28 setembro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 01: EZEQUIEL, O ATALAIA DE ISRAEL


Neste 4º trimestre de 2022, estudaremos o Livro do profeta Ezequiel. Até onde eu sei, é a primeira vez que estudamos o Livro de Ezequiel em Lições Bíblicas da Escola Dominical. Entretanto, não será um estudo exegético do Livro do profeta Ezequiel. Usaremos este livro como base para um tema específico, que é a preparação do povo de Deus para os eventos escatológicos, assim como Ezequiel foi usado por Deus para alertar os judeus, sobre os juízos de Deus. Esta primeira lição é uma introdução aos assuntos que serão estudados durante o trimestre e apresenta-nos o profeta Ezequiel como o atalaia de Israel.


O comentarista deste trimestre é o renomado pastor Esequias Soares da Silva, presidente da Assembleia de Deus em Jundiaí – SP, presidente ela Sociedade Bíblica do Brasil, presidente da Comissão de Apologética da CGADB, graduado em Hebraico pela Universidade de São Paulo, mestre em Ciências da Religião pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, escritor, apologista e comentarista de Lições Bíblicas.


Esta primeira lição está dividida em quatro tópicos:  


O primeiro tópico apresenta-nos a estrutura do Livro de Ezequiel, dividindo-o em três partes: a primeira parte abrange os primeiros 24 capítulos e contém as profecias de Ezequiel antes da destruição de Jerusalém e do Templo; a segunda parte vai dos capítulos 25 a 32 e contém as profecias contra as nações de Amom. Moabe, Edom, Filístia, Tiro, Sidom e Egito; a terceira e última parte, que abrange os capítulos 33 a 48, inicia com o anúncio da destruição de Jerusalém. Depois fala sobre o retorno dos judeus de todas as partes do mundo para a terra dos seus antepassados. Fala também da restauração nacional, da invasão de Gogue a Israel e a sua derrota. Por último, mostra a visão do novo templo e da redenção de Israel e da humanidade. 


O segundo tópico traz as informações biográficas do profeta Ezequiel. O nome Ezequiel significa "sustentado ou fortalecido por Deus". As poucas informações que temos sobre o profeta Ezequiel são as que estão em seu Livro, pois ele não aparece nos Livros dos Reis e Crônicas. Ezequiel era filho de Buzi e pertencia à classe sacerdotal em Jerusalém. Foi levado cativo para a Babilônia por Nabucodonosor, em 597 a.C. Na Babilônia foi chamado por Deus para o ministério profético, a fim de admoestar o povo no exílio, que continuava com o coração obstinado. 


O terceiro tópico descreve duas figuras usadas para se referir ao ministério profético de Ezequiel: O atalaia e o filho do homem. O próprio Deus disse que escolheu Ezequiel como “o atalaia de Israel” (Ez 31.7). O atalaia era uma espécie de sentinela que ficava em um posto elevado, observando possíveis aproximações de inimigos, para avisar à segurança dos reis. Ezequiel foi escolhido como atalaia ou vigia para alertar o povo sobre os perigos do pecado. Deus se refere a Ezequiel como “Filho do homem”, uma referência à fragilidade e pecaminosidade humana. 


O quarto tópico fala sobre a responsabilidade do profeta como atalaia de Israel e faz um paralelo com a responsabilidade do cristão. Deus constituiu Ezequiel como atalaia de Israel para alertar o seu povo sobre os perigos. Nesta função, Ezequiel foi alertado por Deus de que, se ele avisasse ao ímpio e este não se convertesse, o ímpio pereceria. Mas, o profeta estaria livre da responsabilidade. Entretanto, se o profeta não avisasse, o ímpio pereceria, mas o profeta seria responsabilizado. O mesmo acontece com o cristão, que foi chamado por Deus para pregar o Evangelho aos perdidos. Falaremos mais detalhadamente sobre este assunto na Lição 07.


REFERÊNCIAS: 


SOARES, Esequias; SOARES, Daniele. A Justiça Divina: A Preparação do povo de Deus Para os Últimos Dias no livro de Ezequiel. Editora CPAD. 1 Ed. 2022. pag. 9-11.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 3197.

