05 janeiro 2023

O AVIVAMENTO E A PALAVRA DE DEUS

(Comentário do 3º tópico da Lição 02: O avivamento no Antigo Testamento)

Este terceiro e último tópico é uma continuidade do tópico anterior, onde falamos a respeito da relação entre o avivamento e o ensino bíblico. A Palavra de Deus é o nosso parâmetro em todas as ações e doutrinas da Igreja. É ela que estabelece o padrão das manifestações espirituais, que devem ser com ordem e decência (I Co 14.40). O verdadeiro avivamento não consiste em emocionalismo e atitudes bizarras. Falaremos também neste tópico, sobre o cuidado que devemos ter com o formalismo. Se por um lado é preciso ter cuidado com as meninices e bizarrices nas manifestações espirituais, no outro extremo está o formalismo, que é o apego exagerado às regras, tentando limitar ou controlar a atuação do Espírito Santo (I Ts 5.19,20). 


1- A Palavra de Deus corrige. Muitas pessoas, do meio pentecostal e neopentecostal, pensam que não deve haver nenhum limite ou organização nos cultos. Estas pessoas agem por impulsos e emoções e dizem que é o Espírito Santo que está mandando. Nesta perspectiva, fazem todo tipo de bizarrice e bagunça durante os cultos: correm, rodopiam, pulam, fazem aviãozinho, sapateiam e caem; interrompem as pregações para profetizar; várias pessoas profetizam ao mesmo tempo, sem ninguém entender nada; falam em línguas o tempo todo, inclusive durante a pregação sem que haja interpretação; e não se preocupam se há pessoas não evangélicas no culto, nem com o barulho ensurdecedor. Chamam isso de “reteté de Jeová” e, quem ousar discordar destas práticas, é tido como frio, geladeira e até blasfemo. Um fato comum nesse meio é que, normalmente, estas pessoas não gostam de cultos de ensino, Escola Dominical e cursos teológicos. Também são insubmissos à liderança da Igreja e, quando são contrariados, abrem outra Igreja para concorrer e até proferem maldições contra os que lhe opõem.


Eu fui criado em um ambiente pentecostal e sempre fui da Assembléia de Deus. Sou de um tempo em que a Assembléia de Deus era conhecida por ser uma Igreja que orava e buscava os dons espirituais. Todos os nossos cultos começavam com um período de oração e ninguém levantava, antes do pastor tocar o sininho e dizer amém. Havia, no mínimo, um culto de oração por semana e as vigílias eram frequentes. Batismo no Espírito Santo, salvação de almas e demônios sendo expulsos eram coisas rotineiras em nossos cultos. Havia também profundo respeito e reverência pelas coisas de Deus, principalmente pelos pastores. Ninguém da Igreja ousava afrontar um pastor e desobedecer às suas ordens, mesmo quando eram exageradas e sem fundamento bíblico. 


Sempre fui pentecostal e, como tal, sempre participei de cultos de oração, círculo de oração e fui batizado no Espírito Santo em uma vigília, aos 12 anos de idade. Já vi muitas manifestações do Espírito Santo em nossos cultos, como as citadas acima. Entretanto, o que eu não via em nosso meio era o chamado “reteté”. Na Assembléia de Deus de antigamente, não havia ninguém pulando, rodopiando, caindo no chão, profetizando várias pessoas ao mesmo tempo e outras coisas que vemos atualmente. 


Uma coisa interessante que eu quero destacar aqui, é que durante todo o tempo que pertenço à Assembléia de Deus, tenho observado que os crentes mais sérios que eu conheço, que tem vida de oração e temor a Deus, não fazem estas coisas. Em contrapartida, os crentes mais carnais e tribulosos que eu conheço gostam dessas coisas e vivem no meio desses movimentos do reteté. 


O meu primeiro pastor, por exemplo, hoje tem 83 anos de vida e, por causa de problemas de saúde, está impossibilitado de pastorear Igrejas. Ele nasceu no Evangelho e foi criado na Igreja Batista. Depois de adulto, ele creu na doutrina pentecostal e mudou-se para a Assembléia de Deus, há mais de 50 anos. Sempre foi um homem de oração e um missionário nato. Mesmo com poucos recursos e, sem ajuda do ministério, abriu vários trabalhos no interior de Pernambuco, onde eu nasci e cresci. Fundou, inclusive, a Assembléia de Deus na minha cidade natal e os meus pais se converteram através da pregação dele. Era dedicado à oração, fazia vigílias nas fazendas, falava em línguas e tinha revelações de Deus. Mas nunca vi ele com reteté, pula-pula, aviãozinho e coisas desse tipo. Da mesma forma, muitos pastores como o saudoso Pr. José Leôncio da Silva, presidente da Assembleia de Deus pernambucana, Pr. José Wellington, presidente do Ministério do Belém, Pr. Antonio Gilberto, o maior e doutrinador da Assembleia de Deus, e muitas mulheres de Deus dedicadas ao Círculo de Oração, que eu conheci, nunca os vi fazendo esse tipo de coisa. 


Quando vamos para a Bíblia, também não vemos nenhum registro desse tipo de manifestação. No Dia de Pentecostes, todos foram cheios do Espírito Santo e “falavam em línguas e profetizavam” (At 2.4). Em Samaria, na casa de Cornélio e em Éfeso, há também relatos de manifestação do Espírito Santo e o texto bíblico diz apenas que eles falavam em línguas e profetizavam (At 8.17; 10.44-46; 11.15; 19.6. Não há relatos de outros comportamentos que chamam de reteté atualmente. 


