04 março 2022

OS PROFETAS MENORES


(Comentário do 2º tópico da Lição 10: As profecias despertam e trazem esperança) 


Os profetas menores são assim chamados, como já falamos, devido ao tamanho dos seus livros. Nas Escrituras Hebraicas eles formam um único livro, chamado de "Os Doze". Na Septuaginta são chamados de "Dodekapropheton", que significa "Os Doze profetas". Para efeitos didáticos, o nosso comentarista dividiu-os em três grupos: profetas do Reino do Norte, Profetas pré-exílio e Profetas pós-exílio. Depois fala sobre os demais profetas menores que profetizaram contra outras nações, como Jonas, Obadias e Naum. 


1- Os profetas do Reino do Norte. Entre os profetas menores, apenas dois profetizaram no Reino do Norte: Oséias e Amós. Estes dois profetas denunciaram os pecados do Reino do Norte, advertindo o povo para que se arrependesse, senão viria o cativeiro. Infelizmente não foram ouvidos. Veio o cativeiro da Assíria, o povo do Reino do Norte foi levado para fora da sua terra e não retornou mais. 

a. Oséias. O nome Oséias significa "salvação''. É parecido com os nomes de Josué e de Jesus, respectivamente Yehoshua e Yeshua em hebraico, mas estes significam “Yahweh é Salvação”. O profeta Oseias era filho de Beeri e profetizou no Reino do Norte, durante o reinado de Jeroboão II. No primeiro versículo são mencionados três reis de Judá e apenas um de Israel: “Uzias, Jotão, Acaz Ezequias, reis de Judá, e Jeroboão II, rei de Israel” (Os 1.1). Este fato faz alguns a sugerirem que Oséias tenha exercido o seu ministério profético no Reino do Norte e escreveu o seu Livro no Reino do Sul, embora a sua mensagem seja para o Reino do Norte. 

Oséias profetizou em um tempo de paz e prosperidade econômica no Reino do Norte, porém, era uma época de grande infidelidade a Deus, devassidão moral e  apostasia generalizada. Oséias denunciou em seu livro, as alianças com o Egito e a Assíria (Os 5.13; 7.11; 8.9; 12.1; 14.3); Condenou a idolatria (Os 10.5), a prostituição (Os 6.10), a luxúria (Os 4.10), os homicídios, roubos, enganos e opressão aos pobres (Os 5.2; 7.1; 12.7). Denunciou também os pecados dos sacerdotes que aceitavam suborno do povo (Os 6.9).

Para ilustrar a sua mensagem, Deus ordenou a Oséias que se casasse com uma prostituta chamada Gômer e tivesse filhos com ela (Os 1.2). Este casamento com uma mulher infiel era um símbolo da infidelidade de Israel a Deus. Os filhos deste casamento receberam, por ordem de Deus, os seguintes nomes, com os seus respectivos significados: 

  • Jezreel: Simbolizando que a dinastia de Jeú haveria de ser completamente destruída; 

  • Lo-Ruama:  Significa “a quem não se demonstrou misericórdia”. Era uma profecia sobre o cativeiro assírio; 

  • Lo-Ami: Significa “não meu povo”. Indica a rejeição temporária de Israel (cf. Rom. 11.1-24); 

  • Ami: Significa “meu povo”. Aponta para a restauração final da nação de Israel no Milênio. (cf. Rom. 11.25,26).

Apesar da mensagem de Oséias ser de denúncia do pecado e ameaças de um cativeiro iminente, temos também as promessas de Deus de um futuro glorioso para os remanescentes fiéis. Esta promessa incluía perdoar o seu povo, renovar a Aliança e derramar bênçãos abundantes sobre eles (Os 1.10,11; 2.1-23; 14.1-7).

b. Amós. Amós era natural de Tecoa, uma aldeia que ficava a cerca de 15 quilômetros ao sul de Jerusalém. O período do seu ministério foi o mesmo de Oséias e ele foi contemporâneo também dos profetas Jonas, Isaías e Miquéias. Amós não era filho de profeta e não passou pela escola de profetas. Era cuidador de bois e agricultor, nas palavras dele, “boieiro e cultivador de sicômoros” (7.14). Sicômoro era uma espécie de figos silvestres, que servia de comida aos pobres. Foi chamado por Deus para profetizar em Betel, onde ficava o centro religioso do Reino do Norte (Am 4.4). Foi ali que o primeiro Jeroboão construiu altares, bezerro de ouro, constituiu sacerdotes e instituiu a idolatria no Reino do Norte (1 Rs 12.28-33). Em Betel, Amós enfrentou a oposição ferrenha do sacerdote Amazias que era ligado ao rei Jeroboão II (7.10-16). 

A primeira coisa que o livro de Amós nos mostra é que Deus chama quem Ele quer para exercer o ministério. Amós não tinha tradição de profeta, não era sacerdote, nem escriba. Era um homem simples, de origem humilde, de um vocabulário limitado, que lidava com bois e plantio de sicômoros. Além disso, era natural do Reino do Sul e foi enviado para profetizar no Reino do Norte. Mas Deus o chamou para ser profeta de uma nação que parecia próspera e bem-sucedida. 

Amós profetizou contra a idolatria e denunciou as injustiças sociais ea violência, no próspero reinado de Jeroboão II. Profetizou também o castigo para os pecadores que insistiam em viver no pecado. O livro de Amós é considerado “O livro da justiça de Deus”, pois ele mostra aos religiosos, a necessidade de se incluir na adoração a justiça e retidão. A profecia de Amós ataca direta e corajosamente as instituições de Israel e confrontando os males que assolavam os fundamentos sociais, morais e espirituais da nação. 