Bíblia de Estudo Apologética. Instituto Cristão de Pesquisas. 1ª Ed. 2001.


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Pb. Weliano Pires



23 setembro 2022

COMPROMETIMENTO COM A IGREJA LOCAL


(Comentário do 4º tópico da Lição 13: Resistindo as sutilezas de satanás) 


Em quarto lugar, para se precaver das sutilezas do inimigo, o crente precisa estar comprometido com a Igreja local. Na lição 9 deste trimestre, falamos sobre a sutileza do movimento dos desigrejados, que são pessoas que se dizem cristãs, mas não estão ligadas a nenhuma Igreja. Este movimento procura desqualificar a Igreja local e nega a sua necessidade. Também são contrários à Igreja como organização e rejeitam qualquer espécie de liderança e contribuição financeira à Igreja. 


Neste tópico falaremos sobre a importância da Igreja local, usando a ilustração que o apóstolo Paulo fez, comparando-a com o corpo humano. Em seguida falaremos sobre a importância de cada membro no funcionamento da Igreja local. Como os membros do corpo humano, por menores que sejam, têm a sua importância no funcionamento do organismo, assim são os membros da Igreja local.


1- A Igreja como o Corpo de Cristo. Paulo comparou a Igreja ao corpo humano, que tem muitos membros e cada um tem a sua importância no funcionamento do corpo (1Co 12.27). O corpo humano é formado de três partes principais: cabeça, tronco e membros. A cabeça processa as informações e comanda o corpo. No tronco estão os principais órgãos vitais e os membros dão mobilidade ao corpo. Na ilustração usada por Paulo, Cristo é a cabeça, a Igreja é um corpo e cada crente é membro desse corpo. Sendo assim, não existe Igreja sem Cristo, pois um corpo sem a cabeça morre. Também não pode existir membro desligado do corpo, pois membros amputados não servem para nada sozinhos e também morrem. 


Quando falamos de “corpo”, em anatomia, que é o sentido que Paulo usou, temos a seguinte definição: “Constituição ou estrutura física de uma pessoa ou animal, composta por, além de todas suas estruturas e órgãos interiores: cabeça, tronco e membros.” (Dicionário Online de Português). É através do corpo que a alma e o espírito se manifestam. Um corpo, mesmo se estiver com todos os seus órgãos intactos, se a alma e o espírito saírem dele, estará morto e entra em estado de decomposição. Da mesma forma, a Igreja só permanecerá viva se o Espírito Santo estiver nela para dar-lhe vida e orientar os seus movimentos. 


2- O lugar e a importância de cada membro na Igreja. O corpo humano saudável é uma unidade composta por vários membros, que trabalham unidos para que todo o corpo funcione perfeitamente. Nenhum órgão trabalha contra o corpo e qualquer problema em qualquer um deles, o corpo inteiro sente o problema. Uma pequena inflamação ou infecção em um dos órgãos, por menor que ele seja, acaba adoecendo todo o corpo e se não for tratado, pode se alastrar e levar o corpo a óbito. 


Usando a comparação que Paulo fez da Igreja com o corpo humano, aprendemos que a Igreja é uma unidade composta, formada por várias partes integradas e interdependentes.  Assim como o corpo humano é formado por vários órgãos e tecidos, que trabalham em harmonia, interligados, para o bom funcionamento do corpo, cada membro da Igreja tem a sua importância, funcionalidade e dependência uns dos outros. 


A palavra grega traduzida por Igreja é "ekklesla" que é a junção de dois termos gregos "em" (fora) e "kletos" (eleitos ou chamados). Significa um grupo de pessoas chamadas para fora. Refere-se a um grupo distinto, selecionado e tirado para fora de algo. No caso da Igreja, somos chamados para fora do sistema deste mundo, para viver para Cristo. Portanto, quando falamos de Igreja é sempre um grupo unido e não pode haver igreja individual. Para ser Igreja, é preciso estar ligado a outras pessoas e congregar. Há várias recomendações coletivas para a Igreja na Bíblia. Jesus em sua oração sacerdotal orou para que os seus discípulos formassem uma unidade, ou seja, que estivessem ligados uns aos outros (Jo 17.11). Ele também deu duas ordenanças à sua Igreja: o Batismo em águas e a Ceia do Senhor. Nenhuma das duas é possível ser feita por uma pessoa isolada. 


