19 fevereiro 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 08: A DISCIPLINA NA IGREJA

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA 

Na lição passada, estudamos sobre o ministério da Igreja, as suas diferentes funções e ofícios e as qualificações exigidas na Bíblia para o exercício do ministério.


TÓPICOS DA LIÇÃO 


No primeiro tópico, falamos sobre o ministério sacerdotal de todo crente. Falamos sobre o Sacerdócio no Antigo Testamento. Falamos do sacerdócio na época dos patriarcas e na Lei Mosaica. O povo de Israel também foi escolhido por Deus para ser um povo sacerdotal. Vimos que a doutrina bíblica do sacerdócio universal de cada crente foi confirmada no Novo Testamento e depois resgatada na Reforma Protestante.


No segundo tópico, falamos da estrutura ministerial do Novo Testamento. Discorremos sobre o ministério quíntuplo, descrito em Efésios 4.11: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e doutores, trazendo uma breve exposição de cada um destes ministérios. Depois, falamos do serviço dos diáconos e presbíteros. 


No terceiro tópico, discorremos sobre as qualificações exigidas na Bíblia para o exercício do ministério. Estas qualificações são requisitos inegociáveis na vida dos aspirantes ao ministério. As qualificações exigidas para os bispos e presbíteros estão descritas em Tito 1.6-9 e em 1 Timóteo 3.1-7 para os bispos. Uma lista complementa a outra, pois, os termos são sinônimos. Para os diáconos, as exigências descritas em Atos 6 eram: ter boa reputação e ser cheios de Espírito Santo e de sabedoria. Depois, o apóstolo Paulo acrescentou mais algumas exigências importantes para os candidatos ao diaconato, em 1 Timóteo 3.8-11. 


LIÇÃO 8: A DISCIPLINA NA IGREJA
INTRODUÇÃO 

Nesta lição, estudaremos sobre a prática da disciplina na Igreja. Esta prática vem sendo deixada de lado em muitas igrejas e até combatida por alguns. Mas, a prática da disciplina é bíblica e se encontra no Novo Testamento. 


No passado, por não entenderem o propósito da disciplina cristã, muitos pastores talvez influenciados pelas penitências da Igreja Católica, usavam a disciplina como instrumento de ameaça e punição para impor os seus caprichos e opiniões.


O erro ou exagero de alguns no passado, não significa que a disciplina não tenha base bíblica ou que não seja necessária. A disciplina é indispensável em todos os segmentos da sociedade e na Igreja não é diferente. Na Igreja, a disciplina tem um tríplice propósito: corrigir comportamentos incompatíveis com a vida cristã, afastar o pecado do seio da Igreja e zelar pelo bom testemunho da Igreja.

TÓPICOS DA LIÇÃO 


No primeiro tópico, falaremos da necessidade da disciplina bíblica. Veremos que Deus é Santo e isso é uma das razões principais da necessidade da disciplina na Igreja. Depois, veremos que a Igreja também é santa, pois Deus exige santidade do Seu povo. Isto significa separação ou consagração a Deus. Por último, falaremos das consequências da falta de disciplina em uma Igreja. 


No segundo tópico, falaremos do propósito da disciplina bíblica. Veremos que a disciplina tem como propósito manter a honra de Cristo, pois quando o pecado é tolerado no seio da Igreja, Cristo é desonrado perante o mundo. O segundo propósito é frear o comportamento pecaminoso, pois o pecado é contagioso e se não contido, contamina toda a Igreja. O terceiro propósito da disciplina é não tolerar o pecado no seio da Igreja. A liderança de uma Igreja não é responsável diante de Deus pelo pecado das pessoas, mas será responsabilizada por tolerá-las no seio da Igreja, como parte dela (Ap 2.20). 


No terceiro tópico, falaremos das formas de disciplinas bíblica. Veremos a disciplina bíblica como forma de correção, que contribui para o crescimento espiritual e formação do caráter cristão. Depois falaremos da disciplina como forma de restauração da pessoa que caiu em pecado, mas se arrependeu. Por último falaremos da disciplina como forma de exclusão daqueles que vivem na prática do pecado e recusam-se a deixá-lo. 


