15 julho 2022

O PADRÃO BÍBLICO PARA UMA SEXUALIDADE SADIA


(Comentário do 3º tópico da Lição 3: A sutileza da imoralidade sexual).

Nos tópicos anteriores falamos sobre os aspectos negativos da sexualidade humana, com práticas sexuais que contrariam a vontade de Deus e são condenadas em Sua Palavra. Neste terceiro e último tópico falaremos da sexualidade sadia, ou seja o padrão divino para as relações sexuais. Falaremos sobre os propósitos da sexualidade, que é a procriação e a complementação e satisfação do casal, nos limites do casamento. Por último, faremos um complemento ao tópico anterior, trazendo orientações pastorais sobre a forma como a Igreja deve tratar os homossexuais. 


1- O sexo atende uma necessidade da criação. Quando Deus criou o primeiro casal, os abençoou e disse: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.28). Vemos aqui que a função principal do sexo é a multiplicação da espécie. Não há outra forma da espécie humana se perpetuar, a não ser através da atividade sexual. Se o primeiro casal resolvesse não ter filhos, em 930 anos (idade de Adão), a espécie humana teria sido extinta. 


A capacidade de se reproduzir é um privilégio que Deus deu aos seres vivos. Deus compartilhou conosco a capacidade de dar origem a novos seres. Evidentemente, é Ele quem dá a vida, mas, a concede por nosso intermédio. Nos primórdios da raça humana, as mulheres estéreis se sentiam humilhadas ou amaldiçoadas. Sara, Rebeca, Raquel e Ana são exemplos de mulheres que eram estéreis e geraram filhos milagrosamente, por intervenção divina. 


Os filhos são herança e bênçãos de Deus. O Senhor demonstrou a sua bondade para conosco, concedendo-nos a terra como herança, para vivermos nela com todos os recursos naturais. Ele também expressou a sua bondade nos concedendo a herança da posteridade, que são os nossos descendentes. O Salmo 127 expressa muito bem isso: “Eis que os filhos são herança do Senhor , e o fruto do ventre, o seu galardão. Como flechas na mão do valente, assim são os filhos da mocidade. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão confundidos, quando falarem com os seus inimigos à porta.” (Sl 127.3-5).


Há, no entanto, um grande equívoco em relação à procriação. Muitos interpretam que esta ordem de Deus vale para os dias atuais da mesma forma e, portanto, não pode haver nenhum casal sem filhos e não pode haver limites na quantidade de filhos. Os mórmons, por exemplo, ensinam que o casamento é uma obrigação. Ora, a ordem de Deus para multiplicar-se e povoar a terra foi dada em um contexto em que havia apenas um casal em toda a terra. Se eles não se reproduzissem, a espécie humana estaria ameaçada de extinção. Hoje, no entanto, a realidade é outra, pois, a população mundial está em torno de 8 bilhões de pessoas. 


2- O sexo como complementação e satisfação. Conforme vimos acima, a função principal do sexo é a procriação e multiplicação da espécie. Mas esta não é a única finalidade. O sexo também tem a finalidade de proporcionar a complementação e satisfação do casal, no âmbito do casamento. Infelizmente, muitos religiosos vêem a relação sexual como pecaminosa ou vergonhosa. Mas isso não tem nenhum fundamento bíblico. Salomão assim se expressou sobre este assunto: Seja bendito o teu manancial, e alegra-te com a mulher da tua mocidade, como cerva amorosa e gazela graciosa; saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê atraído perpetuamente.” (Pv 5.18,19). Depois, no Livro de Eclesiastes, ele também disse: “Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de vida da tua vaidade; os quais Deus te deu debaixo do sol, todos os dias da tua vaidade; porque esta é a tua porção nesta vida e do teu trabalho que tu fizeste debaixo do sol.” (Ec 9.9). O Livro de Cantares de Salomão, principalmente, é uma excelente obra, escrita para exaltar o relacionamento entre o marido e a sua esposa, de forma pura e prazerosa. 


Outro fator importante sobre o sexo como fonte de prazer do casal é que o a relação sexual no casamento serve para evitar os pecados sexuais. O apóstolo Paulo falando sobre isso assim escreveu: Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. 

O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher, ao marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também, da mesma maneira, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos defraudeis um ao outro, senão por consentimento mútuo, por algum tempo, para vos aplicardes à oração; e, depois, ajuntai-vos outra vez, para que Satanás vos não tente pela vossa incontinência.” (1 Co 7.2-5). 


O apóstolo ensina aqui que a relação sexual entre marido e mulher tem também o objetivo de satisfazer a ambos e evitar as tentações, por causa da abstinência. Ele explica também que, tanto o homem quanto a mulher, são devedores um ao outro de oferecer-lhe o prazer sexual. Portanto, não podem se negar a fazer isso. Infelizmente, há pessoas que fazem isso e acabam destruindo o casamento. Em nome de uma suposta santidade, há pessoas querendo viver como anjos e deixam o cônjuge em situação vulnerável diante das tentações sexuais. Há também casos de mulheres que querem negociar a prática sexual com o marido: se ele comprar o que ela quer, terá sexo. Caso contrário, não terá. Ora, isso é uma espécie de prostituição, pois está negociando o próprio corpo. 


