22 outubro 2025

CORPO: PROPRIEDADE E HABITAÇÃO DIVINA

(Comentário do 1º tópico da Lição 4: O Corpo como templo do Espírito Santo)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos do corpo como propriedade e habitação de Deus. Inicialmente, veremos que fomos comprados por Cristo e selados pelo Espírito Santo. Estas duas doutrinas são muito importantes para o Cristianismo e é preciso compreender bem o seu significado na cultura dos tempos bíblicos. Na sequência, falaremos da pergunta do apóstolo Paulo aos Coríntios: “Não sabeis vós?”, a qual indica que, mesmo tendo sido instruídos por Paulo, os crentes de Corinto não compreendiam a mordomia do corpo. Por fim, falaremos da propriedade que o Espírito Santo detém sobre o nosso corpo e, como tal, deve exercer domínio sobre nós. 

1. Comprado e selado. Aqui neste subtópico, o autor fala que nós fomos comprados e selados (1Co 6.20; Ef 1.7-13). Estas duas ações de Cristo nos tornaram propriedade exclusiva de Deus. Isso fala de duas doutrinas bíblicas relacionadas à salvação: A doutrina da expiação do pecado e a doutrina da redenção. 

a) A doutrina da expiação. Refere-se ao preço pago por Cristo na Cruz para livrar o pecador da condenação pelo pecado original. A Justiça de Deus exige a punição pelos pecados cometidos, como resgate do pecador. Mas não é qualquer preço que pode libertar o pecador da pena imposta por Deus. Somente alguém que não tem nenhuma culpa poderia sacrificar-se pelos pecados e este alguém é Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Pedro disse que “não foi com coisas corruptíveis que fomos resgatados da vossa vã maneira de viver, mas pelo precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro sem mancha e sem defeito” (1Pe 1.18,19).

Muitos compositores, até bem intencionados, falam do sacrifício de Jesus, enfatizando tudo o que Ele sofreu por nós e dizem que aquela cruz, a coroa de espinhos e os sofrimentos eram para nós. Ora, isso é um grande equívoco, pois o valor do sacrifício de Cristo não está no sofrimento em si, pois os outros condenados que foram crucificados também sofreram da mesma forma, mas os sofrimentos deles não têm valor algum para a salvação. A importância do sacrifício de Cristo está na pessoa dele, que é o Cordeiro imaculado de Deus. 

b) A doutrina da redenção. É o ato de libertar um escravo, mediante o pagamento do seu preço no mercado. Na teologia cristã, a redenção refere-se à salvação individual do pecador que responde positivamente ao Espírito Santo e crê em Jesus. Depois de realizar a obra da expiação na Cruz com o seu próprio sangue, o Senhor Jesus oferece a possibilidade de resgate ao pecador que se entrega a Ele. Portanto, a expiação é o preço pago pela libertação do pecador e a redenção é a própria libertação. A redenção só pode acontecer se primeiro houver a expiação. 

Depois que recebemos Jesus como Senhor e Salvador, Ele colocou em nós o seu selo, ou penhor, que é a garantia de que pertencemos a Deus, pois Ele nos comprou. Naqueles tempos, os comerciantes compravam mercadorias e depois de pagar, carimbaram com o seu selo e depois voltavam para buscá-las. Isso acontecia também com os animais comprados que recebiam um sinal de propriedade do novo comprador. 

No caso da salvação, Jesus nos deu o Espírito Santo para habitar em nós como garantia de que pertencemos a Ele. O comentarista mencionou aqui o texto de João 14.16,17 e enfatizou que a expressão “habita convosco e estará em vós” indica dois estados distintos. Quando Jesus falou que o Espírito habitava com os discípulos se referiu à ação do Espírito Santo através de Cristo durante o seu ministério terreno. Já a expressão “estará em vós”, se refere à entrada do Espírito Santo para habitar em nosso ser.

2. “Não sabeis vós?”. O apóstolo Paulo fez a seguinte pergunta aos crentes de Corinto: “não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”. É uma pergunta retórica, ou seja, que não precisa de resposta, pois, o apóstolo tinha certeza que os coríntios sabiam disso, pois ele próprio os ensinara por um período de um ano e meio em Corinto (At 18.11). 

Na primeira Epístola aos Coríntios, por três vezes, o apóstolo Paulo afirma que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo e contrasta esta afirmação com a prática dos pecados sexuais (3.16,17; 6.17-20). Paulo fez esta afirmação em um contexto em que era inconcebível os deuses habitarem no corpo humano. Nas religiões da época, os deuses moravam muito distantes dos seres humanos (Dn 2.11; At 14.11). A concepção que eles tinham dos deuses não era de santidade, como o Deus de Israel e sim de promiscuidade, que incluía sacrifícios humanos e prostituição sagrada nos cultos. 

Corinto era considerada a capital da imoralidade sexual. Lá havia um templo dedicado à deusa Afrodite, que contava com cerca de mil prostitutas rituais que praticavam a prostituição sagrada ao por do sol. Havia também o templo do deus Apolo, que representava a virilidade masculina, com várias estátuas dele nu em várias poses indecorosas. A imoralidade era tanta em Corinto, que o verbo corintizar era sinônimo de prostituir. Alguns crentes em Corinto, mesmo após a conversão ao Evangelho, continuavam nas velhas práticas pecaminosas, as quais faziam parte da cultura daquela cidade.

