29 novembro 2024

BÊNÇÃOS, PAIS E FILHOS

(Comentário do 3º tópico da Lição 09: Promessas para país e filhos).

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos das bênçãos prometidas aos pais e filhos. Primeiro falaremos da promessa de bênçãos para a posteridade. Os pais devem orar para que as bênçãos do Senhor venham sobre os seus filhos. Depois, falaremos da família como um lugar onde os filhos devem ser abençoados, principalmente através do culto doméstico, para que eles se desenvolvam espiritualmente. Por último, falaremos da proteção dos pais aos filhos. Os pais devem fazer do lar um ambiente em que os filhos estejam protegidos em todos os aspectos: físico, emocional e espiritual. 

1- Bênçãos para posteridade.  Neste ponto, o comentarista destaca a promessa de bênçãos espirituais para os filhos e menciona a promessa do batismo no Espírito Santo. Como fundamentação bíblica, ele cita o texto de Isaías 44.3,4, que diz: “Porque derramarei água sobre o sedento e rios, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes. E brotarão entre a erva, como salgueiros junto aos ribeiros das águas.” Na verdade, este texto não se refere ao batismo no Espírito Santo, mas é uma promessa de derramamento do Espírito Santo para Israel. Este avivamento acontecerá no Milênio, quando todo Israel se converterá a Cristo. Mas, o texto traz sim promessa para os filhos (sobre a tua prosperidade… sobre os teus descendentes). 

Na sequência, o autor faz menção ao texto de Joel 2.28 que diz: “E há de ser que, depois, derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.” Este sim, refere-se à promessa do batismo no Espírito Santo, conforme foi dito pelo apóstolo Pedro no Dia de Pentecostes, em Atos 2.16.17: “Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos”. Mais adiante em seu discurso, Pedro diz: “A promessa diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, o nosso Senhor, chamar”. (At 2.39). 

Os pais devem incentivar os filhos a buscarem o revestimento de poder, desde a infância. O Senhor Jesus batiza também crianças, adolescentes e jovens com o Espírito Santo. Na minha infância, eu sempre participei de cultos de oração e vigílias. Fui batizado com o Espírito Santo em uma vigília, aos 12 anos de idade. Infelizmente, muitos pais imaginam que os seus filhos devem apenas brincar, inclusive no templo. Não ensinam os filhos a orar e a buscar o revestimento de poder. Mas não deve ser assim. Temos vários exemplos de pessoas na Bíblia que buscaram a Deus na infância e adolescência, como José, Samuel, Davi, Timóteo e o próprio Jesus, que aos 12 anos estava no templo falando da Palavra de Deus com os doutores da Lei. 

2- Família: Lugar onde os filhos devem ser abençoados. O nosso lar deve ser um ambiente espiritual, onde buscamos a Deus em oração, lemos a Palavra de Deus e cantamos hinos de louvor a Deus. Aliás, na Igreja Primitiva, os crentes não tinham templos e cultuavam a Deus nas casas. Por isso, Paulo usa a expressão “a Igreja que está em sua casa”, referindo-se ao casal Priscila e Áquila (1 Co 16.19). Os irmãos estavam sempre juntos nas casas, cultuando a Deus e fazendo refeições juntos. Eles não se reuniam para falar mal dos outros ou da liderança da Igreja. Paulo, escrevendo aos Coríntios, disse: “Que fareis, pois, irmãos? Quando vos reunis, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação, faça-se tudo para edificação”. (1 Co 14.26). 

Hoje, graças a Deus, temos os nossos templos para nos reunirmos e cultuar a Deus com mais conforto, som e um espaço mais amplo do que as nossas casas. Mas, isso não significa que devemos cultuar a Deus somente no templo. Precisamos reunir a nossa família em nossas casas e também adorar a Deus. Nas lutas e dificuldades, os membros da família precisam estar juntos e encontrar amparo uns nos outros. Os nossos filhos precisam nos ver orando, estudando a Palavra de Deus e falando das coisas de Deus. No lar cristão não pode haver brigas, desrespeito, xingamentos, músicas profanas, novelas e filmes indecentes. Quando os nossos filhos, porventura, ouvirem algo que não agrada a Deus e repetirem em casa, devemos explicar para eles que Deus não se agrada daquilo. 

3- Pais que protegem seus filhos. No primeiro tópico, quando falamos de pais e filhos, com base no Salmo 127, a referência é aos filhos que são úteis aos pais, pois auxiliam no trabalho e ajudam a defender a família dos inimigos. Aqui neste ponto, o comentarista faz referência aos pais como protetores dos filhos na infância, adolescência e juventude, quando eles ainda estão em desenvolvimento e não têm ainda experiência de vida. As crianças são frágeis em todos os aspectos e precisam de proteção. Uma criança não tem noção dos riscos de acidentes e os pais precisam estar atentos para evitar fatalidades. É preciso proteger os nossos filhos também emocionalmente para evitar traumas psicológicos. Crianças não podem assistir qualquer coisa e ter contato com a violência e a imoralidade. No aspecto espiritual também as crianças precisam de proteção. O satanismo e o ocultismo estão por toda parte e nós precisamos proteger as nossas crianças destas abominações. Lamentavelmente, há pais cristãos que deixam os seus filhos assistirem filmes de terror e bang-bang. Os resultados serão trágicos. 

Na adolescência e juventude, embora os nossos filhos já tenham noção dos perigos físicos, eles são afoitos e gostam de correr riscos. Os pais precisam estar alertas com certas diversões que podem causar acidentes e até mortes como pipas, bicicletas, skates, represas, etc. Do ponto de vista emocional também os adolescentes e jovens são facilmente manipuláveis e podem ser influenciados por pessoas de má índole. Os pais precisam tomar cuidado com as amizades dos filhos e com aquilo que eles acessam na internet. O perigo está por toda parte. Os nossos filhos precisam ter confiança nos pais para falar sobre qualquer assunto e não se aconselharem com estranhos. 

REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. As promessas de Deus: Confie e viva as bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 
RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os Ataques do Inimigo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 94
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 40.
SWINDOLL, Charles R. Vivendo Provérbios. 13ª. Ed. Rio de Janeiro: 2023, p. 229. 

28 novembro 2024

O CUIDADO DOS PAIS COM OS FILHOS

Comentário do 2° tópico da Lição  09: Promessas para pais e filhos).

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos do cuidado dos pais com os filhos. O primeiro cuidado que os pais devem ter, é cultivar o ensino da Palavra de Deus aos filhos, começando no lar e depois conduzindo-os à Igreja local. Na sequência falaremos das prioridades na vida familiar, enfatizando que o cristão deve priorizar a sua família, pois, se as famílias estiverem bem, a Igreja também estará. Por último, falaremos da disciplina e estímulo aos filhos, que deve ser equilibrada e baseada no amor. A disciplina deve ser feita através do ensino e do exemplo dos pais. 


