25 abril 2025

JESUS — O PÃO QUE DESCEU DO CÉU

(Comentário do 3º tópico da Lição 04: Jesus, o Pão da vida).

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos de Jesus como o Pão que desceu do Céu. No primeiro subtópico, o comentarista repetiu o mesmo assunto tratado no terceiro subtópico do primeiro tópico, falando sobre o real interesse da multidão. Na sequência, falando sobre a expressão o Pão do Céu, falaremos da identidade divina de Jesus, quando diz: “Eu Sou”, que é uma característica exclusiva dos discursos de Jesus no Evangelho segundo João. Por último, falaremos do significado da expressão “comer o pão”.

1. Qual é o real interesse da multidão? Neste subtópico, a meu ver, o comentarista foi repetitivo, pois já havia abordado este tema no primeiro tópico, quando falou que a multidão seguia a Jesus devido aos milagres e curas que Ele realizava e não para escutar a sua mensagem. Portanto, não há necessidade de comentar a mesma coisa aqui e não há nada a acrescentar. 

2. O Pão do Céu. No dia seguinte ao milagre da multiplicação dos pães e peixes, Jesus confrontou aquela multidão interesseira dizendo: “Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou.” (Jo 6.26,27). A expressão “Na verdade, na verdade" (Em aramaico: Amém, amém), significa algo que é verdadeiro e fiel. Era usada como uma introdução a uma declaração solene. A repetição servia para declarar que aquilo que seria dito a seguir era a mais absoluta verdade, ou com toda certeza. 

Jesus fez um contraste entre a comida que alimenta o corpo, que é perecível, e a comida espiritual que permanece para a vida eterna. Entre algumas perguntas e respostas da multidão com Jesus, eles perguntaram que sinal Jesus faria para que eles pudessem crer nele e mencionaram o Maná que os seus antepassados comeram no deserto. Foi aí que Jesus lhes disse que Moisés não havia dado o pão do céu; mas o Pai sim, deu o verdadeiro pão do céu, que é aquele que desceu do céu e dá vida ao mundo. (Jo 6:32,33). Assim como aconteceu com a mulher samaritana, a multidão se interessou por este pão anunciado por Jesus, pois pensavam que seria algum alimento especial que Jesus lhes daria. 

Jesus, então, lhes declarou abertamente: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.” (Jo 6.35). É importante esclarecer que este discurso de Jesus não aconteceu em Betsaida, onde aconteceu a multiplicação dos pães, mas no dia seguinte, em Cafarnaum, onde todos conheciam Jesus, pois ele morava lá com os seus pais e irmãos na idade adulta. Por causa disso, eles questionaram a declaração de Jesus, dizendo: “Não é este Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz ele: Desci do céu?” (Jo 6.42). 

Com esta declaração: Eu sou o pão da vida, Jesus confirma a sua identidade divina através da expressão “EU SOU” (Gr. Ego eimi). Esta expressão aparece vinte e quatro vezes no Evangelho de João. Em dezessete vezes Ego Eimi aparece com um predicado a seguir, como é o caso aqui: Eu sou o Pão da vida. Há outras ocorrência do uso desta expressão por Jesus nesse sentido, como: Eu sou a luz do mundo (8.12; 9.5); Eu sou a porta das ovelhas (10.7,9); Eu sou o Bom Pastor (10.11,14); Eu sou a ressurreição e a vida (11.25); Eu sou o caminho, a verdade e a vida (14.6); e, Eu sou a videira verdadeira” (15.1,5). Todas estas declarações sobre si mesmo, só poderiam ser feitas por Deus, pois, nenhuma criatura poderia dizer de si mesmo: eu sou a verdade, a vida, o Bom Pastor, etc. 

Em outras sete vezes, a expressão “EU SOU” aparece sem nenhum complemento, exatamente como Deus usou o “EU SOU” no Antigo Testamento: “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que Eu Sou, morrereis em vossos pecados” (Jo 8.24); “Quando levantardes o Filho do homem, então conhecereis quem Eu Sou, e que nada faço por mim mesmo; mas estas coisas falo como meu Pai me ensinou.” (Jo 8.28); e “Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, Eu Sou.” (Jo 8.58). Neste último exemplo, as pessoas entenderam como uma blasfêmia e tentaram apedrejá-lo. 

3. O que é “comer o pão”? As pessoas já estavam sem entender o que Jesus quis dizer, quando Ele disse que era o pão que desceu do Céu, pois eles o conheciam em Cafarnaum e conheciam também os seus pais e irmãos. A declaração de Jesus no versículo 51, chocou até os seus discípulos e muitos o abandonaram: “Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer desse pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo” (Jo 6.51). Diante desta declaração, os seus interlocutores indagaram: “Como nos pode dar este a sua carne a comer?” (Jo 6:52). Jesus foi mais além e acrescentou: “Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.” (Jo 6.53).

Esse tipo de declaração era chocante na cultura judaica, se entendida literalmente. Embora não houvesse uma proibição direta do canibalismo, a prática é mencionada na Bíblia como uma maldição terrível (Lv 26.29; Dt 29.53-57). Era, portanto, algo inimaginável para os israelitas. A ingestão de sangue e da carne com o sangue eram proibidos na Lei (Lv 17.10-11). Conforme o comentário da Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, “Jesus não estava falando literalmente, de sangue. Ele estava dizendo que sua vida tinha que se tornar a vida deles; mas eles não conseguiam aceitar esse conceito”. 

