23 novembro 2023

PRINCÍPIOS BÁSICOS ACERCA DO SUSTENTO MISSIONÁRIO PELA IGREJA

(Comentário do 2° tópico da Lição 09: A Igreja e o sustento missionário). 

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos dos princípios básicos acerca do sustento missionário. Antes de enviar um missionário a Igreja deve avaliar o custo do sustento financeiro deste projeto. Com base no texto bíblico de Filipenses 4.10-20, veremos alguns princípios básicos sobre o sustento dos missionários. Por último, veremos que o apoio financeiro da Igreja aos missionários deve ser fiel e permanente. O apóstolo Paulo elogiou a atitude dos Filipenses nesse sentido. 


1- O custo do sustento financeiro. Como acontece em todos os trabalhos que a Igreja realiza, no envio e sustento de missionários também deve haver planejamento. Há um grande equívoco por parte de alguns evangélicos, de que na obra de Deus tudo deve ser feito “pela fé”. De fato, para fazer a obra de Deus é preciso ter fé, pois sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11.6). Entretanto, a fé não pode ser confundida com irresponsabilidade, imprudência e falta de planejamento. A fé é a confiança inabalável nas promessas de Deus, independente das circunstâncias. Entretanto, precisamos fazer a nossa parte, planejando e executando os nossos projetos com responsabilidade. 


Em um dos seus discursos, Jesus disse: “Qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir? Para não suceder que, tendo lançado os alicerces e não a podendo acabar, todos os que a virem zombem dele, dizendo: Este homem começou a construir e não pôde acabar.” (Lc 14.28-30). Isto significa que precisamos planejar aquilo que vamos fazer, para não começar algum projeto e ter que parar no meio, pois além de passar vergonha, um projeto interrompido causa muitos transtornos e prejuízos. 


No caso do envio de missionários, a liderança da Igreja precisa se reunir e calcular todos os custos do envio e manutenção do missionário no campo. Para isso é preciso fazer um levantamento do custo de vida no país, para o qual o missionário será enviado. Em seguida, deve-se avaliar se os recursos da Igreja serão suficientes para este empreendimento. Como bem pontuou o comentarista, é importante também que sejam colocados em contrato, as cláusulas com as responsabilidades da Igreja e do missionário. Estes custos também precisam ser avaliados de tempos em tempos e, se for o caso, realizar os reajustes necessários, para que a família do missionário não sofra privações decorrentes da inflação ou de problemas econômicos do país onde trabalha.


2- Princípios básicos do sustento missionário. Aqui o comentarista nos apresenta alguns princípios básicos, que a Igreja deve seguir na questão do sustento missionário. Estes princípios foram extraídos do texto de Filipenses 4.10-20, que é a nossa Leitura bíblica em classe:

a. Deve haver um sistema de apoio organizado. Este sistema deve fazer levantamentos de todas as necessidades e particularidades do campo missionário, para providenciar os devidos recursos. 

b. Deve haver formas organizadas de arrecadação. Toda Igreja que envia missionários deve organizar antes a forma de arrecadação para que ela seja frequente. A administração da Igreja deve estabelecer previamente com a secretaria de missões quem irá contribuir e o percentual que será enviado. Não se pode enviar missionários confiando apenas em ofertas esporádicas.

c. Deve-se estabelecer um padrão justo de sustento. O missionário que dedica a sua vida exclusivamente à missão é digno de um padrão de vida que lhe possibilite viver bem com a sua família, levando-se em consideração o contexto do país onde está situado. 

e. Deve haver um compromisso constante e permanente da Igreja com o sustento. Os missionários, como qualquer pessoa, têm gastos que são constantes e permanentes. Portanto, não podem receber apenas ofertas esporádicas. É necessário que haja um compromisso da Igreja que o envia, de manter o repasse dos recursos ininterruptamente.


3- Um apoio fiel e permanente. Infelizmente, algumas Igrejas cometem o erro de cortar gastos na missão. Gastam-se absurdos com congressos e outros eventos para crentes. Mas, fecham as torneiras para aqueles que deixam a sua pátria e dedicam as suas vidas para pregar o Evangelho aos perdidos. Os irmãos de Filipos nos deram um bom exemplo, arrecadando voluntariamente recursos para enviar ao apóstolo Paulo. 


