seu discurso no Monte, o Senhor Jesus explicou que Ele não veio abolir a Lei e sim cumpri-la.


Jesus nunca foi um revolucionário, como ensinam os socialistas. Os revolucionários querem destruir e modificar tudo o que os antepassados construíram e reconstruir uma nova sociedade a seu modo. Jesus não veio destruir os princípios da Lei, que fora dada pelo próprio Deus, mas veio cumpri-los. Jesus apresentou o seu compromisso com o legado dos antigos. Além de cumprir a Lei, Jesus veio aperfeiçoá-la. 


Fizemos uma comparação entre a letra da lei mosaica e a verdade do Espírito, trazendo também a definição da expressão "letra da lei”. Falamos sobre a divisão tríplice da Lei:  moral, cerimonial e judicial. Depois, falamos sobre a diferença entre a lei, que trazia letras gravadas em pedras e a verdade do Espírito, gravada nos corações. Por último, falamos sobre o propósito da lei para o cristão. 


Falamos sobre a Justiça do Reino de Deus. Jesus mostrou que o padrão de Justiça do Reino de Deus é diferente daquele ensinado pelos rabinos judaicos, que se baseava no binômio lei-obra. A justiça ensinada por Jesus não é exterior ou legalista e só pode pode ser obtida através da ação do Espírito Santo no interior do ser humano, que promove o novo nascimento. 


LIÇÃO 4: RESGUARDANDO-SE DE SENTIMENTOS RUINS


Na lição 4, estudamos sobre a abrangência que Jesus dá à Lei moral, principalmente ao sexto mandamento, que proíbe o homicídio. Jesus nos mostrou que o "não matarás" não se resume à execução do assassinato, mas inicia-se com o ódio ao próximo. 


O Evangelho não é antinomista, ou seja, não é contrário à lei. Vimos nesta lição, a definição da palavra antinomismo. Falamos sobre a relação entre a Lei e o Evangelho e sobre os extremos que devemos evitar: o antinomismo e o legalismo. 


Vimos que a cólera é o primeiro passo para o homicídio e falamos sobre as implicações do sexto mandamento do decálogo. Depois abordamos o sentimento de ira do ponto de vista bíblico. Por último, falamos sobre o valor da pessoa humana. 


Por último, falamos sobre o ato de ofertar e a desavença. A oferta do altar é um ato de adoração a Deus, onde o ofertante reconhece a sua dependência de Deus e entrega-lhe uma oferta como forma de gratidão. Por outro lado, Jesus alerta que as desavenças com o próximo afrontam também a Deus e, portanto, antes de entregar a oferta, devemos primeiro entrar em acordo com o próximo e eliminar as desavenças. 


LIÇÃO 5: O CASAMENTO É PARA SEMPRE


Na lição 5, estudamos sobre a segunda e a terceira antítese de Jesus no Sermão do Monte: A proibição do adultério e do divórcio. Estas duas proibições indicam que o casamento é indissolúvel. A Lei continha dois mandamentos no decálogo sobre este assunto: Não adulterarás e não cobiçarás a mulher do teu próximo. Entretanto, para os rabinos o adultério acontecia apenas na chamada conjunção carnal, ou seja quando era consumado fisicamente. Jesus, porém, diz que tudo começa no coração, ou seja, no interior do ser humano.


Falamos sobre a condenação do adultério. Abordamos a definição de adultério e o significado bíblico deste pecado. Falamos sobre o posicionamento de Jesus a respeito do adultério no Sermão do Monte. Por último mostraremos os males e prejuízos causados pela prática do adultério. 


Vimos que, o que rege o coração, regerá também o corpo. Trouxemos a definição e significado bíblico da palavra traduzida por coração. O homem é aquilo que ele pensa, pois, os nossos pensamentos determinam as nossas ações e a nossa conduta. Por último, falamos que o caminho para dominar o próprio corpo é sujeitá-lo ao domínio e dependência do Espírito Santo.


