20 maio 2025

UMA HISTÓRIA REAL SOBRE A HUMILDADE

(Comentário do 1º tópico da Lição 08: Uma Lição de humildade)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos dos detalhes da história em que Jesus lavou os pés dos seus discípulos, para ensinar-lhes o valor da humildade. Inicialmente, falaremos do significado do lava-pés no antigo Oriente. Na sequência, falaremos do desenvolvimento desta história, conforme os detalhes mencionados por João. Por último, falaremos da mudança de paradigma de Jesus, ao assumir a função de servo, mostrando que no Reino de Deus, a humildade representa grandeza espiritual.


1. O lava-pés. A  prática de lavar os pés das pessoas que chegavam de viagem em uma casa, era comum em todo o Oriente antigo. Esta prática já existia no tempo dos patriarcas. Quando o Senhor apareceu a Abraão com dois anjos, ele se inclinou e disse: “Meu Senhor, se agora tenho achado graça aos teus olhos, rogo-te que não passes de teu servo. Que se traga já um pouco de água, e lavai os vossos pés, e recostai-vos debaixo desta árvore; E trarei um bocado de pão, para que esforceis o vosso coração; depois passareis adiante, porquanto por isso chegastes até vosso servo”. (Gn 18.3-5)

Naquela época, as estradas não eram pavimentadas e os viajantes andavam muitos quilômetros a pé. Nestas circunstâncias, os seus pés ficavam empoeirados, cansados e até feridos. Fazia parte da hospitalidade e cortesia aos visitantes de uma casa, o anfitrião mandar os seus escravos lavarem os pés dos visitantes que chegavam cansados da viagem e oferecer-lhes água para beber, antes de se assentarem à mesa para comer. 

Os discípulos haviam perguntado a Jesus, onde Ele queria que fosse preparada a ceia pascal. Jesus mandou que eles entrassem na cidade, procurassem um homem desconhecido e lhe dessem o seguinte recado: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a Páscoa com os meus discípulos?” Os discípulos fizeram como Jesus lhes dissera e prepararam a Páscoa. 

Os outros evangelistas relataram apenas a preparação da Páscoa e o momento em que Jesus se reuniu com os discípulos para comer e a instituição da Ceia do Senhor, indicando também que um deles haveria de traí-lo. Entretanto, João, no capítulo 13, relatou uma história real e não uma parábola ou ilustração. De fato, Jesus lavou os pés dos seus discípulos, após a Ceia. 

2. O desenvolvimento da história. Jesus e os seus discípulos tinham vindo de Betânia a Jerusalém, quando se reuniram para comer a páscoa. É verdade que todos estavam exaustos e cansados da viagem, inclusive, o próprio Jesus, que tinha uma rotina cansativa, andando muitos quilômetros a pé, para se afastar do assédio das multidões e das perseguições dos Judeus, que procuravam matá-lo. 

Era de se esperar que os discípulos de Jesus, como servos dele, tomassem a iniciativa de lavar os pés dele. Entretanto, nenhum deles se prontificou a fazê-lo. Ao contrário disso, a preocupação deles era saber quem seria o maior entre eles, num eventual reino de Jesus, que eles imaginavam que fosse terreno e político. Estavam mais interessados em fazer parte do governo e obter vantagens, que servir ao próximo. 

Jesus, então, tomou uma bacia com água e uma toalha, despiu-se da túnica, amarrou a toalha na cintura e começou a lavar os pés dos discípulos, como costumavam fazer os escravos. Jesus não explicou a eles o motivo daquela atitude e, certamente, eles ficaram sem entender, mas nenhum deles o questionou.

Quando chegou a vez de Pedro, que era o mais precipitado, ele disse: “Senhor, tu lavas-me os pés a mim?” Jesus, então, lhe disse: “O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois”. Pedro retrucou, dizendo: “Nunca me lavarás os pés”. Jesus lhe disse que, se Ele não lhe lavasse os pés, Pedro não teria parte com Ele. Diante dessa resposta de Jesus, Pedro pediu que lavasse não apenas os pés, mas todo o corpo. 

Jesus disse que não seria necessário, pois eles já estavam limpos, com exceção de Judas Iscariotes, que era o traidor. O amor de Jesus é extraordinário! Ele sabia desde o princípio quem era cada um dos seus discípulos. Sabia que dentre alguns instantes, Judas iria negociar com as autoridades judaicas para entregá-lo. Sabia também que depois da sua prisão, todos eles iriam fugir e abandoná-lo. Pedro iria acompanhá-lo de longe, mas iria negá-lo por três vezes. Mesmo assim, o Mestre lavou os pés de todos eles, para aliviar o cansaço dos pés, fazendo o papel de um escravo para com eles. 

3. A mudança de paradigma. Jesus era o anfitrião daquela ceia pascal. Ele é também o Filho Unigênito de Deus e o Senhor do Céu e da Terra. Após a sua tentação no deserto, quando o diabo o deixou, os anjos vieram servi-lo (Mt 4.11). No seu batismo, quando Ele saiu das águas do Rio Jordão, o Espírito Santo desceu sobre Ele, em forma corpórea de uma pomba e o Pai bradou dos Céus: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo”. (Mt 3.17). 

Entretanto, naquela ocasião, Jesus assumiu a função de um escravo e passou a servir aos seus discípulos, lavando-lhes os pés. Com esta atitude, o Mestre muda um paradigma ou uma regra comum, mostrando-lhes que o padrão do Reino de Deus é diferente. O caminho do Reino de Deus é trilhado pela humildade, onde o maior é aquele que serve e não os que são servidos (Mt 23.11). Jesus já havia dito a eles para aprenderem dele, que é “manso e humilde de coração” (Mt 11.29).