O desafio da Igreja não é apenas enviar um missionário e arcar com as despesas da mudança e estabelecimento deste no campo missionário. A responsabilidade continua com a manutenção e sustento do missionário e sua família no campo missionário. Este sustento, como já vimos, deve abranger todas as necessidades dele, inclusive o retorno à sua pátria. Para que isso seja possível, é necessário também que os contribuintes de missões tenham a consciência de que as suas contribuições devem ser constantes e permanentes. De nada adianta eu dar uma oferta em um congresso de missões para a Igreja enviar um missionário, mas não me comprometer em ofertar mensalmente para o seu sustento. 


REFERÊNCIAS: 


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 83-95. 

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, Ed. 95, p. 40.

MATHIS, David (Ed). Cumprindo a Missão: Levando o Evangelho aos não Alcançados e aos não Engajados. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2015, págs. 95,96, 99.


A IGREJA DE FILIPOS E O SUSTENTO MISSIONÁRIO

(Comentário do 1° tópico da Lição 09: A Igreja e o sustento missionário) 

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos sobre a Igreja de Filipos e o sustento missionário. Inicialmente, veremos o relacionamento do apóstolo Paulo com a Igreja de Filipos na questão das ofertas que está Igreja enviou voluntariamente a ele. Depois veremos que é um privilégio para a Igreja, participar do sustento missionário. Por último, falaremos das esferas envolvidas no sustento missionário.


1- Paulo e a igreja de Filipos. Lendo a Epístola aos Filipenses, é possível perceber que o apóstolo Paulo tinha um carinho enorme por esta Igreja. Não vemos nesta epístola, nenhuma repreensão ou crítica aos filipenses, como vemos nas Epístolas aos Coríntios e aos Gálatas. O apóstolo inicia a Epístola elogiando a cooperação deles no Evangelho e na defesa dele nas prisões. Paulo também demonstra saudades deles e usa palavras carinhosas como “amados e mui queridos irmãos, minha alegria e coroa” (Fp 4.1)


Esta epístola é uma das chamadas Epístolas da prisão, junto com Efésios, Colossenses e Filemom. Foi escrita durante a primeira prisão do apóstolo Paulo em Roma, por volta do ano 61 d.C., dez anos após o início desta Igreja, que se deu na segunda viagem missionária. Após a separação de Paulo e Barnabé na primeira viagem missionária, a equipe de Paulo foi impedida pelo Espírito Santo de anunciar o Evangelho na Ásia. Depois quiseram ir à Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lhes permitiu (At 16.6,7).


Neste contexto, Paulo teve uma visão em Trôade, na qual lhe apareceu um homem da Macedônia, rogando que ele fosse para lá e os ajudasse. Sensível à voz do Espírito Santo, Paulo concluiu que era um chamado do Senhor para anunciar o Evangelho naquela região (At 16.9,10). Partindo de Trôade, chegaram a Filipos, que é a primeira cidade da Macedônia, e ficaram ali alguns dias. O nome Filipos era uma homenagem a Filipe, o pai do imperador grego Alexandre Magno. 


Como não havia sinagoga na cidade, a equipe buscou um lugar para orar próximo ao rio. Ali encontraram algumas mulheres que lavavam roupa e lhes falaram do Evangelho. Uma vendedora de púrpura, chamada Lídia, creu na pregação de Paulo e foi batizada, ela e todos da sua casa. Depois do batismo, ela rogou que os missionários ficassem na casa dela e ali começou a Igreja de Filipos. 


Logo nos primeiros dias, houve aquele episódio em que Paulo expulsou o espírito que estava em uma jovem adivinhadora e, por causa disso, foram açoitados publicamente e presos. O Senhor abriu as portas da prisão e o carcereiro se converteu. Paulo e Silas foram soltos, mas foram expulsos da cidade. Depois da expulsão, eles partiram para Tessalônica, passaram por Beréia, Atenas, Corinto e Éfeso. Finalmente, Paulo decidiu voltar para Jerusalém, foi preso no templo e levado para Roma. 


