22 abril 2025

Introdução à Lição 4: Jesus — o Pão da Vida

Ev. WELIANO PIRES

Na lição passada discorremos sobre a verdadeira adoração, com base no diálogo entre Jesus e a mulher samaritana. Jesus seguiu da Judéia para a Galiléia e tinha necessidade  de passar por Samaria, não por questão de rota, mas porque desejava alcançar não apenas a mulher samaritana, mas várias pessoas que foram alcançadas através dela. Durante o diálogo, Jesus explicou-lhe que o Pai procura adoradores que o adorem em Espírito e em verdade. 

Nesta lição, dando continuidade ao estudo do Evangelho segundo João, passaremos para o capítulo 6, versículos 1 a 14, que fala da primeira multiplicação dos pães. Ficaram de fora do estudo das lições deste trimestre, alguns assuntos importantes registrados entre os capítulos 4 e 6, como: A ceifa e os ceifeiros, a cura do filho de um oficial do rei, a cura do paralítico de Betesda e o discurso de Jesus, no qual Ele se declarou Filho de Deus igual ao Pai. 

Depois de presenciar o milagre da multiplicação dos pães e peixes, no dia seguinte, a multidão seguiu atrás de Jesus, mas estavam interessados apenas nos milagres. Jesus, então, fez um discurso e disse: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede”. (Jo 6.35). Evidentemente, aquela multidão e até os seus discípulos não entenderam, pois pensavam que Jesus falava literalmente que Ele era o pão que as pessoas deveriam comer e indagaram: “Como nos pode dar este a sua carne a comer?” (Jo 6.52). 

No primeiro tópico, falaremos dos detalhes do milagre da multiplicação dos pães. Inicialmente falaremos do contexto do relato joanino sobre a multiplicação dos pães e peixes. Na sequência, falaremos do milagre em si, que é diferente de outros milagres, pois mostra o poder ilimitado de Jesus ao trazer à existência algo que não existia. Por último, falaremos do interesse da multidão ao procurar Jesus no dia seguinte à multiplicação dos pães. 


No segundo tópico, veremos que Jesus desafiou a fé dos discípulos. Inicialmente falaremos a respeito da expressão “E subiu Jesus ao monte”, que era um local adequado para Jesus se dirigir aos discípulos e à multidão, pois naquela época não havia microfones. Na sequência, falaremos do desafio de Jesus aos discípulos, que escancarou a limitação deles para resolver problemas insolúveis, do ponto de vista humano. Por último, veremos a lição que Jesus nos ensina a respeito do moço que trazia consigo cinco pães e dois peixes. 


No terceiro tópico, falaremos de Jesus como o Pão que desceu do Céu. No primeiro subtópico, o comentarista repetiu o mesmo assunto tratado no terceiro subtópico do primeiro tópico, falando sobre o real interesse da multidão. Na sequência, falando sobre a expressão o Pão do Céu, falaremos da identidade divina de Jesus, quando diz: “Eu Sou”, que é uma característica exclusiva dos discursos de Jesus no Evangelho segundo João. Por último, falaremos do significado da expressão “comer do pão”.


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.38

Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1857

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, RIO DE JANEIRO: CPAD, p.1427.


21 abril 2025

JESUS — O PÃO DA VIDA


(Subsídio da Revista Ensinador Cristão /CPAD) 

Nesta lição, veremos que Jesus é o pão vivo que desceu do céu e dá vida aos homens. Essa analogia foi aplicada pelo Mestre para ensinar a Seus discípulos e seguidores que, além do suprimento material, há uma fome na alma do ser humano que precisa ser saciada. Quando fez essa declaração, Jesus confrontou os discípulos, bem como os judeus que o seguiam, endossando que Sua carne verdadeiramente é comida, e Seu sangue verdadeiramente é bebida (Jo 6.55). Num primeiro momento, esse discurso chocou muitas pessoas que o seguiam, até mesmo os doze discípulos mais próximos.


De acordo com Lawrence O. Richards, na obra Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento (CPAD), “a imagem não somente chocou os líderes judeus como os repeliu. De acordo com Levítico 17.11, a vida da carne está no sangue. O sangue pode ser derramado em sacrifício, mas beber sangue era completamente proibido, com a punição da expulsão do relacionamento do concerto. Embora Jesus claramente não pudesse estar falando literalmente, até mesmo a imagem era repulsiva para os judeus. Esta imagem também deve ter sido mal interpretada pelos cristãos. Alguns entenderam as palavras de Jesus no sentido literal e supuseram que Ele se referia aos elementos da Santa Ceia, que na tradição católica romana supostamente se transformavam no próprio corpo e sangue de Cristo, e na tradição luterana tornam-se uma única essência com o corpo e o sangue de Cristo. Entretanto, estas interpretações ignoram o uso metafórico de ‘pão’ tanto aqui quanto no restante das Escrituras [...]. Assim, até mesmo os patriarcas da igreja veem aqui uma poderosa metáfora da fé, a apropriação de Cristo, a bênção de entrar em união com Ele e compartilhar sua vida” (2007, p.213).


