16 abril 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 03: A VERDADEIRA ADORAÇÃO

Ev. WELIANO PIRES 

Na lição passada estudamos sobre a doutrina do Novo Nascimento, ou Regeneração, com base no capítulo 3 do Evangelho segundo João, que relata o encontro de Jesus com um respeitado mestre da Lei, chamado Nicodemos. 

Na lição desta semana, dando continuidade ao estudo do Evangelho segundo João, iremos para o capítulo 4 e estudaremos um dos temas centrais deste Evangelho, que é a verdadeira adoração, baseado no diálogo de Jesus com a mulher samaritana, no Poço de Jacó (Jo 4.23,24).

Evidentemente, há muitas lições importantes que podemos extrair desta longa conversa de Jesus com esta mulher, mas, conforme já mencionamos nas duas lições anteriores, não é possível estudar todas as temáticas do Evangelho segundo João, em apenas um trimestre. 

Jesus ia da Judéia para a Galiléia e decidiu passar por Samaria. Cansado do caminho, o Mestre parou junto ao poço de Jacó. Uma mulher de Samaria veio buscar água e Jesus pediu-lhe água. Reconhecendo que Jesus era um judeu, a mulher inicialmente mostrou-se hostil a Jesus, considerando a rivalidade histórica entre judeus e samaritanos. Depois de uma longa conversa, Jesus lhe ensinou a respeito da verdadeira adoração. 

No primeiro tópico veremos alguns detalhes do encontro de Jesus com a mulher de Samaria e duas preciosas lições que podemos extrair desta conversa. Inicialmente, falaremos da necessidade de Jesus passar por Samaria. Na sequência, falaremos da necessidade que todo ser humano tem, com base na água viva que Jesus ofereceu à mulher samaritana. Por último, falaremos do lugar de adoração a Deus, que era uma questão central entre judeus e samaritanos. 

No segundo tópico abordaremos o ensino de Jesus a respeito da verdadeira adoração. Falaremos da essência da adoração, com base nas palavras de Jesus à mulher samaritana, em João 4.24. Esta adoração não está relacionada a nenhum espaço geográfico. Na sequência, veremos que na Nova Aliança, Jesus é a base da verdadeira adoração e não há lugares sagrados para peregrinação e adoração. 
No terceiro tópico discorreremos sobre o significado de adoração na Bíblia. Primeiro veremos o conceito bíblico de adoração, com base nas palavras hebraicas e gregas traduzidas por adoração. Na sequência, falaremos da adoração como um ato de rendição a Deus, considerando que Ele é o Soberano de todo o Universo. Por último, falaremos da adoração como um ato de serviço a Deus. Neste aspecto, o adorador, entrega totalmente o controle da sua vida a Deus, como um sacrifício vivo, santo e agradável (Rm 12.1).

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1422,1423. 



14 abril 2025

A VERDADEIRA ADORAÇÃO



Subsídio da Revista Ensinador Cristão /CPAD. 

O episódio relatado nesta lição destaca um dos ensinamentos mais preciosos do Evangelho: a verdadeira adoração a Deus. Nos dias em que Jesus exerceu Seu ministério terreno, os judeus encontravam-se extremamente cegos e tomados por uma religiosidade vazia. Adorar a Deus verdadeiramente não era uma prioridade para os fariseus e líderes religiosos judeus. O encontro de Jesus com a mulher samaritana revela algumas verdades que vão de encontro ao padrão religioso daquela época. Primeiro, o Mestre vai ensinar que “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4.24a). Segundo, que o Pai procura a tais adoradores que assim O adorem (v.24b).

O discurso de Jesus para mulher samaritana revela que Deus se importa com a adoração, e não apenas isso, mas que essa adoração seja praticada “em espírito e em verdade”. A qualidade dessa adoração deve ser almejada pelos crentes. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) discorre sobre este tema: “Agora é o momento para que as antigas formas, limitadas em termos de lugar e de nação, sejam transformadas em uma adoração que é ao mesmo tempo pessoal, em espírito, e inteligente, em verdade. ‘Adorar em espírito significa que nós entregamos as nossas vontades à vontade de Deus, os nossos pensamentos e planos aos que Deus tem para nós e para o mundo... Em verdade significa que não estamos adorando uma imagem’ de Deus, feita segundo as nossas próprias ideias... somente Cristo nos apresentou ao Deus ‘verdadeiro’ ou ‘real’. A palavra-chave em toda esta ideia é Pai. Ele é o objeto de adoração e aquele que procura os que o adoram em espírito e em verdade. ‘Quando Deus se revelar como o Pai universal... as limitações de espaço estarão acabadas e tanto o conhecimento quanto a adoração a Deus serão mediados por meios puramente espirituais’. A natureza do objeto de adoração, Deus é Espírito (24; cf. 1Jo 1.5; 4.8), determina as condições necessárias para a adoração. Importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (v.24)” (2006, Volume 7, pp.58,59).