Assim como Oséias, Amós também encerra o seu livro com a promessa de um futuro glorioso para Israel. (Am 9.11-15). Infelizmente a nação rejeitou as suas advertências e as ameaças de cativeiro se cumpriram 50 anos depois. Mas a promessa da restauração de Israel continua e se cumprirá plenamente no Reino Milenial de Cristo.  


 2- Os profetas Pré-exílio. Dos profetas menores, quatro profetizaram em Judá, no período que antecedeu o cativeiro Babilônico: Joel, Miquéias, Habacuque e Sofonias. Todos eles condenaram o pecado e anunciaram o juízo emitente. Mas, destacaram também a misericórdia divina e promessas de restauração do seu povo. 

a. Joel. O nome Joel significa “Yahweh é Deus”. Temos pouca informação sobre a vida pessoal do profeta. Sabemos apenas que ele profetizou em Judá, por volta do ano 835 a.C., durante o reinado de Joás (2 Cr 22–24). Pelo contexto histórico do é possível que Joel tenha conhecido Elias na sua infância e tenha sido contemporâneo de Eliseu. 

O livro de Joel foi escrito em forma de poema profético. Joel profetizou logo após a devastadora praga de gafanhotos que havia assolado a Palestina (1.1-2.27). Em seguida conclama o povo ao arrependimento, antes que seja tarde demais. Depois ele fala de eventos do fim dos tempos (2.28; 3.21), com ameaças e promessas. O principal evento escatológico do livro é o derramamento do Espírito Santo, cujo cumprimento foi citado por Pedro no Dia de Pentecostes  (At 2.15-21). 

b. Miquéias. O nome de Miquéias significa “Quem é como Yahweh?”. Na Septuaginta o seu nome é Michaías. Era um profeta de origem humilde, natural da cidade de Moreste-Cate (Mq 1.1,14; Jr 26.18), localizada a aproximadamente 40 quilômetros ao sudoeste de Jerusalém. Miquéias profetizou durante os reinados “de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá” (Mq 1.1). Portanto, entre 735 a.C. e 710 a.C. 

O tema principal de Miquéias é a ira divina contra os pecados de Samaria e de Jerusalém. Miquéias profetizou  contra a idolatria e denunciou a opressão aos pobres e o colapso da justiça nacional (Mq 1.5; 2.1,2; 3.9-11). Denunciou também a falsa espiritualidade, anunciou a destruição de Jerusalém pelos babilônicos e a restauração de Israel (Mq 3.12; 4.10). Profetizou também que o nascimento do Messias seria em Belém (Mq 5.2; Mt 2.1,4-6). Foi citado pelo Senhor Jesus (Mq 7.6; Mt 10.35,36). 


c. Habacuque. O nome Habacuque significa “aquele que abraça” e no final da sua profecia o nome faz sentido, pois, o profeta se apegou a Deus. Não temos informações no livro ou em outra parte da Bíblia sobre a pessoa do profeta. O livro o identifica apenas como “o profeta Habacuque”. Isso pode ser um indicativo de que ele era bem conhecido. As referências ao templo (Hc 2.20) e a oração em forma de canto no capítulo 3, com referência ao cantor-mor e instrumentos musicais, são indicativos de que Habacuque deve ter sido um levita e cantor do templo. Habacuque iniciou seu ministério por volta do ano 609 a.C., no governo de Jeoaquim, rei de Judá (2 Rs 23.30-34) e profetizou durante os últimos momentos do império da Assíria e início da ascensão da Babilônia. Foi contemporâneo de Jeremias, Ezequiel, Daniel e Sofonias. 

O livro de Habacuque começa com a perplexidade do profeta diante da violência e iniquidade que presenciava. Diante disso, ele clama a Deus com várias perguntas, questionando porque Deus não o responde e por que Deus permitia que os ímpios (Caldeus) punissem ao povo de Israel (Hc 1.4-6). No capítulo 2, o Senhor lhe responde e diz: “Escreve a visão e torna-a bem legível sobre tábuas, para que a possa ler o que correndo passa.” (Hc 2.2). O Senhor lhe mostra que o povo de  Judá não é justo e merece a punição. No capítulo 3, Habacuque faz uma oração em forma de canto, suplicando a misericórdia do Senhor,  louvando-o por seu poder e demonstrando a sua confiança em Deus em qualquer circunstância. O versículo chave de Habacuque é: “O justo viverá pela sua fé (fidelidade)”. (Hc 2.4).

d. Sofonias. O nome Sofonias significa “O Senhor esconde”. O livro inicia relatando a sua genealogia, chegando ao rei Ezequias: “Palavra do Senhor vinda a Sofonias, filho de Cusi, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá.” (Sf 1.1). Portanto, ele era tetraneto do rei Ezequias e profetizou durante o reinado do rei Josias. 

Em seu Livro, Sofonias denuncia os pecados dos moradores de Judá (Sf 1.4) e dos príncipes (Sf 1.8) e anuncia a destruição que viria no “grande dia do Senhor” (Sf 1.14). A sua profecia condena o culto a Baal, a prática da astrologia, a profanação dos sacerdotes e a conduta enganosa e violenta da família real. O anúncio das destruições no “dia do Senhor” é visto também como uma referência aos acontecimentos apocalípticos dos últimos dias. (Sf 1.4-18 e 2.4-15).

Há também em Sofonias, o propósito de despertar os remanescentes para que se voltassem para Deus, para que fossem salvos da destruição que viria no dia do Senhor (Sf 2.1-3) e desfrutar as bênçãos do reino de Deus (Sf 3.8-20).