Ao observarmos a natureza da mensagem do Evangelho, fica claro que Jesus não estava falando do seu corpo físico, mas do memorial que lembraria Sua morte sobre a cruz (1Co 11.24,25). Mas, pelo fato de o buscarem apenas pela comida que perece, muitos o abandonaram depois dessa mensagem. Como seus seguidores da era atual, somos confrontados a ter um relacionamento verdadeiro com Jesus. Se Suas palavras não nos confrontam ou não geram reflexões profundas sobre nosso modo de viver e o exercício da fé, há algo de errado. Jesus finaliza o seu discurso, dizendo que quem não participa desse baquete não tem a vida em si mesmo (v.53). Somos desafiados diariamente a renunciar nossas vontades para fazer a de Cristo.

19 abril 2025

OITENTA ANOS DO MEU PAI


Na Fazenda Jatobá dos Pereiras
Meu pai, José Lopes Neto, nasceu
Até aos dez anos, ali permaneceu 
Naquela região de gente festeira 
Tinha muitos parentes na ribeira
Foi assim que tudo acontecu
Quando Izabel (Iaiá) concebeu
Ela e Antonio de Zuza geraram
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu

Expedita e Donana vieram primeiro
Eram dois meninos e três meninas
Criados sob rigorosa disciplina
Dos cinco filhos, Zé era o terceiro
Socorro e Abraão, os derradeiros
O casamento não sobreviveu
Lamentavelmente se rompeu
E até os filhos se separaram
Oito décadas já se passaram  
Desde o dia em que papai nasceu
 
Naquele tempo era diferente
Quando havia uma separação
Não havia o direito de pensão
Mulher separada antigamente
Não tinha apoio nem dos parentes
Nesse caso, um acordo prevaleceu
O pai com as meninas permaneceu
Os meninos, com a mãe ficaram 
Oito décadas já se passaram  
Desde o dia em que papai nasceu.

Com os meninos e em dificuldades
Dona Iaiá seguiu para o Sanharó
O seu padrinho não lhe deixou só 
Deu-lhe amparo na adversidade. 
Oferecendo-lhe hospitalidade
Dona Iaiá com os filhos sofreu 
No trabalho, nunca esmoreceu
E pela sobrevivência lutaram
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu.

Neste contexto de vida dura
Plantando cebola, alho e feijão
Sem ter motor, molhava no galão 
Meu pai enfrentava as agruras 
E o difícil trabalho na agricultura 
Os anos passaram e papai cresceu
A estas dificuldades sobreviveu
As lições em sua vida ficaram
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu.

Aprendeu o ofício de cabeleireiro
Como complemento da sua renda
Mas não deixou a vida na fazenda 
Pois a profissão não dava dinheiro 
Nem mesmo para um rapaz solteiro 
O amor em seu coração floresceu 
Por Nicinha, filha de um primo seu
Pouco tempo depois se casaram 
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu.

No Angico o casal fixou morada 
Na terra de Antonio Dom João 
Um velho amigo, de bom coração 
Passados dez anos de jornada 
A sua propriedade foi comprada
Cinco filhos Deus lhes concedeu:
Urbano, Maria Izabel, depois eu
Welliton e Paulo, a lista completaram
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu.

Meu pai se converteu à fé evangélica
E nesta doutrina nós fomos criados 
Desde a tenra idade fomos orientados
Lendo a  Bíblia e seguindo a sua ética
Meu pai nos transmitia a sua prédica 
O meu pai, realmente, se converteu 
Com a ajuda de Deus permaneceu
As dificuldades não lhe pararam
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu.

Weliano Pires 

16 abril 2025

O ENCONTRO EM SAMARIA E DUAS PRECIOSAS LIÇÕES

(Comentário do 1° tópico da lição 03: A verdadeira adoração).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico veremos alguns detalhes do encontro de Jesus com a mulher de Samaria e duas preciosas lições que podemos extrair desta conversa. Inicialmente, falaremos da necessidade de Jesus passar por Samaria. Na sequência, falaremos da necessidade que todo ser humano tem, com base na água viva que Jesus ofereceu à mulher samaritana. Por último, falaremos do lugar de adoração a Deus, que era uma questão central entre judeus e samaritanos. 


1. A necessidade de passar em Samaria. Jesus deixou a Judéia e foi para a Galiléia. O texto bíblico nos diz: “era-lhe necessário passar por Samaria”. Esta necessidade não era apenas uma questão de rota, mas uma missão que o Mestre tinha naquela cidade, não apenas com uma pessoa, mas com todo o povo de Samaria. Havia dois caminhos da Judeia a Samaria: uma rota mais curta, que passava por Samaria; e outra rota mais longa, que passava por Jericó e pelo rio Jordão, e não passava pelo território dos samaritanos. Os judeus mais radicais usavam esta segunda rota, embora fosse bem mais longa, para evitar qualquer contato com samaritanos.

