26 outubro 2025

HONRA E GLÓRIA AO SENHOR



(Artigo publicado no Jornal Mensageiro da Paz / Outubro 2025 p. 37)

“É necessário que Ele cresça e que eu diminua.” (João 3.30)

por WELIANO PIRES 

Na sociedade em que vivemos, as pessoas fazem de tudo para terem milhões de seguidores, visualizações, likes e compartilhamentos dos seus conteúdos. Até em acidentes e tragédias, antes de pensar em socorrer as vítimas, tem gente filmando e fazendo transmissões ao vivo. Quando fazem alguma obra social, ou algum ato filantrópico, fazem questão de publicar nas redes sociais para que todos vejam. 

Esse tipo de atitude, em um mundo sem Deus, é normal, pois o mundo jaz no maligno e é influenciado por ele. O grande problema é que este tipo de comportamento adentrou no meio evangélico. De uns anos para cá, muitos cultos têm se tornado palco para artistas aparecerem, desfiles de modas, sessão de fotos e disputas para ver quem é o melhor cantor, pregador, ensinador, etc. 

Nos dias em Jesus viveu neste mundo como homem, isso também acontecia, embora em escala menor. Certa vez, os seus discípulos discutiam entre si, para saber quem seria o maior no Reino dos Céus. Em outra ocasião, os filhos de Zebedeu pediram a Jesus para que eles se assentassem um à direita e o outro à esquerda de Jesus no Céu (Mc 10.35-37). Quanta petulância! 

João Batista também enfrentou esse problema, pois havia uma certa competição, não por parte dele, mas dos seus discípulos e de outras pessoas, para ver quem batizava mais, se era ele ou Jesus. Foi neste contexto, que disseram a João que Jesus e os seus discípulos estavam do outro lado do Jordão batizando e muita gente ia ter com ele. 

A resposta de João Batista nos dá uma lição de humildade e nos ensina qual deve ser a postura do verdadeiro discípulo de Jesus: “É necessário que ele cresça e que eu diminua”. A missão de João era preparar o caminho para o Cristo e, para isso, ele precisava sair de cena.

João Batista era um levita, pertencente à família sacerdotal (Lc 1.15). Os levitas eram os descendentes de Levi. Os sacerdotes também eram levitas, mas somente a família de Aarão foi chamada para ser a família sacerdotal. João era filho de Zacarias, que era sacerdote na época do nascimento de Jesus, e de Isabel, que era prima de Maria, mãe de Jesus. Abrindo um parêntese aqui: nem todos os levitas eram cantores. Os cantores de outras tribos de Israel e de outras nações não são levitas. 

O seu nascimento foi um milagre (Lc 1.7-25), pois o seu pai, Zacarias, era avançado em idade e Isabel, sua esposa, era estéril. Na velhice deles, o anjo Gabriel apareceu a Zacarias e anunciou-lhe o nascimento do seu filho, dizendo que ele seria “grande diante do Senhor, não beberia vinho, nem bebida forte, e seria cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe.” (Lc 1.15). Zacarias não creu e, por isso, ficou mudo até o dia do nascimento do menino. 

João Batista era um pregador politicamente incorreto e não realizou nenhum milagre (Mt 3.1-7). Usava roupas feitas de pêlos de camelo, amarradas com um cinto de couro. Seguia uma dieta esquisita, alimentando-se de mel e de gafanhotos. A sua mensagem era de arrependimento e não media as palavras contra pessoas fingidas, que recusavam-se a abandonar o pecado. Em seus sermões, chamava-as de “raça de  víboras” 

Em seu ministério, João nunca realizou nenhum sinal miraculoso. Seria um pregador reprovado em nossos dias. Mas Jesus disse que “entre os nascidos de mulher não se levantou ninguém maior do que João…” (Mt 11.11). Isto nos ensina que no ministério, o importante não é o que as pessoas pensam sobre nós, mas se estamos agradando ao Senhor da Seara. 

João Batista era zeloso pela verdade, corajoso e ousado. Herodes Antipas casou-se com Herodias, ex-mulher do seu irmão, Filipe. João falou várias vezes para Herodes que este relacionamento não era correto. Herodes passou a odiá-lo e mandou prendê-lo. Depois disso, embriagado, Herodes fez um juramento impensado à filha de Herodias, de que daria qualquer coisa que ela pedisse. A menina perguntou à sua mãe o que deveria pedir e esta a aconselhou que pedisse a cabeça de João Batista num prato. Herodes cumpriu o juramento e mandou decapitar João na prisão ((Mt 14.1-3). 

Quando João disse “é necessário que Ele cresça”, não está se referindo a se tornar maior do que já é, pois Deus é imutável. Ele nunca foi menor do que é hoje e nunca será maior. Ele se referia a tornar-se conhecido. Como servos de Deus, temos a obrigação de anunciar Jesus ao mundo e torná-lo conhecido, pois somente assim, as pessoas poderão ser salvas dos seus pecados. 

Na sequência, João Batista disse: “...É necessário que eu diminua”. Escrevendo aos Filipenses, o apóstolo Paulo disse: “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.” (Fp 2.3). Devemos seguir o exemplo de Jesus, que sendo Deus, humilhou-se e fez-se servo. 

Não fomos chamados para falar de nós mesmos ou da nossa denominação. O mundo não precisa saber quem eu sou, precisa saber quem é Jesus. João Batista, mesmo sendo um profeta reconhecido, não buscava a glória pessoal, mas apontava sempre para Jesus.

Por mais que sejamos usados por Deus e tenhamos dons espirituais e ministeriais, não temos do que nos gloriar, pois tudo é de Deus. Ele dá a quem quer, para aquilo que for útil e para atender aos propósitos dele. Os dons não são para elitizar o crente ou para render-lhe elogios. A glória é sempre de Deus e Ele não a dá a ninguém (Is 42.8). 

Tiago afirmou em sua Epístola: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” O orgulho procede do Diabo, pois ele foi o primeiro ser criado a se orgulhar, igualando-se ao Altíssimo (Is 14.12-15). Por causa disso, foi expulso do Céu com uma terça parte dos anjos. 