1- Cultivando o ensino da Palavra de Deus. A Igreja local, principalmente o pastor e o professor da Escola Dominical, tem a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus aos crentes. Entretanto, o ensino da Palavra de Deus deve começar em casa. É de responsabilidade dos pais ensinar aos seus filhos a Palavra de Deus. O tema da leitura bíblica diária da quarta-feira é: Cuidando dos filhos com a Palavra de Deus. Nas referências bíblicas, temos os textos de Deuteronômio 6.4-8 e 11.18,19. Nestes dois textos bíblicos, o Senhor fala para os pais ensinarem a Lei do Senhor aos filhos, assentados com eles à mesa, andando com eles no caminho, ao deitar e ao levantar. 


No Livro de Provérbios também há várias referências recomendando aos pais que instruam os seus filhos, mostrando-lhes o caminho em que devem andar. O texto mais conhecido é Provérbios 22.5 que diz: “Instrui à criança no caminho em que deve andar e quando envelhecer não se desviará dele”. Este texto nos mostra que os pais têm a responsabilidade de ensinar a Palavra de Deus aos filhos. Este ensino, no entanto, não deve ser apenas teórico. Os pais devem ensinar os filhos “no caminho” e não sobre o caminho. Ou seja, devem ensinar, andando também no caminho. O ensino do “faça o que digo, mas não o que eu faço”, não convence ninguém, principalmente as crianças. 


É importante esclarecer também que este texto não é uma promessa de que se ensinarmos a Palavra de Deus, os nossos filhos nunca se desviarão. Isso é uma tendência, pois aquilo que ensinamos na infância as crianças tendem a guardar por toda a vida. Mas, cada um é livre para fazer as suas escolhas. Há muitos pais que são servos de Deus e ensinaram a Palavra de Deus aos seus filhos, tanto na teoria, como no exemplo. Mas os filhos cresceram e se enveredaram por caminhos tortuosos. Neste caso, os pais fizeram a parte deles. 


Os nossos filhos passam várias horas por dia expostos a vários tipos de ensino perniciosos e a práticas que contrariam a Palavra de Deus. Por isso, precisamos gastar tempo com eles, para orar, ler a Bíblia e ensiná-los a ter um relacionamento com Deus. Não podemos negligenciar esta responsabilidade, ou deixá-los apenas a cargo da Igreja. Infelizmente, muitos pais crentes não se preocupam com a salvação dos seus filhos e não lhes ensinam a Palavra de Deus. Depois que os filhos crescem e dão trabalho ficam se perguntando onde erraram. 


2- Prioridades na vida familiar. Na sociedade pós-moderna, há muita correria e excesso de atividades. Há cobrança por todos os lados no trabalho, nos estudos e até na Igreja. É preciso estar conectado e se qualificar, senão fica para trás e não consegue trabalho. Um empresário, ou executivo de uma grande empresa, por exemplo, precisa estar antenado com várias informações da economia, política, tecnologia, leis, atualidades, etc. Participa de várias reuniões com acionistas, fornecedores, funcionários e clientes. Sendo assim, saem de casa cedo e voltam tarde, exaustos. Os operários, construtores, bancários, vigilantes, comerciantes, domésticas, atendentes, etc. também chegam em casa tarde, cansados e exaustos, tanto no aspecto físico como psicológico.  Sendo assim, não tem tempo e disposição para a família. 


Até mesmo os pastores e obreiros em geral tem tantas atividades, que muitas vezes não sobra espaço na agenda para a família. Mas não deve ser assim. Nos textos bíblicos em que há requisitos para se exercer o ministério, ou orientações para os obreiros, sempre é enfatizado o cuidado com a família. Escrevendo a Timóteo e a Tito, o apóstolo Paulo falou que os bispos e diáconos devem cuidar bem da sua casa e dos seus filhos (1Tm 3.2,4,12; Tt 1.5,6). Esta recomendação não se limita aos obreiros. Paulo disse também que “se alguém não cuida da sua família e dos seus, negou a fé e é pior do que o infiel”. (1Tm 5.8).


Se não podemos dar conta de fazer tudo o que nos é exigido, devemos estabelecer prioridades em nossa vida. Neste ponto, o comentarista apresentou uma proposta de prioridades na vida dos casais, que segundo ele, a família estaria assistida, se esta ordem for seguida: 1) o cônjuge; 2) os filhos; e 3) a igreja local. Muitos casais erram e prejudicam a família colocando os filhos acima do cônjuge. Outros colocam a igreja local à frente da família, o que também é um erro, pois se as famílias estiverem desestruturadas, a Igreja também estará, pois ela é formada de famílias. Alguém poderia perguntar: E Deus? não está em primeiro lugar? Na verdade, Deus não entra nesta lista, porque Ele deve estar presente em todos os momentos da nossa vida. Seja em casa, na Igreja, no trabalho, no lazer, Deus precisa ocupar o primeiro lugar em nossa vida. 


3- Disciplina e estímulos aos filhos. A disciplina é um ponto bastante polêmico, principalmente, porque muitas pessoas não sabem o significado de disciplina e a confundem com agressão. Por um lado há os liberais, que ensinam que não se pode jamais castigar uma criança e querem argumentar com as crianças de igual para igual, como se elas tivessem discernimento de adulto. Por outro lado, há os que praticam agressões e espancamentos, que podem até matar, achando que isso é disciplina. Isso é incompatível com a conduta cristã e é caso de polícia. 


Estes dois extremos devem ser evitados. Do ponto de vista bíblico, a disciplina tem dois aspectos. A disciplina pode ser uma referência à repreensão ou castigo, como em Hebreus 12.7,8. Nesse caso, o pai pode corrigir o filho que lhe desobedece, mas esta correção precisa ser moderada e com amor. Também deve ser o último recurso, caso haja insistência na desobediência. O outro aspecto da disciplina é o treinamento para desenvolver hábitos saudáveis, sejam alimentares, morais, ou espirituais (Ef 6.4; 1Tm 3.4). Os soldados e os atletas são usados como exemplos de disciplina. Os pais também devem ensinar bons hábitos aos seus filhos e treiná-los na prática. 


Nem só de disciplina vivem os filhos, como muitos pais antigos imaginavam. Deve haver também o estímulo por parte dos pais, para que o lar não se transforme num quartel. Os pais precisam elogiar os filhos quando eles acertarem. Há pais que são muito rápidos para repreender e criticar. Mas quando os filhos fazem algo de bom, ou obtém boas notas, dizem que não fizeram nada além da sua obrigação. Os pais também devem oferecer carinho, afago e brincar com eles, para que eles possam desenvolver afetividade para com os pais e os seus semelhantes. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. As promessas de Deus: Confie e viva as bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 
RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os ataques do inimigo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 94
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 40.
SWINDOLL, Charles R. Vivendo Provérbios. 13ª. Ed. Rio de Janeiro: 2023, p. 229. 

