24 julho 2025

UMA IGREJA QUE ORA COM PODER

(Comentário do 2º tópico da Lição 04: Uma Igreja cheia do Espírito Santo)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja que orava com poder. Veremos que esta Igreja era uma Igreja que orava com o propósito de que Deus fosse glorificado na resposta e não orações carnais para satisfazer o ego humano. Na sequência, veremos que os crentes de Jerusalém oravam em unidade. Isso não significa que todos eram iguais, mas que estavam unidos em oração no mesmo propósito. Por fim, veremos que eles oravam fundamentados na Palavra de Deus, citando textos bíblicos na oração, pois criam que aquilo era a mais absoluta verdade.

1. Orando com propósito. A oração é uma conversa entre o crente e Deus. Não é uma reza, que consiste em repetir um texto elaborado previamente. A oração e a Palavra de Deus precisam andar juntas em nossas vidas, pois na oração, falamos com Deus e através da Palavra, Deus fala conosco. Há um hino antigo da cantora Mara Lima, que diz em uma das suas estrofes: “A vitamina do crente é a Bíblia e a oração”. De fato, estas duas armas são poderosíssimas. Foi com oração, jejum e a Palavra de Deus, que Jesus venceu o inimigo no deserto. 

No texto da Leitura bíblica em classe, que está em Atos 4.24-31, temos o registro da oração dos apóstolos, após serem soltos da prisão, e a resposta imediata de Deus a esta oração no versículo 31. Esta oração obedece a uma sequência muito interessante: adoração a Deus, reconhecendo-o como o Criador de todas as coisas; citação da Palavra como fundamento para a oração; pedido de providências a Deus diante de um problema que a Igreja enfrentava, de forma que Deus fosse glorificado na resposta. 

O comentarista não seguiu esta ordem, mas começou pelo final, falando a respeito do pedido dos apóstolos, destacando que eles oraram com dois propósitos: Que Deus lhes concedesse falar ousadamente da Sua Palavra e que realizasse curas e outros milagres. É interessante observar que eles tinham sido presos, justamente por causa da pregação do Evangelho e da cura de um paralítico. Foram soltos, mas proibidos de continuar pregando, sob fortes ameaças. Entretanto, em momento algum, eles pediram para Deus agir contra os seus algozes, nem tampouco para livrá-los das perseguições. Pediram a Deus para continuar pregando com ousadia e realizar milagres. 

Em uma situação dessa, muitos crentes da atualidade diriam a Deus: Senhor, não dá mais! Eu fiz tudo o que o Senhor mandou e só recebi pedradas! Em teu nome ordenamos e o homem foi curado. E o que eu recebemos em troca? Prisões e ameaças! Em vez de nos agradecerem pelo bem que que fizemos a um coxo de nascença, as autoridades nos humilharam publicamente e nos ameaçaram. Outros mais ousados, diriam: Senhor, estes ímpios tocaram nos ungidos do Senhor! Entre com providência, coloque-os no leito da enfermidade, ou mande um meteoro na casa deles. Em situações embaraçosas para a Igreja, o nosso propósito deve ser sempre fazer a vontade de Deus. 


2. Orando em unidade. Diante da ameaça vinda das autoridades judaicas, a Igreja de Jerusalém se uniu em oração no mesmo propósito e levantou um clamor a Deus por aquela causa. O texto bíblico diz: ‘E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus” (At 4.24). Conforme explicou o comentarista, a palavra “unânime”, neste contexto, não significa que todos eram iguais e pensavam da mesma forma, mas que naquele momento estavam unidos no mesmo propósito, orando por uma causa.

Em outras ocasiões também, a Igreja de Jerusalém levantou-se unânime em oração, como em Atos 1.14, logo após a ascensão de Jesus: “Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos”. O mesmo aconteceu após a execução de Tiago por Herodes, que prendeu também a Pedro: “Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus”. (At 12.4,5). 

A Igreja é de Deus e deve ser guiada por Ele. Quando aparecerem situações adversas e impossíveis de se resolver, ou inimigos se levantarem contra a marcha da Igreja, a nossa luta não é contra a carne e o sangue e as nossas armas não são carnais. Devemos dobrar os nossos joelhos e levantar um clamor ao Céu, envolvendo toda a Igreja no mesmo propósito. A resposta virá, pois ninguém jamais irá parar a Igreja do Senhor. Se tivermos que padecer pelo Evangelho, o Senhor nos fortalecerá e nos dará graça para irmos até o fim e não negarmos o Seu nome.

3. Orando fundamentada na Palavra de Deus. Em sua oração, os apóstolos citaram o texto do Salmo 2, que se refere ao Messias: “Por que se amotinam as nações, e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos se mancomunam contra o Senhor e contra o seu ungido” (Sl 2.1,2). Em seguida, falaram do que os líderes religiosos fizeram a Jesus, em cumprimento a esta profecia. Evidentemente, não precisamos orar recitando textos bíblicos como se fossem uma reza. Há pessoas que fazem isso com o Salmo 91, acreditando que o fato de repetirem as palavras deste Salmo ou deixar a Bíblia aberta nele lhes garante proteção. 

Não é isso que o comentarista sugere aqui. O que ele nos ensina é que as nossas orações, assim como as nossas pregações, devem estar em sintonia com a Palavra de Deus, que é o nosso manual de fé e prática. Não podemos fazer orações de feiticeiros, pedindo a morte daqueles que nos perseguem, ou fazer como os filhos de Zebedeu antes de receberem o Espírito Santo, que perguntaram a Jesus se poderiam pedir que descesse fogo do Céu e consumisse os samaritanos, por não receberem a Jesus (Lc 9.54). 

Elias fez isso, porque estava na direção de Deus. Ele viveu na Antiga Aliança e foi usado por Deus para trazer juízo àquele povo que afrontava a Deus adorando a Baal. Outros profetas do Antigo Testamento, também agiram dessa forma por ordem divina. Não é este o papel da Igreja. Fomos comissionados por Jesus a pregar o Evangelho aos perdidos (Mc 16.15); orar pelos que nos perseguem (Lc 6.28); abençoar os que nos maldizem (Rm 12.14); e vencer o mal com o bem (Rm 12.21). 

23 julho 2025

UMA IGREJA PERSEVERANTE

(Comentário do 2° tópico da Lição 04: Uma Igreja cheia do Espírito Santo).

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja perseverante. Inicialmente veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja que suportava o sofrimento, por amor a Jesus. Na sequência, veremos que uma Igreja cheia do Espírito Santo não nega os seus valores. A Igreja de Jerusalém, mesmo sob intensa perseguição e ameaças de prisão e morte, jamais negociava a sua fé. Por fim, veremos que uma Igreja cheia do Espírito Santo está sempre convicta da sua fé.