A soberba precede a ruína (Pv 16.18) e todos os que se ensorberbecem, serão humilhados. Nabucodonosor se orgulhou e Deus o fez comer ervas como os bois (Dn 4.28-33). Herodes quis a glória de Deus e morreu comido de bichos (At 12.21-23). 

Todos nós, antes de conhecermos a Cristo, éramos escravos do pecado (Jo 8.34). Ele nos libertou, mas não para sermos senhores das nossas vidas. Fomos livres da escravidão do pecado, mas nos tornamos servos da vontade de Deus. Em qualquer escravidão, o servo não tem liberdade para fazer o que quer. Só pode fazer aquilo que o seu senhor ordenar. Sendo Deus, o Senhor absoluto do Céu e da Terra, e nós, os seus servos, temos que fazer aquilo que Ele quer e não aquilo que queremos. 

No Reino de Deus seremos aprovados não pelo que fazemos, mas pela fidelidade a Deus. Muitos crentes pensam que seremos aprovados por Deus, pela quantidade de trabalho que realizamos na Igreja. Mas estão equivocados. O importante é sermos fiéis ao nosso chamado, fazendo exatamente aquilo que Deus nos mandou fazer. Um soldado é obrigado a cumprir as ordens do seu comandante, sob pena de ser preso. O lema do soldado é: Missão dada, missão cumprida. 

Tudo o que fazemos deve glorificar a Deus e não a nós mesmos. No Reino de Deus, em tudo o que fazemos, os méritos são de Deus. Portanto, a Ele devem ser dirigidos todos os elogios e exaltações. 

O saudoso pastor Valdir Nunes Bícego, era um pregador eloquente, usado por Deus nos dons espirituais, exímio Ensinador da Palavra de Deus, escritor, comentarista de Lições Bíblicas e pastor da Assembleia de Deus, Ministério do Belém, no bairro na Lapa, na capital paulista. Era muito conceituado no ministério que fazia parte e em todo o Brasil. Mas, quando alguém o elogiava, ele ficava sem graça e dizia: “Foi o Senhor quem fez isso”.

A frase de João Batista continua ecoando: “É necessário que Ele cresça e que eu diminua”. Infelizmente, muitos têm invertido a frase e buscam a exaltação que é devida a Deus. Enaltecem mais a si mesmos e ao seu currículo, que a Deus. Ficam chateados se as pessoas não o exaltarem publicamente, ou se esquecerem de algum dos seus títulos. 

Igreja do Senhor, precisamos urgentemente aprender com Cristo e nos revestir da humildade e simplicidade, reconhecendo a majestade de Deus e a nossa insignificância diante dele. Tudo o que somos e temos, na verdade, pertence a Ele. Desçamos do pódio, pois os méritos por tudo o que fazemos são de Deus. A Ele, pois, a glória para todo o sempre. Amém! 

Weliano Pires serve ao Senhor como evangelista e professor da Escola Bíblica Dominical na Assembléia de Deus, Ministério do Belém, em São Carlos, SP. 

A ALMA — A NATUREZA IMATERIAL DO SER HUMANO


(SUBSÍDIOS DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD)

Nesta lição, estudaremos sobre a alma, parte imaterial que constitui o ser humano. A alma é o centro da razão, da emoção e da vontade. Tudo o que somos, pensamos e fazemos é decorrente da nossa alma. Isso inclui a formação do nosso caráter. Além de compreendermos os atributos da alma, precisamos nos ater aos cuidados que devemos ter com a saúde dela. A Palavra de Deus nos adverte: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23). Nesta passagem, como em outras do Antigo Testamento, a expressão “coração” vem do hebraico leb e significa o ser interior, a mente, o lugar dos desejos, das emoções e paixões humanas. O conselho de Provérbios para o servo de Deus é ter cautela e não permitir que os enganos da natureza humana superem o compromisso com a Palavra de Deus. Nesse sentido, todo aquele que deseja fazer a vontade de Deus, deve submeter sua alma (coração) à disciplina pautada pelas Escrituras Sagradas, e não por sua vontade própria. Jesus ensinou: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). Logo, a alma humana, enquanto local de vontades e desejos, tenderá a buscar as coisas que mais lhe agradam e trazem conforto. Isso, muitas vezes, entra em oposição com a vontade de Deus, que é boa, agradável e perfeita (cf. Rm 12.2).

Ainda de acordo com o Dicionário Vine (CPAD): “O ‘coração’ é o lugar da consciência e do caráter moral. Como é que a pessoa responde à revelação de Deus e do mundo que o cerca? Jó responde: ‘Não me remorderá o meu coração em toda a minha vida’ (Jó 27.6). No lado oposto, ‘o coração doeu a Davi’ (2Sm 24.10). O ‘coração’ é a fonte das ações humanas: ‘Em sinceridade do coração e em pureza das minhas mãos, tenho feito isto’ (Gn 20.5,6). Davi andou ‘em verdade, e em justiça, e em retidão de coração’ (1Rs 3.6) e Ezequias andou ‘com coração perfeito’ (Is 38.3) diante de Deus. ‘Só aquele que é limpo de mãos e puro de coração’ (Sl 24.4) pode ficar na presença de Deus. [...] O ‘coração’ representa o ser interior do homem, o próprio homem. Neste sentido, é a fonte de tudo o que ele faz (Pv 4.4). Todos os seus pensamentos, desejos, palavras e ações fluem do fundo do seu ser. Contudo, o homem não pode entender o próprio ‘coração’ (Jr 17.9). À medida que o homem prossegue em seu próprio caminho, seu ‘coração’ fica cada vez mais duro. Mas Deus circuncidará (cortará a impureza de) o ‘coração’ do seu povo, de forma que ele venha a amá-lo e obedecê-lo de todo o seu ser (Dt 30.6)” (2015, pp.83,84). Isto posto, que nosso coração seja nutrido com as virtudes do Espírito Santo, de modo que tenhamos razão, sentimento e vontade guiados por Deus.

25 outubro 2025

CUIDANDO DO TEMPLO DO ESPÍRITO

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 4: O corpo como templo do Espírito Santo).