27 novembro 2024

O RELACIONAMENTO BÍBLICO ENTRE PAIS E FILHOS

(Comentário do 1° tópico da Lição 09: Promessas para pais e filhos)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos do relacionamento bíblico entre pais e filhos. Com base no Salmo 127, falaremos dos filhos como herança e galardão do Senhor, e da responsabilidade dos pais para com os filhos, em relação à educação e formação espiritual deles. Na sequência, falaremos da promessa para os filhos, que está condicionada à obediência aos pais. Por último, falaremos do mandamento e promessa para os pais, na criação dos seus filhos.

1- Pais e filhos. O Salmo 127 é de autoria de Salomão e faz parte de grupo de salmos chamados de “Cânticos dos degraus”, que vai do Salmo 120 ao 134. Alguns dizem que estes salmos são assim chamados, porque os levitas os cantavam enquanto subiam os degraus do templo. Outros dizem que os peregrinos cantavam estes salmos, quando subiam anualmente a Jerusalém, durante a viagem. Estes salmos expressam diversas experiências e sentimentos do povo de Deus em diferentes situações da vida, como angústias, calúnias, falta de segurança, cativeiro, felicidade no lar, etc. 

A mensagem do Salmo 127 é que todos os benefícios que temos provém de Deus. Se Ele não nos concedê-los, todos os nossos esforços, na construção da casa,  na segurança da cidade, ou no trabalho para ganhar o pão, serão em vão (Sl 127.1,2). Nos versos 3 e 4, o salmista fala da importância dos filhos, como herança e galardão do Senhor, e os compara a flechas nas mãos de um guerreiro, que as usa para se defender dos inimigos. Isto nos mostra que os filhos são úteis aos pais e também para a sociedade. 

Uma sociedade de pessoas estéreis ou com poucos filhos, em pouco tempo será uma sociedade de idosos, como está acontecendo nos países da Europa. Na sociedade pós-moderna, os filhos se tornaram fardos para muitos casais, que não querem ter trabalho, ou se sacrificar pela próxima geração. Não são poucos os casais que se casam e não querem ter filhos. Querem substituí-los por animais de estimação e chegam ao cúmulo de dizer que são “pais e mães de pets”. Por outro lado, pessoas que se relacionam com outras do mesmo sexo querem, a qualquer custo, adotar filhos. Há também mulheres que engravidam em relacionamentos sem nenhum compromisso e querem  abortar o filho, ou são forçadas pelo parceiro a fazê-lo, como se a criança fosse um objeto descartável, que pode ser jogado fora após o uso. É uma total inversão de valores. A presença do pai e da mãe, desde a concepção e durante toda a infância, é fundamental para a formação do caráter dos filhos e proteção deles. 

2- Um mandamento com promessa para os filhos. O quinto mandamento do Decálogo é direcionado aos filhos e é o primeiro dos mandamentos que vem com uma promessa condicional à sua obediência. Este mandamento ordena: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá”. (Êx 20.12). Na Epístola aos Efésios, o apóstolo Paulo, em seu ensino para os filhos, diz que eles devem obedecer aos pais no Senhor, porque isso é justo. Em seguida, ele menciona este mandamento e acrescenta “para que te vá bem e vivas muito sobre a terra”. (Ef 6.1-3).

A obediência, o respeito e a honra aos pais é algo justo que agrada a Deus. Quando são pequenos, os filhos nada sabem da vida e necessitam das orientações e ordem dos pais,  para aprender e também para a própria proteção. Os nossos pais exercem autoridade sobre nós e, portanto, devemos obedecer-lhes, para o nosso bem. Quando eles dizem não é porque nos amam e querem o nosso bem. Não são poucos os filhos que se deram muito mal, por desobedecer aos pais. 

Além de obedecer, devemos também honrar os nossos pais, em qualquer fase da nossa vida. Muitos filhos pensam que, pelo fato de terem crescido, os pais são dispensáveis. Claro que na idade adulta, os filhos são livres para tomar as próprias decisões. Mas isso não significa que devem desprezar a experiência dos pais e os seus conselhos. Na velhice, os papéis se invertem e os nossos pais devem ser honrados e cuidados por nós. Lamentavelmente, muitos filhos são ingratos, têm vergonha dos pais e os abandonam à própria sorte. Mas, certamente, irão colher o que plantaram. 

3- Mandamentos e bênçãos para os pais.  Conforme vimos acima, os filhos são herança e galardão do Senhor para os pais. Há mandamento para os filhos obedecerem e honrarem aos seus pais, com promessa de bênção. Entretanto, para os pais também há mandamento e promessa. Em muitos textos do Antigo Testamento é ordenado aos pais que ensinem a Palavra de Deus aos filhos e os criem segundo os princípios da Palavra de Deus. Falaremos disso no próximo tópico. 

O apóstolo Paulo orienta também aos pais para que “não provocar a ira dos seus filhos, mas criá-los na doutrina e admoestação do Senhor”. (Ef 6.4). O termo grego traduzido por “provocar a ira” é  “parorgizo”, que significa irritar, provocar, ou enfurecer. Os pais não devem abusar da autoridade que têm sobre os filhos e irritá-los com atitudes e palavras insensatas. Os pais irritam os filhos quando estão ausentes em momentos importantes na vida dos seus filhos, preocupados apenas em ganhar dinheiro e nunca tem tempo para os filhos. Outra forma de provocar a ira dos filhos é abusar deles, não apenas no sentido sexual, mas em todos os sentidos. Há muitos pais que abusam dos filhos com cobranças exageradas para a idade deles, agressões físicas e psicológicas e excesso de regras. 

Na segunda parte, do versículo, Paulo recomenda aos pais para criarem os filhos na doutrina e admoestação do Senhor. O termo grego traduzido por “criar” é “ektrefo”, que significa “levar à maturidade”. Os pais, portanto, devem levar os seus filhos à maturidade, na “doutrina e  admoestação do Senhor”. A palavra grega traduzida por doutrina neste texto é “paideia”, que significa disciplia e treino. Já a palavra admoestação aqui é “nouthesia”, que significa literalmente “colocar na mente”. Portanto, os pais devem levar os seus filhos à maturidade, com treinando-os e colocando a Palavra de Deus na mente deles. 


REFERÊNCIAS: 

RENOVATO, Elinaldo. As promessas de Deus: Confie e viva as bênçãos do Senhor porque Fiel é o que prometeu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 
RENOVATO, Elinaldo. A Família Cristã e os ataques do inimigo. Rio de Janeiro: CPAD, 2013, p. 94
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 40.
SWINDOLL, Charles R. Vivendo Provérbios. 13ª. Ed. Rio de Janeiro: 2023, p. 229. 