Devemos considerar que a natureza do relacionamento com Deus não está restrita à frieza da lei, observada pelos fariseus e religiosos que ocupavam a cadeira de Moisés naqueles dias. O verdadeiro cumprimento da lei está gravado no coração daqueles que entendem a mensagem transformadora do Evangelho e recebem o Espírito Santo, conforme profetizou Jeremias (Jr 31.33). Que nosso relacionamento com o Pai seja tão verdadeiro quanto nossa adoração.

11 abril 2025

OS MEIOS DA OBRA REGENERADORA

(Comentário do 3º tópico da lição 2: O Novo Nascimento)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos dos meios para que a obra regeneradora se realize. O primeiro deles é a operação do Espírito Santo, descrita por Jesus de forma metafórica, com a expressão “nascer da água”. O segundo meio de regeneração é a Palavra de Deus, a semente da qual o Espírito Santo se serve, para gerar uma nova criatura. Por fim, falaremos da vontade soberana de Deus de salvar a todos, mas que respeita a livre escolha do ser humano, com base no texto de João 3.16. 


1. A operação do Espírito Santo. Conforme já falamos no ponto dois do tópico anterior, a Regeneração é uma obra exclusiva de Deus. Quando Jesus falou para Nicodemos que é necessário nascer da água e do Espírito para entrar no Reino de Deus, Ele se referiu à operação miraculosa do Espírito Santo no interior do pecador, que cria neste, uma nova natureza segundo Deus. Quando nascemos fisicamente, herdamos a natureza pecaminosa dos nossos pais. Da mesma forma, quando nascemos de novo, recebemos uma nova natureza, disposta a obedecer a Deus. 

É importante esclarecer que nascer de novo não significa que o ser humano se torna perfeito e incapaz de pecar. Mesmo tendo nascido de novo, a natureza carnal permanece em nós e precisamos lutar contra ela para não pecar. À medida que andamos no Espírito, vencemos a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida (Gl 5.16). Deste modo, não praticamos as obras da carne (Gl 5.19-21) e produzimos o Fruto do Espírito (Gl 5.22).


2. A Palavra de Deus. A expressão “nascer da água e do Espírito”, usada de forma metafórica por Jesus, é uma alusão à ação do Espírito Santo no interior do ser humano. No Antigo Testamento, os profetas usaram a simbologia da água, para se referir ao derramamento do Espírito Santo, como no texto de Isaías: Porque derramarei água sobre o sedento e rios, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes.” (Is 44.3). 

No Novo Testamento, Jesus confirmou esta simbologia e disse: “Aquele que crer em mim, como diz a Escritura, rios de água viva, correrão do seu ventre”. (Jo 7.38). No versículo seguinte, João explicou a simbologia da água usada por Jesus, dizendo: "E isso disse Ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado”. (Jo 7.39). 

Por outro lado, a água também é usada na Bíblia como símbolo da Palavra de Deus, que tem o poder de limpar e regenerar o pecador. Quando Jesus lavou os pés dos seus discípulos, inicialmente Pedro retrucou e não permitiu que Jesus lhe lavasse os pés (Jo 13.8). Depois que Jesus lhe disse que se não lavasse os seus pés, Pedro não teria parte com Ele, este pediu para que lavasse não apenas os pés, mas todo o corpo (Jo 13.9). Jesus, então, falou: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais todo está limpo”. (Jo 13.10). Mais à frente, no capítulo 15, Jesus disse aos seus discípulos: “Vós já estais limpos, pela Palavra que Eu vos tenho falado”. (Jo 15.3). 

O apóstolo Pedro falou da Palavra de Deus como o instrumento usado para gerar uma nova criatura: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre” (1Pe 1.23). Da mesma forma, Tiago em sua Epístola escreveu que Deus Segundo a sua vontade, nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como primícias das suas criaturas”. (Tg 1.18). 

Concluímos, portanto, que a regeneração é operada pelo Espírito Santo, tendo como instrumento a Palavra de Deus. Isto nos chama a atenção para a importância de ensinarmos sistematicamente a Palavra de Deus em nossas Igrejas, pois sem ela, não poderá haver novo nascimento. Onde não há ensino da Palavra de Deus, pode até haver crescimento numérico da Igreja, mas, não haverá pessoas regeneradas pelo Espírito Santo, mediante a Palavra de Deus.