Dez anos se passaram até o apóstolo ser preso. Da prisão, ele escreveu a Epístola aos Filipenses. A epístola tem apenas quatro capítulos e foi escrita para agradecer aos irmãos de Filipos pela oferta voluntária e generosa que aqueles irmãos enviaram ao apóstolo. Esta oferta foi enviada ao apóstolo Paulo, quando ele estava em Tessalônica, por meio de Epafrodito, que era um obreiro da Igreja de Filipos (Fp 4.16-18). 


2- O privilégio de participar do sustento missionário. Os filipenses enviaram voluntariamente ofertas ao apóstolo Paulo, mais de uma vez (Fp 4.16). Esta atitude generosa e voluntária demonstra o amor que eles tinham pelo apóstolo Paulo e pela pregação do Evangelho, pois o apóstolo nunca mandou pedir ofertas a eles. Ao contrário, ele trabalhava para se manter e não queria ser pesado às Igrejas, como vimos na lição passada, porém, ele reconhecia que isso era um direito dos obreiros. 


Conforme já vimos na lição 06, contribuir com a obra missionária é um grande privilégio. É ajuntar tesouros no céu, onde a traça não rói, a ferrugem não consome e os ladrões não têm acesso. A atitude daqueles que contribuem com missões faz com que sejam participantes da evangelização de milhares de pessoas pelo mundo. Na eternidade, estas obras serão manifestas e recompensadas por Deus. Evidentemente, ninguém será salvo pelas obras. Mas os salvos pela fé em Cristo, receberão recompensas pelo seu trabalho na obra do Senhor. 


3- Esferas de sustento missionário. A Igreja local deve enviar missionários aos povos não alcançados, para pregar o Evangelho de Cristo. Isso é uma ordem do Senhor Jesus. Entretanto, além de enviar é obrigação da Igreja local sustentar os missionários enviados. Conforme estudamos na lição 07, a Igreja precisa estabelecer um sistema de apoio aos missionários, que abrange vários aspectos. 


Aqui neste subtópico, o comentarista nos apresenta várias esferas, que estão envolvidas no sustento de um missionário: 

a. Alimentação. Esta é a parte principal, pois é uma questão de sobrevivência. É preciso ter consciência de que o missionário deve ter uma alimentação digna e não ser tratado a pão e água. 

b. Moradia. O missionário também deve ter uma moradia digna para abrigar a si e a sua família. Cabe à Igreja local providenciar o aluguel ou a compra de um imóvel que proporcione boas condições aos trabalhadores da obra do Senhor. Não é porque os primeiros discípulos do Senhor viviam em condições precárias que os missionários atuais também precisam viver assim. Nos primórdios da Igreja, eles não tinham condições financeiras. 

c. Transporte. Um missionário precisa se deslocar com muita frequência no campo missionário, para pregar o Evangelho, visitar pessoas, participar de reuniões e visitar a sua terra natal. A Igreja local também precisa planejar estes custos e providenciá-los. Em muitos lugares, o missionário percorre vários quilômetros a pé ou de bicicleta. 

d. Outras necessidades de acordo com o contexto cultural. As despesas com o missionário podem variar de uma região para outra, de acordo com a cultura e a economia. Em países ricos, embora haja mais conforto, o custo de vida também é bem mais elevado. 


Cabe à Igreja local fazer um planejamento financeiro, para cobrir estes e outros gastos envolvidos na manutenção dos seus missionários no campo, como veremos no próximo tópico. Não se pode enviar missionários ao campo e abandoná-los à própria sorte, deixando passar necessidades. Isso é uma irresponsabilidade e é desumano.


REFERÊNCIAS: 


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 83-95. 

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, Ed. 95, p. 40.

MATHIS, David (Ed). Cumprindo a Missão: Levando o Evangelho aos não Alcançados e aos não Engajados. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2015, págs. 95,96, 99.

21 novembro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 09: A IGREJA E O SUSTENTO MISSIONÁRIO

Ev. WELIANO PIRES

REVISÃO DA LIÇÃO PASSADA


Na lição passada falamos a respeito dos Missionários “fazedores de tendas”. Usamos os exemplos do apóstolo Paulo e do casal de missionários, Priscila e Áquila, que trabalhavam no mesmo ofício de construir tendas. A expressão fazedor de tendas é um termo missiológico para se referir aos cristãos, que usam a sua profissão como estratégias missionárias para entrar em alguns países, nos quais, um missionário enviado pela Igreja exclusivamente para pregar o Evangelho, jamais entraria. 