Evidentemente, ao ordenar que os seus discípulos seguissem o seu exemplo, Jesus não estava mandando que as pessoas do Ocidente, no Século 21, com estradas pavimentadas e banheiros em suas casas, se ponham a lavar os pés dos visitantes, como alguns erroneamente interpretam este texto. Na Igreja Católica, por exemplo, na quinta- feira da semana da Páscoa, pratica-se o ritual do lava-pés, onde os sacerdotes reúnem um grupo de doze pessoas e lavam-lhes os pés, para imitar o gesto de Jesus. Não vemos isso em lugar algum em Atos dos Apóstolos, ou nas Epístolas, como acontece com o batismo e a Ceia do Senhor. 

Com este ato de lavar os pés dos discípulos, Jesus demonstrou-lhes o quanto Ele amava os seus discípulos (Jo 13.1). Demonstrou também, de forma profética, o seu sacrifício vicário na cruz, onde se doaria, padecendo pelo resgate dos pecadores. Através deste ato de humildade e serviço, Jesus ensinou também aos seus discípulos que aqueles que o seguem devem ser humildes como Ele e servir uns aos outros. 

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.40.

Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp.1880, 1881.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 7.RIO DE JANEIRO: CPAD, p.117


19 maio 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 08: UMA LIÇÃO DE HUMILDADE

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA

Na lição passada estudamos o tema: Eu sou a ressurreição e a vida, com base no capítulo 11 do Evangelho segundo João, que traz o relato da doença, morte e ressurreição de Lázaro. Falamos do propósito de Jesus, em relação à doença do seu amigo Lázaro, que não era curá-lo e sim, ressuscitá-lo. Na sequência, falamos dos detalhes do encontro de Marta e Maria, irmãs de Lázaro, com o Senhor Jesus. Por fim, falamos da doutrina bíblica da ressurreição do corpo, uma das mais importantes do Cristianismo. 


LIÇÃO 08: UMA LIÇÃO DE HUMILDADE 


Objetivos da Lição: 

I) Abordar o exemplo prático e histórico de humildade dado por Cristo; 

II) Correlacionar a humildade com o autoconhecimento; 

III) Promover contraste entre humildade e ostentação.


Palavra-Chave: HUMILDADE

Antes de falar do que é humildade, precisamos esclarecer o que não é humildade. Diferente do que muitas pessoas imaginam, humildade não é sinônimo de pobreza. Há pessoas pobres que são soberbas e há pessoas ricas que são humildes. Humildade também também não deve ser confundida com complexo de inferioridade ou com falsa humildade, que é quando a pessoa se mostra humilde para impressionar os outros. 

O que é humildade? A palavra humildade no grego é “tapeinos” e está relacionada ao senso de insignificância em relação a si mesmo, total dependência de Deus e preocupação altruísta e ausência de arrogância e petulância. Já a palavra portuguesa humildade vem do latim humilitas, que significa pequenez, pouca elevação e modéstia. Deriva da palavra humus, que significa terra e é o resultado da matéria orgânica que se decompôs e na superfície do solo. 


INTRODUÇÃO


Na lição desta semana trataremos do episódio registrado no capítulo 13 de João, que foi o ato de Jesus lavar os pés dos seus discípulos. Este fato ocorreu na última noite de Jesus com os seus discípulos antes da sua prisão. João foi o único evangelista a relatar o episódio em que Jesus lavou os pés dos seus discípulos e os enxugou com uma toalha. Com este ato, Jesus assumiu a posição de um escravo e nos deu uma grande lição de humildade. 


Os outros evangelistas relataram apenas a última páscoa de Jesus com os seus discípulos e a instituição da Ceia do Senhor. Na ocasião, Jesus partiu o pão, distribuiu aos seus discípulos e disse: Isto é o meu corpo que é partido por vós. Na sequência, distribuiu o cálice com o suco de uva e disse: isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. Depois da Ceia, em profunda agonia, Jesus foi para o Jardim do Getsêmani, ficou um tempo em oração e depois foi preso e crucificado. 


Ficaram de fora do nosso estudo, episódios narrados no capítulo 12: O jantar em Betânia, quando Maria ungiu os pés de Jesus com um perfume caríssimo e os enxugou com os seus cabelos (Jo 12.1-11); e a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (Jo 12.12-16). Além destes dois episódios, o capítulo 12 traz o registro dos gregos que desejaram conhecer Jesus e algumas discussões a respeito de Jesus por causa da ressurreição de Lázaro. 


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, falaremos dos detalhes da história em que Jesus lavou os pés dos seus discípulos, para ensinar-lhes o valor da humildade. Inicialmente, falaremos do significado do lava-pés. Na sequência, falaremos do desenvolvimento desta história, conforme os detalhes mencionados por João. Por último, falaremos da mudança de paradigma de Jesus, ao assumir a função de servo, mostrando que no Reino de Deus, a humildade representa grandeza espiritual. 

No segundo tópico, falaremos da relação entre humildade e autoconhecimento. Inicialmente, trataremos do conhecimento que Jesus tinha da própria natureza e entendia o seu papel como Senhor e Mestre. Falaremos também do exemplo deixado por Jesus, que sendo Senhor, fez-se servo para ensinar aos seus discípulos, o valor da humildade. Por último, falaremos da preocupação dos discípulos em saber quem seria o maior no Reino dos Céus. 

No terceiro tópico, faremos um contraste entre humildade e ostentação. Inicialmente, falaremos do clima de competição silenciosa que havia entre os discípulos de Jesus. Na sequência, falaremos do caminho humilde de Jesus, que não consiste na ambição, notoriedade ou sucesso material e sim, na capacidade de servir ao próximo. Por fim, veremos que tanto o exemplo de vida de Jesus, quanto os seus ensinos são um convite de Jesus à humildade e à mansidão. 


Ev. WELIANO PIRES 

AD-BELÉM / SÃO CARLOS, SP 


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.40.

Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp.1880, 1881.

Comentário Bíblico Beacon. Volume 7.RIO DE JANEIRO: CPAD,, p.117


UMA LIÇÃO DE HUMILDADE


SUBSÍDIO DA  ENSINADOR CRISTÃO / CPAD. 