3- Os profetas pós-exílio.  Três profetas profetizaram após o cativeiro de Judá: Ageu, Zacarias e Malaquias. Estes profetas profetizaram logo após o retorno do cativeiro, quando o povo estava desanimado e indiferente às coisas do Senhor. 

a. Ageu. O nome Ageu significa “festivo”, provavelmente por ter nascido em um dia de festa. Não temos informações sobre ele na Bíblia. O seu nome aparece nove vezes em seu próprio livro e duas no livro de Esdras (Ed 5.1; 6.14). Ageu foi o primeiro profeta a atuar no pós-exílio. O seu chamado se deu a cerca de dois meses antes de Zacarias receber o primeiro oráculo: “no ano segundo do rei Dario” em 520 a.C (Ag 1.1; Zc 1.1). Assim como Habacuque, Ageu identifica-se apenas como o “profeta Ageu”, num indicativo de que era bem conhecido.

É provável que Ageu tenha nascido na Babilônia e era criança, na época do decreto do imperador Ciro, que autorizou a volta dos judeus à sua terra, pois não foi citado antes de 520 a.C. Em 539 a.C, o imperador Ciro baixou um decreto que pôs fim ao cativeiro dos judeus e os primeiros judeus retornaram do cativeiro e iniciaram a reconstrução do templo. Porém, após a morte de Ciro, o seu filho Cambises deu ouvidos às acusações dos inimigos dos judeus e embargou a obra (Ed 4.23).

Após a morte de Cambises, Dario Histaspes assumiu o trono e autorizou a retomada da obra, que estava parada há 17 anos. Entretanto, o povo mostrava-se desinteressado e indiferente. Cada um queria cuidar da própria vida. Ageu foi usado por Deus para despertar e convencer o governador Zorobabel, o sacerdote Josué e os líderes do povo, para terminarem a reconstrução do templo (Ag 1.2-9; 2.2,4). O profeta falou sobre a crise econômica que o povo atravessava e disse que aquilo era porque a casa de Deus estava deserta. Eles trabalhavam, colhiam, mas era insuficiente. Era como se colocassem dinheiro em um saco furado. Deus prometeu que iria providenciar os recursos necessários à obra e que “a glória desta última casa seria maior que a da primeira”. (Ag 2.9). O povo deu ouvidos a Ageu. O Espírito Santo trouxe um verdadeiro avivamento e o templo foi concluído em 516 a.C. O livro termina com uma mensagem de esperança. Deus promete abalar céus e terra para abençoar o seu povo, e, numa referência a Cristo, estabelecer o seu Reino para sempre (Ag 2.21-23).

b. Zacarias. O nome Zacarias significa “Yahweh lembra”. O seu avô, Ido (1.1), era sacerdote e veio do exílio à Jerusalém no grupo liderado por Zorobabel, filho de Sealtiel, e Josué, filho de Jozadaque (Ne 12.1-4). Portanto, Zacarias era de uma família sacerdotal, assim como Jeremias (Jr 1.1) e Ezequiel (Ez 1.3). É provável que o seu pai, Baraquias, tenha falecido quando ele ainda era criança e Zacarias fora criado por seu avô, pois Esdras, o chama apenas de “filho de Ido” (Ed 5.1). Zacarias foi contemporâneo de Ageu, mas o seu ministério profético  foi mais extenso, pois ele menciona os oráculos entregues dois anos após o seu chamado (7.1).

Zacarias, assim como Ageu, também exortou o povo a retomar a construção do templo. Mas, o seu livro é mais escatológico. O contexto histórico é o mesmo do livro de Ageu. Entretanto, a mensagem de Ageu era mais imediata, focando nos problemas que o povo passava naquele momento. Zacarias, por sua vez, profetiza para um futuro mais amplo e remoto. 

O propósito imediato das revelações escatológicas dadas por Deus a Zacarias era também responder a um estado pelo qual o povo de sua época passava, a fim de consolar e animar os judeus em seu estado calamitoso pós-exílio. Zacarias trata também da questão do jejum, exortando ao povo de que o jejum não é apenas a abstinência de alimentos e precisa está acompanhado da bondade e justiça para com o próximo (Zc 7.9-11).

Deus queria que o povo se reerguesse, pois no futuro a nação israelita seria totalmente restaurada e seria a sede do governo messiânico (Zc 2.10-13). O tema central do livro de Zacarias, enfatizado nos últimos capítulos, é o Messias. Zacarias teve oito visões que tratam da restauração de Israel e da vinda de tempos de prosperidade para o seu povo. Estas visões se referem ao futuro, em que o “Servo de Deus” (Jesus Cristo), haverá de reinar.

c. Malaquias. O nome Malaquias em hebraic é mal’achi, que significa “meu mensageiro”. A Septuaginta o traduz por “angelo sou” que significa  “seu mensageiro, seu anjo”. Alguns sugerem que não se trata de um nome próprio e apenas de uma designação de que ele era um mensageiro de Deus. Entretanto, nenhum dos doze profetas menores são anônimos. Portanto, não há razão para pensarmos que Malaquias seria diferente. Não temos informações no livro sobre as origens do profeta, nem o reinado em que ele profetizou. Entretanto, as evidências internas como a expressão “governador” (heb pehah) (Ml 1.8) e o seu equivalente na língua persa (tirsata),  foram aplicadas a Neemias (Ne 7.65). A indiferença religiosa, com a frouxidão moral dos levitas e o divórcio e casamento com mulheres estrangeiras também são características da época de Neemias. 

O livro de Malaquias tem apenas quatro capítulos, com perguntas retóricas, condenando a formalidade religiosa, a prática da corrupção generalizada entre sacerdotes e escribas e o despertamento da nação de Judá. Malaquias faz duras críticas aos que não honram a Deus como Pai e desprezam os sacrifícios oferecendo-os de forma profana e com indiferença. Critica também o divórcio e os casamentos mistos e fala sobre a infidelidade nos dízimos e ofertas. Por último, Malaquias conclui com as profecias referentes ao Dia do Senhor (4.1-6), que inclui ameaças aos  arrogantes e malfeitores (Ml 4.1); um dia de triunfo para os justos (Ml 4.2,3); e a restauração dos relacionamentos entre pais e filhos e entre o povo de Deus (Ml 4.4-6).