Falamos sobre a indissolubilidade do casamento. O casamento sob a perspectiva bíblica, é heterossexual, monogâmico e vitalício. Vimos também o que fazer para que o casamento dure até à morte. Por último, falamos que no ensino de Jesus, o casamento é indissolúvel e o divórcio contraria a vontade de Deus. O padrão divino desde o Éden é: os dois serão uma só carne (Gn 2.23,24).


LIÇÃO 6: EXPRESSANDO PALAVRAS HONESTAS


Na lição 6, estudamos o tema: Expressando palavras honestas. Falamos da quarta antítese de Jesus no Sermão do Monte, que trata da questão dos juramentos (Mt 5.33-37). O nono mandamento do Decálogo proibia o perjúrio, ou falso juramento contra o próximo: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.” (Êx 20.16). 


Vimos que nos tempos bíblicos não haviam assinaturas, cartórios para reconhecer firmas, ou contratos para servirem como garantia dos compromissos assumidos. Por isso, as pessoas selavam pactos entre si, fazendo juramentos. Segundo a orientação dos rabinos judeus, as pessoas não deveriam jurar falsamente contra o próximo e deveriam cumprir os juramentos feitos a Deus. 


Entretanto, na tentativa de burlar o rigor da Lei, os mestres da lei estabeleceram diferentes tipos de juramentos: Os que são feitos em nome de Deus e os que eram feitos pelo templo, pela terra, pela cidade de Jerusalém e por todas as coisas sagradas. (Mt 23.16-18). Com isso, diziam que os julgamentos feitos em nome de Deus eram obrigados a serem cumpridos, mas os demais, não eram obrigatórios. 


Jesus, no entanto, ensinou que os seus seguidores não devem fazer falsos juramentos e não devem empenhar garantias que não lhe pertencem pelas suas palavras. A palavra do crente deve ser dita com retidão, verdade e honestidade. Portanto, os juramentos se tornam desnecessários. Jesus ensinou que a nossa palavra deve ser: “sim, sim, e não, não. O que passar disso é de procedência maligna”.  (Mt 5.37).


LIÇÃO 7: NÃO RETRIBUA PELOS PADRÕES HUMANOS


Na lição 7, estudamos o tema: Não retribua pelos padrões humanos. Falamos sobre a quinta e a sexta antítese, proferidas por Jesus no Sermão do Monte, que tratam, respectivamente, da lei do talião (Mt 5.38-42) e do amor ao próximo (v. 43-47). Jesus citou uma parte do texto de êxodo 21.24, que tratava das penas para os crimes de lesão corporal e dizia: “Olho por olho e dente por dente”. Depois falou sobre a questão do amor ao próximo, que os rabinos acrescentavam: “...odiarás ao teu inimigo”. 


Os rabinos judeus interpretavam a lei de forma distorcida, na questão do amor ao próximo, para adequá-la às suas conveniências, e diziam: “amarás o teu próximo e odiarás os teus inimigos." Mas, em parte alguma da Lei dizia para odiar os inimigos. A lei mosaica previa pena proporcional ao crime praticado, para evitar que a parte ofendida se excedesse e aplicasse a vingança. 


A lei do talião esta prevista em outros códigos penais das sociedades antigas, como no código de Hamurabi, da Mesopotâmia, que foi o primeiro código de leis da história. As penas, no entanto, eram previstas em lei e tinham que ser aplicadas por juízes, no devido processo legal. Não se tratava, portanto, de vingança. 


Jesus, apresentou o seu ensino sobre estas questões e mandou: amar os inimigos, não se vingar, dar a outra face ao que nos ferir e socorrer aos que nos pedirem ajuda. É um padrão de justiça altíssimo e inatingível pela natureza humana, corrompida pelo pecado. O natural do ser humano é se vingar e retribuir as ofensas no mesmo padrão ou até mais. Somente alguém transformado pelo Espírito Santo será capaz de esboçar estas reações apresentadas por Jesus. 


LIÇÃO 8: SENDO VERDADEIROS


Na lição 8,  vimos a quarta seção do Sermão do Monte, que trata da verdadeira espiritualidade e as motivações por trás dos atos de justiça do cristão. Jesus falou a respeito de ajudar aos necessitados em público, com o objetivo de ser elogiado pelos homens e chamou de hipócrita aqueles que agem dessa forma. Os fariseus praticavam esmolas, jejuns e orações. Mas o objetivo era o de serem vistos e tidos como piedosos. 