3. A vontade soberana de Deus. Neste ponto, o comentarista falou da vontade soberana de Deus. Ficou a impressão de que ele mudou de assunto, mas isto está relacionado ao tema do Novo Nascimento. Conforme vimos nesta lição, a regeneração é uma ação exclusiva de Deus, mas este fato não exclui a responsabilidade humana e não significa que Deus deseja salvar apenas alguns que foram eleitos e, por sua vontade, condenar os demais, como ensina o Calvinismo. O propósito de Deus é salvar a todos e Ele providenciou o meio para isso. Porém, Deus colocou diante do ser humano a decisão de crer em Jesus ou rejeitá-lo: Quem crer… Se creres… Quem quiser vir após mim…, etc.

No conhecido texto de João 3.16, Jesus afirmou: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”. Este texto deixa claro que Deus amou a todos e deu o Seu Filho para morrer por todos. Deus amou o mundo (todas as pessoas) e deu o Seu Filho Unigênito para “que todo aquele que nele crer” (qualquer pessoa), tenha a vida eterna. O apóstolo Paulo, escrevendo a Timóteo, também deixou claro que Deus deseja salvar a todos:Porque isto é bom e agradável diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade”. (1Tm 2.3,4).


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp. 1413, 1419.

GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024

HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.369. 

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, pág. 64.

Bíblia de Estudo Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1995, p.1576. 

09 abril 2025

O NOVO NASCIMENTO: A OBRA DE REGENERAÇÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 02: O Novo nascimento)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos da Doutrina do Novo Nascimento, que também é chamada de Regeneração. Inicialmente, veremos o significado teológico da expressão Novo Nascimento, partindo da palavra grega palingenesia. Na sequência, veremos que a regeneração é uma obra exclusiva de Deus, operada pelo Espírito Santo no interior do pecador que se entrega a Cristo. Por último, falaremos da necessidade de regeneração do pecador. Todos os seres humanos, sem exceção, nascem pecadores e, portanto, necessitam passar pelo processo da regeneração. 

1. O Novo Nascimento. Na teologia, Novo Nascimento e Regeneração são sinônimos. No Novo Testamento a expressão grega “gennethenai anoothen”, traduzida por “nascer de novo” em João 3.3, pode ser traduzida também por nascer do alto, ou de cima. Há também outras expressões correlatas, como por exemplo, “anagennaos” (de novo gerados) que é usada em 1 Pedro 1.3,23. Esta expressão significa também a transformação do nosso interior pelo Espírito Santo, para sermos um novo ser, conforme a vontade de Deus. 

Conforme explicou o comentarista, a palavra grega palingenesia, traduzida por regeneração, significa literalmente “ser gerado novamente”. Esta palavra aparece duas vezes no Novo Testamento. Em Mateus 19.28, Jesus a usou com outro sentido, para se referir à restauração da terra no período do Milênio. Já o apóstolo Paulo usou esta palavra em Tito 3.5, para se referir à renovação espiritual operada pelo Espírito Santo em nosso interior. Segundo Stanley Horton, “a regeneração é a ação decisiva e instantânea do Espírito Santo, mediante a qual Ele cria de novo a natureza interior.”

2. A Regeneração como obra exclusiva de Deus. A regeneração é parte do processo da salvação, que consiste em três aspectos: justificação, regeneração e santificação. A salvação, conforme vimos no trimestre passado, não é obra humana. Nenhum ser humano pode salvar-se dos seus pecados. Sendo a regeneração parte deste processo, somente Deus pode realizar esta obra em nosso interior. Quando o ser humano ouve a Palavra de Deus e lhe dá crédito, imediatamente, ele é justificado, ou seja, ele é declarado justo diante de Deus, pelos méritos de Cristo.

A partir daí, inicia-se o processo de regeneração, ou novo nascimento, que é a transformação da velha natureza, corrompida pelo pecado, em uma nova criatura segundo os padrões de Deus. O Espírito Santo vai nos transformando diariamente, para sermos conforme o caráter de Cristo. Paralelo à regeneração, vem a santificação que é a separação de tudo que desagrada a Deus e a dedicação exclusiva a Ele. 

A Declaração de Fé das Assembleias de Deus no Brasil, no capítulo que fala do Espírito Santo, declara que Ele “possui o papel de regenerar, purificar e santificar o homem e a mulher”. Em seguida, define a regeneração como “a transformação do pecador numa nova criatura pelo poder de Deus, como resultado do sacrifício de Jesus na cruz do Calvário” 

3. A necessidade da Regeneração do pecador. Segundo a Bíblia de Estudo Pentecostal, a regeneração é necessária porque, à parte de Cristo, todo ser humano, pela sua natureza inerente e pecadora, é incapaz de obedecer a Deus e de agradar-lhe (Sl 51.5; 58.3; Rm 8.7.8: 5.12; 1 Co 2.14)”. A regeneração é indispensável a todos os seres humanos, porque todos pecaram, conforme escreveu o apóstolo Paulo em Romanos 3.23: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Se todos pecaram, logo todos precisam nascer de novo. 