3. Propriedade e domínio. Em nossos dias, algumas pessoas insistem em dizer que a vida é delas e, portanto, fazem o que tem vontade e ninguém tem nada a ver com isso. As mulheres que defendem o aborto usam o slogan “Meu corpo, minhas regras”, justificando que tem o direito de fazer o que quiserem com o próprio corpo. Entretanto, isso é um grande equívoco, primeiro porque o corpo do bebê não é uma extensão do corpo da mãe e sim um outro corpo. Segundo, porque tanto a vida quanto o corpo não nos pertencem, são propriedades de Deus. 

Foi Deus quem criou o corpo humano e deu-lhe a vida. Mesmo o corpo e a vida daqueles que não servem a Deus, pertencem a Deus, pois Ele é bom criador deles também e o doador da vida. Com relação aos que foram salvos por Jesus, pertencemos a Ele por causa da criação e também porque Ele nos comprou e nos selou com o Espírito Santo, como vimos no primeiro subtópico. 

Se somos propriedade de Deus, naturalmente devemos nos submeter ao domínio, pois o direito de propriedade garante ao proprietário, o domínio sobre aquilo que lhe pertence. Se eu sou proprietário de uma casa, eu tenho o direito de morar nela, alugá-la ou mesmo vendê-la. Como propriedade de Deus, o nosso corpo deve estar sob o seu domínio e fazer aquilo que lhe agrada.

21 outubro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 04: O CORPO COMO TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO

TEXTO ÁUREO:

“Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Co 6.19).

VERDADE PRÁTICA:

Ter consciência de que nosso corpo é habitação do Espírito Santo faz toda a diferença na maneira como o possuímos.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: 1 Coríntios 3.16,17; 6.15-20.

Objetivos da Lição:  

I) Levar os alunos a compreenderem que seus corpos pertencem a Deus e são habitação do Espírito Santo; 

II) Ensinar que o corpo humano, à semelhança do tabernáculo no Antigo Testamento, é portador da presença de Deus; 

III) Conscientizar os alunos sobre a responsabilidade de manter o corpo em santidade, por meio da fuga do pecado, da prática das disciplinas espirituais e do cuidado físico.

Palavra-Chave: TEMPLO

O Antigo Testamento usa a palavra hebraica mikdash, para se referir ao templo, que significa lugar sagrado, santuário, lugar santo (Ex 25.8). No período da monarquia usava-se também a palavra hekal que significa palácio ou santuário religioso. Paulo usou os termos gregos skēnos e naós que são os termos correspondentes de hekal e mikdash, respectivamente. O apóstolo falou de templo em sentido figurado, para se referir à sacralidade do corpo humano, como habitação do Espírito Santo

INTRODUÇÃO

Esta é a última lição do nosso estudo sobre o corpo humano. Na lição dois, vimos que o corpo é uma maravilhosa obra da criação de Deus, criado perfeito, puro e imortal. Na lição 3, falamos das consequências do pecado no corpo humano. A partir da desobediência do primeiro casal, a comunhão do ser humano com o Criador foi interrompida e o corpo humano entrou em um processo natural de envelhecimento e degeneração, que culminará na morte física. Entretanto, nesta perspectiva de morte iminente, temos também a promessa da glorificação do nosso corpo, que ocorrerá no momento do arrebatamento da Igreja. 

Nesta lição veremos, à luz da Bíblia, que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo (1Co 3.16; 6.15,16,19). Esta afirmação do apóstolo Paulo tem um peso enorme para o cristão e nos chama a uma grande responsabilidade para com o nosso corpo. Saber que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo tem grande impacto na nossa maneira de viver, de tratar o nosso corpo e de servir a Deus. Isto porque Deus é absolutamente santo e não pode habitar em um corpo que se entrega à promiscuidade. 

TÓPICOS DA LIÇÃO

I. CORPO: PROPRIEDADE E HABITAÇÃO DIVINA

No primeiro tópico, falaremos do corpo como propriedade e habitação de Deus. Inicialmente, veremos que fomos comprados por Cristo e selados pelo Espírito Santo. Estas duas doutrinas são muito importantes para o Cristianismo e é preciso compreender bem o seu significado na cultura dos tempos bíblicos. Na sequência, falaremos da pergunta do apóstolo Paulo aos Coríntios: “Não sabeis vós?”, a qual indica que, mesmo tendo sido instruídos por Paulo, os crentes de Corinto não compreendiam a mordomia do corpo. Por fim, falaremos da propriedade que o Espírito Santo detém sobre o nosso corpo e, como tal, o domínio que Ele deve exercer sobre nós. 

II. O CORPO COMO TABERNÁCULO

No segundo tópico, falaremos da figura tabernáculo usada por Paulo e Pedro para se referir ao nosso corpo. Veremos que assim como aconteceu com o Tabernáculo no Antigo Testamento, o nosso corpo também é portador da presença de Deus. Na sequência, veremos que a analogia do tabernáculo indica o aspecto tricotômico do ser humano. Por último, veremos que assim como o Tabernáculo era guiado pela nuvem no deserto, nós também devemos ser guiados pela presença de Deus. 

III. CUIDANDO DO TEMPLO DO ESPÍRITO

No terceiro tópico, falaremos sobre o cuidado que devemos ter com o templo do Espírito Santo. Inicialmente, falaremos da orientação do apóstolo Paulo para fugirmos da prostituição (Gr. porneia, termo genérico que se refere a todo tipo de imoralidade sexual). Na sequência, falaremos das disciplinas espirituais como o jejum, a oração e o estudo da Palavra de Deus, que são indispensáveis para o agir do Espírito Santo em nós. Por último falaremos das disciplinas corporais que são cuidados que devemos ter para com a saúde e preservação do nosso corpo. 