Jesus não condenou a prática de dar esmolas aos necessitados, que naquela época eram muito mais do que hoje. Ao contrário, Ele ensinou que, quando socorremos os necessitados, estamos fazendo isso a Ele. Entretanto, no Sermão do Monte, Jesus ensina que devemos fazê-lo sem tocar trombetas, ou seja, sem aparecer. 


Na sequência, o Senhor Jesus ensinou que Deus vê tudo e recompensa a cada um. Tudo o que fazemos, seja para Deus ou para o próximo, terá recompensa. Portanto, não devemos nos preocupar se estamos sendo vistos ou não, pois a recompensa é Deus quem nos dá e Ele é justo e bom ao recompensar. 


LIÇÃO 09: ORANDO E JEJUANDO COMO JESUS ENSINOU 


Na lição 9, estudamos o tema: ORANDO E JEJUANDO COMO JESUS ENSINOU. Vimos que Jesus orientou os seus discípulos sobre como deveriam proceder em relação à oração e ao jejum, contrapondo-se à forma que os hipócritas o faziam, que era orar e jejuar com o objetivo de serem vistos e elogiados. 


Na sequência, vimos que oração é um diálogo com Deus. Há na Bíblia vários tipos de orações: confissões, adoração, súplicas, ações de graça e intercessões. Os homens de Deus no Antigo e no Novo Testamento viam a oração como um recurso poderoso e indispensável, semelhante ao que o alimento cotidiano é para o corpo físico. 


Os discípulos de Jesus rogaram-lhe que Ele lhes ensinasse a orar. Jesus, então, lhes forneceu um modelo de oração, não para ser repetido como uma reza, mas para servir de parâmetro em suas orações. Jesus não condenou a oração pública, mas, recomendou que as orações devem ser discretas e não devem conter vãs repetições como as dos gentios, que acreditavam que por muito falar seriam ouvidos. 


Por último, vimos que na Bíblia, o jejum sempre aparece junto com a oração. Na lei mosaica havia um dia anual destinado ao jejum. Depois, os judeus estabeleceram diversas formas de jejum e por último, estabeleceram como regra, orar três vezes ao dia e jejuar duas vezes por semana. Jesus, no entanto, não estabeleceu dias específicos para o jejum, deixando-o de forma voluntária e espontânea. Segundo o ensino de Jesus, tanto o jejum como a oração devem ser praticados buscando a glória de Deus e a comunhão com Ele e não para atrair os olhares humanos.


LIÇÃO 10: NOSSA SEGURANÇA VEM DE DEUS


Na lição 10 estudamos o tema: NOSSA SEGURANÇA VEM DE DEUS. Nessa parte de Sermão do Monte, Jesus ensinou a respeito do relacionamento dos seus discípulos com os bens materiais. O Mestre contrapôs os tesouros deste mundo com os do Céu e recomendou aos seus seguidores que, não ajuntassem tesouros neste mundo, pois, eles estão sujeitos à deterioração da traça, da ferrugem e à ação dos ladrões. Mas, ajuntassem tesouros no Céu, pois estes, em contrapartida, são perenes e jamais poderão ser corrompidos ou roubados. 


Jesus ensinou também aos seus discípulos que não andassem ansiosos, por causa das suas necessidades básicas, como a comida e as vestes. O Senhor citou o exemplo das aves do céu, que não plantam, nem ajuntam em celeiros, e Deus as alimenta. Depois falou do exemplo dos lírios do campo, que não fiam e não produzem roupas e Deus os vestiu com vestimentas que nem Salomão, no auge da prosperidade de Israel, conseguiu se vestir.


Jesus ensinou que devemos viver a nossa vida sem inquietações e sem preocupações excessivas, pois Deus cuida de nós. O Senhor Jesus alertou os seus discípulos a respeito da ansiedade e inquietação em relação ao futuro e a preocupação excessiva sobre o que haveriam de comer e vestir. Estas preocupações são incompatíveis com a fé cristã, pois demonstram incredulidade e desconfiança em relação ao cuidado de Deus para conosco. Jesus disse para eles priorizarem o Reino de Deus e a sua Justiça e “todas estas coisas” (não as demais coisas, como alguns dizem) lhes seriam acrescentadas. (Mt 6.33). 