Esta doutrina é chamada de universalidade do pecado. Quando Adão pecou, a natureza humana foi totalmente corrompida pelo pecado e, portanto, todo ser humano nasce pecador e precisa ser regenerado. Os católicos, no intuito de divinizar Maria, dizem que ela foi concebida sem pecado, mas isso contraria o ensino bíblico, que diz que não há ninguém que tenha nascido sem pecado (Ec 7.20; Rm 3.10-12,23). O único que nasceu e viveu neste mundo sem pecado foi Jesus.


REFERÊNCIAS: 


CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp. 1413, 1419.

GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024

HORTON, Stanley M. Teologia Sistemática: Uma perspectiva pentecostal. 1ª Edição. RJ: CPAD, 1996, p.369. 

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. RIO DE JANEIRO: CPAD, pág. 64.

Bíblia de Estudo Pentecostal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1995, p.1576.  

JESUS E NICODEMOS

(Comentário do 1º tópico da Lição 02: O Novo Nascimento) 

Ev. WELIANO PIRES 

No primeiro tópico, falaremos de alguns detalhes do encontro entre Jesus e Nicodemos. Inicialmente, traremos as informações que temos sobre a pessoa de Nicodemos. Na sequência, falaremos do reconhecimento de Nicodemos sobre Jesus como Mestre, o que indica que ele reconhecia a autoridade espiritual de Jesus. Por fim, analisaremos os detalhes do diálogo entre Jesus e Nicodemos. 

1. Quem era Nicodemos? Temos poucas informações sobre Nicodemos na Bíblia. O seu nome é grego e significa “conquistador do povo”. Ele aparece na Bíblia somente no Evangelho segundo João, em três ocasiões: Neste diálogo com Jesus, em João 3.1-21, que é o assunto desta lição; Depois, em João 7.50-52, ele aparece em uma discussão com os fariseus sobre Jesus, na qual, ele deu um parecer favorável a Jesus, quando os seus pares mandaram prendê-lo e foi chamado de ignorante; Por último, em João 19.39-40, no sepultamento de Jesus, ele aparece auxiliando José de Arimatéia, na preparação do corpo de Jesus para a sepultura. Isso nos leva a concluir que ele era um pessoa de posses. 

A Bíblia também não nos informa nada a respeito da origem de Nicodemos. O texto de João 3.1, diz o seguinte sobre Nicodemos: “Havia um homem entre os fariseus, chamado Nicodemos, príncipe dos judeus”. Por estas informações, concluímos que ele era membro do partido dos fariseus e era membro do Sinédrio. O termo grego usado para se referir à sua posição entre os judeus é archon, que significa governador ou príncipe. Algumas versões o traduzem como “líder dos judeus”. Este termo era usado para se referir aos membros do Sinédrio.

Os fariseus, partido religioso ao qual Nicodemos pertencia, surgiu provavelmente no período que antecedeu a guerra dos macabeus, com o objetivo de resistir e fazer oposição aos costumes helenísticos e aculturação do povo judeu. Este nome apareceu pela primeira vez durante a época do governo de João Hircano, que governou a Judéia entre 135 e 105 a.C. O próprio João Hircano, que era sumo sacerdote, era também um fariseu. Mas, depois passou para o partido dos saduceus. 

A palavra hebraica “prushim” (fariseus) tem origem incerta. O sentido mais provável é “separado”. Eles eram muito rigorosos na observância não apenas da Lei escrita, mas também da tradição oral. Além dos mandamentos da Lei de Moisés, os fariseus criaram muitas regras preventivas, para “evitar que as pessoas pecassem”. Boa parte dos fariseus eram hipócritas e legalistas e, por isso, o grupo sofreu duras críticas de Jesus no capítulo 23 de Mateus. Por causa dessa hipocrisia de alguns, o termo fariseu passou a ser usado para classificar alguém como um religioso legalista e hipócrita. Entretanto, nem todos os fariseus eram hipócritas. Temos pelo menos três exemplos de fariseus na Bíblia, que eram pessoas sinceras e tementes a Deus: o próprio Nicodemos, Gamaliel e Saulo. 

O Sinédrio, do qual Nicodemos era membro, era a suprema corte judaica, formada por sacerdotes anciãos e escribas. Os anciãos que faziam parte do Sinédrio eram líderes comunitários muito respeitados, indicados para representar os israelitas na corte, ao lado dos escribas e sacerdotes. Os membros do Sinédrio não eram qualquer pessoa, escolhida aleatoriamente como acontece atualmente com os jurados nos tribunais. Eram pessoas idôneas, notáveis e respeitadas na sociedade. 

