FOTO: EDITORA CPAD |
TEXTO ÁUREO:
“Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mt 28.19)
VERDADE PRÁTICA:
”A nossa responsabilidade para a salvação de todos os seres humanos, mediante o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, nos torna servo de todos.”
HINOS SUGERIDOS: 18, 80, 119 da Harpa Cristã
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE: Marcos 16.14-20.
14 – Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.
15 – E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.
16 – Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
17 – E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas;
18 – pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão.
19 – Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus.
20 – E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!
INTRODUÇÃO
Na semana passada estudamos sobre a cura divina nos dias de hoje. Falamos a respeito da cura divina na Bíblia, abrangendo os aspectos da saúde pública do povo de Israel, as bases bíblicas para a prevenção de doenças e as muitas curas realizadas no Ministério de Jesus aqui na terra, movido pela compaixão que Ele tem pelo sofrimento das pessoas.
Falamos também sobre a cura divina como parte da salvação, tendo como base a profecia de Isaías 53.4 e a interpretação de Mateus sobre o cumprimento desta profecia, quando Jesus curou muitos enfermos. (Mt 8.16,17). Isso mostra que a salvação e a cura divina caminham juntas.
Por último, falamos sobre a cura divina e os desafios dos dias atuais. Vimos que as enfermidades têm causas diversas e que os crentes também adoecem.
Na presente lição falaremos a respeito do nosso compromisso com a evangelização do mundo. A evangelização é um compromisso da Igreja com Deus e deve ser tratada como prioridade por ela.
No primeiro tópico da lição desta semana veremos que a evangelização não é um detalhe ou uma alternativa para a Igreja. A evangelização é uma ordem de Jesus para a Sua Igreja: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura". (Mc 16.15). Veremos ainda no primeiro tópico o significado do Evangelho, Jesus como o único Salvador e a Igreja como a agência exclusiva e legítima da evangelização.
No segundo tópico abordaremos a questão do alcance da Obra expiatória de Cristo. Abordaremos as teses calvinista e arminiana, explicando o significado de expiação limitada e ilimitada.
No terceiro e último tópico veremos os desafios da Igreja atual na evangelização local, onde ela está situada, e também sobre as missões nacionais e transculturais. Tanto a Igreja do primeiro século, quanto o Movimento Pentecostal iniciado na Rua Azuza nos Estados Unidos, eram muito atuantes na evangelização local e nas missões transculturais.
I. A EVANGELIZAÇÃO COMO PRIORIDADE
Jesus estabeleceu a sua Igreja com uma tríplice missão: Adorar a Deus, evangelizar o mundo e edificar os santos. A missão de evangelizar os perdidos deve ser a prioridade da Igreja de Cristo. Sem a evangelização, a Igreja perde a sua razão de ser. Não se trata de proselitismo religioso, ou desrespeito às outras religiões. A evangelização é a busca dos perdidos para levá-los a Cristo. Sem Cristo, as pessoas estarão eternamente perdidas. Não podemos ficar inertes diante desta triste realidade.
1. O Evangelho. A palavra Evangelho traduz o termo grego "euangelion", que por sua vez, é formado por duas palavras gregas: "eu", que significa "bem" ou "bom" e "angelia", que significa notícia ou novidade. Então, Evangelho quer dizer "Boa notícia" ou "Boas novas". Entre os gregos, a palavra era usada para se referir à recompensa que o portador de uma boa notícia recebia. Depois passou a ser usada para se referir à própria notícia. Com relação ao Evangelho, no sentido bíblico, trata-se da mensagem de Jesus Cristo, que veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lc 19.10).
2. O único Salvador do mundo. Um dos pilares da Reforma Protestante era "Solus Christus". Isso significa dizer que Jesus Cristo é o único Salvador. Sem Ele, não há possibilidade de salvação. Ninguém será salvo pelas obras, sofrimento, pobreza ou por pertencer a uma religião. Somente Cristo pode salvar o pecador.
A mensagem do Evangelho tem duas dimensões:
a) O mundo está irremediavelmente perdido, tratando-se de uma única pessoa ou de toda a humanidade. Não existe um único ser humano que não seja pecador ou que possa salvar-se. (Rm 3.23).
b) Jesus Cristo é o único Salvador e mediador entre a humanidade perdida e Deus, que é absolutamente santo e não pode aceitar o pecado. (João 14.6; At 4.12; 1 Tm 2.5). Portanto, não podemos falar de um Salvador, sem antes falarmos do pecado e da necessidade que a humanidade tem de ser salva dos seus pecados.