Ev. WELIANO PIRES

AD BELÉM / SÃO CARLOS, SP.

20 outubro 2025

O CORPO COMO TEMPLO DO ESPÍRITO SANTO

(SUBSÍDIO DA REVISTA ENSINADOR CRISTÃO / CPAD)

Nesta oportunidade, estudaremos uma das doutrinas mais importantes dos ensinos de Paulo: o corpo como templo do Espírito Santo. O cuidado do corpo, enquanto templo do Espírito Santo, está além de ele ser um instrumento dos propósitos divinos. O crente é habitação do Espírito não apenas para executar dons espirituais e ministeriais com vista à edificação da igreja (1Co 12.4-11). É de fundamental importância o crente preservar a comunhão plena e a intimidade com o Senhor. Para tanto, precisa manter seu corpo em santificação e honra (Rm 12.1,2). 

Dentre os cuidados com o corpo, citados na lição, está a santificação e a separação de qualquer imoralidade sexual ou depravação do corpo. A falta de bom senso de muitos crentes têm levado ao descuido com hábitos, conversas e acesso a conteúdo que alimentam a mente com o mundanismo. A Palavra de Deus é clara quando afirma que o ouvido prova as palavras como o paladar prova a comida (Jó 34.3). Já nos dias de Jó se percebia a necessidade de filtrar qualquer informação que chegasse aos ouvidos. 

Semelhantemente, a mente é influenciada pelo que os olhos assistem. Acerca disso, o salmista declara: “Não porei coisa má diante dos meus olhos” (Sl 101.3a). Expor os olhos a todo tipo de conteúdo que se tem acesso, seja por meio das redes sociais ou presencialmente, é mais um desafio que deve ser enfrentado pelo crente com disciplina. Assumir um compromisso com hábitos saudáveis para o corpo inclui ter o cuidado com aquilo que permitimos alimentar a nossa mente. Como propriedade do Espírito Santo, o crente deve apresentar seu corpo como instrumento de honra e não de desonra. 

O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) cita Crisóstomo: 

“Como pode o corpo se tornar um sacrifício? Deixe que o olho não veja nada mau, e ele se torna um sacrifício; permita que a língua não diga nada vergonhoso, e ela se torna uma oferta; deixe que a mão não faça nada ilegal, e ela se torna uma oferta em holocausto. Não, isto não será suficiente, mas precisamos ter a prática ativa do bem — a mão precisa dar esmolas, a boca precisa abençoar em lugar de amaldiçoar, o ouvido precisa dar atenção sem cessar os ensinamentos divinos. Pois um sacrifício não tem nada impuro, um sacrifício é a primícia de outras coisas. Portanto, que nós possamos produzir frutos para Deus com as nossas mãos, com os nossos pés, com a nossa boca, e com todos os nossos outros membros” (Volume 8, 2006, p.159). 

Na perspectiva de Crisóstomo, não basta apenas rejeitar o que é impuro e desagradável aos olhos do Senhor. É preciso também ocupar nossas vidas com o que glorifica a Deus e enche nossa mente de conteúdos que edificam a vida espiritual.

17 outubro 2025

DO ABATIMENTO À GLORIFICAÇÃO

(Comentário do 3º tópico da Lição 03: O corpo e as consequências dos pecado)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da trajetória do corpo humano, do abatimento à glorificação. Inicialmente, trataremos da realidade das enfermidades, que passaram a fazer parte da vida humana depois do pecado original. Na sequência, falaremos do enfado e canseira, que são naturais no processo de envelhecimento do corpo humano, mesmo que não seja acometido por doenças. Por fim, falaremos da glorificação do corpo, que será a transformação do nosso corpo corruptível e mortal, em um corpo glorioso e imortal, semelhante ao do Nosso Senhor Jesus Cristo. 


1. A realidade das enfermidades. Com a entrada do pecado no mundo, o corpo humano, que era perfeito e imortal, tornou-se mortal. Isto não significa apenas que o corpo irá morrer um dia, mas que ele se tornou corruptível, sujeito a todo tipo de doenças, ao envelhecimento e, finalmente, à morte. Desde o processo de fecundação, o ser humano já corre risco de ter deformidades ou mesmo morrer. Durante a gestação também vários fatores podem atingir a saúde do feto, inclusive o aborto espontâneo. 


Após o nascimento, o recém nascido continua sujeito a vários tipos de doenças e a acidentes, que podem deixá-lo com sequelas e até causar a sua morte. Durante a infância, devido à inocência da criança e ao descuido dos pais, há vários fatores de risco, como acidentes, choques elétricos, afogamentos e ingestão de produtos tóxicos, moedas, medicamentos, objetos perfurantes, etc., que podem causar lesões sérias e até a morte da criança. Enfim, há muitas ocorrências de mortalidade infantil. 


Passada a fase da inocência na infância, vem as fases da adolescência e juventude, onde o ser humano sabe dos riscos, mas é afoito e gosta de viver perigosamente. Nessa fase da vida, muitos experimentam bebidas, cigarros, drogas, bailes, sexo ilícito, direção perigosa, brigas e outras coisa, que podem levar o jovem a muitas doenças e até à morte prematura. Eu mesmo, perdi muitos amigos e parentes nestas circunstâncias, durante a minha juventude. Alguns não se envolvem nestas coisas, mas acabam sendo vítimas da irresponsabilidade de outros. 