2. O reconhecimento de Nicodemos sobre Jesus como Mestre. Nicodemos iniciou a sua conversa com Jesus, chamando-o de “Rabi”, que é a transliteração do termo hebraico “Rabbi”, que significa “Meu Mestre”. Rabbi, que tem origem na raiz hebraica “Rav”, que no hebraico bíblico significa "grande", "distinto", ou “notável” (no conhecimento). Ao chamar Jesus de Rabi, Nicodemos reconheceu que Ele era um mestre vindo de Deus, por causa dos milagres que Ele fazia. Em suas palavras iniciais, podemos notar que ele havia presenciado alguns milagres de Jesus e entendeu que eram verdadeiramente manifestações do poder de Deus. Este mestre da lei procurou Jesus não com interesse em criticá-lo, ou apanhá-lo em alguma falta. Ele, de fato, procurou entender a mensagem de Jesus. 

O fato de Nicodemos ter procurado Jesus durante a noite também tem levantado discussões. Alguns sugerem que ele foi à noite, porque temia ser visto conversando com Jesus, por causa da sua posição no Sinédrio. Havia um temor das pessoas que criam em Jesus, confessá-lo publicamente, por medo de serem expulsos da Sinagoga (Jo 9.22; 12.42). Outros sugerem que ele foi à noite por ser mais tranquilo, pois o ministério de Jesus era itinerante e estava sempre cercado de uma multidão. Seja qual for o motivo, o fato é que ele desejava conhecer a Jesus. Depois deste encontro ele se tornou discípulo de Jesus e chegou a defendê-lo de forma genérica, perante os fariseus. 

Podemos notar nesta abordagem de Nicodemos, que não havia hostilidade da parte dele para com Jesus, como costumava haver da parte dos seus companheiros fariseus. Em todas as conversas dos fariseus com Jesus, percebemos que eles tinham inveja dele e agia com astúcia, a fim de apanhá-lo em alguma palavra ou ação para o acusarem perante as autoridades. Para atingir este objetivo, eles passavam por cima das divergências que tinham com os saduceus e com os herodianos, pois os três grupos não gostavam de Jesus: “E, tendo saído os fariseus, tomaram logo conselho com os herodianos contra ele, procurando ver como o matariam.” (Mc 3.6).

3. O diálogo entre Jesus e Nicodemos. Diante desta abordagem de Nicodemos, Jesus deu-lhe uma resposta que o deixou perplexo: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus”. (Jo 3.3). A interpretação imediata de Nicodemos para estas palavras de Jesus foi de que Ele estaria sugerindo que a pessoa deveria renascer fisicamente. Esta mesma interpretação equivocada das palavras de Jesus tem sido feita pelo Espiritismo, que ensina que Jesus estava ensinando a reencarnação neste texto. 

O próprio Jesus explicou a Nicodemos que não se tratava de um segundo nascimento físico, mas de um nascimento espiritual, simbolizado por “nascer da água e do Espírito”. Jesus usou as palavras água e Espírito em sentido figurado, para se referir à ação sobrenatural do Espírito Santo que transforma o velho homem, cuja natureza foi corrompida pelo pecado, em uma nova criatura com uma nova natureza segundo os padrões de Deus, como veremos no próximo tópico. 

Aqui neste subtópico, o comentarista associa a simbologia da água e do Espírito à mensagem de João Batista, que falou de batismo nas águas e no Espírito Santo. No texto do Livro de apoio, na página 31, ele defendeu claramente que nascer da água é uma referência ao batismo nas águas: 

“Os teólogos, ao longo da história da igreja, debatem o significado da “água” e imaginam interpretações que fogem completamente ao sentido teológico desse elemento. O que importa entender é que água se refere ao ato batismal como sinal de arrependimento e confissão pública de fé na mensagem do Filho de Deus”. 

Esta interpretação, a meu ver, é equivocada, pois o novo nascimento não tem nada a ver com batismo nas águas, pois o batismo em águas ainda não havia sido ensinado por Jesus e não é condição para a salvação. O batismo é uma ordenança para os que já foram salvos e serve como um testemunho público de que a pessoa nasceu de novo. O batismo não é realizado para salvar a pessoa, mas é ministrado a quem já é salvo. Se o batismo fosse sinônimo de nascer da água como Jesus falou, aqueles que morreram antes do batismo, como o ladrão da cruz, não seriam salvos. Falaremos mais detalhadamente sobre a simbologia da água e do Espírito no terceiro tópico.

