Em nossa vida espiritual temos três grandes inimigos: a carne, o mundo e o diabo. Este último é o mentor de todos os ataques. Ele é astuto e usa todo tipo de artimanha para minar a nossa fé e nos afastar de Deus.
1. A Bíblia revela a verdadeira força por trás destes ataques. Muitas vezes somos caluniados, afrontados e desprezados. Mas, precisamos ter consciência de que os inimigos visíveis são apenas instrumentos nas mãos do diabo. A nossa luta não é contra eles e sim, contra as hostes espirituais da maldade, nas regiões celestiais (Ef 6.12)
2. As orientação que a Bíblia para esta luta espiritual (Ef 6.13).
a) Resistir no dia mau. Manter-se firme e não ceder. O inimigo nos afronta, mas, se resistirmos, ele foge. Resistir ao diabo significa sujeitar-se a Deus e recusar aos intentos do adversário. (Tg 4.7)
b) Tendo feito tudo. Significa “depois de ter lutado”. Ou seja, não desistir e não morrer na luta.
c) Ficar firmes. Não parar no fim de uma luta. A nossa luta não acabará aqui. Vencemos uma e temos outros combates. Paulo usa a figura do soldado romano, em Efésios 6.10-18. Nessa parte, faz alusão à roupa do soldado, que era um casaco de couro com placas de metal por cima e as sandálias com cravas grande que firmavam os pés no chão, evitando que ele escorregasse.
3. Nesta luta contra o mundo invisível a arma mais eficaz é a fé. (1Jo 5.5).
“Sem fé é impossível agradar a Deus...” (Hb 11.6a). Muitas pessoas tem dificuldades de entender o que é fé. Pensam que fé é pensamento positivo ou apenas a crença de que algo que a pessoa deseja vai acontecer. Mas, isso não é fé. Em muitos casos é ilação ou loucura. Fé é a confiança inabalável em Deus e na sua Palavra. Fé é tanto a capacidade de crer que o impossível vai acontecer (aquilo que Deus prometeu, não aquilo que eu quero), como também é a capacidade de resistir até à morte por amor a Deus. O capítulo 11 de Hebreus nos mostra estes dois lados da fé. (Hb 11.33-40).
4. Nesta luta as armas devem ser espirituais (2Co 10.4). As armas do crente não são carnais e não é contra pessoas e instituições que lutamos. Lutamos com a armadura de Deus, contra os principados e potestades, no mundo espiritual. As nossas armas não são alianças políticas, dinheiro, influência, força física, artes marciais ou armamento bélico.
II. O INIMIGO PROCURA ATINGIR A NOSSA FÉ.
1. O Inimigo ataca com a arma do DESPREZO. Os inimigos diziam: “que fazem estes fracos judeus?” (Ne 4.2). O inimigo sempre tenta nos intimidar, dizendo que somos fracos. De fato, se olharmos para as nossas próprias forças, seremos fracos para enfrentar o inimigo, a natureza carnal e o mundo. Mas, precisamos ter em mente, que o nosso general é Jesus Cristo e Ele é invencível. “Maior é o que está em nós” (1 Jo 4.4)
2. O Inimigo ataca com a arma do ESCÁRNIO (Ne 4.3,4; Jr 20.7; Sl 79.4). Os inimigos zombavam dos judeus dizendo que “ainda que eles construíssem o muro, uma raposa o derrubaria...” (Ne 4.3). Ao longo da história, Israel e a Igreja sofreram escárnios e deboches. Nem Jesus escapou. Foi zombado, escarnecido e humilhado. Até hoje, muitas Igrejas sofrem escárnios e zombarias por parte dos ímpios. Mas, não devemos olhar para isso. Devemos fazer a obra, olhando para Jesus, autor e consumador da nossa fé.
3. O Inimigo chama a nossa atenção para a imensidade da tarefa. “Vivificarão dos montões de pó as pedras que foram queimadas?” (Ne 4.2). O inimigo primeiro nos despreza, apontando a nossa pouca força. Depois superestima a obra, para tentar nos desestimular. Muitos homens de Deus como Moisés e Jeremias, sentiram-se incapazes ante o chamado de Deus, percebendo a complexidade da obra para a qual foram chamados. Mas, Deus deixou claro que era Ele que iria usá-los. Deus usa instrumentos pequenos, para que a excelência do poder seja dEle e não nossa.
