1. Na Europa. A Igreja Cristã foi duramente perseguida nos três primeiros séculos da sua existência. Primeiro, os judeus perseguiram os apóstolos, tentando parar aquele movimento que eles chamavam de “o caminho” e “seita dos nazarenos”. O primeiro mártir dessa perseguição, como vimos na lição passada foi o diácono Estêvão (At 7.53-60).
A partir da morte de Estêvão, um fariseu chamado Saulo de Tarso, passou a ser um perseguidor implacável dos cristãos, arrastando homens e mulheres pelas ruas e os conduzindo às prisões, com amplo apoio das autoridades religiosas judaicas. Depois, o próprio Saulo se converteu e se tornou alvo principal da perseguição dos judeus (At 9). Até então, não havia perseguição dos romanos aos cristãos, pois o império enxergava o Cristianismo apenas como uma das seitas judaicas e não uma ameaça ao Império Romano. A execução do apóstolo Tiago, filho de Zebedeu e a prisão de Pedro, descritas no capítulo 12 de Atos dos apóstolos foi uma atitude isolada do governador Herodes Agripa I, em busca de popularidade para com os Judeus.
Somente a partir do governo de Nero, que incendiou Roma em 64 d.C., e colocou a culpa nos cristãos, é que teve início a perseguição oficial de Roma aos cristãos e tentativas brutais de exterminá-los. Neste governo, muitos cristãos foram torturados e mortos. Foi neste período que os apóstolos Pedro e Paulo foram executados. Após a morte de Nero, na prática a perseguição diminuiu, mas no governo de Domiciano, ela voltou e foi extremamente cruel. Após a morte de Domiciano, novamente diminuiu, mas perdurou até o ano 313 d.C., quando o imperador Constantino decretou o fim da perseguição e tornou o Cristianismo a religião oficial do império.
A perseguição nunca deteve o avanço da Igreja. Ao contrário, a Igreja se multiplicava e não perdia o seu fervor espiritual e ortodoxia doutrinária. Entretanto, com o fim da perseguição e até benefícios aos cristãos, muitos pagãos ingressaram no Cristianismo sem a conversão genuína, a fim de obter vantagens. Essas pessoas trouxeram para o seio da Igreja doutrinas e práticas antibíblicas.
No século XVI, a Reforma Protestante foi um marco na história da Igreja, trazendo a Igreja de volta às Escrituras, após séculos mergulhada no paganismo. Claro que sempre houve os remanescentes de Deus em todas as épocas, com pessoas tementes a Deus e que não se afastaram da verdade.
Com o advento do Iluminismo, muitas Igrejas se entregaram ao secularismo, à teologia liberal e ao formalismo. Nesse clima de frieza espiritual, formalismo e letargia das Igrejas, Deus levantou alguns avivalistas que não se conformavam com aquela situação caótica e resolveram buscar a Deus em oração.
a) Na Inglaterra. John Wesley, fundador do Movimento Metodista, que viveu de 1703 a 1791, foi ordenado ao ministério na Igreja Anglicana, em 1728. Ele ganhou notoriedade por sua vida piedosa e seu método de estudar as Escrituras, por isso, o nome "Metodista". Inicialmente, ele desejava apenas reformar a Igreja Anglicana, assim como fizera Lutero, na Alemanha, mas teve que se desligar. Junto com o seu irmão Charles Wesley e George Whitefield, entre 1714 e 1770 o clima espiritual de muitas igrejas passou por uma mudança real em busca do avivamento espiritual.
Inconformados com o estilo de vida da Igreja inglesa daqueles dias, os irmãos Wesley passaram a pregar o retorno à vida piedosa e avivada do Novo Testamento, reunindo jovens na faculdade, em um grupo chamado “Clube Santo”. John Wesley chegava a percorrer 90 quilômetros a cavalo para levar a mensagem de Cristo. Viajou por vários países pregando o Evangelho, falando de santidade, relações familiares e contra os vícios e a libertinagem. Às cinco horas da manhã, Wesley pregava aos trabalhadores que estavam a caminho das fábricas. Orlando Boyer, no Livro Heróis da Fé, diz o seguinte sobre John Wesley:
“Um pastor prega, em média, cem vezes por ano, mas João Wesley pregou cerca de 780 vezes por ano, durante 54 anos. Esse homenzinho, com a altura de apenas um metro e sessenta e seis centímetros e pesando menos de sessenta quilos, dirigia-se a grandes multidões e sob as maiores provações. Quando as igrejas lhe fecharam as portas, levantou-se para pregar ao ar livre.”
George Whitefield, amigo dos irmãos Wesley, também foi um pregador cheio do Espírito Santo. Whitefield nasceu em 27 de dezembro de 1714, em Gloucester, Gloucestershire, Inglaterra. A estalagem do seu pai, onde ele foi criado, ficava em um bairro violento e ele perdeu o seu pai muito cedo. Por isso, teve que trabalhar muito novo no comércio da família. Whitefield converteu-se ao Evangelho em 1735, aos 21 anos, e começou a pregar ao ar livre aos 25, pois enfrentava oposição da Igreja Anglicana. Armava o seu púlpito fora das cidades, pois não havia auditórios que comportassem a sua plateia. Depois acabou se separando dos irmãos Wesley, por causa de divergência teológica.
