(Comentário do 1º tópico da
Lição 13: O mundo de Deus no mundo dos homens).
Ev. WELIANO PIRES
No primeiro tópico, falaremos a respeito do Reino
de Deus neste mundo. Iniciaremos falando da encarnação de Cristo. Jesus
Cristo, o Filho de Deus, veio a este mundo implantar o Reino de Deus. Ele veio
para o que era seu (os judeus), mas estes o rejeitaram. Mas, a todos os que o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que nele crerem
(Jo 1.11,12).
Na sequência, falaremos sobre a
mensagem do Reino de Deus, que consiste no arrependimento dos pecados e
retorno para Deus. Arrependimento significa literalmente "mudança de
mente". Esta mudança inclui o abandono do pecado e a volta para Deus.
Por último, falaremos dos valores
do Reino de Deus, que foram resumidos por Jesus no Sermão do Monte. É claro
que estes não são os únicos valores do Reino de Deus, pois temos também as
Epístolas e o Apocalipse que trazem outros valores inerentes ao Reino de
Deus.
1. A encarnação de Cristo. Deus é absolutamente santo e,
portanto, não pode conviver com o pecado. O homem, vivendo no pecado, também
não poderia se aproximar de Deus. Por isso, Jesus Cristo, que é Deus, tomou a
forma humana e fez-se mediador entre o homem pecador e Deus (1 Tm 2.5).
Os gnósticos, negavam a
humanidade de Jesus. Eles pregavam um dualismo entre matéria e espírito,
dizendo que o espírito é inerentemente bom e a matéria é má. Partindo deste
falso pressuposto, diziam que o Filho de Deus não poderia ter um corpo físico e
ao tempo ser divino.
A Bíblia, no entanto, afirma
claramente que "o Verbo se fez carne, habitou entre nós e vimos a
Sua Glória, como a Glória do Unigênito do Pai". (Jo 1.14). Depois,
em sua primeira Epístola, o mesmo apóstolo João diz: "E todo o
espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas
este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que
já está no mundo." (1 Jo 4.3).
Jesus Cristo, o Filho de Deus,
veio a este mundo implantar o Reino de Deus. Este processo teve início com a
miraculosa encarnação do Verbo Divino. Na Lição 05, quando falamos da
dessacralização da vida no ventre materno, trouxemos como exemplo de que a vida
é sagrada, a miraculosa concepção do Filho de Deus.
Uma virgem de Nazaré, chamada
Maria, estava desposada com José, o seu futuro esposo. Durante este período de
desposamento, que era uma espécie de compromisso de casamento na cultura
judaica, não acontecia o relacionamento sexual, embora já estivessem comprometidos.
O anjo Gabriel anunciou a Maria que ela iria engravidar e gerar um filho: "Descerá
sobre ti o Espírito Santo e o Santo, que de ti há de nascer, será
chamado Filho de Deus”. (Lc 1.35).
Maria, evidentemente, não
entendeu como ela poderia engravidar, sem ter relacionamento sexual. O anjo,
então, explicou que esta concepção seria uma obra sobrenatural do Espírito
Santo. Posteriormente, o anjo explicou também a José, pois ele quando soube da
gravidez, planejou deixar Maria secretamente.
A Encarnação do Filho de Deus é
uma das principais doutrinas do Cristianismo. Sobre isso, diz a Declaração de
Fé das Assembleias de Deus:
"Cremos na concepção e no
nascimento virginal de nosso Senhor Jesus Cristo, conforme as Escrituras
Sagradas e anunciado de antemão pelo profeta Isaías, e que ele foi concebido
pelo Espírito Santo no ventre da virgem Maria."
Quando Jesus nasceu, Mateus
associou a Ele a profecia de Isaías que diz: "Portanto o mesmo
Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e
chamará o seu nome Emanuel." (Is 7.14). A palavra hebraica
"Emanuel" significa "Deus conosco". Portanto,
Jesus é Deus que se tornou homem e habitou entre nós (Jo 1.1,14).
2. A mensagem do Reino. Quando Jesus iniciou o seu
ministério, logo após o seu batismo no Rio Jordão, Ele começou a pregar
dizendo: "O tempo está cumprido, o Reino de Deus está próximo.
Arrependei-vos e crede no Evangelho". (Mc 1.15). A
base da mensagem do Reino de Deus, portanto, está no arrependimento dos pecados
e retorno para Deus.