23 novembro 2024

A PAZ QUE JESUS PROMETEU

(Comentário do 3º tópico da Lição 08: A promessa de paz)

Ev. WELIANO PIRES 

No terceiro tópico, falaremos da Paz prometida por Jesus. Veremos que Jesus é o Príncipe da Paz, como falou o profeta Isaías, e somente Ele pode oferecer a verdadeira paz. Na sequência, falaremos da paz como uma promessa redentora. Deus prometeu que nasceria um da descendência da mulher, para redimir o ser humano e restabelecer a Paz com Deus. Por último, veremos que esta paz prometida por Deus excede todo entendimento, acalma o nosso coração e nos fortalece diante dos dissabores desta vida. 

1- O Príncipe da Paz. Segundo a profecia de Isaías 9.6, Deus prometeu enviar o Messias, que teria os seguintes nomes: “Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da Paz”. No versículo seguinte, o profeta afirma que esta paz não terá fim. No Novo Testamento, vemos o cumprimento desta profecia, na Pessoa bendita de Jesus Cristo, que veio trazer a Paz. Conforme diz o Texto Áureo da lição, Jesus disse aos seus discípulos:  “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou…”. 

Esta paz prometida por Deus no Antigo Testamento e cumprida em Jesus no Novo Testamento, acompanha os seus discípulos atualmente não plenamente, mas como uma amostra do que será na eternidade. Quando Jesus enviou os seus discípulos, com a missão de pregar o Evangelho, Ele disse: “E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; E, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.” (Mt 10.12,13). Somos, portanto, portadores da paz que o Príncipe da Paz veio trazer. 

Entretanto, esta paz que Jesus veio trazer habita apenas no coração daqueles que nele crerem, pois a paz é fruto do Espírito Santo (Gl 5.22). Certa vez, Jesus disse aos seus discípulos: “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares.” (Mt 10.34-36). Parece haver uma contradição deste texto, onde Jesus disse que “não veio trazer paz”, com o texto de João 14.27, onde Ele disse “Deixo-vos a paz”. É simples de compreender e não há contradição nenhuma. O fato é que Jesus veio trazer paz aos que nele creem, mas os que não crerem odiarão e serão inimigos dos discípulos de Jesus.

2- Uma promessa redentora. Quando Deus criou o primeiro casal, eles tinham paz e comunhão plena com Deus. Todos os dias, Deus visitava o Jardim e conversava com o casal. Entretanto, depois que eles pecaram contra Deus, tornaram-se inimigos de Deus e foram expulsos do Jardim. Deus é absolutamente Santo e não pode coabitar com o pecado. Para haver uma reconciliação entre Deus e o homem pecador, havia a necessidade de um redentor, ou seja, alguém que pagasse o preço do pecado e restabelecesse a paz com Deus. O próprio Deus prometeu enviar, através da descendência da mulher, alguém que derrotaria a serpente, que é o próprio Satanás (Gn 3.15; Ap 12.9).

Esta promessa de um redentor cumpriu-se em Cristo, que veio reconciliar o homem com Deus, mediante o seu sacrifício na cruz do Calvário. Jesus veio trazer a Paz com Deus e esta paz é obtida, unicamente através da justificação pela fé (Rm 5.1). Não pode haver paz entre o homem e Deus, se não houver justificação do pecado. Também não pode haver justificação do pecado por outro meio que não seja a fé em Cristo. Ninguém será justificado pelas obras, sofrimentos, sacrifícios ou merecimento. 

A paz com Deus está disponível a todos os povos. Na cruz, foi derrubada a parede de separação entre judeus e gentios: “Porque Ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades. (Ef 2.14,15). Os judeus se vangloriavam de serem o povo de Deus e desprezavam os demais povos. Mas, Cristo veio trazer paz e reconciliar com Deus todos os que nele crerem, de todos os povos. 

3- Uma promessa que excede todo o entendimento. Escrevendo aos Filipenses, o apóstolo Paulo os orientou a não se inquietarem por coisa alguma, mas apresentarem as suas petições a Deus em oração, súplicas e ações de graças (Fp 4.6). Na sequência, ele diz: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” (Fp 4.7). Isso nos mostra que a paz que Jesus oferece não é a ausência de problemas e conflitos. É uma tranquilidade sobrenatural diante das circunstâncias adversas, que está acima da compreensão humana. 

Quando olhamos para a situação dos verdadeiros cristãos ao longo da história, podemos perceber esta paz de Deus em seus corações, diante de grandes tubulações. O apóstolo Pedro, por exemplo, viu o seu colega de ministério, Tiago, ser preso e executado a mando de Herodes. Em seguida, ele também foi preso e sabia que seria o próximo. Mas ele dormia tranquilamente na prisão, enquanto a Igreja fazia contínua oração por ele. Deus não lhe revelou que ele seria liberto da prisão, mas em momento algum ele entrou em desespero. 

Da mesma forma, Paulo e Silas foram açoitados com varas em Filipos e presos. Na prisão, presos com cadeias de bronze, sem poderem sequer sentar, sentindo as dores dos açoites, eles encontraram motivação para orar e cantar louvores a Deus. Eles tinham em seus corações, uma paz sobrenatural vinda de Deus, que excede toda a compreensão humana. Nenhum ser humano, se não estiver cheio de Deus, consegue ter paz em uma situação dessa. No final da carreira, o mesmo Paulo estava preso em Roma, sabendo que seria executado. Mesmo assim, ele escreveu a segunda Epístola a Timóteo, dizendo: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”. (2Tm 4 7). Na sequência deste texto, ele ainda falou para Timóteo trazer a capa, os livros e os pergaminhos. Como pode alguém que está preso em uma masmorra, aguardando o momento da sua execução, pedir livros e as Escrituras para ler? Somente a paz de Deus pode fazer isso. 

21 novembro 2024

A PAZ ILUSÓRIA DO MUNDO

(Comentário do 2° tópico da Lição 8: A promessa de paz)

Ev. WELIANO PIRES


No segundo tópico, falaremos da paz ilusória deste mundo. Veremos que a paz que o mundo oferece é uma paz enganosa, pois se limita ao que é terreno e humano. Falaremos também da suposta paz que muitos pensam ter, através da prática das obras da carne, que não passa de ilusão. Por último, falaremos da falsa paz que haverá durante a Grande Tribulação, que será superficial, frágil e de aparências. 


1- Uma paz enganosa. Conforme falamos no tópico anterior, segundo o dicionário, paz é a ausência de conflitos, guerras e desarmonia. Com o fim do período medieval, na chamada Modernidade, teve início os ideais igualitários e o racionalismo. Isso deu origem aos primeiros movimentos democráticos nas américas. Esperava-se obter a paz, prosperidade e harmonia entre os povos. Entretanto, ocorreu o contrário, tivemos o surgimento de regimes autoritários e genocidas como o Nazismo, Fascismo e Comunismo, e duas guerras mundiais que resultaram em milhões de mortos. 


No final da Segunda Guerra Mundial foi criada a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de “unir todas as nações do mundo em prol da paz e do desenvolvimento, com base nos princípios da justiça, dignidade humana e no bem-estar de todos.” Mas, o que se viu foi o surgimento da Guerra Fria, a corrida armamentista das grandes potências por armas nucleares, aumento de conflitos religiosos, aumento do terrorismo, aumento da fome e desigualdade social, etc.