O que significa, então, comer o pão que desceu do Céu? Alguns argumentam que é uma referência à Ceia do Senhor, principalmente os teólogos católicos, que defendem a doutrina da transubstanciação, que é o ensino de que os elementos da Ceia se transformam literalmente no corpo e no sangue de Cristo. Por isso, segundo os católicos, ao ingerir a hóstia sagrada, o fiel come literalmente o corpo de Cristo. Lutero defendeu a consubstanciação, que seria a união espiritual de Cristo aos elementos da Ceia, que transmite graça aos que os ingerirem. Os luteranos atuais rejeitam a doutrina da consubstanciação. 

Embora a Ceia do Senhor seja uma representação da morte de Cristo, na qual o pão simboliza o seu corpo e o vinho o seu sangue, Jesus não está falando da Ceia neste texto. Há dois sentidos para comer o pão neste ensino de Jesus: Receber a salvação (Jo 6.50-56) e manter a comunhão com Ele (Jo 6.54-56). Portanto, comer a carne de Jesus e beber o seu sangue é uma linguagem figurada que significa recebê-lo como Senhor e Salvador e ter comunhão com Ele. 

REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.38

Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1857

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, RIO DE JANEIRO: CPAD, p.1427.

24 abril 2025

JESUS DESAFIA A FÉ DOS DISCÍPULOS

(Comentário do 2º tópico da Lição 04: Jesus , o Pão da Vida).  


Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, veremos que Jesus desafiou a fé dos discípulos. Inicialmente falaremos a respeito da expressão “E subiu Jesus ao monte”, que era um local adequado para Jesus se dirigir aos discípulos e à multidão. Na sequência, falaremos do desafio de Jesus aos discípulos, que escancarou a limitação deles para resolver problemas insolúveis, do ponto de vista humano. Por último, veremos a lição que Jesus nos ensina a respeito do moço que trazia consigo cinco pães e dois peixes. 


1. “E Jesus subiu ao monte”. Era comum Jesus subir aos montes para proferir ensinos às multidões, provavelmente, porque facilitava a audição dos seus ouvintes, visto que não existia a tecnologia de amplificação do som. Conforme explicou o comentarista, não sabemos em qual monte Ele subiu, pois o texto bíblico não diz. Sabemos pelo relato de Lucas que era um lugar deserto, que ficava em Betsaida, cidade de André e Pedro (Lc 9.10).
Olhando do alto deste monte, Jesus teve uma visão ampla da multidão e compadeceu-se deles, pois sabia que estavam famintos. Sabendo de antemão o que estava prestes a fazer, Jesus resolveu testar a fé dos discípulos e perguntou a Filipe, que era daquela cidade, onde poderiam comprar pão para aquelas pessoas comerem (Jo 6.5). A resposta de Filipe comprova que não havia a menor possibilidade de resolver a situação por meios humanos: “Duzentos dinheiros [denários] de pão não lhes bastarão, para que cada um deles tome um pouco. (Jo 6.7). 
Jesus costumava usar situações do cotidiano com os seus discípulos para transmitir-lhes os seus ensinamentos. Ele valeu-se de muitas coisas que faziam parte do cotidiano dos discípulos para ensinar a respeito do Reino de Deus. Em suas parábolas, ele usou o semeador, o grão de mostarda, o fermento, o joio e o trigo, etc., para ensinar lições importantes. Mesmo sem compreender direito, eles estavam em um processo de treinamento com o Mestre para exercerem o ministério após a sua ascensão aos Céus. 


2. O desafio para os discípulos. O Mestre propôs uma solução humana, mesmo sabendo que ela não seria possível, a fim de testar a fé dos discípulos. O objetivo era mostrar o seu poder em situações adversas, onde os esforços humanos são insuficientes. Na vida cristã não existem super homens, ou super mulheres. Somos pessoas limitadas e totalmente dependentes de Deus. Quando as nossas forças forem insuficientes, tudo o que precisamos fazer é confiar no Senhor e colocar diante dele os nossos problemas. 
Jesus usou a necessidade da multidão para ensinar aos discípulos que no exercício do ministério cristão, quando não houver solução humana possível, Deus entra com providência e faz o impossível acontecer. Entretanto, mesmo estando no controle de todas as coisas e sabendo de antemão o que vai fazer, Deus prova a nossa fé. Jesus colocou a fé de Filipe à prova, perguntando onde comprariam pães para tantas pessoas. Ele sabia que não seria possível e sabia o que iria fazer, mas resolveu colocar o desafio diante deles.
A fé em Deus é provada nas adversidades e confirmada através da fidelidade a Deus. Quem realmente tem fé em Deus, precisa está disposto a morrer pela sua fé e abrir mão de tudo por amor à Deus. Nem sempre teremos explicações corretas para oferecer  diante das provações. Muitas vezes, o crente fiel passa por injustiças e provações, mas, ele não é desassistido por Deus. Jó, mesmo sendo justo, passou por sofrimentos terríveis, porém, mesmo diante das acusações falsas dos seus amigos e do silêncio de Deus, Jó manteve as suas esperanças em Deus e não blasfemou, como o inimigo havia sugerido.