REFERÊNCIAS: 

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp. 1413, 1419.
GOMES, Osiel. A Carreira que nos está proposta: O caminho da Salvação, santidade e perseverança para chegar ao Céu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 

08 abril 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 02: O NOVO NASCIMENTO

Ev. WELIANO PIRES

Depois de estudarmos o prólogo do Evangelho segundo João, falando sobre o Verbo que se tornou em carne, nesta lição saltaremos para o capítulo 3, versículos 1 a 16, um dos textos mais conhecidos de toda a Bíblia. Conforme falamos na lição passada, não seria possível estudar todo o conteúdo deste Evangelho em um único trimestre, pois são apenas 13 lições e o Livro contém 21 capítulos, com vários temas. Portanto, foi preciso escolher alguns temas do livro para estudar e naturalmente, outros ficaram de fora. 

Nesta lição veremos o diálogo de Jesus com um mestre da Lei chamado Nicodemos. Neste diálogo, Jesus falou a Nicodemos sobre o Novo Nascimento, como condição indispensável para o ser humano ver o Reino de Deus (Jo 3.3). Partindo deste ensino de Jesus a Nicodemos, apresentaremos a doutrina bíblica do Novo Nascimento, também chamada de Regeneração. Esta doutrina faz parte da Soteriologia, que é a parte da teologia sistemática que estuda a respeito da salvação. 

No primeiro tópico, falaremos de alguns detalhes do encontro entre Jesus e Nicodemos. Inicialmente, traremos as informações que temos sobre a pessoa de Nicodemos. Na sequência, falaremos do reconhecimento de Nicodemos sobre Jesus como Mestre, o que indica que ele reconhecia a autoridade espiritual de Jesus. Por fim, analisaremos os detalhes do diálogo entre Jesus e Nicodemos. 

No segundo tópico, falaremos da Doutrina do Novo Nascimento, que também é chamada de Regeneração. Inicialmente, veremos o significado teológico da expressão Novo Nascimento, partindo da palavra grega palingenesia. Na sequência, veremos que a regeneração é uma obra exclusiva de Deus, operada pelo Espírito Santo no interior do pecador que se entrega a Cristo. Por último, falaremos da necessidade de regeneração do pecador. Todos os seres humanos, sem exceção, nascem pecadores e, portanto, necessitam passar pelo processo da regeneração. 

No terceiro tópico, falaremos dos meios para que a obra regeneradora se realize. O primeiro deles é a operação do Espírito Santo, descrita por Jesus de forma metafórica, com a expressão “nascer da água”. O segundo meio de regeneração é a Palavra de Deus, a semente da qual o Espírito Santo se serve, para gerar uma nova criatura. Por fim, falaremos da vontade soberana de Deus de salvar a todos, mas que respeita a livre escolha do ser humano, com base no texto de João 3.16. 


REFERÊNCIAS:

CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.
Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.37.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, pp. 1413, 1419.


07 abril 2025

Lição 2: O Novo Nascimento - SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD

Imagem: CPAD

Nesta lição, estudaremos sobre o novo nascimento como modelo bíblico de transformação radical da natureza do pecador. Essa transformação recebe também o nome de “regeneração”. Na noite em que Nicodemos, um sábio fariseu e principal dos judeus, encontrou-se com Jesus, o Mestre destacou um dos ensinamentos mais preciosos do Evangelho: “Aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus” (Jo 3.3). A experiência do novo nascimento trata-se da obra do Espírito Santo no interior daquele que crê, uma mudança que ocorre no comportamento da pessoa que verdadeiramente aceitou Jesus como Salvador. 

A transformação gerada pelo Espírito na conduta daquele que crê ocorre, inicialmente, na maneira de pensar. O apóstolo Paulo destaca que pelo conhecimento da Palavra de Deus se crê e, imediatamente, uma mutação tem início no coração do crente (Rm 10.17). Em seguida, a transformação tem continuidade pela renovação do nosso entendimento (Rm 12.2). Uma vez que a graça do Evangelho encontra espaço na vida de uma pessoa, levando-a à conversão de sua fé e conduta, o Espírito opera a transformação espiritual. 

A Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global (CPAD) discorre sobre essa transformação na vida do crente e enfatiza que ela deve ser nutrida diariamente: “Em vez de se conformar com os valores e estilos de vida mundanos, a nossa mente deve ser continuamente renovada e transformada no modo divino de pensar (1Co 2.16; Fp 2.5). Isso só pode acontecer quando gastamos tempo lendo e meditando na Palavra de Deus (isto é, ponderando mais e mais em seu significado e como ela se aplica às nossas vidas; Sl 119.11,148; Jo 8.31,32; 15.7). Isso permitirá que as nossas visões, valores, comportamentos e planos sejam dirigidos pela eterna verdade de Deus, e não pelos padrões passageiros e enganosos do mundo” (2022, p.2051).

