08 fevereiro 2024

O GOVERNO DA IGREJA NAS DIFERENTES TRADIÇÕES CRISTÃS

(Comentário do 3º tópico da Lição 06: Igreja: Organismo e organização).


Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos do governo da Igreja nas diferentes tradições cristãs. Discorreremos sobre os três tipos de governo eclesiástico: Presbiteral, Episcopal e Congregacional. Por último, falaremos do sistema de governo da Assembléia de Deus nos Estados Unidos e no Brasil, que varia de acordo com a época e a região. 

1. Episcopal. O sistema de governo Episcopal deriva da palavra grega episkopos, traduzida por bispo, que é um superintendentes. Neste sistema, o governo da Igreja é exercido através de bispos ou pastores presidente. Há um supervisor regional que é o bispo ou pastor presidente, que lidera outros bispos ou pastores. Neste sistema, os bispos ou pastores são tanto líderes espirituais como administradores da Igreja. 


É importante esclarecer que há vários tipos de episcopalismos, que diferem entre si:

a. Episcopalismo Católico Romano. É um modelo de episcopalismo herético. No início do quinto século d.C., a Igreja de Roma adotou a heresia de que o Bispo de Roma era o legítimo sucessor de Pedro e, como tal, tinha autoridade não apenas sobre os demais bispos, mas também do governo secular. A partir daí criaram uma série de heresias em torno da figura do Papa (palavra latina que significa pai) como a de que ele é o vigário (substituto) de Deus e que é infalível. O episcopalismo católico é o mais hierarquizado de todos. O Papa é o líder máximo da Igreja. Abaixo dele, há os cardeais arcebispos, que são líderes de uma arquidiocese, que corresponde a uma província ou estado. Depois vem os bispos, que são líderes de regiões chamada dioceses. Por último os padres, que são líderes de uma Igreja local, chamada paróquia. Outra heresia do episcopalismo romano é a ideia de que os seus clérigos são sacerdotes, ou mediadores entre o homem e Deus. 

b. Episcopalismo Anglicano. Tem uma estrutura semelhante ao episcopalismo romano. O líder máximo é o Arcebispo da Cantuária. Este Arcebispo preside as assembleias dos bispos, mas não tem poderes absolutos sobre a Igreja, nem é chefe de estado como o Papa. Depois do Arcebispo da Cantuária, vem os bispos, presbíteros e diáconos na hierarquia. Na Igreja Anglicana, não há a ideia de infalibilidade do líder máximo, embora tenham também a ideia de sucessão apostólica. 

c. Episcopalismo Luterano/Metodista. A Igreja não possui um lidera máximo. Os bispos lideram as dioceses, que são sedes regionais e escolhem os pastores das paróquias que são as Igrejas locais. A Igreja Metodista também segue este modelo. 

d. Igrejas Neopentecostais. Nas Igrejas neopentecostais, o bispo ou apóstolo fundador é o líder máximo e detém o poder absoluto. Em muitas delas, o bispo é o líder e a sua esposa (que normalmente é bispa também) e filhos os seus auxiliares. Nesse meio há também aqueles que dizem receberam revelações especiais e que são patriarcas, apóstolos, paipóstolos e outras aberrações. 

2. Presbiteral. O modelo de  administração presbiteral ou Presbiteriano é uma democracia representativa. A Igreja local elege os presbíteros, pastores e diáconos. A  administração da Igreja é feita pelo conselho, que é formado pelo pastor e pelos presbíteros eleitos pela Igreja. O conselho se reúnem e toma as decisões. Após cinco anos de mandato, todos os presbíteros deixam o conselho se não forem reeleitos. 


Nessa forma de governo, o pastor é um líder espiritual, que cuida da oração, ensino da Palavra de Deus e visitas. Os presbíteros têm autoridade sobre ele. A autoridade máxima é o Supremo Concílio, que é formado por pastores e presbíteros representantes dos presbitérios de todo o país. 


Este é o modelo das Igrejas Presbiterianas e de algumas Igrejas pentecostais dos Estados Unidos. A Assembléia de Deus dos Estados Unidos segue o modelo Presbiteral. 

3. Congregacional. O modelo Congregacional é uma democracia direta e não há hierarquia. As Igrejas locais são soberanas e todas as decisões são tomadas pela Assembleia dos membros da Igreja local. Todos os membros da Igreja que estiverem em comunhão possuem direito a voto. 