Nesta lição, veremos que o Senhor Jesus é o nosso maior exemplo de humildade e mansidão. Na ocasião em que reuniu Seus discípulos para última Ceia antes da Sua prisão, Jesus se despiu e realizou um ato de serviço semelhante ao realizado pelos escravos na casa de seus senhores: o ato de lavar os pés (Jo 13.1-10). O Mestre quis ensinar de modo prático a Seus discípulos que a atitude de humildade deve ser um comportamento marcante na vida daquele que serve a Deus.

Este ensino de Cristo contrasta com a ideia humana e secularizada de que os maiores são aqueles que dominam e subjugam os que são desprovidos de poder. O objetivo do Mestre não era desqualificar as autoridades constituídas, mas revelar a natureza do Reino de Deus, a saber: um Reino em que prevalece a justiça, a misericórdia e o amor (Sl 11.7; 89.14; 1Co 13.13). Diferente do governo humano, o Reino de Deus destaca que aqueles que querem se fazer grandes devem ser humildes e demonstrar continuamente um espírito de serviço. O apóstolo Paulo endossa esse ensinamento aos filipenses e exorta para que haja nos crentes o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus (Fp 2.5-10).

Na obra Comentário Devocional da Bíblia (CPAD), o autor discorre que “a nossa fé cristã está cheia de paradoxos. Este é o mais poderoso. Como Cristo se humilhou, Deus o exaltou. O caminho para o alto é, na realidade, para baixo. A chave para a liderança é servir. Os maiores entre nós são os servos de todos. Este é um paradoxo, mas também é uma realidade. Nós, que escolhemos a humildade agora, seremos exaltados, e estaremos acima dos orgulhosos. Nós, que nos entregamos aos outros, vamos lucrar. Nós, que perdemos a nossa vida, a encontraremos melhorada e verdadeira. Não há outra maneira de ser bem-sucedido na vida cristã que não seja andar pelo caminho que Jesus andou” (2012, p.869).

Nesse sentido, o exemplo de Cristo nos aponta qual deve ser a nossa postura diante da arrogância, da soberba e da vaidade. Como servos de Deus, chamados para pregar o genuíno Evangelho da graça, praticar a humildade e o altruísmo não se trata de uma performance que devemos adotar para mostrar uma religiosidade aparente. Antes, devemos pedir a Cristo que transforme nosso coração de tal maneira que servir seja um ato prazeroso. A nossa motivação deve ser ver o nome do Senhor engrandecido (1Pe 4.11). Que nossa postura seja a mesma de João Batista: “Que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30).

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 101, p. 40.

16 maio 2025

A DOUTRINA BÍBLICA DA RESSURREIÇÃO DO CORPO

(Comentário do 3º  tópico da lição 07: “EU SOU A RESSUREIÇÃO E A VIDA”.

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos da doutrina bíblica da ressurreição do corpo, que é a principal doutrina do Cristianismo. Inicialmente, explicaremos biblicamente a doutrina da ressurreição do corpo, que é diferente da ressurreição de Lázaro e de outras pessoas que ressuscitaram mas tornaram a morrer. Na sequência, falaremos do significado da expressão “da morte para a vida". Ainda que os salvos enfrentem a morte física, jamais passarão pela morte espiritual. Por último, falaremos da nossa viva esperança na ressurreição. Ao ressuscitar Lázaro, Jesus demonstrou na prática que nós também haveremos de ressuscitar. 

1. A ressurreição do corpo. A palavra ressurreição é a tradução do grego anástasis que significa literalmente o ato levantar-se (de um assento). No sentido bíblico, anástasis é o retorno do espírito e da alma ao corpo. É o oposto da morte, que é a separação entre a parte imaterial (espírito e alma) e o corpo. 

A Bíblia menciona quatro tipos de ressurreição:

a. A ressurreição no mesmo corpo mortal. Esse tipo de ressurreição são milagres que aconteceram com algumas pessoas no passado e ainda podem acontecer, pois Jesus é o mesmo. No Livro de apoio, o comentarista testemunhou, inclusive, que a mãe dele, a irmã Jardelina Cabral, faleceu e o seu pai orou e Deus a ressuscitou. Mas, nem todos os crentes passarão por esta ressurreição. 

b. A ressurreição de Jesus. Jesus foi o primeiro a ressuscitar em um corpo glorificado, para nunca mais morrer. Por isso, Ele se tornou as primícias dos que dormem. Com a sua ressurreição, Jesus garantiu que aqueles que nele crerem também ressuscitarão para nunca mais morrer. 

c. Ressurreição dos justos. Desde que Jesus ressuscitou, até o momento em que Ele voltar, muitos já morreram, outros ainda irão morrer e não irão ressuscitar como Lázaro. Entretanto, no momento do arrebatamento da Igreja, todos os que morreram com Cristo, voltarão à vida em corpo glorificado para nunca mais morrer. Na sequência, os que estiverem vivos serão transformados e também terão um corpo glorificado. 

d. A ressurreição dos ímpios. Os ímpios que estiverem mortos quando Jesus voltar, não ressuscitarão naquele momento, mas aguardarão a ressurreição no final dos tempos, para o Juízo Final quando serão julgados e condenados ao lago de fogo. 

2. Da morte para a vida. No versículo 26, Jesus disse a Marta que todo aquele que vive e crê nele, nunca morrerá. Mas como pode ser isso, se Lázaro cria nele e estava morto? Além disso, mesmo após aquela ressurreição, alguns depois Lázaro morreu novamente e não ressuscitou, assim como os outros que ressuscitaram e voltaram a morrer. 

É preciso separarmos a morte física da morte espiritual. Morte na Bíblia significa separação e não o fim da existência, como ensinam os aniquilacionistas. A morte física é a separação entre o corpo e a parte imaterial, que é formada de alma e espírito. Quando o ser humano morre fisicamente, o espírito e a alma, que são inseparáveis, saem do corpo e voltam para Deus. 