O sexo conforme planejado por Deus é uma bênção! Dentro dos limites do casamento o sexo deve ser obrigatório e algo a ser celebrado. O sexo foi criado para o matrimônio e devemos desfrutar dele intensamente. Evidentemente, há diferenças entre homem e mulher nesta área, que devem ser entendidas e ajustadas. Há também problemas de saúde, que muitas vezes impedem o devido funcionamento da atividade sexual. Mas, com os avanços da medicina, isso também tem jeito. Há casos de ejaculação precoce, impotência sexual, frigidez (dificuldades de excitação e lubrificação), dificuldades para atingir o orgasmo, etc. que podem ser resolvidos com tratamento médico. Os problemas emocionais e de relacionamento também são responsáveis por problemas na área sexual. Não dá para imaginar uma mulher que foi maltratada pelo esposo durante todo o dia, relacionar-se sexualmente com ele à noite. 


3- O pastoreio cristão e a prática homossexual. A homossexualidade representa um grande desafio para a Igreja, não apenas os que estão lá fora, mas também casos que acontecem em nosso meio. Se por um lado temos que reprovar a prática homossexual, pois a Bíblia a condena como vimos no tópico anterior, precisamos ver os homossexuais como pessoas, que Deus ama e quer salvar. Outra coisa que devemos ter em mente é que o pecado da prática homossexual não é pior do que o adultério, a prostituição e outros pecados sexuais. O mesmo Deus que liberta as pessoas de outros pecados também pode libertar deste, caso a pessoa queira. 


Constantemente a Igreja Evangélica é acusada de ser homofóbica e preconceituosa, por discordar da prática homossexual. Mas é preciso separar as coisas. O fato de não concordarmos com esta prática, não significa que odiamos ou temos fobia de quem a pratica. Fobia, segundo o dicionário é o medo exagerado de algo ou de alguma situação, que gera no indivíduo uma sensação de terror, pânico, ansiedade e perturbação. Eu, particularmente, não concordo com a prática homossexual, pois a Bíblia a condena. Mas nem por isso eu entro em pânico quando vejo um homossexual. Tenho amigos e até parentes que são homossexuais e convivemos de forma respeitosa. 


Há, no entanto, em nosso meio, pessoas que têm atitudes hostis em relação aos homossexuais, que acabam bloqueando o acesso destas pessoas às Igrejas. Isso faz com que eles tenham receio de procurar ajuda nas Igrejas, pois temem que sejam discriminados ou envergonhados. Infelizmente a maioria dos evangélicos não estão preparados para lidar com esta questão ou para evangelizar homossexuais. A Igreja é a agência do Reino de Deus na terra e deve estar preparada para receber e oferecer abrigo a todos os tipos de pecadores. 


A Igreja precisa buscar conhecimento na área familiar e fortalecer os laços familiares através da oração, palestras, aconselhamentos e conscientização dos seus membros. Uma família desajustada é um terreno fértil para  a atuação do inimigo nesta área. A Igreja tem a obrigação de confrontar o machismo, o feminismo e toda e qualquer espécie de agressividade no lar. Para isso, o testemunho da Igreja é fundamental. Uma Igreja que tolera em seu meio, práticas iguais ou piores que as que existem lá fora, jamais terá autoridade moral para alcançar os perdidos. 


Se oferecemos ajuda a quem está no alcoolismo, drogas, prostituição, adultério, etc. por que não podemos fazer o mesmo com os homossexuais? June Hunt, em seu livro “Homossexualidade: Um caso de identidade trocada”, oferece algumas orientações de como ajudar um homossexual, que transcrevo resumidadmente abaixo:

  • Permita que Deus te usar na vida de um homossexual como uma “ponte” para Seu amor e Seu poder para conseguir a vitória.

  • Ame o seu próximo como a si mesmo. (Lucas 10:27)

  • Não mostre uma atitude condenatória contra homossexuais. (Mt 7.1)

  • Escute o que querem dizer sem interrupção. (Há tempo de falar e de calar). (Ec 3:7)

  • Mostre-lhe um amor e aceitação incondicional, mesmo que você reprove a sua conduta. Oriente a pessoa a buscar a Deus e intimidade com Ele. (Mt 6.33)

  • Ajude a pessoa a ver qual é a sua verdadeira identidade em Jesus Cristo. (Jo 1.12)

  • Mostre à pessoa algumas passagens bíblicas específicas para memorizar. (1 Co 10.13)

  • Interceda pela pessoa, pedindo a proteção de Deus através da oração. (Satanás sabia que Deus tinha colocado uma “cerca de proteção” ao redor de Jó) (Jó 1:10).

  • Faça a pessoa responsável pela própria mudança, não seja responsável por ela. (Ro 14.12).


REFERÊNCIAS: 

GONÇALVES, José. Os Ataques Contra a Igreja de Cristo. As Sutilezas de Satanás neste Dias que Antecedem a Volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

CHAMPLIN, Russell Norman. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pág. 20.

HENRY, Matthew. Comentário Bíblico Matthew Henry: Deuteronômio.  Editora CPAD. 4 Ed 2004. pag. 9.

MAHANEY C. J. Sexo, romance e a gloria de Deus. O que todo marido cristão precisa saber. Editora CPAD. 3 Ed. 2008.

SOARES, Esequias. Casamento, divórcio e sexo a luz da Bíblia. Editora CPAD. pág. 67-68.

HUNT, June. Homossexualidade: Um caso de identidade trocada.