A palavra grega traduzida por
arrependimento é "metanoia". Esta palavra é formada de dois
vocábulos gregos: "meta" (que vai além, depois, ou mudança) e "nous"
(pensamento). Portanto, metanoia significa literalmente "mudança
de pensamento". Esta mudança inclui o abandono do pecado e a volta
para Deus. Como disse Jesus a Nicodemos "quem não nascer de novo, não
pode ver o Reino de Deus".
Muitos confundem arrependimento
com remorso. Mas são coisas diferentes. O remorso acontece quando a pessoa
pratica algo errado e teme as consequências dos seus atos, mas se pudesse faria
tudo de novo. O arrependimento acontece quando a pessoa é convencida pelo
Espírito Santo e passa a pensar e agir diferente, por convicção.
No Reino de Deus, o
arrependimento está sempre atrelado à fé em Cristo. Jesus disse: "Arrependei-vos
e crede no Evangelho". Portanto, não basta mudar o pensamento em
relação aos nossos pecados, é preciso crer na obra redentora de Cristo, pois
sem isso, ninguém será salvo.
3. Os valores do Reino. Todo reino tem as suas leis,
regras e valores, às quais, os seus súditos estão obrigados a se submeterem.
Com o Reino de Deus não é diferente. Quem quiser fazer parte do Reino de Deus
tem que seguir a Ética de Jesus e os seus valores que, diga-se de passagem, são
totalmente opostos aos valores deste mundo que jaz no maligno.
Os valores do Reino de Deus
foram resumidos por Jesus no Sermão do Monte. Os principais valores do Reino de
Deus estão catalogados no Sermão da Montanha, como por exemplo: as
bem-aventuranças, o controle da ira, a indissolubilidade do casamento, o controle
das palavras, não revidar as ofensas, as diretrizes para as esmolas, jejuns e
oração, etc. Recentemente, nós estudamos um trimestre inteiro sobre o Sermão da
Montanha, comentado pelo Pr. Osiel Gomes, onde cada um destes temas foram
tratados em pormenores.
Evidentemente, os valores
expressos no Sermão do Monte não são os únicos valores do Reino de Deus, pois
temos também as Epístolas e o Apocalipse que trazem outros valores inerentes ao
Reino de Deus. Infelizmente, há pessoas de outras religiões que acham bonitas
algumas partes do Sermão do Monte, principalmente, a parte que fala do amor ao
próximo, da misericórdia e da pacificação, e ensinam que para seguir a Cristo
basta seguir o Sermão do Monte. Mas Jesus nunca ensinou isso. Se assim fosse, a
salvação seria pelas obras.
Jesus sempre colocou a fé nEle,
a renúncia valores deste mundo e ao próprio ego, como condições indispensáveis
para alguém segui-lo: "Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si
mesmo, tome a sua cruz e siga-me". (Mt 16.24). Encontramos também em
vários discursos de Jesus, Ele falando que é necessário crer nele para ser
salvo (Mc 16.16; Jo 3.16,18; 5.24; 11.25, etc.).
Os apóstolos também escreveram
sobre várias práticas, que impedem as pessoas de herdarem o Reino de Deus, como
as obras da carne, descritas pelo apóstolo Paulo em Gálatas 5.19-21: adultério,
prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias,
emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices,
glutonarias e coisas semelhantes a estas. Ou seja, a lista não é
exaustiva.
Muitos destes pecados não foram
tratados por Jesus no Sermão da Montanha. Há ainda outros pecados que são
contrários ao Reino de Deus, foram condenados por Jesus no Apocalipse, como a
covardia, a idolatria, a mentira, a incredulidade, a falsificação da Palavra de
Deus, a feitiçaria e as abominações sexuais (Ap 21.8; 22.15). Então, os valores
exigidos para se fazer parte do Reino de Deus e os valores que pedem a entrada
nele estão expressos em todo Novo Testamento.
É importante esclarecer também
que o Reino de Deus, vivido através da Igreja atualmente é espiritual e não vem
com aparência exterior. Também não é um reino político, onde a Igreja dominará
ou transformará o mundo como muitos pensam. O Reino de Deus nesta terra só
acontecerá em sua plenitude e de forma visível, no Milênio, quando Jesus
descerá com a Igreja e governará o mundo com Justiça durante mil anos.
REFERÊNCIAS:
BATISTA, Douglas. A Igreja de Cristo e o império do mal: Como viver neste mundo dominado pelo espírito da Babilônia. 1ª Ed. Rio de Janeiro: CPAD. págs. 145-156.
REVISTA ENSINADOR CRISTÃO. Ed. 94. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, pág. 42.
Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp.1806,1807.
SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. 1ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 28.