1. Suporta o sofrimento. Após sua pregação junto à Porta Formosa, Pedro e João são levados presos (At 4.3) e, posteriormente, ameaçados por pregarem o nome de Jesus (At 4.17). Foi dito a eles que não falassem nem ensinassem no nome do Senhor (At 4.18). A ordem era clara, mas os apóstolos estavam dispostos a pagarem o preço de não segui-la. Eles suportariam tudo por amor a Jesus. Agiam com perseverança. Isso só foi possível porque Pedro, que falava por si e pelos demais apóstolos, havia sido cheio do Espírito Santo (At 4.8). O tempo verbal do grego usado no versículo 8 (tendo sido cheio) demonstra que o apóstolo, que já havia sido batizado no Espírito Santo, no Pentecostes (At 2.4), foi revestido novamente do poder do alto. Uma igreja continuamente cheia do Espírito suporta as provas e o sofrimento.

Logo após a descida do Espírito Santo, houve uma grande confusão em Jerusalém, sobre o que teria acontecido no cenáculo. Havia em Jerusalém pessoas de várias nações, por conta da festa do Pentecostes. Quando os discípulos começaram falar em outras línguas, estas pessoas os ouviram falar das grandezas de Deus em suas línguas nativas e ficaram admiradas. No meio da discussão sobre o que viria a ser aquele fenômeno, alguns zombaram deles, dizendo: Estes homens estão bêbados!

Pedro, então, levantou-se como um porta-voz dos demais discípulos, e fez um eloquente discurso, explicando que aquele fenômeno era o cumprimento da profecia de Joel sobre o derramamento do Espírito Santo. Após citar esta profecia, Pedro falou de Jesus para aquela multidão, mostrando-lhes pelas Escrituras judaicas, que Ele era o Messias prometido a Israel. A multidão comovida com esta pregação, perguntou-lhe o que deveriam fazer. 

Pedro, então, os orientou a se arrependerem, serem batizados e receberem o dom do Espírito Santo. Quase três mil almas se converteram. Esta multidão de convertidos perseverou na doutrina dos apóstolos, no partir do pão, na comunhão e nas orações, conforme vimos nas lições anteriores. Nesse período, não houve nenhum registro de perseguição dos judeus. 

No capítulo 3 de Atos, Pedro e João foram ao templo para orar, às três horas da tarde. Logo na entrada, depararam-se com um homem que era paralítico de nascença, o qual pedia esmolas aos que entravam ao templo. Ao ser interpelado pelo paralítico para que lhe desse esmola, Pedro, cheio do Espírito Santo, pediu que o homem olhasse para eles e disse-lhe: “Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.” (At 3.6). Imediatamente, os pés do homem se endireitaram e ele levantou, andou, saltou e entrou com eles no templo, dando glórias a Deus. 

Este milagre, evidentemente, causou grande espanto nas pessoas, pois todos o conheciam desde a infância e sabiam que ele era paralítico. Todos olhavam admirados para Pedro e João, tentando entender o que havia acontecido. Pedro, então, começou o seu segundo discurso, dizendo: “Por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nosso próprio poder ou santidade fizéssemos andar este homem?” (At 3.12). Na sequência, Pedro atribuiu a Jesus aquele milagre e falou da sua morte e ressurreição para a multidão. 

Este acontecimento chegou ao conhecimento das autoridades religiosas de Israel, que se indignaram com o fato dos apóstolos falarem de Jesus e da ressurreição. Por isso, eles foram conduzidos à prisão, para serem interrogados no dia seguinte, pois já era tarde (At 4.1,2). No dia seguinte, ao ser interrogado sobre o ocorrido, Pedro fez o seu terceiro discurso, com grande ousadia perante as autoridades, falando de Jesus e mencionando o que as Escrituras diziam sobre Ele. As autoridades ficaram admiradas com o discurso, pois sabiam que eles não haviam frequentado as escolas dos rabinos e chegaram à conclusão de que eles andaram com Jesus. 

Depois disso, se reuniram à parte para decidirem o que fazer com os apóstolos, pois o homem que fora curado estava ali como prova do milagre e ninguém poderia negar. Por isso decidiram soltar os apóstolos, advertindo-os sob ameaça de prisão, para que não mais falassem de Jesus para as pessoas. Entretanto, mesmo sabendo que corriam risco de serem presos, açoitados e até mortos como foi Jesus, eles não se intimidaram e continuaram a pregar, dispostos a suportar todo e qualquer sofrimento que lhes fosse imposto, por amor a Cristo.

Lamentavelmente, nas últimas décadas, após o advento da famigerada teologia da prosperidade, muitos crentes incluíram em suas pregações, vida confortável e riquezas neste mundo como recompensa pela fidelidade a Deus. Há até uma grande Igreja neopentecostal que usa como slogan a frase “Pare de sofrer”. Ora, isso vai na contramão do que Jesus ensinou aos seus discípulos. Ele sempre deixou claro, que os seus discípulos seriam odiados por todos os povos, perseguidos e mortos, por causa do Nome dele (Mt 10.22; 24.9; Lc 21.17; Jo 15.21; 16.33). Jesus não nos chamou apenas para crer nele, mas também para padecer pelo Evangelho. A história da Igreja ao longo dos séculos mostra que esta sempre foi a realidade do verdadeiro Cristianismo. 

2. Não negocia seus valores. Quando a classe sacerdotal intimou os apóstolos e lhes deram ordem expressa para que eles não falassem nem ensinassem no nome de Jesus, a resposta dos apóstolos foi: “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus” (At 4.19). Em outras palavras, os apóstolos afirmaram que não negociariam a sua fé. Não abririam mão dos valores da fé que haviam recebido, pois eles são inegociáveis. Uma das marcas de uma igreja que perdeu ou está perdendo o poder do Espírito é a sua aceitação de princípios e práticas que afrontam as Escrituras.

Diante da proibição aos apóstolos de pregar o Evangelho, sob graves ameaças, eles não se intimidaram e deram a seguinte resposta: “Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus; Porque não podemos deixar de falar do que temos visto e ouvido!”. (At 4.19,20). Esta resposta ousada, certamente deixou os membros do Sinédrio furiosos, pois não estavam acostumados a serem confrontados. 

O Sinédrio era a suprema corte de Israel, que decidia sobre questões políticas e religiosas. Este colegiado era formado por sacerdotes, anciãos e escribas e era presidido pelo Sumo Sacerdote. Os anciãos que faziam parte do Sinédrio eram líderes comunitários muito respeitados, indicados para representar os israelitas na corte, ao lado dos escribas e sacerdotes. Os membros do Sinédrio não eram qualquer pessoa, escolhida aleatoriamente. Eram pessoas idôneas, notáveis e respeitadas na sociedade. O Sinédrio tinha grande poder e poderia condenar os apóstolos à prisão e açoitá-los. Mas, como Israel estava sob o domínio romano, dependiam da autorização de Roma para condenar alguém à morte.

