(Comentário do 2º tópico da Lição 04: Uma Igreja cheia do Espírito Santo)
Ev. WELIANO PIRESNo segundo tópico, veremos que a Igreja de Jerusalém era uma Igreja que orava com poder. Veremos que esta Igreja era uma Igreja que orava com o propósito de que Deus fosse glorificado na resposta e não orações carnais para satisfazer o ego humano. Na sequência, veremos que os crentes de Jerusalém oravam em unidade. Isso não significa que todos eram iguais, mas que estavam unidos em oração no mesmo propósito. Por fim, veremos que eles oravam fundamentados na Palavra de Deus, citando textos bíblicos na oração, pois criam que aquilo era a mais absoluta verdade.
1. Orando com propósito. A oração é uma conversa entre o crente e Deus. Não é uma reza, que consiste em repetir um texto elaborado previamente. A oração e a Palavra de Deus precisam andar juntas em nossas vidas, pois na oração, falamos com Deus e através da Palavra, Deus fala conosco. Há um hino antigo da cantora Mara Lima, que diz em uma das suas estrofes: “A vitamina do crente é a Bíblia e a oração”. De fato, estas duas armas são poderosíssimas. Foi com oração, jejum e a Palavra de Deus, que Jesus venceu o inimigo no deserto.
No texto da Leitura bíblica em classe, que está em Atos 4.24-31, temos o registro da oração dos apóstolos, após serem soltos da prisão, e a resposta imediata de Deus a esta oração no versículo 31. Esta oração obedece a uma sequência muito interessante: adoração a Deus, reconhecendo-o como o Criador de todas as coisas; citação da Palavra como fundamento para a oração; pedido de providências a Deus diante de um problema que a Igreja enfrentava, de forma que Deus fosse glorificado na resposta.
O comentarista não seguiu esta ordem, mas começou pelo final, falando a respeito do pedido dos apóstolos, destacando que eles oraram com dois propósitos: Que Deus lhes concedesse falar ousadamente da Sua Palavra e que realizasse curas e outros milagres. É interessante observar que eles tinham sido presos, justamente por causa da pregação do Evangelho e da cura de um paralítico. Foram soltos, mas proibidos de continuar pregando, sob fortes ameaças. Entretanto, em momento algum, eles pediram para Deus agir contra os seus algozes, nem tampouco para livrá-los das perseguições. Pediram a Deus para continuar pregando com ousadia e realizar milagres.
Em uma situação dessa, muitos crentes da atualidade diriam a Deus: Senhor, não dá mais! Eu fiz tudo o que o Senhor mandou e só recebi pedradas! Em teu nome ordenamos e o homem foi curado. E o que eu recebemos em troca? Prisões e ameaças! Em vez de nos agradecerem pelo bem que que fizemos a um coxo de nascença, as autoridades nos humilharam publicamente e nos ameaçaram. Outros mais ousados, diriam: Senhor, estes ímpios tocaram nos ungidos do Senhor! Entre com providência, coloque-os no leito da enfermidade, ou mande um meteoro na casa deles. Em situações embaraçosas para a Igreja, o nosso propósito deve ser sempre fazer a vontade de Deus.
2. Orando em unidade. Diante da ameaça vinda das autoridades judaicas, a Igreja de Jerusalém se uniu em oração no mesmo propósito e levantou um clamor a Deus por aquela causa. O texto bíblico diz: ‘E, ouvindo eles isto, unânimes levantaram a voz a Deus” (At 4.24). Conforme explicou o comentarista, a palavra “unânime”, neste contexto, não significa que todos eram iguais e pensavam da mesma forma, mas que naquele momento estavam unidos no mesmo propósito, orando por uma causa.
Em outras ocasiões também, a Igreja de Jerusalém levantou-se unânime em oração, como em Atos 1.14, logo após a ascensão de Jesus: “Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos”. O mesmo aconteceu após a execução de Tiago por Herodes, que prendeu também a Pedro: “Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus”. (At 12.4,5).
A Igreja é de Deus e deve ser guiada por Ele. Quando aparecerem situações adversas e impossíveis de se resolver, ou inimigos se levantarem contra a marcha da Igreja, a nossa luta não é contra a carne e o sangue e as nossas armas não são carnais. Devemos dobrar os nossos joelhos e levantar um clamor ao Céu, envolvendo toda a Igreja no mesmo propósito. A resposta virá, pois ninguém jamais irá parar a Igreja do Senhor. Se tivermos que padecer pelo Evangelho, o Senhor nos fortalecerá e nos dará graça para irmos até o fim e não negarmos o Seu nome.
3. Orando fundamentada na Palavra de Deus. Em sua oração, os apóstolos citaram o texto do Salmo 2, que se refere ao Messias: “Por que se amotinam as nações, e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos se mancomunam contra o Senhor e contra o seu ungido” (Sl 2.1,2). Em seguida, falaram do que os líderes religiosos fizeram a Jesus, em cumprimento a esta profecia. Evidentemente, não precisamos orar recitando textos bíblicos como se fossem uma reza. Há pessoas que fazem isso com o Salmo 91, acreditando que o fato de repetirem as palavras deste Salmo ou deixar a Bíblia aberta nele lhes garante proteção.
Não é isso que o comentarista sugere aqui. O que ele nos ensina é que as nossas orações, assim como as nossas pregações, devem estar em sintonia com a Palavra de Deus, que é o nosso manual de fé e prática. Não podemos fazer orações de feiticeiros, pedindo a morte daqueles que nos perseguem, ou fazer como os filhos de Zebedeu antes de receberem o Espírito Santo, que perguntaram a Jesus se poderiam pedir que descesse fogo do Céu e consumisse os samaritanos, por não receberem a Jesus (Lc 9.54).
Elias fez isso, porque estava na direção de Deus. Ele viveu na Antiga Aliança e foi usado por Deus para trazer juízo àquele povo que afrontava a Deus adorando a Baal. Outros profetas do Antigo Testamento, também agiram dessa forma por ordem divina. Não é este o papel da Igreja. Fomos comissionados por Jesus a pregar o Evangelho aos perdidos (Mc 16.15); orar pelos que nos perseguem (Lc 6.28); abençoar os que nos maldizem (Rm 12.14); e vencer o mal com o bem (Rm 12.21).