Entretanto, não irão todos para um mesmo lugar. Quando os seres humanos morrem, os destinos são diferentes. Se for uma pessoa que serve a Deus, irá para o Paraíso, ou seio de Abraão, onde aguardará o arrebatamento da Igreja. Porém se for um ímpio, irá para o Hades, onde aguardará a ressurreição do Juízo Final para a condenação. 

3. Uma viva esperança. Este relato da ressurreição de Lázaro nos traz uma viva esperança, pois Jesus demonstrou na prática o seu poder sobre a morte. O apóstolo Paulo perguntou: Onde está, ó morte, teu aguilhão? Onde está, ó inferno, a tua vitória? Em seguida, ele mesmo responde: Mas graças a Deus, que nos dá vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo! (1 Co 15.58). Jesus Cristo venceu a morte, quando ressuscitou e nos deu a garantia de que nós também ressuscitaremos para nunca mais morrer. 

Da mesma forma que Jesus deu uma ordem a Lázaro para vir para fora do sepulcro, Ele também dará ordens aos que morreram em Cristo, para que ressuscitem em um corpo glorificado e subam a encontrá-los ares. Igualmente, os que estiverem vivos no momento do arrebatamento da Igreja, serão arrebatados e transformados, e subirão ao encontro do Senhor nos ares. E assim, estaremos para sempre com o Senhor. Esta é a nossa bem-aventurada esperança. Ora vem, Senhor Jesus! 

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.39.

Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global.  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1874. 


15 maio 2025

O ENCONTRO DE MARTA COM JESUS

(Comentário do 2º tópico da Lição 07: Eu sou a ressurreição e a vida) 

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos dos detalhes do encontro de Marta com Jesus, antes que Ele chegasse à casa dela. Marta correu ao encontro de Jesus e expressou a sua fé nele, dizendo que se Ele estivesse ali, Lázaro não teria morrido. Na sequência, responderemos à pergunta: Quando Lázaro ressuscitará? Jesus disse a Marta: o teu irmão há de ressuscitar. Mas, ela pensava que seria na ressurreição do último dia. Por fim, falaremos da promessa de vida que Jesus fez, ao afirmar que Ele é a ressurreição e a vida. 


1. O momento do encontro de Marta com Jesus. Marta e Maria estavam em casa, inconsoláveis, pois fazia quatro dias que o seu irmão Lázaro havia sido sepultado. Quando soube que Jesus estava chegando, Marta correu ao seu encontro e lamentou a ausência do Mestre, pois, segundo o seu entendimento, se Ele estivesse ali, o seu irmão não teria morrido. 


Em seguida, Marta correu para casa e avisou à sua irmã Maria que Jesus estava chamando-a. Maria também foi ao lugar onde Marta havia encontrado Jesus e também se lamentou, dizendo que se Ele estivesse ali, Lázaro não teria morrido. Muitas vezes, diante de situações adversas, chegamos a pensar como Marta e Maria, que Jesus chegou tarde, ou lamentar por que Ele não fez algo que nós gostaríamos. Mas é importante lembrar que Ele está no controle de todas as coisas, nunca chega atrasado e sabe o que é melhor para as nossas vidas. 


Diante da frustração de Marta, Jesus declarou: o teu irmão há de ressuscitar. Conforme falamos no tópico anterior, Marta cria em Jesus e sabia que Ele tinha poder para fazer milagres como a cura e outros milagres. Mas não imaginava que Ele ressuscitaria o seu irmão, que estava sepultado havia quatro dias e já se encontrava em estado de putrefação. 


2. Quando Lázaro iria ressuscitar? Era um grande desafio para a fé de Marta e Maria, crer na promessa de Jesus de que Lázaro iria ressuscitar. Ela não perdeu a fé em Jesus, pois disse: Eu sei que tudo o quando pedires a Deus, Ele te concederá (Jo 11.22). Diante da promessa de que Lázaro iria ressuscitar, Marta entendeu que Jesus se referia à ressurreição dos justos no final dos tempos. 


Os rabinos judeus ensinavam a doutrina da ressurreição dos justos no final dos tempos, com exceção dos saduceus, que eram materialistas e não criam no mundo espiritual. Esta doutrina estava presente nos textos do Antigo Testamento. O profeta Daniel já havia profetizado sobre esta ressurreição, durante o cativeiro babilônico, mais de 500 anos antes de Cristo (Dn 12.2). 


A promessa de ressurreição feita por Jesus em relação a Lázaro, no entanto, não era a ressurreição do último dia. Jesus falava de uma ressurreição imediata. Ele pretendia mostrar para aquele povo, o seu poder sobre a morte. Aquele povo nunca tinha visto um morto ressuscitar, após quatro dias do seu sepultamento. 


Eles já tinham ouvido falar das ressurreições ocorridas nos dias de Elias e Eliseu. Mas estas aconteceram no mesmo dia em que a pessoa morreu. As outras ressurreições que Jesus realizou na Galiléia também ocorreram no mesmo dia da morte e o povo de Jerusalém e Betânia provavelmente não conheciam  estes milagres.  


3. Uma promessa de vida. Com a frase que é o título desta lição: Eu sou a ressurreição e a vida, Jesus fez uma promessa de vida. Esta declaração, assim como os demais “Eu Sou”, registrados no Evangelho segundo João, comprovam a divindade de Jesus. Somente Deus pode fazer uma afirmação desta de Si mesmo, pois vida e a morte estão sob o seu controle. É Ele que dá a vida e a tira (1 Sm 2.6). 


Jesus não está falando apenas da vida física e sim da vida eterna que Ele dá àqueles que nele creem. Por isso, Ele afirmou: Quem crer em mim, ainda que esteja morto, viverá. Esta promessa de vida não se referia apenas à ressurreição como a de Lázaro, que depois voltaria a viver. Era uma promessa de vida eterna com Deus, em um corpo glorificado, que nunca envelhecerá, não sentirá dores e nunca morrerá. 


REFERÊNCIAS: 
CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.39.
Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1874. 