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 40, 1º Trimestre de 2024.
PFEIFFER, Charles F. et al. Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.466. 
RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.510,511

16 fevereiro 2024

AS QUALIFICAÇÕES PARA O MINISTÉRIO

(Comentário do 3º tópico da Lição 07: O ministério da Igreja). 


Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico falaremos das qualificações para o ministério. O comentarista dividiu estas qualificações em duas categorias: Qualificações de natureza moral e de natureza social. 


Estas qualificações são requisitos inegociáveis na vida dos aspirantes ao ministério. Eu agrupei todas as qualificações citadas pelo apóstolo Paulo nas listas de requisitos para os bispos, presbíteros e diáconos, com as devidas explicações de cada uma delas. 


As qualificações exigidas para os presbíteros estão descritas em Tito 1.6-9 e em 1 Timóteo 3.1-7 para os bispos. Uma lista complementa a outra, pois, os termos são sinônimos. Assim como os presbíteros, os diáconos também precisam ter uma conduta ilibada e bom testemunho dos crentes, da família e até dos infiéis. Do ponto de vista moral, em Atos 6, os apóstolos exigiram que os diáconos tivessem boa reputação. A reputação está relacionada ao testemunho público, ou seja, aquilo que as pessoas pensam ao nosso respeito. 


Segue abaixo, uma lista das qualificações exigidas paras os aspirantes ao ministério: 


a. Irrepreensibilidade. Deve ser íntegro em todos os aspectos. Paulo falou para Timóteo “apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar”. (2 Tm 2.15). 


b. Vida conjugal ajustada. O casamento do bispo, presbítero ou pastor deve seguir o modelo bíblico e ser exemplo para a Igreja. Por isso deve ser heterossexual, monogâmico e vitalício. Não se pode admitir líderes na Igreja divorciados, polígamos, ou que tenham um casamento de fachada. 


c. Vigilância. A vigilância consiste em estar atento para não ser apanhado de surpresa. Deve fechar todas as brechas e vigiar para não cair em tentação e não escandalizar a Igreja. 


d. Sobriedade. Ser sóbrio significa ter equilíbrio, moderação e domínio próprio. Não pode perder as estribeiras e agir precipitadamente. 


e. Honestidade. A honestidade consiste em integridade, veracidade e franqueza e  na ausência de mentiras, trapaças, roubos, etc. Os presbíteros, bispos, pastores e diáconos têm a obrigação de serem honestos em tudo o que fazem e falam. 


f. Aptidão para o ensino. É atribuição dos líderes, alimentar a Igreja com o ensino da Palavra de Deus e defendê-la dos falsos ensinos. Portanto, é indispensável que esteja preparado para ensinar. Esta qualificação não foi exigida para os diáconos, pois o trabalho deles na época era voltado para à área social e administrativa. 


g. Abstinência de vinho. O alcoolismo traz muitos prejuízos, não apenas financeiros e à saúde, mas também prejuízos morais, como a insensatez, agressividade e descontrole. Por isso, o consumo de bebidas alcoólicas é incompatível com o ministério pastoral. 


h. Não violento (ou espancador). Jesus nos recomenda que aprendamos com Ele, que é manso e humilde de coração. (Mt 11.29). Pedro também recomenda que devemos responder com mansidão aos que se opõem (1 Pe 3.15). O pastor deve ser firme em seus ensinos e na defesa da verdade. Mas, não pode ser violento, mal educado e agressivo. 


i. Não contencioso. Paulo disse a Timóteo que “ao servo do Senhor não convém contender” (2 Tm 2.24). O pastor além de ser um servo do Senhor, é um exemplo para a Igreja e não pode viver em contendas, pois, isso é carnalidade. 


j. Não avarento. A avareza é tão grave que Paulo diz que o avarento é idólatra. (Ef 5.5). Paulo diz que o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. (1 Tm 6.10). O avarento rouba, mata, aplica golpes e abre mão de qualquer princípio, por dinheiro. Por isso, é incompatível com o ministério pastoral.