A Igreja de Corinto era uma Igreja onde havia muitas manifestações dos dons espirituais. Paulo, no início da primeira Epístola aos Coríntios, disse: "De maneira que nenhum dom vos falta…". (I Co 1.7). Entretanto, era uma Igreja carnal, que tinha em seu meio várias atitudes abomináveis como partidarismo, incesto, litígio entre irmãos, acepção de pessoas até no momento da Ceia, ostentação de dons espirituais, etc. Foi a esta Igreja que Paulo dedicou dois capítulos inteiros da primeira Epístola, para ensinar sobre os dons espirituais, os capítulos 12 e 14. No meio destes dois capítulos, Paulo dedicou o capítulo 13, para falar do amor. Faz parte do mesmo assunto pois, o texto bíblico original não possuía capítulos. 


No ensino de Paulo sobre os dons espirituais, ele citou nove dons que, para efeitos didáticos, são divididos em três categorias: 

  1. Dons de revelação: Palavra da sabedoria, Palavra da ciência ou do conhecimento, Discernimento de espíritos. 

  2. Dons de poder: Dons de curar, Dom da fé e Operação de maravilhas. 

  3. Dons de Elocução: Profecia, Variedade de línguas e interpretação. 


Depois de citar estes dons e fazer uma analogia entre os dons espirituais e fazendo uma analogia com o corpo humano, onde há uma diversidade de membros que trabalham em unidade pelo funcionamento do corpo, o apóstolo apóstolo falou: Buscai com zelo os melhores dons e eu vos mostrarei um caminho ainda mais excelente". (1 Co 12.31). Este caminho mais excelente é o amor, que ele o coloca acima dos dons (1 Co 13.1-3). 


No capítulo 14 de 1 Coríntios, Paulo retoma o assunto dos dons espirituais, falando como eles devem ser usados no culto. O apóstolo inicia dizendo que os crentes devem buscar todos os dons, mas, principalmente o de profetizar, pois quem fala em línguas fala apenas a Deus e edifica apenas o próprio espírito. Mas quem profetiza fala aos seres humanos para a edificação, exortação e consolação. Na sequência, ele traz as orientações sobre falar em línguas e profetizar durante o culto. É importante esclarecer que falar em línguas aqui é o dom de variedade de línguas e não o glorificar a Deus em línguas que é dado a todos os que são batizados no Espírito Santo. Paulo ensina que o dom de variedade de línguas só deve ser usado no culto se houver para interpretar. Se não houver, a pessoa deve se calar, ou falar consigo mesmo e com. Deus (I Co 14.27,28). Depois, ele fala sobre a profecia e dizem que todos podem profetizar. Mas isso deve ser feito, um após o outro para que todos aprendam e a Igreja deve julgar (I Co 14.29-31). O apóstolo cita também os elementos que devem compor um culto genuinamente pentecostal: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14.26). Em seguida ele fala da postura das mulheres no culto, que refletia a cultura da época, enfatizando a submissão das mulheres aos maridos. Por último conclui dizendo que o uso dos dons espirituais deve ser feito com ordem e decência (1 Co 14.40).


2- Cuidado com o formalismo. Se de um lado temos a falta de decência e ordem no movimento chamado “reteté”, que desvirtuam o genuíno mover do Espírito, contrariando as orientações bíblicas, temos no outro extremo, o formalismo que também é extremamente prejudicial. Mas, o que é formalismo? Não seria correto observar regras, preceitos e uma boa liturgia nos cultos? Por que o formalismo é prejudicial à espiritualidade da Igreja? 


Formalismo, segundo o dicionário Priberam, é a observação rigorosa das formalidades ou praxes; é o sistema filosófico que só considera a matéria no relativo à forma. O formalismo é também um termo usado, dentro do vocabulário da ética, para descrever o forte apego às regras externas, métodos, preceitos e formalidades, em detrimento da essência. 


Segundo o pastor Claudionor de Andrade, “o formalismo pode ser definido como a ênfase exagerada às formas externas da religião em detrimento de sua essência, que é a comunhão plena com o Deus Único e Verdadeiro.”. É também chamado de liturgismo e ritualismo. Os fariseus eram extremamente formalistas, pois supervalorizavam as aparências, as tradições e o ritualismo. Isso foi duramente condenado por Jesus, no capítulo 23 de Mateus.  


É importante esclarecer que não há nada de errado em observar os estatutos de uma Igreja, manter as boas tradições e seguir uma boa liturgia, respeitando os princípios exarados no Novo Testamento para o culto cristão, conforme falamos no subtópico anterior: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co 14.26).  Isto não tem nada a ver com formalismo e sim com ordem e decência. O problema é quando a observância a regras, estatutos e formas litúrgicas, se coloca acima da direção do Espírito Santo, querendo limitar, impedir ou controlar as suas ações. Jesus comparou o Espírito Santo ao vento e disse “O vento assopra onde quer e ouves a sua voz. Mas, não sabeis de onde vem, nem para onde vai. Assim é todo aquele que é nascido do Espírito”. (Jo 3.8). 


