04 novembro 2023

A CHAMADA PARA IR

(Comentário do 3º tópico da Lição 06: Orando, contribuindo e fazendo missões)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos do chamado para ir ao campo missionário. Veremos que Deus quer usar cada crente na obra missionária e todos nós devemos estar prontos para ir onde Ele nos mandar. Há campos específicos para todos e não é necessário mudar de país para fazer missões. 


Na sequência, falaremos da chama missionária, citando exemplos de profetas e do apóstolo Paulo, que foram chamados diretamente pelo Senhor para uma missão específica. Falaremos também do caráter e testemunho do missionário. Não basta ser chamado por Deus, é preciso fazer a diferença no campo missionário como sal da terra e luz do mundo. 


Por último, falaremos do perfil do vocacionado. Além de ser chamado por Deus, o missionário precisa cumprir outros requisitos como ser cheio do Espírito Santo, não ser neófito, ser aprovado pela Igreja e ter preparo espiritual e teológico.  


1- Deus quer usar cada crente. Há um hino bem antigo, do saudoso cantor evangélico, Valdomiro Silva, que diz em uma das suas estrofes:


Na Seara há lugar

Para quem quer trabalhar

Criança, homem ou mulher

Não trabalha quem não quer.

Para mim e pra você

Há serviço a fazer

Na Seara do Senhor

O salário é o amor.


Realmente, a Seara do Senhor é grande e há espaço para todos os que desejam levar a mensagem de salvação aos pedidos. É do interesse de Deus usar cada um de nós em sua obra. O Senhor continua chamando trabalhadores para a sua obra, conforme a Parábola dos trabalhadores na vinha demonstra (Mt 20.1-16). 


O nosso campo de trabalho é o mundo. Há muitos lugares, onde não há Igrejas por perto e as pessoas precisam ouvir a mensagem de Cristo. Jesus não virá pessoalmente pregar a estas pessoas e não enviará anjos para lhes pregar o Evangelho. Esta tarefa Ele entregou à Sua Igreja, conforme já estudamos em lições anteriores (Mt 28.19,20; Mc 16.15; At 1.8).


O problema das Igrejas atuais é que muitos obreiros disputam espaços nos púlpitos. Quando se fala em pregar o Evangelho atualmente, as pessoas logo imaginam um púlpito e uma Igreja cheia de crentes para ouvir a mensagem e aplaudir o pregador. Poucos estão interessados no evangelismo pessoal, em cultos evangelísticos nos lares ou nas praças, e nos trabalhos de capelania nos presídios, hospitais, escolas, casas de recuperação, etc. Nestes locais há pessoas sedentas pela mensagem do Evangelho, clamando: Passa à Macedônia e ajuda-nos! (At 16.9).


2- A chamada missionária. Deus tem a chamada geral, na qual toda a sua Igreja, foi convocada para pregar o Evangelho a toda criatura. Entretanto, Ele tem também chamadas específicas e chama algumas pessoas para irem ao campo missionário, atuar na linha de frente, resgatando as almas perdidas com a mensagem do Evangelho. 


Nestas chamadas, como apontou o comentarista, não há um único padrão. Tanto no Antigo Testamento, nas chamadas dos profetas, como no Novo Testamento, nas chamadas dos apóstolos, podemos perceber que eles foram chamados em circunstâncias totalmente diferentes. Também não há um padrão de pessoas que foram chamadas. Deus chamou alguns profetas, que eram da família real, como Isaías e Daniel; outros eram sacerdotes, como Samuel, Jeremias e Ezequiel; Amós era um cuidador de bois e cultivador de sicômoros; e assim, sucessivamente. 


No caso dos apóstolos também não foi diferente. Jesus chamou os primeiros apóstolos que eram pescadores e de pouca instrução, como Pedro, André, Tiago e João. Chamou também Mateus, que era um funcionário público, cobrador de impostos. Depois chamou Saulo, um doutor da Lei, muito culto, pertencente ao partido dos fariseus, cidadão romano, um poliglota que falava fluentemente o hebraico, o aramaico, o grego e, possivelmente, o latim. Chamou Barnabé, Estêvão, Silas,Timóteo, Apolo, Priscila, Áquila, Tíquico e muitos outros, nas mais variadas circunstâncias. 