Na fase adulta, mesmo tendo consciência dos riscos a que o corpo está exposto e com um pouco mais de maturidade, não estamos isentos de ter problemas de saúde, riscos de acidentes, ser vítima da violência e até morrer por falência dos nossos órgãos. Mesmo tomando todos os cuidados possíveis, não estamos livres, pois o nosso corpo é vulnerável e mortal. Ao contrário das falácias da teologia da prosperidade, o cristão não está imune às doenças. E se adoecer, não significa que está em pecado, ou que não tem fé para ser curado. 


2. Enfado e canseira. O casal Adão e Eva após pecarem e as primeiras gerações depois deles viviam em média novecentos anos. A longevidade foi diminuindo aos poucos. Adão, por exemplo, viveu 930 anos. O homem que mais durou foi Matusalém, que viveu 969 anos. Estas pessoas, com 300 anos, ainda eram consideradas jovens e geravam filhos. Com a multiplicação da maldade humana, Deus resolveu diminuir o tempo da vida humana: “Então disse o Senhor: “Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.” (Gn 6.3). 


Após o dilúvio, a crosta terrestre passou por grandes modificações e as condições de vida no planeta também foram alteradas. Após o dilúvio, a longevidade humana despencou. Noé, que era pré-diluviano, viveu 950 anos, sendo 350 deles, após o dilúvio. Sem, filho de Noé, que também era pré-diluviano, viveu 600 anos. A partir daí, os seus descendentes viveram bem menos. Terá, o pai de Abraão, viveu 205 anos. Abraão viveu 175 anos e Isaque, seu filho, 180 anos. Depois deles, Jacó viveu 147 anos, José 110 anos, Moisés 120 anos e Josué 110 anos. Não há nenhum relato na Bíblia de que alguém tenha alcançado mais de 120 anos, depois de Moisés. 


No Salmo 90.10, Moisés escreveu: “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando”. Com o passar dos anos, a expectativa de vida diminuiu muito na antiguidade, devido às guerras, condições precárias de trabalho e alimentação e à inexistência da medicina como conhecemos atualmente. Nos tempos do Novo Testamento, não temos os registros do tempo de vida das pessoas. Mas, segundo a história, a expectativa de vida no império romano era em torno de 30 anos, com muitas privações e sofrimentos. 


Com o avanço da medicina, principalmente, a partir do Século XIX, e o avanço da tecnologia, que possibilitou a produção de equipamentos e de medicamentos, muitas doenças passaram a ter prevenção e cura. Entretanto, outras doenças surgem e matam milhões de pessoas em todo o mundo, principalmente nos países mais pobres. Mesmo com todos os avanços da ciência e tecnologia, o corpo humano continua tendo dores, enfado e canseira, após os 70 anos, em muitos casos, até antes disso. 


3. O corpo glorificado. O pecado trouxe todas estas consequências que falamos até aqui sobre o corpo humano. Entretanto, logo após o pecado do primeiro casal, Deus anunciou o seu plano de Salvação e prometeu que da descendência da mulher viria o Salvador, que iria ferir a cabeça da serpente (Gn 3.15). Esta promessa prosseguiu por todo o Antigo Testamento, com a formação da nação de Israel e as promessas referentes à vinda do Messias. Nesta promessa de salvação está incluída a redenção completa do corpo humano, que foi reafirmada com mais detalhes no Novo Testamento (Rm 8.23).


O Senhor Jesus prometeu aos seus discípulos que voltaria e os levaria para junto dele (Jo 14.1-3). A maior esperança da Igreja é o retorno do Senhor para buscá-la. Nós não somos deste mundo e vivemos como peregrinos aqui, a caminho do nosso eterno lar. Entretanto, este corpo mortal, corrompido pelo pecado não pode ver a Deus. Por isso, passaremos pelo processo de glorificação do nosso corpo e receberemos um corpo imortal e incorruptível.


O apóstolo Paulo explicou aos Coríntios que, na ocasião do arrebatamento da Igreja, os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois, os que estiverem vivos naquele momento serão transformados e receberão também um corpo glorificado: “Num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade, e que isto que é mortal se revista da imortalidade”. (1 Co 15.52,53). 


Se estivermos vivos ou mortos quando o Senhor vier nos buscar, receberemos um corpo glorificado e incorruptível, semelhante ao corpo ressurreto do Senhor Jesus. Este novo corpo, revestido de incorruptibilidade e imortalidade, não estará mais sujeito às dores, doenças, cansaço, envelhecimento e morte (Ap 21.3) O último inimigo a ser vencido pelo nosso corpo é a morte. A glorificação do nosso corpo é a última etapa da nossa salvação. Ora vem, Senhor Jesus! 

16 outubro 2025

A RESPONSABILIDADE HUMANA

(Comentário do 2º tópico da Lição 03: O corpo e as consequências do pecado).

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, trataremos da questão da responsabilidade humana após a Queda do homem. Inicialmente, falaremos a respeito do livre arbítrio no uso do nosso corpo, para o bem ou para o mal. Na sequência, falaremos da potencialização do sofrimento, decorrente da prática das obras da carne. 


1. Corpo e livre-arbítrio. Aqui, o comentarista abordou a questão do livre-arbítrio do ser humano em relação ao corpo. Somos livres para escolher o que fazer com o nosso corpo, mas seremos responsabilizados diante de Deus pelas nossas escolhas. Conforme falamos no tópico anterior, o ser humano vivia em um estado de perfeição e pureza no Jardim do Éden. Após desobedecer à ordem de Deus, o primeiro casal passou não apenas a ter conhecimento da existência do mal, mas a sua natureza foi totalmente corrompida e, como tal, inclina-se para o mal. 


