18 fevereiro 2023

OS AVIVAMENTOS MUDAM A HISTÓRIA


(Comentário do 3º tópico da Lição 08: O avivamento espiritual no mundo).

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro e último tópico, falaremos das mudanças que os avivamentos provocaram na história, não apenas na Igreja, mas na sociedade e nos governos. Os avivamentos tiveram grandes impactos no mundo, na cultura, na política e na economia dos países onde eles aconteceram. Infelizmente, as gerações posteriores  aos avivamentos não os conservaram e os resultados foram trágicos. Muitos se entregaram à teologia liberal, ao secularismo e ao pecado. Mas Deus não mudou e jamais mudará. Ele deseja avivar a Sua Igreja também no Século XXI. Se o buscarmos de todo o nosso coração, teremos também um avivamento genuíno em nossos dias. 

1. Impactos no mundo. Infelizmente, muitas pessoas confundem avivamento com emocionalismo ou com manifestações espirituais ocorridas em um culto. Se em um culto as pessoas falam línguas estranhas, profetizam e se alegram, dizem que o culto foi avivado. Caso não aconteça isso, mesmo havendo oração e exposição da Palavra de Deus, dizem que o culto foi frio. Entretanto, conforme já vimos até aqui neste trimestre, o avivamento não se restringe ao que acontece em um culto, ou manifestações de dons espirituais, embora isso esteja relacionado ao avivamento. O avivamento da Igreja Primitiva não foi apenas o que aconteceu no Dia de Pentecostes, mas o que o veio depois. 

Para sabermos se um avivamento é genuíno, precisamos avaliar os resultados e impactos causados na Igreja, na sociedade, na política, na educação, na cultura, na economia, etc. Não é possível acontecer um avivamento espírito em um país e as famílias continuarem despedaçadas, os índices de violência continuarem crescendo, a corrupção continuar em todos os setores e o pecado continuar dentro da Igreja nos mesmos níveis do mundo. Isso nunca foi avivamento, mesmo que haja barulho, emocionalismo e alardes de que aconteceu avivamento.

Os avivamentos que aconteceram na história da Igreja, como vimos no tópico anterior, provocaram grandes impactos, primeiro no relacionamento com Deus, por parte das pessoas que os experimentaram. Depois nas Igrejas, onde eles congregavam. Inicialmente, muitos foram expulsos das Igrejas tradicionais, onde congregavam. Mas abriram novos trabalhos e Deus operou salvação de almas, renovo espiritual, curas divinas, batismo no Espírito Santo e despertamento missionário. Os impactos foram notados também nas relações sociais. Charles Finney, por exemplo, foi um crítico ferrenho da escravidão e se recusar a servir a Ceia do Senhor a crentes que fossem donos de escravos. Nos países onde aconteceram os avivamentos, bares e boates fecharam, os índices de violência despencaram e aconteceram mudanças benéficas na política e nos governos. Se o número de cristãos verdadeiros aumenta, o reflexo disso precisa ser notado na sociedade, pois um cristão avivado é sal da terra e luz do mundo. 

2. A geração depois dos avivamentos. Se por um lado, é fato que os avivamentos genuínos produziram inúmeros efeitos positivos, transformando indivíduos, igrejas, famílias e a sociedade em geral, por outro lado, podemos constatar que esses avivamentos não duraram muito tempo. Nos países onde viveram John Wesley, Charles Wesley, George Whitefield, Evan Roberts, Conde Zinzendorf, Jonathan Edwards, Charles Finney, Charles Parham e William Seymour, as Igrejas se entregaram à teologia liberal, à mornidão espiritual e ao relativismo moral.  

O que faz com que um avivamento genuíno não perdure? Evidentemente, é porque os sucessores daqueles que foram avivados não continuaram com as suas práticas. Pelo menos três coisas são fundamentais para se manter o avivamento: oração constante, ensino bíblico ortodoxo e vida santa. Se qualquer um destes três for flexibilizado ou abandonado, a Igreja começa esfriar, relativiza os princípios bíblicos e pode até cair na apostasia. 

Se o crente descuidar da oração, inevitavelmente a sua comunhão com Deus diminui e o fervor espiritual também. Se descuida do estudo e meditação na Palavra de Deus, relativiza os seus valores e entrega-se ao erro. Quando se descuida da vigilância e começa a ceder ao pecado, entristece o Espírito de Deus, que, por sua vez, se afasta. O resultado é o esfriamento na fé e, finalmente, o desvio. Que Deus nos guarde disso e mande sobre o Brasil um poderoso avivamento! 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BOYER, Orlando. Heróis da Fé: Vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.


17 fevereiro 2023

OS GRANDES AVIVAMENTOS NO MUNDO

(Comentário da Lição 08: O avivamento espiritual no mundo). 

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos sobre os grandes avivamentos no mundo nos séculos XVIII, XIX e início do século XX. Evidentemente, aconteceram muitos outros avivamentos, ao longo da história da Igreja cristã, mas não seria possível estudar sobre todos eles em uma única lição. Por isso, neste tópico o comentarista manteve o foco nos avivamentos ocorridos no período da Igreja moderna, na Europa e nos Estados Unidos. Veremos primeiramente os avivamentos ocorridos na Alemanha, Inglaterra e País de Gales. Depois, falaremos sobre o avivamento nos Estados Unidos e sobre as raízes do Movimento Pentecostal.