As circunstâncias da chamada, a classe social e o local para onde foram enviados são muito diferentes. Entretanto, todos foram chamados por Deus. A chamada de um missionário para o campo vem do próprio Deus. A Igreja apenas reconhece esta chamada, envia o missionário e proporciona as condições necessárias para que ele se mantenha no campo de trabalho. Quem não foi chamado por Deus para ir ao campo missionário não deve se aventurar, com base na emoção, ou pensando em se promover. Quem foi chamado por Deus tem uma chama ardendo dentro de si e não consegue ficar de fora da chamada de Deus. 


O saudoso missionário americano, Orlando Boyer, depois de trabalhar na obra missionária no Brasil durante muitos anos, em virtude da doença da sua esposa que a levaria à morte, precisou retornar ao seu país. Os anos dedicados à obra missionária lhe garantiam a sua aposentadoria e ele poderia ficar por lá e viver confortável. 


Sabendo que o Departamento de Missões não custearia a sua volta ao Brasil, este abnegado missionário tomou uma decisão dramática: pegou o dinheiro que seria destinado às despesas do funeral da esposa, que o seguro havia pago, e comprou a passagem de volta para o Rio de Janeiro. Mais tarde, ele justificou a sua atitude em uma carta dizendo: "Eu sabia que vocês pagariam o funeral da minha esposa, mas tinha certeza que jamais me enviariam de volta ao Brasil".


3- Caráter e testemunho na obra missionária. Não basta apenas ter uma chamada de Deus para fazer a obra missionária de forma eficiente. É preciso desenvolver um relacionamento pessoal com Deus, para que o Espírito Santo molde o nosso caráter. Na pregação do Evangelho as nossas ações precisam estar em conformidade com o nosso discurso. Ninguém a sério um discurso de uma pessoa, cuja vida é totalmente diferente daquilo que ele prega. Alguém já disse que a hipocrisia é a distância que separa o nosso discurso da prática. 


No Sermão do Monte, Jesus usou as figuras do sal e da luz, para compará-las com a influência que os seus seguidores, devem exercer no ambiente, onde estão inseridos. O sal naqueles tempos, possuía duas funções: A primeira delas era dar sabor aos alimentos; a segunda era preservar a carne da putrefação, pois não havia refrigeradores. 


Estas duas funções do sal, o sabor e a preservação dos alimentos, ilustram a diferença que o cristão deve fazer neste mundo, exercendo uma boa influência, através da moderação, amor ao próximo, amabilidade, paz e justiça. As pessoas que olham para nós precisam ver que somos diferentes do mundo. Uma pequena quantidade de sal na água ou nos alimentos, logo é percebida. Jesus disse que se o sal perder o sabor, para nada mais presta, a não ser para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. Será que as pessoas que nos ouvem, sentem o sabor do Céu, ou já o perdemos e, por isso, somos jogados fora e pisados?


Jesus também disse que os seus discípulos são a luz do mundo e esta deve brilhar no meio das trevas. O cristão não possui luz própria, mas reflete a luz de Deus, que é luz, por sua própria natureza (1 Jo 1.5). Deus é luz porque Ele se revela, assim como a luz clareia a escuridão e mostra o que lá está. Tendo nascido de novo, o cristão reflete os atributos comunicáveis de Deus, como justiça, santidade, amor, misericórdia, bondade, benignidade, verdade. 


Evidentemente, o cristão não atinge estas virtudes na mesma intensidade de Deus, mas reflete-as até ao ponto que Deus as compartilha com aqueles que andam com Ele. O saudoso evangelista americano, Billy Graham, dizia: “Nós somos as Bíblias que o mundo está lendo. Nós somos os sermões que o mundo está prestando atenção”. Portanto, as nossas práticas no mundo em que vivemos são a nossa maior pregação. Como o mundo nos vê? Como luz, ou como trevas? O nosso caráter e testemunho pessoal são muito importantes para corroborar aquilo que pregamos. 