Esta corrupção passou a toda a sua posteridade, ou seja, a forma foi corrompida e todos nós já nascemos com a natureza corrompida: "Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram." (Rm 5.12. A teologia chama isso de depravação total, ou seja, o ser humano nasce totalmente corrompido pelo pecado, sem nenhuma condição de ir a Deus por seus próprios esforços. Qualquer doutrina que nega isso é uma heresia. 


Para entender a questão do livre-arbítrio, é importante conhecer um pouco sobre as correntes teológicas, em relação ao pecado original. Sem falar daqueles que negam a existência do pecado de modo geral, há pelo menos cinco pontos de vista diferentes em relação ao pecado: Pelagianismo, Semipelagianismo, Calvinismo, Hiper-calvinismo e Arminianismo. O Pelagianismo, o Semipelagianismo e o Hiper-calvinismo são considerados heresias. O Calvinismo e o Arminianismo são apenas divergências teológicas no meio evangélico e há pontos sensíveis dos dois lados.


O Pelagianismo é o ensino de Pelágio, um monge britânico, que viveu entre 360 e 420 d.C. Pelágio negava a doutrina do pecado original e ensinava que o pecado de Adão e Eva atingiu apenas a eles próprios e que o ser humano não herda a natureza pecaminosa. Pelágio cria que o pecado é uma escolha pessoal e que cada ser humano decide praticar ou evitar o pecado. Segundo ele, a única coisa que Adão transferiu aos seus descendentes foi o mau exemplo. Os seus descendentes pecam por livre escolha e não por terem uma natureza corrompida pelo pecado. 


Depois da condenação do Pelagianismo, um monge chamado João Cassiano,  que viveu entre 360 e 465 d.C., tentou conciliar os ensinos de Pelágio com os de Agostinho e formulou um meio termo, que ficou conhecido como Semipelagianismo. Diferente de Pelágio, o Semipelagianismo não negava o pecado original, porém ensinava que este não corrompeu totalmente o ser humano. Segundo este ensino, o homem poderia usar o seu livre-arbítrio e iniciar o processo de salvação sozinho. A Bíblia, no entanto, ensina que todos pecaram e estão mortos em seus delitos e pecados (Rm 3.23; Ef 2.1). Não há, portanto, a possibilidade do ser humano corrompido pelo pecado, buscar a Deus por seus próprios esforços. 


O Calvinismo recebeu este nome por ter sido propagado por João Calvino, um dos principais líderes do Movimento da Reforma Protestante. Os calvinistas negam a existência do livre-arbítrio e ensinam que o ser humano após a Queda não tem mais a capacidade de escolha. Segundo dizem, é Deus quem escolhe uns para a salvação e outros para a perdição. Segundo esta corrente teológica, os eleitos para a salvação serão salvos sem que haja a possibilidade de recusarem. Da mesma forma, os escolhidos para a perdição já nascem com esta sentença e nada poderá mudar isso, pois isso é um decreto de Deus. 


O hiper-calvinismo, também chamado de calvinismo extremado. Para os hiper-calvinistas, tudo o que acontece no Universo, seja bom ou de mau, foi determinado por Deus. Por exemplo, se uma criança foi abusada e assassinada, é porque Deus quis que isso acontecesse. Esta posição vai muito além do ensino de João Calvino e chega ao cúmulo de dizer que Deus é o autor do pecado e que o Satanás é um agente a serviço de Deus. O hiper-calvinismo também não ora pelos perdidos e não evangeliza, pois entende que tudo já está decretado por Deus e não há mais nada a ser feito pela Igreja. 


A posição mais equilibrada neste aspecto é o Arminianismo, que é o ensino do teólogo holandês Jacob Armínio (em latim, Jacobus Arminius). O Arminianismo crê que a natureza de todos os seres humanos foi corrompida pelo pecado, mas, acredita que, apesar do homem não ter a capacidade de dar o primeiro passo para a salvação, ele não perdeu o livre-arbítrio e pode escolher entre aceitar ou recusar a Graça de Deus. A teologia arminiana ensina que o homem estava morto em seus pecados, mas Deus concedeu a Sua “Graça preveniente”, que convence, chama, ilumina e capacita o homem a decidir se quer ou não ser salvo (Mc 16.16; Jo 6.47). Entretanto, Deus concedeu ao homem a livre escolha. 


Esta também é a posição defendida pela Assembleia de Deus, conforme consta em nossa Declaração de Fé


“A corrupção do gênero humano atingiu o homem em toda a sua composição — corpo, alma e espírito, conforme lemos em Isaías: “Toda a cabeça está enferma, e todo o coração, fraco. Desde a planta do pé até à cabeça não há nele coisa sã” (1.5,6). Isso prejudicou todas as suas faculdades, quais sejam: intelecto, emoção, vontade, consciência, razão e liberdade. Portanto, o homem por si mesmo não consegue voltar-se para Deus sem o auxílio da graça divina. Apesar de tudo, a imagem de Deus no homem não foi aniquilada; foi, no entanto, desfigurada a tal ponto que a sua restauração só é possível em Cristo”.