Jesus parou junto ao poço de Jacó, enquanto os discípulos foram à cidade comprar comida. Neste intervalo de tempo, veio uma mulher de Samaria, por volta de meio dia, buscar naquele poço. Reconhecendo que Jesus era um judeu, provavelmente pelos traços físicos e vestimentas, a mulher sequer o cumprimentou. Jesus iniciou a conversa com a mulher pedindo-lhe água para beber. Devido à intriga histórica entre judeus e samaritanos, a mulher retrucou questionando a audácia de Jesus, sendo judeu, ao pedir água a uma mulher samaritana. 

Esta animosidade entre judeus e samaritanos vinha de muitos séculos, desde a revolta das dez tribos que formaram o Reino do Norte, seguindo a Jeroboão I, primeiro rei do Norte. Houve guerra entre os reinos do Norte e do Sul, nos primeiros reinados. Somente nos reinados de Acabe, do reino do Norte, e Josafá, do reino do Sul), houve uma união, inclusive com o casamento de Jeorão, filho de Josafá, com Atalia, irmã de Acabe. Depois da dinastia de Acabe, houve guerras novamente entre reis de Israel e de Judá. 

Entretanto, o auge do rompimento das relações entre judeus e samaritanos se deu a partir do cativeiro da Assíria, quando os israelitas do Norte foram levados para o cativeiro e o rei da Assíria trouxe outros povos para habitar na região. Estes povos se misturaram com os filhos de Israel, de sorte que os samaritanos não eram considerados israelitas pelos judeus.

Posteriormente, na época em que judeus retornaram do cativeiro babilônico e Neemias iniciou a reconstrução do templo, os samaritanos se uniram a Sambalate, Tobias e Gesém e tentaram de doas as formas impedir a reconstrução do templo. Fizeram falsas acusações a o rei da Pérsia contra os judeus e a obra foi interrompida (Ed 4.1-24). Depois, a construção foi retomada e concluída. Os samaritanos acabaram construindo um santuário no Monte Gerizin, para competir com o templo de Jerusalém. Este santuário foi destruído no período interbíblico. 


2. A necessidade do ser humano. Diante da negativa da mulher, Jesus falou que se ela conhecesse o dom de Deus e soubesse quem estava lhe pedindo água, ela é que pediria e receberia água viva, ou água corrente, que é uma água mais pura. A mulher, pensando que Jesus estava falando de água em sentido literal, retrucou dizendo que o poço era fundo e que Ele não teria uma vasilha para retirar a água. Jesus, então lhe que qualquer bebesse daquela água voltaria a ter sede, mas a água que Ele ofereceu faria na pessoa uma fonte que salta para a vida eterna e quem dela bebesse, nunca mais teria sede (Jo 4.9-13).

Imediatamente, a mulher se interessou e pediu a Jesus lhe desse daquela água, para que não precisasse mais voltar ali para buscar água (Jo 4.15). Jesus, que conhece tudo, disse à mulher que fosse chamar o seu marido. A mulher respondeu que não tinha marido e Jesus revelou toda a situação conjugal daquela mulher, que já estava no quinto casamento. A mulher compreendeu que Jesus era um profeta e perguntou a respeito do lugar da adoração correto onde se deve adorar. Os samaritanos diziam que era no Monte Gerizim e os judeus, por sua vez, diziam que era em Jerusalém. 

Para a mulher, aquele encontro parecia ter sido mera coincidência. Mas, ele foi minuciosamente planejado pelo Salvador, que conhecia perfeitamente a vida dela e veio saciar a sua verdadeira sede. Aprendemos com este encontro que toda pessoa necessita de Deus, independente da raça, credo, ou condição social. No evangelismo pessoal devemos usar a nossa criatividade e aproveitar as oportunidades para comunicar a mensagem de Salvação aos perdidos. 


3. O lugar de adoração a Deus. No decorrer da conversa, a mulher indagou Jesus, a respeito do verdadeiro lugar da adoração, pois, os seus antepassados samaritanos diziam que era no Monte Gerizim, o lugar onde se deve adorar. Este monte era conhecido como o lugar da bênção, pois foi de lá que Moisés proferiu as bênçãos para os israelitas que obedecessem a Deus (Dt 28.1-14). O Monte Ebal, por sua vez, era o lugar da maldição. Após o retorno dos judeus do cativeiro babilônico e a reconstrução do Templo em Jerusalém, os samaritanos construíram um santuário no alto do Monte Gerizim, para concorrer com o templo dos judeus. Mesmo após a destruição deste santuário, os samaritanos continuavam subindo a este monte para realizar os seus cultos. 