No Livro de apoio, o Pr. Eliminado Renovato diz: “No que diz respeito à busca do avivamento, é interessante não deixar que o formalismo frio, seco e sem graça impeça a busca da presença gloriosa do Espírito Santo, que é expressa por demonstrações equilibradas de adoração a Deus, num ambiente onde pode haver manifestações espirituais, tais como línguas estranhas, interpretação, curas divinas, libertação de oprimidos, unção de enfermos, salvação de almas, tudo de forma sobrenatural.” Nós pentecostais temos regras, estatutos e práticas litúrgicas. Entretanto, os nossos cultos são dirigidos pelo Espírito Santo e Ele é soberano para mudar qualquer uma destas coisas. O Espírito Santo não faz jamais, é contrariar a Palavra de Deus, pois Ele é Deus, foi Ele mesmo que a inspirou e vela por ela para cumpri-la. (Jr 1.12).


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios Como Resolver Conflitos na Igreja. Editora Hagnos. pág. 269.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD. 1Ed 2008. pág. 492.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. 11 ed. 2013. pág. 806.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos Bíblicos De Um Autêntico Avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pág. 125-129.


Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.


Ev. Weliano Pires


04 janeiro 2023

CONFISSÃO DE PECADOS E RETORNO A PALAVRA DE DEUS

(Comentário do 2º tópico da Lição 2: Avivamento no Antigo Testamento).

Neste segundo tópico, falaremos sobre a confissão de pecados e o retorno à Palavra de Deus, que são características principais de um autêntico avivamento. Para isso, tomaremos como base, o chamado de Neemias, um judeu que estava no cativeiro e era copeiro do rei da Pérsia. No cativeiro, Neemias foi informado da situação dramática em que se encontrava a sua terra. Ele, então, orou ao Senhor e Deus o levantou para reconstruir os muros de Jerusalém. (Ne 1). Em sua oração, Neemias intercedeu pelo povo, colocando-se também entre os pecadores e confessando a própria culpa (Ne 1.6). Falaremos ainda neste tópico sobre o avivamento através do ensino da Palavra de Deus. Neemias mandou que, o habilidoso escriba e sacerdote Esdras, lesse a Palavra de Deus para o povo e lhe explicasse o significado dos textos sagrados. Após ouvir a leitura e explicação da Palavra de Deus, o povo entendeu, chorou e se arrependeu (Ne 8.1-9). 

1- O chamado de Neemias. Temos poucas informações pessoais sobre Neemias cujo nome significa “Yahweh consola”. Sabemos apenas que ele era filho de Hacalias e tinha um irmão, por nome Hanani (Ne 1.1; 7.2). Nada sabemos a respeito da sua família e não há registros de que fosse uma família importante. Sabemos apenas que Neemias era copeiro do rei Artaxerxes da Pérsia. Artaxerxes era o nome grego do imperador da Pérsia. Nessa ocasião, o imperador era Artaxerxes Longímano, que governou a Pérsia de 465 a.C. a 424 a.C. O nome Longímano significa “de grande alcance” e se deu devido à sua mão direita ser mais longa que a esquerda. 

O imperador Ciro havia emitido um decreto em 538 a.C., autorizando a reconstrução do templo em Jerusalém, como vimos na lição anterior. Dois anos depois, em 536 a.C., sob a liderança de Zorobabel, 42.360 judeus voltaram para a sua terra. A obra foi iniciada e, devido à forte oposição dos samaritanos inclusive com acusações falsas, ficou paralisada por 16 anos. Depois foi retomada e, em 516 a.C., foi concluído o templo. Porém, não havia muros e a cidade estava totalmente vulnerável. Por volta de 458 a.C., o sacerdote e escriba Esdras voltou a Jerusalém com a segunda leva de judeus, a fim de avaliar as condições civis e espirituais do povo que havia voltado do cativeiro. Esdras foi enviado para ensinar a Lei ao povo e organizar o funcionamento do templo. 

Catorze anos após esta missão de Esdras, em 444 a.C, Neemias foi informado da miséria em que se encontrava a cidade de Jerusalém, mesmo após a conclusão do templo (Ne 1.1.2,3). Hanani, irmão de Neemias, veio de Jerusalém e trouxe a informação de que a cidade estava em grande miséria e desprezo, os muros de Jerusalém estavam abertos e as portas da cidade queimadas (Ne 1.3). Isso deixava a cidade completamente vulnerável aos ataques dos inimigos. No livro de apoio, o comentarista faz uma aplicação dessa situação, a uma Igreja que tem templo bonito, mas os crentes estão em total desobediência a Deus. As portas queimadas e os muros abertos podem ser comparados a uma Igreja que abre as portas para a teologia liberal e outros ensinos nocivos à vida espiritual da Igreja.

Neemias estava em uma situação confortável no Palácio do rei da Pérsia em Susã. Era copeiro do rei, um cargo de extrema confiança, pois tinha a missão de evitar que o rei fosse envenenado. Certamente, ele dava um bom testemunho, para ocupar uma função tão importante no palácio, sendo estrangeiro e de um povo dominado pelos persas. Se fosse egoísta ou acomodado, Neemias poderia ter ignorado este relatório e continuar a sua vida no conforto do palácio. Mas ele sentiu a dor dos seus irmãos e foi chorar, orar e jejuar: “E sucedeu que, ouvindo eu estas palavras, assentei-me e chorei, e lamentei por alguns dias; e estive jejuando e orando perante o Deus dos céus.” (Ne 1.4). 