1. Na Europa. A Igreja Cristã foi duramente perseguida nos três primeiros séculos da sua existência. Primeiro, os judeus perseguiram os apóstolos, tentando parar aquele movimento que eles chamavam de “o caminho” e “seita dos nazarenos”. O primeiro mártir dessa perseguição, como vimos na lição passada foi o diácono Estêvão (At 7.53-60). 

A partir da morte de Estêvão, um fariseu chamado Saulo de Tarso, passou a ser um perseguidor implacável dos cristãos, arrastando homens e mulheres pelas ruas e os conduzindo às prisões, com amplo apoio das autoridades religiosas judaicas. Depois, o próprio Saulo se converteu e se tornou alvo principal da perseguição dos judeus (At 9). Até então, não havia perseguição dos romanos aos cristãos, pois o império enxergava o Cristianismo apenas como uma das seitas judaicas e não uma ameaça ao Império Romano. A execução do apóstolo Tiago, filho de Zebedeu e a prisão de Pedro, descritas no capítulo 12 de Atos dos apóstolos foi uma atitude isolada do governador Herodes Agripa I, em busca de popularidade para com os Judeus. 

Somente a partir do governo de Nero, que incendiou Roma em 64 d.C., e colocou a culpa nos cristãos, é que teve início a perseguição oficial de Roma aos cristãos e tentativas brutais de exterminá-los. Neste governo, muitos cristãos foram torturados e mortos. Foi neste período que os apóstolos Pedro e Paulo foram executados. Após a morte de Nero, na prática a perseguição diminuiu, mas no governo de Domiciano, ela voltou e foi extremamente cruel. Após a morte de Domiciano, novamente diminuiu, mas perdurou até o ano 313 d.C., quando o imperador Constantino decretou o fim da perseguição e tornou o Cristianismo a religião oficial do império. 

A perseguição nunca deteve o avanço da Igreja. Ao contrário, a Igreja se multiplicava e não perdia o seu fervor espiritual e ortodoxia doutrinária. Entretanto, com o fim da perseguição e até benefícios aos cristãos, muitos pagãos ingressaram no Cristianismo sem a conversão genuína, a fim de obter vantagens. Essas pessoas trouxeram para o seio da Igreja doutrinas e práticas antibíblicas.  

No século XVI, a Reforma Protestante foi um marco na história da Igreja, trazendo a Igreja de volta às Escrituras, após séculos mergulhada no paganismo. Claro que sempre houve os remanescentes de Deus em todas as épocas, com pessoas tementes a Deus e que não se afastaram da verdade. 

Com o advento do Iluminismo, muitas Igrejas se entregaram ao secularismo, à teologia liberal e ao formalismo. Nesse clima de frieza espiritual, formalismo e letargia das Igrejas, Deus levantou alguns avivalistas que não se conformavam com aquela situação caótica e resolveram buscar a Deus em oração. 

a) Na Inglaterra. John Wesley, fundador do Movimento Metodista, que viveu de 1703 a 1791, foi ordenado ao ministério na Igreja Anglicana, em 1728. Ele ganhou notoriedade por sua vida piedosa e seu método de estudar as Escrituras, por isso, o nome "Metodista". Inicialmente, ele desejava apenas reformar a Igreja Anglicana, assim como fizera Lutero, na Alemanha, mas teve que se desligar. Junto com o seu irmão Charles Wesley e George Whitefield, entre 1714 e 1770 o clima espiritual de muitas igrejas passou por uma mudança real em busca do avivamento espiritual. 

Inconformados com o estilo de vida da Igreja inglesa daqueles dias, os irmãos Wesley passaram a pregar o retorno à vida piedosa e avivada do Novo Testamento, reunindo jovens na faculdade, em um grupo chamado “Clube Santo”. John Wesley chegava a percorrer 90 quilômetros a cavalo para levar a mensagem de Cristo. Viajou por vários países pregando o Evangelho, falando de santidade, relações familiares e contra os vícios e a libertinagem. Às cinco  horas da manhã, Wesley pregava aos trabalhadores que estavam a caminho das fábricas. Orlando Boyer, no Livro Heróis da Fé, diz o seguinte sobre John Wesley: 

“Um pastor prega, em média, cem vezes por ano, mas João Wesley pregou cerca de 780 vezes por ano, durante 54 anos. Esse homenzinho, com a altura de apenas um metro e sessenta e seis centímetros e pesando menos de sessenta quilos, dirigia-se a grandes multidões e sob as maiores provações. Quando as igrejas lhe fecharam as portas, levantou-se para pregar ao ar livre.”

George Whitefield, amigo dos irmãos Wesley, também foi um pregador cheio do Espírito Santo. Whitefield nasceu em 27 de dezembro de 1714, em Gloucester, Gloucestershire, Inglaterra. A estalagem do seu pai, onde ele foi criado, ficava em um bairro violento e ele perdeu o seu pai muito cedo. Por isso, teve que trabalhar muito novo no comércio da família. Whitefield converteu-se ao Evangelho em 1735, aos 21 anos, e começou a pregar ao ar livre aos 25, pois enfrentava oposição da Igreja Anglicana. Armava o seu púlpito fora das cidades, pois não havia auditórios que comportassem a sua plateia. Depois acabou se separando dos irmãos Wesley, por causa de divergência teológica. 