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos sobre o cuidado que devemos ter com o templo do Espírito Santo. Inicialmente, falaremos da orientação do apóstolo Paulo para fugirmos da prostituição (Gr. porneia, termo genérico que se refere a todo tipo de imoralidade sexual). Na sequência, falaremos das disciplinas espirituais como o jejum, a oração e o estudo da Palavra de Deus, que são indispensáveis para o agir do Espírito Santo em nós. Por último falaremos das disciplinas corporais que são cuidados que devemos ter para com a saúde e preservação do nosso corpo. 

1. “Fugi da prostituição”. No contexto de 1 Coríntios 6, antes de falar que o corpo é o templo do Espírito Santo, Paulo falou que os nossos corpos são membros de Cristo e que não devemos fazê-los membros de uma prostituta. Segundo este ensino de Paulo, quem se relaciona com uma prostituta, faz-se um corpo com ela. Da mesma forma, quem se une ao Senhor, faz-se um mesmo espírito com Ele. (1Co 6.15-17). Após esta explicação, o apóstolo recomendou aos Coríntios: “Fugi da fornicação. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que fornica peca contra o seu próprio corpo”. 
A palavra grega traduzida por fornicação, ou prostituição em outras versões, é "porneia", que deu origem à palavra portuguesa pornografia. Quando falamos em prostituição atualmente, entende-se que é a prática de vender o próprio corpo para atividade sexual. Mas na Bíblia, o significado de prostituição vai muito além disso. A palavra grega porneia abrange toda sorte de imoralidade sexual: adultério, fornicação, prostituição, relações homossexuais, pornografia, desejos ilícitos, incesto, impureza sexual, etc. É uma palavra genérica para qualquer tipo de imoralidade sexual. 
Nos textos de Mateus 5.32 e 19.9, ‘porneia’ aparece como sinônimo de infidelidade conjugal ou adultério. Em 1 Coríntios 5.1, a mesma palavra aparece para se referir ao incesto, que é o relacionamento entre parentes de primeiro grau. Mas, em alguns textos se refere, exclusivamente, à relação sexual entre solteiros (1 Co 7.2; 1 Ts 4.3). No caso do adultério, é à relação entre uma pessoa casada e outra que não é o seu cônjuge, casada ou não. Jesus incluiu nesse pecado, quem se divorcia e casa com outra pessoa, sem que haja infidelidade da outra parte (Mt 19.6). 
O apóstolo Paulo orientou os crentes de Corinto a fugirem deste pecado (1 Co 6.18). O verbo grego traduzido por fugir neste texto é “pheugo”, que significa fugir de algo e ir para longe. O verbo aqui está no modo imperativo, ou seja, é um apelo que Paulo faz aos crentes de Corinto: Fujam! O crente é orientado a enfrentar o diabo e é ele que tem que fugir. Mas, em relação à prostituição, o crente é recomendado a fugir. O antídoto contra os pecados sexuais é a vigilância constante e a fuga. 
Não tenha medo de ser acusado de “não gostar de mulher” (ou de homem, no caso das mulheres). É melhor fugir, como fez José, do que sucumbir diante do pecado, como fez Sansão. Se você é homem, não fique a sós com uma mulher, em lugares privados, onde as circunstâncias favorecem às práticas sexuais. Se for mulher, evite conversas íntimas com um homem, cheias de elogios indevidos, que podem culminar em um relacionamento pecaminoso. Muitos pecados sexuais começam com pequenas concessões.  

2. Disciplinas espirituais. Não basta fugir do pecado para que o nosso corpo esteja apto a ser o templo do Espírito Santo. Aliás, através dos nossos próprios esforços, não seremos capazes de vencer as concupiscências da carne. Escrevendo aos Gálatas, o apóstolo Paulo disse: “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais as coisas que quereis”. (Gl 5.16,17).
Aqui, o comentarista chama a nossa atenção para as disciplinas espirituais, que são práticas ou exercícios que nos aproximam de Deus e nos fortalecem espiritualmente. Segundo o saudoso pastor Claudionor de Andrade, “as disciplinas da vida cristã são os exercícios espirituais, prescritos na Bíblia Sagrada, cujo objetivo é proporcionar ao crente uma intimidade singular com o Pai Celeste, constrangendo os que nos cercam a glorificar-lhe o nome” (Hb 12.8).
Assim como o nosso corpo necessita de uma boa alimentação e de exercícios físicos para se manter saudável, assim também é a nossa alma e o nosso espírito. Entretanto, as disciplinas espirituais são praticadas por meio do nosso corpo. O apóstolo Paulo assim escreveu aos Romanos: “Nem tão pouco apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniquidade; mas apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus, como instrumentos de justiça.” (Rm 6.13). 
Estas palavras do apóstolo Paulo chamam a nossa atenção para a prática das disciplinas espirituais por meio do nosso corpo. Dentre as disciplinas espirituais podemos destacar a oração, o jejum, o estudo sistemático das Escrituras, a leitura devocional da Bíblia e a adoração a Deus, em particular e nos cultos. Se negligenciarmos estas disciplinas não teremos forças para vencer o pecado e as hostes espirituais da maldade. 