REFERÊNCIAS:

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1014.

KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: I Coríntios. Editora Cultura Cristã. pág. 629-630.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 3. pág. 199.

REFERÊNCIAS: 

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pág. 1014.

KISTEMAKER, Simon. Comentário do Novo Testamento: I Coríntios. Editora Cultura Cristã. pág. 629-630.

MONIS, Leon. I Coríntios: Introdução e Comentário. Editora Mundo Cristão. pág. 143.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1°ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.601).

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 3. 11 ed. 2013. pág. 212.

HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1°ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2006, p.601).



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Pb. Weliano Pires


COMPROMETIDOS COM UMA VIDA CHEIA DO ESPÍRITO


(Comentário do 3º tópico da Lição 13: Resistindo as sutilezas de satanás) 

A terceira forma do crente se precaver contra as sutilezas do adversário é ter uma vida cheia do Espírito Santo, ser conduzido e dirigido por Ele. Existem ataques do inimigo que são tão sutis e imperceptíveis, que somente com o discernimento de espíritos é possível detectá-los. O Espírito Santo ensina, revela, intercede, santifica, alegra, fortalece e capacita o crente para fazer obra do Senhor. Jesus sabia que a presença do Espírito Santo é indispensável na vida dos seus discípulos. Por isso, antes de subir ao Céu, Ele disse que não os deixaria órfãos, mas mandaria “outro" [Gr. allos, outro da mesma espécie] "consolador” [Gr. parakletos, alguém que está ao lado de outrem e o representa em um tribunal], para ficar para sempre com eles (Jo 14.16). Falou também que eles não se ausentassem de Jerusalém, até que fossem revestidos de poder (Lc 24.49). 


1- O Espírito Santo no plano da redenção. No primeiro trimestre de 2021, estudamos sobre o verdadeiro pentecostalismo. Na lição 2 daquele trimestre vimos a atuação do Espírito Santo na obra da redenção. Na eternidade passada, antes da fundação do mundo, Deus sabia que o ser humano iria pecar e, portanto, elaborou o plano de salvação. O plano redentor de Deus é perfeito e foi elaborado pelo Pai, Filho e Espírito Santo. Neste plano estava contida a vinda do Messias para pagar o preço da redenção. A sua vinda foi anunciada pelos profetas por todo o Antigo Testamento e incluía também o envio do Espírito Santo (Is 32.15; 42.1,2; Is 61.1).


O Espírito Santo, portanto, participou ativamente da obra da redenção, desde o seu planejamento. Entretanto, a obra do Espírito Santo na redenção não se limita  ao planejamento do Plano redentor e ao anúncio da vinda do Salvador. O Espírito Santo atua também no mundo para persuadir ou convencer os pecadores da sua situação de perdidos e da necessidade de um Salvador, que é Jesus Cristo. De forma poderosa, o Espírito Santo atua no coração do homem, para que ele compreenda a mensagem do Evangelho. Por isso, não podemos substituir a ação do Espírito Santo na Igreja, por técnicas humanas. Sem a ação do Espírito Santo, ninguém jamais se converteria. 


2- A vida cheia do Espírito. É preciso compreender também que a atuação do Espírito Santo não termina quando Ele nos convence do pecado e nos leva a Cristo. Mesmo após a conversão, continuamos neste corpo mortal, com uma natureza inclinada para as obras da carne. Portanto enfrentamos uma luta diária, para não sucumbirmos diante das concupiscências da carne. O apóstolo Paulo nos deu a receita para vencermos esta batalha: "Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne” (Gl 5.16). A palavra grega traduzida por "concupiscência" é  "epithumia", que significa "ânsia por coisas proibidas". Todos os seres humanos, sem exceção, têm esta inclinação desde a queda. Já nascemos com esta natureza pecaminosa e somente o Espírito Santo é capaz de nos fazer mortificá-la. 