LIÇÃO 11: SENDO CAUTELOSOS NAS OPINIÕES 


Na lição 11, estudamos o tema: SENDO CAUTELOSOS NAS OPINIÕES. Vimos que o Senhor Jesus alertou os seus discípulos a respeito do julgamento do próximo, dizendo que, com a medida em que medissem os outros, eles seriam medidos. 


Não devemos julgar os outros. Jesus não proibiu qualquer tipo de julgamento, pois, Ele próprio orientou os seus discípulos a “julgarem segundo a reta justiça” (Jo 7.24). Jesus também recomendou aos seus discípulos para não dar as coisas santas aos cães ou as pérolas aos porcos. Depois, falou para os discípulos terem cautela em relação aos falsos profetas. Não  é possível ter essa cautela sem julgar.|


Jesus nos alertou para olharmos primeiramente para nós mesmos. Jesus ensinou que primeiro devemos tirar a trave no nosso olho, antes de olhar para o argueiro que está no olho do próximo. O ensino de Jesus aqui é para não sermos exagerados no julgamento dos erros dos outros. Precisamos ter cuidado com o espírito crítico, que ignora as próprias falhas e só vê os erros alheios. Para evitar esse tipo de comportamento devemos sempre lembrar que somos falhos, que também fomos perdoados por Deus e olhar para os outros com misericórdia, assim como Deus fez conosco. 


Fizemos uma reflexão sobre a seguinte pergunta: E se fôssemos julgados pela severidade de Deus? Deus é o justo juiz, que é absolutamente santo e não pode conviver com o pecado. Entretanto, Ele é compassivo e misericordioso para com aqueles que buscam o seu perdão. Deus conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó (Sl 103.8-10, 14). Por isso se compadece de nós e nos oferece perdão, por meio de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Devemos agir da mesma forma com o nosso próximo. Não devemos compactuar com o erro, mas devemos sempre agir com misericórdia, lembrando que fomos alcançados pela Graça de Deus. 


LIÇÃO 12: A BONDADE DE DEUS EM NOS ATENDER


Na lição 12, falamos a respeito de um dos atributos comunicáveis de Deus, que é a Sua infinita bondade. No Salmo 34.8, o salmista recomenda que as pessoas “provem e vejam que Deus é bom”. Ou seja, quem provar, chegará a essa conclusão, porque a bondade de Deus está manifesta por toda parte. Por ser bom, Deus concede coisas boas aos seus filhos. Entretanto, quando Jesus diz que Deus sabe dar coisas boas aos seus filhos, significa que Ele concede aquilo que precisamos, não o que queremos. 


Falamos sobre a definição de bondade no dicionário de língua portuguesa e no sentido filosófico. Depois, falamos sobre a bondade de Deus no aspecto bíblico, mostrando referências bíblicas que falam a respeito da bondade de Deus e o seu significado. Por último, tratamos da bondade de Deus no aspecto teológico. A bondade de Deus é uma característica inerente ao seu Ser, ou seja, Deus é o único que é bom em sua própria natureza. A principal expressão da bondade de Deus é o sacrifício vicário de Jesus na Cruz do Calvário para nos salvar da condenação eterna. 


Vimos também que Jesus falou de dois caminhos para escolher. Para explicar isso, o mestre usou duas figuras de linguagem: a porta e o caminho. A porta apertada e o caminho estreito, que representam respectivamente, um novo acesso a Deus e uma nova conduta neste mundo. O destino dos que entram pela porta estreita e andam pelo caminho apertado é a vida eterna com Deus. A porta larga e o caminho espaçoso, por sua vez, representam o estilo de vida alheio a Deus, onde tudo é permitido. O destino da porta larga e do caminho espaçoso é a condenação eterna. Jesus deixou claro que a escolha é nossa: porfiai por entrar pela porta estreita. (Lc 13.24).  