Raymond Carlson - Thomas E .Trask – Loren Triplett – Dick Eastman -Tommy Barnett Charles T. Crabtree – John Bueno – Zenas J. Bicket - Nancie Carmichael. Manual Pastor Pentecostal Teologia e Práticas Pastorais. 3 Ed. 2005. pág. 568-569.


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Pb. Weliano Pires

14 julho 2022

AS PRINCIPAIS DISTORÇÕES DA SEXUALIDADE SADIA


Comentário do 2⁰ tópico da Lição 3: A sutileza da imoralidade sexual 

Conforme vimos no tópico anterior, a chamada Revolução Sexual trouxe um novo padrão de comportamento na área da sexualidade, afastando a sociedade ocidental cada vez mais dos princípios judaico-cristãos. O padrão bíblico para a sexualidade passou a ser considerado retrógrado e, portanto, um tabu a ser quebrado. Em virtude desse desregramento e vale tudo, a sexualidade humana tem sofrido distorções de várias espécies, que atentam contra a santidade do Criador e trazem graves consequências, tanto para quem pratica, quanto para os que estão ao seu lado. 


Na Bíblia há várias práticas que são condenadas tanto no Antigo, quanto no Novo Testamento, na área sexual: Adultério, cobiça à mulher do próximo, incesto, homossexualismo, fornicação, prostituição, lascívia e impureza sexual. No Antigo Testamento, a maioria destas práticas eram punidas com a morte, porém não havia punição para as intenções. No Novo Testamento, no entanto, não há punições físicas para quem cometer esses pecados, porém, há a advertência de que quem pratica estas coisas não herdará o Reino de Deus. Há também a inclusão dos pecados intencionais como os pensamentos impuros e a lascívia. 


Neste tópico estudaremos os três principais pecados sexuais que são a fornicação, o adultério e o homossexualismo. Veremos as definições destas palavras no grego, a abrangência de cada uma delas na Bíblia e nas sociedades antigas e as sutilezas do inimigo para fazer parecer que estes comportamentos são normais e devem ser tolerados. 


1- A prática da fornicação. A palavra fornicação é praticamente desconhecida, fora do meio evangélico. O termo mais conhecido é prostituição. Entretanto, a palavra prostituição atualmente tem um significado diferente do que tinha nos tempos bíblicos. Hoje quando falamos em prostituição, a pessoa entende que é alguém que vende o próprio corpo para atividade sexual. Mas na Bíblia vai muito além disso. 


A palavra grega traduzida por fornicação ou prostituição é "porneia", que deu origem à palavra "pornografia".  O significado de fornicação (Gr. porneia) na Bíblia é muito amplo. Esta palavra abrange  toda sorte de imoralidade sexual: adultério, fornicação, prostituição, relações homossexuais, pornografia, desejos ilícitos, incesto, impureza sexual, etc. É uma palavra genérica para qualquer tipo de imoralidade sexual. Nos textos de Mateus 5.32 e 19.9, ‘porneia’ aparece como sinônimo de infidelidade conjugal ou adultério. No texto de 1 Coríntios 5.1, a palavra de refere ao incesto, que é o relacionamento entre parentes de primeiro grau. Entretanto, em alguns textos aparece especificamente para se referir à relação sexual entre solteiros (1 Co 7.2; 1 Ts 4.3), enquanto adultério se refere especificamente à relação entre uma pessoa casada e outra que não é o seu cônjuge, como veremos a seguir. 


O apóstolo Paulo orienta os crentes a fugirem deste pecado (1 Co 6.18). O crente é orientado a enfrentar o diabo e é ele que tem que fugir. Mas em relação à prostituição, o crente é recomendado a fugir. Paulo elaborou sete listas de pecados que impedem as pessoas de entrarem no Reino de Deus. Em cinco delas a fornicação ou prostituição (Gr. porneia) aparece como a primeira da lista (I Co 5.11; 6:9; Gl 5.19; Ef 5.3; Cl 3.15). O antídoto contra a fornicação é a vigilância constante e a fuga. Não tenha medo de ser acusado de “não gostar de mulher” (ou de homem, no caso das mulheres). É melhor fugir, como fez José, do que sucumbir diante do pecado. Não fique a sós uma mulher, onde as circunstâncias favorecem os pecados sexuais. 


2- Adultério: Não é crime, mas é pecado. No Brasil o adultério já foi considerado crime. O Artigo 240 do Código Penal de 1940 trazia a seguinte redação:

Art. 240 - Cometer adultério:

Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses.

§ 1º - Incorre na mesma pena o co-réu.

§ 2º - A ação penal somente pode ser intentada pelo cônjuge ofendido, e dentro de 1 (um) mês após o conhecimento do fato.

§ 3º - A ação penal não pode ser intentada:

I - pelo cônjuge desquitado;

II - pelo cônjuge que consentiu no adultério ou o perdoou, expressa ou tacitamente.

II - pelo cônjuge que consentiu no adultério ou o perdoou, expressa ou tacitamente.

§ 4º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:

I - se havia cessado a vida em comum dos cônjuges;

II - se o querelante havia praticado qualquer dos atos previstos no art. 317, do Código Civil.


Embora ninguém fosse punido por esta prática, esta lei só foi alterada em 2005 e o adultério deixou de ser crime. Mas, em muitos países regidos por leis islâmicas, continua sendo crime, punido com apedrejamento. O rigor, no entanto, é apenas em relação às mulheres e a poligamia não é considerada adultério. Nos países democráticos, onde o estado é laico, o adultério não é crime. Mas, diante de Deus continua sendo pecado.