3. Uma agência legítima. A Igreja foi comissionada por Jesus, para dar continuidade ao trabalho que Ele iniciou, divulgando a Sua Mensagem ao mundo. (Mc 16.15; Mt 28.19,20; At 1.8). A Igreja do primeiro século, inicialmente, não entendeu esta missão e ficou apenas em Jerusalém, após a descida do Espírito Santo. Mas, Deus permitiu que lhe sobreviesse intensa perseguição. Os discípulos tiveram que fugir e saíram pelo mundo anunciando o Evangelho por toda parte.
Saulo de Tarso perseguia duramente a Igreja de Cristo, arrastando homens e mulheres pelas ruas e levando-os à prisão. Mas, ele teve um encontro pessoal com o Senhor Jesus no caminho de Damasco e se converteu ao Evangelho de Cristo. A partir daí, tornou-se o maior missionário do Cristianismo, pregando com grande entusiasmo o Evangelho. Ele sentia-se devedor de pregar o Evangelho e disse: "Ai de mim, se não anunciar o Evangelho".
A Igreja atual precisa despertar e voltar-se para a sua verdadeira prioridade, que é a evangelização do mundo. Não fomos chamados para dominar o mundo, fazer política, ou resolver problemas sociais das pessoas. Podemos e devemos ajudar aos necessitados, mas, a nossa prioridade tem que ser a salvação da humanidade através da pregação do Evangelho. Jesus disse: "De que adianta o homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma?"
II – JESUS MORREU PARA SALVAR TODOS OS SERES HUMANOS
Desde o início do século XVII, após a reforma protestante, surgiram divergências entre os calvinistas e arminianos. Os calvinistas são os que seguem as teses do teólogo francês João Calvino e os arminianos, são os seguidores das teses defendidas pelo teólogo holandês Jacob Armínio. Os principais pontos de divergência são: a soberania de Deus e o livre-arbítrio humano; a possibilidade de resistir ou não à Graça de Deus; eleição condicional e incondicional; perseverança dos santos e possibilidade de perder a salvação; e o alcance da Obra de Cristo. Por quem Cristo morreu? Por todos, ou somente pelos eleitos? Se Cristo morreu por todos, por que todos não são salvos? É sobre este último ponto que vamos tratar neste tópico da lição desta semana.
1. A nossa teologia. O comentarista da nossa lição, Pr. Esequias Soares, procura neste ponto, desvincular a teologia assembleiana dos teólogos reformadores, argumentando que a nossa teologia é fruto do estudo sistemático das Escrituras, principalmente nas nossas Escolas Bíblicas Dominicais (EBD) e Escolas Bíblicas de Obreiros (EBO) desde os primeiros anos da Assembléia de Deus. Diferente de outras denominações, a nossa Igreja não possuía seminários teológicos e havia muita relutância de alguns pastores mais antigos ao estudo teológico em seminários ou escolas teológicas. Entretanto, no que tange à doutrina do pecado e à doutrina da salvação, a Assembléia de Deus sempre se identificou com o arminianismo.
2. Por quem Jesus morreu? Há duas posições teológicas entre os protestantes ou evangélicos, para responder a essa pergunta: Há o pensamento dos calvinistas, que defendem a expiação limitada, e o pensamento dos arminianos, que defendem a expiação ilimitada. O que isso significa? vamos ver resumidamente, os textos bíblicos e os argumentos usados por cada um.
a) Expiação limitada. Este é o pensamento dos calvinistas. Eles afirmam que Cristo não morreu por todos os pecadores, morreu apenas pelos eleitos. Ou seja, Deus teria escolhido antes da fundação do mundo, aqueles que iria salvar e enviou o seu Filho para morrer apenas por eles. Para defender esse ponto de vista, usam textos bíblicos como: Mateus 1:21 (salvará o seu povo dos seus pecados); Mt 20:28 (resgate de muitos); Mt 26:28 (o seu sangue é derramado por muitos); João 10:14 (deu a vida pelas suas ovelhas) etc. Nós assembleianos rejeitamos esta interpretação, pois, isso seria incompatível com o caráter amoroso de Deus e impõe limites à Obra de Cristo. Além disso, há vários textos bíblicos que nos mostram que Deus amou o mundo inteiro e que Cristo morreu por todos os pecadores, como veremos a seguir.