Os Judeus diziam que o lugar da adoração deveria ser no Templo, em Jerusalém. Neste aspecto, os judeus tinham razão, pois Deus escolheu Jerusalém no Antigo Pacto, como o local da adoração. Depois que Salomão edificou o templo e o consagrou a Deus, a glória de Deus se manifestou. Depois do cativeiro, Zorobabel reconstruiu o templo e os judeus voltaram a adorar ali. Herodes, o grande, reformou este templo para agradar os judeus. Todo judeu deveria ir a Jerusalém anualmente, pelo menos em três ocasiões: Na Páscoa, no Pentecostes e na festa dos Tabernáculos.

Entretanto, Jesus veio estabelecer uma Nova Aliança. Nesta Nova Aliança, a adoração não consiste em peregrinações a lugares sagrados, sacrifícios e tradições, mas reside na entrega total do nosso ser “espírito e em verdade”. Por isso, que não faz nenhum sentido um cristão  fazer peregrinações a Israel, em busca de materiais supostamente sagrados, ser batizado no Rio Jordão, ou fazer orações no Monte das Oliveiras, achando que isso fará alguma diferença. As viagens a Israel com o objetivo de conhecer melhor a geografia bíblica e fazer pesquisas são muito importantes, mas é preciso ter cuidado para não cair na idolatria. Da mesma forma, não faz sentido o cristão subir aos montes atualmente para orar, achando que a oração feita em montes é mais poderosa. 


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1422,1423. 

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 03: A VERDADEIRA ADORAÇÃO

Ev. WELIANO PIRES 

Na lição passada estudamos sobre a doutrina do Novo Nascimento, ou Regeneração, com base no capítulo 3 do Evangelho segundo João, que relata o encontro de Jesus com um respeitado mestre da Lei, chamado Nicodemos. 

Na lição desta semana, dando continuidade ao estudo do Evangelho segundo João, iremos para o capítulo 4 e estudaremos um dos temas centrais deste Evangelho, que é a verdadeira adoração, baseado no diálogo de Jesus com a mulher samaritana, no Poço de Jacó (Jo 4.23,24).

Evidentemente, há muitas lições importantes que podemos extrair desta longa conversa de Jesus com esta mulher, mas, conforme já mencionamos nas duas lições anteriores, não é possível estudar todas as temáticas do Evangelho segundo João, em apenas um trimestre. 

Jesus ia da Judéia para a Galiléia e decidiu passar por Samaria. Cansado do caminho, o Mestre parou junto ao poço de Jacó. Uma mulher de Samaria veio buscar água e Jesus pediu-lhe água. Reconhecendo que Jesus era um judeu, a mulher inicialmente mostrou-se hostil a Jesus, considerando a rivalidade histórica entre judeus e samaritanos. Depois de uma longa conversa, Jesus lhe ensinou a respeito da verdadeira adoração. 

No primeiro tópico veremos alguns detalhes do encontro de Jesus com a mulher de Samaria e duas preciosas lições que podemos extrair desta conversa. Inicialmente, falaremos da necessidade de Jesus passar por Samaria. Na sequência, falaremos da necessidade que todo ser humano tem, com base na água viva que Jesus ofereceu à mulher samaritana. Por último, falaremos do lugar de adoração a Deus, que era uma questão central entre judeus e samaritanos. 

No segundo tópico abordaremos o ensino de Jesus a respeito da verdadeira adoração. Falaremos da essência da adoração, com base nas palavras de Jesus à mulher samaritana, em João 4.24. Esta adoração não está relacionada a nenhum espaço geográfico. Na sequência, veremos que na Nova Aliança, Jesus é a base da verdadeira adoração e não há lugares sagrados para peregrinação e adoração. 
No terceiro tópico discorreremos sobre o significado de adoração na Bíblia. Primeiro veremos o conceito bíblico de adoração, com base nas palavras hebraicas e gregas traduzidas por adoração. Na sequência, falaremos da adoração como um ato de rendição a Deus, considerando que Ele é o Soberano de todo o Universo. Por último, falaremos da adoração como um ato de serviço a Deus. Neste aspecto, o adorador, entrega totalmente o controle da sua vida a Deus, como um sacrifício vivo, santo e agradável (Rm 12.1).

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1422,1423. 

14 abril 2025

A VERDADEIRA ADORAÇÃO



Subsídio da Revista Ensinador Cristão /CPAD. 

O episódio relatado nesta lição destaca um dos ensinamentos mais preciosos do Evangelho: a verdadeira adoração a Deus. Nos dias em que Jesus exerceu Seu ministério terreno, os judeus encontravam-se extremamente cegos e tomados por uma religiosidade vazia. Adorar a Deus verdadeiramente não era uma prioridade para os fariseus e líderes religiosos judeus. O encontro de Jesus com a mulher samaritana revela algumas verdades que vão de encontro ao padrão religioso daquela época. Primeiro, o Mestre vai ensinar que “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4.24a). Segundo, que o Pai procura a tais adoradores que assim O adorem (v.24b).