14 maio 2025

O PROPÓSITO DE JESUS

(Comentário do 1º tópico da Lição 07: Eu sou a ressurreição e a vida).

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos do propósito de Jesus no milagre da ressurreição de Lázaro. Inicialmente, trataremos do contexto em que Jesus recebeu a notícia da doença de Lázaro e do local onde estava. Na sequência, falaremos do desapontamento de Marta e Maria, por Jesus não ter vindo antes da morte de Lázaro para evitá-la. Por fim, falaremos do tempo divino e dos seus planos para as nossas vidas, que são diferentes dos nossos. 

1. O recebimento da notícia  da doença de Lázaro. No final do capítulo 10, João falou que Jesus retirou-se de Jerusalém e foi para além do Jordão, para o lugar onde João tinha primeiramente batizado  (Jo 10.40). Depois que recebeu a notícia da doença de Lázaro, Jesus demorou ainda dois dias no lugar onde ele estava. 

A versão Revista e Corrigida traduziu o nome deste lugar como Betânia, que fica do outro lado Jordão (Jo 1.28). Já a Versão King James traduziu por Betábara. O fato é que não se trata da mesma aldeia de Betânia, onde Lázaro morava, pois Jesus demorou dois dias, do lugar onde ele estava para chegar à residência de Lázaro (Jo 11.6). 

2. O desapontamento de Maria e Marta. O texto bíblico nos diz que Jesus amava a Marta, Maria e Lázaro (Jo 11.5). Quando Lázaro adoeceu dessa enfermidade mortal, elas mandaram avisar a Jesus com as seguintes palavras: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas”. (Jo 11.3). Portanto, elas tinham esperança de que Jesus viria imediatamente a Betânia e curaria o seu irmão, mas Ele não veio. 

Dois dias depois que Jesus recebeu a notícia da doença, Lázaro morreu. Somente quatro dias depois, Jesus chegou. Quando viu Jesus de longe, Marta foi ao seu encontro chorando e disse: “Senhor, se estivesses aqui, o meu irmão não teria morrido”. Em seguida, Marta foi chamar a sua irmã Maria, que correu também ao encontro de Jesus e disse as mesmas palavras. Isso demonstra claramente que elas se desapontaram com a suposta demora de Jesus.

3. O tempo divino. Marta e Maria criam que Jesus poderia curar a enfermidade, mas, provavelmente não conheciam o milagre da ressurreição, pois os outros dois milagres de ressurreição aconteceram na Galileia. Considerando apenas o poder para curar enfermidades, multiplicar pães e peixes e transformar água em vinho, elas tiveram a impressão de que Jesus havia chegado atrasado. 

Ora, Jesus nunca chega atrasado, Ele age no momento certo. Ele é Soberano e cumpre os propósitos dele, no tempo dele e para a glória de Deus. O propósito delas era a cura do seu irmão, antes que ele viesse a óbito. Jesus, no entanto, tinha outro plano para Lázaro, que era a sua ressurreição, para demonstrar perante os judeus o seu poder sobre a morte. Com este milagre, muitos creram em Jesus (Jo 11.45).

Jamais devemos exigir que Deus faça a nossa vontade, ou que faça as coisas no momento em que nós queremos. Ele é Deus e nós somos suas criaturas, recebidos como filhos por adoção, pela fé em Cristo. Não temos o direito de exigir nada de Deus. Além disso, os planos de Deus são maiores (no sentido de mais excelentes) que os nossos (Is 55.8,9). Quando orarmos a Deus por algumas causa, devemos sempre dizer: Faça-se a tua vontade, pois a vontade dele é boa, agradável e perfeita (Rm 12.2).


13 maio 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 7: “EU SOU A RESSUREIÇÃO E A VIDA”

Ev. WELIANO PIRES

Em continuidade ao estudo do Evangelho segundo João, estudaremos nesta lição o episódio da ressurreição de Lázaro, registrado no capítulo 11. Somente João registrou este milagre e somente ele fez menção a Lázaro. Os outros evangelistas falam apenas das irmãs de Lázaro: Marta e Maria e não registraram este milagre. 

Este milagre demonstra o poder de Jesus sobre a morte e a sua identificação divina, quando disse: Eu sou a ressurreição e a vida. Há também outros casos de ressurreição registrados na Bíblia: o filho da viúva de Sarepta (1 Rs 17.17-22); o filho da mulher sunamita (2 Rs 4.18-31); um homem que foi posto na sepultura de Eliseu (2 Rs 13.21); o filho da viúva de Naim (Lc 7.11-17); a filha de Jairo (Mt 9.18-23) e Dorcas (At 9.32-43). 

Tomando como base a ressurreição de Lázaro, falaremos da doutrina bíblica da ressurreição do corpo, que é uma doutrina fundamental do Cristianismo. Paulo disse que “se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados”. (1 Co 15.116,17). 

No primeiro tópico, falaremos do propósito de Jesus no milagre da ressurreição de Lázaro. Inicialmente, trataremos do contexto em que Jesus recebeu a notícia da doença de Lázaro e do local onde estava. Na sequência, falaremos do desapontamento de Marta e Maria, por Jesus não ter vindo antes da morte de Lázaro para evitá-la. Por fim, falaremos do tempo divino e dos seus planos para as nossas vidas, que são diferentes dos nossos. 

No segundo tópico, falaremos dos detalhes do encontro de Marta com Jesus, antes que Ele chegasse à casa dela. Marta correu ao encontro de Jesus e expressou a sua fé nele, dizendo que se Ele estivesse ali, Lázaro não teria morrido. Na sequência, responderemos à pergunta: Quando Lázaro ressuscitará? Jesus disse a Marta: o teu irmão há de ressuscitar. Mas, ela pensava que seria na ressurreição do último dia. Por fim, falaremos da promessa de vida que Jesus fez, ao afirmar que Ele é a ressurreição e a vida. 