l. Bom governante da própria casa. O pastor deve ter uma conduta exemplar para com a sua família. Paulo, escrevendo a Timóteo, disse que "aquele que não governa bem a sua casa não terá cuidado da Igreja de Deus." Um pastor, que a própria família não o respeita, não tem a menor condição de pastorear uma Igreja. 


m. Não neófito. Esta palavra “neófito” vem de duas palavras gregas: "neo" (novo) e “fide” (fé) e significa novo na fé, ou inexperiente. O tempo de crente é importante, pois existem coisas que só se aprende com a experiência. Um pastor inexperiente pode se precipitar e tomar decisões equivocadas. 


n. De bom testemunho para com os de fora. Os cristãos são observados pelas pessoas de fora da Igreja e o pastor mais ainda. Por isso é importante que o pastor tenha uma boa reputação no bairro e na cidade onde mora. 


Seria muito bom se todas as Igrejas da atualidade atentassem para os conselhos do apóstolo Paulo, antes de separarem obreiros. Certamente, não teríamos tantos escândalos com obreiros imaturos e despreparados. 


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 39, 1º Trimestre de 2024.

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.965

Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, Editora CPAD, p.564.

MENZIES, William W.; HORTON, Stanley M. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Fé Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.153.

15 fevereiro 2024

A ESTRUTURA MINISTERIAL DO NOVO TESTAMENTO

(Comentário do 2º tópico da Lição 07: O ministério da Igreja)


Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da estrutura ministerial do Novo Testamento. Discorremos sobre o ministério quíntuplo, descrito em Efésios 4.11. Falaremos também do serviço dos diáconos e presbíteros, que não estão inseridos na relação dos dons ministeriais, mas eram ministérios importantes na Igreja Primitiva. Seria praticamente impossível falar tudo sobre cada um deles aqui, em um único tópico. Portanto, vamos trazer apenas um resumo.


1. O ministério quíntuplo. No segundo trimestre de 2021, por conta da pandemia, nós repetimos uma revista sobre os dons espirituais e ministeriais, comentada em 2014, pelo Pr. Elinaldo Renovato de Lima. Naquela ocasião, estudamos cada um dos dons ministeriais mencionados pelo apóstolo Paulo, em Efésios 4.11, que são chamados de ministério quíntuplo, pois são cinco: apóstolos, profetas evangelistas, pastores e mestres. Cada um destes ministérios foi estudado exclusivamente em uma lição. Seria praticamente impossível falar tudo sobre cada um deles aqui, em um único tópico. Portanto, vamos trazer apenas um resumo.


a) Apóstolos. A palavra grega “apóstolos” significa alguém que foi enviado ou um mensageiro. É alguém que foi enviado para uma missão particular. Jesus é o apóstolo por excelência, pois, Ele foi enviado a este mundo pelo Pai com uma missão específica de dar a sua vida para salvar aqueles que nele cressem (Hb. 3.1). 


Jesus  chamou também doze dos seus discípulos de apóstolos e deu-lhes uma missão especial: “...Chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos.” (Lc 6.13). Este grupo é formado por apenas 12 e é chamado de Colégio apostólico


Judas Iscariotes era um deles, mas se desviou e foi substituído por Matias. O apóstolo Paulo também foi chamado pelo próprio Jesus para ser apóstolo. Há uma discussão se o escolhido para compor o colégio apostólico seria Matias, que foi escolhido pelos apóstolos, ou se foi Paulo, que foi escolhido diretamente por Jesus. 


Os apóstolos que faziam parte do colégio apostólico tinham características singulares, tais como: foram chamados diretamente por Jesus, andaram com Jesus em seu ministério terreno, viram o Cristo ressurreto e receberam autoridade diretamente dele. (At 1.21,22; At 9.1-5).


Neste sentido não existem mais apóstolos, pois são apenas doze e a missão deles de escrever o Novo Testamento e lançar o fundamento da Igreja já está concluída. Não há na Bíblia nenhuma sucessão de apóstolos depois de Matias. Não houve também sucessão dos apóstolos após o martírio deles. 