As pessoas buscam paz também naquilo que lhes oferece momentos de prazer e sensação de bem estar, como os vícios, drogas e bailes, e nos discursos das falsas religiões. Os vícios, drogas e baladas, podem trazer a sensação de paz momentânea, especialmente à juventude, que procura preencher o seu vazio existencial. Mas esta paz é enganosa e passageira. Quando estes momentos passam, o interior da pessoa continua cheio de tensões e conflitos internos. Muitos jovens, inclusive, brigam e até morrem, por causa do envolvimento com estes prazeres que o mundo oferece. 


As falsas religiões também propagam discursos enganosos de paz sem Jesus, através de meditações, sacrifícios, incensos, boas obras, comunicação com espíritos e guias, objetos supostamente sagrados, etc. Mas, estas coisas, em vez de trazer paz, trazem mais perturbação aos corações das pessoas que as praticam. Por isso, Jesus disse que não dá a sua paz como o mundo a dá. A paz que Jesus oferece é verdadeira, eterna e oferece descanso e tranquilidade aos que nele confiam. Esta paz fez com que Paulo e Silas tivessem motivação para orar e cantar louvores na prisão, após terem sido barbaramente açoitados, sem terem cometido crime algum. 


2- A “paz” das obras da carne. Aqui, o comentarista faz menção às obras da carne, que oferecem uma paz ilusória aos que praticam tais obras. No capítulo 5, da Epístola aos Gálatas, o apóstolo Paulo fala sobre a liberdade cristã, que é uma referência a não viver sob o jugo das ordenanças da Lei. Entretanto, Paulo faz uma ressalva e diz aos gálatas que o fato de não estarem mais sujeitos à lei, não deve servir de justificativa para continuarem na prática do pecado. 


A partir do versículo 16, Paulo faz um contraste entre as obras da carne e o Fruto do Espírito e cita uma lista de 16 obras que são incompatíveis com a vida cristã. A palavra carne neste texto, no grego é sarx, e tem vários significados na Bíblia, principalmente nas epístolas. Pode significar fraqueza física (GI 4.13); o corpo ou o ser humano (Rm 1.3) o pecado (Gl 5.24), os desejos реcaminos (Rm 8.8). No texto  de Gálatas 5.19-21, carne significa a natureza ресаminоsa do ser humano. 


As obras da carne mencionadas por Paulo, se dividem em três grupos: 

a. Pecados contra a moral: Prostituição, impureza e lascívia;

b. Pecados contra a fé: Idolatria e feitiçaria;

c. Pecados contra o próximo: Inimizades, porfias, emulações/ciúmes, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices e glutonarias. 


Paulo deixa claro que aqueles que se dizem cristãos e participam destas coisas não herdarão o Reino de Deus (Gl 5.21). Esta lista não é exaustiva, pois ele fala de “coisas semelhantes a estas”. As pessoas que vivem sem Deus, ou os falsos cristãos, praticam estas coisas buscando satisfação, felicidade e paz. Mas estas coisas, além de afrontarem a Deus, escravizam o ser humano e deixam um rastro de infelicidade onde são praticadas.


3- Uma falsa paz. Aqui, o comentarista usa a expressão “falsa paz”, referindo-se ao texto de 1 Tessalonicenses 5.3, onde o apóstolo Paulo fala sobre a falsa paz que será prometida na Grande Tribulação, que ocorrerá logo após o arrebatamento da Igreja. O governo do Anticristo assumirá o governo mundial, prometendo paz e segurança para o mundo. Mas, o que virá será exatamente o contrário, repentina destruição. 


Neste período, o mundo experimentará o aumento exponencial das guerras, fomes, desastres ambientais, doenças incuráveis e mortes. Estes acontecimentos foram profetizados por João no Apocalipse, representados por quatro cavaleiros, montados em cavalos das cores branca, vermelha, preta e amarela. Estas cores simbolizam, respectivamente: a falsa paz do Anticristo (branco), as guerras (vermelha),  os problemas econômicos  e a fome (preta) e as pestes e mortes (amarela). 


Não apenas na Grande Tribulação, mas em qualquer época, a paz que exclui Jesus, prometida por tratados internacionais, governos, ciência, religiões, ecumenismo, etc. será sempre uma falsa paz. Não pode haver paz sem Jesus, pois Ele é o Príncipe da Paz. Somente Ele pode nos conceder a verdadeira Paz. Portanto, a paz que o mundo oferece é enganosa e ilusória. Tem um hino antigo do Trio Alexandre que diz: 


Paz, paz, perfeita paz

Tem quem aceita a mensagem da cruz

Aceita a Cristo autor que dá paz,

Paz só se tem em Jesus.


20 novembro 2024

A PAZ NO PLANO DE DEUS

(Comentário do 1º tópico da Lição 08:  A promessa de paz)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos da paz no plano de Deus. Inicialmente, mostraremos o conceito de paz no dicionário, no Antigo Testamento e no Novo Testamento. Na sequência, falaremos da paz na bênção sacerdotal, que é um estado de plena satisfação em Deus. Por último, falaremos da Paz do Senhor Jesus, que traz quietude e tranquilidade ao nosso coração diante das aflições desta vida. 

1- O significado de paz. A palavra portuguesa “paz” vem do latim “pax” que significa “ausência de guerras e conflitos”. O dicionário de língua portuguesa traz as seguintes definições para a palavra paz: “estado de calmaria, de harmonia, de concórdia e de tranquilidade; calma; ausência de guerras e conflitos; anulação de hostilidades entre nações, mediante acordos de amizade”.

A palavra hebraica traduzida por paz no Antigo Testamento é Shalom, formada pelas letras hebraicas Shin, Lâmede e Men. Significa o estado de integridade e completude, advindos da comunhão com Deus, que faz o ser humano desfrutar das suas bênçãos, como veremos abaixo, na paz expressa na bênção sacerdotal de Números 6.24-26. Shalom é a saudação usada pelos israelitas ao longo dos séculos. 

O Novo Testamento usa a palavra grega “eirene”, traduzida por paz. O nome próprio “Irene” vem desta palavra. Na cultura grega, a paz significava a ausência de conflitos e disputas. Nos jogos olímpicos, os gregos suspendiam as guerras e disputas. Por isso, até hoje as olimpíadas trazem a ideia de harmonia entre os povos. Esta é a ideia de paz que existe no mundo. Entretanto, a ideia de paz na Bíblia não é sinônimo de ausência de conflitos e guerras. No Novo Testamento há pelo menos três tipos de paz: a paz com Deus, a paz de Deus e a paz com o próximo. Ao longo desta lição, discorreremos sobre estes tipos de paz. 

