(Comentário do 3º tópico da Lição 10: A promessa do Espírito)
Ev. WELIANO PIRES
No terceiro tópico, falaremos da promessa do Pai no dia de Pentecostes, que é diferente da promessa do envio do Consolador, que vimos no primeiro tópico. Inicialmente, falaremos do acontecimento extraordinário do dia de Pentecostes, que veio “de repente” sobre os discípulos, que estavam em oração no cenáculo. Em seguida, explicaremos a expressão bíblica “e todos foram cheios do Espírito Santo”, descrita em Atos 2.4. Por fim, falaremos da expressão e começaram a falar em outras línguas, como evidência do batismo no Espírito Santo.
1. “De repente”. O comentarista fez menção aqui ao aparecimento do Senhor Jesus aos seus discípulos, no capítulo 20 do Evangelho segundo João e disse que se refere ao período entre a Páscoa e o Dia de Pentecoste. Na verdade, esta aparição de Jesus aos discípulos se deu no domingo da Páscoa à tarde (Jo 20.19) e oito dias depois, quando Tomé também estava presente (Jo 20.26). Houve outras aparições de Jesus aos discípulos, como a pesca milagrosa no capítulo 21 de João e a aparição na Galileia, onde o Mestre incumbiu-os da Grande Comissão (Mt 28.18-20; Mc 16.14-20).
O intervalo entre a festa da Páscoa e o Dia de Pentecostes era de cinquenta dias. No dia de Pentecostes era realizada a festa da colheita ou festa das semanas, que acontecia sete semanas após a páscoa. Sete semanas são quarenta e nove dias. No quinquagésimo dia, realizava-se a festa da colheita e vinham judeus de todas as partes do mundo para esta festa. O nome Pentecostes vem do grego Pentecosté, que significa “quinquagésimo dia”.
O Senhor Jesus ordenou aos seus discípulos que não se ausentassem de Jerusalém, antes de receberem a promessa do Pai (Lc 24.49; At 1.4). O livro de Atos inicia com as últimas palavras de Jesus aos seus discípulos, após a ressurreição e antes da sua ascensão aos Céus. Entre estas palavras do Mestre, está a promessa da descida do Espírito Santo "não muito depois daqueles dias". (At 1.5,8). Esta promessa se cumpriu dez dias após a ascensão de Jesus.
Os discípulos permaneceram em Jerusalém, seguindo a ordem de Jesus, e continuaram em oração. Após a ressurreição, Jesus apareceu para mais de quinhentos irmãos , como disse Paulo (1 Co 15.6). No capítulo 2 de Atos, temos o cumprimento dessa promessa, quando os discípulos estavam reunidos em oração, no dia de Pentecostes. Dos mais de quinhentos que viram o Cristo ressurreto, só restavam cento e vinte em oração. Isso nos mostra que o número de pessoas que querem ver milagres e receber bênçãos é muito maior que o número dos que permanecem em oração e tem compromisso com Deus.
2. “E todos foram cheios do Espírito Santo”. O texto de Atos 2.1-4 descreve o evento da descida do Espírito Santo sobre os discípulos. Eles estavam reunidos no mesmo lugar, em oração, aguardando o cumprimento da promessa de Jesus, que eles não sabiam como aconteceria. De repente, veio do Céu, um som como de um vento forte e impetuoso e encheu o cenáculo. Todos foram cheios do Espírito Santo e falaram em outras línguas e profetizaram, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.
A partir deste acontecimento, os discípulos nunca mais foram os mesmos. O Espírito Santo concedeu-lhes ousadia para proclamar o Evangelho diante das autoridades judaicas, em meio à perseguição e oposição ferrenha. Também lhes concedeu poder para operar sinais e maravilhas e dirigiu a obra missionária. Em várias ocasiões no Livro de Atos, vemos a ação do Espírito Santo, através dos apóstolos.