O Espírito Santo atua também na vida do crente no sentido de capacitá-lo para fazer a obra do Senhor, evangelizando, curando enfermos, expulsando demônios e edificando a Igreja, através do exercício dos dons espirituais. Sabendo da necessidade do poder do Espírito Santo na vida dos discípulos, Jesus antes de subir ao Céu, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, antes de serem revestidos de poder (Lc 24.49; At 1.8). A palavra grega traduzida por “poder” é "dynamis", que significa “ser capaz” ou “ter força”.  Esta palavra deu origem à palavra portuguesa "dinamite". É uma referência à operação de milagres (At 3.12; 4.7; 6.8), ousadia para testemunhar de Cristo (At 1.8; 4.33) e autoridade sobre os demônios (At 10.38).


No Livro de Atos dos Apóstolos, vemos a ação continua do Espírito Santo na vida da Igreja. Os apóstolos foram usados pelo Espírito Santo para curar enfermos, ressuscitar mortos, expulsar demônios e pregar ousadamente a Palavra de Deus, diante de ferrenha oposição dos judeus e autoridades. Foram libertos milagrosamente de prisões e eram guiados o tempo todo pelo Espírito Santo. A Igreja da atualidade continua necessitando do poder do Espírito Santo para cumprir a sua missão. Somos uma Igreja Pentecostal, pois cremos na atualidade dos dons espirituais. Conforme vimos na lição 8 o inimigo atua de forma sutil para enfraquecer a nossa identidade pentecostal. Ele sabe perfeitamente que sem o poder do Espírito Santo a Igreja não avança. 


REFERÊNCIAS:

SOARES, Esequias. O verdadeiro pentecostalismo: a atualidade da doutrina bíblica sobre a atuação do Espírito Santo. Editora CPAD, 1ª Ed. 2021. 

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 626-627.

LOPES, Hernandes Dias. Atos: A ação do Espírito Santo na vida da Igreja. Editora Hagnos. pag. 37-38.

KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento Atos. Editora Cultura Cristã. pág. 88-90.


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Pb. Weliano Pires


22 setembro 2022

COMPROMETIMENTO COM AS ESCRITURAS


(Comentário do 2º tópico da Lição 13: Resistindo as sutilezas de satanás) 


O segundo passo para o cristão se precaver contra as sutilezas de Satanás é comprometer-se fielmente com a Bíblia Sagrada, reconhecendo-a como a revelação escrita de Deus, produzida por inspiração do Espírito Santo, absolutamente isenta de erros e de falhas, única regra de fé e conduta do cristão. Um cristão comprometido com a Palavra de Deus não se deixa enganar pelos enganos de Satanás. O inimigo enganou Eva no Jardim do Éden, primeiro porque ela deu lugar, abrindo canal de diálogo com o adversário. Segundo, porque ela deu ouvidos às suas mentiras e distorções em relação ao que Deus havia falado. 


1- Bíblia, a revelação de Deus. Na lição 7 deste trimestre, estudamos sobre "A sutileza da relativização da Bíblia". Na ocasião vimos os aspectos da desconstrução e da relativização da Bíblia. Nesta perspectiva, surgem novas interpretações da Bíblia e, consequentemente, novas teologias que negam que a Bíblia é a Palavra de Deus, e negam a sua autoridade, inerrância e infalibilidade. Quando afirmamos que a Bíblia é inerrante, significa que ela não falha, não erra e é a verdade em tudo quanto afirma. Nos textos bíblicos originais não há qualquer erro, seja histórico, geográfico, doutrinário, espiritual, moral ou científico. Também não há qualquer contradição nos textos bíblicos. A razão para isso é óbvia, pois, o autor da Bíblia é Deus e Ele não erra e não falha. 


A Bíblia não é uma produção literária da mente humana com relatos históricos antigos e belos ensinos morais, como sugere a chamada teologia narrativa. A Bíblia é a revelação escrita de Deus à humanidade. Conforme já vimos em várias lições, Deus se revelou de duas formas: na revelação geral, que é manifesta através das coisas criadas; e na revelação especial, através das Escrituras e da pessoa de Jesus Cristo. É nas páginas da Bíblia que encontramos as revelações de Deus sobre a criação e queda da raça humana; as profecias sobre o plano redentor de Deus e a sua consumação através de Cristo. Encontramos também as profecias sobre o futuro da humanidade e sobre a eternidade. Portanto, todo o conteúdo das Escrituras foi produzido por Deus. 