2- A Paz na bênção sacerdotal. No texto de Números 6.24-26, Deus falou para Aarão e seus filhos, como eles deveriam abençoar o povo de Israel: “O Senhor te abençoe e te guarde; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz”. No deserto, o povo de Israel dependia exclusivamente de Deus. Sendo assim, os sacerdotes proferiam estas palavras, rogando ao Senhor que os abençoasse, dando-lhes proteção, misericórdia e paz.

Para o povo israelita, ter paz não significava viver sem conflitos, pois, ao longo da sua história, eles enfrentaram muitas guerras, muitas delas ordenadas por Deus. Desfrutar de Shalom significava estar em perfeita comunhão com Deus, tendo a aprovação dele, e alcançar a sua proteção, misericórdia, saúde física e espiritual e plena satisfação. Deus é chamado na Bíblia de “O Deus de Paz” (1Ts 5.23). Um dos Nomes de Deus é Yahweh Shalom (O SENHOR é Paz) (Jz 6.24).

3- A Paz do Senhor. Nas suas últimas instruções aos seus discípulos, antes da crucificação, o Senhor Jesus lhes disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou. Não vo-la dou, como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.” (Jo 14.27). Jesus não ofereceu uma paz que consiste em ausência de conflitos, pois no mesmo discurso, Ele falou que o mundo os odiaria e os mataria por causa do Seu Nome. 

A Paz que o Senhor Jesus dá é o resultado da paz com Deus que é a restauração da comunhão com Deus, mediante a justificação pela fé. Quando o ser humano vive no pecado, ele é inimigo de Deus e não tem paz, pois o Príncipe da Paz é Jesus. Ao receber Jesus como Senhor e Salvador, a comunhão com Deus é restabelecida e o ser humano passa a ser filho de Deus e ter paz com Ele. 

Tendo paz com Deus, o homem passa a viver num estado de calmaria e contentamento, independente das circunstâncias adversas que porventura tenha que atravessar. Jesus disse aos seus discípulos: “Tenho vos dito estas coisas para que em mim tenhais paz. No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo”. (Jo 16.33). Observe que Jesus disse “em mim tenhais paz”, ou seja esta paz vem dele e não das circunstâncias que estamos vivendo. Quem está em Cristo, tem paz interior e com o próximo.

18 novembro 2024

INTRODUÇÃO À LIÇÃO 08: A PROMESSA DE PAZ

Ev. WELIANO PIRES

Nesta lição falaremos da promessa de paz contida na Palavra de Deus. Jesus Cristo é descrito na profecia de Isaías como “Príncipe da Paz”. Após a Queda, o ser humano tornou-se inimigo de Deus e não tem paz com Deus, nem com os seus semelhantes. Jesus prometeu aos seus discípulos, deixar-lhes a paz, não a paz do mundo, mas a paz de Deus, que excede todo entendimento.


No primeiro tópico, falaremos da paz no plano de Deus. Inicialmente, mostraremos o conceito de paz no dicionário, no Antigo Testamento e no Novo Testamento. Na sequência, falaremos da paz na bênção sacerdotal, que é um estado de plena satisfação em Deus. Por último, falaremos da Paz do Senhor Jesus, que traz quietude e tranquilidade ao nosso coração diante das aflições desta vida.


No segundo tópico, falaremos da paz ilusória deste mundo. Veremos que a paz que o mundo oferece é uma paz enganosa, pois se limita ao que é terreno e humano. Falaremos também da suposta paz que muitos pensam ter, através da prática das obras da carne, que não passa de ilusão. Por último, falaremos da falsa paz que haverá durante a Grande Tribulação, que será superficial, frágil e de aparências.


No terceiro tópico, falaremos da Paz prometida por Jesus. Veremos que Jesus é o Príncipe da Paz, como falou o profeta Isaías e somente Ele pode oferecer a verdadeira paz. Na sequência, falaremos da paz como uma promessa redentora. Com a entrada do pecado no mundo, o relacionamento do homem com o Seu Criador foi interrompido. Mas Deus prometeu que nasceria um da descendência da mulher, para redimir o ser humano e restabelecer a Paz com Deus. Por último, veremos que esta paz prometida por Deus excede todo entendimento, acalma o nosso coração e nos fortalece diante dos dissabores desta vida.

16 novembro 2024

PROMESSAS PARA O CORAÇÃO

(Comentário do 3° tópico da Lição 07: A promessa de um coração novo)

Ev. WELIANO PIRES

No terceiro tópico, falaremos das promessas de Deus para o coração. A primeira delas é a promessa de um coração feliz. Uma pessoa que nasceu de novo tem a alegria do Senhor. A segunda promessa é a de um coração cheio de amor, pois o amor de Deus é derramado em seu coração. A terceira promessa é o penhor do Espírito no coração. Este penhor é a garantia da nossa salvação por Deus. 

1- Um coração feliz. Há promessa na Bíblia para aqueles que foram regenerados pelo Espírito Santo. Quem foi salvo por Jesus vive um estado de plena satisfação e felicidade, não por seus próprios méritos e esforços, mas porque nasceu de novo e o seu caráter foi transformado pelo Espírito Santo. No conhecido Sermão da Montanha, quando o Senhor Jesus proferiu as Bem -aventuranças, Ele disse: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus” (Mt 5.8). 

A palavra “bem-aventurado” no grego é "makarios" e significa um estado de plenitude e de felicidade profunda, resultante da presença de Deus e da certeza da vida eterna. Para o cristão, a felicidade não está em si mesmo e não depende dos próprios esforços ou circunstâncias em que ele vive. A felicidade na vida do cristão é resultado da sua comunhão com Deus e fidelidade à Sua Palavra. 

Quando o homem dá ouvidos à Palavra de Deus, o Espírito Santo produz uma profunda transformação em seu interior, que o torna feliz em quaisquer circunstâncias, seja favorável ou adversa. Foi isso que Paulo expressou aos Filipenses: “Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece.” (Fp 4.12,13). 

Infelizmente, as pessoas lêem apenas o versículo 13 e deturpam o seu significado, achando que Paulo estaria dizendo que pode tudo, no sentido de conquistar tudo. O contexto mostra que o apóstolo estava dizendo que ele sabia se contentar em qualquer circunstância, pois Cristo o fortalecia. A nossa felicidade não consiste naquilo que temos, nem tampouco em circunstâncias que nos são favoráveis. Somos felizes porque Cristo nos salvou da condenação eterna e nos reconciliou com Deus. 

2- Um coração cheio de amor.  Há promessa de Deus de derramar o seu amor nos corações regenerados. O Senhor Jesus, nas suas últimas instruções aos seus discípulos disse: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor.” O amor procede de Deus e é a essência do Cristianismo. O apóstolo João assim escreveu: “Amados, amemos uns aos outros, pois o amor procede de Deus. Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.” (1 Jo 4.7). O apóstolo Paulo, escrevendo aos Romanos, disse: “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nosso coração pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5.5).