A Igreja Católica, no intuito de justificar o poder papal, criou o dogma da sucessão apostólica. Entretanto, não há base bíblica, ou histórica, que justifique este dogma. Há também Igrejas, supostamente evangélicas que criaram o ministério apostólico, com o objetivo de elevar os seus líderes a um patamar superior aos pastores e colocá-los como supostos mediadores entre a Igreja e Deus. 


O ministério de apóstolo atualmente poderia se aplicar aos missionários que são enviados pela Igreja, para desbravar campos e plantar Igrejas.  


b. Profetas. O Novo Testamento usa a palavra grega 'prophetes', para se referir ao profeta. Esta palavra deriva de dois vocábulos gregos: "pro", “antes”, “em favor de”, e, “phemi”, “falar”, ou seja, “alguém que fala por outrem”, e por extensão, “intérprete”, especialmente da vontade de Deus. 


Assim como nos casos do ministério de apóstolo, há pensamentos diferentes em relação ao ministério de profeta. Alguns dizem que não existem mais profetas nos dias atuais, pois, Jesus disse que “a Lei e os Profetas, vigoraram até João [Batista]..." (Lc 16.16). Na verdade, Jesus estava falando da Antiga Aliança, com a expressão a Lei e os Profetas. 


O Novo Testamento relata a existência de profetas e profetisas, depois da morte de João Batista: Ágabo (At 21.10,11); As filhas de Filipe (At 21.8,9); e na Igreja de Antioquia havia profetas (At 13.1). 


Por outro lado, há outros que querem atribuir as características dos profetas do Antigo Testamento aos profetas de hoje, querendo agir como Elias, Eliseu e outros. O dom ministerial de profeta não é equivalente aos profetas do Velho Testamento, ou mesmo do Novo Testamento, que eram canônicos e receberam inspiração divina para escrever os livros sagrados que formam a Palavra de Deus. Neste sentido, não existem mais profetas. 


Os profetas do Novo Testamento eram pessoas chamadas por Deus, para proclamar a sua Palavra, denunciar o pecado, exortar, edificar e consolar a Igreja de Cristo. Eles lançaram os fundamentos da Doutrina cristã. (Ef 2.20). 


O ministério de profeta é diferente do dom de profecia. O dom ministerial é permanente e é restrito a algumas pessoas, que foram chamadas por Deus para exercer este ministério. O dom de profecia, por sua vez, é esporádico. O Espírito Santo usa a pessoa para transmitir uma mensagem de Deus em determinadas circunstâncias. Paulo recomendou aos coríntios a buscarem este dom. 


c) Evangelista. A palavra evangelista deriva do verbo grego "euangelizo", que significa transmitir boas novas. Esta palavra aparece apenas três vezes no Novo Testamento: em Atos 21.48, referindo-se a Filipe; em Efésios 4.11, na lista dos dons ministeriais e em 1 a Timóteo 4.5, onde o apóstolo Paulo recomenda a Timóteo que faça o trabalho de um evangelista. 


Um evangelista é alguém chamado e capacitado por Deus, exclusivamente para pregar as boas novas do Evangelho aos perdidos. O evangelista busca a Deus e se prepara para transmitir uma mensagem impactante no coração dos pescadores, para levá-los a Cristo. 


O evangelista atua também como plantador de Igrejas, onde o Evangelho ainda não chegou. Porém, uma vez estabelecida a Igreja, um pastor deve assumi-la e o evangelista deve partir em busca de almas. Infelizmente, este ministério tem sido desvirtuado atualmente. Muitos evangelistas estão pastoreando congregações e trabalhando em serviços administrativos da Igreja. 


d. Pastor. A palavra pastor, no grego é “poimēn” e tem o significado de “apascentador de ovelhas”. Sendo assim, a principal missão do pastor deve ser cuidar das pessoas que vieram para Cristo. O pastor é alguém que cuida de um rebanho que não é dele e deve fazê-lo com amor e dedicação, não como dominador. (1 Pe 5.2). É de responsabilidade do pastor, alimentar, cuidar e proteger o rebanho de Deus. 