4- O perfil do vocacionado. Neste subtópico, o comentarista apresenta uma série de requisitos bíblicos, que são indispensáveis na vida daqueles que são chamados por Deus para fazer a obra missionária. O primeiro deles, evidentemente, é ser chamado por Deus, conforme já falamos. O Senhor Jesus falou para Ananias que Saulo era “um vaso escolhido para levar o Evangelho diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel.” (At 9.15). É Deus quem chama os missionários e quem não foi chamado por Deus não suportará o peso da obra missionária. Mais cedo ou mais tarde, irá desistir ou prejudicar o trabalho. 


O segundo requisito apresentado pelo comentarista é que o missionário não deve ser neófito (1 Tm 3.6). A palavra 'neófito' vem de duas palavras gregas: 'neo' (novo) e 'fide' (fé). Portanto, significa 'novo na fé', ou 'inexperiente'. Um missionário precisa ter experiência e maturidade para ir ao campo. Não é recomendável enviar um novo convertido ao campo missionário, pois ele pode não aguentar a carga e morrer espiritualmente. 


O terceiro requisito é ser cheio do Espírito Santo (At 1.8). Atualmente vemos pessoas dizendo que alguém é cheio do Espírito Santo, com base no seu comportamento durante o culto, onde não há nenhuma perseguição, principalmente quando a pessoa está com um microfone na mão. Entretanto, ser cheio do Espírito vai muito além do culto e envolve todos os aspectos da nossa vida. No capítulo 2 de Atos, no versículo 4, lemos: "E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem." 


Aqui, claramente se percebe que ser cheio do Espírito significa ser batizado no Espírito Santo. Entretanto, nos Evangelhos, lemos que João Batista e Jesus foram cheios do Espírito Santo. Mas não consta que eles tenham falado em línguas. (Lc 1.41; 4.1).  Escrevendo aos Efésios, Paulo recomenda: “...Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18-21). Nesse texto Paulo diz que cheio do Espírito Santo é alguém que não vive em contendas, que louva e é grato ao Senhor, e que sujeita-se aos outros, no temor do Senhor. Ser cheio do Espírito Santo pode significar o batismo no Espírito Santo, mas não apenas isso. Significa também ser controlado e viver totalmente guiado pelo Espírito Santo. 

O quarto requisito é ser reconhecido pela Igreja (At 1.21). Infelizmente, há pessoas que se autointitulam pastores e querem ser obreiros independentes, alegando que Deus os chamou. Mas não vemos isso na Bíblia. Os obreiros eram chamados por Deus, mas eram reconhecidos e ordenados pela Igreja. Saulo teve um encontro com o Senhor Jesus no caminho de Damasco. Mas o Senhor enviou Ananias ao seu encontro para impor as mãos e orar por ele. Depois, o Espírito Santo ordenou à Igreja de Antioquia que o enviasse para a missão. 


O quinto requisito é  ser aprovado nas tarefas locais. Antes de ir ao campo missionário, o obreiro precisa ser ensinado, testado e aprovado na Igreja local. Quem não aprendeu a ser liderado não serve para liderar. A obra missionário é um novo campo de trabalho, onde o obreiro vai buscar almas e começar uma Igreja. Para isso, ele precisa ter experiência na direção de um trabalho local. 


O sexto requisito é estar preparado espiritual, intelectual, teológica, psicológica e transculturalmente. O campo missionário exige muito do obreiro. Este terá que enfrentar muitas batalhas espirituais, perseguições, mudanças culturais e dificuldades. Por isso, precisa estar preparado espiritualmente, na oração e vida com Deus. Precisa também ter preparo psicológico e conhecer a cultura do campo missionário, para enfrentar os desafios da mudança cultural e as adversidades. Não menos importante é o preparo intelectual e teológico. Um missionário precisa conhecer profundamente a Palavra de Deus, pois irá ensinar a pessoas que vieram de outras religiões e nada sabem sobre o Evangelho.  


REFERÊNCIAS: 

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 51-63.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.39. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. 