Após esta oração, Neemias se apresentou ao rei para o seu ofício de copeiro, com o seu semblante bastante triste. O rei percebeu e perguntou por que ele estava triste daquele jeito. Isso demonstra que ele era uma pessoa agradável anteriormente, a ponto do rei perceber a mudança. Neemias contou a situação e o rei perguntou o que ele queria. Mais uma vez. Neemias orou ao Senhor e pediu ao rei que autorizasse a sua ida a Jerusalém para reconstruir os muros da cidade. (Ne 2.1-5). Imediatamente foi autorizado pelo rei a ir a Jerusalém e reconstruir os muros. 

Com Neemias aprendemos que não basta querer fazer alguma coisa para Deus. É preciso ser chamado por Ele para tal. Neste aspecto há três tipos de obreiros: o que foi chamado por Deus; o que foi colocado pelo homem; e o que se ofereceu e se autonomeou obreiro. Somente os que são verdadeiramente chamados por Deus suportarão a carga. Aprendemos também com Neemias que se Deus nos chamar para uma obra, devemos obedecer e renunciar as eventuais situações de conforto. Por último, aprendemos que mesmo sendo chamados por Deus, enfrentaremos grandes lutas e oposição. 

2- A confissão de pecados. Conforme já vimos no tópico anterior o arrependimento e confissão de pecados é condição indispensável para que o avivamento aconteça. Por isso, em sua oração, Neemias se apresentou diante de Deus como um intercessor, orando pelo povo, mas pediu perdão não apenas pelos pecados do povo. Ele incluiu a si mesmo e a sua família entre os pecadores: “[…] E faço confissão pelos pecados dos filhos de Israel, que pecamos contra ti, também e a casa de meu pai pecamos” (Ne 1.6b). Neemias sabia perfeitamente que tudo o que o povo de Judá estava passando era por causa dos próprios pecados. Infelizmente, vivemos em uma época em que as pessoas querem culpar a Deus pelas coisas ruins que acontecem no mundo. Mas o profeta Jeremias disse: "De que se queixa o homem vivente? Queixe-se cada um dos próprios pecados" (Lm 3.39).

Um grave problema do ser humano é não reconhecer os próprios pecados e tentar justificá-los, culpando outras pessoas ou até a Deus. Adão e Eva agiram assim. Quando questionados por Deus, Adão não reconheceu o próprio pecado. Ele culpou Eva diretamente pelo ocorrido e, indiretamente, culpou o próprio Deus: "A mulher que me deste por companheira, ela me deu da árvore, e comi." (Gn 3.12). Eva, por sua vez, também não reconheceu o seu erro e culpou a serpente: "A serpente me enganou e eu comi." (Gn 3.13). Caim, quando questionado por Deus sobre o assassinato do seu irmão Abel, fingiu que não sabia de nada: "E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão?" (Gn 4.9). Davi cometeu dois pecados gravíssimos, que deveriam ser punidos com a morte: adultério e assassinato. Inicialmente, ele escondeu o pecado, mas quando Deus o confrontou, através do profeta Natã. Então, ele reconheceu o pecado e pediu perdão a Deus (2 Sm 12.1-13; Sl 51). Davi não culpou ninguém pelo seu pecado e não disse que a culpa era da bela mulher de Urias, que estava tomando banho ao lado do palácio. Disse apenas: “Pequei contra o Senhor…” (2 Sm 12.13). No livro de Provérbios assim está escrito: "O que encobre as suas transgressões nunca prosperar, mas o que as confessa e deixa, alcança misericórdia." (Pv 28.13). 

É importante esclarecer que confessar pecados significa admitir a culpa e não contar os pecados a um sacerdote, ou torná-los públicos. No grego a palavra confessar é “omologomen”. Esta palavra deriva de “omos” (a mesma coisa) e “lego” (dizer). Portanto, significa “dizer a mesma coisa que outra pessoa”, ou “admitir que uma acusação é verdadeira”. A Igreja Católica ensina a prática da confissão dos pecados aos sacerdotes, como condição para obter o perdão. Seguindo esta tradição, muitas Igrejas evangélicas também ensinam que o crente deve confessar publicamente os seus pecados ao pastor e até à Igreja. Por exemplo, um homem ou mulher que, num momento de fraqueza, teve desejos impuros por alguém, contar isso publicamente em detalhes! Seria escandaloso! Mas era isso que acontecia antigamente. 

Não há nenhum fundamento bíblico para isso. Na Nova Aliança não existem sacerdotes ou mediadores entre Deus e os homens, além de Jesus (1 Tm 2.5). Devemos confessar os nossos pecados a Deus, se pecarmos contra Ele e aos irmãos que ofendemos. Ou seja, se eu pecar somente contra Deus, devo pedir perdão somente a Ele. Se pecar contra a minha esposa, devo pedir perdão a ela. Caso ofenda a algum irmão, devo procurá-lo pessoalmente, reconhecer o meu pecado e pedir-lhe perdão. Antigamente, os crentes eram obrigados a irem à frente e tornar público o seu pecado, por mais vergonhoso que fosse. 