No Antigo Testamento, adultério era o contato sexual de uma mulher casada ou comprometida com alguém que não fosse seu marido ou noivo, ou de um homem casado com uma mulher que não fosse sua esposa. A lei contra o pecado do adultério era rigorosa no Antigo Testamento. Quem a infringisse seria punido com a morte (Lv 20.10; Dt 22.22). Entretanto, tolerava-se o concubinato e a poligamia para os homens. A chamada poliandria (vários maridos para uma só mulher) nunca foi permitida. Com o passar dos anos, a lei do adultério foi se afrouxando e dificilmente se condenava um homem à morte por adultério. O rigor era sempre contra as mulheres. Não se sabe ao certo o tempo exato em que o povo de Israel abandonou a execução por adultério. William L. Coleman afirma, em seu livro Manual dos Tempos e Costumes Bíblicos, que nos tempos de Jesus o adultério já não era mais caso de pena capital. O caso da mulher adúltera era apenas uma tentativa dos fariseus de pegarem Jesus em alguma falha. 


No Novo Testamento, indagado sobre a questão do divórcio, Jesus resgatou os princípios estabelecidos por Deus para o casamento no princípio e disse: “Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.” (Mt 19.4-6). Aqui, o Senhor restabeleceu os princípios da heterossexualidade (macho e fêmea), monogamia (a sua mulher, no singular) e da vitaliciedade (o que Deus ajuntou, não o separe o homem). 


O Novo Testamento usa a palavra grega “moicheia” para se referir ao adultério, que é o relacionamento de uma pessoa casada (homem ou mulher), com alguém que não é o seu cônjuge. Jesus incluiu neste pecado, o olhar impuro para outra que não seja o seu cônjuge. Segundo o ensino de Jesus, se um homem cobiçar uma mulher que não seja a sua esposa, já cometeu adultério em seu coração (Mt 5.28). Incluiu também o caso das pessoas que se divorciam e se casam outra pessoa, não sendo por causa de infidelidade do cônjuge (Mt 5.32). O apóstolo Paulo, incluiu os adúlteros na lista das pessoas que não herdarão o Reino de Deus (1 Co 6.9). 


Sejamos fiéis à esposa que o Senhor nos deu. O adultério, além de ser um pecado contra Deus, é uma covardia contra o nosso cônjuge, contra os filhos e os familiares. Também traz consequências terríveis. No Livro de Provérbios há várias advertências sobre isso. Não podemos imaginar que vamos ser felizes, deixando pessoas destruídas para trás. Infelizmente, há pessoas achando que Deus vai abençoar um relacionamento adúltero. 


Assim como a fornicação, no adultério o remédio é a vigilância e a fuga. Precisamos criar filtros para nos proteger destes pecados, mantendo uma vida disciplinada e evitar intimidade com pessoas do sexo oposto. É preciso tomar cuidado também com elogios indevidos. Frases como: você está linda, você está elegante, você é um homem atraente, etc. só devem ser aceitas se vierem do nosso cônjuge. Também devemos evitar conversas particulares com pessoas do sexo oposto, principalmente sobre assuntos sentimentais. Em aconselhamentos a uma mulher, a esposa sempre deve estar junto. 


3- Homossexualidade: Uma contradição da ordem natural. Assim como o adultério, a prática homossexual também já foi considerada crime. No Brasil colônia era tipificado como “crime de sodomia”. Somente em 1830, com a Constituição do Império, deixou de ser crime. Mas continuou sendo extremamente repudiado pela sociedade. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considerava o homossexualismo como uma doença mental. Somente em 1990 foi retirado do rol de doenças mentais. 


Diferente dos praticantes da fornicação e do adultério, muitos homossexuais são militantes desta causa e exercem grande influência nos meios acadêmicos, jurídicos, políticos e nos meios de comunicação. Segundo pesquisadores, o movimento de militância homossexual teve início a partir dos fatos ocorridos em 28 de junho de 1969 em Nova York, quando a polícia fechou um bar gay e, sob protestos, expulsou os clientes do lugar. Este episódio ocorreu no contexto da revolução sexual, da contracultura e luta pelos direitos civis nos Estados Unidos. A partir daí, o movimento vem ganhando adeptos e simpatizantes pelo mundo, mudando leis para impor a sua ideologia e criminalizar quem dela discorda.


Do ponto de vista bíblico, desde o princípio, as relações homossexuais são duramente condenadas, tanto no Antigo como no Novo Testamento.    (Lv 18.22; 20.13; Jz 19.22; Rm 1.24-28; I Co 6.10; Jd 7). Esta reprovação à pratica homossexual na Bíblia se dá porque ela contraria a ordem natural da criação, conforme registrada na Bíblia e não por causa ee preconceito (Gn 1-2; Rm 1.26; 1Co 6.9,10; 1 Tm 1.10).


A primeira menção a este pecado foi na cidade de Sodoma, que foi destruída por Deus, por causa do pecado. Ló, sobrinho de Abraão, vivia nesta cidade e, diz a Bíblia, que ele afligia a sua alma justa, por causa do pecado daquele povo. Quando Ló recebeu a visita de dois anjos em sua casa, para anunciar o anúncio da destruição da cidade e retirá-lo de lá antes da destruição da cidade, os homens de Sodoma tentar invadir a casa dele para terem relações com os anjos: “E, antes que se deitassem, cercaram a casa os varões daquela cidade, os varões de Sodoma, desde o moço até ao velho; todo o povo de todos os bairros. E chamaram Ló e disseram-lhe: Onde estão os varões que a ti vieram nesta noite? Traze-os fora a nós, para que os conheçamos”.  (Gn 19.4,5). Por causa deste pecado em Sodoma, a prática homossexual ficou conhecida como sodomia.