02 novembro 2023

CONTRIBUINDO PARA MISSÕES

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: Orando, contribuindo e fazendo missões)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos das contribuições para as missões. Primeiro trataremos da questão do sustento dos missionários, apresentando o fundamento bíblico tanto do Antigo, quanto do Novo Testamento, de que o obreiro é digno do seu salário.

Depois, veremos que contribuir para a missão é ajuntar tesouros no céu. Os frutos da obra missionária serão revelados e recompensados na eternidade. Aqueles que contribuíram também receberão o seu galardão.

Por último, veremos que contribuir para missões é um privilégio. É gratificante para um crente fiel, saber que as suas contribuições financeiras foram usadas para distribuir Bíblias, plantar Igrejas e salvar almas pelo mundo.

1- O sustento dos missionários. Não há como a Igreja cumprir a sua missão e se manter, se não houver contribuições, por parte dos seus membros. A Igreja não recebe, nem poderia receber, verbas do poder público para custear as suas despesas. Tudo o que temos na Igreja foi adquirido com dízimos e ofertas dos crentes fiéis.Alguns crentes reclamam porque além dos dízimos e ofertas, a Igreja ainda faz campanhas para construções, para a missão e outras coisas. Isso acontece porque, infelizmente, o número de dizimistas e ofertantes na Igreja ainda é muito pequeno.  Eu já fui tesoureiro e sei que muitos crentes não dizimam e não ofertam, inclusive obreiros. Se todos os crentes dizimassem e ofertassem, a Igreja não teria tantas dificuldades financeiras. 

Em relação à obra missionária, há uma necessidade enorme de contribuições, pois as despesas para manter um campo missionário são altas. Em um trabalho que está começando, não temos dizimistas e ofertantes regulares. Geralmente, se faz necessário o pagamento de aluguéis, despesas com viagens, literaturas, comunicação, documentação, assistência social, construções, etc. 

Além das despesas com o trabalho missionário em si, é obrigação da Igreja que envia missionário, sustentar integralmente a ele e à sua família. O missionário deixou o seu trabalho secular, a sua pátria, os seus amigos, a Igreja local e se entregou completamente ao trabalho missionário. Portanto, o mínimo que a Igreja deve fazer é dar-lhe um sustento digno. 

Há na atualidade, principalmente na internet, um verdadeiro exército de pessoas que combatem os dízimos e ofertas, alegando que isso era uma prática da Antiga Aliança. Outros, movidos pela avareza, tem o mesmo espírito de Judas Iscariotes, que reclamava de uma mulher que ofereceu um perfume caríssimo para ungir os pés de Jesus, alegando que aquele perfume poderia ser vendido e o dinheiro ser doado aos pobres. 

O próprio texto bíblico esclarece que a preocupação de Judas não era com os pobres, mas porque ele era ladrão e era o responsável pelas ofertas. Claro que a Igreja também deve ajudar aos necessitados, mas isso não pode substituir as suas obrigações para com a evangelização do mundo e o sustento dos obreiros. Uma coisa não exclui a outra. 

No Antigo Testamento, os dízimos e ofertas eram obrigatórios a todos os israelitas, para o sustento dos sacerdotes e levitas, para manter o templo e para ajudar aos necessitados. No Novo Testamento, estes mesmos princípios e finalidades exigidos em relação aos dízimos no Antigo Testamento, também se aplicam à Igreja:  

  • Os obreiros devem ser assalariados (Lc 10.5-7; 1 Co 9.14; Gl 6.6; 1Tm 5.17,18).
  • A Igreja deve fazer missões e suprir os gastos da obra. (1 Co 9.12,13).
  • A Igreja deve ajudar os necessitados ((1 Co 16.1,2).
  • Cada uma deve contribuir de acordo com a sua renda (1 Co 16.2).
  • Como a Igreja poderia cumprir estas obrigações, se não houver contribuições? 