4- Os demais profetas. Os três profetas menores restantes: Jonas, Obadias e Naum, profetizaram contra os assírios e os edomitas. 

a. Jonas. O nome “Jonas” em hebraico é “yonah” e significa “pomba”. Jonas  é apresentado em seu livro apenas como filho de Amitai (1.1). Ele também é mencionado em partes bíblicas como um profeta do Reino do Norte, natural de Gate-Hefer, da tribo de Zebulom, que viveu na época de Jeroboão II (2 Rs 14.23-25). 

Jonas foi enviado por Deus à grande cidade de Nínive, capital da Assíria (Jn 1.2), com uma mensagem de destruição, por causa da maldade extrema daquele povo (Jn 1.3). Entretanto, inicialmente Jonas não quis ir, pois pensou consigo que o povo iria se arrepender e Deus, sendo misericordioso, não iria destruí-los. É bem provável que Jonas desejasse a destruição dos assírios, que eram cruéis inimigos do povo de Israel. Os assírios torturavam barbaramente os seus inimigos, ao ponto de empalar os homens, jogar bebês para cima e apará-los com a espada e abrir o ventre de mulheres grávidas vivas. 

O profeta, então, resolveu pegar um navio para Társis e ‘fugir da presença do Senhor’. Isso nos leva a crer que Jonas desconhecia a Onipresença de Deus. Mas Deus enviou uma grande tempestade na região em que ele navegava. Os marinheiros se desesperaram com a tempestade, lançando ao mar a carga para aliviar o navio e invocando os seus deuses. Jonas dormia profundamente no porão do navio e foi acordado pelos marinheiros, que indagaram sobre a sua origem e crença. O profeta, então declarou que era judeu e estava fugindo de Deus e que por isso, veio aquela tempestade. Orientou também os marinheiros para que o lançassem ao mar que a tempestade cessaria. E assim aconteceu. 

O Senhor enviou um grande peixe para que tragasse Jonas. No ventre do peixe, Jonas fez uma oração, confessando o seu pecado e pedindo a Deus que o livrasse, que ele iria cumprir a ordem de Deus. O peixe, então, vomitou a Jonas na terra seca. Pela segunda vez, Deus ordenou que Jonas que fosse a Nínive e pregasse a sua destruição. Desta vez Jonas foi e, por três dias, entregou a mensagem que Deus lhe mandou. Entretanto, esta mensagem chegou ao rei. O rei decretou um jejum geral, inclusive dos animais e ninivitas se arrependeram. Deus, então, se compadeceu deles e resolveu não destruí-los.  

Jonas ficou desgostoso porque Deus não destruiu a cidade e disse que queria morrer. Deus fez nascer uma aboboreira para que fizesse sombra onde Jonas estava e ele se alegrou novamente. Porém, no mesmo dia, Deus fez uma formiga ferir a raiz da planta e ela secou-se. Jonas novamente se entristeceu. Através deste episódio, Deus perguntou a Jonas: Tiveste tu compaixão da aboboreira, na qual não trabalhaste, nem a fizeste crescer, que numa noite nasceu, e numa noite pereceu; E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais? (Jn 4.10,11). 

A mensagem do livro de Jonas continua atual. Deus continua se compadecendo dos mais terríveis pecadores e deseja salvá-los. Para isso, Ele envia os seus servos para que lhes preguem a mensagem de arrependimento para a salvação. Entretanto, muitos não querem ir. Alguns até desejam que Deus os destrua, por causa da maldade. 


b. Naum. O nome de Naum significa “consolação”. O livro não oferece informações sobre o profeta. A única informação sobre ele é “o elcosita”.  A localização da aldeia de Elcós é incerta, mas provavelmente ficava em Judá. Alguns estudiosos sugerem que ele era da região da Galiléia, pois, o nome de Cafarnaum significa “Aldeia de Naum’.  

A mensagem do Livro de Naum descreve o juízo de Deus contra a cidade de Nínive, pois Naum começa seu livro com a expressão “peso de Nínive”. Os assírios eram conhecidos por suas conquistas e pela crueldade com que tratavam os povos dominados. Com a mensagem do profeta Jonas, eles se arrependeram e atrasaram a sua destruição em 150 anos. Mas voltaram às mesmas maldades e a destruição foi inevitável. 

O livro tem apenas três capítulos. O primeiro fala das características da administração da Justiça de Deus (1.2-7), da ruína iminente de Nínive (1.8-11.14) e de um consolo para Judá (1.12,13,15). O segundo capítulo fala a respeito da queda de Nínive. O terceiro capítulo fala sobre as razões de Deus para a destruição de Nínive, 

c. Obadias. Obadias é o menor livro do Antigo Testamento, contendo apenas um capítulo com vinte e um versículos. Nada sabemos sobre a pessoa do profeta Obadias, a não ser por tradições que falam sobre ele, que não são dignas de confiança.

O assunto do livro é a ira de Deus contra os edomitas, que eram os descendentes de Esaú. Os edomitas tinham se aliado a outras nações contra Judá e se alegram com a destruição de Jerusalém e com os sofrimentos terríveis causados pelo cativeiro babilônico. Além disso, ajudavam aos saqueadores, maltratavam e vendiam como escravos os judeus que fugiam. Os edomitas eram primos dos israelitas, pois eram filhos de Esaú, irmão de Jacó. Entretanto ao invés de ajudá-los, preparavam emboscadas, capturavam e entregavam os judeus fugitivos aos invasores. O livro se divide em três partes principais: a destruição de Edom (vv.1-9); a sua maldade (vv.10-14) e o dia do Senhor sobre Edom, Israel e as demais nações (vv.15-21).