3. Uma lição de provisão. Deus não é apenas o Criador do Universo, Ele é também o sustentador e provedor de todas as coisas. Tudo vem dele, pois é Ele que dá nos a vida e todos os recursos naturais indispensáveis à nossa sobrevivência. No episódio em que Deus mandou Abraão sacrificar o seu filho Isaque, quando chegou o momento exato de Abraão sacrificar o seu filho, Deus interveio e impediu que Abraão concluísse aquele ato. Em seguida, Deus mostrou a Abraão um carneiro preso a um arbusto pelos chifres, que seria sacrificado no lugar de Isaque. Depois desta provisão divina, Abraão chamou o nome daquele lugar: Yahweh Yireh, que significa “o Senhor proverá”. (Gn 22.14). 
Na jornada dos filhos de Israel, desde a chamada no Egito, passando quarenta anos no deserto e na posse da terra prometida, a provisão de Deus está presente por toda parte. A primeira provisão foi a imunidade a todas as pragas que vinham sobre os egípcios e não atingia o povo de Deus. No deserto, Deus lhes providenciou água, codornizes, maná, nuvem para proteger dos sol e um coluna de fogo para protegê-los do frio.
No conhecido Sermão do Monte, Jesus ensinou aos seus discípulos que não andassem ansiosos, por causa das suas necessidades básicas, como a comida e as vestes, pois o Pai Celestial sabe que precisamos delas e provê o nosso sustento. Para exemplificar esta provisão divina, Jesus se valeu do exemplo das aves do céu que não plantam, não colhem alimentos e não os ajuntam em celeiros, mas Deus as alimenta, dando também a chuva e o sol para os vegetais se manterem vivos. Se Deus alimenta os animais, disse Jesus, quanto mais os seres humanos, que têm muito mais valor do que eles! 
É importante esclarecer que a provisão de Deus não se restringe às necessidades materiais. O próprio Jesus disse ao inimigo que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus (Mt 4.4). Somos seres tricotômicos, formados por espírito, alma e corpo. Assim como o corpo tem as suas necessidades, a alma e o espírito também tem necessidades que somente Deus pode supri-las.
A alma humana é a sede das emoções e possui inúmeros problemas e necessidades. Um dos mais graves problemas da alma, que está relacionado ao tema da provisão e afeta milhões de pessoas em todo o mundo é a ansiedade. Toda ansiedade é fruto de inquietação com alguma coisa. Sobre isso, o apóstolo Paulo disse: “Não vos inquieteis por coisa alguma. Antes, as vossas petições sejam conhecidas diante de Deus, pela oração, súplicas e ações de graças”. (Fp 4.7). 
O espírito é a parte do ser humano que é capaz de responder a Deus. Sem Deus, o espírito humano está morto. Com o advento do pecado, o espírito humano também foi corrompido e precisa ser regenerado, conforme vimos na Lição 2. Toda a humanidade, sem exceção, necessita de Salvação, pois todos pecaram. Necessitamos também da presença e direção de Deus, para nos mostrar a direção correta neste mundo. Somos como um deficiente visual que necessita de alguém para guiá-lo, ou de sinais palpáveis para não cair em precipícios e se ferir. 


REFERÊNCIAS:


CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.38

Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1857

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, RIO DE JANEIRO: CPAD, p.1427.


23 abril 2025

JESUS, A MULTIDÃO E O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO

(Comentário do primeiro tópico da Lição 04: Jesus - o Pão da Vida).


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos dos detalhes do milagre da multiplicação dos pães. Inicialmente falaremos do contexto do relato joanino sobre a multiplicação dos pães e peixes. Na sequência, falaremos do milagre em si, que é diferente de outros milagres, pois mostra o poder ilimitado de Jesus ao trazer à existência algo que não existia. Por último, falaremos do interesse da multidão ao procurar Jesus no dia seguinte à multiplicação dos pães. 

 

1. A multiplicação de pães e peixes. João iniciou a narrativa do capítulo 6, com a expressão “depois disso”, em referência aos acontecimentos narrados no capítulo 5. Após a cura do paralítico de Betesda, Jesus entrou em discussão com os judeus e fez um discurso, no qual Ele se declarou abertamente como Filho de Deus e igual ao Pai. Após proferir este discurso, Jesus navegou com os discípulos para o outro lado do Mar da Galiléia, também conhecido como Lago de Genesaré e Mar de Tiberíades, em referência à cidade de mesmo nome, construída por Herodes Antipas, que recebeu este nome em homenagem ao imperador Tibério. 


A multidão foi atrás deles, por causa dos milagres que viam Jesus realizar. Foi neste contexto que Jesus realizou o milagre da multiplicação dos pães e peixes e alimentou cinco mil pessoas, contando apenas os homens. Incluindo as mulheres e crianças, podemos deduzir que o número de pessoas seria, no mínimo, umas dez mil pessoas, considerando que nem todos eram casados e nem todos tinham crianças. Este é o único milagre de Jesus que está registrado nos quatro Evangelhos (Mt 14.13-21; Mc 6.30-44; Lc 9.10-17; Jo 6.1-14). Os outros evangelistas relataram que esta multiplicação de pães aconteceu logo após o assassinato de João Batista por Herodes (Mt 14.12,13; Mc 6.27-30; Lc 9.10). João não mencionou este fato.


É importante esclarecer também que Jesus realizou duas multiplicações de pães e peixes. Na primeira ocasião, Ele multiplicou cinco pães e dois peixes, alimentou cinco mil homens e sobraram doze cestos. Na segunda multiplicação, foram sete pães e alguns peixinhos. O número de pessoas era de quatro mil homens e o número de cestos que sobraram eram sete. Diferente de Mateus e Marcos, que registraram as duas multiplicações, João e Lucas registraram apenas a primeira.