Investir tempo em oração e ocupar a mente nos ensinamentos da Palavra de Deus são o modo mais adequado para aprender a disciplinar nossas ações e submeter nosso coração à ação do Espírito Santo (1Tm 4.5). Quando nos colocamos obedientes a Deus, com o coração quebrantado e um espírito voluntário para aprender (Sl 51.10-12), alcançamos o entendimento da boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Rm 12.2). Que possamos entender o novo nascimento não como um evento restrito ao dia em que aceitamos Jesus como único e suficiente Salvador, mas como relacionamento diário com Deus tornando a mudança em nosso caráter uma ação contínua do Espírito Santo.

04 abril 2025

A ENCARNAÇÃO DO VERBO

(Comentário do 3º tópico da Lição 01: O Verbo que se tornou em carne)

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos da encarnação do Verbo. Inicialmente falaremos da manifestação do Verbo e a Luz do mundo, trazendo também o significado de luz e trevas na Bíblia. Na sequência, falaremos do privilégio que temos de sermos chamados filhos de Deus, mediante a fé em Jesus. Por último, falaremos da manifestação e habitação do Verbo entre os seres humanos, com base na frase “e o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. 


1. A manifestação do Verbo e a Luz do mundo. Nos primeiros cinco versículos do prólogo, João fez afirmações muito fortes sobre Jesus, que não deixam nenhuma dúvida de que Ele é Deus. João afirmou que Jesus: Ele existe antes de todas as coisas junto com o Pai e é Deus, mas não é o Pai. João afirmou também que Jesus é o Criador de todas as coisas, evidentemente, junto com o Pai e o Espírito Santo. Ele explicou que em Jesus estava a vida e a vida era a luz. Por fim, João afirmou que a luz veio ao mundo, resplandeceu nas trevas, mas as trevas mas as trevas não a compreenderam. Outras versões dizem que as trevas não prevaleceram contra a luz ou não conseguiram apagá-la. Em outros textos do Evangelho, que veremos em lições posteriores, Jesus afirmou que Ele é tanto a vida, como a luz. Luz e trevas na Bíblia são símbolos, respectivamente, da pureza e do pecado. Jesus é a Luz do mundo porque ele tira o pecado do mundo. 


Nos versículos 6 a 32, João fala da encarnação do Verbo e sobre a vinda de João Batista, que não é o escritor deste livro. Na sequência, ele descreve o testemunho de João Batista sobre Jesus. João não registrou o evento do batismo de Jesus como os outros evangelistas, mas no testemunho de João Batista, ele próprio descreve o que viu quando batizou Jesus: “Vi o Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele. Eu não o conhecia; aquele, porém, que me enviou a batizar com água me disse: Aquele sobre quem você vir descer e pousar o Espírito, esse é o que batiza com o Espírito Santo." (Jo 1.32,33). Em seu testemunho, João Batista falou da preexistência de Jesus, disse que era inferior a Jesus e que Jesus é aquele que batiza com o Espírito Santo e com fogo. Falou também que Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29,30).


2. O privilégio de nos tornarmos filhos de Deus. Nos versículos 11 e 12, João escreveu o seguinte: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome”. A referência inicial “veio para os seus” se aplica ao povo judeu, pois Jesus manifestou-se inicialmente a eles e foi rejeitado por eles. Isto não significa que Jesus veio somente para eles e, como eles o rejeitaram, Jesus adotou “plano B”, estendendo a salvação para os não-judeus. Em toda a Bíblia está claro que Jesus veio para salvar toda a humanidade, independente da etnia, nacionalidade ou classe social. Entretanto, a sua vinda se daria através da descendência de Abraão. 


A segunda referência, “deu-lhes o poder de serem chamados filhos de Deus”, se aplica a todos os que crerem em Jesus, de qualquer nação, pois Deus não faz acepção de pessoas. Antes de conhecer a Cristo, éramos estranhos e inimigos de Deus. Mas, pela fé em Cristo, recebemos não apenas o perdão dos pecados, mas também o direito de sermos chamados filhos de Deus. Muitas pessoas estão enganadas, pensando que todos os seres humanos são filhos de Deus. A Bíblia é muito clara e afirma que filhos de Deus são apenas aqueles que crêem em Jesus (Jo 1.12). Aqueles que nele crêem se tornam filhos de Deus por adoção. Os demais são apenas criaturas de Deus e não filhos. 


3. A manifestação e a habitação do Verbo. Depois de falar, de forma contundente, sobre a divindade do Verbo, João não deixa de mencionar também a humanidade plena de Jesus. No mesmo capítulo 1, ele escreveu: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. (Jo 1.14). João deixou claro que Jesus tomou a forma humana e habitou entre eles. Ele reafirmou esta verdade também em 1 João 1: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida”. 