“É por meio da graça que Deus capacita o ser humano para que ele responda com fé ao chamado do evangelho: “Mas, se é por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça” (Rm 11.6). Todavia, os seres humanos, influenciados pela graça que habilita a livre escolha, são livres para escolher: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo” (Jo 7.17). Deus proveu a salvação para todas as pessoas, mas essa salvação aplica-se somente àquelas que creem: “isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos e sobre todos os que crêem” (Rm 3.22). Nesse sentido, não há conflito entre a soberania de Deus e a liberdade humana.


2. A potencialização do sofrimento. Como consequência do pecado original, os sofrimentos, as dores, o envelhecimento e a morte física passaram a fazer parte da realidade do corpo humano, conforme vimos no tópico anterior. Além das consequências naturais da Queda, os sofrimentos do corpo humano podem ser potencializados através dos pecados cometidos ao longo da sua vida. Falando sobre a destruição de Jerusalém e conclamando o povo ao arrependimento, o profeta Jeremias disse: “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados”. (Lm 3.39). 


De modo geral, o pecado traz consequências para o espírito, a alma e o corpo do ser humano. Para esta aula, no entanto, vamos nos ater às consequências dos pecados no corpo, decorrentes das obras da carne, especificamente aquelas que atingem o corpo humano. Na relação de pecados que o apóstolo Paulo chamou de obras da carne em Gálatas 5.19-21, há alguns deles que são praticados contra o próprio corpo humano e, certamente, provocam nele sofrimento e destruição.


a) Os pecados sexuais. Neste grupo, Paulo mencionou a prostituição (Gr. porneia), que é um termo genérico que abrange a imoralidade sexual de modo geral; o pecado da impureza, que são os desejos impuros pela sexualidade ilícita; e a lascívia, que é a exibição do corpo, com o objetivo de atrair o desejo sexual de outras pessoas. Estas práticas, além de contrariar a vontade de Deus para o corpo humano, trazem sérias consequências para o próprio corpo, como as chamadas doenças venéreas, gravidez indesejada e problemas de saúde aos demais membros da família.  


b) Glutonaria (Gr. komos). Diz respeito às orgias e festas com comidas e bebidas, de modo extravagante e desenfreado. Refere-se também à falta de moderação em várias coisas da vida, inclusive coisas que são lícitas, como a alimentação e a sexualidade dentro do casamento. Estes exageros trazem consequências gravíssimas ao corpo humano como diabetes, infarto, obesidade, AVC, etc.


c) Bebedice (Gr. methe). Seguindo a mesma idéia da glutonaria, Paulo mencionou a bebedice em referência ao descontrole das faculdades físicas e mentais, causados pelo uso de bebidas embriagantes. Isso vale também para o uso de drogas e até medicamentos sem prescrição médica, com o objetivo de alterar as condições físicas e mentais do corpo humano. As bebidas alcoólicas, tabagismo e drogas têm levado muitas pessoas à morte precoce, principalmente a juventude. O cristão deve fugir destas coisas, pois desagradam a Deus e destroem o corpo humano.


Referências:

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembléias de Deus no Brasil. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 201, p. 58, 64..


15 outubro 2025

DA PERFEIÇÃO À MORTE

(Comentário do 1º tópico da Lição 03: O corpo e as consequências do pecado)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos da trajetória do ser humano, do estado de perfeição à morte. Inicialmente, falaremos da certificação divina de qualidade das coisas criadas, inclusive o corpo humano: “e eis que era tudo muito bom” (Gn 1.31). Na sequência, veremos que pecado trouxe dor e sofrimento ao corpo humano, cujo caminho natural será  o envelhecimento e a morte. Por fim, falaremos da fase da velhice, com destaque para o transtorno da gerontofobia, que é o medo de envelhecer. 


1. A certificação divina. Deus é absolutamente perfeito e infalível em sua natureza (Dt 18.13; 2Sm 22.31). Sendo assim, Ele criou todas as coisas perfeitas e boas. O Universo foi planejado e criado por Deus na mais absoluta perfeição. Não havia desastres naturais, como terremotos, maremotos, furações, inundações ou erupções vulcânicas. Os animais eram todos herbívoros e, portanto, não haviam predadores. Os vegetais também eram todos benéficos e não haviam ervas daninhas. As águas eram puras e cristalinas, pois não havia nenhuma espécie de contaminação. 

Neste contexto de perfeição e harmonia entre os seres criados, Deus criou o homem e a mulher absolutamente perfeitos, para viverem eternamente. O corpo humano foi criado com células, tecidos e órgãos absolutamente saudáveis e incorruptíveis. Não havia infecções, inflamações, dores, deficiências, cansaço, nem morte. Tudo o que pudermos imaginar que acontece de ruim no corpo humano, não existia nos corpos de Adão e Eva, quando viviam no Jardim do Éden. 

Conforme Deus criava as coisas, Ele dava a sua certificação de qualidade. A expressão que descreve esta certificação de Deus era: “E viu Deus que era bom”. O termo hebraico, traduzido por bom é “tôwb” que significa algo bom, agradável, amável e que só traz benefícios. Esta expressão aparece sete vezes no primeiro capítulo de Gênesis (Gn 1.4,10, 12, 18, 21, 25 e 31). Na última vez, após criar o homem, o texto bíblico diz: “E viu Deus tudo o quanto havia feito e eis que era muito bom” (Gn 1.31).


2. Pecado e dor. O estado de perfeição e bem-estar em que o primeiro casal vivia provinha da perfeita comunhão que havia entre o ser humano e o Seu Criador. Para manter esta vida plena, a condição exigida era a obediência à ordem expressa de Deus para não comerem do fruto da árvore da ciência do bem e do mal. Deus deixou bem claro, que no dia em que comessem daquele fruto, certamente morreriam. Entretanto, eles preferiram dar ouvidos ao inimigo e desobedeceram à ordem de Deus.