O amor é a maior das virtudes e é superior a todos os dons espirituais. Nas virtudes do Fruto do Espírito, o amor encabeça a lista (Gl 5.22). Paulo demonstrou em seus escritos que a expressão máxima de amor foi manifestada por Deus, através do seu Filho Jesus Cristo. “Mas Deus prova o seu amor para conosco em que Cristo morreu por nós, sendo nos ainda pecadores” (Rm 5.8). Jesus também já havia dito isso aos seus discípulos, em outras palavras: "Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.” (Jo 3.16) “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos.” (Jo 15.13). 

Sendo o amor uma virtude que procede de Deus, todo aquele que teve o seu coração regenerado pelo Espírito Santo, evidentemente, estará cheio do amor de Deus. É importante esclarecer que o amor de Deus é muito diferente daquilo que o mundo chama de amor. O amor na Bíblia tem conotação prática e não é um mero sentimento. É uma entrega voluntária e sem interesses, em favor do próximo, inclusive daqueles que nos têm como inimigos. Este é o amor que Deus nos ofereceu e é isso que Ele derrama em nosso coração. É impossível ao homem, por sua própria natureza, produzir um amor com estas características. Em um coração regenerado não há espaço para ódio, rancor, inveja, sentimento faccioso e outros sentimentos carnais. Somente Deus pode fazer isso em nosso interior. 

3- O penhor do Espírito no coração.  Quando o homem crê em Jesus, Deus lhe concede o Espírito Santo, como garantia de que aquela pessoa pertence a Deus: “Mas o que nos confirma convosco em Cristo e o que nos ungiu é Deus, o qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações” (2 Co 1.21-22). Era comum naqueles tempos, os comerciantes realizarem uma transação comercial e deixarem uma parte do pagamento como garantia de que haviam comprado uma mercadoria e depois voltariam para buscá-la. O apóstolo Paulo usou esta analogia para se referir ao Espírito Santo que Deus concedeu para habitar naqueles que creram em Cristo, como uma garantia de que aquela pessoa agora pertence a Deus. O coração que foi regenerado tem o Espírito Santo morando nele, como penhor ou garantia de que Deus cumprirá nele as suas promessas. Paulo escreveu aos Romanos dizendo: “Se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”. (Rm 8.9).

Jesus já havia prometido aos seus discípulos que iria para o Pai, mas não os deixaria órfãos, pois enviaria “outro Consolador”, para ficar para sempre com eles (Jo 14.16-18). A expressão grega traduzida por “outro consolador”, é “Allos parakletos”. Allos, significa “outro da mesma espécie”. É diferente de “heteros”, que significa “outro diferente”.  “Parakletos”, por sua vez, é uma palavra formada por dois termos gregos “pará” (ao lado de) e “Kaleo” (chamar, convocar). Portanto, esta palavra significa um defensor, advogado, intercessor ou ajudador, que foi chamado para representar outra pessoa no tribunal. 

REFERÊNCIAS:
 
RENOVATO, Elinaldo. As promessas de Deus: Confie e viva as bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 39.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave: Hebraico e Grego. RIO DE JANEIRO, CPAD, 2015, p.2252.
Pentecostalismo com Inteligência: pentecostalismo.com
LONGMAN III, Tremper. Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p. 407
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, Vol. 1. pp. 501, 502

15 novembro 2024

O CORAÇÃO DE QUEM ESTÁ EM DEUS

(Comentário do 2° tópico da Lição 06: A promessa de um coração novo)

Ev. WELIANO PIRES

No segundo tópico, falaremos do coração de quem está em Deus. Veremos que uma pessoa que está em Cristo, tem um coração inclinado para Deus, pois passa pelo processo do novo nascimento. Na sequência, veremos que a pessoa que nasce de novo tem um coração consciente e procura fazer a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Por último, veremos que Deus contempla o coração humano, que é o lugar mais escondido da pessoa humana. O nosso Deus é onisciente e vê todas as coisas. 

1- Um coração inclinado a Deus. Conforme estudamos na lição 05, um dos aspectos da Salvação é a regeneração, que também é chamada de novo nascimento. Neste processo de regeneração, o Espírito Santo produz uma mudança radical no interior da pessoa que recebe a Cristo como Senhor e Salvador. Com esta transformação a pessoa passa a ter a mente de Cristo e um coração inclinado para Deus. Quem não passa por este processo não pode ver, nem entrar no Reino de Deus (Jo 3.3-5). 

Falando sobre isso, no capítulo 8 da Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo disse que “os que são segundo a carne, inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, inclinam-se para as coisas do Espírito”. (Rm 8.5). Quem teve o coração regenerado pelo Espírito Santo, busca as coisas que são do alto e procura agradar a Deus em tudo o que faz, apesar das suas falhas e limitações. O pecado na vida de quem foi regenerado será sempre algo a ser evitado e, se acontecer, a pessoa se entristece e busca o perdão de Deus. Os que andam na carne não são assim. Praticam as obras da carne sem nenhum constrangimento e sentem prazer no pecado. Quando são confrontados, se defendem e colocam a culpa nos outros. 

2- Um coração consciente. Quem recebeu um novo coração, tem a sua consciência cativa à Palavra de Deus. Sendo assim, o seu coração é consciente das verdades eternas da Palavra de Deus, que estão guardadas em seu interior. O salmista diz no Salmo 119.11: “Escondi a tua Palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti”. Quem tem um coração consciente confronta diariamente os próprios pensamentos, palavras e obras com a Palavra de Deus e molda a sua vida por ela. Esta convicção está acima da sua própria vida, vontades e interesses pessoais. 

O reformador Martinho Lutero, quando teve as suas convicções confrontadas pelo alto clero de Roma e foi instado a renegar os seus escritos, declarou corajosamente: “A menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém.”

3- Deus vê o coração. Ninguém é capaz de conhecer o coração humano. Nem a própria pessoa conhece a si mesmo em sua plenitude. Há aspectos da nossa personalidade que se revelam em determinadas circunstâncias, como em situações de perigo, por exemplo. Há pessoas que dizem que jamais fariam certas coisas. Mas, no momento de ira, ou para se defender, acabam fazendo. Pedro, por exemplo, insistiu com Jesus que morreria com Ele e jamais o negaria. Entretanto, pouco tempo depois negou o Mestre por três vezes. 

Neste subtópico, o comentarista abre um parêntese para falar que Deus vê o coração humano e sabe se ele realmente foi regenerado. Em Sua Onisciência, Deus conhece todos os segredos e ninguém pode esconder nada dele. Sendo assim, Ele conhece o nosso interior, sonda o nosso coração e sabe não apenas as nossas ações, mas também as nossas intenções. As aparências, palavras e fingimentos enganam aos seres humanos, mas não a Deus. 