Embora almejado por muitos, ser pastor não é uma tarefa fácil. Pode ser que seja fácil ser um lobo ou um mercenário, disfarçado de pastor. Mas, ser um verdadeiro pastor, segundo o modelo bíblico, é uma tarefa árdua. Jesus é o sumo pastor e o melhor exemplo para um ministério integral: acolhedor, admoestador e servidor. Jesus é o bom pastor, que conhece as suas ovelhas, é conhecido delas e dá a sua vida pelo rebanho. 


Do ponto de vista bíblico, a missão do pastor está relacionada às questões doutrinárias, através da evangelização, ensino da Palavra de Deus e defesa da fé. Também faz parte do Ministério pastoral na Bíblia, o cuidado com os crentes, através de visitas, oração e exortação. Espera-se do pastor, que tenha maturidade, idoneidade e amor no trato com as coisas de Deus.


Na atualidade, as funções do pastor variam de acordo com o sistema de governo exclestiástico que ele faz parte: Episcopal, Presbiteral, ou Congregacional. Além destas múltiplas funções bíblicas do ministério pastoral, em algumas denominações ao longo dos séculos foram incorporadas as funções administrativas, financeiras, construções de templos e até políticas nas convenções.


e) Mestres ou Doutores. Jesus estabeleceu mestres na Igreja para serem os doutrinadores daqueles que chegam à Igreja e não conhecem nada do Evangelho. Este dom de mestre é uma necessidade urgente da Igreja. Se não houver ensino, os crentes não amadurecem e não tem firmeza. Todo pastor é ou deveria ser um mestre, pois, o pastor deve ser apto para ensinar, embora nem todos os mestres sejam pastores. Muitos consideram que os ministérios de pastores e mestres são um só. 


Em todos os dons ministeriais, Jesus é o nosso modelo perfeito. No dom ministerial de mestre, Jesus é o mestre por excelência. Ele não era um sábio qualquer, como alguns filósofos querem denominá-lo, colocando-o no mesmo patamar de Confúcio, Buda, Sócrates e outros. Jesus é Deus e, portanto, possui o atributo divino da onisciência. Ele conhece o passado, o presente e o futuro. Conhece todos os mistérios e sonda as mentes e corações. 


Jesus ensinava e as multidões o seguiam para ouvi-lo. Ele é verdadeiro e justo. Falava ao povo com sabedoria e autoridade. Não era como os hipócritas escribas e fariseus, que ensinavam de um jeito e procediam de outro. A pedagogia de Jesus era perfeita. Os discursos dele não eram diferentes da sua conduta. Jesus também era um mestre humilde. Mesmo sendo Deus e Senhor, Jesus fez-se servo. Ele esvaziou-se da Sua Glória e veio a este mundo padecer pelos pecadores. Jesus Ele é o maior exemplo de humildade que o mundo já conheceu. 


Infelizmente, o ministério de mestre não é valorizado em muitas Igrejas. A maioria dos mestres militam à própria custa, sem nenhum apoio financeiro sequer para custear os seus estudos e comprar materiais didáticos. Em contrapartida,  abrem-se as portas e dão vultosos cachês aos pregadores do "reteté", que fazem muito barulho e não tem nenhum conteúdo bíblico. 


2. O serviço de diáconos e presbíteros. 

a. Diáconos. Na cultura grega, a palavra “diakonia” significa um serviço voluntário, prestado por alguém para a sua comunidade. Segundo o dicionário bíblico de Strong, a palavra diácono (diákonos) significa literalmente, “levantar rapidamente”. Essa palavra era usada para descrever um servo que, rapidamente, atendia a um trabalho. No Novo Testamento, a palavra aplica-se àquele que executa os comandos ou ordens de uma força ou autoridade maior. 


No Livro de Atos, inicialmente, vemos apenas os apóstolos como líderes da Igreja. Posteriormente, surgiu a necessidade dos diáconos para suprir a questão da assistência social (At 6.1-6). Na Igreja Primitiva não havia templos e os cultos eram realizados nas casas. Por isso, a função dos diáconos não estava ligada à liturgia dos cultos. Era totalmente voltada para a assistência aos necessitados.


Muita coisa mudou na sociedade e na Igreja, em mais de dois mil anos de história da Igreja. Evidentemente, as necessidades da Igreja também mudam. Por isso, as funções de um diácono na Igreja atual é muito diferente dos tempos apostólicos. 