As Igrejas locais formam confederações e são filiadas a Convenções que deliberam sobre assuntos comuns a todas as Igrejas, como questões doutrinárias. Mas não possuem nenhuma autoridade sobre as Igrejas locais e não se intrometem em questões administrativas. Todas as decisões são tomadas em votação entre os membros da Igreja. 


No modelo congregacional, o pastor é escolhido pela assembleia da Igreja local e não possui mandato. Se a assembleia decidir substituí-lo, tem autoridade para fazê-lo. 

Neste modelo só existem dois oficiais, que são os pastores e os diáconos. Este é o modelo das Igrejas Batistas e da Igreja Congregacional. 

4. O sistema de governo de nossa igreja.  A Assembléia de Deus no Brasil foi fundada pelos missionários suecos Daniel Berg e Gunnar Vingren, que pertenciam à Igreja Batista dos Estados Unidos e creram na Doutrina Pentecostal. Quando chegaram em terras brasileiras, em 1910, foram congregar na Igreja Batista, em Belém (PA). Entretanto, em poucos meses foram expulsos, por causa da pregação da atualidade dos dons espirituais. 


Em 18 de junho de 1911, eles iniciaram um novo trabalho na casa da irmã Celina de Albuquerque,  que foi a primeira crente brasileira a receber o batismo no Espírito Santo e também foi expulsa da Igreja Batista. Inicialmente, esta nova Igreja recebeu o nome de Missão da Fé Apostólica, nome usado pelo Movimento Pentecosta da Rua Azuza, em Los Angeles. Somente, em 1918, o nome foi mudado para Assembleia de Deus, por causa da fundação da Assembléia de Deus dos Estados Unidos, em 1914, 


Em seus primórdios, a Assembléia de Deus seguia o modelo congregacional, pois os seus pioneiros eram congregacionais. Entretanto, a partir de 1930, com a criação da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB), foram incorporados alguns elementos do modelo Presbiteral, talvez por influência da Assembléia de Deus americana que é Presbiteral.  


A Assembléia de Deus no Brasil, por ter sido fundada por crentes oriundos da Igreja Batista e também ter recebido membros de Igrejas tradicionais, como Batista e Presbiteriana, que aderiram à Fé Pentecostal, tornou-se  uma denominação plural, cujo modelo de administração varia muito de um ministério para outro, ou de um estado para outro. 


Em alguns estados, há apenas um pastor presidente em todo o estado, que é também o presidente da Convenção estadual. As sub sedes ou filiais não possuem autonomia administrativa e tem um líder regional que é subordinado ao pastor presidente estadual. Em outros estados, há campos eclesiásticos, que têm um presidente com total autonomia administrativa. Mantêm apenas o vínculo convencional, através dos pastores e evangelistas. Mas a convenção não interfere na administração da Igreja. 


Até no mesmo estado, muda de um campo eclesiástico para outro, onde os pastores de campo são presidentes. Por exemplo, no campo do Belenzinho, na Grande São Paulo, presidido pelo Pr. José Wellington, tem diferenças funcionais em relação a outros campos do interior, onde há outros presidentes. Estas diferenças, no entanto, não são doutrinárias, apenas administrativas. 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 39, 1º Trimestre de 2024.

HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal.RIO DE JANEIRO:CPAD, 2023, p.550. 

ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. RIO DE JANEIRO:CPAD, 2007, pp.715,716

07 fevereiro 2024

IGREJA: UM ORGANISMO VIVO E ORGANIZADO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: Igreja: Organismo e organização).

Ev. WELIANO PIRES

 

No segundo tópico, falaremos da Igreja como um organismo vivo e organizado. Veremos que a Igreja Primitiva era um organismo vivo, liderado pelo Espírito Santo. Mas ela também tinha o seu aspecto local em Jerusalém, Antioquia, Roma Filipos, Tessalônica, etc. Falaremos também da organização da Igreja, em seu aspecto litúrgico e ritual. A Igreja local mantém a decência e ordem nos cultos, estabelece normas e costumes, ensina as doutrinas bíblicas e realiza o batismo em águas e a Ceia do Senhor. 