2- Bíblia, regra de fé e conduta. Sendo a Bíblia a revelação escrita de Deus à humanidade, completamente isenta de erros ou falhas, ela é o nosso único manual de fé e prática. Portanto, não podemos admitir nenhum outro manual de doutrina além da Bíblia Sagrada, a Palavra de Deus. Todas as nossas doutrinas precisam, obrigatoriamente, estar fundamentadas na Palavra de Deus. 

Conforme vimos no ponto anterior, a Bíblia é a revelação de Deus. Entretanto, existe também o fator humano, pois ela foi escrita por seres humanos. Não basta ler a Bíblia, é preciso compreender o que está escrito, mediante a correta interpretação. Na lição 5, do 1º trimestre deste ano, estudamos o tema: Como ler as Escrituras. Vimos em um dos tópicos daquela lição, que a Bíblia precisa ser interpretada. 


Ora, todo texto lido deve ser interpretado, para uma devida compreensão. Porém, no caso da Bíblia, não é uma tarefa tão simples. Nós, brasileiros do século XXI, estamos muito distantes dos textos originais da Bíblia, no tempo, no idioma e na cultura. Neste aspecto, a exegese bíblica nos ajuda a buscar o significado e a intenção original do texto bíblico e trazê-los ao leitor atual. A palavra "exegese" vem de dois termos gregos "ex" (fora) e "agein" (guiar). Significa, portanto, literalmente "guiar para fora". Portanto, a palavra exegese significa extrair de um texto o seu sentido ou intenção original. Para se fazer uma exegese do texto bíblico, o leitor deve esvaziar-se completamente das suas ideologias e convicções pessoais e deixar que o texto fale por si mesmo. 


Além da exegese, que extrai o sentido original do texto, temos também as regras da hermenêutica, que é a ciência de interpretar textos. Há várias regras para a interpretação correta das Escrituras, que o espaço não me permite comentar todas aqui. Por isso, quero destacar apenas três pontos fundamentais, que o intérprete da Bíblia deve se atentar:


a. A Bíblia interpreta-se a si mesma. Conforme vimos no item anterior, esta é a primeira e fundamental regra para a correta interpretação bíblica.

b. Os textos bíblicos devem sempre manter o seu sentido literal. Deve-se considerar também os recursos literários (poesia, figuras de linguagem, narrativas, profecia, etc.), mas é preciso ter cuidado com expressões simbólicas e alegóricas. 

c. O texto deve sempre ser lido dentro do respectivo contexto. Devemos sempre considerar que um texto é formado por uma sequência de palavras e frases, que não podem ser lidas separadamente, sob pena de se perder ou deturpar a intenção do autor. As palavras ou frases também podem ter sentidos diferentes, de acordo com o contexto em que estão situadas.    


Muitas seitas dizem que crêem na Bíblia, mas negam a sua autoridade e inerrância. Outras colocam no mesmo patamar da Bíblia, a palavra dos seus líderes, as publicações da sua religião, a tradição ou visões e revelações. Os reformadores, acertadamente, estabeleceram o princípio fundamental "Sola Scriptura", que afirma que somente as Escrituras têm autoridade inquestionável para estabelecer doutrinas para a Igreja. Jesus afirmou que a Palavra de Deus é a Verdade (Jo 17.17) e que são as Escrituras que testificam dele (Jo 5.39). Portanto, é impossível ser cristão, sem adotar a Bíblia como o único manual de fé e prática.


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo. As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

BAPTISTA, Douglas. A Supremacia das Escrituras a inspirada, inerrante e infalível Palavra de Deus. Editora CPAD. 1ª edição: 2021.

HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 1° Ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2 006, pp.84 ,85).

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 55.


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Pb. Weliano Pires

21 setembro 2022

COMPROMETIMENTO COM UMA VIDA CENTRADA EM CRISTO


(Comentário do 1º tópico da Lição 13: Resistindo as sutilezas de satanás 


Neste primeiro tópico falaremos sobre o primeiro passo para  se precaver contra as sutilezas do inimigo, que é estar comprometido inteiramente com Cristo, reconhecendo-o não apenas como único e suficiente Salvador, mas também como Senhor absoluto das nossas vidas. O cristão verdadeiro tem convicção de que não há outro Salvador, além de Cristo (Jo 14.6; At 4.12). E não apenas isso, mas que Jesus Cristo, sendo Deus, é o Senhor absoluto de todo o Universo. 