De qualquer forma, a atitude dos apóstolos foi de desobediência às autoridades, pois não estavam dispostos a negociar a sua fé, mesmo que isso lhe causasse sofrimento, perseguição ou lhes custasse a própria vida. Em Romanos 13, o apóstolo Paulo recomendou aos cristãos que se sujeitassem às autoridades, pois estas foram constituídas por Deus (Rm 13.1-6). Esta sujeição, no entanto, não é absoluta. Se as autoridades exigirem a negação da nossa fé, ou a renúncia de algum dos nossos valores, não podemos nos sujeitar às suas exigências e afrontar as Escrituras. 

3. Está convicta de sua fé. Uma igreja cheia do Espírito Santo está convicta de sua fé. Não se apoia em suposições, mas em fatos (At 4.20). Os primeiros cristãos não apenas ouviram sobre Deus, mas também testemunharam suas obras. Quando Filipe pregou em Samaria, os samaritanos se convenceram porque “ouviam” e “viam” os sinais que Filipe fazia (At 8.6). Alguém já disse que Deus é plenamente obedecido no céu porque lá Ele é visto, enquanto na terra, muitas vezes, é desobedecido por ser apenas ouvido. No entanto, a igreja cheia do Espírito não apenas proclama a Palavra, mas também manifesta a obra de Deus (Rm 15.18,19). Jesus foi poderoso tanto em palavras quanto em obras (Lc 24.19).

O comentarista nos apresentou outra característica marcante de uma Igreja cheia do Espírito Santo: a convicção da sua fé. Esta afirmação é um tanto redundante, pois a fé é sinônimo de convicção, fidelidade e confiança. Segundo a concordância de Strong, a palavra grega pistis, traduzida por fé, “é a convicção da verdade de algo; no No Novo Testamento, é uma convicção ou crença que diz respeito ao relacionamento do homem com Deus e com as coisas divinas, geralmente com a idéia inclusa de confiança e fervor santo nascido da fé e unido com ela”.

A fé dos cristãos de Jerusalém não se apoiava em suposições, lendas ou histórias que eles ouviram falar. Era uma convicção firmada em fatos e milagres incontestáveis. As próprias autoridades tentaram intimidá-los, como vimos acima, mas não conseguiram, porque havia um milagre incontestável que eles não podiam negar. Os discípulos foram perseguidos por inveja e porque os religiosos tinham medo de perder as suas posições, não porque eles pregassem mentiras. 

Uma Igreja cheia do Espírito Santo prega o Evangelho, convicta de que está pregando a Verdade e que Deus confirma a Sua Palavra com os sinais. Os discípulos não temiam o confronto, porque o Espírito Santo os guiava, fortalecia e operava maravilhas. Cristãos verdadeiros ao longo da história tinham tanta convicção de que estavam fazendo a vontade de Deus, que nada mais lhes importava. John Bunyan, autor do Livro “O Peregrino”, foi preso várias vezes, totalizando doze anos na prisão, por ser um pregador “não conformista”, que não se adaptava ao padrão da Igreja da Inglaterra. Na prisão, a sua fé foi fortalecida e ele escreveu a sua obra mais célebre “O Peregrino”, que posteriormente se tornou filme e é conhecida em todo o mundo. 

Os três tipos principais de pessoas que se afastam da Igreja

Ev. WELIANO PIRES 

O número de pessoas que se declaram cristãs evangélicas no Brasil é significativo e tem crescido nas últimas décadas. Segundo o censo de 2022, entre 2010 e 2022, o número de evangélicos saiu de 21,6% para 26,9%. Por outro lado, o número de pessoas que se afastaram das nossas igrejas também é muito grande. Não me refiro aqueles que mudam de ministério e continuam servindo a Deus e sim, aos que deixaram de congregar. 

É importante destacar que as pessoas se afastam da Igreja por motivos diferentes e, por isso, a forma que a Igreja deve abordá-los, também é diferente. Vejamos abaixo, os três tipos principais de pessoas que se afastaram da Igreja e como devemos proceder com cada um deles:

1. Pessoas que, por não vigiarem ou por fraqueza, pecaram e se afastaram da Igreja. São pessoas tementes a Deus, que não conseguiram vencer o pecado, mas continuam crendo em Deus e desejam voltar, embora não tenham forças. Por estes, nós devemos sempre orar, visitá-los e aconselhá-los para que voltem a congregar o mais depressa possível. 

2. Pessoas soberbas que se afastaram da Igreja por rebeldia. São pessoas que queriam uma Igreja conforme as suas conveniências e, como não tiveram os seus caprichos atendidos, saíram da Igreja. Estes se afastam e culpam os outros pelos próprios erros, tentando justificá-los. Com estes, não vale a pena argumentar para que voltem, pois seria lançar pérolas aos porcos e coisas santas aos cães (Mt 7.6). A única coisa que podemos fazer nesse caso é orar, para que Deus trabalhe no coração deles para que se arrependam.

3. Pessoas que abraçaram heresias e se apostaram da fé. São pessoas que por desconhecimento da Verdade, ou rebeldia contra Deus, saíram da Igreja, ingressaram em seitas e passaram a combater as doutrinas cristãs. Na maioria dos casos são pessoas que blasfemam contra o Espírito Santo e negam a Verdade que antes professavam. Com estes também não vale a pena argumentar, pois, a Bíblia diz que nestes casos não há perdão e não devemos orar (Mt 12.31,32; 1 Jo 5.16). 


O apóstolo Paulo disse que aquele que está em pé, olhe para que não caia. O primeiro passo para não cair é reconhecer a própria fragilidade e buscar forças em Deus. A Igreja precisa agir para que as pessoas não se desviem e se empenhar em buscar os que se desviaram. Para isso, precisa conhecer os problemas de cada crente, para não confundir pessoas fragilizadas com rebeldes  e apóstatas. 

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 4: UMA IGREJA CHEIA DO ESPÍRITO SANTO

Ev. WELIANO PIRES

TEXTO ÁUREO:

“E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo e anunciavam com ousadia a palavra de Deus.” (At 4.31).


VERDADE PRÁTICA:

“Uma igreja cheia do Espírito Santo suporta aflições, ora com poder e ousa no testemunho cristão.”

Temos aqui, algumas características de uma Igreja cheio do Espírito Santo: resiliência nas aflições, oração poderosa e ousadia no testemunho (pregação e vida cristã). 

 

Objetivos da Lição: 

I) Identificar as características de uma igreja cheia do Espírito Santo, destacando sua perseverança em meio às provações; 

II) Analisar a importância da oração com poder na vida da igreja; 

III) Demonstrar como a ousadia espiritual fortalece a pregação do Evangelho.

 

Palavras-Chave: ESPÍRITO SANTO.