O verbo hebraico "yada", traduzido neste por "conhecer" tem conotação sexual, como podemos perceber nos textos a seguir: E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu (yada) e teve a Caim […] E tornou Adão a conhecer a sua mulher; e ela teve um filho e chamou o seu nome Sete” (Gn 4.1,25); E conheceu (yada) Caim a sua mulher, e ela concebeu e teve a Enoque” (Gn 4.17).


O movimento homossexual faz um esforço enorme para fazer as pessoas acreditarem que a homossexualidade é um fator genético e que o ser humano nasce assim. Entretanto, apesar de todo esse esforço, não há nenhum dado científico confiável que comprove esta tese. Não existe ordem cromossômica homossexual. Portanto, a homossexualidade é um comportamento adquirido através de vários fatores, como resposta a um trauma ou influência do meio em que a pessoa foi criada. Tem também, evidentemente, a ação do inimigo que leva a pessoa a comportamentos contrários à vontade de Deus como no caso do adultério, prostituição e muitos outros. 


Esta é uma questão delicada para a Igreja tratar. Não podemos discriminar os homossexuais, ou tratá-los como pessoas endemoninhadas. São almas que necessitam de salvação como os demais. Mas também não podemos concordar com esta prática, pois a Bíblia a condena. 


Deus pode transformar os homossexuais, se eles derem ouvidos à Palavra de Deus. Mas a decisão é deles. O apóstolo Paulo, escrevendo aos Coríntios, falou que alguns sodomitas e efeminados de Corinto foram libertados deste pecado e serviam a Deus na igreja: “E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus” (I Co 6.11).


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 1. pág. 65-66.

CHAMPLIN, Russell Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 2. pág. 808-809.

TENNEY, Merril C. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pág. 891.

SOARES, Esequias. Casamento, divórcio e sexo. à luz da Bíblia. Editora CPAD. págs. 25-30; 61-62.

PEARCEY, Nancy. Ama o teu Corpo: Contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2021, p.175).


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Pb. Weliano Pires


12 julho 2022

A REVOLUÇÃO SEXUAL

Imagem: Brasil Paralelo.

COMENTÁRIO DO 1º TÓPICO DA LIÇÃO 3: A SUTILEZA DA IMORALIDADE SEXUAL.


A revolução sexual está intrinsecamente relacionada ao Iluminismo e, principalmente, ao movimento feminista. Devido ao seu ápice ter sido nos anos 60, mais especificamente em maio de 1968, a maioria das pessoas pensam que a revolução sexual teve início nessa época. Mas as teorias desse movimento de liberdade ou libertinagem sexual, remontam aos séculos XVIII e XIX. Por volta de 1789, durante a Revolução Francesa, alguns pensadores, como o biólogo Aldres Kinsey, Marquês de Sade (de cujo nome vem a palavra sadismo, que é o prazer pelo sofrimento alheio), William Godwin, Mary Wollstonecraft e Percy Shelley, foram escritores subversivos e depravados, que naquela época já publicaram teorias sexuais libertinas, defenderam o aborto, o incesto, a pornografia e outras abominações. Por outro lado, atacavam o Cristianismo e o casamento. 


A segunda fase da Revolução Sexual se deu a partir de 1960. Valendo-se do rádio, televisão e outros meios de comunicação, os ideólogos deste pensamento libertino difundiram as suas idéias em forma de contracultura. Nesta fase foram criados difundidos os contraceptivos, os preservativos, os objetos eróticos e as técnicas de aborto. Tudo isso tinha o objetivo de estimular o sexo sem compromisso e contestar a família tradicional e a sexualidade restrita ao casamento. 


Em 2 de maio de 1968 aconteceu o histórico protesto de estudantes franceses contra as divisões de dormitórios masculinos e femininos nos alojamentos das universidades. Este movimento ficou conhecido pela frase: “É proibido proibir”. Grupos políticos de esquerda e artistas famosos, que também eram contrários à moralidade judaico-cristã, se uniram a estes protestos de estudantes, defendendo a liberdade sexual, as drogas e a rebeldia. Este movimento de artistas ficou conhecido como Movimento Hippie. Usavam roupas opostas aos modelos tradicionais, os homens usavam barbas e cabelos grandes e abusavam das drogas. Muitos destes artistas morreram de overdose. 


1- Um novo paradigma para a sexualidade. Há dois equívocos em relação à sexualidade humana, que que devem ser rejeitados: o primeiro é a ideia de que o sexo é mau e deve ser evitado. O segundo é a libertinagem sexual, ou o sexo compromisso e sem nenhum princípio. O sexo é algo puro e prazeroso, criado por Deus, não apenas para a procriação como alguns pensam. Deus criou o relacionamento sexual com duplo propósito: a multiplicação da espécie humana e o prazer dentro do casamento. 