2. O milagre. Jesus subiu a um monte e vendo que a multidão o seguia, perguntou a Filipe, a fim de experimentá-lo, pois sabia o que iria fazer: Onde compraremos pão, para estes comerem? Admirado com a pergunta de Jesus, Filipe respondeu que “duzentos dinheiros de pão não lhes bastariam, para que cada um deles pegasse um pequeno pedaço de pão”. Ou seja, duzentas diárias de um trabalhador comum seriam insuficientes para que cada pessoa recebesse apenas um pedacinho de pão. Além disso, dificilmente, algum fabricante de pão daria conta de tal demanda, sem que houvesse uma encomenda prévia. 


Ouvindo aquela conversa, André disse que havia um rapaz entre eles que tinha cinco pães de cevada e dois peixes, mas  também argumentou que aquilo não seria nada diante de uma multidão de cinco mil pessoas, contando apenas os homens. Jesus mandou-os que os fizessem assentar. Em seguida, deu graças ao Pai e repartiu os pães e os peixes aos discípulos para que os distribuíssem à multidão. Todos comeram e se fartaram. 


Jesus ordenou também que recolhessem os pedaços de pão que caíram e deu um total de doze cestos cheios. Após ver aquele milagre, a multidão exclamou: “Este é o profeta que havia de vir ao mundo”. Jesus percebendo que eles queriam arrebatá-lo para proclamá-lo rei, retirou-se do meio deles e foi sozinho para o monte. No final da tarde, Ele foi ao encontro dos discípulos, andando sobre o mar. 


O comentarista destacou que este milagre revela o poder criador e divino de Jesus, que é capaz de trazer à existência aquilo que anteriormente não existia (Jo 6.11-13). Neste milagre Jesus não fez uma transformação de alguma matéria prima, mas fez surgir do nada, pães que não existiam, assim como aconteceu na criação, quando Deus ordenava e as coisas passavam a existir. 


Milagres não são ocorrências corriqueiras como muitas pessoas imaginam na atualidade. Vemos em nossos dias pessoas contando alguns “tristemunhos”, como se fossem milagres, que dá até vergonha de ouvir. Eu já vi pessoas falando de calotes que eles deram em lojas e depois de cinco anos o nome saiu do SPC, como sendo um milagre. Ora, isso não é milagre, pois é uma prática comum que acontece com todas as pessoas que deixam de pagar as suas contas e depois de cinco anos, volta a ter o nome limpo. Há ainda os que simulam milagres e forçam a barra, a fim de atrair as pessoas para o seu grupo religioso.


A Bíblia de Estudo Pentecostal define milagre como “obras de origem e poder sobrenaturais (gr. dynamis), que funcionam como um sinal ou uma marca (gr. sōmeion) da autoridade de Deus”. Milagres, portanto, são fatos sobrenaturais, que fogem da compreensão humana e só podem ser realizados por uma intervenção divina, que altera as leis naturais. Existem também manifestações sobrenaturais de origem diabólica, para confundir as pessoas. Somente com o dom de discernimento de espíritos é possível descobrir a origem. 


Entretanto, existem sinais que somente Deus pode fazer, como por exemplo, ressuscitar mortos, ou criar alguma coisa do nada. É importante tomar cuidado para não atribuir ao inimigo milagres que Deus operou, pois isso constitui-se em blasfêmia contra o Espírito Santo e é um pecado imperdoável. Os fariseus cometeram este pecado, quando viram Jesus expulsar um espírito maligno de uma pessoa e disseram que Ele fazia aquilo através de Belzebu, príncipe dos demônios. (Mt 12.24-32).


3. Qual era o interesse da multidão? No dia seguinte ao milagre, a multidão seguiu para Cafarnaum em barcos, em busca de Jesus. Quando o encontraram, Jesus sabendo que estavam interessados apenas nos milagres, disse: Na verdade, na verdade vos digo que me buscais, não pelos sinais que vistes, mas porque comestes do pão e vos saciastes.” (Jo 6.26). Em seguida iniciou um discurso, no qual apresentou-se como o Pão da vida e disse que aqueles que comessem a sua carne e bebessem o seu sangue teriam a vida eterna. 


Este discurso soou tão forte, que até os seus discípulos se escandalizaram e muitos o abandonaram (Jo 6.60-66). Aquelas pessoas não creram, de fato, que Jesus é o Filho de Deus e não estavam dispostas a seguir os seus ensinamentos. Estavam interessados apenas em satisfazer as suas necessidades materiais. Quando Jesus falou do Pão da Vida que supriria as necessidades espirituais, não se interessaram. 


Havia vários tipos de pessoas entre as multidões que seguiam a Jesus: Os que queriam apenas se beneficiar dos milagres, mas, não queriam segui-lo; os curiosos, que queriam apenas ver se o que Ele fazia era verdade; e os inimigos dele, que procuravam apanhá-lo em alguma falha para o condenarem à morte. Os que seguiam a Jesus porque realmente creram nele, eram poucos. Até entre os doze apóstolos havia um traidor, que se vendeu para entregá-lo. 


Na atualidade também há muitas pessoas correndo em busca de sinais sobrenaturais e de benefícios de Deus para as suas vidas. Quando se fala em campanha da prosperidade e dos milagres, quem não chegar cedo não encontra lugar. Mas quando falamos da Palavra de Deus, mostrando a necessidade de arrependimento dos pecados, de renunciar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a Cristo para ter um tesouro no Céu, retiram-se tristes como o jovem rico. 