O discurso de Jesus para mulher samaritana revela que Deus se importa com a adoração, e não apenas isso, mas que essa adoração seja praticada “em espírito e em verdade”. A qualidade dessa adoração deve ser almejada pelos crentes. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) discorre sobre este tema: “Agora é o momento para que as antigas formas, limitadas em termos de lugar e de nação, sejam transformadas em uma adoração que é ao mesmo tempo pessoal, em espírito, e inteligente, em verdade. ‘Adorar em espírito significa que nós entregamos as nossas vontades à vontade de Deus, os nossos pensamentos e planos aos que Deus tem para nós e para o mundo... Em verdade significa que não estamos adorando uma imagem’ de Deus, feita segundo as nossas próprias ideias... somente Cristo nos apresentou ao Deus ‘verdadeiro’ ou ‘real’. A palavra-chave em toda esta ideia é Pai. Ele é o objeto de adoração e aquele que procura os que o adoram em espírito e em verdade. ‘Quando Deus se revelar como o Pai universal... as limitações de espaço estarão acabadas e tanto o conhecimento quanto a adoração a Deus serão mediados por meios puramente espirituais’. A natureza do objeto de adoração, Deus é Espírito (24; cf. 1Jo 1.5; 4.8), determina as condições necessárias para a adoração. Importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (v.24)” (2006, Volume 7, pp.58,59).


Devemos considerar que a natureza do relacionamento com Deus não está restrita à frieza da lei, observada pelos fariseus e religiosos que ocupavam a cadeira de Moisés naqueles dias. O verdadeiro cumprimento da lei está gravado no coração daqueles que entendem a mensagem transformadora do Evangelho e recebem o Espírito Santo, conforme profetizou Jeremias (Jr 31.33). Que nosso relacionamento com o Pai seja tão verdadeiro quanto nossa adoração.

11 abril 2025

OS MEIOS DA OBRA REGENERADORA

(Comentário do 3º tópico da lição 2: O Novo Nascimento)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos dos meios para que a obra regeneradora se realize. O primeiro deles é a operação do Espírito Santo, descrita por Jesus de forma metafórica, com a expressão “nascer da água”. O segundo meio de regeneração é a Palavra de Deus, a semente da qual o Espírito Santo se serve, para gerar uma nova criatura. Por fim, falaremos da vontade soberana de Deus de salvar a todos, mas que respeita a livre escolha do ser humano, com base no texto de João 3.16. 


1. A operação do Espírito Santo. Conforme já falamos no ponto dois do tópico anterior, a Regeneração é uma obra exclusiva de Deus. Quando Jesus falou para Nicodemos que é necessário nascer da água e do Espírito para entrar no Reino de Deus, Ele se referiu à operação miraculosa do Espírito Santo no interior do pecador, que cria neste, uma nova natureza segundo Deus. Quando nascemos fisicamente, herdamos a natureza pecaminosa dos nossos pais. Da mesma forma, quando nascemos de novo, recebemos uma nova natureza, disposta a obedecer a Deus. 

É importante esclarecer que nascer de novo não significa que o ser humano se torna perfeito e incapaz de pecar. Mesmo tendo nascido de novo, a natureza carnal permanece em nós e precisamos lutar contra ela para não pecar. À medida que andamos no Espírito, vencemos a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (Gl 5.16). Deste modo, não praticamos as obras da carne (Gl 5.19-21) e produzimos o Fruto do Espírito (Gl 5.22).


2. A Palavra de Deus. A expressão “nascer da água e do Espírito”, usada de forma metafórica por Jesus, é uma alusão à ação do Espírito Santo no interior do ser humano. No Antigo Testamento, os profetas usaram a simbologia da água, para se referir ao derramamento do Espírito Santo, como no texto de Isaías: Porque derramarei água sobre o sedento e rios, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes.” (Is 44.3). 

No Novo Testamento, Jesus confirmou esta simbologia e disse: “Aquele que crer em mim, como diz a Escritura, rios de água viva, correrão do seu ventre”. (Jo 7.38). No versículo seguinte, João explicou a simbologia da água usada por Jesus, dizendo: "E isso disse Ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado”. (Jo 7.39). 

Por outro lado, a água também é usada na Bíblia como símbolo da Palavra de Deus, que tem o poder de limpar e regenerar o pecador. Quando Jesus lavou os pés dos seus discípulos, inicialmente Pedro retrucou e não permitiu que Jesus lhe lavasse os pés (Jo 13.8). Depois que Jesus lhe disse que se não lavasse os seus pés, Pedro não teria parte com Ele, este pediu para que lavasse não apenas os pés, mas todo o corpo (Jo 13.9). Jesus, então, falou: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo”. (Jo 13.10). Mais à frente, no capítulo 15, Jesus disse aos seus discípulos: “Vós já estais limpos, pela Palavra que Eu vos tenho falado”. (Jo 15.3). 