No auge da sua popularidade, Whitefield decidiu ir para a Geórgia fazer missões. Fez sete viagens missionárias pelo Oceano Atlântico e depois retornou para a Inglaterra, de onde usou o seu prestígio e arrecadou fundos para construir um abrigo para órfãos na missão da Geórgia. Aos 55 anos, ignorando os riscos à saúde, continuava pregando e dizendo: “Prefiro me desgastar do que enferrujar”.
b) Na Alemanha. Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf, conhecido como “Conde Zinzendorf", nasceu em Dresden, na Saxônia, no dia 26 de maio de 1700, no seio de uma nobre família piedosa de confissão luterana. O seu pai era um alto oficial da Corte alemã, que faleceu logo após o seu nascimento. Entretanto, no leito de morte consagrou o filho para a Obra do Senhor.
A sua mãe casou-se novamente e ele foi criado com a avó, a baronesa Henrietta Catarina Von Gersdorff, uma mulher piedosa que lhe proporcionou uma fé viva no Senhor. Desde a infância, ele demonstrou interesse pelas coisas de Deus e começou a buscar a Deus aos 4 anos de idade. Aos 10 anos foi matriculado na Escola Pietista, em Halle. O Movimento Pietista foi criado em 1666, por Philip Spener, para reuniões de oração e estudo bíblico. Zinzendorf foi muito influenciado por este movimento. Nessa escola, ele tornou-se líder dos colegas e criou a ordem chamada “O Grão de Mostarda” com o objetivo de evangelizar o mundo.
O Conde Zinzendorf foi um homem levantado por Deus para dar refúgio a milhares de perseguidos religiosos na Europa. Ele amava a obra missionária e enviou mais de 200 missionários espalhados por todos os continentes. Usou também a sua herança para criar uma comunidade denominada Herrnhut que significa "Abrigo do Senhor", para dar abrigo aos cristãos perseguidos da Morávia, dos quais ele se tornou líder espiritual. Em um culto, em que era realizada a Ceia do Senhor, o Espírito Santo desceu sobre este grupo e levou-os ao quebrantamento de coração. A partir deste culto, o grupo formou a maior reunião de oração ininterrupta de todos os tempos, que durou mais de 100 anos.
Até então, os cristãos daquela época pensavam que era responsabilidade do governo, alcançar os povos para o Evangelho, através de colonizações e dominações. Os morávios foram os primeiros cristãos dessa época a mudar este conceito, adotando a ideia de que a evangelização dos perdidos é dever de toda a igreja, não apenas de algumas pessoas.
c) No País de Gales. No ano de 1891, no País de Gales, um jovem de 13 anos, chamado Evan Roberts, sentindo a necessidade de um avivamento pessoal e também em seu país, começou a buscar a Deus, para que o enchesse do Espírito Santo e mandasse um avivamento ao País de Gales. Este país é um principado da Grã Bretanha, menor que o estado de Sergipe. Quando o jovem tinha acabado de começar o seminário, teve uma visão, na qual o Senhor o orientou a voltar para a sua pequena cidade natal e pregar aos jovens da sua Igreja.
Evans retornou, reuniu os jovens e contou-lhes a visão que Deus lhe dera. Nesta visão, o Senhor lhe mostrou que queria enviar um avivamento sobre o seu país, mas se fazia necessário as pessoas abandonarem o pecado, confessando-os publicamente. Após contar a visão, os jovens foram impactados e o conteúdo desta visão se espalhou pela cidade, por todo o país e chegou a vários países do mundo. Ele ensinou que o povo orasse uma oração simples: “Envia o Espírito Santo agora, em nome de Jesus Cristo”. Enfatizou também quatro pontos fundamentais, como condições para o avivamento:
Confissão aberta de qualquer pecado não confessado;
Abandono de qualquer ato duvidoso;
Necessidade de obedecer prontamente tudo que o Espírito Santo ordenasse;
Confissão de Cristo abertamente.
Deus mandou um poderoso avivamento naquele país, nos anos de 1904 e 1905. Os efeitos deste avivamento foram muito além dos cultos e reuniões de oração. Bares e cinemas fecharam, e as livrarias evangélicas venderam todos os seus estoques de Bíblias. Este avivamento tornou-se manchete nos principais jornais do país e se espalhou por outros países.
2. Nos Estados Unidos. No século XVIII, quando aconteceram os avivamentos na Europa que vimos acima, os Estados Unidos ainda não eram uma nação. Eram treze colônias inglesas, cuja independência foi declarada no dia 4 de julho de 1776. Este acontecimento ficou conhecido como Revolução Americana. Esses avivamentos ocorridos na Europa também repercutiram nas colônias inglesas da América, pois, aqueles evangelistas dos avivamentos também pregavam nas colônias.