No primeiro tópico, falamos a respeito da vida profissional e a vocação ministerial do apóstolo Paulo. Vimos como o apóstolo conciliava a sua profissão com a vida ministerial de missionário transcultural. Por último, falamos da ética financeira na atividade missionária de Paulo. Embora reconhecesse que o obreiro é digno do seu salário, Paulo não exigia isso das Igrejas para si mesmo, para não sobrecarregá-las. 


No segundo tópico, falamos sobre os missionários fazedores de tendas. Vimos o significado do uso da expressão “fazedores de tendas” no contexto da obra missionária. Depois falaremos da força missionária no mundo, através dos cristãos que transitam livremente em vários países, usando as suas profissões. Por último, falaremos do preparo dos fazedores de tendas.  


No terceiro tópico, falamos sobre vocação, profissão e missões. Vimos que Deus é quem chama e capacita os missionários para as suas respectivas missões. Depois vimos que cada cristão deve se dispor a exercer a vocação para a qual foi chamado pelo Senhor. Por último destacamos que a nossa profissão pode ser o nosso campo missionário. 


LIÇÃO 09: A IGREJA E O SUSTENTO MISSIONÁRIO


OBJETIVOS DA LIÇÃO:


  • Explicar a relação da Igreja de Filipos com o sustento missionário;

  • Elencar os princípios básicos do sustento missionário;

  • Conscientizar a respeito da importância do investimento financeiro da obra missionária.


Na lição 6, estudamos sobre o tripé da obra missionária que é orar, contribuir e ir. Falamos resumidamente sobre a necessidade da Igreja contribuir financeiramente com missões. Depois, na lição 7, falamos sobre a responsabilidade da Igreja para com os missionários em todos os aspectos: espiritual, psicológico, físico, familiar, financeiro e até com o retorno dele para a sua pátria. 


Nesta lição estudaremos exclusivamente o sustento dos missionários enviados pela Igreja. Que é responsabilidade da Igreja que envia um missionário sustentá-lo, não há dúvidas, pois ele está a serviço de Deus e da Igreja. Mas, há algum fundamento na Bíblia para isso? Sustentar os missionários é um fardo, ou um privilégio? É sobre isso que estudaremos nesta lição, tomando como base o texto de Filipenses 4.10-20, que fala do agradecimento de Paulo aos Filipenses pelas ofertas que havia recebido deles. 


TÓPICOS DA LIÇÃO


No primeiro tópico, falaremos sobre a Igreja de Filipos e o sustento missionário. Inicialmente, veremos o relacionamento do apóstolo Paulo com a Igreja de Filipos na questão das ofertas que está Igreja enviou voluntariamente a ele. Depois veremos que é um privilégio para a Igreja, participar do sustento missionário. Por último, falaremos das esferas envolvidas no sustento missionário.


No segundo tópico, falaremos dos princípios básicos acerca do sustento missionário. Antes de enviar um missionário a Igreja deve avaliar o custo do sustento financeiro deste projeto. Com base no texto bíblico de Filipenses 4.10-20, veremos alguns princípios básicos sobre o sustento dos missionários. Por último, veremos que que o apoio financeiro da Igreja aos missionários deve ser fiel e permanente. O apóstolo Paulo elogiou a atitude dos Filipenses nesse sentido. 


No terceiro tópico, aprenderemos a investir na obra missionária. Faremos uma comparação entre a Igreja de Filipos  e a Igreja de Corinto, em relação às contribuições. Depois falaremos da consciência de nosso dever, para com o sustento dos missionários. Por último, falaremos de pessoas que financiaram a obra de Deus, no ministério terreno de Jesus e na história da Igreja. 


REFERÊNCIAS: 


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos, até a volta de Cristo. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2023, págs. 83-95. 

ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023, Ed. 95, p. 40.

MATHIS, David (Ed). Cumprindo a Missão: Levando o Evangelho aos não Alcançados e aos não Engajados. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2015, págs. 95,96, 99.

18 novembro 2023

VOCAÇÃO, PROFISSÃO E MISSÕES

(Comentário do 3° tópico da Lição 08: Missionários fazedores de tendas).