 

O Espírito Santo é uma das três Pessoas da Santíssima Trindade e foi enviado para conduzir a missão da Igreja na terra, após a ascensão de Jesus. Ele nos capacita para pregar a Palavra de Deus com ousadia e realiza sinais extraordinários. Por outro lado, Ele também atua no coração do pecador, para que entenda aquilo que está sendo pregado. O Espírito Santo é o agente da Salvação. Sem Ele, ninguém jamais se converteria. Mesmo que inicialmente, o pecador não tenha consciência disso, é o Espírito Santo que o conduz a Cristo. Portanto, Espírito Santo é indispensável à Igreja.

INTRODUÇÃO


Em continuidade ao estudo sobre a Igreja de Jerusalém, nesta lição veremos que esta Igreja era cheia do Espírito Santo. No anúncio do nascimento de João Batista, o anjo disse a Zacarias que o menino seria “cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe”. (Lc 1.15). Lucas registrou também que Jesus estava cheio do Espírito Santo, no episódio da tentação: “E Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto” (Lc 4.1). 


Em Atos 2, no relato da descida do Espírito Santo, Lucas descreveu que “todos foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas e profetizaram, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem”. (At 2.1-4). Aqui, é uma referência clara ao batismo no Espírito Santo. 

 

Em outros textos, antes de alguns discursos de Pedro, o texto bíblico diz: “... E Pedro cheio do Espírito Santo, disse…” (At 4.8). Da mesma forma aconteceu com Estêvão (At 7.55); Paulo (At 13.9). Nestes casos, é uma referência à ousadia para pregar a Palavra de Deus. 

 

Há outros relatos no Livro de Atos que ser cheio do Espírito Santo é ter coragem para suportar as aflições e enfrentar as perseguições por causa do Evangelho. Na ocasião da Escolha dos diáconos, ser cheio do Espírito Santo significa ter discernimento e sabedoria para cuidar da assistência social. 


Nas Epístolas Paulinas, ser cheio do Espírito Santo tem outra ênfase. Escrevendo aos Efésios, Paulo disse “...Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18-21). Nesse texto, Paulo diz que cheio do Espírito Santo é alguém que não vive em contendas, que louva e é grato ao Senhor, e que sujeita-se aos outros, no temor do Senhor. Na Epístola aos Gálatas, ser cheio do Espírito Santo é uma referência ao Fruto do Espírito Santo, em oposição às obras da carne (Gl 5.16-22).


Nesta lição, tomando como base a Igreja de Jerusalém, a nossa ênfase será sobre as características de uma Igreja cheia do Espírito Santo, quanto ao seu comportamento diante das dificuldades e perseguições, na prática contínua da oração e em sua ousadia para testemunhar de Cristo ao mundo. 

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. UMA IGREJA PERSEVERANTE

 

No primeiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja perseverante. Inicialmente veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja que suportava o sofrimento, por amor a Jesus. Na sequência, veremos que uma Igreja cheia do Espírito Santo não nega os seus valores. A Igreja de Jerusalém, mesmo sob intensa perseguição e ameaças de prisão e morte, jamais negociava a sua fé. Por fim, veremos que uma Igreja cheia do Espírito Santo está sempre convicta da sua fé.

 

II. UMA IGREJA QUE ORA COM PODER


No segundo tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja que orava com poder. Veremos que esta Igreja era uma Igreja que orava com o propósito de que Deus fosse glorificado na resposta e não fazia orações carnais para satisfazer o ego humano. Na sequência, veremos que os crentes de Jerusalém oravam em unidade. Isso não significa que todos eram iguais, mas que estavam unidos em oração no mesmo propósito. Por fim, veremos que eles oravam fundamentados na Palavra de Deus, citando textos bíblicos na oração, pois criam que aquilo era a mais absoluta verdade.


III. UMA IGREJA OUSADA NO SEU TESTEMUNHO


No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja ousada em seu testemunho. Veremos que era uma Igreja que tinha ousadia para enfrentar a oposição ao Evangelho. Eles tinham consciência da perseguição e dos perigos que corriam, mas jamais tentaram se adaptar às exigências dos inimigos do Evangelho para não serem perseguidos. Na sequência, veremos que os crentes de Jerusalém tinham ousadia no exercício dos dons espirituais, que são capacitações sobrenaturais concedidas pelo Espírito Santo para o cumprimento da missão da Igreja. Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém tinha ousadia na exposição da Palavra de Deus. A pregação do Evangelho não pode se limitar a sermões elaborados com o intelecto humano. Precisa da ousadia do Espírito Santo para transmitir uma mensagem poderosa que fale ao coração dos ouvintes.


REFERÊNCIAS:
GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 38.  
PEARLMAN, Myer. Atos: Estudo do Livro de Atos e o Crescimento da Igreja Primitiva. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, p.52, 53.

21 julho 2025

UMA IGREJA CHEIA DO ESPÍRITO SANTO

(Subsídio da Revista Ensinador Cristão/CPAD)

Nesta lição, veremos que a igreja primitiva tinha uma qualidade diferenciada que a tornava capaz de suportar as aflições e perseguições. Estamos falando da convicção da igreja em relação ao Evangelho. A motivação dos primeiros cristãos frente aos desafios impostos pela sociedade, bem como pelas forças imperiosas das trevas, era fruto da ação do Espírito Santo em cada coração. A perseverança dos irmãos em testemunhar as verdades da fé, mesmo em meio ao fogo das provações, refletia uma igreja convicta da sua missão e comprometida com os princípios cristãos.

O comprometimento da igreja primitiva não se via na beleza dos discursos, e sim em fatos que podiam ser observados por quaisquer que questionassem a razão da fé demostrada por cada irmão. Era uma igreja que não negociava seus valores, não flertava com o pecado, nem flexibilizava suas práticas evangelísticas para ser aceita pela sociedade. Tais práticas revelavam uma igreja fundamentada na Palavra de Deus e cheia do Espírito Santo.

Lawrence Richards, na obra Comentário Devocional da Bíblia (CPAD), discorre que “os apóstolos tinham sido advertidos a não falar em nome de Jesus. Eles tinham continuado a pregar. Não houve necessidade de uma investigação. Tudo o que o sumo sacerdote precisava dizer era, ‘Não vos admoestamos nós expressamente?’. Os apóstolos não se equivocaram. ‘Mais importa obedecer a Deus do que aos homens’. Quanto à acusação de que os apóstolos estavam determinados a ‘lançar sobre’ eles ‘o sangue desse homem’, eles eram culpados. Como respondeu Pedro, ‘ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro’ (v.30). É importante que nos lembremos de que, às vezes, podemos fazer o que é certo, ser culpados perante a lei, e inocentes diante de Deus. [...] Infringir as leis da nossa nação jamais é uma coisa insignificante. Mas há ocasiões, quando, como os apóstolos, ‘mais importa obedecer a Deus do que aos homens’. Dessa maneira, nós realmente mostramos um respeito reverente por Deus” (2012, p.724). 