3- Avivamento pelo ensino. Além de orar e confessar os seus pecados, Neemias mandou que a palavra de Deus fosse lida e explicada ao povo de Judá: “E leu nela, diante da praça, que está diante da Porta das Águas, desde a alva até ao meio-dia, perante homens, e mulheres, e sábios; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da Lei” (Ne 8.3). Durante sete dias, Esdras lia o Livro da Lei e explicava o significado todos os dias para o povo. (Ne 8.18). Depois que ouviram a exposição didática da Palavra de Deus, o povo entendeu e se alegrou. O resultado disso foi um poderoso avivamento. Houve grande alegria e festa, e o povo se dispôs a trabalhar na reconstrução dos muros. O avivamento nos dias de Esdras e Neemias foi marcado pelo ensino da Palavra de Deus. Aliás, em todos os avivamentos ao longo da história bíblica e da Igreja, percebemos que houve ensino bíblico. Avivamento sem ensino bíblico não passa de modismos, fanatismos e até heresias. 

Infelizmente, em nossos dias há vários movimentos chamados de avivamentos, onde as pessoas são completamente ignorantes em relação à Palavra de Deus. Não frequentam cultos de ensino, Escola Dominical ou cursos teológicos, e são insubmissos à liderança da Igreja. Esse tipo de avivamento não provém do Espírito Santo, pois não produz mudança de vida e quer substituir a Palavra de Deus por supostas revelações e profecias. Não é este o propósito dos dons espirituais. A Palavra de Deus é o nosso único manual de fé e doutrina. A Bíblia é completa e suficiente e não podemos acrescentar nada a ela. Os dons espirituais foram dados para edificar, confortar e consolar a Igreja e para nos capacitar para a Obra do Senhor. Não podem ser usados para doutrinar ou liderar a Igreja. Esse papel é da Bíblia e dos pastores, respectivamente. No próximo tópico falaremos mais sobre o avivamento e a Palavra de Deus. 


REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra. O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1775.

PFEIFFER, Charles F. Comentário Bíblico Moody. Neemias. Editora Batista Regular. pág. 16-18.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 807.

Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. Vol. 2. Rio de Janeiro: CPAD, 3016, p.50.


Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.


Ev. Weliano Pires


03 janeiro 2023

PANORAMA DOS AVIVAMENTOS NO ANTIGO TESTAMENTO

(Comentário do 1º tópico da Lição 2: Avivamento no Antigo Testamento)


No Antigo Testamento há inúmeros casos de avivamentos, no âmbito pessoal e também coletivo. No livro de apoio, o comentarista cita vários deles: Durante o reinado de Davi (2 Sm 6–7); Rei Asa (2 Cr 14.1-16); Rei Josafá (2 Cr 17–20); Sumo sacerdote Joiada (2 Cr 23–24); no reinado de Ezequias (2 Cr 29–32); Governador Zorobabel (Ed 1–6); Rei Josias (2 Cr 34–35); no Esdras (Ed 1.7-10); Neemias (Ne 1–13) e o profeta Joel (1–2). No espaço da lição, que é mais reduzido, faremos um panorama de alguns exemplos de avivamentos ocorridos no Antigo Testamento e estudaremos apenas três casos. 


Quando falamos de panorama, nos referimos a uma análise não minuciosa, mas apenas uma visão genérica dos fatos. Primeiro falaremos do avivamento nos dias de Moisés. Após a morte de José, o povo de Israel foi escravizado por Faraó. Deus levantou Moisés para reanimar a fé do povo e libertá-los da escravidão. Depois, falaremos do avivamento não dias de Samuel, que nasceu e cresceu em um período de apostasia dos sacerdotes, os filhos de Eli. Deus levantou Samuel para exortar o povo ao arrependimento e julgá-los por toda a sua vida, como profeta, sacerdote e juiz. Por último, nos dias do rei de Josias, que assumiu o trono após os reinados ímpios de Manassés e Amon. No início do seu governo foi encontrado o Livro da Lei no templo e, após a leitura, o rei Josias temeu a Deus e promoveu uma ampla reforma espiritual em Judá, abolindo completamente a idolatria. 


Em todos estes casos de avivamento no Antigo Testamento, podemos perceber que há um padrão, com uma sequência de acontecimentos que precederam o avivamento: Uma crise espiritual e moral; confissão dos pecados cometidos contra Deus; humilhação, quebrantamento com oração e busca da presença do Senhor. O avivamento vem como resultado disso e é uma ação de Deus. 


1- O avivamento no tempo de Moisés. O povo de Israel teve muitos heróis ao longo da sua história. Os três maiores, que são reverenciados por todos os israelitas são: Abraão, o pai da nação de Israel; Moisés, o grande libertador e legislador do povo judeu; e Davi, o grande rei guerreiro, de cuja descendência viria o Messias. Moisés, de quem iremos tratar neste subtópico é conhecido mundialmente como o fundador do Judaísmo, que libertou o povo de Israel da escravidão no Egito. 