Existem também as falsas teologias, como a Teologia da Libertação, de alguns católicos, e a Teologia da Missão integral, no meio evangélico, que reduzem a mensagem de Cristo ao socorro dos necessitados. Estes teólogos costumam dizer que Jesus era socialista e que veio libertar os pobres da opressão dos ricos. Por outro lado, há a famigerada Teologia da prosperidade, no meio neopentecostal, que associa os milagres de Deus à prosperidade financeira, ao bem estar físico e ao sucesso pessoal e familiar neste mundo. 


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.38

Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1857

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, RIO DE JANEIRO: CPAD, p.1427..

22 abril 2025

Introdução à Lição 4: Jesus — o Pão da Vida

Ev. WELIANO PIRES

Na lição passada discorremos sobre a verdadeira adoração, com base no diálogo entre Jesus e a mulher samaritana. Jesus seguiu da Judéia para a Galiléia e tinha necessidade  de passar por Samaria, não por questão de rota, mas porque desejava alcançar não apenas a mulher samaritana, mas várias pessoas que foram alcançadas através dela. Durante o diálogo, Jesus explicou-lhe que o Pai procura adoradores que o adorem em Espírito e em verdade. 

Nesta lição, dando continuidade ao estudo do Evangelho segundo João, passaremos para o capítulo 6, versículos 1 a 14, que fala da primeira multiplicação dos pães. Ficaram de fora do estudo das lições deste trimestre, alguns assuntos importantes registrados entre os capítulos 4 e 6, como: A ceifa e os ceifeiros, a cura do filho de um oficial do rei, a cura do paralítico de Betesda e o discurso de Jesus, no qual Ele se declarou Filho de Deus igual ao Pai. 

Depois de presenciar o milagre da multiplicação dos pães e peixes, no dia seguinte, a multidão seguiu atrás de Jesus, mas estavam interessados apenas nos milagres. Jesus, então, fez um discurso e disse: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede”. (Jo 6.35). Evidentemente, aquela multidão e até os seus discípulos não entenderam, pois pensavam que Jesus falava literalmente que Ele era o pão que as pessoas deveriam comer e indagaram: “Como nos pode dar este a sua carne a comer?” (Jo 6.52). 

No primeiro tópico, falaremos dos detalhes do milagre da multiplicação dos pães. Inicialmente falaremos do contexto do relato joanino sobre a multiplicação dos pães e peixes. Na sequência, falaremos do milagre em si, que é diferente de outros milagres, pois mostra o poder ilimitado de Jesus ao trazer à existência algo que não existia. Por último, falaremos do interesse da multidão ao procurar Jesus no dia seguinte à multiplicação dos pães. 


No segundo tópico, veremos que Jesus desafiou a fé dos discípulos. Inicialmente falaremos a respeito da expressão “E subiu Jesus ao monte”, que era um local adequado para Jesus se dirigir aos discípulos e à multidão, pois naquela época não havia microfones. Na sequência, falaremos do desafio de Jesus aos discípulos, que escancarou a limitação deles para resolver problemas insolúveis, do ponto de vista humano. Por último, veremos a lição que Jesus nos ensina a respeito do moço que trazia consigo cinco pães e dois peixes. 


No terceiro tópico, falaremos de Jesus como o Pão que desceu do Céu. No primeiro subtópico, o comentarista repetiu o mesmo assunto tratado no terceiro subtópico do primeiro tópico, falando sobre o real interesse da multidão. Na sequência, falando sobre a expressão o Pão do Céu, falaremos da identidade divina de Jesus, quando diz: “Eu Sou”, que é uma característica exclusiva dos discursos de Jesus no Evangelho segundo João. Por último, falaremos do significado da expressão “comer do pão”.


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.38

Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1857

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, RIO DE JANEIRO: CPAD, p.1427.


21 abril 2025

JESUS — O PÃO DA VIDA


(Subsídio da Revista Ensinador Cristão /CPAD) 

Nesta lição, veremos que Jesus é o pão vivo que desceu do céu e dá vida aos homens. Essa analogia foi aplicada pelo Mestre para ensinar a Seus discípulos e seguidores que, além do suprimento material, há uma fome na alma do ser humano que precisa ser saciada. Quando fez essa declaração, Jesus confrontou os discípulos, bem como os judeus que o seguiam, endossando que Sua carne verdadeiramente é comida, e Seu sangue verdadeiramente é bebida (Jo 6.55). Num primeiro momento, esse discurso chocou muitas pessoas que o seguiam, até mesmo os doze discípulos mais próximos.


De acordo com Lawrence O. Richards, na obra Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento (CPAD), “a imagem não somente chocou os líderes judeus como os repeliu. De acordo com Levítico 17.11, a vida da carne está no sangue. O sangue pode ser derramado em sacrifício, mas beber sangue era completamente proibido, com a punição da expulsão do relacionamento do concerto. Embora Jesus claramente não pudesse estar falando literalmente, até mesmo a imagem era repulsiva para os judeus. Esta imagem também deve ter sido mal interpretada pelos cristãos. Alguns entenderam as palavras de Jesus no sentido literal e supuseram que Ele se referia aos elementos da Santa Ceia, que na tradição católica romana supostamente se transformavam no próprio corpo e sangue de Cristo, e na tradição luterana tornam-se uma única essência com o corpo e o sangue de Cristo. Entretanto, estas interpretações ignoram o uso metafórico de ‘pão’ tanto aqui quanto no restante das Escrituras [...]. Assim, até mesmo os patriarcas da igreja veem aqui uma poderosa metáfora da fé, a apropriação de Cristo, a bênção de entrar em união com Ele e compartilhar sua vida” (2007, p.213).