Ev. WELIANO PIRES


No terceiro tópico, falaremos sobre a relação entre vocação, profissão e missões. Veremos que Deus é quem chama e capacita os missionários para as suas respectivas missões. Depois, veremos que cada cristão deve se dispor a exercer a vocação para a qual foi chamado pelo Senhor. Por último, veremos que a nossa profissão pode ser o nosso campo missionário. 


1. Deus é quem chama. Jesus disse que a seara é grande e poucos são os trabalhadores (Lc 10.2). Há trabalho para todos os que querem trabalhar na obra do Senhor. Tanto na Igreja local em nosso bairro, como em nosso país e até no exterior, há muito trabalho a fazer. No mesmo texto, o Senhor Jesus disse aos seus discípulos para “rogarem ao Senhor que envie mais trabalhadores para a Sua Seara.”


A chamada vem de Deus. Ele chama a todos para a salvação (Mt 11.28; Lc 5.32). Aqueles que atenderem ao Seu chamado, ele faz um segundo chamado para levar o Evangelho aos perdidos (Mt 28.19; Mc 16.15; At 1.8). Além de chamar, Deus também capacita e concede as habilidades necessárias a cada um dos chamados.


Depois de ser chamados pelo Senhor e capacitados pelo Espírito Santo para fazer a obra de Deus, arde em nosso coração o desejo de fazer a Obra do Senhor. Atribui-se a Charles Spurgeon, a seguinte frase: “Se você não tem nenhum desejo de levar outros ao céu, é porque você mesmo não está indo para lá.” Quem foi salvo por Jesus, tem prazer e sente-se na obrigação de levar a mensagem de salvação aos perdidos.  


2. Exercendo a vocação. O que é vocação? Há diferença entre chamada e vocação? O pastor Elias Torralbo, em seu livro “Vocação - Descobrindo o seu chamado”, publicado pela CPAD mostra-nos uma excelente definição de vocação:  


“Vocação diz respeito à inclinação, tendência, ou, ainda, pender para o exercício de uma tarefa que é capaz de dar ao vocacionado verdadeira satisfação por estar diretamente ligado ao propósito de sua vida [...]. Podemos afirmar que vocação tem a ver com a percepção interna que o crente tem, ou deve ter, a respeito daquilo que Deus espera dele no que diz respeito a um trabalho específico a ser desenvolvido.”


A chamada é geral para todos os crentes. Todos nós fomos chamados para ser salvos e todos os salvos fomos enviados para pregar o Evangelho. Entretanto, a vocação é uma chamada específica e pessoal. Cada um de nós recebe do Senhor uma vocação. Infelizmente, nas igrejas há muitas pessoas fora da vocação que receberam do Senhor e causam muitos prejuízos a si mesmo e à Igreja de Cristo. 


O Senhor Jesus vocacionou alguns para serem: apóstolos, evangelistas, profetas, pastores e mestres (Ef 4.11). Estes são os dons ministeriais, concedidos pelo Senhor Jesus à sua Igreja, com o objetivo de “aperfeiçoar” o Corpo de Cristo. A palavra grega traduzida por "aperfeiçoar" era usada para se referir ao ato de fixar um osso quebrado durante uma cirurgia. Alguém que foi vocacionado por Deus para ser pastor, não deve atuar em outra área e assim, sucessivamente. 


O Senhor concedeu também os dons espirituais: Palavra de sabedoria, palavra de conhecimento, fé, dom de cura, operação de maravilhas, profecia, discernimento de espíritos, variedade de línguas e interpretação de línguas (1 Co 12.1-11). São capacitações sobrenaturais que o Espírito Santo concede à Igreja do Senhor, para edificação, exortação e consolação do povo de Deus.


Deus concedeu também os dons de serviço. Esta categoria de dons está listada em Romanos 12 e está relacionada ao serviço cristão, de forma individual em prol do próximo e da manutenção da comunhão entre os irmãos. São também chamados de "Dons da Graça": Profecia (não é o dom espiritual de profecia) ministério (serviço e não os dons ministeriais), ensino (também não é o dom ministerial de mestre), exortação, liberalidade, liderança, e misericórdia. 