 

1. No seu aspecto local. A Igreja Primitiva era um organismo vivo, liderado pelo Espírito Santo. Mas ela também tinha também o seu aspecto local em Jerusalém, Antioquia, Roma, Corinto, Galácia, Filipos, Colossos, Tessalônica, etc. Os apóstolos escreveram cartas a determinadas igrejas, situadas em diferentes locais: “à igreja de Deus que está em Corinto” (1 Co 1.2); “aos estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e Bitínia” (1 Pe 1.1). 


Nestes textos vemos os apóstolos se referiam a uma Igreja situada em diferentes locais. Cada uma delas tinha líderes e problemas diferentes. Algumas foram duramente repreendidas, outras não receberam críticas e foram até elogiadas. Da mesma forma, as sete Igrejas da Ásia, que receberam as cartas no Apocalipse. Cada uma delas tinha problemas diferentes e receberam também orientações, críticas, repreensões e elogios diferentes do Senhor Jesus. 

 

A Igreja no Novo Testamento aparece no  singular como um organismo vivo, principalmente na Epístola aos Efésios. Mas vemos também Igrejas no plural, sendo organizadas de cidade em cidade. O apóstolo Paulo, escrevendo ao jovem pastor Tito, lembrou-lhe de que havia deixado-o em Creta para que ele colocasse as coisas em ordem e estabelecesse presbíteros nas cidades. 

 

2. No seu aspecto litúrgico e ritual. Em seu aspecto litúrgico e ritual, a Igreja local mantém a decência e ordem nos cultos, estabelece normas e costumes, ensina as doutrinas bíblicas e realiza o batismo em águas e a Ceia do Senhor. Cada denominação difere na forma de cultuar a Deus. Uns são mais formalistas, seguindo rigorosamente um modelo pré-estabelecido. Outros, no entanto, são totalmente espontâneos e não seguem critério algum.

 

A palavra liturgia vem do grego “leitourgia” e, inicialmente, significava qualquer serviço prestado à coletividade ou a uma pessoa. No Antigo Testamento, referia-se ao ministério dos sacerdotes ou aos atos realizados por eles durante o culto. Nos tempos apostólicos, os cultos eram praticamente informais e não havia um padrão a ser seguido, principalmente, porque eles não tinham templos e se reuniam nas casas, na maioria das vezes às escondidas, por causa das intensas perseguições. Entretanto, encontramos nas Epístolas citações sobre a leitura do texto bíblico, cânticos, orações, pregação, celebração da Ceia e invocação da bênção apostólica.


Infelizmente, com o passar dos anos, foram incorporados à liturgia, elementos do paganismo, contrários às Escrituras, como as invocações a Maria e aos santos, a adoração aos elementos da Ceia, o uso de velas, orações pelos mortos, etc. Com a Reforma Protestante, estas práticas foram rigorosamente combatidas. 


Entretanto, no meio neopentecostal e até em algumas Igrejas que se dizem pentecostais estão usando novamente práticas semelhantes, como o uso de objetos ungidos, atos proféticos, uso indiscriminado de óleo, rosas, sabonetes, e materiais supostamente vindos de Israel. Na Nova Aliança, devemos adorar a Deus em Espírito e em Verdade e não precisamos de amuletos e representações. Só há duas representações que foram ordenadas por Jesus à Sua Igreja, que são o batismo em águas e a Ceia do Senhor. Estudaremos estes temas nas lições 9 e 10.

 

dois extremos que devem ser evitados em relação à liturgia da Igreja: O primeiro é o formalismo absoluto nos cultos, onde tudo é previsível como acontecia nas missas católicas antigamente, onde tudo era lido pelo padre e algumas partes repetidas pelos fiéis; o segundo é  um culto sem critério algum, onde todos falam ao mesmo tempo, pulam, gritam e dançam, sem nenhuma reverência. É preciso que haja equilíbrio entre a liberdade de cultuar a Deus e a ordem e decência recomendados na Bíblia. Estudaremos sobre o culto na Igreja Cristã na lição 11.

 

O movimento dos desigrejados combate a existência da Igreja como organização, as construções de templos, e até a necessidade de liturgias e rituais. Ora, a Igreja local é responsável por cumprir as ordenanças do Senhor Jesus à sua Igreja, que são o batismo em águas e a Ceia do Senhor. Como alguém iria cumprir estas ordenanças bíblicas, se não houver uma organização local e uma liderança eclesiástica, como querem os desigrejados? 

 

REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 39, 1º Trimestre de 2024.

HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO:CPAD, 2023, p.550. 

ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. RIO DE JANEIRO:CPAD, 2007, pp.715,716

06 fevereiro 2024

A ESTRUTURA DA IGREJA CRISTÃ

(Comentário do 1º tópico da Lição 06: Igreja: Organismo e organização).


Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos da estrutura da Igreja Cristã. Veremos que a Igreja é um organismo vivo, cuja cabeça é Cristo. Depois, falaremos da Igreja como uma organização e mostraremos como era a organização na Igreja Primitiva. Por último, veremos que não há organismo sem organização e que ambos têm a sua importância. 

1. A Igreja como organismo. Na lição 03, quando falamos da natureza da Igreja, vimos que ela tem uma dimensão local e outra universal. Na dimensão local, a Igreja está relacionada ao local ou ao espaço geográfico. Neste aspecto, ela pode ser vista e sentida. Na dimensão universal, no entanto, a Igreja não está limitada ao espaço geográfico ou físico. Em sua dimensão universal e invisível, a Igreja é formada por todos os cristãos regenerados que estão em todos os lugares e por aqueles que já estão também na glória (Hb 12.23), não se limitando somente à dimensão terrena. 

Quanto à dimensão universal e invisível da Igreja, ela é um organismo vivo e não uma organização. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, comparou a Igreja ao corpo humano disse, metaforicamente, que a Igreja é o corpo de Cristo. “Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também… Ora, vós sois o Corpo de Cristo e seus membros em particular.” (1 Co 12.1,27).

Organismo, segundo a Biologia, é um ser vivo constituído por uma ou mais células, que realizam funções vitais num determinado ambiente. Em um organismo vivo há vários órgãos e tecidos que o compõem. 

Cada um deles tem funções específicas e trabalham harmoniosamente, contribuindo para o funcionamento do organismo. Nenhum órgão sobrevive isoladamente e fora do organismo. Se um deles parar de funcionar, todo o organismo sofre as consequências e, dependendo do tipo de órgão, pode até morrer. 

Em um organismo vivo há um centro de comando, que é a cabeça. Dela partem todos os comandos, para que os órgãos executem as suas funções. Nenhum órgão se movimenta por si mesmo e sim através dos comandos que recebe do cérebro. 

A Igreja foi fundada por Jesus é um organismo vivo e, nesse sentido, ela é formada por todos os salvos que nasceram de novo e liderada por Ele e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18). 

Como um organismo, a Igreja de Jesus é única e não possui CNPJ, endereço, estatuto, líderes humanos, ou espaço físico. Ela é formada por todos os salvos de qualquer denominação, lugar ou época. Como organismo, a Igreja é representada como o corpo de Cristo, sendo Ele próprio a cabeça (I Co 12.27; Ef 4.12). 

2. A Igreja como organização. Organização, no contexto em que estamos falando aqui, é a forma como um sistema se forma, para alcançar os atingir os seus objetivos e cumprir a sua missão. Em toda organização há vários setores e funções, que são diferentes e há uma estrutura administrativa para planejar e distribuir as atividades e controlar os recursos. 

Existem vários tipos de organização: organização escolar, empresarial, governamental, não governamental, sindical, de eventos,  religiosa, política, pessoal, doméstica e até criminosa. Cada uma delas tem objetivos, missão e métodos diferentes. Mas todas têm em comum, o relacionamento entre os seus membros e a distribuição de funções e recursos visando uma mesma finalidade. 

Em seu aspecto local e visível, a Igreja é uma organização que existe como pessoa jurídica, em um determinado local. Neste aspecto, ela é dirigida por homens e tem as suas particularidades, costumes e normas. A própria legislação brasileira, atualmente, exige que uma Igreja tenha CNPJ e alvará de funcionamento. Para isso, precisa ter o seu estatuto e os responsáveis pela administração da Igreja.

O movimento dos desigrejados procuram desqualificar a Igreja como organização e negam a sua necessidade. Para isso, alegam que a Igreja Primitiva se reunia nas casas e não era uma uma organização e não possuía templos. 

De fato, a Igreja nos primeiros séculos não possuía templos, porque vivia sob intensa perseguição tanto dos judeus quanto do Império romano. Também não era uma pessoa jurídica, porque naquela época não existiam instituições formais como hoje. 