O comportamento observado na igreja primitiva serve de exemplo à igreja dos dias atuais. Não é difícil constatar que o nível de comprometimento da igreja atual em relação aos princípios bíblicos está muito aquém da igreja primitiva. Essa é uma verdade que deveria nos deixar extremamente desconfortáveis. Como fizeram nossos primeiros irmãos, devemos nos posicionar convictamente e corajosamente contra tudo o que se levanta contra o Senhor Jesus e reafirmar nossa fidelidade aos princípios e valores da Palavra de Deus. Que o Senhor nos encha com o Seu Espírito Santo para tal.

18 julho 2025

Introdução à Lição 3: Uma Igreja fiel à pregação do Evangelho

Ev. Weliano Pires

 

TEXTO ÁUREO:

“E, quando Pedro viu isto, disse ao povo: Varões israelitas, por que vos maravilhais disto? Ou, por que olhais tanto para nós, como se por nossa própria virtude ou santidade fizéssemos andar este homem?” (At 3.12).

VERDADE PRÁTICA:

A verdadeira pregação bíblica consiste em dar testemunho de Cristo no poder do Espírito.


Nesta lição, falaremos da Igreja de Jerusalém como uma Igreja fiel à missão de pregar o Evangelho. Tomaremos como base para esta lição, o segundo sermão do apóstolo Pedro, feito logo após a cura de um coxo na porta do templo. No Livro de Atos dos apóstolos, percebemos que a Igreja de Jerusalém não se limitava aos sinais e maravilhas, como muitos crentes imaginam. Era uma Igreja que se dedicava à pregação do Evangelho aos pecadores. Analisaremos nesta lição o conteúdo da pregação de Pedro como um modelo para a Igreja atual.


Palavra-Chave: PREGAÇÃO

Além do significado literal de fixar “com prego”, a palavra pregação significa fazer um discurso religioso, fazer sermões contendo mensagens espirituais e morais. Segundo a concordância de Strong, a palavra pregação é a tradução do termo grego kḗrygma, que era usado para se referir a uma mensagem proclamada por um arauto ou clamador público. No Novo Testamento refere-se à mensagem ou proclamação dos arautos de Deus e de Cristo. 


Tópicos da Lição 

I. A IGREJA QUE PREGA AS ESCRITURAS

No primeiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém pregava as Escrituras. Com base neste segundo sermão do apóstolo Pedro, podemos ver que ele discorreu sobre as Escrituras do Antigo Testamento, que revelam Deus. Na sequência, veremos que a pregação de Pedro mostrou o testemunho das Escrituras sobre Cristo. Por fim, veremos que Perdeu usou as Escrituras para confrontar o pecado, falando da necessidade de arrependimento. 

II. A IGREJA QUE PREGA NO PODER DO ESPÍRITO

No segundo tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém pregava no poder do Espírito. Inicialmente , veremos que o Espírito Santo capacita os pregadores para proclamar o Evangelho com poder. O comentarista usou valeu-se da expressão “fixar os olhos”, para enfatizar que o Espírito Santo inspira e concede autoridade ao pregador. Por último, veremos que o Espírito Santo glorifica a Jesus e, por isso, Pedro cheio do Espírito Santo, não aceitou ser o centro das atenções após a cura do coxo.

III. A IGREJA QUE PREGA A ESPERANÇA VINDOURA

No terceiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém pregava a esperança vindoura. Veremos que a pregação de Pedro alertou os seus ouvintes em relação à indiferença e insensibilidade para com Deus. Na sequência, veremos que a pregação de Pedro trouxe uma mensagem de esperança, falando sobre “os tempos do refrigério pela presença do Senhor”, referindo-se à promessa da segunda vinda de Cristo.

15 julho 2025

UMA IGREJA FIEL À PREGAÇÃO DO EVANGELHO

SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO /CPAD

Uma das características mais peculiares da igreja do primeiro século era a sua fidelidade ao ensinamento sagrado de nosso Senhor Jesus Cristo. Os primeiros anos da igreja são marcados por uma pregação cristocêntrica, que consistia no chamado ao arrependimento e no testemunho público de que a Salvação podia ser alcançada mediante a fé no sacrifício de nosso Senhor Jesus Cristo. Diferente dos dias atuais, em que o apelo de muitas pregações tem sido para as necessidades materiais e emocionais, a igreja primitiva prezava pelo ensino vivo e transformador das Escrituras Sagradas, inspirada pelo Espírito de Deus.

A mensagem genuinamente pregada pelos nossos primeiros irmãos trazia consigo o poder de convencer o ser humano do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16.8). Os testemunhos da Lei e dos Profetas fundamentaram a teologia apostólica e subsidiaram os discípulos na pregação a respeito de Jesus ser o Messias prometido. Ao analisarmos a primeira pregação de Pedro à multidão, identificaremos aspectos essenciais que ratificam a natureza cristocêntrica da pregação primitiva (At 2.14-41). Conforme discorre Lawrence O. Richards no Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento (CPAD), “os elementos essenciais são, simplesmente, aquelas verdades que definem Jesus e sua obra e, sem elas, o Evangelho estaria enfraquecido. Quais são essas verdades essenciais das quais depende a nossa salvação? [...] O núcleo do Evangelho e da base de nossa fé é simplesmente isto: o Jesus histórico morreu por nós, ressuscitou e assim se estabelece tanto como Senhor quanto como Salvador. Estas verdades são confirmadas por predições nas Escrituras do Antigo Testamento. Somente por meio de Jesus, e da fé em seu nome, a salvação pode ser encontrada. Quando testificamos, são estas verdades essenciais que deveremos ter em mente — e comunicá-las a todos tão claramente quanto pudermos” (2007, p.257).

Partindo dessa premissa, a igreja atual precisa refletir se está pregando o genuíno evangelho de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Muitas pregações mais se parecem com discursos de autoajuda ou confissão positiva. A pregação genuína do Evangelho deve ser, primeiramente, bíblica, fiel à exposição do texto sagrado. O que, de fato, consolida uma vida cristã saudável é o conhecimento da Palavra de Deus. Seus princípios são inspirados pela ação do Espírito e, uma vez observados, servem de alimento espiritual indispensável para o crescimento e amadurecimento da fé cristã. Que Deus nos ajude, enquanto professores da Escola Dominical, a preservarmos o compromisso com os ensinamentos da santa e única Palavra de Deus. Ela é suficiente!


13 julho 2025

UMA IGREJA MODELO

(Comentário do 3⁰ tópico da Lição 2: A Igreja de Jerusalém, um modelo a ser seguido)

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos da Igreja de Jerusalém como uma Igreja modelo. Inicialmente, veremos que era uma Igreja reverente e cheia de dons do Espírito Santo. Lucas descreve que “em cada alma havia temor” e que “muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.43). Na sequência, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja acolhedora, pois “estavam sempre juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja adoradora, pois estavam sempre “Louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo” (At 2.47).