REFERÊNCIAS: 


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

COELHO, Alexandre e DANIEL, Silas. Os Doze Profetas Menores. Editora CPAD. pág. 9-10; 17-18; 25-26; 32-33; 56-57; 73-75; 80-81; 88-89; 94-95;  105-107.    

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. págs. 3441; 3483-3484; 3505-3506; 3441; 3483-3484; 3537-3538; 3569-3570; 3631. 3645; 3659-3560; 3701-3702.        


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Pb. Weliano Pires


02 março 2022

OS PROFETAS MAIORES


(Comentário do 1º tópico da Lição 10: As profecias despertam e trazem esperança). 

O profeta era alguém que recebia uma mensagem de Deus, por inspiração, revelação, ou visão para transmiti-la ao povo. O primeiro a ser chamado de profeta na Bíblia foi Abraão (Gn 20.7). No Novo Testamento descobrimos que o primeiro profeta foi Enoque, o sétimo depois de Adão, que viveu muito antes de Abraão (Jd 14). 

1- Os profetas e a profecia. Segundo o Dicionário Vine, publicado pela CPAD, a palavra grega usada para profecia é ‘propheteia’, que significa “descrição antecipada da vontade de Deus, quer com referência ao passado, quer do presente ou futuro.” (Gn 20.7; Ap 1.19 ). Os profetas no Antigo Testamento não eram adivinhos, ou apenas pessoas que previam o futuro, como muitos imaginam. O ministério profético consistia em transmitir a mensagem de Deus ao povo de Israel e até a outras nações. Esta mensagem poderia ser sobre o futuro, ou denúncias contra o pecado e advertências. 

Em hebraico há três palavras usadas para se referir a profeta:

a. Nabi. Alguém que proclama uma mensagem recebida; um porta voz, mensageiro, ou anunciador. Esta palavra aparece mais de 300  vezes no Antigo Testamento. A palavra aparece também na forma feminina para se referir a Mirian, Hulda, Noadias e à esposa do Profeta Isaías. 

b. Chozeh. Significa uma pessoa que tem visões. É traduzida como vidente. Nos dias do profeta Samuel, os profetas eram chamados de “Chozeh” (vidente) e eram consultados, para saber a vontade de Deus, antes de tomar decisões.  

c. Roeh. Também significa vidente, com o sentido de alguém que faz previsões sobre o futuro.


Estas três palavras aparecem em 1 Crônicas 29.29: “Os atos, pois, do rei Davi, assim os primeiros como os últimos, eis que estão escritos nas crônicas de Samuel, o vidente (roeh), e nas crônicas do profeta (nabi) Natã, e nas crônicas de Gade, o vidente” (Chozen).


No antigo Testamento havia três tipos de profetas: 

a. Profetas literários ou canônicos. São os que deixaram as suas profecias escritas. 

b. Profetas não literários. São os que profetizaram, mas não escreveram, ou os seus escritos se perderam.

c. Profetas cúlticos. São aqueles cujas profecias estavam ligadas ao culto. (2 Cr 29.21-24). Em alguns salmos aparece esta categoria de profeta. 


O nosso estudo nesta lição se refere apenas aos profetas literários, denominados “profetas maiores” e “profetas menores”. Os profetas em Israel no período da monarquia eram pessoas que tinham acesso ao palácio e eram requisitados nas mais diversas situações para transmitir a Palavra de Deus. Em casos de reis ímpios, muitos deles foram perseguidos, presos e até mortos, quando a mensagem de Deus em sua boca denunciava e condenava as ações dos reis. 


2 - Os profetas Isaías e Jeremias. 

a. Isaías. O profeta Isaías, filho de Amós, profetizou no reino do Sul, durante quatro reinados: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (Is 1.1). O Seu nome significa “Salvação de Yahweh”. O seu livro contém 66 capítulos e o tema central é salvação. Isaías profetizou por cerca de 60 anos, entre os anos 740 e 680 a.C. Durante este período, houve dois acontecimentos marcantes: o Reino do Norte foi levado para o cativeiro da Assíria em 722 a.C. e Senaqueribe invadiu Judá em 701 a.C., fazendo duras ameaças ao rei Ezequias.

O alcance profético de Isaías é muito vasto. Isaías profetizou bem antes do cativeiro babilônico e profetizou sobre a queda da Babilônia e sobre o futuro de outros reinos do Oriente Médio. Profetizou também sobre o retorno dos Judeus do cativeiro, citando o imperador persa Ciro, cem anos antes do seu nascimento.

Isaías é chamado de profeta messiânico, pois, foi o que mais falou sobre a vinda  do Messias, sobre o seu nascimento virginal, os seus sofrimentos (Is 7.14); a sua descendência de Davi (11.1); os seus sofrimentos (53.4-9); e seu ministério de libertação (61).

b. Jeremias. O profeta Jeremias era sacerdote de Anatote e filho de Hilquias. Foi chamado por Deus, ainda muito jovem, para ser profeta, em 626 a.C. Profetizou no Reino do Sul, durante os reinados de Josias, Jeoacaz, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias, nos dias que antecederam o cativeiro e durante o cativeiro. Sofonias e Habacuque foram seus contemporâneos no início do ministério e Daniel no final.

O ministério durou cerca de quarenta anos. O seu nome significa “Yahweh estabelece”. É conhecido como o “profeta das lágrimas”, devido às suas lamentações pela dor do seu povo. Jeremias teve poucos amigos e enfrentou muitas lutas com falsos profetas, que entregavam mensagens de prosperidade, quando Deus falava de julgamento. Assim como Isaías, o ministério profético de Jeremias também foi muito abrangente, com profecias para várias nações. Jeremias também profetizou o retorno do cativeiro (Jr 50.19,20), a vinda do Messias como um renovo de Justiça (Jr 33.15) e escreveu o Livro de Lamentações descrevendo os horrores sofridos pelos judeus, quando os exércitos da Babilônia invadiram Jerusalém. São cinco poemas, onde os quatro primeiros são de tristeza e lamento e o quinto é uma oração com confissão de pecados e pedido de libertação e renovo.