No auge da sua popularidade, Whitefield decidiu ir para a Geórgia fazer missões. Fez sete viagens missionárias pelo Oceano Atlântico e depois retornou para a Inglaterra, de onde usou o seu prestígio e arrecadou fundos para construir um abrigo para órfãos na missão da Geórgia. Aos 55 anos, ignorando os riscos à saúde, continuava pregando e dizendo: “Prefiro me desgastar do que enferrujar”. 

b) Na Alemanha. Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf, conhecido como “Conde Zinzendorf", nasceu em Dresden, na Saxônia, no dia 26 de maio de 1700, no seio de uma nobre família piedosa de confissão luterana. O seu pai era um alto oficial da Corte alemã, que faleceu logo após o seu nascimento. Entretanto, no leito de morte consagrou o filho para a Obra do Senhor. 

A sua mãe casou-se novamente e ele foi criado com a avó, a baronesa Henrietta Catarina Von Gersdorff, uma mulher piedosa que lhe proporcionou uma fé viva no Senhor. Desde a infância, ele demonstrou interesse pelas coisas de Deus e começou a buscar a Deus aos 4 anos de idade. Aos 10 anos foi matriculado na Escola Pietista, em Halle. O Movimento Pietista foi criado em 1666, por Philip Spener, para reuniões de oração e estudo bíblico. Zinzendorf foi muito influenciado por este movimento. Nessa escola, ele tornou-se líder dos colegas e criou a ordem chamada “O Grão de Mostarda” com o objetivo de evangelizar o mundo.

O Conde Zinzendorf foi um homem levantado por Deus para dar refúgio a milhares de perseguidos religiosos na Europa. Ele amava a obra missionária e enviou mais de 200 missionários espalhados por todos os continentes. Usou também a sua herança para criar uma comunidade denominada Herrnhut que significa "Abrigo do Senhor", para dar abrigo aos cristãos perseguidos da Morávia, dos quais ele se tornou líder espiritual. Em um culto, em que era realizada a Ceia do Senhor, o Espírito Santo desceu sobre este grupo e levou-os ao quebrantamento de coração. A partir deste culto, o grupo formou a maior reunião de oração ininterrupta de todos os tempos, que durou mais de 100 anos. 

Até então, os cristãos daquela época pensavam que era responsabilidade do governo, alcançar os povos para o Evangelho, através de colonizações e dominações. Os morávios foram os primeiros cristãos dessa época a mudar este conceito, adotando a ideia de que a evangelização dos perdidos é dever de toda a igreja, não apenas de algumas pessoas. 

c) No País de Gales. No ano de 1891, no País de Gales, um jovem de 13 anos, chamado Evan Roberts, sentindo a necessidade de um avivamento pessoal e também em seu país, começou a buscar a Deus, para que o enchesse do Espírito Santo e mandasse um avivamento ao País de Gales. Este país é um principado da Grã Bretanha, menor que o estado de Sergipe. Quando o jovem tinha acabado de começar o seminário, teve uma visão, na qual o Senhor o orientou a voltar para a sua pequena cidade natal e pregar aos jovens da sua Igreja. 

Evans retornou, reuniu os jovens e contou-lhes a visão que Deus lhe dera. Nesta visão, o Senhor lhe mostrou que queria enviar um avivamento sobre o seu país, mas se fazia necessário as pessoas abandonarem o pecado, confessando-os publicamente. Após contar a visão, os jovens foram impactados e o conteúdo desta visão se espalhou pela cidade, por todo o país e chegou a vários países do mundo. Ele ensinou que o povo orasse uma oração simples: “Envia o Espírito Santo agora, em nome de Jesus Cristo”. Enfatizou também quatro pontos fundamentais, como condições para o avivamento:

  • Confissão aberta de qualquer pecado não confessado;

  • Abandono de qualquer ato duvidoso;

  • Necessidade de obedecer prontamente tudo que o Espírito Santo ordenasse;

  • Confissão de Cristo abertamente. 

Deus mandou um poderoso avivamento naquele país, nos anos de 1904 e 1905. Os efeitos deste avivamento foram muito além dos cultos e reuniões de oração. Bares e cinemas fecharam, e as livrarias evangélicas venderam todos os seus estoques de Bíblias. Este avivamento tornou-se manchete nos principais jornais do país e se espalhou por outros países. 

2. Nos Estados Unidos. No século XVIII, quando aconteceram os avivamentos na Europa que vimos acima, os Estados Unidos ainda não eram uma nação. Eram treze colônias inglesas, cuja  independência foi declarada no dia 4 de julho de 1776. Este acontecimento ficou conhecido como Revolução Americana. Esses avivamentos ocorridos na Europa também repercutiram nas colônias inglesas da América, pois, aqueles evangelistas dos avivamentos também pregavam nas colônias. 