A partir do momento em que o primeiro casal desobedeceu a Deus, imediatamente a comunhão entre eles e Deus foi interrompida, pois Deus é absolutamente santo e não pode compactuar com o pecado. Eles perceberam que estavam nus e procuraram folhas de figueira para se cobrirem. A voz de Deus ecoou pelo jardim e eles tentaram se esconder. Mas, ninguém se esconde da presença de Deus, pois Ele é Onipresente, ou seja, está presente em todos os lugares ao mesmo tempo.

A primeira morte que eles experimentaram foi a morte espiritual, que é a separação de Deus. Depois disso, veio também a morte moral, que é a perda da integridade dos seus valores. Por fim, a morte física, que ocorreu gradativamente. Eles não morreram fisicamente naquele momento, mas os seus corpos perderam a imortalidade e deixaram de ser imunes às doenças. Com isso, os seus corpos passaram a se degenerar e entraram em um processo natural de envelhecimento, que culminou na morte física. O primeiro ser humano a morrer foi Abel, filho do primeiro casal, que foi assassinado pelo seu irmão Caim. 

Deus determinou a sentença a Adão, como representante do gênero humano, por causa do pecado que cometera. A terra passou a ser maldita por causa dele e iria produzir ervas daninhas e espinhos. Viriam sobre ele e os seus descendentes, as dores provocadas por fatores espirituais, emocionais e físicos. O trabalho, que antes era prazeroso, passaria a ser cansativo e enfadonho (Gn 3.7-19). A mulher também recebeu a sentença de que teria dores na gestação dos seus filhos. Por fim, receberam a sentença da morte física: “...até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás”. (Gn 3.19b).

Depois que o homem pecou, a morte física passou a ser uma realidade inevitável. O corpo  humano, que antes era perfeito, imune às doenças e imortal, tornou-se mortal e passou a se degenerar até, finalmente, morrer. Quando o ser humano nasce, ele começa a morrer. É como se ligasse um cronômetro com contagem regressiva: O ser humano nasce, cresce, envelhece e, finalmente, morre. Em cada fase da vida, há riscos de várias doenças no nosso corpo e, consequentemente, o risco de morrer. Por mais que cuidemos do nosso corpo, não há como evitar o envelhecimento e a morte. 


3. Velhice, autenticidade e gratidão. Aqui, o comentarista fala do envelhecimento na sociedade atual e de um transtorno, que tem marcado a nossa geração, chamado gerontofobia. Esta palavra deriva do termo grego “gérontos”, que significa literalmente “velho”, e “phobos”, que significa medo excessivo ou pavor.. Gerontofobia, portanto, é o medo excessivo de envelhecer, que causa ansiedade e leva a pessoa a adotar costumes e comportamentos incompatíveis com a própria idade, a fim de parecer jovem. Não se trata apenas de ser uma pessoa jovial, mas do afastamento de qualquer coisa que tenha relação com a velhice e até à discriminação contra pessoas idosas. 

Na Bíblia, a velhice é apresentada de forma natural e até honrosa: “Diante dos cabelos brancos te levantarás, e honrarás a face do ancião; e temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor”. (Lv 19.32); “Com os idosos está a sabedoria, e na longevidade o entendimento.” (Jó 12.12). O capítulo 12 de Eclesiastes fala da velhice, de forma poética, descrevendo a sua situação degradante, apontando as dificuldades que o idoso enfrenta, em comparação à juventude, como a falta de visão, de dentes, de audição e finalmente a morte. Isso não é um desdém com esta fase da vida, mas uma visão terrena da vida, considerando apenas o aspecto material (debaixo do sol). Esta é a perspectiva de todo o livro de Eclesiastes em relação à vida humana. 

Esta cultura permanece até hoje entre os povos orientais. Entre os judeus, muçulmanos, chineses e japoneses, os idosos são respeitados e tidos como pessoas sábias e dignas de respeito. Lamentavelmente, em nossa cultura ocidental os idosos passaram a ser vistos como um peso. Muitos pais idosos são abandonados à própria sorte pelos próprios filhos. Alguns são até agredidos fisicamente. Foi preciso criar o Estatuto do Idoso, para proteger as pessoas idosas de maus tratos e do abandono por parte da família.

A sociedade ocidental procura a qualquer custo, renegar a velhice, como se fosse algo desprezível. A começar por evitar a nomenclatura “velho” ou “idoso”, que foi substituída por “terceira idade” e até por “melhor idade”. Há pessoas que têm pavor até de serem chamados de senhor e senhora, por pensarem que isso significa pessoa com mais idade. Na verdade, são apenas pronomes de tratamento respeitosos, principalmente, para se referir a pessoas casadas ou que tenham funções mais elevadas em uma empresa. 

Precisamos encarar a velhice com gratidão a Deus pelos anos vividos e viver a vida de forma agradável nessa fase. O ideal é que os jovens se preparem para a velhice em todos os aspectos: físico, financeiro, familiar e espiritual. Se a pessoa fizer extravagâncias na juventude e não morrer ainda jovem, sofrerá as consequências dos seus atos na velhice. A fase da velhice não precisa ser chata, enfadonha e inútil. Os idosos podem voltar a estudar, fazer cursos, praticar esportes, passear e trabalhar para o Senhor, respeitando os seus limites, é claro. O corpo humano é como uma máquina, se parar totalmente, enferruja e trava tudo. Portanto, na velhice, o ideal é se manter ativo. 