Por último, falamos sobre a mentira dos falsos profetas. Jesus orientou os seus discípulos a terem cautela com os falsos profetas, pois eles vêm disfarçados de ovelhas, mas, por dentro são lobos devoradores. Por isso é muito importante, não se deixar levar pelas aparências, pois os falsos profetas normalmente não revelam a verdadeira identidade. Jesus deu a receita aos seus discípulos, para identificarem os falsos profetas: “Pelos seus frutos conhecereis.” Nenhuma árvore produz frutos diferentes da sua espécie. Assim são também as pessoas. Quando Jesus falou de fruto, estava se referindo à conduta e ao ensino dos falsos profetas e não aos resultados do trabalho deles. A Bíblia nos mostra em vários textos, os critérios que devemos usar para identificar os falsos profetas e falsos mestres em nosso meio. 


LIÇÃO 13 - A VERDADEIRA IDENTIDADE DO CRISTÃO


Esta última lição é uma conclusão dos ensinamentos expostos por Jesus ao longo do Sermão da Montanha. O Mestre inicia esta última seção, dizendo que não basta confessá-lo com palavras, chamando-o de Senhor. É preciso ir mais além e fazer a vontade do Pai que está nos Céus. (Mt 7.21). Isso mostra que a verdadeira identidade dos seguidores de Jesus consiste não apenas em ouvir e falar os seus ensinamentos, mas, sobretudo em praticá-los. 


A lição mostra inicialmente que os falsos seguidores de Jesus serão condenados. A nossa salvação é fruto da Graça de Deus, mediante a fé em Jesus Cristo. Sendo assim, ninguém será salvo por obedecer a regras. Entretanto, nenhum desobediente entrará no Céu, pois, a verdadeira fé em Jesus não consiste em palavras fingidas e é comprovada pelas obras. Jesus disse que naquele dia, isto é, no julgamento final, muitos comparecerão diante dele,  alegando que fizeram muitos milagres em Seu nome, profetizando, curando e expulsando demônios. Mas Jesus lhes dirá abertamente: “Nunca vos conheci! Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade!” (Mt 7.23). Isso demonstra que milagres não autenticam a fé de ninguém. A nossa fé só será autêntica, se fizermos a vontade do pai, que é boa, agradável e perfeita. 


Na sequência, Jesus usa a figura de dois alicerces: a areia e a rocha. O primeiro, para ilustrar os que ouvem as suas Palavras e não as praticam; e o segundo, para ilustrar os que ouvem os ensinos e os colocam em prática. Aqui aprendemos que para ser um autêntico discípulo de Jesus, o primeiro passo é ouvir a sua Palavra. Não há a possibilidade de alguém ser discípulo de Jesus sem ouvir a Palavra de Deus. O apóstolo Paulo disse que “a fé vem pelo ouvir e o ouvir, pela Palavra de Deus”.  (Rm 10.17). Não basta ouvir a Palavra de Deus e conhecê-la teoricamente. É preciso que a fé tenha um bom fundamento, para não desvanecer. A casa edificada sobre a areia pode até ficar bonita, mas, não resiste às chuvas e ventos. Entretanto, a casa edificada sobre a rocha, mesmo submetida às tempestades, permanece firme. Assim aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a praticam. Estes não se embaraçam com coisas efêmeras desta vida, pois a sua esperança é a vida eterna. 


Por último, esta lição nos mostra que Cristo é a nossa verdadeira identidade. Jesus é o nosso maior exemplo como pregador. Entretanto, Ele não é apenas um mestre, filósofo ou pregador humano, como pensam os esotéricos, espíritas e até pessoas sem religião. Jesus é o Unigênito Filho de Deus que veio nos salvar da condenação eterna. A sua mensagem tem autoridade, porque provém do próprio Deus. Jesus é a nossa identidade do ponto de vista escatológico, pois um dia teremos um corpo glorificado como Ele. Mas aqui neste mundo também, somos chamados a ser imitadores de Cristo, vivendo uma vida piedosa. 


Deus os abençoe!


Pb. Weliano Pires

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...