Para exercer a nossa vocação, em primeiro lugar é preciso compreendê-la. Paulo foi vocacionado por Deus para levar o Evangelho aos gentios. Depois que ele entendeu esta vocação, ele disse ao rei Agripa: “Pelo que não fui desobediente à visão celestial.” (At 26.19). Em outro texto ele disse: “Porque, se anuncio o evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o evangelho!” (1 Co 9.16). A nossa vocação, portanto, se transforma em nosso propósito de vida. 


É preciso também nos prepararmos para exercer a nossa vocação. Não é porque temos uma vocação dada por Deus, que podemos exercê-la de qualquer maneira, achando que Deus fará tudo. Paulo recebeu a vocação do Senhor Jesus para ser o apóstolo dos gentios. Mas, o Senhor o enviou para o deserto da Arábia, onde ele era totalmente desconhecido. Distante das sinagogas e da filosofia grega, Paulo passou a depender completamente de Deus e teve revelações profundas do próprio Jesus, sobre o Evangelho que deveria pregar. (Gl 1.11,12).


Este foi o preparo espiritual, mas há também o preparo teológico. Mesmo tendo a vocação do Senhor, o crente precisa conhecer as doutrinas bíblicas, para não ser enganado. Há muitas pessoas que são vocacionadas pelo Senhor, mas não querem se submeter à liderança da Igreja e não se prepararam para exercer a sua vocação. Um pastor, mesmo vocacionado pelo Senhor, se não conhecer a Palavra de Deus e não souber administrar a Igreja, irá cometer muitos erros que poderão comprometer o seu ministério. 


3. Minha profissão, meu campo missionário. Os primeiros cristãos não faziam separação entre a sua vida particular e a vida espiritual. Era uma coisa só, onde quer que estivessem e independente do que estivessem fazendo. Não havia a ideia de separar “coisas espirituais” e “coisas seculares”. Tudo o que eles faziam, tinha como objetivo glorificar a Deus: “Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai” (Cl 3.17); “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus” (1Co 10.31).


Da mesma forma deve acontecer em nossas vidas atualmente. Tudo o que temos, recebemos de Deus e isso inclui a nossa vida, as nossas finanças, o nosso trabalho, a nossa família, etc. Portanto, devemos glorificar a Deus com tudo o que somos e temos. No assunto estudado aqui, a nossa profissão pode e deve ser usada como um campo missionário. 


Existem profissionais e clientes, aos quais eu jamais teria acesso para comunicar-lhes o Evangelho. Entretanto, os seus colegas de profissão poderão perfeitamente testemunhar de Cristo com o seu exemplo de vida e em suas conversas diárias. Por exemplo, eu jamais teria acesso ao Presidente da República para falar de Jesus. Mas, os seus ministros e assessores têm. Da mesma forma, os jogadores da seleção brasileira, os ministros do Supremo Tribunal Federal, os deputados e senadores, os médicos, os juízes, os empresários, etc. Cada profissional tem acesso a pessoas do seu meio e pode comunicar-lhes a mensagem do Evangelho. 


REFERÊNCIAS: 

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 74-84. 

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.40. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1526,1690.

TORRALBO, Elias. Vocação: Descobrindo o seu chamado. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2020. 

16 novembro 2023

MISSIONÁRIOS FAZEDORES DE TENDAS

(Comentário do 2° tópico da Lição 08: Missionários fazedores de tendas).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos sobre os missionários fazedores de tendas. Traremos o significado do uso da expressão “fazedores de tendas” no contexto da obra missionária. Depois falaremos da força missionária no mundo, através dos cristãos que transitam livremente em vários países, usando as suas profissões. Por último, falaremos do preparo dos fazedores de tendas. O fato de não serem missionários que se dedicam exclusivamente à missionária, não exclui a necessidade de se prepararem para fazer missões transculturais.

1. Fazedores de tendas. No tópico anterior falamos sobre a profissão do apóstolo Paulo e do casal Priscila e Áquila, que eram fazedores de tendas. Devido ao fato destes missionários usarem a sua profissão de fazedores de tendas para o próprio sustento no campo missionário, esta expressão passou a ser usada em sentido figurado, na matéria de missiologia. 