3. Disciplinas corporais. Se por um lado, devemos nos exercitar nas disciplinas espirituais, não podemos descuidar também das disciplinas corporais. Escrevendo ao presbítero Gaio, o apóstolo João disse: “Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma” (3 Jo 2). Estas palavras do apóstolo João nos ensinam que deve haver equivalência entre o bem estar físico e o espiritual. 
No terceiro tópico da primeira lição deste trimestre, falamos da interação das três dimensões do ser humano: corpo, alma e espírito. Falando sobre equilíbrio e saúde do corpo, o comentarista nos mostrou que “da mesma forma que o corpo padece por causa de disfunções da alma e do espírito, estes também sofrem por problemas do corpo — naturais ou não”. Isto significa, que não adianta o crente cuidar apenas da parte espiritual e descuidar do corpo, pois as três partes do ser humano estão interligadas, 
Lamentavelmente, muitos crentes, mesmo sem saber, acabam aderindo ao pensamento gnóstico de que o corpo não tem valor e, portanto, deve-se cuidar apenas da parte espiritual. Não é isso que a Bíblia nos ensina. O nosso corpo é criação de Deus e templo do Espírito Santo, portanto, devemos cuidar dele. Com relação aos cuidados que devemos ter com o nosso corpo, precisamos atentar para quatro aspectos: alimentação, atividade física, descanso e cuidados com a saúde. 
a) Alimentação. A nossa alimentação deve ser balanceada, ou seja deve conter todos os nutrientes essenciais para o bom funcionamento do nosso corpo: carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais e fibras. O ideal é buscar a ajuda de um profissional de nutrição, pois há diferenças e particularidades em nosso corpo, que variam de uma pessoa para outra. O que é bom para mim, pode ser prejudicial a outras pessoas e vice-versa. Além disso, de balanceada, a nossa alimentação deve ser em quantidades adequadas. Comer demais também é pecado contra o corpo (glutonaria). 
b) Atividade física. Atualmente, a maioria das pessoas não trabalham mais em serviços braçais como antigamente e se locomovem de carro. Este sedentarismo tem gerado diversos problemas de saúde como obesidade, hipertensão, problemas de coluna, infarto, etc. O nosso corpo contém vários músculos, nervos e articulações que precisam ser movimentados. Se não fizermos isso, o corpo apresentará problemas no funcionamento. É importante procurar um profissional de educação física, para uma atividade física adequada ao nosso corpo. 
c) Descanso. Nem só de alimentação, trabalho e atividade física vive o nosso corpo. É preciso um período de descanso para recuperar a memória e melhorar a atividade cerebral. Precisamos dormir pelo menos oito horas por dia, tirar folgas semanais e férias anuais (inclusive dos trabalhos da Igreja). Os que são autônomos também devem se programar para ter as suas folgas e férias. Este descanso não é apenas físico, mas emocional e mental. De nada adianta, o corpo deitar, se a pessoa continuar vendo TV, celular ou jogando videogame. 
d) Cuidados com a saúde. Os cuidados com a saúde devem ser permanentes. Não podemos lembrar da saúde apenas quando estivermos passando mal, pois poderá ser muito tarde. O nosso corpo dá sinais de que algo não vai bem, através de dores, febres, manchas na pele, inchaço, etc. Mas há doenças que são silenciosas e só podem ser detectadas através de exames. Por isso, devemos fazer exames periódicos e ir ao médico regularmente, para verificar as condições de saúde. 

REFERÊNCIAS: 

ANDRADE, Claudionor. As Disciplinas da Vida Cristã: Trabalhando em busca da perfeição. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2008.



24 outubro 2025

O CORPO COMO TABERNÁCULO

(Comentário do 2º tópico da Lição 4: O corpo como templo do Espírito Santo)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da figura tabernáculo usada por Paulo e Pedro para se referir ao nosso corpo. Veremos que assim como aconteceu com o Tabernáculo no Antigo Testamento, o nosso corpo também é portador da presença de Deus. Na sequência, veremos que a analogia do tabernáculo indica o aspecto tricotômico do ser humano. Por último, veremos que assim como o Tabernáculo era guiado pela nuvem no deserto, nós também devemos ser guiados pela presença de Deus. 

1. Portador da Presença. Paulo e Pedro usaram a figura do Tabernáculo em suas Epístolas, para se referirem ao corpo humano. Escrevendo aos Coríntios, Paulo disse: “Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados: não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida”. (2Co 5.4). No mesmo sentido, o apóstolo Pedro escreveu em sua segunda Epístola: “Certo de que estou prestes a deixar o meu tabernáculo, como efetivamente nosso Senhor Jesus Cristo me revelou”. (2Pe 1.14).

A palavra grega traduzida por tabernáculo no texto de 2 Coríntios 5.4 é skēnos, que significa tabernáculo ou tenda móvel. O sentido aqui é uma tenda destinada ao serviço sagrado. Em 2 Pedro 1.14, Pedro usou a palavra grega skenoma, que é um termo derivado de skēnos e significa a mesma. Tanto Paulo, quanto Pedro falaram do tabernáculo em sentido figurado para se referir ao corpo humano. Por que estes apóstolos se referiam ao corpo como “tabernáculo”? Qual é a relação que há entre o tabernáculo do Antigo Testamento e o corpo humano? 

Certamente não foi por acaso, pois eles foram inspirados pelo Espírito Santo. Para entendermos esta relação entre o tabernáculo e o corpo, precisamos conhecer um pouco do tabernáculo feito por Moisés no deserto, por ordem de Deus. Depois que Israel atravessou o Mar Vermelho, Deus ordenou a Moisés: “E me farão um santuário, e habitarei no meio deles”. (Êx 25.8). A palavra hebraica traduzida por santuário neste texto é mikdash, que significa lugar sagrado, santuário ou lugar santo. 

Este santuário ou tabernáculo foi projetado pelo próprio Deus, que deu a Moisés a planta com as medidas, os materiais que seriam usados e escolheu os artesãos que fariam a obra. Era um lugar onde a presença de Deus se manifestava. Naturalmente, uma tenda móvel feita por mãos humanas não comportaria a presença de Deus em sua plenitude. Era apenas uma representação simbólica do que iria acontecer na Nova Aliança. 

Em sentido amplo, o tabernáculo apontava para a Igreja de Cristo, onde Deus habita e se manifesta ao mundo por meio dela: “No qual também vós juntamente sois edificados para a morada de Deus em Espírito”. (Ef 2.22). Mas, em sentido restrito, o corpo de cada crente em particular é o templo de Deus, pois também é portador da presença de Deus: “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada”. (Jo 14.23)

2. Tabernáculo e tricotomia. Neste tópico, o comentarista fez uma analogia entre o Tabernáculo, feito por Moisés no deserto, e o corpo humano. Dentro desta analogia, ele destacou que a divisão do Tabernáculo em três partes: o pátio, o lugar santo e o santo dos santos, reforça o entendimento da tricotomia humana. Ou seja, o homem é formado pelo corpo, que é a parte material; a alma, que é a sede dos sentimentos e emoções; e o espírito que é a parte capaz de se conectar a Deus. 