Quando Deus criou o primeiro casal, Ele estabeleceu princípios para o relacionamento sexual: “Por isso deixará o homem, seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher e serão os dois numa só carne” (Gn 2.24). A palavra hebraica traduzida por unir-se neste texto é "tabar", que significa estar juntos numa relação sexual. Na língua grega o apóstolo Paulo citou este mesmo texto, em Efésios 5.31 e usou a palavra "proscalau", que significa intimidade sexual. Existe outra palavra grega "calau", que se refere ao acasalamento dos animais, que é feito sem sentimentos e sem princípios morais. 


Este paradigma judaico-cristão moldou a sociedade ocidental durante muitos séculos, principalmente os países de origem católica e protestante. Os parâmetros das relações sexuais eram aqueles que estão expostos na Bíblia, ou seja, o relacionamento sexual era heterossexual, monogâmico e restrito ao casamento, que era vitalício. A sociedade não via como normal outras práticas diferentes disso e aqueles que praticavam a imoralidade, o faziam às escondidas, pois era algo vergonhoso e reprovado pela sociedade, embora fora do meio religioso, esse padrão era exigido apenas das mulheres. Muitos homens se relacionavam com prostitutas antes do casamento e tinham amantes após o casamento. 


2- A quebra de um “tabu”. Com o advento da revolução sexual e a cultura da contestação do Cristianismo e seus valores, a sociedade ocidental aos poucos foi se afastando deste padrão judaico-cristão e mergulhando na promiscuidade e perversão sexual. As telenovelas passaram a exibir comportamentos que até então, eram tidos como imorais, como o uso de anticoncepcionais, o divórcio, a infidelidade conjugal, o sexo entre solteiros, o aborto, a prática homossexual, etc. 


Outro fator que contribuiu para o aumento da imoralidade foi o crescimento da indústria pornográfica, através de fotos, vídeos e contos eróticos, envolvendo práticas sexuais pervertidas e contrárias aos princípios cristãos. Inicialmente, apenas os homens consumiam esse tipo de publicação, de forma privada. Muitos rapazes escondiam revistas embaixo do colchão, ou em locais onde a mãe e as irmãs não tivessem acesso. Com o passar dos anos, as mulheres também passaram a usar esse tipo de material. Hoje em dia, pasmem, até pessoas que se dizem evangélicas, fazem uso de material pornográfico.  


A divulgação dessa cultura promíscua, aos poucos foi criando na sociedade ocidental, a ideia de que os valores cristãos são retrógrados, ou tabus a serem quebrados. Até mesmo nas escolas é ensinada essa cultura de liberdade sexual. A ideia de manter-se puro e casar virgem é ridicularizada entre a juventude, a ponto de jovens terem vergonha de confessar que ainda são virgens. 


Os governos distribuem preservativos até para adolescentes em hospitais e escolas. A única ressalva que se faz hoje em dia é para que se previnam em relação a doenças sexualmente transmissíveis (DST) e evitem a gravidez precoce. A ex-ministra Damares Alves, que é evangélica, foi muito criticada porque recomendou aos adolescentes a abstinência sexual como prevenção.  


REFERÊNCIAS:

GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022.

VALADÃO, Márcio. Sexo, Bênção ou Maldição. Editora Profetizando Vida.

MAZZAROLO, Izidoro. Homossexualidade e Sexualidade na Bíblia – Alguns tópicos para debate.

PEARCEY, Nancy. Ama o teu Corpo: Contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2021, pp.11,12).


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Pb. Weliano Pires

11 julho 2022

LIÇÃO 3: A SUTILEZA DA IMORALIDADE SEXUAL


INTRODUÇÃO À LIÇÃO


Nesta lição estudaremos mais um ataque sutil do inimigo contra a Igreja de Cristo, que é a questão distorção da moralidade sexual. A chamada revolução sexual, que se acentuou a partir dos anos de 1960, trouxe grandes distorções à prática sexual, na sociedade ocidental. Com o advento da TV, os valores judaico-cristãos passaram a ser desconstruídos nas telenovelas, expondo a nudez, os relacionamentos sem compromisso e as traições. A partir dos anos de 1980, veio o crescimento da indústria pornográfica em larga escala. Com a chegada da internet, isso se multiplicou assustadoramente. 


A partir daí, a sociedade vem considerando “normal” práticas sexuais que a Bíblia considera como pecado e abominação, como o adultério, a fornicação, o homossexualismo, a bestialidade, entre outros outros. Algumas destas práticas antigamente eram consideradas crimes e eram extremamente vergonhosas. Deixaram de ser crime e vem deixando de ser vergonhoso para a sociedade. Mas, continua sendo pecado e abominável aos olhos de Deus. 


Quando Deus criou o primeiro casal, uniu-os dizendo: Portanto deixará o homem, o seu pai e a sua mãe e unir-se-á à sua mulher e serão dois numa só carne.” (Gn 2.24). Isso nos ensina que a sexualidade criada por Deus deve ser heterossexual, monogâmico e dentro do casamento. Portanto, sexo antes do casamento (entre solteiros), ex-conjugal (adultério), polígamo, homossexual (entre pessoas do mesmo sexo), bestial (com animais), pornografia e outras abominações que é vergonhoso até citar, contrariam a vontade de Deus.


REFERÊNCIAS:


GONÇALVES, José. Os ataques contra a Igreja de Cristo: As sutilezas de Satanás neste dias que antecedem a volta de Jesus Cristo. Editora CPAD. 1ª edição: 2022..

CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Editora Hagnos. Vol. 6. pag. 192.


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Pb. Weliano Pires

09 julho 2022

A GRAÇA NO CONTEXTO CONTEMPORÂNEO


Comentário do 4º Tópico da Lição 02: A sutileza da banalização da Graça.