Os profetas Isaías e Jeremias, não apenas profetizaram os julgamentos de Deus, mas anunciaram também o despertamento e a esperança. Isto nos mostra que Deus age com rigor contra os pecadores impenitentes, mas é misericordioso e compassivo e oferece esperança aos que se arrependem. 


3- Os profetas Ezequiel e Daniel. Os profetas Ezequiel e Daniel profetizaram durante o cativeiro babilônico, no exílio. Ezequiel era um sacerdote, que foi levado para o cativeiro e Daniel era um jovem membro da alta nobreza de Judá, provavelmente pertencente à família real. 

a. Ezequiel. O seu nome significa "sustentado por Deus". Era filho de Buzi e pertencia à classe sacerdotal em Jerusalém. Foi levado para a Babilônia por Nabucodonosor em 597 a.C. Na Babilônia foi chamado por Deus para o ministério profético, a fim de admoestar o povo no exílio, que continuava com o coração obstinado. A sua mensagem consistia em avisar ao povo da necessidade de arrependimento para a restauração e libertação do cativeiro.  Ezequiel teve várias visões de Deus, sobre a situação de Israel no cativeiro e no futuro, como a famosa visão do vale de ossos secos, descrita no capítulo 37. Era chamado por Deus de "Filho do homem", uma referência à sua identificação com o seu povo. Ezequiel profetizou a restauração de Israel (Ez 34.1-39.29); a vinda do Messias como pastor e rei Ez 34.23,24); e como fonte de águas vivas (Ez 47.1,2).

b. Daniel. O seu nome significa "Deus é meu juiz". Era um jovem que fazia parte dos nobres de Judá e foi levado para a Babilônia, a fim de ser ensinado na cultura e ciência dos caldeus, para servir ao Palácio de Nabucodonosor. Logo que chegou à Babilônia, Daniel se notabilizou por sua fé em Deus e conduta diferenciada, abatendo-se de qualquer contaminação no exílio. Foi usado por Deus na interpretação dos sonhos de Nabucodonosor e na leitura e interpretação da Escritura que apareceu na parede de Belsazar. 

Foi um dos três principais ministros do rei Dario e, por inveja dos seus companheiros, foi lançado na cova dos leões. Mas Deus o livrou da morte. Daniel estudou as profecias de Jeremias e entendeu que o cativeiro duraria 70 anos (Jr 25.11,12; 29.10). Ele, então, resolveu orar, reconhecendo o pecado do povo e pedindo misericórdia ao Senhor, com súplicas e jejuns. O Senhor respondeu a oração de Daniel e enviou o seu anjo para trazer-lhe as respostas. O inimigo se opôs ao anjo, tentando impedi-lo de responder ao profeta. Daniel continuou orando por 21 dias e Deus enviou o arcanjo Miguel para pelejar contra o inimigo e trazer a resposta a Daniel. Deus mostrou em visão a Daniel, as coisas que iriam acontecer, os impérios mundiais que iriam surgir, a vinda do Messias e fatos relacionados à Grande Tribulação e ao Milênio. O Livro de Daniel é considerado por estudiosos das profecias como “O Apocalipse do Antigo Testamento”. 


REFERÊNCIAS:


BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.    

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. págs. 2780; 2984; 3197-3199; 3367-3368.    

SWIM, Roy E. Comentário Bíblico Beacon. Daniel. Editora CPAD. Vol. 4. pág. 500.

ESCOBAR, Juan Carlos. Profetas e Visionários. Rio de Janeiro: CPAD, 2016, pp.23,27).       



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Pb. Weliano Pires


01 março 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 10: AS PROFECIAS DESPERTAM E TRAZEM ESPERANÇA.


REVISÃO DA LIÇÃO ANTERIOR

Na lição passada estudamos o tema: AS HISTÓRIAS E AS POESIAS FALAM AO CORAÇÃO. Falamos resumidamente sobre duas categorias dos livros do Antigo Testamento em nossa Bíblia: 

1. Os livros históricos: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Estes livros registram as narrativas daquilo que Deus fez para o povo de Israel e através dele, desde a conquista da terra prometida, até os cativeiros da Assíria e Babilônia.

2. Os livros poéticos: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. São livros que expressam sentimentos e pensamentos do ser humano e mostram a sabedoria de Deus através da poesia e prosa hebraicas. 

No primeiro tópico, estudamos as histórias do Antigo Testamento, discorrendo sobre as narrativas de Josué e Juízes e sobre as histórias dos reis de Israel e Judá;

No segundo tópico, falamos sobre a estrutura e características livros poéticos e de sapienciais do Antigo Testamento;

No terceiro tópico, falamos sobre a mensagem ao coração, transmitida pelos livros históricos e poéticos, mostrando os princípios práticos destes para a vida cristã.


Lição 10: As profecias despertam e trazem esperança


Na lição desta semana, faremos um estudo panorâmico dos livros proféticos da Bíblia. No Antigo Testamento, há dois grupos de livros proféticos: os profetas maiores: Isaías, Lamentações, Jeremias, Ezequiel e Daniel; e os doze profetas menores: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Esta denominação maiores e menores não está relacionada à importância do profeta e sim ao tamanho do livro.  Falaremos também sobre o único livro profético do Novo Testamento, que é o Apocalipse. 


Conforme falamos na lição passada, a ordem e a classificação dos livros das Escrituras hebraicas diferem da nossa Bíblia, embora o conteúdo seja o mesmo. No caso dos livros proféticos, também são diferentes: profetas anteriores: Josué, Juízes, Samuel e Reis; e profetas posteriores: Isaías, Jeremias, Ezequiel, e um livro que inclui os doze Profetas Menores. 