O pátio era  parte externa e visível do tabernáculo, que podia ser acessada pelo povo que levava os seus animais para os sacrifícios. Representa o corpo humano, que é a parte material que pode ser vista e tocada. O lugar santo ficava na parte interna, não podia ser visto de fora e era restrito aos sacerdotes. Representa a alma humana, que é imaterial e invisível. O lugar santo dos santos era o local onde ficava a Arca da Aliança, os pães da proposição e a vara de Aarão que floresceu. Neste local somente o Sumo Sacerdote tinha autorização para adentrar, uma vez por ano, depois de fazer o ritual de purificação. Este local representa o espírito, que é a parte do ser humano que se conecta a Deus. 

Nesta perspectiva, o saudoso missionário Eurico Bergstén escreveu: 


Assim como o tabernáculo no deserto era dividido em três partes, também o homem o é. O pátio do tabernáculo representa a parte externa e visível do homem, que é o seu corpo; o lugar santo, que não se podia ver de fora, representa a alma, e o lugar santíssimo representa o espírito do homem.


3. Um tabernáculo guiado. O tabernáculo era uma tenda móvel, que era desmontada quando o povo de Israel se deslocava de um lugar para outro, em sua jornada, rumo a terra prometida. Entretanto, os deslocamentos não aconteciam por acaso, nem por vontade do povo ou da liderança. Era Deus quem determinava o momento do povo seguir viagem, por onde seguir e o momento de parar. Isso era feito por meio de uma coluna de nuvem que pairava sobre o tabernáculo durante o dia e uma coluna de fogo durante a noite.

Tanto a nuvem como a coluna de fogo não eram coisas comuns. Elas estavam ali sobre o tabernáculo, por determinação de Deus, para proteger o seu povo do sol, durante o dia, e do frio, durante a noite. Além disso, guiava o povo de Deus no deserto, rumo à terra prometida. Se a nuvem se levantava, Moisés dava ordem para desmontar o tabernáculo e o povo seguia em frente. Se a nuvem parava, dava ordem para acampar novamente e montar o tabernáculo. 

Esta figura da nuvem sobre o tabernáculo nos traz outra importante lição: a nossa vida deve ser guiada o tempo todo por Deus. Ele conhece todas as coisas, sabe o que é melhor para a nossa vida e pode nos conduzir em segurança ao nosso destino eterno. Falando sobre esta nuvem que guiava o povo de Deus no deserto, o pastor Elienai Cabral escreveu: 

“A nuvem não é estática. Deus não é inerte, estático; Ele é o Ser que gera vida em abundância (Jo 10.10). Ele se move sobre a Terra, cuida do Universo e interessa-se por sua vida, querido irmão. Ele é um Deus pessoal. Não perca a glória de Deus nem a intimidade com a sua presença. Ande com Deus. Obedeça-lhe a vontade”.

REFERÊNCIAS:

BERGSTÉN, Eurico. Teologia Sistemática. 13ª impressão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2013.

CABRAL, Elienai. Lições Bíblicas - 2º trimestre de 2019: Lição 12: A Nuvem de Glória. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2019.


22 outubro 2025

CORPO: PROPRIEDADE E HABITAÇÃO DIVINA

(Comentário do 1º tópico da Lição 4: O Corpo como templo do Espírito Santo)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos do corpo como propriedade e habitação de Deus. Inicialmente, veremos que fomos comprados por Cristo e selados pelo Espírito Santo. Estas duas doutrinas são muito importantes para o Cristianismo e é preciso compreender bem o seu significado na cultura dos tempos bíblicos. Na sequência, falaremos da pergunta do apóstolo Paulo aos Coríntios: “Não sabeis vós?”, a qual indica que, mesmo tendo sido instruídos por Paulo, os crentes de Corinto não compreendiam a mordomia do corpo. Por fim, falaremos da propriedade que o Espírito Santo detém sobre o nosso corpo e, como tal, deve exercer domínio sobre nós. 

1. Comprado e selado. Aqui neste subtópico, o autor fala que nós fomos comprados e selados (1Co 6.20; Ef 1.7-13). Estas duas ações de Cristo nos tornaram propriedade exclusiva de Deus. Isso fala de duas doutrinas bíblicas relacionadas à salvação: A doutrina da expiação do pecado e a doutrina da redenção. 

a) A doutrina da expiação. Refere-se ao preço pago por Cristo na Cruz para livrar o pecador da condenação pelo pecado original. A Justiça de Deus exige a punição pelos pecados cometidos, como resgate do pecador. Mas não é qualquer preço que pode libertar o pecador da pena imposta por Deus. Somente alguém que não tem nenhuma culpa poderia sacrificar-se pelos pecados e este alguém é Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Pedro disse que “não foi com coisas corruptíveis que fomos resgatados da vossa vã maneira de viver, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito” (1Pe 1.18,19).

Muitos compositores, até bem intencionados, falam do sacrifício de Jesus, enfatizando tudo o que Ele sofreu por nós e dizem que aquela cruz, a coroa de espinhos e os sofrimentos eram para nós. Ora, isso é um grande equívoco, pois o valor do sacrifício de Cristo não está no sofrimento em si, pois os outros condenados que foram crucificados também sofreram da mesma forma, mas os sofrimentos deles não têm valor algum para a salvação. A importância do sacrifício de Cristo está na pessoa dele, que é o Cordeiro imaculado de Deus. 

b) A doutrina da redenção. É o ato de libertar um escravo, mediante o pagamento do seu preço no mercado. Na teologia cristã, a redenção refere-se à salvação individual do pecador que responde positivamente ao Espírito Santo e crê em Jesus. Depois de realizar a obra da expiação na Cruz com o seu próprio sangue, o Senhor Jesus oferece a possibilidade de resgate ao pecador que se entrega a Ele. Portanto, a expiação é o preço pago pela libertação do pecador e a redenção é a própria libertação. A redenção só pode acontecer se primeiro houver a expiação. 