No Salmo 139, o salmista fala da Onisciência de Deus e diz que Ele conhece tudo, inclusive o seu pensamento. No final, ele faz um apelo a Deus para que sonde o seu coração, prove os seus pensamentos, veja se há algum caminho mau e o guie pelo caminho eterno (Sl 139.23,24). Em vez de argumentar com Deus e questionar alguma coisa, devemos pedir humildemente que Ele sonde o nosso coração e diga o que precisa ser mudado. 

14 novembro 2024

O CORAÇÃO NA PERSPECTIVA BÍBLICA

(Comentário do 1º tópico da Lição 07:  A promessa de um coração novo)

Ev. WELIANO PIRES

No primeiro tópico, falaremos do coração na perspectiva bíblica. Inicialmente, falaremos dos significados da palavra coração na Bíblia, que varia de acordo com o contexto. Na sequência, falaremos da expressão “circuncisão do coração”, usada pelo apóstolo Paulo. Por último, falaremos da promessa de um coração novo, mencionada pelo apóstolo Paulo, que remonta a uma profecia de Jeremias, na qual Deus promete escrever as suas palavras no coração do seu povo. 

1- O coração na Bíblia. As palavras traduzidas por coração na Bíblia tem vários significados e variam de acordo com o contexto. Conforme disse o comentarista, raramente a palavra coração se refere ao órgão físico. Em 2 Sm 18.14, a palavra coração se refere ao órgão físico, quando Joabe feriu a Absalão e “traspassou-lhe o coração”. O mesmo ocorre em 2 Rs 9.24, quando Jeú feriu o rei Jorão entre os braços e a flecha saiu no coração. Nestas duas referências, a palavra coração é uma alusão ao órgão físico. Entretanto, na maioria das vezes, a palavra coração tem outros significados. 

O Antigo Testamento usa as palavras hebraicas “lev” e “levav”, outra forma alternativa, traduzidas por coração, com vários significados, além do órgão físico. Estas palavras são usadas para se referir ao centro das emoções, dos pensamentos, ou da vontade humana. Em Deuteronômio 6.5, no Shemá Israel, o povo de Israel é recomendado a “amar o Senhor Deus de todo o coração”. O coração aqui representa o centro da vida emocional e espiritual do ser humano. No Livro de Provérbios, o coração está ligado à moralidade, ética, sabedoria e entendimento do ser humano. 

No Novo Testamento a palavra grega traduzida por coração é “kardia”, que deu origem às palavras portuguesas: cardiologia, cardíaco, taquicardia, cardiovascular, eletrocardiograma, etc. O termo grego “kardia” é usado para se referir tanto ao órgão físico, quanto em sentido figurado, para se referir ao centro das emoções humanas, ou à vida espiritual. Assim como acontece no Antigo Testamento, o coração no Novo Testamento pode ser uma referência ao centro das emoções, pensamentos e vontades do ser humano. Neste sentido, Jesus afirmou: “Bem aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus”. (Mt 5.8). O coração também é mencionado como o local onde se crê em Deus (Rm 10.9-10). Neste sentido, é uma referência ao espírito humano, pois a fé é uma faculdade do Espírito. Em Hb 4.12, o coração aparece como o centro das intenções e vontades humanas. Neste sentido é uma referência à alma humana. Jesus também falou do coração como o centro do pensamento e do intelecto humano (Mt 13.15).

2- A circuncisão do coração. No primeiro texto da Leitura Bíblica em Classe, em Romanos 2.25-29, o apóstolo Paulo critica os judaizantes que insistiam na ideia de que os cristãos deveriam praticar a circuncisão. O apóstolo explica o sentido da verdadeira circuncisão na Nova Aliança. A circuncisão era uma cirurgia feita no órgão sexual dos meninos descendentes de Abraão, no oitavo dia de nascimento. Esta cirurgia era feita com facas de pedra e cortava a pele que cobria o prepúcio. Era um sinal físico do pacto de Deus com Abraão. A circuncisão também era praticada por outras culturas da época, mas não era para todos como em Israel. Deus ordenou que todos os descendentes de Abraão do sexo masculino e os escravos nascidos em suas casas deveriam ser circuncidados. 

Os judeus se orgulhavam da circuncisão e se achavam superiores aos incircuncisos, que eram os povos não israelitas. Paulo explica que na Nova Aliança, a circuncisão não é física mas espiritual, feita pelo Espírito Santo nos corações. É uma referência ao novo nascimento ou regeneração que é na transformação do nosso homem interior. Na Antiga Aliança, quem não era circuncidado fisicamente não fazia parte do pacto de Deus com Israel. Da mesma forma, na Nova Aliança, aquele que não nascer de novo, ou não tiver o coração circuncidado, não pode entrar no Reino de Deus. 

3- Um coração novo. Este ensino do apóstolo Paulo está em perfeita sintonia com a profecia de Jeremias 31.31-34, que é a segunda parte da Leitura Bíblica em Classe. Nesta profecia, o profeta Jeremias diz que Deus estabelecerá um novo pacto com o seu povo e escreverá a sua lei nos corações e não mais em pedras. O Senhor diz que não haverá mais a necessidade de que um israelita ensine ao seu companheiro, dizendo que ele deve conhecer ao Senhor, pois todos o conhecerão e serão perdoados por Deus. 

Entretanto, vale lembrar que esta profecia de Jeremias não se refere ao novo nascimento na Nova Aliança, conforme o ensino de Paulo. A profecia de Jeremias se refere à restauração nacional, espiritual e geográfica de Israel que ocorrerá no Milênio, quando todo o Israel será salvo. Neste período, Deus cumprirá em sua plenitude a promessa feita a Abraão de dar toda aquela terra aos seus descendentes. Haverá também a restauração geográfica na região do Mar Morto. Segundo a profecia de Ezequiel, haverá vida e prosperidade naquela região, que hoje é desértica e cheia de sal. A Bíblia nos mostra que Deus não rejeitou o seu povo e voltará a tratar com Israel, após o arrebatamento da Igreja. Por isso, não podemos admitir a teologia da substituição, que ensina que a Igreja substituiu Israel no Plano de Deus. 

REFERÊNCIAS:

RENOVATO, Elinaldo. As promessas de Deus: Confie e viva as bênçãos do Senhor porque Fiel é o que Prometeu. RIO DE JANEIRO: CPAD, 1ª Ed. 2024. 
ENSINADOR CRISTÃO. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2024, Ed. 99, p. 39.
Bíblia de Estudo Palavras-Chave: Hebraico e Grego. RIO DE JANEIRO, CPAD, 2015, p.2252.
Pentecostalismo com Inteligência: pentecostalismo.com
LONGMAN III, Tremper. Dicionário Bíblico Baker. Rio de Janeiro: CPAD, 2023, p. 407. 
Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. RIO DE JANEIRO: CPAD, 2009, Vol. 1. pp. 501, 502.

PROTEÇÃO ESPIRITUAL CONTRA O INIMIGO

(Comentário do 1° tópico da Lição 10: A promessa de proteção divina) Ev. WELIANO PIRES No primeiro tópico, falaremos da proteção espiritual ...