No terceiro tópico, falaremos da doutrina bíblica da ressurreição do corpo, que é a principal doutrina do Cristianismo. Inicialmente, explicaremos biblicamente a doutrina da ressurreição do corpo, que é diferente da ressurreição de Lázaro e de outras pessoas que ressuscitaram mas tornaram a morrer. Na sequência, falaremos do significado da expressão “da morte para a vida". Ainda que os salvos enfrentem a morte fisica, jamais passarão pela morte espiritual. Por último, falaremos da nossa viva esperança na ressurreição. Ao ressuscitar Lázaro, Jesus demonstrou na prática que nós também haveremos de ressuscitar. 

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.39.
Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1874. 

12 maio 2025

EU SOU A RESSURREIÇÃO E A VIDA”


SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD

A doutrina da ressurreição é um dos assuntos mais complexos discursados nas Sagradas Escrituras. Nesta aula, veremos como Jesus operou esse maravilhoso milagre ao ressuscitar Lázaro. Veremos também o propósito desse grande feito para Seu ministério, bem como para a esperança dos cristãos quanto à ressurreição dos salvos com vista à eternidade. Antes da realização desse milagre, o Mestre trouxe alguns esclarecimentos importantes durante o diálogo que teve com Marta e Maria, as irmãs de Lázaro.

O primeiro aspecto a destacar neste evento da ressurreição de Lázaro é que Jesus se demora na ida a Betânia para atender à solicitação de Seus amigos. Esperava-se que, ao tomar conhecimento de que Seu amigo se encontrava adoecido, Jesus imediatamente fosse a seu encontro. Todavia, o Mestre demorou mais dois dias até se deslocar a Betânia. Essa demora gerou uma grande frustração nas irmãs de Lázaro, tendo em vista que a cura operada por Jesus era a única esperança para a resolução do problema. Por esse motivo, vemos o lamento das irmãs: “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido” (Jo 11.21,32). Mas a história vai nos mostrar que até mesmo o que parecia estar completamente perdido, sem solução, sem vida, tratava-se unicamente da permissão de Deus para, finalmente, operar Seu propósito na vida de Lázaro por meio de um grande milagre. A Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global (CPAD) discorre que “o milagre da ressurreição de Lázaro foi um sinal que apontou para Jesus, não só como a fonte da ressurreição e da vida, mas indicando uma parte de sua natureza — Ele é a ressurreição e a vida (11.25,26). A morte final é impossível para Ele, como sua própria ressurreição provaria mais tarde. O que Jesus fez por Lázaro foi uma demonstração do que Deus fará por todos os seus fiéis que já morreram, pois estes também serão ressuscitados dentre os mortos (14.3; 1Ts 4.13-18). Este milagre foi também a questão final que fez com que os invejosos líderes judeus determinassem que Jesus deveria ser condenado à morte (Jo 11.45-53)” (2022, p.1876).

O tempo, a enfermidade e a distância tornaram-se limitadores da fé das irmãs Marta e Maria. Também somos desafiados por circunstâncias semelhantes. Contudo, o episódio da ressurreição de Lázaro nos ensina que para Deus nada é impossível. As situações mais difíceis podem ser revertidas por Aquele que tem a vida e a morte em Suas mãos. Confiemos em Jesus, que tem todo poder nos céus e na terra (Mt 28.18).

08 maio 2025

A DISTINÇÃO ENTRE O BOM PASTOR E O MERCENÁRIO

(Comentário do 3º tópico da Lição 06: O Bom Pastor e suas ovelhas) 

Ev. WELIANO PIRES 

No Terceiro tópico, veremos a distinção entre o Bom Pastor e o mercenário. Inicialmente, falaremos das características do Bom Pastor, apresentadas por Jesus em João 10.11. Na sequência, falaremos das características do mercenário, descritas por Jesus em João 10.12. Por fim, faremos um contraste entre o Bom Pastor e os lobos vorazes, expressão usada pelo apóstolo Paulo para se referir aos falsos mestres. 

1. O Bom Pastor. No Antigo Testamento, Deus é apresentado como o Pastor de Israel: “O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.” (Sl 23.1). “Ó pastor de Israel, dá ouvidos; tu, que guias a José como a um rebanho, que te assentas entre os querubins, resplandece”. (Sl 80.1). Mas, Deus deu também pastores para pastorear o seu povo. Como estes pastores foram infiéis e não cuidaram das ovelhas, Deus prometeu apascentar pessoalmente o seu povo: “Como pastor, apascentará o seu rebanho; entre os braços, recolherá os cordeirinhos e os levará no seu regaço; as que amamentam, ele as guiará mansamente.” (Is 40.11). “Ouvi a palavra do Senhor, ó nações, e anunciai-a nas ilhas de longe, e dizei: Aquele que espalhou a Israel o congregará e o guardará, como o pastor, ao seu rebanho.” (Jr 31.10). 

Estas profecias que dizem que Deus virá pessoalmente como pastor, para buscar as suas ovelhas desgarradas e pastoreá-las, se cumpriram em Cristo. Por isso Ele declarou: “Eu sou o bom pastor” (Jo 10.11,14). O apóstolo Pedro também apresenta Jesus como “o Sumo [Supremo, Grande] Pastor” (1 Pe 5.4). O adjetivo “bom”, usado por Jesus para qualificar a Si mesmo como pastor, no grego é “kalos” e aparece três vezes no capítulo 10 de João, sendo duas no versículo 11 e uma no versículo 14. Esta palavra significa “bom” no sentido ético e indica a nobreza de Cristo para cumprir apropriadamente o seu ofício de pastor, em contraste com os pastores de Israel, que eram mercenários, não cuidavam das ovelhas e queriam apenas servir-se delas. 