Depois que recebemos Jesus como Senhor e Salvador, Ele colocou em nós o seu selo, ou penhor, que é a garantia de que pertencemos a Deus, pois Ele nos comprou. Naqueles tempos, os comerciantes compravam mercadorias e depois de pagar, carimbaram com o seu selo e depois voltavam para buscá-las. Isso acontecia também com os animais comprados que recebiam um sinal de propriedade do novo comprador. 

No caso da salvação, Jesus nos deu o Espírito Santo para habitar em nós como garantia de que pertencemos a Ele. O comentarista mencionou aqui o texto de João 14.16,17 e enfatizou que a expressão “habita convosco e estará em vós” indica dois estados distintos. Quando Jesus falou que o Espírito habitava com os discípulos se referiu à ação do Espírito Santo através de Cristo durante o seu ministério terreno. Já a expressão “estará em vós”, se refere à entrada do Espírito Santo para habitar em nosso ser.

2. “Não sabeis vós?”. O apóstolo Paulo fez a seguinte pergunta aos crentes de Corinto: “não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”. É uma pergunta retórica, ou seja, que não precisa de resposta, pois, o apóstolo tinha certeza que os coríntios sabiam disso, pois ele próprio os ensinara por um período de um ano e meio em Corinto (At 18.11). 

Na primeira Epístola aos Coríntios, por três vezes, o apóstolo Paulo afirma que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo e contrasta esta afirmação com a prática dos pecados sexuais (3.16,17; 6.17-20). Paulo fez esta afirmação em um contexto em que era inconcebível os deuses habitarem no corpo humano. Nas religiões da época, os deuses moravam muito distantes dos seres humanos (Dn 2.11; At 14.11). A concepção que eles tinham dos deuses não era de santidade, como o Deus de Israel e sim de promiscuidade, que incluía sacrifícios humanos e prostituição sagrada nos cultos. 

Corinto era considerada a capital da imoralidade sexual. Lá havia um templo dedicado à deusa Afrodite, que contava com cerca de mil prostitutas rituais que praticavam a prostituição sagrada ao por do sol. Havia também o templo do deus Apolo, que representava a virilidade masculina, com várias estátuas dele nu em várias poses indecorosas. A imoralidade era tanta em Corinto, que o verbo corintizar era sinônimo de prostituir. Alguns crentes em Corinto, mesmo após a conversão ao Evangelho, continuavam nas velhas práticas pecaminosas, as quais faziam parte da cultura daquela cidade.

3. Propriedade e domínio. Em nossos dias, algumas pessoas insistem em dizer que a vida é delas e, portanto, fazem o que tem vontade e ninguém tem nada a ver com isso. As mulheres que defendem o aborto usam o slogan “Meu corpo, minhas regras”, justificando que tem o direito de fazer o que quiserem com o próprio corpo. Entretanto, isso é um grande equívoco, primeiro porque o corpo do bebê não é uma extensão do corpo da mãe e sim um outro corpo. Segundo, porque tanto a vida quanto o corpo não nos pertencem, são propriedades de Deus. 

Foi Deus quem criou o corpo humano e deu-lhe a vida. Mesmo o corpo e a vida daqueles que não servem a Deus, pertencem a Deus, pois Ele é bom criador deles também e o doador da vida. Com relação aos que foram salvos por Jesus, pertencemos a Ele por causa da criação e também porque Ele nos comprou e nos selou com o Espírito Santo, como vimos no primeiro subtópico. 

Se somos propriedade de Deus, naturalmente devemos nos submeter ao domínio, pois o direito de propriedade garante ao proprietário, o domínio sobre aquilo que lhe pertence. Se eu sou proprietário de uma casa, eu tenho o direito de morar nela, alugá-la ou mesmo vendê-la. Como propriedade de Deus, o nosso corpo deve estar sob o seu domínio e fazer aquilo que lhe agrada.

21 outubro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 04: O CORPO COMO TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO

TEXTO ÁUREO:

“Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Co 6.19).

VERDADE PRÁTICA:

Ter consciência de que nosso corpo é habitação do Espírito Santo faz toda a diferença na maneira como o possuímos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 1 Coríntios 3.16,17; 6.15-20.

Objetivos da Lição:  

I) Levar os alunos a compreenderem que seus corpos pertencem a Deus e são habitação do Espírito Santo; 

II) Ensinar que o corpo humano, à semelhança do tabernáculo no Antigo Testamento, é portador da presença de Deus; 

III) Conscientizar os alunos sobre a responsabilidade de manter o corpo em santidade, por meio da fuga do pecado, da prática das disciplinas espirituais e do cuidado físico.

Palavra-Chave: TEMPLO

O Antigo Testamento usa a palavra hebraica mikdash, para se referir ao templo, que significa lugar sagrado, santuário, lugar santo (Ex 25.8). No período da monarquia usava-se também a palavra hekal que significa palácio ou santuário religioso. Paulo usou os termos gregos skēnos e naós que são os termos correspondentes de hekal e mikdash, respectivamente. O apóstolo falou de templo em sentido figurado, para se referir à sacralidade do corpo humano, como habitação do Espírito Santo

INTRODUÇÃO

Esta é a última lição do nosso estudo sobre o corpo humano. Na lição dois, vimos que o corpo é uma maravilhosa obra da criação de Deus, criado perfeito, puro e imortal. Na lição 3, falamos das consequências do pecado no corpo humano. A partir da desobediência do primeiro casal, a comunhão do ser humano com o Criador foi interrompida e o corpo humano entrou em um processo natural de envelhecimento e degeneração, que culminará na morte física. Entretanto, nesta perspectiva de morte iminente, temos também a promessa da glorificação do nosso corpo, que ocorrerá no momento do arrebatamento da Igreja. 

Nesta lição veremos, à luz da Bíblia, que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo (1Co 3.16; 6.15,16,19). Esta afirmação do apóstolo Paulo tem um peso enorme para o cristão e nos chama a uma grande responsabilidade para com o nosso corpo. Saber que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo tem grande impacto na nossa maneira de viver, de tratar o nosso corpo e de servir a Deus. Isto porque Deus é absolutamente santo e não pode habitar em um corpo que se entrega à promiscuidade. 