No primeiro tópico, falaremos sobre as definições grega e hebraica das palavras profeta e profecia. Depois faremos uma abordagem resumida de cada um dos profetas maiores.


No segundo tópico, faremos uma abordagem resumida dos profetas menores, dividindo-os em três grupos: profetas do Reino do Norte, profetas pré-exilio e profetas pós-exilio. 


No terceiro tópico, abordaremos o livro do Apocalipse. Falaremos sobre os aspectos da autoria, data da redação, destinatários e sobre a mensagem de esperança para o futuro, contida no livro da revelação. 


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Pb. Weliano Pires



26 fevereiro 2022

UMA MENSAGEM AO CORAÇÃO


(Comentário do 3° tópico da Lição 09: As Histórias e as Poesias falam ao Coração)


Conforme vimos nos tópicos anteriores, nos resumos de cada um dos livros históricos e poéticos da Bíblia, eles trazem mensagem ao coração humano. Estas mensagens revelam a soberania de Deus na condução da história do povo de Deus, nos livros históricos. Por outro lado, nos livros poéticos, encontramos mensagens de sabedoria e adoração, expressas nos sentimentos, orações, lamentos e poesias dos poetas inspirados por Deus. 


1. Uma mensagem de soberania. A história do povo de Israel é uma das principais provas da soberania de Deus. Deus chamou Abrão, em Ur dos Caldeus, e ordenou que ele saísse da sua terra, do meio dos seus parentes e se dirigisse a uma terra desconhecida, que Deus iria lhe mostrar. Inicialmente, Abrão partiu com o seu pai, irmão e o sobrinho Ló. Chegando em Harã, morreu um dos irmãos de Abrão e, posteriormente, o seu pai. Abrão continuou a viagem, em companhia do sobrinho. Mas, em um certo momento, houve uma contenda entre os servos deles e tiveram que se separar. Após a separação, Deus apareceu novamente a Abrão e lhe revelou o seu plano de fazer dele uma grande nação. A partir daí vemos o Senhor conduzir os rumos da descendência de Abraão até formar a nação eleita, para através dela trazer o Salvador do mundo. Deus é soberano sobre Céus e terra e exerce o seu domínio sobre tudo e todos. Nada acontece sem a sua permissão. Entretanto, a soberania de Deus não anula a responsabilidade humana e o livre arbítrio que Ele mesmo concedeu ao ser humano.


2. Uma mensagem de sabedoria. Conforme já vimos em lição anterior, Deus é a fonte de toda a sabedoria (Pv 2.6) e a verdadeira sabedoria consiste em temer a Deus. Nos livros históricos e poéticos vemos perfeitamente a demonstração da sabedoria de Deus, não apenas no discurso, mas, principalmente nas suas ações. Viver segundo a vontade e a orientação de Deus é viver uma vida sábia. Por outro lado, o incrédulo, o idólatra, o preguiçoso, o soberbo e todos os que rejeitam o Senhor e a sua Palavra são considerados loucos e tolos. 


3. Uma mensagem de adoração. As Escrituras ensinam que somente o Deus único e verdadeiro deve ser adorado (Êx 20.1-5). A adoração faz parte do culto prestado a Deus tanto individual como coletivo. Em geral, os elementos da adoração compreendem a oração, o louvor, os cânticos, o meditar na Palavra de Deus, dentre outros. Não apenas nos livros do Pentateuco, mas também nos históricos e poéticos, temos uma mensagem de que devemos adorar única e exclusivamente a Deus, em qualquer circunstâncias da nossa vida. 


REFERÊNCIAS:

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pag. 623.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 242-243.

Harman, Allan. Comentários do Antigo Testamento: Salmos. Editora Cultura Cristã. 1ª edição 2011.

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.


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Pb. Weliano Pires


 

OS LIVROS POÉTICOS E DE SABEDORIA DO ANTIGO TESTAMENTO


(Comentário do 2° tópico da Lição 09: As Histórias e as Poesias falam ao Coração)


Os livros de Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão são chamados de livros sapienciais e poéticos, pois retratam as verdades divinas através da poesia ou da prosa. A prosa é o texto escrito da forma como falamos. A poesia, por sua vez, é o texto escrito de forma bem elaborada, expressando os sentimentos e pensamentos, mediante versos e estrofes. 

É importante destacar que a poesia na Bíblia não se refere à poesia moderna e sim à poesia hebraica. Na poesia atual temos os poemas narrativos, dramáticos e líricos. Os textos poéticos são submetidos a metrificação das sílabas poéticas e rimas são através dos sons das últimas palavras dos versos. As poesias obedecem a vários critérios na composição dos versos e são classificadas de acordo com a quantidade de versos em uma estrofe: dísticos, tercetos, quarteto, quintilhas, sextilhas, sétimas, nonas e décimas.

A poesia hebraica enfatiza o ritmo da ideia e não o ritmo do som, como a nossa poesia. No pensamento oriental antigo valorizava-se mais o conteúdo e as ideias de um texto do que a metrificação de versos e estrofes. A principal característica da poesia hebraica é o chamado “paralelismo”, que consiste na correspondência  ou ligação de uma frase com a outra, por meio da repetição, ênfase ou contraste de ideias. Há vários tipos de paralelismo na poesia hebraica: 

a) Sinônimo. Uma frase encontra  sinônimo na frase seguinte. (Sl 24.1).

b) Antitético. Uma frase expressa ideia contrária à outra. (Sl 1.6). 

c) Sintético ou Construtivo. As frases vão se completando e correspondendo, como uma construção. (Pv 15.17). 

Outra característica importante da poesia hebraica são os chamados acrósticos, onde os versos hebraicos estão escritos em ordem alfabética, sendo a primeira letra de cada linha ou verso, as letras do alfabeto hebraico na devida ordem. Exemplos de poesias em acrósticos são os Salmos 9, 10, 25, 34, 37, 111, 112, 119, 145 e as Lamentações de Jeremias.