O apóstolo Pedro falou da Palavra de Deus como o instrumento usado para gerar uma nova criatura: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1Pe 1.23). Da mesma forma, Tiago em sua Epístola escreveu que Deus Segundo a sua vontade, nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas”. (Tg 1.18). 

Concluímos, portanto, que a regeneração é operada pelo Espírito Santo, tendo como instrumento a Palavra de Deus. Isto nos chama a atenção para a importância de ensinarmos sistematicamente a Palavra de Deus em nossas Igrejas, pois sem ela, não poderá haver novo nascimento. Onde não há ensino da Palavra de Deus, pode até haver crescimento numérico da Igreja, mas, não haverá pessoas regeneradas pelo Espírito Santo, mediante a Palavra de Deus.


3. A vontade soberana de Deus. Neste ponto, o comentarista falou da vontade soberana de Deus. Ficou a impressão de que ele mudou de assunto, mas isto está relacionado ao tema do Novo Nascimento. Conforme vimos nesta lição, a regeneração é uma ação exclusiva de Deus, mas este fato não exclui a responsabilidade humana e não significa que Deus deseja salvar apenas alguns que foram eleitos e, por sua vontade, condenar os demais, como ensina o Calvinismo. O propósito de Deus é salvar a todos e Ele providenciou o meio para isso. Porém, Deus colocou diante do ser humano a decisão de crer em Jesus ou rejeitá-lo: Quem crer… Se creres… Quem quiser vir após mim…, etc.

No conhecido texto de João 3.16, Jesus afirmou: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Este texto deixa claro que Deus amou a todos e deu o Seu Filho para morrer por todos. Deus amou o mundo (todas as pessoas) e deu o Seu Filho Unigênito para “que todo aquele que nele crer” (qualquer pessoa), tenha a vida eterna. O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, também deixou claro que Deus deseja salvar a todos:Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade”. (1Tm 2.3,4).


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp. 1413, 1419.

GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024

HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.369. 

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, pág. 64.

Bíblia de Estudo Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1995, p.1576. 

09 abril 2025

O NOVO NASCIMENTO: A OBRA DE REGENERAÇÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 02: O Novo nascimento)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da Doutrina do Novo Nascimento, que também é chamada de Regeneração. Inicialmente, veremos o significado teológico da expressão Novo Nascimento, partindo da palavra grega palingenesia. Na sequência, veremos que a regeneração é uma obra exclusiva de Deus, operada pelo Espírito Santo no interior do pecador que se entrega a Cristo. Por último, falaremos da necessidade de regeneração do pecador. Todos os seres humanos, sem exceção, nascem pecadores e, portanto, necessitam passar pelo processo da regeneração. 

1. O Novo Nascimento. Na teologia, Novo Nascimento e Regeneração são sinônimos. No Novo Testamento a expressão grega “gennethenai anoothen”, traduzida por “nascer de novo” em João 3.3, pode ser traduzida também por nascer do alto, ou de cima. Há também outras expressões correlatas, como por exemplo, “anagennaos” (de novo gerados) que é usada em 1 Pedro 1.3,23. Esta expressão significa também a transformação do nosso interior pelo Espírito Santo, para sermos um novo ser, conforme a vontade de Deus. 

Conforme explicou o comentarista, a palavra grega palingenesia, traduzida por regeneração, significa literalmente “ser gerado novamente”. Esta palavra aparece duas vezes no Novo Testamento. Em Mateus 19.28, Jesus a usou com outro sentido, para se referir à restauração da terra no período do Milênio. Já o apóstolo Paulo usou esta palavra em Tito 3.5, para se referir à renovação espiritual operada pelo Espírito Santo em nosso interior. Segundo Stanley Horton, “a regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior.”

2. A Regeneração como obra exclusiva de Deus. A regeneração é parte do processo da salvação, que consiste em três aspectos: justificação, regeneração e santificação. A salvação, conforme vimos no trimestre passado, não é obra humana. Nenhum ser humano pode salvar-se dos seus pecados. Sendo a regeneração parte deste processo, somente Deus pode realizar esta obra em nosso interior. Quando o ser humano ouve a Palavra de Deus e lhe dá crédito, imediatamente, ele é justificado, ou seja, ele é declarado justo diante de Deus, pelos méritos de Cristo.

A partir daí, inicia-se o processo de regeneração, ou novo nascimento, que é a transformação da velha natureza, corrompida pelo pecado, em uma nova criatura segundo os padrões de Deus. O Espírito Santo vai nos transformando diariamente, para sermos conforme o caráter de Cristo. Paralelo à regeneração, vem a santificação que é a separação de tudo que desagrada a Deus e a dedicação exclusiva a Ele. 

A Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, no capítulo que fala do Espírito Santo, declara que Ele “possui o papel de regenerar, purificar e santificar o homem e a mulher”. Em seguida, define a regeneração como “a transformação do pecador numa nova criatura pelo poder de Deus, como resultado do sacrifício de Jesus na cruz do Calvário” 

3. A necessidade da Regeneração do pecador. Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, a regeneração é necessária porque, à parte de Cristo, todo ser humano, pela sua natureza inerente e pecadora, é incapaz de obedecer a Deus e de agradar-lhe (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7.8: 5.12; 1 Co 2.14)”. A regeneração é indispensável a todos os seres humanos, porque todos pecaram, conforme escreveu o apóstolo Paulo em Romanos 3.23: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Se todos pecaram, logo todos precisam nascer de novo. 

Esta doutrina é chamada de universalidade do pecado. Quando Adão pecou, a natureza humana foi totalmente corrompida pelo pecado e, portanto, todo ser humano nasce pecador e precisa ser regenerado. Os católicos, no intuito de divinizar Maria, dizem que ela foi concebida sem pecado, mas isso contraria o ensino bíblico, que diz que não há ninguém que tenha nascido sem pecado (Ec 7.20; Rm 3.10-12,23). O único que nasceu e viveu neste mundo sem pecado foi Jesus.


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp. 1413, 1419.

GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024

HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.369. 

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, pág. 64.

Bíblia de Estudo Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1995, p.1576.  

JESUS E NICODEMOS

(Comentário do 1º tópico da Lição 02: O Novo Nascimento) 

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos de alguns detalhes do encontro entre Jesus e Nicodemos. Inicialmente, traremos as informações que temos sobre a pessoa de Nicodemos. Na sequência, falaremos do reconhecimento de Nicodemos sobre Jesus como Mestre, o que indica que ele reconhecia a autoridade espiritual de Jesus. Por fim, analisaremos os detalhes do diálogo entre Jesus e Nicodemos. 

1. Quem era Nicodemos? Temos poucas informações sobre Nicodemos na Bíblia. O seu nome é grego e significa “conquistador do povo”. Ele aparece na Bíblia somente no Evangelho segundo João, em três ocasiões: Neste diálogo com Jesus, em João 3.1-21, que é o assunto desta lição; Depois, em João 7.50-52, ele aparece em uma discussão com os fariseus sobre Jesus, na qual, ele deu um parecer favorável a Jesus, quando os seus pares mandaram prendê-lo e foi chamado de ignorante; Por último, em João 19.39-40, no sepultamento de Jesus, ele aparece auxiliando José de Arimatéia, na preparação do corpo de Jesus para a sepultura. Isso nos leva a concluir que ele era um pessoa de posses. 

A Bíblia também não nos informa nada a respeito da origem de Nicodemos. O texto de João 3.1, diz o seguinte sobre Nicodemos: “Havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus”. Por estas informações, concluímos que ele era membro do partido dos fariseus e era membro do Sinédrio. O termo grego usado para se referir à sua posição entre os judeus é archon, que significa governador ou príncipe. Algumas versões o traduzem como “líder dos judeus”. Este termo era usado para se referir aos membros do Sinédrio.

Os fariseus, partido religioso ao qual Nicodemos pertencia, surgiu provavelmente no período que antecedeu a guerra dos macabeus, com o objetivo de resistir e fazer oposição aos costumes helenísticos e aculturação do povo judeu. Este nome apareceu pela primeira vez durante a época do governo de João Hircano, que governou a Judéia entre 135 e 105 a.C. O próprio João Hircano, que era sumo sacerdote, era também um fariseu. Mas, depois passou para o partido dos saduceus. 

A palavra hebraica “prushim” (fariseus) tem origem incerta. O sentido mais provável é “separado”. Eles eram muito rigorosos na observância não apenas da Lei escrita, mas também da tradição oral. Além dos mandamentos da Lei de Moisés, os fariseus criaram muitas regras preventivas, para “evitar que as pessoas pecassem”. Boa parte dos fariseus eram hipócritas e legalistas e, por isso, o grupo sofreu duras críticas de Jesus no capítulo 23 de Mateus. Por causa dessa hipocrisia de alguns, o termo fariseu passou a ser usado para classificar alguém como um religioso legalista e hipócrita. Entretanto, nem todos os fariseus eram hipócritas. Temos pelo menos três exemplos de fariseus na Bíblia, que eram pessoas sinceras e tementes a Deus: o próprio Nicodemos, Gamaliel e Saulo. 