1. Uma igreja reverente e cheia de dons. É dito da igreja de Jerusalém: “Em cada alma havia temor” (At 2.43). A palavra grega traduzida como “temor” é phóbos, que também significa “reverência, respeito pelo sagrado”. Havia um forte sentimento da presença de Deus! Havia um clima da presença do sagrado, do que é santo, o mesmo sentido que teve Moisés quando o Senhor o mandou tirar os sapatos dos pés porque o lugar “é terra santa” (Êx 3.5). Precisamos aprender com a primeira igreja! Não podemos perder o respeito pelo sagrado. Lucas destaca que “muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos” (At 2.43). “Sinais (gr. Téras) e maravilhas (gr. Sémeion)” são as mesmas palavras usadas pelo apóstolo Paulo para se referir aos dons do Espírito Santo que se manifestavam em suas ações missionárias (Rm 15.19). Os dons espirituais ornamentavam a igreja cristã primitiva.

Em Atos 2.43, Lucas descreve duas características muito importantes da Igreja de Jerusalém, que não podem faltar à nenhuma Igreja Cristã: o temor a Deus e os sinais e maravilhas do Espírito Santo: “Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos’. A palavra grega traduzida aqui por temor é phobos, que deu origem à palavra portuguesa fobia. Quando a Bíblia fala de temor a Deus, não se refere a ter medo ou pavor. Significa ter reverência e respeito por Deus e por tudo o que está relacionado a Ele. O temor a Deus é o princípio da sabedoria. 

Nesta Igreja bem doutrinada, que vivia em constante oração e tinha temor a Deus, o Senhor realizada muitas maravilhas e sinais através dos apóstolos. Conforme explicou o comentarista, as palavras maravilhas (tēras) e sinais (semeíon) foram usadas pelo apóstolo Paulo para se referir às operações do Espírito Santo: “Pelo poder dos sinais [semeíon] e prodígios [tēras], e pelo poder do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Cristo”. (Rm 15.19). Em uma Igreja genuinamente cristã, o  Espírito Santo conduz os trabalhos e opera coisas sobrenaturais. 

2. Uma igreja acolhedora. Dentre as muitas marcas de uma igreja relevante, o acolhimento aparece como uma das suas principais. Uma igreja, para se tornar relevante, necessariamente deve ser acolhedora. A igreja de Jerusalém é um modelo de igreja acolhedora. Além de estarem juntos, o texto bíblico diz que naquela igreja “todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). Não é fácil partilhar, muito menos acolher. A nossa tendência é nos fechar em nosso mundo e deixar de fora quem achamos ser inconveniente. Numa igreja acolhedora, os membros se sentem acolhidos e parte do grupo.

Outra característica marcante da Igreja em Jerusalém é que ela era uma Igreja acolhedora: “Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum” (At 2.44). No primeiro tópico, vimos que esta Igreja perseverava na comunhão e no partir do pão. Entretanto, esta comunhão ia muito além de apenas estarem juntos em algumas ocasiões. Voluntariamente, os crentes que tinham mais de uma propriedade decidiram vender uma e trazer o dinheiro aos apóstolos para dividir com aqueles que não tinham. 

Muitas pessoas na atualidade, equivocadamente, interpretam este texto como se fosse uma prática comunista. Mas são coisas absolutamente diferentes. No comunismo, as pessoas não decidem voluntariamente socorrer os necessitados. O governo, simplesmente extingue a propriedade privada, os meios de produção se tornam propriedade estatal e todos passam a depender do governo. Não foi este o caso da Igreja de Jerusalém. O próprio Pedro disse a Ananias, que ele vendendo a propriedade dele, o dinheiro continuava sendo dele 

O que a Igreja de Jerusalém praticou e deve ser seguido pela Igreja atual, é a filantropia e acolhimento aos membros da Igreja. Isso pode ser feito não apenas fazendo doações financeiras. Em alguns casos, a necessidade da pessoa não é financeira. Há pessoas que precisam de um trabalho para sustentar a sua família com dignidade. Outros precisam de um curso para obter uma boa colocação profissional. Outros precisam de um tratamento médico, uma visita, uma carona, uma ajuda nos afazeres domésticos, uma orientação jurídica ou de outro profissional, etc. O importante é a Igreja identificar a necessidade dos seus membros e procurar ajudá-los. 

3. Uma igreja adoradora. A igreja de Jerusalém era também uma igreja adoradora: “louvando a Deus” (At 2.47). “Louvando”, traduz o verbo grego aineo. É o mesmo termo usado para se referir aos anjos e pastores que louvavam a Deus por ocasião do nascimento de Jesus (Lc 2.13,20); é usado também para descrever o paralítico que louvava a Deus depois que foi curado junto à Porta Formosa do Templo (At 3.8). É, portanto, uma expressão de júbilo e de gratidão. Louvar é muito mais que simplesmente “cantar”; é uma expressão de rendição e total entrega! É o reconhecimento da grandeza de Deus e de seus poderosos feitos.

Por fim, e não menos importante, a Igreja de Jerusalém tinha a característica de ser uma Igreja adoradora. O texto de Atos 2.47 diz que a Igreja a Igreja perseverava “louvando a Deus”. O comentarista nos explicou que o verbo louvar aqui é “aineo”, que significa “louvar, exaltar, cantar louvores em honra a Deus”. Este louvor não significa apenas cantar louvores a Deus. É uma expressão de rendição e entrega total a Deus, reconhecendo a sua grandeza e os feitos. 

Lamentavelmente em nossos dias vemos muitos crentes que vão aos templos com o objetivo de melhorar as condições de vida e receber [e até exigir] alguma coisa de Deus. Poucos são os que se aproximam de Deus com o coração contrito, rendendo-lhe graças por tudo o que Ele é, por tudo o que que já fez por nós e por tudo o que Ele fará. Deus sem a nossa adoração, continua sendo Deus e não precisa de nada. Nós, porém, nada somos diante dele. Façamos como o hino 124: 

Adorai ao Rei do Universo 
Terra e Céu, cantai o Seu louvor 
Todo ser no grande mar submerso
Louve ao dominador!

11 julho 2025

UMA IGREJA OBSERVADORA DOS SÍMBOLOS CRISTÃOS

(Comentário do 2° tópico da Lição 02: A Igreja de Jerusalém, um modelo a ser seguido)

Ev. WELIANO PIRES 

No segundo tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era observadora dos símbolos cristãos ou ordenanças de Jesus à sua Igreja. O primeiro símbolo cristão observado pela Igreja de Jerusalém era o batismo em águas. O batismo era um dos primeiros passos dos novos convertidos. Entretanto, só eram batizados os que realmente se arrependiam dos seus pecados. O segundo símbolo do cristianismo praticado pela Igreja de Jerusalém era a Ceia do Senhor, conforme podemos ver em Atos 2.42: “E perseveravam... no partir do pão”. 