1- Cristo, o Salvador. Infelizmente, muitas pessoas têm ideias equivocadas sobre Jesus e o seu ministério terreno. Alguns acham que Ele foi um revolucionário, que veio a este para contestar o sistema político e promover a justiça social. Outros pensam que Jesus foi alguém que veio a este mundo apenas para realizar sinais sobrenaturais, especialmente a cura divina, com o objetivo de aliviar o sofrimento humano. Há ainda os que pensam que Jesus foi um grande filósofo, que trouxe grandes ensinamentos morais, com a autoridade de quem vivia na prática estes ensinos. Todas estas concepções acerca do ministério de Jesus estão erradas, mesmo que algumas tenham um pouco de verdade.


Quando o Anjo Gabriel anunciou o nascimento de Jesus, ele disse para José dar-lhe o nome JESUS, porque Ele salvaria o seu povo dos seus pecados (Mt 1.21). O nome JESUS é a transliteração do nome grego IESOUS, que por sua vez, é a transliteração do nome hebraico YEHOSHUA, que significa "Yahweh é a salvação". Portanto, o próprio nome de Jesus indica que Ele veio trazer a salvação dos pecados. 


Quando Jesus teve um encontro com Zaqueu, chefe dos publicanos em Jericó, resolveu ir à  casa dele. Zaqueu recebeu-o com alegria e, enquanto estavam à mesa, Jesus lhe disse: "Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido." (Lc 19.9,10).  


Em outra ocasião, Jesus entrou com os seus discípulos em uma aldeia de samaritanos e não foi recebido por eles. Os dois filhos de Zebedeu, Tiago e João, perguntaram se Jesus queria que eles fizessem descer fogo do Céu para os consumir, como fez Elias. Jesus lhes respondeu: "Vós não sabeis de que espírito sois.” (Lc 9.55). 


Os apóstolos também pregavam Jesus como o Único Salvador. Pedro, em seu discurso após a cura de um coxo disse: "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos." (At 4.12). O apóstolo Paulo também tinha como centro da sua mensagem, Jesus como o Salvador dos pecadores: "Esta é uma palavra fiel e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal." (1 Tm 1.15). 


Portanto, o Evangelho não é uma solução para os problemas dessa vida como doenças, finanças, casamentos, emprego, empresas, emoções, etc. O grande problema da humanidade é o pecado, que afasta inevitavelmente o ser humano de Deus. Só existe uma pessoa que pode salvar a humanidade deste problema e esta pessoa é Jesus Cristo, o Filho de Deus. O cristão precisa estar comprometido com esta verdade para não cair nos enganos do inimigo. 


2- Cristo, o Senhor. Muitas pessoas até não tem dificuldades em aceitar Jesus como Salvador, ou como alguém que realiza milagres. Entretanto, não o aceitam como Senhor, pelo menos na prática. Afirmam a crença em Jesus, mas não se submetem aos seus ensinamentos. 


A palavra "senhor" em português é um pronome de tratamento, que usamos para nos referir a um homem, de forma respeitosa, independente da idade e da posição social. O sentido bíblico, no entanto, é outro.  Em hebraico, a palavra "Senhor" é "Adon" e se refere a um dominador, ou alguém que possui controle absoluto, como um dono de escravos (Gn 24 14,27); um governador (Gênesis 45.8); ou o marido que era o senhor de sua esposa e líder absoluto da sua casa, na sociedade patriarcal (Gn 18.12). A forma plural desta palavra hebraica é "adonai". Para evitar pronunciar o nome de Deus em vão, os judeus passaram a usar "Adonai", em substituição ao tetragrama (YHWH). 


No grego, a palavra "Senhor" é "Kyrios", e significa um mestre supremo, ou dominador. A Septuaginta (LXX), traduziu o tetragrama por "Kyrios" e usou sempre esta palavra para se referir a Yahweh, o Deus de Israel. Portanto, era um título divino. No império romano, o imperador exigia ser chamado de "Kyrios" (Senhor), uma reivindicação de divindade. Os cristãos, evidentemente, se recusaram e foram cruelmente perseguidos.