Ao observarmos a natureza da mensagem do Evangelho, fica claro que Jesus não estava falando do seu corpo físico, mas do memorial que lembraria Sua morte sobre a cruz (1Co 11.24,25). Mas, pelo fato de o buscarem apenas pela comida que perece, muitos o abandonaram depois dessa mensagem. Como seus seguidores da era atual, somos confrontados a ter um relacionamento verdadeiro com Jesus. Se Suas palavras não nos confrontam ou não geram reflexões profundas sobre nosso modo de viver e o exercício da fé, há algo de errado. Jesus finaliza o seu discurso, dizendo que quem não participa desse baquete não tem a vida em si mesmo (v.53). Somos desafiados diariamente a renunciar nossas vontades para fazer a de Cristo.

19 abril 2025

OITENTA ANOS DO MEU PAI


Na Fazenda Jatobá dos Pereiras
Meu pai, José Lopes Neto, nasceu
Até aos dez anos, ali permaneceu 
Naquela região de gente festeira 
Tinha muitos parentes na ribeira
Foi assim que tudo acontecu
Quando Izabel (Iaiá) concebeu
Ela e Antonio de Zuza geraram
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu

Expedita e Donana vieram primeiro
Eram dois meninos e três meninas
Criados sob rigorosa disciplina
Dos cinco filhos, Zé era o terceiro
Socorro e Abraão, os derradeiros
O casamento não sobreviveu
Lamentavelmente se rompeu
E até os filhos se separaram
Oito décadas já se passaram  
Desde o dia em que papai nasceu
 
Naquele tempo era diferente
Quando havia uma separação
Não havia o direito de pensão
Mulher separada antigamente
Não tinha apoio nem dos parentes
Nesse caso, um acordo prevaleceu
O pai com as meninas permaneceu
Os meninos, com a mãe ficaram 
Oito décadas já se passaram  
Desde o dia em que papai nasceu.

Com os meninos e em dificuldades
Dona Iaiá seguiu para o Sanharó
O seu padrinho não lhe deixou só 
Deu-lhe amparo na adversidade. 
Oferecendo-lhe hospitalidade
Dona Iaiá com os filhos sofreu 
No trabalho, nunca esmoreceu
E pela sobrevivência lutaram
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu.

Neste contexto de vida dura
Plantando cebola, alho e feijão
Sem ter motor, molhava no galão 
Meu pai enfrentava as agruras 
E o difícil trabalho na agricultura 
Os anos passaram e papai cresceu
A estas dificuldades sobreviveu
As lições em sua vida ficaram
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu.

Aprendeu o ofício de cabeleireiro
Como complemento da sua renda
Mas não deixou a vida na fazenda 
Pois a profissão não dava dinheiro 
Nem mesmo para um rapaz solteiro 
O amor em seu coração floresceu 
Por Nicinha, filha de um primo seu
Pouco tempo depois se casaram 
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu.

No Angico o casal fixou morada 
Na terra de Antonio Dom João 
Um velho amigo, de bom coração 
Passados dez anos de jornada 
A sua propriedade foi comprada
Cinco filhos Deus lhes concedeu:
Urbano, Maria Izabel, depois eu
Welliton e Paulo, a lista completaram
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu.

Meu pai se converteu à fé evangélica
E nesta doutrina nós fomos criados 
Desde a tenra idade fomos orientados
Lendo a  Bíblia e seguindo a sua ética
Meu pai nos transmitia a sua prédica 
O meu pai, realmente, se converteu 
Com a ajuda de Deus permaneceu
As dificuldades não lhe pararam
Oito décadas já se passaram 
Desde o dia em que papai nasceu.

Weliano Pires 

16 abril 2025

O ENCONTRO EM SAMARIA E DUAS PRECIOSAS LIÇÕES

(Comentário do 1° tópico da lição 03: A verdadeira adoração).

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico veremos alguns detalhes do encontro de Jesus com a mulher de Samaria e duas preciosas lições que podemos extrair desta conversa. Inicialmente, falaremos da necessidade de Jesus passar por Samaria. Na sequência, falaremos da necessidade que todo ser humano tem, com base na água viva que Jesus ofereceu à mulher samaritana. Por último, falaremos do lugar de adoração a Deus, que era uma questão central entre judeus e samaritanos. 


1. A necessidade de passar em Samaria. Jesus deixou a Judéia e foi para a Galiléia. O texto bíblico nos diz: “era-lhe necessário passar por Samaria”. Esta necessidade não era apenas uma questão de rota, mas uma missão que o Mestre tinha naquela cidade, não apenas com uma pessoa, mas com todo o povo de Samaria. Havia dois caminhos da Judeia a Samaria: uma rota mais curta, que passava por Samaria; e outra rota mais longa, que passava por Jericó e pelo rio Jordão, e não passava pelo território dos samaritanos. Os judeus mais radicais usavam esta segunda rota, embora fosse bem mais longa, para evitar qualquer contato com samaritanos.

Jesus parou junto ao poço de Jacó, enquanto os discípulos foram à cidade comprar comida. Neste intervalo de tempo, veio uma mulher de Samaria, por volta de meio dia, buscar naquele poço. Reconhecendo que Jesus era um judeu, provavelmente pelos traços físicos e vestimentas, a mulher sequer o cumprimentou. Jesus iniciou a conversa com a mulher pedindo-lhe água para beber. Devido à intriga histórica entre judeus e samaritanos, a mulher retrucou questionando a audácia de Jesus, sendo judeu, ao pedir água a uma mulher samaritana. 