Analisando o avivamento nos dias de Moisés, podemos constatar o padrão citado anteriormente, com a sequência de fatos que antecederam os avivamentos no Antigo Testamento: 

a. A crise moral ou decadência espiritual. No Livro do Êxodo lemos apenas que, “após a morte de José e dos seus irmãos, levantou-se no Egito um rei que não conhecera José” e, devido ao crescimento extraordinário do povo hebreu, decidiu oprimi-los, escravizá-los e tentar impedir o crescimento da população de forma cruel (Êx 1.6-14). Diante deste relato podemos nos perguntar, onde estaria a crise moral e decadência espiritual. Entretanto, quando lemos os relatos das murmurações e rebeldia do povo deserto, inclusive com o episódio do bezerro de ouro e a idolatria e prostituição de Baal Peor, podemos concluir que este povo era idólatra e não servia a Deus no Egito. Não há nenhum relato antes de Moisés, dando conta de que o povo servia a Deus. Temos ainda a declaração de Josué no final da sua vida, que diz: "Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao SENHOR, escolhei hoje a quem sirvais; se aos deuses a quem serviram vossos pais, que estavam além do rio, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao SENHOR."  (Js 24.15). Esta declaração demonstra que os Israelitas antes de Moisés serviam a outros deuses no Egito. 


b. Confissão dos pecados. Também não há registros de confissão de pecados por parte dos filhos de Israel nesse período. Entretanto, o texto diz que eles clamaram a Deus e o seu clamor subiu a Deus: "E aconteceu, depois de muitos dias, que morrendo o rei do Egito, os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão, e clamaram; e o seu clamor subiu a Deus por causa de sua servidão." (Êx 2.23). Uma oração em forma de clamor, envolve arrependimento e confissão de pecados, senão Deus não atende. O profeta Isaías disse que os nossos pecados fazem divisão entre nós e Deus (Is 59.2). 


c. Humilhação, quebrantamento com oração e busca da presença do Senhor. Não temos também relatos de que houve humilhação e quebrantamento, mas o texto que citamos acima, quando eles clamaram ao Senhor deixa isso implícito. O povo suspirava e gemia por causa da escravidão. Então, lembraram-se do Deus dos seus pais Abraão, Isaque e Jacó e resolveram clamar a Ele por socorro. O clamor é uma oração não formulada ou ensaiada  É uma expressão fervorosa de fé em Deus, que demonstra confiança em Sua bondade e poder para agir em seu favor. O clamor vem de um coração contrito e totalmente aplicado na presença de Deus. Vemos muitos exemplos disso nos Salmos. 


Foi num contexto de escravidão, opressão e ameaça e genocídio que Moisés nasceu. Os seus pais eram da tribo de Levi e sabiam que haviam uma ordem de Faraó para que todos os bebês hebreus do sexo masculino fossem mortos. Quando Moisés nasceu, sua mãe o escondeu por três meses tentando, desesperadamente, evitar que ele fosse morto. Quando não conseguia mais escondê-lo, colocou numa arca, vedou-a para que não entrasse água, colocou na margem do rio e deixou a sua irmã Mirian vigiando-o de longe. A filha de Faraó o encontrou e criou-o como seu filho, tendo a própria mãe do menino como babá e amamentadora. 


Moisés foi escolhido por Deus, desde o seu nascimento para ser o libertador de Israel, embora ele não soubesse disso. O seu nascimento e a sobrevivência na infância foram milagres de Deus. O nome Moisés significa "tirado das águas" e foi dado devido às circunstâncias em que ele foi encontrado. 


A vida de Moisés pode ser dividida em três períodos de quarenta anos: 

a. Nos primeiros quarenta anos, Moisés formou-se em toda a ciência do Egito e tornou-se poderoso em palavras e obras. Tentou libertar o seu povo com as suas próprias forças, mas o próprio povo o rejeitou  (Até 7.23-28). 

b. No segundo período da vida de Moisés, dos 40 aos 80 anos, ele fugiu para Mídia, para escapar da morte. Ali casou-se, teve dois filhos e tornou-se pastor de ovelhas. Passou 40 anos aprendendo a não ser nada. Só então, foi chamado por Deus para libertar o povo de Israel da escravidão. 

c. Por último, Moisés voltou ao Egito, libertou o povo e passou 40 anos no deserto, dos 80 aos 120, liderando o povo de Deus. Tornou-se o homem mais manso entre eles e aprendeu a depender totalmente de Deus. 


2- O avivamento no tempo de Samuel. Samuel era da tribo de Levi, natural de Ramá, filho do casal Ana e Elcana. Assim como no caso de Moisés, o seu nascimento também foi um milagre. Ana, sua mãe, era estéril e, orando no tabernáculo em Siló, fez um voto ao Senhor, dizendo que se Deus lhe desse um filho ela o entregaria ao Senhor, por todos os dias da sua vida (1 Sm 1.11). Assim aconteceu e Samuel foi criado na casa do Senhor, pelo Sumo Sacerdote Eli. 


Os filhos de Eli, porém eram ímpios e profanaram as coisas de Deus, a ponto de se prostituir nas dependências do santuário (1 Sm 2.22) e comer a carne do sacrifício com a gordura, contrariando a Lei Mosaica (1 Sm 2.12-17). Os ofertantes pediam que eles esperassem queimar a gordura, mas eles diziam que se não dessem a eles, tomariam à força. Um desrespeito total para com Deus. 


Ainda adolescente, Samuel ouviu a voz do Senhor chamá-lo pelo nome e pensou que fosse Eli. Isso aconteceu por três vezes, até Eli entender que era Deus falando com o jovem Samuel. Deus entregou a Samuel profecias com dura sentença contra Eli e os seus filhos, pois, ele sabia das abominações praticadas pelos filhos e não tomou providências, sendo sumo sacerdote e juiz (1 Sm 3.1-18). 