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. CORPO: PROPRIEDADE E HABITAÇÃO DIVINA

No primeiro tópico, falaremos do corpo como propriedade e habitação de Deus. Inicialmente, veremos que fomos comprados por Cristo e selados pelo Espírito Santo. Estas duas doutrinas são muito importantes para o Cristianismo e é preciso compreender bem o seu significado na cultura dos tempos bíblicos. Na sequência, falaremos da pergunta do apóstolo Paulo aos Coríntios: “Não sabeis vós?”, a qual indica que, mesmo tendo sido instruídos por Paulo, os crentes de Corinto não compreendiam a mordomia do corpo. Por fim, falaremos da propriedade que o Espírito Santo detém sobre o nosso corpo e, como tal, o domínio que Ele deve exercer sobre nós. 

II. O CORPO COMO TABERNÁCULO

No segundo tópico, falaremos da figura tabernáculo usada por Paulo e Pedro para se referir ao nosso corpo. Veremos que assim como aconteceu com o Tabernáculo no Antigo Testamento, o nosso corpo também é portador da presença de Deus. Na sequência, veremos que a analogia do tabernáculo indica o aspecto tricotômico do ser humano. Por último, veremos que assim como o Tabernáculo era guiado pela nuvem no deserto, nós também devemos ser guiados pela presença de Deus. 

III. CUIDANDO DO TEMPLO DO ESPÍRITO

No terceiro tópico, falaremos sobre o cuidado que devemos ter com o templo do Espírito Santo. Inicialmente, falaremos da orientação do apóstolo Paulo para fugirmos da prostituição (Gr. porneia, termo genérico que se refere a todo tipo de imoralidade sexual). Na sequência, falaremos das disciplinas espirituais como o jejum, a oração e o estudo da Palavra de Deus, que são indispensáveis para o agir do Espírito Santo em nós. Por último falaremos das disciplinas corporais que são cuidados que devemos ter para com a saúde e preservação do nosso corpo. 

Ev. WELIANO PIRES

AD BELÉM / SÃO CARLOS, SP.

20 outubro 2025

O CORPO COMO TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD)

Nesta oportunidade, estudaremos uma das doutrinas mais importantes dos ensinos de Paulo: o corpo como templo do Espírito Santo. O cuidado do corpo, enquanto templo do Espírito Santo, está além de ele ser um instrumento dos propósitos divinos. O crente é habitação do Espírito não apenas para executar dons espirituais e ministeriais com vista à edificação da igreja (1Co 12.4-11). É de fundamental importância o crente preservar a comunhão plena e a intimidade com o Senhor. Para tanto, precisa manter seu corpo em santificação e honra (Rm 12.1,2). 

Dentre os cuidados com o corpo, citados na lição, está a santificação e a separação de qualquer imoralidade sexual ou depravação do corpo. A falta de bom senso de muitos crentes têm levado ao descuido com hábitos, conversas e acesso a conteúdo que alimentam a mente com o mundanismo. A Palavra de Deus é clara quando afirma que o ouvido prova as palavras como o paladar prova a comida (Jó 34.3). Já nos dias de Jó se percebia a necessidade de filtrar qualquer informação que chegasse aos ouvidos. 

Semelhantemente, a mente é influenciada pelo que os olhos assistem. Acerca disso, o salmista declara: “Não porei coisa má diante dos meus olhos” (Sl 101.3a). Expor os olhos a todo tipo de conteúdo que se tem acesso, seja por meio das redes sociais ou presencialmente, é mais um desafio que deve ser enfrentado pelo crente com disciplina. Assumir um compromisso com hábitos saudáveis para o corpo inclui ter o cuidado com aquilo que permitimos alimentar a nossa mente. Como propriedade do Espírito Santo, o crente deve apresentar seu corpo como instrumento de honra e não de desonra. 

O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) cita Crisóstomo: 

“Como pode o corpo se tornar um sacrifício? Deixe que o olho não veja nada mau, e ele se torna um sacrifício; permita que a língua não diga nada vergonhoso, e ela se torna uma oferta; deixe que a mão não faça nada ilegal, e ela se torna uma oferta em holocausto. Não, isto não será suficiente, mas precisamos ter a prática ativa do bem — a mão precisa dar esmolas, a boca precisa abençoar em lugar de amaldiçoar, o ouvido precisa dar atenção sem cessar os ensinamentos divinos. Pois um sacrifício não tem nada impuro, um sacrifício é a primícia de outras coisas. Portanto, que nós possamos produzir frutos para Deus com as nossas mãos, com os nossos pés, com a nossa boca, e com todos os nossos outros membros” (Volume 8, 2006, p.159). 

Na perspectiva de Crisóstomo, não basta apenas rejeitar o que é impuro e desagradável aos olhos do Senhor. É preciso também ocupar nossas vidas com o que glorifica a Deus e enche nossa mente de conteúdos que edificam a vida espiritual.

17 outubro 2025

DO ABATIMENTO À GLORIFICAÇÃO

(Comentário do 3º tópico da Lição 03: O corpo e as consequências dos pecado)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da trajetória do corpo humano, do abatimento à glorificação. Inicialmente, trataremos da realidade das enfermidades, que passaram a fazer parte da vida humana depois do pecado original. Na sequência, falaremos do enfado e canseira, que são naturais no processo de envelhecimento do corpo humano, mesmo que não seja acometido por doenças. Por fim, falaremos da glorificação do corpo, que será a transformação do nosso corpo corruptível e mortal, em um corpo glorioso e imortal, semelhante ao do Nosso Senhor Jesus Cristo. 


1. A realidade das enfermidades. Com a entrada do pecado no mundo, o corpo humano, que era perfeito e imortal, tornou-se mortal. Isto não significa apenas que o corpo irá morrer um dia, mas que ele se tornou corruptível, sujeito a todo tipo de doenças, ao envelhecimento e, finalmente, à morte. Desde o processo de fecundação, o ser humano já corre risco de ter deformidades ou mesmo morrer. Durante a gestação também vários fatores podem atingir a saúde do feto, inclusive o aborto espontâneo. 