14 outubro 2025

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 3: O CORPO E AS CONSEQUÊNCIAS DO PECADO

TEXTO ÁUREO:
“No suor do teu rosto, comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado, porquanto és pó e em pó te tornarás.” (Gn 3.19).

VERDADE PRÁTICA:
“O pecado do primeiro Adão afetou o homem no corpo, na alma e no espírito. Mas a Redenção em Cristo, o último Adão, tem o poder de restaurá-lo plenam
ente”.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Gênesis 3.17-19; Eclesiastes 12.1-7.

OBJETIVOS DA LIÇÃO:
I) Analisar como o ser humano foi criado em perfeição, e de que forma o pecado trouxe sofrimento;
II) Explicar que, apesar das consequências do pecado, o ser humano continua responsável por suas escolhas; 
III) Refletir sobre as limitações físicas e as enfermidades como realidade pós-queda, mantendo a esperança na glorificação do corpo.

PALAVRA-CHAVE: PECADO 

Na Bíblia, há várias palavras hebraicas e gregas, para se referir ao pecado. O termo hebraico “chata’th” e o seu correspondente grego “hamartia”, significam “errar o alvo”, Literalmente é uma referência a um atirador que atira uma flecha e erra o seu alvo. O alvo de todo ser humano é atingir a obediência total a Deus. Se ele falha nessa obediência, “erra o alvo” e, portanto, comete pecado. Há também a palavra hebraica “avon” e o seu correspondente grego “adíkia”, que significam “falta de integridade”. Outro termo hebraico para se referir ao pecado é “pesha”. O seu correspondente grego é “parábasis”. São usados para se referir à rebeldia ou à completa rejeição e insubordinação contra a autoridade de Deus. Por fim, temos a palavra hebraica “resha” e a sua correspondente grega “anomia”, que significam ilegalidade, ou “fuga culposa da lei”. O pecado entrou no mundo através da desobediência do primeiro casal e corrompeu totalmente a natureza humana.

INTRODUÇÃO

Nesta lição, dando continuidade ao estudo do corpo humano, estudaremos sobre as consequências do pecado no corpo humano. Deus criou o corpo humano perfeito em todos os aspectos, deu-lhe o espírito e o homem foi feito alma vivente. O Criador plantou um maravilhoso Jardim no Éden e colocou ali o primeiro homem (Gn 2.7,8). Depois formou a mulher para viver com o homem naquele jardim. Ali, eles viviam na inocência e em uma felicidade plena, desfrutando da presença do Criador e da comunhão com Ele. Deus fez brotar neste jardim, várias espécies de árvores que produziam frutos bons, tudo o que o ser humano precisava para viver bem. 

No centro do Jardim, Deus colocou duas árvores: a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal (Gn 2.9). A primeira permitia ao homem viver eternamente. A segunda, o homem foi expressamente proibido por Deus de comer do seu fruto, pois no dia em que comesse, certamente morreria. A mulher, porém,deu ouvidos à voz do inimigo, personificado na serpente, e desobedeceu à ordem de Deus. Em seguida, deu o fruto ao seu marido e ele também comeu. 

A partir desta desobediência do primeiro casal, a comunhão do homem com Deus foi rompida e o primeiro casal foi expulso do Jardim. Esta desobediência trouxe várias consequências negativas para o corpo, alma e espírito do ser humano. Nesta lição trataremos apenas das consequências do pecado no corpo. Posteriormente, falaremos dos efeitos deletérios do pecado na alma e no espírito, nas lições relacionadas a eles. A partir do advento do pecado, o corpo humano, criado por Deus na mais absoluta perfeição, passou a conviver com as doenças, o envelhecimento e a morte física.

TÓPICOS DA LIÇÃO 

I. DA PERFEIÇÃO À MORTE

No primeiro tópico, falaremos da trajetória do ser humano, do estado de perfeição à morte. Inicialmente, falaremos da certificação divina de qualidade das coisas criadas, inclusive o corpo humano: “e eis que era tudo muito bom” (Gn 1.31). Na sequência, veremos que pecado trouxe dor e sofrimento ao corpo humano, cujo caminho natural será o envelhecimento e a morte. Por fim, falaremos da fase da velhice, com destaque para o transtorno da gerontofobia, que é o medo de envelhecer. 

II. A RESPONSABILIDADE HUMANA

No segundo tópico, trataremos da questão da responsabilidade humana após a Queda do homem. Inicialmente, falaremos a respeito do livre arbítrio no uso do nosso corpo, para o bem ou para o mal. Na sequência, falaremos da potencialização do sofrimento, decorrente da prática das obras da carne. 

III. DO ABATIMENTO À GLORIFICAÇÃO

No terceiro tópico, falaremos da trajetória do corpo humano, do abatimento à glorificação. Inicialmente, trataremos da realidade das enfermidades, que passaram a fazer parte da vida humana depois do pecado original. Na sequência, falaremos do enfado e canseira, que são naturais no processo de envelhecimento do corpo humano, mesmo que não seja acometido por doenças. Por fim, falaremos da glorificação do corpo, que será a transformação do nosso corpo corruptível e mortal, em um corpo glorioso e imortal, semelhante ao do Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Bons estudos!

Ev. WELIANO PIRES 

CORPO: PROPRIEDADE E HABITAÇÃO DIVINA

(Comentário do 1º tópico da Lição 4: O Corpo como templo do Espírito Santo) Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos do corpo como pr...