A sutileza do inimigo consiste em fazer as pessoas pensarem que podem ter Jesus apenas como Salvador, Mestre, exemplo moral, ou amigo, mas não como Senhor. Um certo líder de uma Igreja neopentecostal chegou a questionar o fato do primeiro milagre de Jesus ter sido transformar água em vinho, pois, segundo ele, havia outras coisas mais importantes. Infelizmente, até muitos que se dizem evangélicos têm aderido a essa moda de tratar Jesus como se ele fosse um "amiguinho" ou um "parceiro de futebol". Jesus até nos considera como amigos, mas continua sendo o Rei dos reis e Senhor dos Senhores. Ele é Deus e, como tal, deve ser adorado, obedecido e reverenciado. Quem tem Jesus como Senhor absoluto, não se deixa enganar pela astúcia do inimigo, que tenta reduzir Jesus a um mero psicólogo, líder religioso, profeta, rabino, ou coisa do tipo. 


REFERÊNCIAS:

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 940.

LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios: Como resolver conflitos na Igreja. Editora Hagnos. pág. 35-37.

Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Editora CPAD. 4 Ed 2006. pag. 1339.

LOPES, Hernandes Dias. Colossenses: A suprema grandeza de Cristo, o cabeça da Igreja. Editora Hagnos. pag. 124-125.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 5. pag. 115.

LUTZER, Erwin. Cristo entre outros deuses: Uma defesa da fé cristã numa era de tolerância. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.167).


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Pb. Weliano Pires



19 setembro 2022

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 13: RESISTINDO AS SUTILEZAS DE SATANÁS


Com a Graça de Deus, chegamos ao final de mais um trimestre de estudos bíblicos, em nossa Escola Bíblica Dominical. Ao longo deste trimestre vimos diversas formas sutis, em que o inimigo ataca a Igreja de Cristo. Em regimes totalitários, como as teocracias islâmicas, os ataques à Igreja são diretos, com prisões e execuções de cristãos, explosões de templos, confisco de bens, etc. Entretanto, no Ocidente, onde a maioria dos países são democráticos (pelo menos dizem que são), o inimigo age de forma disfarçada, misturando elementos estranhos ao Cristianismo, para afastá-lo da sua essência. 


Esta última lição é uma conclusão dos assuntos estudados durante o trimestre e mostra o que cristão verdadeiro deve fazer, para se proteger das sutilezas do inimigo contra a Igreja do Senhor. As duas palavras-chaves desta lição são: resistência e comprometimento. A lição nos mostra quatro formas de comprometimento do cristão, para se precaver das sutilezas de Satanás contra a Igreja. 


O primeiro passo é estar comprometido inteiramente com Cristo, reconhecendo-o não apenas como único e suficiente Salvador, mas também como Senhor absoluto das nossas vidas. O cristão verdadeiro tem convicção de que não há outro Salvador, além de Cristo (Jo 14.6; At 4.12).


O segundo passo é comprometer-se fielmente com a Bíblia Sagrada, reconhecendo-a como a revelação escrita de Deus, produzida por inspiração do Espírito Santo, absolutamente isenta de erros e de falhas, única regra de fé e conduta do cristão. Um cristão comprometido com a Palavra de Deus não se deixa enganar pelos enganos de Satanás. O inimigo enganou Eva no Jardim do Éden, primeiro porque ela deu lugar, abrindo canal de diálogo com o adversário. Segundo, porque ela deu ouvidos às suas mentiras e distorções em relação ao que Deus havia falado. 


Em terceiro lugar, é preciso o crente buscar uma vida cheia do Espírito Santo, ser conduzido e dirigido por Ele. Existem ataques do inimigo que são tão sutis e imperceptíveis, que somente com o discernimento de espíritos é possível detectá-los. O Espírito Santo ensina, revela, intercede, santifica, alegra e fortalece o crente. Jesus sabia que a presença do Espírito Santo é indispensável na vida dos seus discípulos. Por isso, antes de subir ao Céu, Ele disse que não os deixaria órfãos, mas mandaria “outro [Gr. allos, outro da mesma espécie] consolador” [Gr. Parakletos, alguém que está ao lado de outrem e o representa em um tribunal], para ficar para sempre com eles (Jo 14.16). Falou também que eles não se ausentassem de Jerusalém, até que fossem revestidos de poder (Lc 24.49). 