A Encarnação do Filho de Deus é uma das doutrinas fundamentais do Cristianismo. Sobre isso, diz-nos a Declaração de Fé das Assembleias de Deus:


"Cremos na concepção e no nascimento virginal de nosso Senhor Jesus Cristo, conforme as Escrituras Sagradas e anunciado de antemão pelo profeta Isaías, e que ele foi concebido pelo Espírito Santo no ventre da virgem Maria."


Quando Jesus nasceu, Mateus associou a Ele a profecia de Isaías que diz: "Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel." (Is 7.14). A palavra hebraica "Emanuel" significa "Deus conosco". Portanto, Jesus é Deus, mas se tornou humano e habitou entre nós. 


Conforme vimos no trimestre passado, surgiram várias heresias sobre a Pessoa e a Natureza de Cristo. Os ebionitas e os arianistas negavam a divindade de Jesus. Os docetistas e os gnósticos negavam a sua corporeidade e humanidade. Depois surgiram outras heresias contra a dupla natureza de Jesus. O Nestorianismo não negava a humanidade, nem a divindade de Cristo. Mas defendia que as duas naturezas de Cristo são, na verdade, duas pessoas: uma divina e uma humana. O monofisismo defendia que Jesus tinha duas naturezas antes da sua encarnação, mas estas duas naturezas se fundiram e se tornaram apenas uma natureza, que não é totalmente humana, nem totalmente divina.


Sobre a encarnação do Verbo surgiu outra heresia chamada kenoticismo, palavra derivada grego kenoō, que significa “esvaziar”. Este verbo grego está presente no texto de Filipenses 2.7 que diz: “Mas aniquilou-se [kenoō] a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens”. Com base neste texto, o kenoticismo afirmava que Jesus teria se esvaziado dos seus atributos divinos enquanto esteve neste mundo e após a ressurreição os retomou. Isso equivale a dizer que Jesus deixou de ser Deus e depois voltou a sê-lo.


Aqui neste ponto, eu preciso fazer uma correção, referente ao comentário do Pr, Elienai Cabral, no Livro de Apoio. Esta parte do comentário não está na revista, está apenas no Livro. Na página 21, quando falou da encarnação do Verbo, o Pr. Elienai escreveu o seguinte: 


“O apóstolo Paulo entendeu a encarnação do Verbo quando escreveu aos filipenses que Jesus, sendo Deus, aniquilou-se a si mesmo (Fp 2.7), no sentido de despojar-se e privar-se da glória de divindade que tinha, para tomar a forma de homem. Ele não se esvaziou da essência da sua divindade, mas esvaziou-se dos atributos de divindade para se manifestar literalmente como homem comum”.


Um pouco adiante, na página 22, ele escreveu: 


“Jesus preferiu aniquilar-se de sua glória divina para assumir a natureza humana com o propósito de salvar a todos. O seu desejo de resgatar o homem dos seus pecados, fez com que Cristo abdicasse de sua glória e divindade”.


Evidentemente, eu não tenho a pretensão de desmerecer o Pr. Elienai Cabral, que é o comentarista mais antigo, ainda em atividade na CPAD, e tampouco tenho a petulância de querer nivelar-me a ele no conhecimento teológico. Eu sei perfeitamente que ele não nega divindade de Jesus, pois ele deixou isso bem claro tanto no Livro de apoio, quanto na revista. Entretanto, da forma que ele colocou neste texto acima, dizendo que Jesus “esvaziou-se dos atributos de divindade para se manifestar literalmente como homem comum”, ele está afirmando exatamente o que dizia o kenoticismo. 


Ora, Jesus é plenamente Deus e se tornou plenamente humano, mas jamais deixou de ser Deus enquanto viveu neste mundo como homem. Também não deixou de ser humano após a ressurreição, pois o seu corpo ressuscitou e foi glorificado. Ele abriu mão de usar os atributos divinos, mas nunca deixou de tê-los, se não deixaria de ser Deus e isso é impossível, pois Deus não muda em sua essência e atributos. Ele esvaziou-se da Sua glória e manifestou-se como homem, pois nenhum ser humano em sua condição mortal pecaminosa jamais suportaria a glória de Deus. Mas Ele jamais abdicou da sua divindade. 


REFERÊNCIAS:


CABRAL, Elienai. E o Verbo se fez carne: Jesus sob o olhar do apóstolo do amor. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025.

Revista Ensinador Cristão. RIO DE JANEIRO: CPAD, Ed. 101, p.36.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1410. 

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2022, p.1410. 

Bíblia de Estudo Plenitude. BARUERI-SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 1ª Ed. 2001, p. 1069, 1070.

SOARES, Esequias. Em defesa da Fé Cristã: Combatendo as antigas heresias que se apresentam com nova aparência. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2025. 

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus:  Jesus salva, cura, batiza no Espírito Santo e em breve voltará. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2017, p.28


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