2- Contribuir para missões é juntar tesouros no céu. No conhecido Sermão do Monte, Jesus ensinou a respeito do relacionamento dos seus discípulos com os bens materiais. Em seu ensino, o Mestre contrapôs os tesouros deste mundo com os do Céu e recomendou aos seus seguidores que, não ajuntassem tesouros neste mundo, pois, eles estão sujeitos à deterioração da traça, da ferrugem e à ação dos ladrões. Mas, deveriam acumular tesouros no Céu, pois estes são perenes e jamais poderão ser corrompidos ou roubados. 

Na sequência deste ensino, Jesus afirmou que onde estiver o nosso tesouro, estará também o nosso coração. O Senhor Jesus mostrou em seu sermão, que há incompatibilidade entre servir a Deus e a Mamom, pois não há a possibilidade de agradar aos dois. Mamom é uma palavra aramaica que significa "riqueza"  e envolve propriedades, alimentos, dinheiro, roupas, etc. Nas versões mais atualizadas, temos a palavra "riqueza", no lugar de "Mamom". 

Há dois pensamentos teológicos opostos, que são equivocados, do ponto de vista bíblico, sobre o uso dos bens materiais. Há a teologia da libertação da Igreja Católica, que é totalmente contrária às riquezas e prega que Jesus veio libertar as pessoas não dos seus pecados, mas da opressão dos ricos. No meio evangélico também há uma versão desta teologia chamada de teologia da missão integral. A TMI não é radical como os teólogos da libertação, a ponto de apoiar a luta armada, mas também critica as riquezas e reduz o evangelho à distribuição de renda. 

No outro extremo, está a teologia da prosperidade, que prega que as riquezas materiais são sinais da bênção de Deus e que a pobreza é sinal de maldição. Pregam que Deus é o dono de tudo e, portanto, os seus filhos também têm que ser ricos. Se os teólogos da libertação condenam as riquezas, os da prosperidade condenam a pobreza. Entretanto, nenhum dos dois tem apoio nas Escrituras. 

Jesus não condenou a aquisição de bens materiais, nem tampouco proibiu a previdência e precaução para o futuro. Há inúmeros casos de homens de Deus na Bíblia que eram ricos: Abraão (Gn 14.18-20; 24.1), Isaque (Gn 26.12,13), Jacó (Gn 30.43), Jó (Jó 1.1-3), Salomão (2Cr 1.12), etc. O que Jesus condenou não foi o simples fato de alguém possuir riquezas e sim, colocar nelas a sua confiança e viver a vida apenas com o objetivo de alcançar riquezas e poder. Aliás, esta foi a proposta do diabo a Jesus: ofereceu riquezas e poder terreno, em troca de adoração.

Tanto os nossos investimentos e acúmulos de riquezas neste mundo, quanto aquilo que nós consumimos através do dinheiro, se restringem a esta vida. O ser humano pode ser bilionário e ter todo o conforto que o dinheiro oferece nesta vida. Mas, quando partir para a eternidade, nada disso o acompanhará. Entretanto, os investimentos que fazemos no Reino de Deus serão recompensados na eternidade. 

Evidentemente, as nossas contribuições não servem para nos salvar, pois somos salvos pela Graça de Deus, mediante a fé em Cristo. Mas, haverá recompensas no Tribunal de Cristo para os salvos que contribuíram para o crescimento da Obra de Deus: “Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens, sabendo que receberão do Senhor a recompensa da herança. É a Cristo, o Senhor, que vocês estão servindo.” (Cl 3.23,24). "Eis que venho em breve! A minha recompensa está comigo, e eu retribuirei a cada um de acordo com o que fez. (Ap 22.12).

3- Contribuir para missões é um privilégio. Além de ser um investimento para a eternidade, contribuir com a obra missionária também é um grande privilégio para o crente, ainda nesta vida. O crente fiel, que ama a Deus e as almas dos perdidos, sente profundo regozijo de saber que as suas contribuições serviram para enviar missionários aos países mais distantes e difíceis, onde o Evangelho ainda não havia sido pregado. 

Nem todos podemos ir aos países muçulmanos, comunistas e outros povos que são extremamente hostis ao Cristianismo, anunciar o Evangelho. Mas se houver contribuições, a Igreja poderá enviar missionários que foram vocacionados para levar o Evangelho a estes povos não alcançados. 