b) Expiação ilimitada. Este é o ponto defendido pelos arminianos, inclusive pela Assembléia de Deus. Afirmamos que Cristo morreu por todos, mas, o seu sacrifício só se torna eficaz se houver fé e arrependimento da parte do pecador. Antes, precisamos entender o que significa expiação. Deus é justo e não pode deixar o pecado impune. A Bíblia diz que “o salário do pecado é a morte”. (Rm 6. 23a). Mas, Deus também é riquíssimo em misericórdia e providenciou um meio, para que o pecador possa ser reconciliado com Deus, através do sacrifício de Cristo. Sendo assim, expiação significa o pagamento pelos pecados cometidos, que permite a reconciliação do homem pecador com Deus, que é Santo.
A expiação feita por Cristo na Cruz foi por todos, ou apenas por alguns? Vamos aos textos bíblicos que provam que Cristo morreu por todos:
“Cristo é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1 Jo 2.2);
“...Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.” (Jo 1.29b);
“Porque a graça salvadora de Deus se há manifestado a todos os homens”. (Tt 2.11);
“O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.” (1 Tm 2.6);
“... Este pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.” (Jo 6.51). (grifos meus).
A Bíblia é clara em vários textos, afirmando que Jesus veio trazer salvação a todos (Tt 2.11), morreu por todos (1 Jo 2.2) e nos mandou pregar o Evangelho a todos (Mc 16.15). Mas, nem todos serão salvos, como afirmam os universalistas. Serão salvos apenas os que crerem em Jesus e o receberem como o seu único e suficiente salvador. (Mc 16.16; Jo 3.18). A salvação está disponível a todos, mas, somente os que quiserem serão salvos.
III. EVANGELIZAÇÃO LOCAL E TRANSCULTURAL
Lendo as páginas do Novo Testamento, principalmente o Livro de Atos dos Apóstolos, que nos conta os primeiros passos da Igreja Cristã, podemos perceber que tanto o evangelismo pessoal, quanto as missões local e transcultural eram as atividades principais da Igreja. Logo após a descida do Espírito Santo, os discípulos “encheram Jerusalém com a Doutrina de Cristo” (At 5.30). Depois, surgiu intensa perseguição e eles foram dispersos por Samaria e outras cidades e continuaram o trabalho de evangelização onde chegavam. Após a conversão de Saulo, em uma reunião de oração, na Igreja de Antioquia, o Espírito Santo chamou Saulo e Barnabé para a obra missionária. A partir daí, o Livro de Atos passa a relatar as viagens missionárias de Paulo, Barnabé, Silas e Timóteo pelo mundo.
1. Evangelização. Evangelizar é comunicar o Evangelho aos perdidos, seja por meio de palavras, ações sociais ou testemunho de vida. Para uma evangelização eficiente é preciso que se tenha método e organização. Hoje, em plena era digital, com todos os recursos audiovisuais, ainda há pessoas que acham que evangelizar é pregar sozinho no meio de uma praça, sem que haja ninguém ouvindo. A mensagem do Evangelho não pode ser mudada, mas, o método utilizado deve ser aprimorado, de acordo com o local e a época.
Há pelo menos quatro tipos de evangelização. Para cada um deles há métodos diferentes:
a) Evangelização pessoal. É aquela que é feita mediante um diálogo com uma pessoa. Jesus usou este tipo de evangelismo com a mulher samaritana e com Nicodemos.
b) Evangelização coletiva. É feita através de um discurso para uma platéia. Jesus também fez vários sermões para as multidões, pregando-lhes o Evangelho.
c) Evangelização nacional. É feito percorrendo a nossa pátria de cidade em cidade, falando do Evangelho e plantando Igrejas. Jesus sendo judeu e vivendo como tal, falava no idioma da sua nação, conhecendo bem o povo judeu e a sua cultura, Ele lhes comunicava a sua mensagem.
d) Evangelização transcultural. Este modelo exige um pouco mais. Além de conhecer o Evangelho, nesse caso precisamos conhecer a cultura do outro país para onde estamos indo. Jesus também pregou a estrangeiros, como o servo do centurião romano, a mulher Siro-Fenícia e muitos samaritanos.