Jesus é o Pastor ideal, segundo o padrão de Deus, tanto em seu caráter como em sua obra. Ele é único em sua categoria, pois não há outro igual a Ele. Jesus é o Bom Pastor pelo menos três motivos, que são apresentados no capítulo 10 de João: 

a. Ele dá a Sua vida pela Salvação das ovelhas (v.11). Jesus não foi um mártir, que foi assassinado por defender uma causa. Ele deu a sua vida para o resgate das suas ovelhas. A sua morte foi voluntária, sacrificial e vicária. Ou seja, Ele se ofereceu, voluntariamente, como sacrifício a Deus em nosso lugar.

b. Ele conhece as suas ovelhas e delas é conhecido (v.14). As ovelhas conhecem a voz do seu pastor e não seguem a estranhos. Jesus, como o bom pastor, é o dono das ovelhas, conhece-as profundamente e elas também o conhecem.

c. Ele ama as ovelhas, protege-as e supre-lhes as necessidades. (vs. 15,16). Jesus nos amou incondicionalmente, sem que nós o merecêssemos. Nos versículos 15 e 16, Jesus compara o seu relacionamento com as suas ovelhas, com o relacionamento dele com o Pai. Ele também supre as nossas necessidades, nos protege e nos dá vida em abundância (Jo 10.10).

2. O Mercenário. Depois de se apresentar como o Bom Pastor que cuida das suas ovelhas e dá a sua vida por elas, no versículo 12, Jesus apresentou a figura do mercenário, que é o oposto disso: “Mas o mercenário e o que não é pastor, de quem não são as ovelhas, vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa”. A palavra grega traduzida por mercenário neste texto é misthōtós, que era usada para se referir a um empregado assalariado, que era diferente de um escravo comprado, que era obrigado a trabalhar sem receber salário e sem poder exigir nada. 

A Nova Versão Transformadora (NVT) e a Nova Versão Internacional (NVI) traduziram, respectivamente, esta palavra por empregado e assalariado. A origem da palavra mercenário vem do latim mercenarius, que é aquele que recebe “mercê”, ou seja, a recompensa ou o salário pelo seu trabalho. Em seu sentido original, o mercenário não tinha o mesmo significado que tem hoje, que é uma pessoa interesseira que trabalha pensando apenas nas vantagens que irá receber. 

Originalmente, o mercenário era apenas um trabalhador assalariado, que não era dono da lavoura ou do rebanho, onde trabalhava. Mas, pelo contexto, Jesus não está falando apenas de alguém que recebe salário para cuidar de um rebanho. A alusão é a alguém que foi pago para cuidar das ovelhas, mas estava preocupado apenas com o salário e não fez o seu trabalho. O mercenário vê os predadores chegarem e foge, deixando o rebanho em perigo. 

Conforme o comentarista explicou,  a ilustração do mercenário é uma referência ao caráter dos falsos líderes e mestres fraudulentos que procuram constantemente semear divisões entre o povo de Deus e querem apenas se aproveitar do rebanho. Lamentavelmente, é o que mais vemos em nossos dias, são obreiros e cantores que não tem nenhuma preocupação em servir à Igreja do Senhor. Estão preocupados apenas com as vultosas quantias que irão receber. Exploram a Igreja com palavras fingidas e distorcidas, para massagear o ego das pessoas e enriquecer. Por outro lado, os mercenários encontram espaço em muitas Igrejas, porque há crentes carnais, que se deixam enganar por suas mensagens de autoajuda e, por isso, pagam caro para ouvi-los. 

3. Lobos vorazes X o Bom Pastor. Há outra figura pior do que os mercenários nesta ilustração de Jesus. São os lobos que devoram o rebanho. O apóstolo Paulo, em uma reunião com os bispos e presbíteros de Éfeso, falou sobre os falsos mestres de forma profética e chamou-os de “lobos vorazes que não pouparão o rebanho”. (At 20.29 ARA). Paulo sabia que a qualquer momento poderia ser preso e condenado à morte, por causa do Evangelho. Por isso, ele se preocupava com o surgimento de falsos mestres, que são devoradores do rebanho.

Os lobos são animais carnívoros, pertencentes à família canidae, a mesma família do cachorro. São astutos, velozes e estrategistas na captura de suas presas. Eles caçam em grupo, escolhendo as presas mais vulneráveis e desatentas do rebanho para atacar. Depois de isolá-la do rebanho, atacam-na de forma certeira, sem nenhuma chance de fuga. Eles tem um faro muito aguçado e excelente visão noturna, que lhes permite enxergar de longe e no escuro. 

A ilustração do lobo representa os falsos mestres, que se disfarçam de obreiros do Senhor, mas tem intenções destrutivas. Eles são cruéis, pregam heresias de perdição e tem vida libertina (2 Pe 2.1-3). Distorcem a Bíblia e não procuram fazer discípulos para Cristo. O interesse deles é buscar seguidores para si, ter fama e enriquecer. Estes lobos são eloquentes, escrevem bem e tem aparência de piedade. Mas são presunçosos e se colocam acima das Escrituras e dos apóstolos. Quando a Bíblia contraria os seus falsos ensinos, eles querem desacreditar a Bíblia, ou adequar a mensagem bíblica às suas heresias. Tomemos muito cuidado com pregadores e ensinadores que desacreditam as narrativas da Bíblia e dizem que “não é bem assim”. São lobos devoradores, vestidos em pele de ovelhas.

Precisamos estar alertas, principalmente, quanto aos falsos mestres que aparecem em nosso meio. Estes são muito mais perigosos que os de fora, pois têm livre acesso ao rebanho e estão por toda parte. Pode ser um pastor, um pregador itinerante e até um professor da Escola Dominical. É preciso ter cautela antes de entregar o púlpito da Igreja para alguém pregar, prestar atenção nas aulas da Escola Dominical e ter cuidado com cultos e campanhas nos lares, sem a presença da liderança da Igreja. 

REFERÊNCIAS: 
CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.39.
Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.97.
SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.  

07 maio 2025

O APRISCO DAS OVELHAS

(Comentário do 2° tópico da Lição 6: o Bom Pastor e suas ovelhas) 

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, falaremos da figura do aprisco das ovelhas. Inicialmente, o comentarista apresenta um dilema: O texto de João 10 é uma parábola ou uma alegoria? Nas sequência, falaremos do aprisco das ovelhas, que era um lugar cercado, com apenas uma porta de acesso, para que as ovelhas descansassem em segurança. Por último, falaremos da simbologia do aprisco como um lugar de proteção. 