A profecia de Samuel se cumpriu nos mínimos detalhes. Os Filisteus pelejaram contra Israel e, nessa guerra, mataram os dois filhos de Eli, Hofni e Finéias. Os filhos de Eli, de forma irresponsável, levaram a Arca da Aliança para o campo de batalha, tentando fazer dela um amuleto a fim de se proteger dos inimigos. Os filisteus derrotaram os Israelitas e levaram a Arca para a terra deles. Quando soube desta notícia, Eli caiu para trás, quebrou o pescoço e morreu. A sua nora, que estava grávida, quando soube da notícia das mortes do marido, do cunhado e do sogro, teve a criança às pressas e morreu no parto (1 Sm 4.11-22).


Samuel tornou-se adulto e foi confirmado como profeta do Senhor. Foi o último dos juízes e exerceu o tríplice ministério de sacerdote, profeta e juiz. Julgou Israel por todos os dias da sua vida na transição do período dos juízes para a monarquia e ungiu os dois primeiros reis de Israel, Saul e Davi. 


Nos dias de Samuel, também vemos o padrão, com a sequência de acontecimentos que precederam os avivamentos no Antigo Testamento. Primeiro a crise moral e espiritual com os filhos de Eli, como vimos acima. Depois que Samuel assumiu, de fato, a liderança de Israel, veio a confissão dos pecados. O povo pediu que Samuel orasse por eles, para que Deus os livrasse dos filisteus. Samuel recomendou que eles se convertessem dos seus pecados: “Se com todo o vosso coração vos converterdes ao Senhor, tirai dentre vós os deuses estranhos e os astarotes, e preparai o vosso coração ao Senhor, e servi a ele só, e vos livrará da mão dos filisteus.” (1 Sm 7.3). O povo atendeu a orientação do profeta, se converteu ao Senhor, confessando os seus pecados: “Então, os filhos de Israel tiraram dentre si os baalins e os astarotes e serviram só ao Senhor. E congregaram-se em Mizpá, e tiraram água, e a derramaram perante o Senhor, e jejuaram aquele dia, e disseram ali: Pecamos contra o Senhor. E julgava Samuel os filhos de Israel em Mizpá.” (1 Sm 7.4,6). Por último, teve a oração e busca pela presença do Senhor: “Então tomou Samuel um cordeiro de mama, e sacrificou-o inteiro em holocausto ao Senhor; e clamou Samuel ao Senhor por Israel, e o Senhor lhe deu ouvidos.” (1 Sm 7.9). O Senhor ouviu a oração de Samuel e deu vitória ao seu povo. 


3- O avivamento no tempo de Josias. Após a morte do rei Ezequias, que foi um bom rei, o seu filho Manassés assumiu o trono e foi extremamente ímpio. Além de corrupto, era terrivelmente idólatra, a ponto de construir ídolos e altares aos Baalins dentro do templo, prostrar-se diante dos astros e sacrificar os seus filhos a Moloque (2 Cr 33.1-9).. Por causa disso, Deus o entregou nas mãos do rei da Assíria e ele foi levado ao cativeiro. Entretanto, no cativeiro, angustiado, Manassés se humilhou e orou a Deus, arrependido. Deus o perdoou e o restituiu ao trono (2 Cr 33.12-16). 


Após a morte de Manassés, o seu filho Amom assumiu o trono. Mesmo sabendo de tudo o que acontecera no reinado do seu pai, voltou às mesmas práticas idólatras e não se arrependeu como fizera o seu pai. Por causa disso, o seu reinado durou pouco e ele reinou apenas por dois anos. Deus permitiu que os seus próprios servos conspirassem contra ele e o matassem. (2 Cr 33.21-24). O povo, no entanto, se revoltou, matou os conspiradores e colocou o seu filho Josias como rei, com apenas oito anos de idade (2 Cr 33.25). 


Aos 16 anos Josias assumiu, de fato, o trono. Começou a buscar a Deus e andou nos caminhos de Davi. Josias destruiu completamente todos os ídolos e altares construídos pelos seus antecessores. Reduziu-os a pó e jogou o pó sobre as sepulturas dos sacerdotes que ofereciam sacrifícios aos falsos deuses. Queimou também os ossos destes sacerdotes nos próprios altares em que eles sacrificavam aos ídolos, cumprindo a profecia de um homem de Deus, nos dias de Jeroboão I (2 Cr 33.1-7; 1 Rs 13.2). 


Após destruir completamente os ídolos em todo o território de Judá, Josias voltou para Jerusalém e ordenou que fizessem uma reforma geral no templo, que havia sido profanado e estava completamente abandonado, e mandou reformar também os instrumentos musicais (2 Cr 34.8-13). Durante a reforma, o sacerdote Hilquias encontrou o livro da Lei que estava perdido no templo. Safã, o escrivão pegou o livro e o leu perante o rei Josias (2 Cr 34.14-16). 


Ouvindo as palavras da Lei do Senhor, o rei Josias rasgou as suas vestes, em sinal de humilhação, e mandou consultar ao Senhor, através da profetisa Hulda. O Senhor respondeu e disse que traria todas as maldições que estavam escritas na lei por causa da impiedade dos antecessores de Josias, porém, como ele havia buscado ao Senhor, seria poupado e a destruição não viria em seus dias (2 Cr 34.19-28). 