No início do século XVIII, nas colônias inglesas havia um grande declínio espiritual e moral. Somente uma pequena parcela da população frequentava as Igrejas. Neste período, Deus levantou um jovem pastor chamado Jonathan Edwards, que aos 13 anos já dominava o hebraico, o grego e o latim. Aos 17 anos, Edwards foi ordenado pastor em uma Igreja Congregacional em Northampton, na colônia de Massachusetts. O seu sermão mais famoso foi "Pecadores nas mãos de um Deus irado". Quando ele terminou de pregar este sermão, depois de cerca de duas horas pregando, as pessoas batiam nos bancos tentando escapar da ira de Deus. Este é considerado o primeiro grande avivamento dos Estados Unidos. 

Vários movimentos de busca pela santidade e retorno à Palavra de Deus aconteceram nos Estados Unidos no final do século XVIII, no século XIX e início do século XX. Um desses movimentos foi o chamado Movimento de Vida Profunda, ou Movimento de Vida Superior, que pregava uma vida plena na presença de Deus e contra a mornidão espiritual. Um dos principais líderes deste movimento foi Charles Grandison Finney, que nasceu no ano de 1792, na cidade norte-americana de Connecticut, na Nova Inglaterra. 

Charles Finney foi educado numa família tradicionalmente puritana. Os seus pais mudaram-se para Nova Iorque, quando ele tinha apenas 2 anos. Aos 20 anos, Finney retornou para sua terra natal, a fim de cursar a Escola Superior. Finney narra a sua própria experiência de salvação: “Num sábado à noite, no outono de 1821, tomei a firme resolução de resolver de vez a questão da salvação de minha alma e ter paz com Deus”. Finney não se conformava com a frieza e apatia espiritual e queria mais de Cristo. Tinha uma fome insaciável pelo Senhor. Passou a buscar Deus incessantemente e foi batizado no Espírito Santo. A partir daí, tornou-se um dos maiores teólogos e pregadores dos Estados Unidos. Segundo o missionário Orlando Boyer, no Livro Heróis da Fé, "calcula-se que, durante os anos de 1857 e 1858, mais de 100 mil pessoas foram ganhas para Cristo pela obra direta e indireta de Finney”. Este é considerado o segundo grande avivamento dos Estados Unidos. 

3. Raízes do avivamento pentecostal. A partir do ano 1900, teve início o terceiro grande avivamento americano, que hoje é conhecido mundialmente como Movimento Pentecostal. Evidentemente, os cessacionistas sequer mencionam este avivamento em seus estudos teológicos. Mas o fato é que este movimento que nasceu no início do Século XX, nos Estados Unidos, e se espalhou por todo o mundo, inclusive pelo Brasil, como veremos na próxima lição. 

No ano de 1900, um obreiro leigo chamado Charles Fox Parham, informado com a frieza espiritual da sua época, criou um movimento denominado "Movimento da Fé Apostólica", com o objetivo de voltar aos princípios da Igreja Primitiva. Parham criou também  o Instituto Bíblico Bethel College na cidade de Topeka, no Kansas, EUA, para preparar obreiros leigos para evangelização. 

Os alunos deste Instituto bíblico estavam estudando Atos 2 e uma das alunas, a senhora Agnes Ozman, natural de Albany, Wisconsin, sentiu a necessidade de buscar mais profundamente a Deus. Ela estava em oração com outras pessoas, na passagem do ano 1900 e sentiu que falou três palavras em outro idioma que ela desconhecia. Mas resolveu guardar para si e aguardar a confirmação de Deus. Depois ela chamou o pastor Parham e pediu que ele impusesse as mãos sobre ela para que recebesse o batismo no Espírito Santo, como Paulo havia feito em Éfeso. Ele assim o fez e ela falou em línguas. Parham continuou pregando o Evangelho com todo fervor espiritual e busca pelo poder de Deus. Na cidade de Galena, após a cura da senhora Mary Arthur, Parham pregou vários meses e muitas pessoas se converteram a Cristo ali.

Um pastor negro, filho escravos, chamado William Joseph Seymour, que pertencia a um grupo de santidade, também foi atraído pelo Movimento da Fé Apostólica e foi batizado no Espírito Santo no instituto bíblico fundado por Parham. Depois, no ano de 1906, o pastor Seymour, mudou-se para a Califórnia e começou a pregar a atualidade dos dons espirituais. Por causa desta mensagem, ele foi expulso da Igreja a que ele pertencia. Ele começou a reunir-se em sua casa, para orar e pregar a mensagem pentecostal. A casa, evidentemente, ficou pequena para receber tanta gente e o pastor Seymour descobriu um salão retangular abandonado, na Rua Azusa, em Los Angeles, na Califórnia, que havia pertencido a uma Igreja Metodista. Passou a se reunir neste local e ali fundou a The Apostolic Faith Gospel Mission (Missão Evangélica da Fé Apostólica).