1. Parábola? Uma alegoria? Neste ponto, o comentarista levanta a seguinte questão: o texto de João 10 é uma parábola, ou uma alegoria? Nós já aprendemos que o Evangelho segundo João é autótico, ou seja, ele traz uma visão única e própria do ministério de Jesus. Por exemplo, João não mencionou nada a respeito do nascimento e da infância de Jesus e não registra nenhuma das parábolas de Jesus. É diferente dos relatos dos outros evangelistas, que são chamados de sinóticos, pois os seus relatos são parecidos e alguns praticamente iguais. Antes de falarmos se João 10 trata de uma alegoria ou parábola, precisamos saber o que são estas duas figuras de linguagem. 

A alegoria é uma figura de linguagem que consiste no uso de símbolos, acontecimentos, animais ou pessoas para transmitir ensinamentos diferentes do significado real de tais símbolos. Por exemplo, Paulo usou a história de Sara e Agar, para falar da Lei e da Graça. É importante esclarecer que não podemos criar alegorias indiscriminadamente, para interpretar os textos bíblicos. É preciso que o próprio texto bíblico diga que aquilo é uma alegoria. 

A palavra parábola deriva do termo grego parabolé, que  significa literalmente, colocar uma coisa ao lado da outra, a fim de compará-las. A parábola é um recurso literário que consiste em uma narrativa, real ou fictícia, para transmitir uma verdade moral ou espiritual. Jesus usou muito este recurso para transmitir os seus ensinos. No Antigo Testamento também, os profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel e Oséias usaram parábolas para transmitirem as suas profecias. 

Considerando as definições acima de alegoria e parábola, podemos concluir que o texto de João 10, tecnicamente, não é uma parábola e sim uma alegoria. Diante desta afirmação, alguns poderão argumentar que o versículo 6 diz que é uma parábola. De fato, o texto da Versão Almeida Revista e Corrigida diz isso: “Jesus disse-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia”. Entretanto, o termo grego que aparece no versículo 6 é paroimía, que significa ilustração ou alegoria e não parabolé, que é traduzido por parábola. As versões mais modernas (NVI, NVT e NAA) traduziram este termo por comparação ou ilustração.


2. O aprisco das ovelhas. O aprisco, ou redil é aquilo que hoje chamamos de curral. Entretanto, naquela época era um abrigo construído de pedras com apenas um acesso, vigiada por um porteiro. Os pastores recolhiam as ovelhas à noite, para o aprisco, a fim de protegê-las dos ladrões, dos predadores e das tempestades. Após a entrada de todas as ovelhas, o pastor fazia a conferência para ver se não falava nenhuma e se posicionava na porta, para não entrar ninguém e para que nenhuma delas escapasse. Caso faltasse alguma, o pastor deixava o rebanho em segurança, a cargo do porteiro, e seguia em busca da ovelha que ficou para trás (Lc 15.4).

Os falsos pastores, que não eram donos das ovelhas e trabalhavam apenas pelo dinheiro, chamados por Jesus de mercenários, não se preocupavam com a segurança das ovelhas. Quando viam os predadores se aproximarem, fugiam e deixavam o rebanho em perigo. Não queriam se arriscar pelas ovelhas e estavam interessados apenas nas benesses que elas poderiam oferecer (Jo 10.12). Falaremos deles no próximo tópico. 


3. Um lugar de proteção. Simbolicamente, o aprisco representa um local que oferece proteção, cuidado e segurança para as ovelhas de Cristo. Jesus afirmou que Ele é o Bom Pastor e, como tal, dá a sua vida pelas ovelhas (Jo 10.11). Um pouco à frente, Ele disse: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.” (Jo 10.27,28). Conforme colocou o comentarista, as afirmações de Jesus sobre si mesmo: “Eu sou a porta” e “Eu sou o Bom Pastor”, representam o seu cuidado por aqueles que fazem parte do seu rebanho. 

Em outras partes do Novo Testamento, Jesus é apresentado como o “Sumo Pastor” e “Bispo das nossas almas”: “E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória”. (1 Pe 5.4; “Porque éreis como ovelhas desgarradas; mas agora tendes voltado ao Pastor e Bispo das vossas almas”. (1 Pe 2.25). Isto significa que Ele é o supremo pastor ou o proprietário das ovelhas, o único que deu a Sua vida por elas. Quem está dentro do aprisco do Bom Pastor, pode descansar, pois, Ele tem cuidado de nós.


No Antigo Testamento Deus é apresentado como aquele que oferece refúgio, proteção, segurança e descanso para aqueles que nele confiam. No Salmo 23, onde Davi diz que o Senhor é o seu pastor, o salmista descreve as ações pastorais de Deus: Concede alimento e água (v.2); refrigério para a alma (v.3); proteção em locais perigosos (v.4); honra perante os inimigos (v.5); bondade, misericórdia e habitação segura na casa do Senhor (v.6). 


Em outros salmos, como o 46, Deus  é apresentado como refúgio, fortaleza e socorro, em várias situações de perigo de morte. Da mesma forma, no Salmo 91, há a garantia para aqueles que habitam no esconderijo de Deus, de terem proteção de várias doenças, pragas e dos inimigos. No Salmo 121, Deus é apresentado como o guarda fiel do seu povo, de dia e de noite, que não cochila e não dorme. A propósito: você está se sentindo ameaçado, perseguido ou inseguro? Descanse, pois o nosso guia e protetor não nos desampara jamais! Alelúia!


REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
CABRAL, Elienai. Parábolas de Jesus: Advertências para os dias de hoje. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2005. 
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.39.
Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.97, 98.
Alegoria: para que serve, exemplos e como usar: https://www.pensarcursos.com.br/blog/alegoria-para-que-serve/

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