1. O Batismo. Após o primeiro sermão do apóstolo Pedro na igreja de Jerusalém, e como resposta a uma pergunta, ele disse ao povo: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados” (At 2.38). Naquela época, a primeira igreja batizava quem se convertia. Ela sabia que o batismo era uma das ordenanças de Jesus e que ele era um dos principais símbolos da fé cristã (Mc 16.16). O batismo era um dos primeiros passos da fé cristã, um rito de entrada para a nova vida em Cristo. Mas para ser batizado, a pessoa precisava ter se arrependido dos seus pecados e crido em Jesus. Era preciso ter consciência do sentido desse símbolo de fé. Assim, o batismo era um testemunho público de que a pessoa havia se convertido. Por meio dele, os cristãos de Jerusalém mostravam ao mundo que sua vida agora era diferente, que eles tinham uma nova vida em Cristo.

Logo após o primeiro discurso do apóstolo Pedro no dia de Pentecostes, as pessoas vieram à frente e perguntaram: “Que faremos, varões irmãos?”. Imediatamente, Pedro respondeu: Arrependei-vos e cada um de vós seja batizado em Nome do Senhor Jesus para a remissão dos pecados e recebereis o dom do Espírito Santo.” (At 2.38). Esta resposta nos mostra que o batismo na Igreja de Jerusalém era um ato subsequente à conversão. As pessoas que entendiam a pregação e criam, eram logo batizadas. 

O batismo não foi uma invenção dos apóstolos e não é opcional. Foi o Senhor Jesus quem o ordenou. No conhecido texto de Mateus 28.19, que menciona a Grande comissão de Jesus à Sua Igreja, após a Sua ressurreição, lemos o seguinte: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Vemos claramente neste texto, que o batismo deve ser ministrado àqueles que creram em Jesus e foram feitos discípulos dele. Portanto, primeiro fazemos discípulos, depois batizamos. 


O mesmo Jesus que mandou fazer discípulos, mandou também batizar. No Evangelho segundo Marcos também, a ordem para batizar aparece depois da ordem para pregar o Evangelho: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer, será condenado.” (Mc 16.15,16). O batismo, portanto, é uma prática destinada aos adultos, ou a pessoas que tenham alcançado a idade da razão e creram em Cristo. Na Bíblia o batismo é administrado apenas aos adultos. Não há nenhum caso de batismo infantil nas Escrituras.


Há também discussões a respeito da fórmula batismal. Há grupos hereges que negam a doutrina da Trindade e batizam somente em Nome do Senhor Jesus, usando como base o texto de Atos 2.38, 8.16, 10.48, 19.5. Entretanto, estes textos não apontam uma fórmula batismal, conforme vimos acima, pois são diferentes. O que estes textos mostram é que o batismo deve ser realizado na autoridade do Senhor Jesus. Sobre isso, a Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil diz-nos o seguinte: 

“A ordem dada por Jesus foi de batizar “em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28.19). Cremos e praticamos a fórmula que ele mesmo ordenou. Uma ordem dada por Jesus deve ser cumprida. Sobre a expressão que aparece quatro vezes no Novo Testamento: “em nome de Jesus Cristo” (At 2.38), “em nome do Senhor Jesus” (At 8.16; 19.5) e “em nome do Senhor” (At 10.48), significa apenas que o batismo é realizado na autoridade do nome de Jesus.” 

Por fim, há divergências quanto ao método de batismo. Há Igrejas que batizam por aspersão, ou seja, passando um pouco de água na cabeça do batizando. Outras batizam por efusão, borrifando água sobre a cabeça do batizando. Entretanto, não há fundamento bíblico para isso, nem registros de que tenha ocorrido batismos dessa forma. Há pelo menos três evidências bíblicas de que o batismo deve ser feito por imersão:
a. O significado da palavra batismo. A palavra grega “baptizo” significa literalmente mergulhar;
b. O sentido simbólico do batismo. Paulo diz que nós fomos “sepultados com Cristo no batismo”. Sepultamento pressupõe, evidentemente, cobrir todo o corpo.
c. Os exemplos bíblicos de batismos. Todos os casos relatados na Bíblia mostram que o batismo foi realizado por imersão. Jesus, por exemplo, foi batizado por João Batista dentro do Rio Jordão, e saiu da água (Mc 1.10).

2. A Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor é a outra ordenança dada por Jesus e que foi observada pela igreja de Jerusalém. “E perseveravam... no partir do pão” (At 2.42). A maioria dos estudiosos concorda que esse texto é uma referência à prática da Ceia do Senhor entre os primeiros cristãos. Donald Gee, um dos principais mestres do pentecostalismo britânico, disse que, quando tomada corretamente, a Ceia leva a Igreja ao próprio coração de sua fé; ao próprio centro do Evangelho; ao objeto supremo do amor de Deus. Portanto, quão abençoado é esse “partir do pão”! Parece provável que os primeiros cristãos, combinando essa ordenança simples com a “festa do amor” de sua refeição comum, lembravam assim a morte do Senhor “todos os dias” (At 2.42-46).

O segundo símbolo cristão observado pela Igreja de Jerusalém era a Ceia do Senhor. A Ceia do Senhor foi instituída pelo próprio Senhor Jesus, na última Páscoa com os seus discípulos, na mesma noite em que Ele foi traído por Judas Iscariotes, um dos doze apóstolos. A Ceia do Senhor é uma representação do sacrifício de Cristo por nós, onde o partir do pão representa o seu Corpo que ferido pelas nossas transgressões (Is 53.4) e o fruto da vide representa o seu Sangue, que foi derramado por nós, para purificar os nossos pecados. Cada vez que participamos da Ceia somos relembrados do que Jesus fez por nós e da Sua vitória sobre a morte e o pecado. 

Assim como aconteceu com o batismo, a Ceia do Senhor também teve alguns desvios e controvérsias quanto à sua natureza, propósito e forma de celebração. A Igreja Católica interpreta literalmente as palavras de Jesus, quando Ele disse aos seus discípulos: “Isto é o corpo”, referindo-se ao pão, e “este cálice é o meu sangue” referindo-se ao vinho (Mt 27.26-28). Com este entendimento, dizem que a hóstia se transforma literalmente no corpo de Cristo e o vinho se transforma no sangue de Cristo. Esta doutrina é chamada de Transubstanciação. 

Do lado protestante também, o reformador Martinho Lutero negava a transubstanciação, mas fez um remendo neste ensino. Lutero dizia que apesar dos elementos da Ceia não se transformarem no Corpo e no Sangue de Cristo, Ele estava presente no pão e no vinho, de forma sobrenatural e, ao ingeri-Los, o crente ingere também o Corpo e o Sangue do Senhor. Esta doutrina é chamada de consubstanciação.

João Calvino discordou da consubstanciação luterana, mas defendeu que Cristo está presente espiritualmente nos elementos da Ceia e, portanto, ele considerava a Ceia do Senhor como um sacramento, que transmite graça aos participantes. Os presbiterianos e outras igrejas reformadas seguem esta posição.  