William Seymour não era um pregador eloquente e de muito conhecimento. Pregava com simplicidade, mas era cheio do poder do Espírito Santo. Nos cultos realizados neste novo salão, as pessoas eram curadas e batizadas no Espírito Santo. Caiam no chão, sem ninguém tocar nelas. Pessoas de várias denominações vinham ao local conhecer este movimento, que causou grande impacto na região. O Jornal Los Angeles Times fez uma longa reportagem com o título “Estranha Babel de Línguas”, descrevendo o que aconteceu ali. Houve também muitas críticas e zombarias, por parte das Igrejas tradicionais. Mas, este movimento se espalhou pelos Estados Unidos e despertou a chama missionária. Dois jovens suecos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, que viviam nos Estados Unidos nessa época, também creram na doutrina pentecostal e, movidos por esta chama do Espírito, vieram ao Brasil pregar o Evangelho em 1910. Por causa desta doutrina, eles foram expulsos da Igreja Batista e fundaram a Missão da Fé Apostólica, em 18 de Junho de 1911. Em 1918, esta denominação passou a se chamar Assembleia de Deus.


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BOYER, Orlando S. Heróis da Fé: Vinte homens extraordinários que incendiaram o mundo. Editora CPAD. 15ª edição: 1999.

O diário de John Wesley. Editora Angular. Ed. 2017.

ATAÍDES, Florencio Moreira de. História das Missões Moravianas. Arapongas: Aleluia, 2007.

FINNEY, Charles. Teologia Sistemática. Editora CPAD. 3 Ed. 2004.

14 fevereiro 2023

O AVIVAMENTO NO TEMPO DE EZEQUIEL

(Comentário do 1º tópico da LIÇÃO 08: O AVIVAMENTO ESPIRITUAL NO MUNDO)

Ev. WELIANO PIRES


No primeiro tópico, falaremos sobre o avivamento, com base em duas visões que Ezequiel teve: a visão do vale de ossos secos, no capítulo 37, e a visão das águas purificadoras, descrita no capítulo 47. Nesta visão, o profeta viu fontes de águas que fluíam do templo e formavam um rio de águas correntes em direção à região do Mar Morto. 

No 4⁰ trimestre de 2022, nós estudamos o livro de Ezequiel, com vistas para a preparação do povo de Deus para o tempo do fim, tendo como base o livro de Ezequiel. Naquela ocasião estudamos estas duas visões de Ezequiel e as suas respectivas interpretações, nas lições 10 e 12. As duas visões se referem à restauração nacional e espiritual de Israel, que já se cumpriu em parte e o restante se cumprirá integralmente no milênio. 

1. Calamidade e restauração de Israel. Conforme vimos na lição 01 deste trimestre, a pré-condição para que haja um acontecimento é uma crise, seja moral, espiritual ou uma calamidade. No contexto em que Ezequiel profetizou, era exatamente isso que estava acontecendo. O Reino do Sul havia sido invadido pelo exército de Nabucodonosor, rei da Babilônia. Primeiro, Nabucodonosor depôs o rei de Judá e o levou cativo para a Babilônia, junto com a família real, deixando em seu lugar um vassalo. Este vassalo se rebelou e Nabucodonosor também o depôs, levando um grupo maior para o cativeiro. Por último, levou o restante dos judeus para o cativeiro, deixando na terra de Israel apenas os idosos, os deficientes e os que viviam em extrema pobreza, e queimou a cidade e o templo. 

Deus havia prometido que, se Israel se afastasse da Sua Lei e entregasse ao pecado, Ele os puniria com o cativeiro (Lv 26.33-37; Dt 28.25,36,37). Israel não deu ouvidos e as promessas divinas foram cumpridas, tanto no Reino do Norte, que foi levado para a Assíria, quanto no Reino do Sul, que foi levado para a Babilônia. 

Nos dias de Ezequiel, o povo encontrava-se no exílio, distante da sua pátria e, para piorar, Ezequiel havia recebido a notícia da destruição de Jerusalém e do Templo. Neste contexto de calamidade e desesperança, Ezequiel teve estas visões, com a promessa de restauração do povo de Israel. 

Deus prometeu trazê-los de volta, como aliás, já havia prometido antes mesmo deles irem: “E há esperanças, no derradeiro fim, para os teus descendentes, diz o Senhor, porque teus filhos voltarão para o seu país.” (Jr 31.17). No cativeiro, o Senhor reafirmou a sua promessa de restauração: “Portanto, dize: Assim diz o Senhor Jeová: Hei de ajuntar-vos do meio dos povos, e vos recolherei das terras para onde fostes lançados, e vos darei a terra de Israel.” (Ez 11.17).

2. Um vale de ossos secos. A profecia do capítulo 37 de Ezequiel é, sem dúvida nenhuma, o texto mais importante e mais conhecido do livro de Ezequiel. Os pais da Igreja, principalmente os gregos, usaram este texto como fundamento para a doutrina da ressurreição dos mortos. Ezequiel descreveu a visão nos versículos 1 e 2 do capítulo 37,, dizendo que a mão do Senhor veio sobre ele e o levou "em espírito" a um vale. Ele não diz que vale era este, ou se era um lugar geográfico real. Na visão que ele tivera anteriormente, quando viu as abominações no templo, ele também foi levado em espírito e não corporalmente, porém, tratava-se de um lugar real, conhecido do profeta. 

Deus mostrou a Ezequiel em visão, um vale cheio de ossos humanos secos. Na sequência, nos versículos 3 a 6, o profeta contemplar uma multidão de esqueletos humanos secos, Deus perguntou-lhe se aqueles esqueletos poderiam viver. O profeta respondeu: Senhor Jeová, Tu o sabes. O Senhor, então, deu ordem a ele para que profetizasse sobre aqueles ossos, para que voltassem à vida. Assim aconteceu e aquela multidão de esqueletos secos tornou-se um grande exército (vs.7,8). 