A cada relatório missionário, com as notícias do que Deus fez no campo missionário, a Igreja que contribui com missões sente-se também participante dos resultados alcançados. É gratificante saber que a nossa contribuição financeira, mesmo que singela, ajudou a levar o Evangelho a pessoas que viviam nas trevas, sem nenhuma esperança. 

REFERÊNCIAS:

GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. 1ª Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 51-63.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.39. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.
 

01 novembro 2023

ORANDO PELA CAUSA DE MISSÕES

(Comentário do 1⁰ tópico da Lição 06: Orando, contribuindo e fazendo missões)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre a oração pela causa de missões. Falaremos da importância da oração para a obra missionária, tomando como exemplo o apóstolo Paulo, que mesmo sendo grande missionário, sempre rogava a oração das Igrejas por ele. Falaremos da oração pela obra missionária com duas finalidades principais: Primeiro, a intercessão para que os corações dos pecadores se abram para o Evangelho e pelos missionários, para que tenham ousadia na pregação e proteção de Deus; segundo, a intercessão pelo despertamento da Igreja local, para que se envolva com as missões. 


1- A importância da oração na obra missionária. Desde os primórdios, no Antigo Testamento, vemos homens e mulheres de Deus orando e conversando com Deus. Jó intercedia a Deus por seus filhos e, posteriormente, por seus amigos (Jó 1.5; 42.10); Abraão orava e conversava com Deus com frequência (Gn 15; 18); Isaque estava orando, quando Eliezer lhe trouxe a sua esposa Rebeca e, depois, orou ao Senhor pela esterilidade dela (Gn 24.63; 25.21); Jacó, Moisés, Josué, Samuel, Davi, Salomão, Elias, Josafá, Esdras, Neemias, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Daniel e muitos outros são exemplos de servos de Deus que oravam, por si mesmos e pelos outros, e Deus lhes respondia. Mulheres de Deus como Débora, Ana, Ester, Maria a mãe de Jesus e outras, também foram servas de Deus, que viviam em oração. 


A Igreja Primitiva seguiu este exemplo e perseverava na oração. Temos vários exemplos no Livro de Atos da oração da Igreja: Oraram antes de escolher Matias como apóstolo; perseveram na oração até serem revestidos de poder; oraram agradecendo a Deus pelas perseguições; oraram quando Pedro foi preso por Herodes, até que ele foi liberto pelo Anjo do Senhor; a Igreja de Antioquia também estava em oração, quando o Espírito Santo chamou Barnabé e Saulo para a obra missionária; Paulo e Silas também oraram na prisão em Filipos e foram libertos milagrosamente.


Ao longo da história da Igreja também houve inúmeros homens e mulheres de Deus, que tiveram profunda comunhão com Deus através da oração. Os chamados heróis da fé revolucionaram o mundo com a pregação do Evangelho e milagres. Mas, por trás destes feitos havia piedosos servos de Deus, que viviam em constante oração. Muitas mulheres também ao longo da história da Igreja, mantinham profunda comunhão com Deus na oração. Enquanto pastores e missionários proclamavam a Palavra de Deus pelo mundo, mulheres de Deus lhes davam amparo na oração. 


O nosso maior exemplo de vida de oração, certamente é o Senhor Jesus. Mesmo sendo o Filho de Deus, Ele passava noites em oração e quando a multidão o cercava, ele fugia para lugares desertos a fim de orar. Jesus orou antes de tomar decisões importantes, como escolher os doze apóstolos. Fez a chamada oração sacerdotal, em favor dos seus discípulos. Orou também quando se aproximava o momento da crucificação. E, por fim, quando estava na Cruz, orou pelos seus algozes. 


A oração, portanto, é uma prática inerente à vida cristã. Considerando que Deus é um ser pessoal e que se comunica com o seu povo, não é possível haver relacionamento com Ele sem oração. Na obra missionária, que é o nosso assunto aqui, não pode ser diferente. O primeiro passo na obra missionária tem que ser a oração, pois como vimos na lição passada, é o Espírito Santo quem dirige a missão e a Igreja precisa falar com Deus antes de iniciar qualquer trabalho missionário. Falaremos abaixo sobre as finalidades da oração na obra missionária. 