Entretanto, isso não significa que não era uma organização. A Igreja tinha a sua liderança formada por apóstolos, pastores, bispos e presbíteros (Ef 4.11; At 14.23; At 20.28; Hb 13.17). Tinha também o seu código doutrinário (At 2.42-47) e disciplinar (1 Pe 3.5,6; 2 Ts 3.6). E tinha os diáconos que cuidavam da parte administrativa (At 6.1-6). 

3. Organismo e organização. Conforme exposto acima, Igreja existe como um organismo vivo, que é o corpo de Cristo, formado por todos os salvos. Mas, existe também, como uma organização, formada por um grupo de pessoas em um determinado lugar, de forma local e visível. As suas dimensões estão presentes no Novo Testamento e uma não anula a outra. 

Na teologia, estudamos três disciplinas sobre a Igreja:

a) Eclesiologia: É o estudo da Igreja como um organismo vivo. Nesta matéria, estudamos a natureza da Igreja, a missão da Igreja neste mundo, as ordenanças da de Cristo, que são o batismo nas águas e a Ceia do Senhor, e outros assuntos relacionados à Igreja como o Corpo de Cristo, que é o tema geral deste trimestre. 

b) História da Igreja: É o estudo do desenvolvimento da Igreja em seis períodos da sua história: Período apostólico, período da da Igreja perseguida, Período da Igreja imperial, período da Igreja medieval, período da reformada e o período da Igreja moderna. Em cada um destes períodos, a Igreja teve as suas particularidades. 

Com relação ao assunto estudado aqui, nos períodos apostólico e da Igreja perseguida, havia maior ênfase quanto à Igreja como organismo, pois ela estava em formação e devido às perseguições não tinha permissão para existir legalmente. Mas nem por isso, deixou de ser uma organizada, conforme falamos no subtópico anterior. 

No outro extremo, nos períodos medieval e imperial, houve uma ênfase exagerada quanto à Igreja como organização, a ponto de se tornar institucionalizada. Atualmente, há os desigrejados que são anarquistas e querem abolir completamente a organização e liderança da Igreja. 

c) Administração Eclesiástica: É o estudo da Igreja como uma organização. Nesta matéria estudamos as formas de administração da Igreja, que será tema do terceiro tópico. 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 39, 1º Trimestre de 2024.

HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. RIO DE JANEIRO:CPAD, 2023, p.550. 

ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. RIO DE JANEIRO:CPAD, 2007, pp.715,716

05 fevereiro 2024

INTRODUÇÃO LIÇÃO 06 – IGREJA: ORGANISMO E ORGANIZAÇÃO

Ev. WELIANO PIRES REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição estudamos sobre a missão da Igreja de Cristo. Vimos que a Igreja de Cristo não foi instituída por acaso ou sem objetivo algum. O Senhor Jesus a instituiu com uma tríplice missão: a evangelização dos pecadores, a adoração a Deus e a edificação dos convertidos. Estes três itens resumem a missão da Igreja em relação ao mundo, a Deus e aos seus membros. 


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, falamos da missão da Igreja, através da pregação e instrução. Vimos que  a pregação do Evangelho envolve a proclamação das boas novas aos de fora (evangelização) e a instrução aos de dentro (discipulado). 


No segundo tópico, falamos da missão da Igreja através da adoração e edificação. A Igreja é a única instituição que tem a prerrogativa de adorar a Deus neste mundo. Vimos também que Igreja é uma comunidade edificadora e, como tal, tem a missão de promover o crescimento espiritual dos seus membros através dos dons espirituais e ministeriais. 


No terceiro tópico, falamos da missão da Igreja em relação à comunhão e socialização. A Igreja de Cristo deve estar pronta a socorrer os necessitados, começando pelos domésticos da fé. Se alguém tiver recursos neste mundo e não socorrer ao próximo em suas necessidades, o amor do Pai não está nele (1 Jo 3.17). 


LIÇÃO 06 – IGREJA: ORGANISMO E ORGANIZAÇÃO 


INTRODUÇÃO


Nesta lição estudaremos as duas dimensões da Igreja: organismo e organização. A Igreja foi fundada por Jesus, como um organismo vivo e, nesse sentido, ela é formada por todos os salvos que nasceram de novo, é liderada por Ele e as portas do inferno não prevalecerão contra ela (Mt 16.18). Entretanto, a Igreja é também uma organização, estabelecida em um determinado lugar e, nesse sentido, precisa de uma estrutura administrativa para funcionar. 