No contexto contemporâneo, lamentavelmente, a graça tem sido barateada. Tem uma frase que alguns crentes usam em camisetas, que eu acho muito importante que diz: “Foi pela graça, mas, não foi de graça.” Isto significa que a nossa salvação é fruto da Graça de Deus, porque nós não a merecemos e não pagamos por ela. Mas, isso não significa que ela não custou nada, Jesus pagou o alto preço da nossa salvação na Cruz do Calvário. Por isso, devemos valorizá-la. 


1- A graça barateada. Já discorremos nos tópicos anteriores sobre o significado da palavra Graça e a necessidade que o ser humano tem da Graça de Deus. Vimos também que a doutrina da Graça de Deus foi corrompida ao longo da história da Igreja, mas o seu valor foi resgatado pelos reformadores. Entretanto, mesmo após a Reforma Protestante, de uns anos para cá, a doutrina da Graça vem sendo corrompida novamente, só que no sentido oposto da era pré-reforma. Naquele período, as pessoas se sentiam indignas diante de Deus, por isso, achavam que a Graça era insuficiente e faziam jejuns, orações, penitências e ofertas, a fim de serem aceitas por Deus. 


Atualmente, ocorre o contrário. A Graça está sendo barateada ou banalizada. Este conceito de graça barata foi introduzido na literatura cristã para expressar o estilo de vida secularizado ou mundanizado. Pregam uma Graça onde Deus ama o pecador e não condena o pecado. Falam do amor de Deus, mas não falam da Sua Santidade e Justiça. Ora, Deus de fato é amor e não tem prazer na morte do ímpio. Mas Ele também é absolutamente Santo, não tolera o pecado e exige santidade do seu povo.  (Jo 3.16; l Ts 4.1-8; l Pe 1.13-16),


2- O valor da graça. Quando falamos da Graça de Deus, geralmente falamos que ela é um favor ou um presente imerecido que Deus nos dá. De fato, a Graça é isso, pois nós não merecemos a Graça de Deus e não há nada que possamos fazer para pagar por ela. Mas a Graça é muito mais do que um presente. Ela não custou nada a nós, mas Jesus pagou um preço muito alto. Falando sobre isso, o apóstolo Pedro escreveu: "Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que, por tradição, recebestes dos vossos pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado." (1 Pe 1.14,16). 


Para entendermos este assunto precisamos voltar ao contexto da escravidão, nos tempos bíblicos. Naquele contexto, havia a compra e venda de escravos. Quem comprasse um escravo obtinha propriedade absolutamente sobre ele, inclusive a liberdade de matá-lo, caso não atendesse às suas ordens. Não havia lei para proteger os escravos da tirania, como acontece com as leis trabalhistas atualmente. Qualquer tentativa de cobrar explicações de um senhor de escravos, sobre o tratamento dado aos seus escravos, seria considerada ridícula. 


Foi esta ilustração que os apóstolos Paulo e Pedro usaram, para explicar o preço pago pela nossa redenção. O salário do pecado é a morte, pois, a justiça de Deus exige a punição pelos pecados cometidos. Mas o amor de Deus, não apenas oferece perdão ao pecador arrependido, Ele paga também o preço da nossa dívida impagável para com Deus. Somente o senhor de escravos, que pagou o preço pelo escravo, poderia conceder-lhe a liberdade. Foi exatamente isso que Jesus fez por nós, quando assumiu a nossa culpa e sofreu a punição pelos nossos pecados. 


REFERÊNCIAS:


DANIEL, Silas. A Sedução das Novas Teologias. Editora: CPAD. pág. 55-56.

CARTER, Lindberg. História da Reforma. 1. ed. 2017. Editora: Thomas Nelson Brasil.

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. Vol. 4. pág. 108.

KISTEMAKER, Simon J. Comentário do Novo Testamento I Coríntios. Editora Cultura Cristã. pág. 331-332.

LUCADO, Max. Nas Garras da Graça: Você não pode escapar do seu amor. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.170).


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Pb. Weliano Pires


08 julho 2022

A GRAÇA NO CONTEXTO DA REFORMA


Comentário do 3º tópico da Lição 2: A sutileza da banalização da Graça.

No contexto em que se deu a Reforma Protestante, a doutrina da Graça havia sido deturpada e a Igreja ensinava que para alcançar a salvação a pessoa precisava fazer sacrifícios, comprar indulgências e relíquias e necessitava da mediação do papa. Os reformadores Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio, João Calvino e outros, resgataram a doutrina bíblica da salvação pela graça de Deus, mediante a fé e somente através de Jesus Cristo. 


1- A corrupção da doutrina da graça. Desde os primórdios da Igreja Cristã, os apóstolos já enfrentavam problemas com a doutrina da salvação pela Graça de Deus. Os judaizantes insistiam que para ser salvo, o cristão precisava também praticar as obras da Lei. Insistiam que era preciso a circuncisão, a guarda do sábado, a restrição a alguns alimentos e outros preceitos da Lei mosaica. Nas Epístolas aos Romanos e aos Gálatas, o apóstolo Paulo combateu estes ensinos, deixando claro que ao homem é justificado pela fé em Cristo e não por seus próprios méritos. 