Quando falamos em visão, estamos nos referindo a uma revelação visível de Deus a alguém, estando esta pessoa acordada. Existem visões que são sobre fatos reais e se referem ao tempo presente. Há também visões que são simbólicas, cujos significados não são revelados, como algumas visões de Daniel, as de Zacarias e as do Apocalipse. Nestes casos, é preciso estudar os símbolos, comparar com outros textos bíblicos e fazer a devida interpretação. Nesse tipo de visão, é possível haver mais de uma interpretação. Entretanto, há visões que, apesar de serem simbólicas e serem para o futuro, no próprio texto bíblico tem a explicação do significado. É o caso desta visão do vale de ossos secos. Ezequiel teve a visão, recebeu ordens para profetizar aos ossos secos, dizendo que o Senhor iria ordenar ao espírito que entrasse neles e lhes nasceria carnes, nervos e peles, e assim aconteceu. 

Deus explicou o significado daquela visão: "...Estes ossos são toda a casa de Israel; eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós estamos cortados." (Ez 36.11). O povo encontrava-se no exílio, distante da sua pátria e, para piorar, Ezequiel havia recebido a notícia da destruição de Jerusalém e do Templo. Portanto, não havia mais nenhuma esperança de retorno à sua pátria e eles se sentiram como esqueletos humanos, sem nenhuma chance de voltar a viver. 

Concluímos, portanto, que a interpretação desta visão é simbólica e futura. Ou seja, no próprio texto está a devida interpretação da visão, que se refere ao povo de Israel que estava morto como nação e espiritualmente. Mas, Deus prometeu que iria restaurá-los, como nação e como povo de Deus. Isso se cumprirá plenamente no Milênio. Mas, aqui o comentarista faz uma aplicação deste texto ao avivamento, como comparação. Assim como o Espírito entrou naqueles ossos secos e deu-lhes vida, Ele também pode entrar em uma Igreja que está sem vida espiritual e avivá-la. 

3. O rio das águas purificadoras. Ezequiel teve a visão das águas vindo do interior do templo e saindo pelo umbral da porta, seguindo para o Oriente e formando um rio com grande correnteza. A partir desta visão, o guia celestial o conduziu para dentro das águas. No primeiro trecho, ele andou com as águas cobrindo os seus tornozelos, por mil côvados, que equivalem a aproximadamente 500 metros. 

Um côvado era uma unidade de medida de comprimento, que ia do cotovelo à extremidade do dedo médio de um homem, que dava 45 centímetros aproximadamente, pois variava de acordo com a região. Em algumas regiões era 44,5 centímetros e em outras 50 cm e chegava até 52,5 centímetros, como o côvado nobre do Egito. 

Continuando, no segundo trecho, Ezequiel andou mais quinhentos metros, com as águas alcançando os seus joelhos. Depois, mais quinhentos metros e as águas alcançaram os lombos. Finalmente, depois de mais quinhentos metros, cobriram todo o seu corpo e ele teve que seguir nadando. Depois, o guia celestial trouxe o profeta de volta. 

Conforme estudamos no 4° Trimestre de 2022, a interpretação desta profecia é literal e futurista, ou seja, isso realmente vai acontecer literalmente no templo do milênio. Entretanto, o texto pode ser aplicado como comparação à obra do Espírito Santo no crente, pois a água é um dos símbolos do Espírito Santo na Bíblia. Jesus disse que “aquele que crer nele, como diz a Escritura, rios de águas vivas correrão em seu interior'' (Jo 7.37-39). Portanto, mesmo o texto de Ezequiel 47 não sendo uma referência à ação do Espírito Santo, ele pode ser aplicado à ação do Espírito Santo, pois assim como a água limpa, refrigera e é vital para a vida humana, o Espírito Santo também limpa, refrigera e é indispensável na vida espiritual do crente. 

No livro de apoio, o Pr. Elinaldo Renovato faz a aplicação da visão destas águas, comparando-as “ao rio da graça de Deus” em quatro etapas, as quais eu resumo a seguir: 

a) Na primeira etapa, o profeta sentiu que as águas purificadoras chegavam apenas aos seus tornozelos (47.3), podemos dizer que se trata do crente que não se aprofunda no relacionamento com Deus. Ele está firmado sobre os seus pés, sobre a própria vontade, os seus conceitos e as suas percepções humanas da vida.

b) Na segunda etapa, em que as águas davam pelos joelhos do profeta (47.4a), podemos entender que se trata do crente que já tem mais comunhão com Deus, mas ainda não está bem firmado nos seus pés em termos espirituais e continua dominado pelos sentimentos humanos e carnais. Está ainda andando com os pés no chão da vida humana.

c) Numa terceira etapa, o profeta sentia as águas cobrirem-lhe os lombos, ou o seu peito (47.4 b). Trata-se do crente que ainda tem os pés na terra, mas já se sente mais envolvido pelo rio da graça de Deus, estando mais voltado para cima, para as coisas espirituais. 


d) Numa quarta etapa, o profeta sentiu que os seus pés não mais tocavam ao chão do rio; pois as águas eram profundas e que, para atravessar o ribeiro, precisava nadar. É o nível desejável de maturidade cristã. O crente deixa de ser carnal ou natural e passa a ser “homem espiritual”, que “discerne bem tudo” (1 Co 2.15,15). 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

BLOCK, Daniel. Comentário do Antigo Testamento Ezequiel. Vol. 2. Editora Cultura Cristã. pág. 323-324.