No Novo Testamento, podemos perceber claramente, que a Igreja além de ser um organismo, era também uma organização, formada por pessoas diferentes, que formavam uma comunidade local para adorar a Deus e pregar o Evangelho. 


TÓPICOS DA LIÇÃO 


No primeiro tópico, falaremos da estrutura da Igreja Cristã. Veremos que a Igreja é um organismo vivo,  cuja cabeça é Cristo. Depois, falaremos da Igreja como uma organização e mostraremos como era a organização na Igreja Primitiva. Por último, veremos que não há organismo sem organização e que ambos têm a sua importância. 


No segundo tópico, falaremos da Igreja como um organismo vivo e organizado. Veremos que a Igreja Primitiva era um organismo vivo, liderado pelo Espírito Santo. Mas ela também tinha o seu aspecto local em Jerusalém, Antioquia, Roma Filipos, Tessalônica, etc. Falaremos também da organização da Igreja, em seu aspecto litúrgico e ritual. A Igreja local mantém a decência e ordem nos cultos, estabelece normas e costumes, ensina as doutrinas bíblicas e realiza o batismo em águas e a Ceia do Senhor. 


No terceiro tópico, falaremos do governo da Igreja nas diferentes tradições cristãs. Discorremos sobre os três tipos de governo eclesiástico: Presbiteral, Episcopal e Congregacional. Por último, falaremos do sistema de governo da Assembléia de Deus nos Estados Unidos e no Brasil, que varia de acordo com a época e a região. 


REFERÊNCIAS: GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023. ENSINADOR CRISTÃO, CPAD, Nº 96, pág. 39, 1º Trimestre de 2024. HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p.550. ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.715,716



03 fevereiro 2024

COMUNHÃO E SOCIALIZAÇÃO

(Comentário do 3° tópico da Lição 05: A Missão da Igreja de Cristo)

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos da missão da Igreja em relação à comunhão e socialização. A Igreja é uma comunidade de irmãos e, portanto, os seus membros não podem viver isolados. Por isso, não se pode ser Igreja sozinho, como querem os desigrejados. No aspecto da socialização, a Igreja de Cristo deve estar pronta a socorrer os necessitados, começando pelos domésticos da fé. Se alguém tiver recursos neste mundo e não socorrer ao próximo em suas necessidades, o amor do Pai não está nele (1 Jo 3.17). 


1. A fé na esfera fraternal. No texto de Atos 2.42, que está no Texto Áureo desta lição, vemos os principais pilares da Igreja Primitiva: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações.” Falaremos abaixo sobre cada um destes pilares e a sua importância para a Igreja atual. 


O primeiro pilar era a doutrina dos apóstolos, que era o ensino de tudo aquilo que eles aprenderam com Jesus ao longo de três anos. O Novo Testamento ainda não havia sido escrito e eles transmitiam oralmente à Igreja, os ensinos que receberam do Mestre. 


O segundo pilar era a comunhão. A palavra grega traduzida por comunhão neste texto é koinonia, que significa “parceria, participação e comunhão espiritual”. O comentarista nos informa que este termo aparece 19 vezes no Novo Testamento. 


No contexto de Atos 2.42, koinonia (comunhão) é uma referência à união dos irmãos em todos os sentidos. Eles tinham uma comunhão tão profunda que, os que tinham mais de uma propriedade decidiram, voluntariamente, vender uma e doar o dinheiro para a liderança da Igreja suprir a necessidade dos mais pobres. Esta atitude generosa fez com que não houvesse nenhum necessitado entre eles. 


Não pode haver Cristianismo onde não há comunhão e os crentes vivem isolados. Há várias recomendações no Novo Testamento sobre a necessidade de haver comunhão entre os irmãos. O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos disse: “Comunicai com os santos nas suas necessidades…” (Rm 12. 13). Muitas pessoas interpretam mal este texto e imaginam que ele está dizendo para “contarmos as nossas necessidades aos santos”. Mas não é isso que o texto diz. 


A palavra comunicar neste texto significa “compartilhar” e “suas necessidades” significa a necessidade dos outros. Na versão NVI está mais claro: Compartilhem o que vocês têm com os santos em suas necessidades…” Portanto, Paulo está falando de ter comunhão, tomando parte nas necessidades dos irmãos. 