Esta animosidade entre judeus e samaritanos vinha de muitos séculos, desde a revolta das dez tribos que formaram o Reino do Norte, seguindo a Jeroboão I, primeiro rei do Norte. Houve guerra entre os reinos do Norte e do Sul, nos primeiros reinados. Somente nos reinados de Acabe, do reino do Norte, e Josafá, do reino do Sul), houve uma união, inclusive com o casamento de Jeorão, filho de Josafá, com Atalia, irmã de Acabe. Depois da dinastia de Acabe, houve guerras novamente entre reis de Israel e de Judá. 

Entretanto, o auge do rompimento das relações entre judeus e samaritanos se deu a partir do cativeiro da Assíria, quando os israelitas do Norte foram levados para o cativeiro e o rei da Assíria trouxe outros povos para habitar na região. Estes povos se misturaram com os filhos de Israel, de sorte que os samaritanos não eram considerados israelitas pelos judeus.

Posteriormente, na época em que judeus retornaram do cativeiro babilônico e Neemias iniciou a reconstrução do templo, os samaritanos se uniram a Sambalate, Tobias e Gesém e tentaram de doas as formas impedir a reconstrução do templo. Fizeram falsas acusações a o rei da Pérsia contra os judeus e a obra foi interrompida (Ed 4.1-24). Depois, a construção foi retomada e concluída. Os samaritanos acabaram construindo um santuário no Monte Gerizin, para competir com o templo de Jerusalém. Este santuário foi destruído no período interbíblico. 


2. A necessidade do ser humano. Diante da negativa da mulher, Jesus falou que se ela conhecesse o dom de Deus e soubesse quem estava lhe pedindo água, ela é que pediria e receberia água viva, ou água corrente, que é uma água mais pura. A mulher, pensando que Jesus estava falando de água em sentido literal, retrucou dizendo que o poço era fundo e que Ele não teria uma vasilha para retirar a água. Jesus, então lhe que qualquer bebesse daquela água voltaria a ter sede, mas a água que Ele ofereceu faria na pessoa uma fonte que salta para a vida eterna e quem dela bebesse, nunca mais teria sede (Jo 4.9-13).

Imediatamente, a mulher se interessou e pediu a Jesus lhe desse daquela água, para que não precisasse mais voltar ali para buscar água (Jo 4.15). Jesus, que conhece tudo, disse à mulher que fosse chamar o seu marido. A mulher respondeu que não tinha marido e Jesus revelou toda a situação conjugal daquela mulher, que já estava no quinto casamento. A mulher compreendeu que Jesus era um profeta e perguntou a respeito do lugar da adoração correto onde se deve adorar. Os samaritanos diziam que era no Monte Gerizim e os judeus, por sua vez, diziam que era em Jerusalém. 

Para a mulher, aquele encontro parecia ter sido mera coincidência. Mas, ele foi minuciosamente planejado pelo Salvador, que conhecia perfeitamente a vida dela e veio saciar a sua verdadeira sede. Aprendemos com este encontro que toda pessoa necessita de Deus, independente da raça, credo, ou condição social. No evangelismo pessoal devemos usar a nossa criatividade e aproveitar as oportunidades para comunicar a mensagem de Salvação aos perdidos. 


3. O lugar de adoração a Deus. No decorrer da conversa, a mulher indagou Jesus, a respeito do verdadeiro lugar da adoração, pois, os seus antepassados samaritanos diziam que era no Monte Gerizim, o lugar onde se deve adorar. Este monte era conhecido como o lugar da bênção, pois foi de lá que Moisés proferiu as bênçãos para os israelitas que obedecessem a Deus (Dt 28.1-14). O Monte Ebal, por sua vez, era o lugar da maldição. Após o retorno dos judeus do cativeiro babilônico e a reconstrução do Templo em Jerusalém, os samaritanos construíram um santuário no alto do Monte Gerizim, para concorrer com o templo dos judeus. Mesmo após a destruição deste santuário, os samaritanos continuavam subindo a este monte para realizar os seus cultos. 

Os Judeus diziam que o lugar da adoração deveria ser no Templo, em Jerusalém. Neste aspecto, os judeus tinham razão, pois Deus escolheu Jerusalém no Antigo Pacto, como o local da adoração. Depois que Salomão edificou o templo e o consagrou a Deus, a glória de Deus se manifestou. Depois do cativeiro, Zorobabel reconstruiu o templo e os judeus voltaram a adorar ali. Herodes, o grande, reformou este templo para agradar os judeus. Todo judeu deveria ir a Jerusalém anualmente, pelo menos em três ocasiões: Na Páscoa, no Pentecostes e na festa dos Tabernáculos.

Entretanto, Jesus veio estabelecer uma Nova Aliança. Nesta Nova Aliança, a adoração não consiste em peregrinações a lugares sagrados, sacrifícios e tradições, mas reside na entrega total do nosso ser “espírito e em verdade”. Por isso, que não faz nenhum sentido um cristão  fazer peregrinações a Israel, em busca de materiais supostamente sagrados, ser batizado no Rio Jordão, ou fazer orações no Monte das Oliveiras, achando que isso fará alguma diferença. As viagens a Israel com o objetivo de conhecer melhor a geografia bíblica e fazer pesquisas são muito importantes, mas é preciso ter cuidado para não cair na idolatria. Da mesma forma, não faz sentido o cristão subir aos montes atualmente para orar, achando que a oração feita em montes é mais poderosa. 


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1422,1423. 