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A preparação do povo de Deus para os últimos dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pág. 139-140.


13 fevereiro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 08: O AVIVAMENTO ESPIRITUAL NO MUNDO

 

EV. WELIANO PIRES

Nesta lição passaremos ao terceiro bloco das lições do trimestre. No primeiro bloco, tivemos uma introdução aos assuntos do trimestre. Falamos sobre a definição de avivamento e as condições para que o avivamento aconteça. Depois, no segundo bloco, falamos sobre o avivamento nas Escrituras, com exemplos de avivamentos no Antigo e no Novo Testamento. Neste terceiro bloco estudaremos os avivamentos na história da Igreja.


Nesta Lição trataremos dos avivamentos nos séculos XVIII, XIX e XX. Tomando como base os textos de Ezequiel 37 e 47, que tratam, respectivamente, da restauração nacional e espiritual de Israel, como vimos no trimestre passado, o comentarista aplica as figuras dos ossos secos e das águas vindas do templo, ao avivamento do Espírito Santo na Igreja. Na próxima lição, daremos continuidade a este assunto, falando sobre o avivamento no Brasil. 


No primeiro tópico, falaremos sobre o avivamento, com base em duas visões que Ezequiel teve: a visão do vale de ossos secos, no capítulo 37, e a visão das águas purificadoras, descrita no capítulo 47. Nesta visão, o profeta viu fontes de águas que fluíam do templo e formavam um rio de águas correntes em direção à região do Mar Morto. 


No segundo tópico,  falaremos sobre os grandes avivamentos no mundo. Primeiro falaremos do avivamento ocorrido na Europa: Alemanha, Inglaterra e País de Gales. Depois, falaremos sobre o avivamento nos EUA e sobre as raízes do Movimento Pentecostal. O avivamento do Movimento Pentecostal, a partir de Los Angeles, nos EUA, será o tema da nossa próxima aula. 


No terceiro e último tópico, falaremos das mudanças que os avivamentos provocaram na história, não apenas na Igreja, mas na sociedade e nos governos. Os avivamentos tiveram grandes impactos no mundo, na cultura, na política e na economia dos países onde eles aconteceram. Infelizmente, as gerações posteriores  aos avivamentos não os conservaram e os resultados foram trágicos. Muitos se entregaram à teologia liberal, ao secularismo e ao pecado. Mas Deus não mudou e jamais mudará. Ele deseja avivar a Sua Igreja também no Século XXI. Se o buscarmos de todo o nosso coração, teremos também um avivamento genuíno em nossos dias. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 117-118.

11 fevereiro 2023

Lições Bíblicas - 2⁰ Trimestre de 2023


LIÇÕES BÍBLICAS

CLASSE: ADULTOS

2⁰ Trimestre de 2023


Tema do Trimestre:

RELACIONAMENTOS EM FAMÍLIA:

SUPERANDO DESAFIOS E PROBLEMAS COM EXEMPLOS DA PALAVRA DE DEUS.


COMENTARISTA: 

Pr. Elienai Cabral 


SUMÁRIO:


LIÇÃO 1: 

Quando a família age por conta própria.


LIÇÃO 2: 

A predileção dos pais por um dos filhos

 

LIÇÃO 3: 

Ciúme, o mal que prejudica a família.


LIÇÃO 4: 

Ídolos na família.


LIÇÃO 5: 

Motim em família.


LIÇÃO 6: 

Pais zelosos e filhos rebeldes.


LIÇÃO 7: 

O relacionamento entre nora e sogra


LIÇÃO 8: 

A importância da paternidade na vida dos filhos.


LIÇÃO 9: 

Uma família nada perfeita.


LIÇÃO 10: 

Quando os pais sepultam os seus filhos.


LIÇÃO 11: 

Os prejuízos da mentira na família.


LIÇÃO 12: 

Criando filhos saudáveis.


LIÇÃO 13: 

A amizade de Jesus com uma família em Betânia.


Ev. Weliano Pires

10 fevereiro 2023

O AVIVAMENTO NO SOFRIMENTO


(Comentário do 3º tópico da Lição 07: Estêvão, o mártir avivado).

EV. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos sobre o avivamento no sofrimento. Discorreremos sobre a perseguição, sofrimentos e martírio dos apóstolos pelo império romano. Eles sofreram horrores por causa da sua fé em Cristo, mas jamais negaram ao Senhor. Falaremos também sobre a relação entre avivamento e sofrimento. Jesus nunca prometeu que não passaríamos por perseguições e aflições. Ao contrário, Ele afirmou que os seus seguidores seriam odiados, perseguidos e mortos por causa do Nome dele. Mas o Espírito Santo nos capacita para enfrentar as perseguições e suportá-las. 