O terceiro pilar da Igreja Primitiva fala do Partir do pão. O partir do pão aqui tem dois sentidos: a Ceia do Senhor e a refeição que eles chamavam de ágape. Era uma refeição, onde os discípulos se reuniam e comiam juntos, ricos e pobres. Em Corinto, eles deturparam o objetivo desta refeição e Paulo os repreendeu.


O último pilar era a oração. A Igreja Primitiva vivia em constante oração. Inicialmente eles oraram buscando o revestimento de poder, que havia sido prometido por Jesus. Depois disso, oraram em várias circunstâncias: Eles frequentavam o templo na hora da oração (At 3.1); Oraram, quando foram ameaçados pelas autoridades judaicas (At 4.24-40); oraram pela libertação de Pedro da prisão (At 12.5); etc. 


Estes pilares estão interligados, ou seja um depende do outro. Uma Igreja que tem o ensino sistemático da Palavra de Deus e vive em constante oração, terá também comunhão, partir do pão, temor a Deus e salvação de almas (At 2.42-47). Quando os membros de uma Igreja vivem em guerra e isolados, cada um buscando os seus próprios interesses, é porque está faltando ensino bíblico e oração. 


2. Unidade e Fraternidade. No segundo tópico da lição 03, quando falamos da natureza da Igreja, tratamos da unidade da Igreja. Vimos que a Igreja é una e que deve haver unidade na diversidade. O Senhor Jesus quando orou pelos seus discípulos, rogou ao Pai, para que eles um, assim como Ele é um com o Pai. 


Evidentemente, quando falamos da unidade da Igreja não estamos falando de denominação, como fazem algumas seitas que dizem ser a única Igreja de Cristo. A unidade da Igreja é uma referência à Igreja universal e invisível, que é formada por todos os salvos. Nesse sentido, só existe uma Igreja de Cristo na Terra.  A unidade da Igreja acontece também na união entre os membros de uma Igreja local. 


A palavra fraternidade vem do latim frater, que significa irmão. Os membros da Igreja de Cristo são filhos de um mesmo Pai que é Deus e, portanto, são todos irmãos. Sendo irmãos devemos ter comunhão e tratar uns aos outros como irmãos. Na Epístola aos Hebreus, no capítulo 13, versículo 1,  temos a seguinte recomendação: “Permaneça o amor fraternal”. A palavra grega traduzida por amor fraternal é “Filadélfia”, que é formada por dois termos gregos “Philos” (amor, amidade) e “adelphos” (irmão). Significa, portanto, “amor entre os irmãos”. O amor entre os irmãos é uma característica inerente à Igreja de Cristo. 


3. A fé na esfera social.  Nós somos adeptos da chamada Teologia da Libertação, propagada por alguns teólogos católicos, segundo a qual, a libertação que Jesus veio trazer foi econômica e social. Segundo esta teologia, Jesus veio libertar os pobres da opressão dos ricos. Por conta disso, demonizam os ricos e o capitalismo. Com a alegação de que os fins justificam os meios, defendem invasão de propriedade, roubos e luta armada em nome da causa socialista. Não há nenhum fundamento bíblico para isso.


Entretanto, isto não significa que a Igreja não deve socorrer os necessitados. Há no Novo Testamento vários textos que falam da ajuda aos necessitados. Na Igreja de Jerusalém, como já falamos, quem tinha mais de uma propriedade, vendia e trazia o dinheiro aos apóstolos para socorrer os pobres. 


O apóstolo Paulo também fazia coletas nas Igrejas por onde passava para ajudar os pobres da Judeia. O apóstolo João, falando sobre o amor ao próximo, questiona se alguém que tem recursos, vendo o seu irmão passar necessidades e não o socorre, o amor de Deus pode estar nele. Tiago também falou sobre isso, dizendo: A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e guardar-se da corrupção do mundo.” (Tg 1.27).


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO, CPAD, Nº 96, pág. 29, 1º Trimestre de 2024.

PETERS, George W. Teologia Bíblica de Missões. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.260

STOTT. John R. W. Cristianismo Equilibrado. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD. 1995, pp.60,61

BÍBLIA DE ESTUDO PALAVRAS-CHAVE: Hebraico e grego. 4ª Ed. Rio de Janeiro, CPAD, 2015.

AS ARMAS DO CRENTE

(Comentário do 1º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos sobre as armas do crente...