A expressão fazedores de tendas é usada para se referir aos cristãos que usam as suas profissões para fazerem missões em locais, nos quais, onde não se permite a entrada de missionários enviados pela Igreja exclusivamente para a pregação do Evangelho. Trata-se de uma estratégia muito eficiente para fazer missões transculturais em países que são hostis ao Cristianismo.

Antigamente, fazer missões transculturais, era sinônimo de abandonar a carreira profissional, os estudos e a própria vida para se dedicar exclusivamente à missão. Qual é a forma correta de se fazer missões? Abandonando tudo para ir ao campo missionário, ou conciliar a vida profissional e ministerial, como vimos no tópico anterior? A resposta é: os dois. Depende do lugar em que fazem missões e das condições da Igreja local. 

Temos na Bíblia, pessoas que foram chamadas por Jesus, para deixarem tudo e o seguirem, como Pedro, André, Tiago e João (Mt 4.18-22) e Mateus (Mt 9.9). Estes, nunca mais voltaram às suas profissões. Mas temos também Paulo, Priscila e Áquila, que foram chamados por Jesus para a obra missionária, mas continuaram exercendo as suas profissões para o seu sustento. Lucas também, era um missionário que acompanhava o apóstolo Paulo em suas viagens, e exercia a função de médico. 

2. A força missionária no mundo. Já vimos em lições anteriores que é obrigação de toda a Igreja envolver-se com missões, das mais diferentes formas. Deus nos entregou o ministério da reconciliação, para através da pregação do Evangelho, reconciliar os pecadores com Deus (2 Co 5.18,19). Não há outra forma de se fazer isso, a não ser pregando o Evangelho. Entretanto, há estratégias diferentes para se pregar. 

A forma de se pregar o Evangelho alguém que nunca ouviu falar de Jesus e segue uma religião milenar, que ele julga ser correta, é diferente de pregar o Evangelho a um católico que se diz cristão e tem muitas doutrinas em comum conosco. É diferente também da forma de pregar o Evangelho a um europeu ou americano, que foi criado em uma cultura evangélica, mas se entregou ao secularismo e à teologia liberal. 

O apóstolo Paulo tinha esta percepção, quando escreveu aos Coríntios dizendo: “Fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivera debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivera sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para, por todos os meios, chegar a salvar alguns.” (1 Co 9.20-22).

A estratégia a ser adotada no campo missionário depende do contexto dos povos que se deseja alcançar. Em países ricos e de origem evangélica, onde há liberdade religiosa, não há nenhum impedimento para se enviar missionários. Entretanto, em países comunistas e muçulmanos, onde não é permitido fazer missões, os fazedores de tendas são muito importantes. Estes países aceitam médicos, enfermeiros, engenheiros, professores, estudantes, etc. Em muitos países há pobreza extrema e não se aceitam missionários cristãos. Mas, são aceitas pessoas para fazerem obras sociais e filantropia. Devemos portanto, usar a estratégia mais adequada e eficiente, para alcançar os perdidos. 

3. O preparo dos fazedores de tendas. Fazer missões transculturais exige muito preparo, conforme vimos em lições anteriores. O missionário transcultural precisa ter preparo espiritual, teológico, cultural, geográfico, linguístico e político, para atuar em um determinado país. O desconhecimento destas e de outras áreas pode tornar a missão um fracasso e colocar em risco a vida do missionário. 

O fato de não ser um missionário enviado pela Igreja ou não ser sustentado por ela, não dispensa a necessidade de preparação do missionário fazedor de tendas em uma escola de missões. Neste curso, além de desenvolver a própria espiritualidade, o missionário aprende as doutrinas bíblicas, os conceitos missiológicos e os aspectos culturais, religiosos, geográficos e políticos do país onde pretende fazer missões.

Além de todo o preparo que o missionário fazedor de tendas deve ter, é indispensável também o apoio de uma Igreja local em oração e orientação pastoral, como vimos na lição passada. A única coisa que o missionário fazedor de tendas não tem, em relação ao missionário tradicional, são as contribuições financeiras. Mas ele continua necessitando de intercessão, orientação pastoral e apoio de outros missionários. 

REFERÊNCIAS:
GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 74-84.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO.
Ed. 95, p.40. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.
Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal.
Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.1526,1690.

AS ARMAS DO CRENTE

(Comentário do 1º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos sobre as armas do crente...