O reformador Ulrico Zwinglio discordava de Lutero e de Calvino, e cria que os elementos da Ceia do Senhor são apenas símbolos do Corpo e do Sangue de Jesus. Zwinglio cria também que a celebração da Ceia do Senhor é uma ordenança do Senhor Jesus, em memória dele e Cristo não está presente nos elementos da Ceia, física ou espiritualmente. Esta posição defendida por Zwinglio é seguida pelas Igrejas Batistas e pelos pentecostais clássicos como a Assembléia de Deus. Entretanto, por desconhecerem o assunto, na prática, muitos pastores pentecostais acabam se comportando como se a Ceia fosse um sacramento que transmite graça aos participantes. 

REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. A Igreja em Jerusalém: Doutrina, comunhão e fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.  
GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.
Ensinador Cristão:  RIO DE JANEIRO: CPAD, 2025, Ed. 102, p. 37.
Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global.   RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1932.
Comentário Bíblico Beacon — João e Atos. Vol. 7. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, p.225.

10 julho 2025

UMA IGREJA COM SÓLIDOS ALICERCES

(Comentário do 1° tópico da Lição 02: A Igreja de Jerusalém, um modelo a ser seguido).

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja com sólidos fundamentos. Inicialmente, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja com fundamento doutrinário, que é uma característica indispensável a qualquer Igreja genuinamente cristã. Na sequência, falaremos do significado da expressão “Perseveravam na doutrina dos apóstolos". Por último, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja relacional e piedosa, que é uma referência à comunhão e à vida de oração que os primeiros cristãos praticavam. 


1. Uma igreja com fundamento doutrinário. A Igreja de Jerusalém não estava fundamentada em filosofias humanas, mas foi estabelecida sobre a doutrina de Cristo, ensinada pelos apóstolos. O número de convertidos nos primeiros dias da Igreja foi muito grande, sendo formada por judeus nativos e prosélitos. Entretanto, a liderança da Igreja não parou o seu trabalho nas conversões. Havia um trabalho constante de ensino para estabelecer as bases doutrinárias da Igreja.  


Os apóstolos tinham grande preocupação com o discipulado e ensinavam aquilo que receberam do Senhor Jesus aos novos convertidos: “E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo." (At 5.42). Podemos ver neste texto que os apóstolos se dedicavam à evangelização (anunciar a Jesus Cristo) e ao ensino aos convertidos (ensinar). 


Não basta pregar o Evangelho aos pecadores e trazer milhares de pessoas à Igreja. Onde não há o ensino da Sã Doutrina, é como construir uma casa sem um alicerce adequado. Quando vierem as tempestades, será grande a queda. A Igreja atual não pode negligenciar o ensino sistemático da Palavra de Deus. Na grande comissão, o Senhor Jesus incumbiu os seus discípulos da responsabilidade de fazer discípulos e ensinar-lhes a guardar tudo o que Ele mandou (Mt 28.19,20). 


2. “Perseveravam na doutrina dos apóstolos” (At 2.42). No texto de Atos 2.42, Lucas relata que os cristãos de Jerusalém “perseveravam na Doutrina dos apóstolos…”. O termo grego traduzido por “doutrina” aqui é “didaquē”, que significa "doutrina ou ensino a respeito de algo”. Didaquē era o conteúdo ensinado a um determinado grupo, que lhe servia de base. Há um documento datado do final do primeiro século  chamado Didaquē, que traz uma compilação de instruções teológicas e litúrgicas atribuídas aos apóstolos.


Os apóstolos eram os responsáveis por ensinar a Palavra de Deus ao povo e não abriam mão disso (At 6.3).  O ensino dos apóstolos era baseado nas Escrituras do Antigo Testamento e nas revelações que os apóstolos receberam diretamente do Espírito Santo. Nos dias dos apóstolos existia apenas o Antigo Testamento. As doutrinas voltadas para a Igreja ainda estavam em construção. Sendo assim, os apóstolos tinham autoridade dada por Jesus para doutrinar a Igreja em vários assuntos, sendo dirigidos pelo Espírito Santo. 


Não temos mais apóstolos em nossos dias com este perfil. A Palavra de Deus já está concluída e ninguém pode lhe acrescentar nada. Portanto, ninguém pode trazer ensino à Igreja com base em revelações. As únicas doutrinas válidas para a Igreja são as que estão na Palavra de Deus. Ninguém hoje em dia tem poder para acrescentar, retirar ou modificar alguma doutrina. Os Católicos romanos querem que a palavra do Papa, a tradição e o magistério da Igreja tenham o mesmo poder dos apóstolos bíblicos. Mas isso não tem nenhum amparo nas Escrituras. 


3. Uma igreja relacional e piedosa. A Igreja de Jerusalém, como vimos acima, tinha fundamento doutrinário (ortodoxia), pois perseverava na doutrina dos apóstolos. Entretanto, não era uma ortodoxia fria, como a Igreja de Éfeso, que havia deixado o primeiro amor (Ap 2.4). A Igreja de Jerusalém perseverava também na comunhão, no partir do pão e nas orações. Os dois primeiros itens referem-se ao relacionamento interpessoal entre os cristãos. O último, refere-se a uma vida piedosa, não no sentido de ter misericórdia de alguém, mas no sentido de ter um relacionamento sincero, justo e reverente com Deus. 


Muitas pessoas na atualidade dão muita ênfase ao aspecto da assistência social da Igreja Primitiva, como se eles se preocupassem apenas em distribuir alimentos aos pobres. Mas a comunhão e o partir do pão vai muito além disso. Eles queriam estar juntos, independente da condição social. Isso significa que os crentes viviam como irmãos, na expectativa de que o Senhor voltaria a qualquer momento. O partir do pão aqui tinha três significados: a refeição ágape, ou festa do amor, onde os cristãos compartilhavam uma refeição coletiva, simbolizando o amor cristão; a Ceia do Senhor, onde eles distribuíam o pão e o vinho, em memória do sacrifício de Cristo; e as refeições que eles faziam nas casas uns dos outros. 


Por fim, a Igreja de Jerusalém vivia em constante oração. Antes do Pentecostes, eles perseveraram em oração, até serem revestidos do poder do Espírito (At 1.14). Mas continuaram orando todos os dias após a descida do Espírito Santo. Oravam pedindo direção a Deus (At 1.23,24); oravam constantemente no templo (At 3.1); oravam diante das ameaças e perseguições (At 4.24-31); oravam antes de separar obreiros (At 6.6). O Senhor respondia às suas orações, salvando muitas almas e operando maravilhas no meio da Igreja. Deus não mudou e jamais mudará. Se quisermos ser uma Igreja poderosa, que proclama o Evangelho com ousadia, precisamos buscar a Deus em oração e os resultados aparecerão.

UMA IGREJA QUE ORA COM PODER

(Comentário do 2º tópico da Lição 04: Uma Igreja cheia do Espírito Santo) Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, veremos que a Igreja de Jeru...