1. Sofrimento e morte dos apóstolos. Os apóstolos de Jesus sofreram horrendas perseguições, torturas e foram mortos por causa da sua fé em Cristo. Com exceção do apóstolo João, que foi exilado na Ilha de Patmos e sobreviveu milagrosamente, todos os demais foram executados impiedosamente. Isso, sem contar Judas Iscariotes que traiu Jesus e cometeu suicídio.

Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João, foi morto à espada, por ordem de Herodes Agripa I, em 44 d.C. Na ocasião, Pedro também foi preso e seria o próximo a ser executado, mas foi liberto milagrosamente da prisão (At 12. 1-11). Os demais apóstolos, embora não esteja registrado na Bíblia o martírio deles, há vários registros históricos nos livros de história da Igreja e nas tradições, sobre as formas cruéis que eles foram executados. 

Segundo a tradição, o apóstolo Pedro foi crucificado em Roma, durante o governo de Nero, na grande perseguição que este imperador empreendeu contra os cristãos, de 67 a 68 d.C. Segundo o testemunho de Orígenes, Pedro pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, para não se igualar ao seu Mestre. Segundo o testemunho dos pais da Igreja, Paulo foi decapitado na mesma época por ordem de Nero. Paulo escapou da morte em outras ocasiões, tendo sido apedrejado, sofrido naufrágio e lutado com feras. Mas acabou sendo decapitado.

André, irmão de Pedro, foi barbaramente torturado antes de ser crucificado na chamada “Cruz de Santo André”, que é a cruz em forma de “X”, na Acaia, por ordem do Procônsul Eges, cuja esposa havia se convertido através da pregação de André. Segundo a tradição, ele foi atado e não pregado na cruz, para prolongar o sofrimento. As Igrejas Ortodoxa e Católica Romana festejam o dia 30 de novembro, em homenagem a este apóstolo.

O apóstolo Filipe, segundo o livro “Genealogias dos Apóstolos”, morreu de morte natural, mas, outras tradições dizem que ele pregou o Evangelho em Hierápolis, uma região que atraía muitos visitantes, devido às suas fontes termais. Ali, ele teria sido martirizado por crucificação ou apedrejamento.

O apóstolo Bartolomeu, tem sido identificado por alguns com Natanael. Exerceu seu ministério na Anatólia, Etiópia, Armênia, Índia e Mesopotâmia, pregando e ensinando. Segundo algumas tradições, ele foi esfolado vivo e crucificado de cabeça para baixo. Outros, no entanto, dizem que ele foi golpeado até a morte.

O apóstolo Tomé, segundo a tradição, evangelizou nas regiões da Pérsia e Índia e foi morto por ordem do rei de Milapura, na cidade indiana de Madras, no ano 53 d.C.

O apóstolo Mateus, também chamado de Levi, pregou nas regiões da Judéia, Etiópia e Pérsia e, segundo a tradição, foi martirizado na Etiópia ou Macedônia. Há várias versões sobre a sua morte.

Tiago, Filho de Alfeu ou Tiago, o menor, pregou na Palestina e no Egito. Segundo um livro do seu tempo, foi apedrejado pelos judeus, em Jerusalém, por pregar Cristo.

Judas Tadeu, pregou na Mesopotâmia, Edessa, Arábia, Síria e também na Pérsia, onde teria sido martirizado juntamente com Simão, o Zelote.

Matias, o apóstolo escolhido para substituir Judas Iscariotes, segundo as traições, teria exercido o seu ministério na Judéia e Macedônia e foi martirizado na Etiópia.

2. O avivamento e sofrimento. Na atualidade, quando se fala de avivamento, as pessoas imaginam que ser avivado é viver o tempo todo falando línguas estranhas, realizando milagres, profetizando e expulsando demônio. Se algum inimigo se aproximar, será fulminado. Mas tanto a Bíblia, como a história da Igreja nos mostram que não é bem assim.

Embora um crente avivado seja realmente usado por Deus para operar sinais, prodígios e pregar ousadamente a Palavra de Deus, como fez Estevão, há também momentos de lutas, perseguições e até mortes por causa do Evangelho, como vimos acima. O avivamento não é uma imunidade contra o sofrimento e as adversidades. Entretanto, o poder do Espírito Santo em nossas vidas, nos encoraja e nos capacita para suportar enfrentar as lutas e suportar as perseguições e não negar ao Senhor. Um crente que não se mantém cheio do Espírito Santo faz como Demais, cooperador do apóstolo Paulo, que amou o presente século e abandonou o apóstolo no final da sua carreira. Infelizmente, diante da multiplicação da iniquidade destes últimos dias, o amor de muitos tem esfriado e muitos abandonam a fé em Cristo e seguem pelo caminho largo. Mas aquele que perseverar até o fim, será salvo. (Mt 24.12,13).

REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

FISCHER, Wolfgang. Eusébio De Cesaréia. História Eclesiástica. Editora Novo Século. 1 Ed. 2002.

BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. Editora Vida. 2 Ed. 2006.

GILBERTO, Antonio. Verdades pentecostais: como obter e manter um genuíno avivamento pentecostal nos dias de hoje. Editora CPAD. 1 Ed. 2019.



AS ARMAS DO CRENTE

(Comentário do 1º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos sobre as armas do crente...