O Sinédrio, do qual Nicodemos era membro, era a suprema corte judaica, formada por sacerdotes anciãos e escribas. Os anciãos que faziam parte do Sinédrio eram líderes comunitários muito respeitados, indicados para representar os israelitas na corte, ao lado dos escribas e sacerdotes. Os membros do Sinédrio não eram qualquer pessoa, escolhida aleatoriamente como acontece atualmente com os jurados nos tribunais. Eram pessoas idôneas, notáveis e respeitadas na sociedade. 

2. O reconhecimento de Nicodemos sobre Jesus como Mestre. Nicodemos iniciou a sua conversa com Jesus, chamando-o de “Rabi”, que é a transliteração do termo hebraico “Rabbi”, que significa “Meu Mestre”. Rabbi, que tem origem na raiz hebraica “Rav”, que no hebraico bíblico significa "grande", "distinto", ou “notável” (no conhecimento). Ao chamar Jesus de Rabi, Nicodemos reconheceu que Ele era um mestre vindo de Deus, por causa dos milagres que Ele fazia. Em suas palavras iniciais, podemos notar que ele havia presenciado alguns milagres de Jesus e entendeu que eram verdadeiramente manifestações do poder de Deus. Este mestre da lei procurou Jesus não com interesse em criticá-lo, ou apanhá-lo em alguma falta. Ele, de fato, procurou entender a mensagem de Jesus. 

O fato de Nicodemos ter procurado Jesus durante a noite também tem levantado discussões. Alguns sugerem que ele foi à noite, porque temia ser visto conversando com Jesus, por causa da sua posição no Sinédrio. Havia um temor das pessoas que criam em Jesus, confessá-lo publicamente, por medo de serem expulsos da Sinagoga (Jo 9.22; 12.42). Outros sugerem que ele foi à noite por ser mais tranquilo, pois o ministério de Jesus era itinerante e estava sempre cercado de uma multidão. Seja qual for o motivo, o fato é que ele desejava conhecer a Jesus. Depois deste encontro ele se tornou discípulo de Jesus e chegou a defendê-lo de forma genérica, perante os fariseus. 

Podemos notar nesta abordagem de Nicodemos, que não havia hostilidade da parte dele para com Jesus, como costumava haver da parte dos seus companheiros fariseus. Em todas as conversas dos fariseus com Jesus, percebemos que eles tinham inveja dele e agia com astúcia, a fim de apanhá-lo em alguma palavra ou ação para o acusarem perante as autoridades. Para atingir este objetivo, eles passavam por cima das divergências que tinham com os saduceus e com os herodianos, pois os três grupos não gostavam de Jesus: “E, tendo saído os fariseus, tomaram logo conselho com os herodianos contra ele, procurando ver como o matariam.” (Mc 3.6).

3. O diálogo entre Jesus e Nicodemos. Diante desta abordagem de Nicodemos, Jesus deu-lhe uma resposta que o deixou perplexo: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus”. (Jo 3.3). A interpretação imediata de Nicodemos para estas palavras de Jesus foi de que Ele estaria sugerindo que a pessoa deveria renascer fisicamente. Esta mesma interpretação equivocada das palavras de Jesus tem sido feita pelo Espiritismo, que ensina que Jesus estava ensinando a reencarnação neste texto. 

O próprio Jesus explicou a Nicodemos que não se tratava de um segundo nascimento físico, mas de um nascimento espiritual, simbolizado por “nascer da água e do Espírito”. Jesus usou as palavras água e Espírito em sentido figurado, para se referir à ação sobrenatural do Espírito Santo que transforma o velho homem, cuja natureza foi corrompida pelo pecado, em uma nova criatura com uma nova natureza segundo os padrões de Deus, como veremos no próximo tópico. 

Aqui neste subtópico, o comentarista associa a simbologia da água e do Espírito à mensagem de João Batista, que falou de batismo nas águas e no Espírito Santo. No texto do Livro de apoio, na página 31, ele defendeu claramente que nascer da água é uma referência ao batismo nas águas: 

“Os teólogos, ao longo da história da igreja, debatem o significado da “água” e imaginam interpretações que fogem completamente ao sentido teológico desse elemento. O que importa entender é que água se refere ao ato batismal como sinal de arrependimento e confissão pública de fé na mensagem do Filho de Deus”. 

Esta interpretação, a meu ver, é equivocada, pois o novo nascimento não tem nada a ver com batismo nas águas, pois o batismo em águas ainda não havia sido ensinado por Jesus e não é condição para a salvação. O batismo é uma ordenança para os que já foram salvos e serve como um testemunho público de que a pessoa nasceu de novo. O batismo não é realizado para salvar a pessoa, mas é ministrado a quem já é salvo. Se o batismo fosse sinônimo de nascer da água como Jesus falou, aqueles que morreram antes do batismo, como o ladrão da cruz, não seriam salvos. Falaremos mais detalhadamente sobre a simbologia da água e do Espírito no terceiro tópico.

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp. 1413, 1419.
GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 

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