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 03: A VERDADEIRA ADORAÇÃO

Ev. WELIANO PIRES 

Na lição passada estudamos sobre a doutrina do Novo Nascimento, ou Regeneração, com base no capítulo 3 do Evangelho segundo João, que relata o encontro de Jesus com um respeitado mestre da Lei, chamado Nicodemos. 

Na lição desta semana, dando continuidade ao estudo do Evangelho segundo João, iremos para o capítulo 4 e estudaremos um dos temas centrais deste Evangelho, que é a verdadeira adoração, baseado no diálogo de Jesus com a mulher samaritana, no Poço de Jacó (Jo 4.23,24).

Evidentemente, há muitas lições importantes que podemos extrair desta longa conversa de Jesus com esta mulher, mas, conforme já mencionamos nas duas lições anteriores, não é possível estudar todas as temáticas do Evangelho segundo João, em apenas um trimestre. 

Jesus ia da Judéia para a Galiléia e decidiu passar por Samaria. Cansado do caminho, o Mestre parou junto ao poço de Jacó. Uma mulher de Samaria veio buscar água e Jesus pediu-lhe água. Reconhecendo que Jesus era um judeu, a mulher inicialmente mostrou-se hostil a Jesus, considerando a rivalidade histórica entre judeus e samaritanos. Depois de uma longa conversa, Jesus lhe ensinou a respeito da verdadeira adoração. 

No primeiro tópico veremos alguns detalhes do encontro de Jesus com a mulher de Samaria e duas preciosas lições que podemos extrair desta conversa. Inicialmente, falaremos da necessidade de Jesus passar por Samaria. Na sequência, falaremos da necessidade que todo ser humano tem, com base na água viva que Jesus ofereceu à mulher samaritana. Por último, falaremos do lugar de adoração a Deus, que era uma questão central entre judeus e samaritanos. 

No segundo tópico abordaremos o ensino de Jesus a respeito da verdadeira adoração. Falaremos da essência da adoração, com base nas palavras de Jesus à mulher samaritana, em João 4.24. Esta adoração não está relacionada a nenhum espaço geográfico. Na sequência, veremos que na Nova Aliança, Jesus é a base da verdadeira adoração e não há lugares sagrados para peregrinação e adoração. 
No terceiro tópico discorreremos sobre o significado de adoração na Bíblia. Primeiro veremos o conceito bíblico de adoração, com base nas palavras hebraicas e gregas traduzidas por adoração. Na sequência, falaremos da adoração como um ato de rendição a Deus, considerando que Ele é o Soberano de todo o Universo. Por último, falaremos da adoração como um ato de serviço a Deus. Neste aspecto, o adorador, entrega totalmente o controle da sua vida a Deus, como um sacrifício vivo, santo e agradável (Rm 12.1).

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1422,1423. 

14 abril 2025

A VERDADEIRA ADORAÇÃO



Subsídio da Revista Ensinador Cristão /CPAD. 

O episódio relatado nesta lição destaca um dos ensinamentos mais preciosos do Evangelho: a verdadeira adoração a Deus. Nos dias em que Jesus exerceu Seu ministério terreno, os judeus encontravam-se extremamente cegos e tomados por uma religiosidade vazia. Adorar a Deus verdadeiramente não era uma prioridade para os fariseus e líderes religiosos judeus. O encontro de Jesus com a mulher samaritana revela algumas verdades que vão de encontro ao padrão religioso daquela época. Primeiro, o Mestre vai ensinar que “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4.24a). Segundo, que o Pai procura a tais adoradores que assim O adorem (v.24b).

O discurso de Jesus para mulher samaritana revela que Deus se importa com a adoração, e não apenas isso, mas que essa adoração seja praticada “em espírito e em verdade”. A qualidade dessa adoração deve ser almejada pelos crentes. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) discorre sobre este tema: “Agora é o momento para que as antigas formas, limitadas em termos de lugar e de nação, sejam transformadas em uma adoração que é ao mesmo tempo pessoal, em espírito, e inteligente, em verdade. ‘Adorar em espírito significa que nós entregamos as nossas vontades à vontade de Deus, os nossos pensamentos e planos aos que Deus tem para nós e para o mundo... Em verdade significa que não estamos adorando uma imagem’ de Deus, feita segundo as nossas próprias ideias... somente Cristo nos apresentou ao Deus ‘verdadeiro’ ou ‘real’. A palavra-chave em toda esta ideia é Pai. Ele é o objeto de adoração e aquele que procura os que o adoram em espírito e em verdade. ‘Quando Deus se revelar como o Pai universal... as limitações de espaço estarão acabadas e tanto o conhecimento quanto a adoração a Deus serão mediados por meios puramente espirituais’. A natureza do objeto de adoração, Deus é Espírito (24; cf. 1Jo 1.5; 4.8), determina as condições necessárias para a adoração. Importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (v.24)” (2006, Volume 7, pp.58,59).


Devemos considerar que a natureza do relacionamento com Deus não está restrita à frieza da lei, observada pelos fariseus e religiosos que ocupavam a cadeira de Moisés naqueles dias. O verdadeiro cumprimento da lei está gravado no coração daqueles que entendem a mensagem transformadora do Evangelho e recebem o Espírito Santo, conforme profetizou Jeremias (Jr 31.33). Que nosso relacionamento com o Pai seja tão verdadeiro quanto nossa adoração.

O ESPÍRITO HABITA OS DISCÍPULOS

(Comentário do 2° tópico da Lição 10: A promessa do Espírito).  Ev. WELIANO PIRES  No segundo tópico, falaremos da habitação do Espírito San...