Em quarto lugar, o crente precisa estar comprometido com a Igreja local, como o Corpo de Cristo. Paulo comparou a Igreja ao corpo humano, que tem muitos membros e cada um tem a sua importância no funcionamento do corpo. O corpo humano é formado de três partes principais: cabeça, tronco e membros. A cabeça processa as informações e comanda o corpo. No tronco estão os principais órgãos vitais e os membros dão mobilidade ao corpo. Na ilustração usada por Paulo, Cristo é a cabeça, a Igreja é corpo e cada crente é membro do corpo. Sendo assim, não existe Igreja sem Cristo, pois um corpo sem cabeça morre. Também não pode existir membro desligado do corpo, pois membros amputados não servem para nada sozinhos e também morrem.


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Pb. Weliano Pires

18 setembro 2022

Eu Sou o que Sou


Israel vivia na escravidão
Submetido a trabalhos forçados
Sofriam açoites e grande aflição
Se não cumprissem o ordenado. 

O povo de Israel aumentou
Sobremaneira a sua população
Este crescimento preocupou
O rei e o povo daquela nação.

Para deter este crescimento
Faraó tomou uma medida cruel
Mandou matar no nascimento
Todos os meninos de Israel.

Entretanto, as parteiras temeram
Cometer tamanha barbaridade 
Quando indagadas responderam:
– As hebréias tem sagacidade.

O rei Faraó sentindo-se traído
Em seu caráter insano e sombrio 
Ordenou que todo menino nascido
Sem demora, fosse jogado no rio.

Nesse interim um fato aconteceu
Dois jovens levitas se casaram
Um menino formoso lhes nasceu
E muito apreensivos eles ficaram.

Por três meses, sua mãe, o escondeu
Para evitar que fosse executado 
Entretanto, finalmente percebeu 
Que ele acabaria encontrado.

Desesperada, pensando em salvá-lo
A mãe em uma estratégia pensou
Em uma arca resolveu colocá-lo 
Mas a filha de Faraó o encontrou.

Todo este processo foi conduzido
Pela vontade soberana de Deus
Depois de ouvir o clamor e gemido
Que subiu dos lábios dos hebreus.
 
O menino foi chamado de Moisés  
Porquanto das águas fora tirado 
Foi criado no Palácio de Ramsés
E na ciência do Egito foi formado.

O tempo passou e Moisés cresceu
Certo dia, o seu povo ele foi visitar
Um egípcio espancava um hebreu
Inconformado, resolveu se vingar.

Por matar o egípcio, Moisés fugiu
Faraó descobriu e decidiu matá-lo
Para a terra de Midiã, Moisés sumiu
E Faraó não conseguiu encontrá-lo.

Com Jetro, Moisés encontrou abrigo 
E com a sua filha Zípora se casou
Agora ele não corria mais perigo
E o pastor das ovelhas se tornou.

Por quarenta anos, Moisés ali ficou
Trabalhando sob o calor do deserto 
Até que um dia uma sarça incendiou
E ele resolveu averiguar de perto.

A sarça em chamas não se consumia
Do meio do fogo, uma voz bradou:
- Moisés, Moisés! A voz lhe dizia.
- O Deus dos teus pais, Eu Sou!

Meu povo no Egito está em aflição 
Eles clamaram a mim e eu vou livrar 
Das mãos de Faraó e da escravidão
E você será a pessoa que vou usar.

Moisés, sentiu-se incapaz e relutou
Argumentou que não sabia falar
Mas Deus as desculpas não aceitou
E disse que Aarão iria lhe ajudar 

Mas, e se perguntarem quem és?
Como identificar quem me enviou?
Mais uma vez, questionou Moisés.
Deus falou: EU SOU O QUE SOU.

O significado desta identificação
Mostra que Deus é autossuficiente 
Ele não precisa de cooperação
Pois de nada Ele é dependente.

(Weliano Pires)


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