Ouvindo estas palavras do Senhor, Josias entrou no templo, leu o Livro da Lei perante todo o povo e fez uma aliança com Deus, comprometendo-se a guardar todos os seus mandamentos, conforme estava escrito no Livro encontrado (2 Cr 34.29-34). Vimos novamente a sequência de acontecimentos que antecederam o avivamento: a crise moral e espiritual nos reinados de Manassés e Amom; a conversão sincera e abandono do pecado no reinado de Josias; e a busca ao Senhor, através da profetisa Hulda. 


REFERÊNCIAS:


RENOVATO, Elinaldo. Aviva a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

LOPES, Hernandes Dias. Atos: A ação do Espírito Santo na vida da igreja. Editora Hagnos. pág. 159-160.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pág. 72.

CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 1147.

SAWYER, Robert L. Comentário Bíblico Beacon I e II Cronicas. Editora CPAD. Vol. 2. pág. 473.

HENRY, Matthew. Comentário Matthew Henry Antigo Testamento Josué a Ester. Editora CPAD. 1 Ed. 2010. pág. 768-769.


Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas.


Ev. Weliano Pires

02 janeiro 2023

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 2: AVIVAMENTO NO ANTIGO TESTAMENTO


Na lição introdutória, falamos sobre a definição de avivamento espiritual, as condições para que ele aconteça e a necessidade que a Igreja atual tem de um avivamento. Falamos naquela ocasião, do avivamento ocorrido nos dias do profeta Ageu, alguns anos após o retorno do cativeiro babilônico. Quando falamos de avivamento na Bíblia, as pessoas logo dirigem o seu olhar para Atos 2, onde está registrado a descida do Espírito Santo sobre a Igreja Primitiva. Nesta perspectiva, fica a impressão de que no Antigo Testamento não houve avivamentos. 


No Antigo Testamento também aconteceram avivamentos, embora  a palavra avivamento não esteja presente nos relatos. Esta palavra só aparece uma vez, como vimos na lição passada, em Habacuque 3.2: “Aviva, ó Senhor, a tua obra…”. Entretanto, outros verbos são usados, com a mesma idéia, como os verbos “vivificar” (Sl 85.6; 80.18; 119.107) e “renovar” (Sl 51.10; Lm 5.21). Nesta segunda lição veremos alguns avivamentos que aconteceram na história de Israel no Antigo Testamento. 


No primeiro tópico, faremos um panorama de alguns exemplos de avivamentos ocorridos no Antigo Testamento. Primeiro, nos dias de Moisés. Após a morte de José, o povo de Israel foi escravizado por Faraó. Deus levantou Moisés para reanimar a fé do povo e libertá-los da escravidão. Depois, nos tempo de Samuel, que nasceu e cresceu em um período de apostasia dos sacerdotes, os filhos de Eli. Deus levantou Samuel para exortar o povo ao arrependimento e julgá-los por toda a sua vida, como profeta, sacerdote e juiz. Por último, nos dias do rei de Josias, que assumiu o trono após os reinados ímpios de Manassés e Amon. No início do seu governo foi encontrado o Livro da Lei no templo e, após a leitura, o rei Josias temeu a Deus e promoveu uma ampla reforma espiritual em Judá, abolindo completamente a idolatria. 


No segundo tópico, falaremos sobre a confissão de pecados e retorno à Palavra de Deus, que é a característica principal de um autêntico avivamento. Para isso, tomaremos como base, o chamado de Neemias, um judeu que estava no cativeiro e era copeiro do rei da Pérsia. No cativeiro, Neemias foi informado da situação dramática em que se encontrava a sua terra. Ele, então, orou ao Senhor e Deus o levantou para reconstruir os muros de Jerusalém. (Ne 1). Em sua oração, Neemias intercedeu pelo povo, colocando-se também entre os pecadores e confessando a culpa. (Ne 1.6). Falaremos ainda neste tópico sobre o avivamento através do ensino da Palavra de Deus. Neemias mandou que, o habilidoso escriba e sacerdote Esdras, lesse a Palavra de Deus para o povo e lhe explicasse o significado dos textos sagrados. Esdras leu o Livro da Lei desde o amanhecer até o meio dia. O povo ouviu, entendeu, chorou e se arrependeu (Ne 8.1-9). 


No terceiro e último tópico falaremos sobre a relação entre o avivamento e a Palavra de Deus.A Palavra de Deus é o nosso parâmetro. É ela que estabelece o padrão das manifestações espirituais, que devem ser com ordem e decência (I Co 14.40). O verdadeiro avivamento não consiste em emocionalismo e atitudes bizarras. Por último falaremos sobre o cuidado que devemos ter com o formalismo. Se por um lado é preciso ter cuidado com as meninices e bizarrices nas manifestações espirituais, no outro extremo está o formalismo, que é o apego exagerado às regras, tentando limitar ou controlar a atuação do Espírito Santo (I Ts 5.19,20). 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. Aviva, a Tua Obra: O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2023.

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Fundamentos bíblicos de um autêntico avivamento. Editora CPAD. 1ª edição: 2014. pág. 72.

COLEMAN, R. A chegada do avivamento mundial. São Paulo: CPAD, 1996, p. 18.


Siga o nosso blog, deixe o seu comentário e compartilhe os nossos textos com outras pessoas. Ev. Weliano Pires


 

AS TRÊS ARMAS ESPIRITUAIS DO CRISTÃO

(Comentário do 2º tópico da Lição 06: As nossas armas espirituais)  Ev. WELIANO PIRES No segundo tópico, descreveremos as três princip...