Além dos trabalhos de assistência social, nos dias atuais temos também as necessidades dos trabalhos nos templos em apoio à liderança da Igreja: recepção, segurança, recolhimento de contribuições, servir à Ceia do Senhor, secretaria, tesouraria e auxiliar na organização do templo durante os cultos.


b. Presbíteros. No grego, a palavra para presbítero é “presbyteros”. Esta palavra deriva da raiz “presby”, que significa literalmente “uma pessoa mais velha”. Evidentemente, não se refere apenas à questão da idade e sim à experiência e idoneidade. Algumas versões da Bíblia traduzem esta palavra por “ancião”. 


Nos primeiros anos da Igreja Cristã, logo após o Pentecostes, não vemos referências a presbíteros ou bispos. Eram os apóstolos, que exerciam a liderança da Igreja. Somente depois da conversão de Saulo, temos menção aos "anciãos" da Igreja de Jerusalém, que receberam a coleta das contribuições da Igreja de Antioquia, para ajudar aos necessitados da Judéia. 


Não sabemos ao certo quando surgiu o presbitério na Igreja Primitiva. Mas, ele estava presente nas Igrejas de Jerusalém, Antioquia, Listra e Icônio, nos relatos de Atos dos apóstolos e participava das discussões e decisões da liderança da Igreja junto com os apóstolos.


Em Atos 14.23 há o relato de uma eleição de anciãos (presbyteros) nas Igrejas de Antioquia, Listra e Icônio. Depois, no capítulo 15 de Atos, quando aconteceu o primeiro concílio da Igreja de Jerusalém, para discutir se os cristãos deveriam guardar a lei, são mencionados os “anciãos” (presbyteros), junto com os apóstolos. (At 15.6).


Em Atos 20.17, na iminência da prisão de Paulo em Jerusalém, ele reuniu os “anciãos” de Éfeso em Mileto e lhes fez um discurso emocionado, em tom de despedida. Ainda no capítulo 20 de Atos, no versículo 28, Paulo se refere a eles como “bispos” (episkopos) e diz que “o  Espírito Santo os constituiu para apascentarem a Igreja de Deus”, deixando evidente o trabalho pastoral dos bispos e presbíteros e a equivalência das duas funções. Nas Epístolas a Timóteo e a Tito, Paulo falou dos presbíteros como líderes da Igreja local. (1 Tm 3; Tm 5.17; Tt 1.5).


A atuação do presbitério cristão na Igreja Primitiva se assemelha às dos anciãos de Israel nas comunidades e no Sinédrio. (At 11.30; 15.2-6.22-23; 16.4; 21.18). Nas referências bíblicas aos presbíteros no Novo Testamento eles aparecem sempre no plural: “presbíteros”, “bispos” ou “anciãos” (At 11.30; 15.2,4,6; 20.17; Tg 5.14; 1Pe 5.1). Isso nos leva a deduzir que a função pastoral era exercida por um colegiado de obreiros mais experientes e não por um único líder. 


O presbitério da Igreja Primitiva formava uma espécie de conselho ou assembléia, que deliberava junto com os apóstolos, sobre assuntos doutrinários, éticos e administrativos da Igreja. (At 15.2,6,9-11; At 16.4). Eles faziam o papel exercido hoje pelos pastores e evangelistas nas convenções, no caso das Assembléias de Deus. 


Assim como no ministério do pastor, as funções dos presbíteros atualmente variam de acordo com o modelo de administração eclesiástica. Cada uma delas tem as suas particularidades e o papel do presbítero é diferente em cada uma delas.


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José: O Corpo de Cristo: Origem, Natureza e a Vocação da Igreja no Mundo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023.

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, Nº 96, pág. 39, 1º Trimestre de 2024.

RICHARDS, Lawrence O. Comentário Devocional da Bíblia. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, p.965

Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal, Editora CPAD, p.564.

MENZIES, William W.; HORTON, Stanley M. Doutrinas Bíblicas: Os Fundamentos da Fé Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.153.

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...