2- Interceder. Quando falamos de oração, precisamos ter em mente que há vários tipos de oração: oração de gratidão, oração em forma de louvor e adoração a Deus, oração por uma causa específica, oração de confissão de pecados, entre  outras. No caso da obra missionária, trata-se de oração intercessória, na qual devemos clamar a Deus pelas missões. Nesta oração intercessória pela obra missionária temos várias causas, que devemos apresentar diante de Deus em oração. O comentarista colocou algumas delas, mas a lista é enorme. Destacaremos as três principais. 


A primeira delas é para que as portas se abram para a pregação do Evangelho. O apóstolo Paulo também fez este pedido aos colossenses (Cl 4. 2,3). Existem regiões que são verdadeiros quartéis generais do inimigo e são extremamente fechadas ao Evangelho. Somente com a oração intercessória da Igreja, o Senhor derruba muralhas e abre as portas para que a sua Palavra seja pregada. Foi assim com a chamada cortina de ferro, na extinta União Soviética, China, Cuba, Iraque e em vários países cujos governos eram hostis ao Cristianismo. 


A segunda causa que devemos orar é para que o Espírito Santo trabalhe no interior dos ouvintes, para que dêem ouvidos à pregação do Evangelho, entendam e creiam. Nenhum pregador consegue fazer isso, por mais habilidoso e eloquente que seja. Os missionários são apenas instrumentos usados por Deus para proclamar a Sua Palavra. Mas, quem convence o pecador a deixar o pecado e receber a Cristo, é o Espírito Santo. 


Em terceiro lugar, devemos orar para que Deus conceda mensagens e ousadia aos missionários, para que eles proclamem o Evangelho no poder do Espírito Santo. Conforme vimos na lição passada, não se faz missões com estratégias e discursos humanos e sim, com palavras e ações poderosas dirigidas pelo Espírito Santo. Por isso, a missão feita pelos pentecostais é eficiente, pois temos completa dependência do Espírito Santo para fazer missões. Ainda sobre os missionários, devemos orar pela proteção deles, pela família, pela saúde e vida espiritual. 


3- Despertar a igreja local para a obra missionária. Falamos acima sobre a oração por missões no campo missionário, para que as portas se abram, para que os corações se abram ao Evangelho e para que os missionários recebam de Deus a mensagem e a ousadia. Neste subtópico trataremos da oração por missões no âmbito da Igreja local. 


Devemos orar para que Deus mande mais ceifeiros para a sua seara, como disse Jesus. A seara é grande e os campos estão brancos, mas os obreiros são poucos. Não basta querer ir ao campo missionário, precisa ser chamado e enviado por Deus. O apóstolo Paulo escrevendo aos Romanos, perguntou: "Como pregarão, se não forem enviados?..." (Rm 10.15a). 


Por outro lado, devemos orar para que mais crentes se despertem para atender o chamado do Mestre. Em muitos casos, o Senhor está buscando pessoas para enviar ao campo missionário dizendo: A quem enviarei e quem há de ir por nós? Precisamos orar para que se levantem servos de Deus, como Isaías, e digam: Eis-me aqui, envia a mim, Senhor. 


Se a Igreja se prostrar diante de Deus em oração, a chama missionária acenderá nos corações e ela terá pessoas dispostas a cumprir o ide de Jesus. Isso não significa que todos irão ao campo como missionários, mas que estarão envolvidos com missões, seja orando, contribuindo financeiramente ou indo ao campo, como veremos nos próximos tópicos.


REFERÊNCIAS:


GABY, Wagner. Até os confins da terra: Pregando o Evangelho a todos os povos até a volta de Cristo. Ed. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023. págs. 51-63.

REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 95, p.39. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2023.

ALVES, José. Missão Urbana: Estratégias para a Conquista de Cidades. 1.ed. Rio de Janeiro: 2020, p.63

Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: 2004, pp.1495


AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...