2. As missões. Missão é a incumbência ou encargo de se executar algo, a pedido ou por ordem de outrem. No nosso caso, a missão é o trabalho de anunciar o Evangelho, que realizamos por ordem de Cristo. (Mc 16.15; Mt 28.19,20; At 1.8). Os apóstolos, na Igreja Primitiva, com poucos recursos e sob intensa perseguição dos judeus e dos romanos, se espalharam pelo mundo pregando o Evangelho. Existem vários tipos de missões: urbanas, rurais, escolares, em presídios, em hospitais, nacionais e transculturais. Para cada tipo de missão há diferenças no perfil do missionário, preparo, método e recursos utilizados.
3. Missões no Movimento Pentecostal. Os cristãos que foram impactados pelo poder do Espírito Santo, no chamado Movimento Pentecostal no início do século XX também se espalharam pelo mundo fazendo missões. Em 1910, dois jovens suecos que viviam nos Estados Unidos, Daniel Berg e Gunnar Vingren, foram direcionados pelo Espírito Santo para virem ao Brasil pregar o Evangelho. Sem conhecer o país, nem o idioma e com pouquíssimos recursos, eles desembarcaram em Belém-PA em 1910. Inicialmente, foram congregar na Igreja Batista. Mas, como eram pentecostais, foram expulsos e fundaram em 1911, a Missão da Fé Apostólica, que a partir de 1918 passou a se chamar Assembléia de Deus.
4. Missões na Assembléia de Deus. Durante muito tempo, a Assembléia de Deus não se preocupava muito com o tema missões, embora tenha sido fruto de missões e, mesmo depois da sua fundação, teve o apoio de missionários americanos e suecos, como Bernard Johnson, Orlando Boyer, Eurico Bergstén e outros. Faziam apenas evangelização local e nacional. Nesse aspecto, trabalharam muito e levaram a mensagem pentecostal por todo o Brasil, principalmente em regiões pobres e excluídas.
No final da década de 80, a Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil criou a EMAD (Escola de Missões das Assembléias de Deus) e a SEMADI (Secretaria de Missões da Assembléia de Deus). Na década de 90, houve em nossa Igreja um despertamento para a Obra missionária, na chamada década da colheita. O assunto missões passou a fazer parte dos cursos teológicos e em cada Assembléia de Deus, passamos a ter uma secretária de missões. A partir daí, aumentamos o número de missionários no Brasil e no exterior.
5. O desafio hoje. Apesar de ter avançado bastante nos anos 80 e 90, a Igreja deu uma estacionada nos últimos anos, em relação à evangelização e às missões. Hoje há muitas pessoas querendo pregar para crentes nos templos e, principalmente, em congressos. Mas, o número de pessoas dispostas a evangelizar e fazer missões é muito pequeno. Jesus mandou os seus discípulos pregarem simultaneamente em Jerusalém (local), Judéia e Samaria (nacional) e nos confins da terra (transcultural). Precisamos avançar, pois há milhões de pessoas em todo o mundo, que nunca ouviram falar de Jesus. O desafio é enorme. Jesus disse que “a seara é grande e poucos são os ceifeiros”. (Lc 10.2). A voz do Senhor continua a ecoar: “A quem enviaremos e que há de ir por nós?” (Is 6.8).
CONCLUSÃO
O número de pessoas que nunca ouviram falar de Jesus ainda é muito grande. Sabemos pela Palavra de Deus que aqueles que morrerem sem Cristo estarão eternamente perdidos. Jesus nos salvou e nos comissionou para pregar o Evangelho a toda criatura. Esta é a principal tarefa da Igreja neste mundo. Tudo o que a Igreja fizer tem que contribuir de alguma forma para a evangelização e discipulado.
Pb. Weliano Pires
Assembléia de Deus
Ministério do Belém
São Carlos - SP
REFERÊNCIAS:
LIÇÕES BÍBLICAS. Rio de Janeiro: CPAD. 1° Trimestre de 2021.
ENSINADOR CRISTÃO. Rio de Janeiro: CPAD. 1° Trimestre de 2021.
HORTON, Stanley (Ed.). Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. 10ª Edição. Rio de Janeiro: CPAD, 2019, pp.360,361
AZA, Clímaco Bueno. Na Seara do Senhor. In: Mensageiro da Paz: Os artigos que marcaram a história e a teologia do Movimento Pentecostal no Brasil. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.56,57.