No mesmo dia de Pentecostes, após a descida do Espírito Santo, a multidão ficou confusa sobre o que teria acontecido. Pedro, cheio do Espírito Santo, levantou-se e fez um eloquente discurso, com a ousadia concedida pelo Espírito Santo, que tocou fortemente o coração dos ouvintes. Ele não precisou fazer nenhum apelo e uma multidão, comovida com aquela poderosa mensagem, veio à frente perguntar-lhe o que deveriam fazer. Pedro respondeu:
- Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. (At 2.38).
O resultado foi fantástico! Quase três mil almas se converteram. No dia seguinte, o número de convertidos chegou a quase cinco mil pessoas. Somente o Espírito Santo pode fazer isso. Argumentos humanos e discursos vazios não são capazes de levar uma multidão a se converter a Cristo.
A expressão “cheios do Espírito Santo”, no Livro de Atos, refere-se na maioria das vezes ao batismo no Espírito Santo. Entretanto, em alguns casos refere-se à conduta piedosa da pessoa, que tem o Fruto do Espírito Santo, como no caso dos diáconos (At 6.3). Refere-se também à pessoa que tem a autoridade, a ousadia e a sabedoria do Espírito Santo, como Barnabé, Estêvão e Paulo.
3. “E começaram a falar em outras línguas”. A Doutrina Pentecostal clássica ensina desde os primórdios, que a evidência inicial do batismo no Espírito Santo é o falar em línguas desconhecidas. Este também é o posicionamento das Assembléias de Deus, desde a sua fundação. Vejamos o que diz a Declaração de Fé das Assembleias de Deus de 1916:
“O batismo dos crentes no Espírito Santo é testemunhado pelo sinal físico inicial de falar em outras línguas conforme o Espírito de Deus lhes dá capacidade de falar.'' (At 2.4).
É importante esclarecer que há dois tipos de falar em línguas. Há duas palavras gregas, traduzidas por “falar em línguas”. A primeira é “xenolalia” de “xeno” (estrangeiro) e “laleo” (falar), que significa falar em uma língua estrangeira, desconhecida de quem fala, mas conhecida de quem a ouve. A segunda palavra é “Glossolalia”, de “glossa” (língua) e “laleo” (falar), que significa falar em uma língua desconhecida para quem fala e para quem a ouve.
No dia de Pentecostes, os discípulos foram cheios do Espírito Santo e falaram em “outras línguas”. O termo grego usado em Atos 2.4 é "héteros glossais”, que significa outras línguas, que eram desconhecidas dos que estavam falando. Logo em seguida, o texto diz que algumas pessoas ouviram estas línguas e as entenderam, pois eram as suas próprias línguas.
No capítulo 8 de Atos, após a pregação de Filipe em Samaria, com a chegada de Pedro e João, foram impostas as mãos sobre os que que creram e eles também foram batizados no Espírito Santo. Nesse caso, o texto não diz explicitamente que eles falaram em línguas. Porém, houve um sinal visível de que foram batizados, pois até o mágico Simão percebeu e ofereceu dinheiro para conseguir este dom (At 8.17,18).
O mesmo aconteceu com Saulo, quando Ananias lhe impôs as mãos para que ele fosse cheio do Espírito Santo (At 9.17). Se ele não tivesse falado em línguas, Ananias não saberia que ele foi batizado Espírito Santo. Em Cesaréia, na casa do Centurião Cornélio, as pessoas que ouviram a mensagem pregada por Pedro também foram batizadas no Espírito Santo e falaram em línguas (At 10.46).
Depois, em Atos 19, o apóstolo Paulo encontrou um grupo de 12 discípulos em Éfeso, que desconheciam a Doutrina do Espírito Santo. Depois de explicar sobre o Espírito Santo, Paulo impôs-lhes as mãos e eles também falaram em línguas (At 19.1-6). Comparando com os outros relatos, que dizem que as pessoas que foram batizadas no Espírito Santo falaram em línguas, fica implícito, portanto, que este foi o sinal visível de que a pessoa foi realmente batizada no Espírito Santo.