4. O Inimigo usa contra nós os BOATOS e as MENTIRAS (Ne 2.19; 6.5,6). Os samaritanos espalharam mentiras contra Neemias, acusando-o de estar usurpando ser rei. Mas, não era nada disso. Neemias estava em uma situação confortável no Palácio do Rei da Pérsia e voluntariamente sacrificou-se para reconstruir os muros de Jerusalém. Muitos homens de Deus foram vítimas de calúnias, sendo chamados de ladrões e charlatães, por estarem fazendo a Obra de Deus. Não devemos olhar para isso, pois, é mais uma estratégia dos inimigos para nos fazer parar. Jesus disse que serão bem aventurados os perseguidos e caluniados por causa da Justiça. Entretanto, é preciso tomar cuidado para não confundir calúnias e boatos com acusações verdadeiras.
5. O Inimigo usa como arma a ASTÚCIA. Os samaritanos primeiro tentaram intimidar os judeus, desprezando-os, escarnecendo, caluniando-os, etc. Depois usaram de astúcia, tentando-se se aparentar com eles e insinuando também serviam a Deus. Neemias não caiu nessa. O inimigo das nossas almas é astuto. A Bíblia diz que ele se transfigura em anjo de luz. Uma das artimanha do diabo é esconder a sua verdadeira face e intenções. É preciso discernimento e vigilância para não ser enganado.
6. O Inimigo usa como arma as AMEAÇAS. Os samaritanos ameaçaram guerrear contra os judeus. Mas, Neemias não se intimidou e continuou a obra. Entretanto, redobrou a atenção e a vigilância. Neemias colocou algumas pessoas para trabalhar e outras para cuidarem da segurança. Isso nos serve de alerta. Precisamos fazer a obra de Deus, mas, com prudência. Não devemos nos intimidar com as ameaças do inimigo. Mas, não podemos subestimá-lo ou brincar, porque ele é astuto e está ao nosso derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar.
III. QUAL O SEGREDO DA VITÓRIA DE NEEMIAS E DOS JUDEUS?
1. Os judeus venceram porque tinham certeza de que estavam na vontade de Deus. Neemias disse aos seus inimigos: “O Deus dos céus é o que nos fará prosperar” (Ne 2.20). Neemias não estava ali por sua própria conta. Ele tinha certeza de que Deus o comissionara para esta grande obra. Quem não tem chamada de Deus para fazer a sua obra, não vai muito longe e se deixa abater por qualquer coisa. Na primeira oportunidade, abandona a obra.
2. Os judeus venceram pela oração. Neemias era um homem dedicado à oração. Em vários textos do seu livro encontramos pequenas orações que ele fazia. Em todas as situações, ele falava com Deus. Não é possível vencer as perseguições e oposições à obra de Deus sem oração. Se tudo está difícil, o segredo é orar.
3. Devemos também orar (1Ts 5.17). Paulo escrevendo aos efésios, exortou-os a perseverarem em “oração e súplica no Espírito” (Ef 6.18). A mesma coisa aos colossenses: “Perseverai em oração” (Cl 4.2).
O que significa perseverar em oração?
O comentarista da lição, o saudoso Missionário Eurico Bergtén, nos mostra aspectos da perseverança na oração:
a. Impedir que alguma coisa atrapalhe o nosso momento de oração.
b. Persistir em orar, mesmo que o Diabo procure tornar pesada e difícil a oração.
c. Orar até que venha a resposta. (Is 62.8; Lc 24.49).
d. É uma prova de que o Espírito de oração opera em nós (Zc 12.10; Rm 8.26; Ef 6.18; Jd 20).
CONCLUSÃO
Fazendo a obra de Deus, certamente encontraremos oposição. Precisamos ter consciência de que estas oposições, críticas, afrontas, calúnias, escárnios, perseguições e ameaças, tem origem no diabo. É contra ele que temos que lutar, usando toda a armadura de Deus.
Não devemos nos assustar, nem desistir da obra, pois, maior é aquele que está conosco.
Pb. Weliano Pires
Assembléia de Deus - Ministério do Belém
São Carlos, SP.
Referências:
Lições Bíblicas CPAD, 3º Trimestre de 2020.
GOWER, Ralph. Novo Manual dos Usos e Costumes dos Tempos Bíblicos. 2ª Edição. RJ: CPAD, 2012, p.16).
Dicionário bíblico VINE: CPAD, 2006.
Guia Cristão de Leitura da Bíblia. RJ: CPAD, 2013, p.591).