No quarto século da era cristã, o Cristianismo se misturou com o estado e se tornou a religião oficial do Império Romano. Por um lado, cessou a perseguição, mas foram concedidos benefícios para os cristãos e isso atraiu pessoas para a Igreja, que não eram convertidas, apenas por interesse. Essa mistura trouxe muitas crenças e práticas do paganismo. Com o tempo foram acrescentando outros ensinos que não tinham fundamento bíblico, como o papado, o purgatório, as orações pelos mortos, o uso de velas nos cultos, as imagens e relíquias, etc. Aqueles que contestassem estes dogmas da Igreja eram tidos como hereges e condenados à morte.  


Além dos falsos ensinos, cresceu também a corrupção e a imoralidade do clero, as intromissões das autoridades da Igreja nos governos e o monopólio da educação ficava a cargo da Igreja. Estes fatores geraram muita insatisfação não apenas dos remanescentes fiéis da própria Igreja, mas também dos governantes de vários países. Uma das práticas que mais contrastava a doutrina da Graça de Deus era a venda de indulgências, que era uma carta assinada pelo Papa, que supostamente livrava do purgatório, um ente querido que havia morrido. A Igreja medieval arrecadou muito dinheiro com esta prática abominável.


Martinho Lutero era um monge agostiniano da Alemanha, que foi ordenado ao Sacerdócio em 1507. Em 1512 recebeu seu grau de doutorado em teologia na Universidade de Wittenberg, onde foi nomeado professor da Bíblia e manteve esta atividade por mais de 33 anos, até a sua morte. Quanto mais ele se dedicava aos estudos da Bíblia, uma dúvida interior o incomodava: Como pode um homem pecador tornar-se justo diante de um Deus absolutamente santo? Lutero enfrentava esta luta interior, com muitas orações, jejuns e vigílias, buscando ser aceito por Deus. Em um dos seus escritos ele disse: 


“Quando eu era monge, esbaldei grandemente por quase quinze anos com sacrifício diário, torturei-me com jejuns, vigílias, orações e outras obras mui rigorosas. Sinceramente, eu cria que assim adquiriria justiça por meus próprios esforços.”


Lutero persistiu nesta luta interior até entender que a justificação não é o que o pecador alcança, mas o que ele recebe; não é o pecador que muda, mas sua situação diante de Deus. Lendo Romanos 1.17: “Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: ‘O justo viverá pela fé’",  Lutero entendeu que o justo viverá da fé. Isto significa que Deus considera justo o pecador, não pelos próprios méritos e esforços mas, pela fé em Cristo.  


Após compreender as doutrinas da graça de Deus e da justificação pela fé, Lutero sentiu-se profundamente incomodado com as práticas da Igreja naquela época. Tentou questionar internamente os seus superiores e escreveu livros contestando os ensinos da salvação pelas obras, a mediação dos santos, a venda de indulgências, a autoridade da tradição e do magistério da Igreja ser equiparada às Escrituras, etc. Em 31 de outubro de 1517, Lutero fixou 95 teses na Igreja de Wittenberg na Alemanha, protestando contra as heresias de Roma. Esta era uma forma de chamar uma universidade para debater um determinado tema naquela época. 


2- A Restauração da doutrina graça. Lutero foi convocado a dar explicações em Roma e renegar o que escrevera. Temendo ser morto, Lutero recusou-se a ir e foi entrevistado pelo cardeal Cajetano e manteve as suas posições. Lutero foi indagado e instado a renegar os seus escritos e se retratar. Mas ele reafirmou tudo o que havia escrito dizendo: 


“A menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém.”


Em 1520 saiu uma bula papal dando sessenta dias para Lutero se retratar ou seria excomungado. Os estudantes e professores da universidade onde Lutero lecionava, queimaram esta bula papal e um exemplar da lei canônica, em praça pública. Neste mesmo ano, Lutero escreveu várias obras e tornou-se o principal porta-voz dos reformadores, com notoriedade em toda a Europa. No ano seguinte, em 1521, Lutero foi excomungado. O apoio e proteção do governo alemão foram fundamentais para ele não ser morto. 


A Reforma se espalhou também por outros países da Europa. Os principais ensinos da Reforma Protestante foram resumidos em cinco pontos: Somente a Graça, Somente as Escrituras, Somente a Fé, Somente Cristo e Somente a Deus a glória. Em latim, Sola gratia, Sola Scriptura, Solus Christus e Soli Deo Gloria. O primeiro passo para resgatar a doutrina da Graça, foi o retorno às Escrituras Sagradas (Sola Scriptura) e o reconhecimento dela como a única autoridade nas questões de fé e prática para o cristão. Sempre que alguém busca o perdão de Deus através de méritos e obras humanas, está afastado das Escrituras, bebendo em cisternas e poços imundos. 


REFERÊNCIAS: 

Lindberg, Carter. História da Reforma. 1. ed. 2017. Editora: Thomas Nelson Brasil.

Lawson, Steven J. Pilares da graça. Editora Fiel, 2016.

SOARES, Esequias. Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Editora CPAD. pág. 113.

LAWSON, Steven J. Pilares da graça. Editora Fiel, 2016.

CARTER, Lindberg. História da Reforma. 1. ed. 2017. Editora: Thomas Nelson Brasil.

REEVES, Michael; e CHESTER, Tim. Por que a Reforma ainda é importante. Editora Fiel. 1. Ed em Português. 2017.

https://cpaj.mackenzie.br/historia-da-igreja/reforma-protestante/a-reforma-protestante-do-seculo-xvi/.


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Pb. Weliano Pires

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