Nas Escrituras Hebraicas, apenas os livros de Jó, Salmos e Provérbios são considerados poéticos. Os livros de Eclesiastes e Cantares de Salomão fazem parte de um grupo de livros chamado de “rolos”  (heb. ). Estes livros são lidos nas cinco festas sagradas judaicas. Este estilo de poesia servia para facilitar a memorização dos textos, pois não haviam capítulos e versículos e as pessoas não possuíam exemplares da Bíblia em casa como temos hoje. Entretanto este valor se perde na tradução para a nossa língua.

1. O livro de Jó. O livro de Jó narra a experiência de um personagem real que foi Jó. O escritor registra que Jó alcançou o testemunho de ser um servo “íntegro e reto, que teme a Deus e se desvia do mal” (Jó 1.8)  Apesar de sua vida justa, Jó experimentou em um único dia muita dor e sofrimento, perdendo todas as suas posses (Jó 1.13-17), todos os seus filhos (Jó 1.18,19) e foi atingido por uma dolorosa doença (Jó 2.7,8). Para piorar, enfrentou a incompreensão e insensibilidade, primeiro da sua esposa e depois dos seus amigos que o acusavam de ter pecado contra Deus. Segundo diziam, os sofrimentos de Jó seria a punição de Deus por seus pecados. A autoria é incerta. Alguns a atribuem a Moisés e outros a Salomão. O livro de Jó é considerado o mais antigo da Bíblia.


2. O livro dos Salmos. O Livro dos Salmos é uma compilação de diversos cânticos e poesias judaicas, que eram usados na devoção particular e nos cultos. Este cânticos expressam os mais profundos sentimentos dos seus autores, em várias circunstâncias: alegria, tristeza, desespero, lamentações, orações, louvor, etc. 

O livro dos Salmos é chamado de Sepher Tehilim em hebraico, que significa Livro dos louvores. Está dividido em cinco partes: 

  • Livro I. Do Salmo 1 ao 41 com a maioria dos cânticos de autoria de Davi;

  • Livro II. Do Salmo 42 ao 72, com vários cânticos de Davi, Asafe e Salomão; 

  • Livro III. Do Salmo 73 ao 89, com vários salmos de Asafe;

  • Livro IV. Do Salmo 90 ao 106, com a maioria dos Salmos anônimos e alguns atribuídos a Moisés, Davi e Salomão;

  • Livro V: Do Salmo 107 ao 150. Neste livro temos a coleção chamada de Hallel egípcio, que vai do Salmo 113 ao 118. Temos também o chamado Grande Hallel, que vai do 146 ao 118, onde cada cântico começa com a expressão hebraica Halleluyah, que significa “Louvai ao Senhor”. 


3. O Livro de Provérbios. O título do Livro de Provérbios em hebraico é “Mishle Shelomoh” ou “Provérbios de Salomão”. Foi escrito por Salomão e alguns trechos por Agur e pelo rei Lemuel. Provérbios são expressões curtas contendo lições morais. Provérbios são frases ou ditados populares, que expressam uma verdade de forma sucinta, com sentenças curtas extraídas de longas experiências de vida. O livro de Provérbios contém alguns princípios universais de sabedoria para a vida. O tema principal do livro é: o temor do Senhor é o princípio da sabedoria. (Pv 1.7). Provérbios nos ensina que observar os princípios divinos nos faz pessoas sábias e que uma pessoa temente a Deus é digna de ser honrada (Pv 31.30).


4. O Livro de Eclesiastes. O título deste livro em hebraco é Qoheler, que significa “aquele que convoca ou fala a uma assembléia”. O título Eclesiastes vem do termo grego Ekkesia, que significa “palavras do pregador a uma assembléia”. A autoria é atribuída a Salomão, devido à introdução: “Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém”. (Ec 1.1). O assunto de Eclesiastes gira em torno da pergunta: “Que vantagem tem o homem de todo o seu trabalho debaixo do sol?” (Ec 1.3) O tema principal de Eclesiastes está na frase “é tudo vaidade” (Ec 1.2), indicando a efemeridade da vida humana. A palavra hebraica traduzida por vaidade não o sentido atual de exibicionismo, valorização excessiva da aparência e luxo como atualmente. Vaidade em Eclesiaste significa algo inútil, transitório e passageiro. Portanto o autor expressa a sua desilusão pela busca de sentido para a existência humana, do ponto de vista material. Na conclusão, o autor declara que o sentido da vida é “temer a Deus e guarda os seus mandamentos.” (Ec 12.13).


5. O Livro de Cantares de Salomão. Nas Escrituras hebraicas é chamado de “Cântico dos cânticos”, devido às primeiras palavras do livro (Ct 1.1). Este livro é o principal dos 1005 cânticos do sábio Salomão e descreve em belos versos, o amor conjugal de Salomão e a Sulamita. Há dois extremos que devem ser evitados na interpretação deste livro. O primeiro é considerá-lo um conto erótico e sem importância para o cristão. O segundo é o oposto, considerá-lo apenas uma simbologia do amor entre Deus e Israel e de Cristo e sua Igreja. As interpretações alegóricas e simbólicas não precisam ser descartadas, entretanto a mensagem primária do Livro é exatamente o amor, a bênção e a felicidade do homem e a mulher dentro do casamento. 


REFERÊNCIAS:


LEITE, Vicente. FACULDADE TEOLÓGICA IBETEL. págs. 13-16.

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

PEARLMAN, Myer. Salmos: adorando a Deus com os filhos de Israel. Rio de Janeiro: CPAD, 2020, p.5).

MAC ARTHUR, John. Manual Bíblico Mac Arthur: Gênesis a Apocalipse. 2 Ed. Tradução Érica Campos. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2019.


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Pb. Welian Pires