Após o nascimento, o recém nascido continua sujeito a vários tipos de doenças e a acidentes, que podem deixá-lo com sequelas e até causar a sua morte. Durante a infância, devido à inocência da criança e ao descuido dos pais, há vários fatores de risco, como acidentes, choques elétricos, afogamentos e ingestão de produtos tóxicos, moedas, medicamentos, objetos perfurantes, etc., que podem causar lesões sérias e até a morte da criança. Enfim, há muitas ocorrências de mortalidade infantil. 


Passada a fase da inocência na infância, vem as fases da adolescência e juventude, onde o ser humano sabe dos riscos, mas é afoito e gosta de viver perigosamente. Nessa fase da vida, muitos experimentam bebidas, cigarros, drogas, bailes, sexo ilícito, direção perigosa, brigas e outras coisa, que podem levar o jovem a muitas doenças e até à morte prematura. Eu mesmo, perdi muitos amigos e parentes nestas circunstâncias, durante a minha juventude. Alguns não se envolvem nestas coisas, mas acabam sendo vítimas da irresponsabilidade de outros. 


Na fase adulta, mesmo tendo consciência dos riscos a que o corpo está exposto e com um pouco mais de maturidade, não estamos isentos de ter problemas de saúde, riscos de acidentes, ser vítima da violência e até morrer por falência dos nossos órgãos. Mesmo tomando todos os cuidados possíveis, não estamos livres, pois o nosso corpo é vulnerável e mortal. Ao contrário das falácias da teologia da prosperidade, o cristão não está imune às doenças. E se adoecer, não significa que está em pecado, ou que não tem fé para ser curado. 


2. Enfado e canseira. O casal Adão e Eva após pecarem e as primeiras gerações depois deles viviam em média novecentos anos. A longevidade foi diminuindo aos poucos. Adão, por exemplo, viveu 930 anos. O homem que mais durou foi Matusalém, que viveu 969 anos. Estas pessoas, com 300 anos, ainda eram consideradas jovens e geravam filhos. Com a multiplicação da maldade humana, Deus resolveu diminuir o tempo da vida humana: “Então disse o Senhor: “Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.” (Gn 6.3). 


Após o dilúvio, a crosta terrestre passou por grandes modificações e as condições de vida no planeta também foram alteradas. Após o dilúvio, a longevidade humana despencou. Noé, que era pré-diluviano, viveu 950 anos, sendo 350 deles, após o dilúvio. Sem, filho de Noé, que também era pré-diluviano, viveu 600 anos. A partir daí, os seus descendentes viveram bem menos. Terá, o pai de Abraão, viveu 205 anos. Abraão viveu 175 anos e Isaque, seu filho, 180 anos. Depois deles, Jacó viveu 147 anos, José 110 anos, Moisés 120 anos e Josué 110 anos. Não há nenhum relato na Bíblia de que alguém tenha alcançado mais de 120 anos, depois de Moisés. 


No Salmo 90.10, Moisés escreveu: “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando”. Com o passar dos anos, a expectativa de vida diminuiu muito na antiguidade, devido às guerras, condições precárias de trabalho e alimentação e à inexistência da medicina como conhecemos atualmente. Nos tempos do Novo Testamento, não temos os registros do tempo de vida das pessoas. Mas, segundo a história, a expectativa de vida no império romano era em torno de 30 anos, com muitas privações e sofrimentos. 


Com o avanço da medicina, principalmente, a partir do Século XIX, e o avanço da tecnologia, que possibilitou a produção de equipamentos e de medicamentos, muitas doenças passaram a ter prevenção e cura. Entretanto, outras doenças surgem e matam milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente nos países mais pobres. Mesmo com todos os avanços da ciência e tecnologia, o corpo humano continua tendo dores, enfado e canseira, após os 70 anos, em muitos casos, até antes disso. 


3. O corpo glorificado. O pecado trouxe todas estas consequências que falamos até aqui sobre o corpo humano. Entretanto, logo após o pecado do primeiro casal, Deus anunciou o seu plano de Salvação e prometeu que da descendência da mulher viria o Salvador, que iria ferir a cabeça da serpente (Gn 3.15). Esta promessa prosseguiu por todo o Antigo Testamento, com a formação da nação de Israel e as promessas referentes à vinda do Messias. Nesta promessa de salvação está incluída a redenção completa do corpo humano, que foi reafirmada com mais detalhes no Novo Testamento (Rm 8.23).


O Senhor Jesus prometeu aos seus discípulos que voltaria e os levaria para junto dele (Jo 14.1-3). A maior esperança da Igreja é o retorno do Senhor para buscá-la. Nós não somos deste mundo e vivemos como peregrinos aqui, a caminho do nosso eterno lar. Entretanto, este corpo mortal, corrompido pelo pecado não pode ver a Deus. Por isso, passaremos pelo processo de glorificação do nosso corpo e receberemos um corpo imortal e incorruptível.


O apóstolo Paulo explicou aos Coríntios que, na ocasião do arrebatamento da Igreja, os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois, os que estiverem vivos naquele momento serão transformados e receberão também um corpo glorificado: “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade”. (1 Co 15.52,53). 


Se estivermos vivos ou mortos quando o Senhor vier nos buscar, receberemos um corpo glorificado e incorruptível, semelhante ao corpo ressurreto do Senhor Jesus. Este novo corpo, revestido de incorruptibilidade e imortalidade, não estará mais sujeito às dores, doenças, cansaço, envelhecimento e morte (Ap 21.3) O último inimigo a ser vencido pelo nosso corpo é a morte. A glorificação do nosso corpo é a última etapa da nossa salvação. Ora vem, Senhor Jesus! 

PREPARANDO O CORPO, A ALMA E O ESPÍRITO PARA A ETERNIDADE

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO/CPAD) Estamos concluindo mais um trimestre. Nesta última lição, estudaremos sobre o preparo do crente...